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PRECONCEITO LINGUÍSTICO -ENEM A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, defende a manutenção do respeito entre os povos de uma mesma nação. No entanto, no cenário brasileiro contemporâneo, observa-se justamente o contrário, quanto à questão do preconceito linguístico. A partir disso, é inegável que a recalcitrância dessa vicissitude está vinculada não só à naturalização histórica desse desrespeito, mas também à falta de conscientização social no que concerne à problemática. Por conseguinte, é indiscutível que há a premência de providências imediatas a fim de que a agrura seja resolvida. Historicamente, os sistemas de educação são uma herança cultural deixada pelas cidades-estados da Grécia Antiga, nas quais as organizações sociais se ergueram. Analogamente, com a expansão dos regimes democráticos, a educação passou a ser atribuída, hodiernamente, à tarefa de ratificar apenas a norma padrão da língua portuguesa como adequada. Lamentavelmente, a naturalização histórica de que as variedades linguísticas devem ser desrespeitadas é inaceitável em pleno século XXI, uma vez que vivemos em um país heterogêneo em que existem inúmeras características diferentes no falar, as quais, dentro do território nacional, sofrem influência diatópica permitindo que cada estado tenha sua particularidade e sua consequente identidade. Dessa forma, é incontestável que o preconceito linguístico só será combatido caso as instituições de ensino encarem como solução o desenvolvimento do senso crítico diante da realidade vivenciada. Ademais, a falta de conscientização social no que concerne à problemática é, sem dúvida, um agravante para o miasma vivenciado, sendo sua perpetuação inadmissível na conjuntura moderna. A respeito disso, consoante a Lei da Inércia, de Newton, a tendência de um corpo é de permanecer parado quando nenhuma força é exercida sobre ele. É indubitável, assim, que fora da física, é possível perceber a mesma condição no que diz respeito ao preconceito linguístico, visto que, enquanto ações de conscientização não forem criadas para modificar a percepção da comunidade sobre o imbróglio, o ultraje continuará perpetuado como uma atitude a ser reproduzida como conveniente. Tristemente, é repugnável afirmar que existam cidadãos capazes de depreciar um indivíduo devido ao uso do “nóis” no lugar do nós, uma marca de oralidade que é um reflexo das desigualdades promotoras da falta de acesso à educação. Logo, perante uma conjuntura inconcebível em que se veiculam visões preconceituosas ao problema, o saber -incentivado na esfera colegial- é um dos caminhos, em virtude do seu amplo poder de transformação, que levará a uma mudança definitiva dessa idiossincrasia. Sendo assim, conforme o pensamento do pedagogo Paulo Freire de que educar exige compreender que a instrução é uma forma de intervenção no mundo, é necessário que o Ministério da Educação implante uma disciplina intitulada “Variedades Linguísticas”, que desenvolverá preceitos éticos e esclarecerá sobre a relevância do respeito à diversidade da língua, por meio de aulas inteiramente adaptadas à faixa etária do referido nível, contando ainda com recursos tecnológicos. Tudo isso contribuirá para que a sociedade tenha pessoas conscientes da sua responsabilidade no combate ao preconceito linguístico.
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