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Tutoria - caquexia relacionada ao câncer

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SP 3 – Quanto tempo?
1 - Entender o mecanismo fisiopatológico envolvido na caquexia relacionada ao câncer.
A síndrome da caquexia cancerosa é multifatorial definida por um balanço negativo de proteína e energia causado por redução na ingestão de alimentos e por desordens metabólicas. Assim, os fatores que contribuem para o aparecimento da caquexia são aumento do estado inflamatório e da proteólise muscular, deficiência de carboidratos e alterações no metabolismo de lipídeos e proteínas. Dessa forma, a caquexia é clinicamente relevante uma vez que aumenta a morbidade e a mortalidade dos pacientes.
O aumento do consumo energético pelo tumor, a liberação de fatores que agem no centro da saciedade diminuindo o consumo alimentar e as citocinas produzidas pelo hospedeiro e pelo tumor levam às anormalidades metabólicas características da síndrome.
Alguns autores classificam a caquexia em três estágios de acordo com a gravidade, em pré-caquexia, caquexia e caquexia refratária. O estágio de pré-caquexia corresponde ao início da enfermidade e é caracterizado por perda de peso de 5% do peso durante 6 meses, sintomas relacionados a anorexia como ingestão alimentar inferior a 70% das recomendações nutricionais, anemia e uma resposta inflamatória sistêmica. 
A caquexia é diagnosticada quando há perda de peso de pelo menos 5% do peso real durante 12 meses, ou menos ou quando o IMC está abaixo de 20 kg/m2. Além da presença de alterações bioquímicas, tais como hipoalbuminemia - inferior a 3,2 g/dL, anemia - hemoglobina menor que 12 g/dL e aumento dos marcadores inflamatórios - PCR e IL-6.
O terceiro estádio é caracterizado como caquexia refratária (com diferentes graus de caquexia) como resultado de um câncer muito avançado (pós-terminal), onde há intenso catabolismo e perda de peso que não respondem ao tratamento anticâncer e há baixa expectativa de vida.
A caquexia pode ser classificada em: primária ou secundária. 
· primária: relacionada às consequências metabólicas da presença do tumor associada a alterações inflamatórias. Resulta em consumo progressivo e frequentemente irreversível de proteína visceral, musculatura esquelética e tecido adiposo. 
· secundária: resultante da diminuição na ingestão e absorção de nutrientes por obstruções tumorais do TGI, anorexia por efeito do tratamento e ressecções intestinais maciças. As duas condições aparecem concomitantemente em um só indivíduo.
A caquexia secundária ao câncer é decorrente de uma complexa interação entre o indivíduo, seu status social e psicológico, e a resposta endócrino-metabólica desencadeada pela doença e pelas múltiplas opções de tratamento.
ALTERAÇÕES METABÓLICAS NOS PACIENTES ONCOLÓGICOS
· Metabolismo Energético
O metabolismo energético é definido como a soma de reações químicas complexas e integradas, por meio das quais tanto os seres humanos quanto os animais obtêm energia do ambiente e, assim, mantêm o funcionamento adequado de todos os processos biológicos. Um dos determinantes da perda de peso da caquexia no câncer é o aumento do gasto energético.
O gasto energético estimado por calorimetria indireta em pacientes caquéticos com câncer GI, não tem padrão uniforme. Esses pacientes podem ser hipermetabólicos, normometabólicos ou hipometabólicos a depender do tipo de tumor, estágio do câncer e formas de tratamento empregadas. O gasto energético de repouso (GER) dos pacientes oncológicos varia em cerca de 60 a mais de 150% do valor normal. 
 Apesar das controvérsias existentes a respeito do gasto energético total em pacientes oncológicos, um estado de hiper metabolismo ou catabolismo persistente é comum em estados avançados da doença. Uma das explicações possíveis para esse quadro pode ser a avidez das células neoplásicas malignas em captar glicose. O aumento de captação de glicose por essas células está fortemente relacionado com o grau de malignidade e poder de invasão celular. Devido à glicose ser a fonte energética preferencial para essas células, os pacientes com câncer desenvolvem intenso turnover de glicose, e importantes alterações secundárias no metabolismo desse nutriente. Todas as alterações metabólicas na caquexia do câncer podem ser vistas abaixo: 
A avaliação do gasto energético total inclui os cálculos do gasto energético de repouso (70%), gasto energético voluntário (25%) e, gasto energético envolvido no processo de digestão, absorção, transporte e incorporação dos nutrientes pelo organismo (5%). 
Na caquexia do câncer, o gasto energético voluntário pode estar diminuído, o que se manifesta clinicamente por apatia, fadiga e depressão. No entanto, o desequilíbrio entre a aquisição e o consumo de energia é uma ocorrência importante no mecanismo de perda de peso.
As proteínas mitocondriais UCPs 1, 2 e 3 (Uncoupling Protein) têm sido envolvidas no controle do metabolismo energético. A UCP1 é expressa somente no tecido adiposo marrom, que tem função de queimar o excesso de gordura e gerar calor, a UCP2 é distribuída e expressa na maioria dos tecidos e a UCP3 é expressa no tecido adiposo marrom e músculo esquelético. A indução das UCPs é mediada por sinais orexígenos e anorexígenos, que, respectivamente, diminuem e aumentam a atividade do sistema nervoso simpático, responsável por regular o gasto energético, interferindo na regulação térmica pelas UCPs. A ativação das UCPs no músculo e tecido adiposo branco, pelas citocinas, deve ser o mecanismo molecular responsável pelo aumento da produção de calor e consumo muscular.
Desequilíbrios na ingestão energética e o gasto energético são evidentes no câncer. Esses desequilíbrios são importantes para entender o mecanismo da perda de peso e para orientar a oferta dietética mais eficaz frente às necessidades nutricionais do paciente oncológico.
· Metabolismo dos Carboidratos
Anormalidades importantes no metabolismo dos carboidratos têm sido documentadas em portadores de câncer. A célula cancerosa utiliza preferencialmente a glicose como substrato energético, 10 a 50 vezes mais em relação às células normais, o que indica que a presença do tumor aumenta o consumo de glicose.
Seria esperado, então, que os níveis plasmáticos de glicose diminuíssem, mas isso não ocorre, pois, há um aumento na gliconeogênese hepática, a partir de substratos, como os aminoácidos musculares e o lactato.
A glicose é degradada até lactato pelas células neoplásicas e o lactato é reconvertido em glicose no fígado – Ciclo de Cori (figura 1). Essa reconversão resulta em um consumo de seis moléculas de ATP (adenosina trifosfato), levando a uma espoliação energética que corrobora com a degradação tecidual e perda de peso e de massa corpórea nesses pacientes. Os pacientes com câncer avançado e perda de peso progressiva apresentam a atividade do Ciclo de Cori aproximadamente 2 a 3 vezes maior do que aquela medida nos pacientes com câncer sem perda de peso ou nos voluntários normais. O gasto energético no Ciclo de Cori é de aproximadamente 300 calorias por dia. Esse aumento do turnover de glicose tem sido relatado em pacientes com tumores GI em proporção à extensão da doença.
A intolerância à glicose resultante do aumento da resistência à insulina, tanto a insulina exógena quanto a endógena, e da liberação inadequada de insulina, tem sido frequentemente observada no paciente oncológico. Ocorre que em quase 60% dos pacientes com tumores malignos. A intolerância à glicose é ocasionada pela diminuição da sensibilidade dos receptores das células beta pancreáticas (b), enquanto a resistência à ação da insulina é ocasionada por redução da sensibilidade dos tecidos periféricos. Esses desajustes metabólicos têm sido observados em etapas avançadas do processo neoplásico, como na disseminação metastática extensa. 
OBS Acresce que, na caquexia, observa-se resistência periférica à insulina, intolerância à glicose, e uma diminuição da estimulação de glicose e insulina no músculo-esquelético. Estes distúrbios resultam do estado inflamatório do doente, produção de TNF-α por parte do tumor, e da diminuição da sensibilidade à insulina querdos tecidos periféricos, quer aos recetores das células beta-pancreáticas. 
· Metabolismo dos Lipídios
No indivíduo saudável, 90% das reservas energéticas correspondem à gordura. Na caquexia do câncer, a perda de gordura é responsável pela maior parte da perda de peso observada. Essa perda de gordura corporal está relacionada ao aumento da lipólise, associada à diminuição da lipogênese, em conseqüência à queda da lipase lipoprotéica e liberação de fatores tumorais lipolíticos e, ainda, aumento da lipase hormôniosensível.
A diminuição da lipase lipoprotéica leva à hiperlipidemia. A hipertrigliceridemia, a hipercolesterolemia, o aumento dos ácidos graxos livres, assim como a depleção dos estoques de gordura e diminuição dos níveis de lipase lipoprotéica são fenômenos observados em paciente oncológicos desnutridos com tumores no TGI.
Pacientes em processo de caquexia excretam na urina o fator mobilizador de lipídios (Lipid Mobilizing Factor - LMF), que age diretamente no tecido adiposo, hidrolisando os triglicerídios a ácidos graxos livres e glicerol, por meio do aumento intracelular do AMPc, de modo análogo aos hormônios lipolíticos, com conseqüente mobilização e utilização dos lipídios. 
· Metabolismo das Proteínas
As taxas de turnover orgânico total de proteínas, as taxas de síntese e de catabolismo proteico muscular são as alterações metabólicas comumente observadas na caquexia do câncer. As depleções proteicas manifestam-se com atrofia do músculo esquelético, atrofia de órgãos viscerais, miopatia e hipoalbuminemia.
O catabolismo muscular está aumentado para fornecer ao organismo aminoácidos para a gliconeogênese, com subsequente depleção da massa muscular esquelética. A redução na síntese proteica também concorre para esse quadro. A diminuição da síntese proteica pode ser resultante da diminuição da concentração plasmática de insulina e da sensibilidade do músculo esquelético à insulina, ou de reduções dos níveis de formação proteica por suplementação de aminoácidos requeridos para a síntese proteica. A perda de atividade física nos pacientes caquéticos pode ser outro fator significante na supressão da síntese proteica. A síntese de proteínas de fase aguda está aumentada a nível hepático nesses indivíduos.
Do ponto de vista clínico, a diminuição da massa proteica e atrofia esquelética predispõem o canceroso a um risco no reparo inadequado de feridas, aumentam a susceptibilidade a infecções e levam à fraqueza e à diminuição da capacidade funcional. Sob o ponto de vista bioquímico, a perda de proteína corporal está relacionada ao aumento do nível sérico do fator indutor de proteólise (Proteolysis Inducing Factor - PIF), capaz de induzir tanto a degradação como inibir a síntese proteica na musculatura esquelética. O PIF está presente na urina de pacientes caquéticos portadores de tumores GI, mas não em pacientes com pouca perda de peso, e tem como expressão a perda de peso marcante.
· ALTERAÇÕES HORMONAIS
O controle da ingestão alimentar tem regulação cerebral, a nível de hipotálamo, eixo hipotálamo hipofisário e sistema autonômico (simpático e parassimpático). Essa regulação / controle é feita por mecanismos de ordem comportamental, como ingestão de alimentos, padrões de atividade e de sono ou fisiológicos, como ajuste da temperatura corporal, gasto energético basal e ativação da resposta aguda ao estresse. Vários neuropeptídios centrais e gastrointestinais - leptina, neuropeptídio Y, melanocortina, grelina, insulina, galamina, colecistoquinina, endorfina - interferem na regulação da ingestão dos alimentos, como também no gasto energético. Alterações nos níveis dessas substâncias contribuem para a SAC.
· Leptina
Hormônio produzido e secretado pelo tecido
adiposo, sendo um componente da alça de homeostase que rege o controle do peso corpóreo. Uma das ações da leptina é a regulação das taxas de gordura corpórea. Níveis elevados de gordura são acompanhados de aumento proporcional dos níveis circulatórios de leptina. Quando há restrição calórica ou inanição, com consequente perda de peso, os níveis de leptina como os de insulina decaem, voltando a elevar-se com a realimentação. Assim, quando há perda de peso, ocorre diminuição dos níveis de leptina proporcionais à perda de gordura corporal. Baixos níveis de leptina cerebral
aumentam a atividade de sinais orexígenos hipotalâmicos, que estimulam o apetite, suprimem o gasto energético e diminuem a atividade de sinais
anorexígenos, os quais suprimem o apetite e aumentam o gasto energético, ou seja, leptina reduz o apetite e aumenta o gasto energético, ativando circuitos catabólicos e prevenindo circuitos anabólicos. Segundo Martignoni et al (2003), altos níveis de leptina bloqueiam a ação do neuropeptídio Y.
A anorexia associada ao câncer parece resultar de fatores circulantes produzidos pelo hospedeiro em resposta ao tumor - as citocinas – substâncias consideradas mediadores do processo da caquexia. Os níveis aumentados de citocinas reduzem a ingestão alimentar e produzem diversas características da SAC, tendo, ainda, correlação com a progressão de tumores. As citocinas podem produzir longa inibição do apetite por estimularem a expressão e liberação de leptina e/ou mimetizarem os efeitos hipotalâmicos de um feedback negativo excessivo, sinalizado pela leptina, impedindo a execução normal e mecanismos compensatórios, diante da diminuição da ingestão alimentar e aumento da perda de peso. Por esta razão, a perda de peso observada em um paciente com câncer, difere muito daquela observada em uma desnutrição simples com ausência de tumores.
· Neuropeptídio Y (NPY)
O hormônio também associado à caquexia, abundantemente distribuído no cérebro, incluindo o hipotálamo, situado abaixo da leptina na via metabólica, é o mais potente peptídeo orexígeno (estimulante do apetite), ativado pela diminuição de leptina, fazendo parte de uma rede interconectada de substâncias orexígenas, como a galanina, insulina, peptídios opioides, hormônio concentrador de melanina (MCH), orexina e AGRP (Peptídeo Agouti-Associado). O NPY pode estimular o apetite por si só ou mediante a liberação de outros peptídios orexígenos acima citados. O NPY tem como ação aumentar a ingestão de alimentos, diminuir o gasto energético e aumentar a lipogênese, promovendo o balanço energético positivo e o aumento da reserva de gordura. 
Estudos experimentais mostram que os sistemas de controle da alimentação relacionados ao NPY são ineficazes em animais anoréticos portadores de tumor. O nível e a liberação de NPY no hipotálamo estão reduzidos nesses animais com tumores, sendo um efeito mais intenso à medida que a anorexia progride. 
· Melanocortina (MC)
Constituem uma família de peptídios regulatórios, que incluem a adrenocorticotrofina (ACTH) e o hormônio melanócito estimulante (MSH), também associados à SAC. Esse grupo de peptídios e seus receptores ajudam a regular o apetite e a temperatura corporal, como também são importantes para memória, bem-estar e imunidade. Apesar da acentuada perda de peso, em que normalmente se esperaria uma regulação negativa dos sistemas anorexígenos relacionados à melanocortina, o sistema permanece ativo, durante a caquexia neoplásica, aumentando ainda mais a taxa metabólica, a anorexia e a perda de peso. Mas, se o receptor central de melanocortina for bloqueado, os processos de anorexia e caquexia são revertidos.
· Grelina
É um hormônio peptídico, predominantemente, secretado por células epiteliais do fundo gástrico. É um importante regulador do apetite e do peso corporal, por mecanismos centrais envolvendo NPY e o ARGP, ambos potentes estimulantes do apetite a nível hipotalâmico.
Tem-se atribuído à grelina a causa do balanço energético positivo, pela diminuição da gordura, por mecanismo independente do hormônio do crescimento. Os níveis plasmáticos de grelina podem estar diminuídos em pacientes com SAC devido um bloqueio na resposta adaptada ao jejum, por diminuição da expressão do RNAm da grelina no estômago, diminuindo assim o apetite. Mas, existem controvérsiasa respeito dos níveis de grelina na circulação e sua ação. Um experimento realizado com pacientes com câncer de pulmão e em QT, indicou níveis elevados de grelina, com diminuição da ingestão alimentar pós-QT por esses pacientes.
O estudo de Shimizu et al (2003)77 mostrou, ainda, que os níveis de grelina não mudaram significativamente em pacientes com boa ingestão alimentar. Assim, a anorexia, efeito adverso comum no paciente em tratamento quimioterápico, mais evidente do 8° ao 21° dia pós-QT, tem associação ao aumento dos níveis séricos de grelina, no câncer de pulmão.
MEDIADORES - CITOCINAS
Citocinas são glicoproteínas solúveis, de pequeno peso molecular, produzidas pelos macrófagos e linfócitos do hospedeiro, em resposta a estímulos tumorais, que atuam como mensageiras intercelulares. Níveis circulantes mensuráveis de citocinas ocorrem, geralmente, em situações de hiper estímulo da produção, e, provavelmente, refletem perda dos mecanismos de homeostase.
Atualmente, listam-se 18 interleucinas (IL), seis fatores estimuladores da proliferação, diferenciação e ativação das linhagens eritróide e mucoide (G-CSF, MCSF, GM-CSF, eritropoetina/EPO, SCF, BCGF), fator de necrose tumoral (TNFa), linfotoxina (TNFO), interferons (IFN) tipo I (a/b) e tipo II (g), fatores de crescimento transformadores a/b (TGF e TGEP) e vários outros fatores de crescimento citocina-símile.
As citocinas têm sido associadas como a chave principal de fatores humorais envolvidos na caquexia do câncer e, com a progressão da doença, é possível que as citocinas passem a circular em outros tecidos e venham a atuar como fatores endócrinos.
· Fator de Necrose Tumoral (TNFα)
Também conhecido por caquexina, é uma citocina produzida pelo estímulo de células do sistema retículo endotelial de macrófagos e monócitos. Segundo Rubin (2003), é a primeira citocina associada com a caquexia em resposta à endotoxina.
Administração de TNF induz caquexia, resultante da diminuição da ingestão alimentar e balanço nitrogenado negativo; administrações repetidas desenvolvem tolerância e tanto a ingestão alimentar quanto o peso corporal tendem a retornar ao normal. Essa citocina está associada ao aumento da lipólise, por ser capaz de inibir a lipase lipoprotéica, e a proteólise.
Segundo Continente et al (2002), aumento do cortisol e glucagon, diminuição de insulina, resistência à insulina, anemia, febre e aumento do gasto energético, tanto em animais como em humanos, estão associados à TNFa.
· Interleucina 1 (IL-1)
Citocina inflamatória que compreende uma família com dois agonistas e dois antagonistas. Macrófagos e monócitos, principalmente, mas também, células endoteliais, fibroblastos, epitélio intestinal e, ainda, eosinófilos, neutrófilos e mastócitos, os quais podem sintetizar IL-1. A infusão de IL-1 induz saciedade, o que diminui a ingestão de alimentos e de água. É, portanto, antagonista do NPY. É capaz, ainda, de causar febre e alterar a síntese protéica no fígado.
Segundo Carvalho et al (1992), a IL-1 parece produzir os mesmos efeitos do TNF, mas não age sobre o músculo, e seus efeitos em induzir a caquexia tornam-se menos potentes que os do TNF.
· Interleucina 6 (IL-6)
Citocina produzida por macrófagos, monócitos, fibroblastos, células endoteliais e queratinócitos. Seus efeitos no metabolismo intermediário de glicose em hepatócitos são semelhantes aos da IL-1, porém menos potentes. Estudos com ratos têm revelado que não há envolvimento com a caquexia nesses animais e, outros estudos utilizando músculo esquelético, mostraram que a IL-6 não tinha efeito direto na proteólise muscular desses animais.
Segundo Van Halteren et al (2003) e Tisdale (2002), a concentração de IL-6 ou TNFa não tem papel central na caquexia do câncer em humanos. Para Inui (1999), níveis séricos aumentados de TNFa, IL-6 e IL-1 têm sido associados em alguns, mas não em todos os pacientes, com a progressão de alguns tumores, mas a administração crônica dessas citocinas, sozinhas ou combinadas, é capaz de diminuir a ingestão alimentar, desencadeando a SAC.
Altos níveis circulantes de IL-6 são associados à perda de peso em alguns pacientes com linfoma, câncer de pulmão e colorretal.
· Interferon g (IFNγ)
Citocina produzida por células T ativadas e natural killer (NK). Potencializa o efeito do TNF e aumenta a expressão do RNAm engatilhada pelo TNF nos macrófagos expostos à endotoxina. Segundo Carvalho et al (1992), assim como o TNFa, o IFNg provoca diminuição da ingestão alimentar e inibição da lipase lipoprotéica nos adipócitos.
Assim, muitos estudos revelam que a caquexia pode, raramente, ser atribuída a uma citocina, mas a associação de citocinas e outros fatores, como alguns hormônios - cortisol, glucagon, adrenalina – propiciam / intensificam a SAC.
ALTERAÇÕES SENSORIAIS
A diminuição no consumo alimentar e o aumento da perda de peso que ocorrem na SAC são atribuídos a inúmeros fatores, sejam eles efeitos locais do tumor, como obstruções e sintomas GI, ou anorexia decorrente de causas não mecânicas, como desequilíbrios de neuropeptídios e citocinas. A baixa ingestão pode ocorrer, ainda, por reações adversas do tratamento radical do câncer, como náuseas e vômitos decorrentes da QT, que diminuem o apetite, as mucosites e enterites em função da RT e as mutilações das cirurgias.
Muitos pacientes atribuem a diminuição do apetite e da ingestão alimentar a alterações desagradáveis e inaceitáveis do paladar e do olfato. Os fatores que afetam o paladar e o olfato são complexos, sejam eles anatômicos, fisiológicos ou de outra natureza. Os estudos iniciais sobre o paladar alterado de pacientes com câncer utilizaram o método que detecta a menor concentração percebida de soluções de cloreto de sódio (salgado), ácidos hidroclórico e cítrico (azedo), ureia (amargo) e sacarose (doce). Mas, esses estudos de sensibilidade de paladar, em doença maligna, têm mostrado resultados variáveis. Os relatos incluem um limiar de reconhecimento elevado para o doce, limiar diminuído para o amargo e algum aumento em limiares para o azedo e o salgado. O limiar de paladar diminuído para o amargo foi associado à aversão à carne vermelha. Outros trabalhos contestaram as irregularidades no limiar ao paladar. É importante salientar que a supressão do paladar é mais severa após tratamento radioterápico na região de orofaringe e pacientes em QT referem a sensação de gosto metálico na boca. Segundo Ferreira (2003), as alterações do paladar são associadas à diminuição dos níveis séricos de metais como zinco e níquel. 
Embora estes achados sobre o sabor sejam inconsistentes em relação a um padrão, respostas alteradas ao sabor dos alimentos causam rejeição de alimentos nutritivos, contribuindo para a anorexia e diminuição da ingestão. Essas anormalidades de sensações não se correlacionam consistentemente com a localização tumoral, extensão de envolvimento do tumor, resposta do tumor à terapia ou preferências e ingestões alimentares. Em relação às alterações gerais do paladar, é frequente o desenvolvimento de aversões alimentares específicas, ou seja, o consumo de um alimento particular é associado a uma reação desagradável durante ou após sua ingestão.
O resultado é a abstenção daquele alimento. Portanto, recomenda-se que os pacientes evitem seus alimentos preferidos durante o período da QT, caso contrário poderá ocorrer uma associação de desprazer entre os efeitos da QT e os alimentos oferecidos durante o tratamento do câncer, criando-se uma situação de aversão alimentar.
Saciedade precoce também é comum no paciente oncológico, presente em aproximadamente 50% dos pacientes, por alterações na motilidade GI e redução da capacidade gástrica. O declínio da capacidade gástrica pode ser causado por uma neuropatia autonômica paraneoplásica, em virtude do tratamento quimioterápico que altera o feedback autonômico do sistema nervoso central. Neoplasias malignas no TGI também podem produzir saciedade precoce. 
2 - Estudar os sinais e sintomas secundários ao desenvolvimento das doenças malignas e efeitos do seu tratamento.O câncer pode causar muitos sintomas diferentes, uns sutis e outros mais óbvios. 
Alguns sintomas aparecem precocemente no decorrer do câncer, como um caroço indolor na mama e, portanto, são importantes sinais de alerta que o profissional da saúde deve avaliar. Outros sintomas, tais como perda de peso e febre, se desenvolvem apenas depois da progressão do câncer. Ainda outros sintomas, como mudança nos hábitos de evacuação, sangue nas fezes ou dificuldade de engolir, são sinais de câncer em locais específicos do corpo.
Como a cura do câncer é mais provável se estiver menos avançado no início do tratamento, é vital descobri-lo cedo. Alguns sintomas podem ser um alerta precoce de câncer e devem, portanto, levar uma pessoa a consultar um médico. Felizmente, a maioria desses sintomas costuma ser causada por distúrbios menos graves. Contudo, o aparecimento de qualquer sinal de câncer não deve ser ignorado.
Alguns sinais de alerta para câncer são gerais. Ou seja, alterações pouco exatas que não ajudam a determinar o câncer em particular. Ainda assim, a sua presença pode levar os médicos a realizar exames físicos e testes laboratoriais necessários para excluir ou confirmar um diagnóstico. Outros sintomas são muito mais específicos e guiam os médicos até um tipo de câncer ou a uma localização em particular.
Os sinais de alerta de um possível câncer incluem os seguintes:
· Perda de peso inexplicável
· Cansaço
· Suores noturnos
· Perda de apetite
· Dor nova e persistente
· Enjoos e vômitos frequentes
· Sangue na urina
· Sangue nas fezes (visível ou detectável através de testes específicos)
· Alteração recente dos hábitos intestinais (constipação ou diarreia).
· Febre recorrente
· Tosse crônica
· Alterações no tamanho ou na cor de um sinal ou alterações em uma ulceração cutânea que não cicatriza
· Aumento dos linfonodos
· Uma ferida que não cicatriza
· Um crescimento ou mancha na pele que cresce ou muda de aparência
Os efeitos colaterais dependem da droga utilizada, do tempo de exposição, e da concentração plasmática da droga. 
Dentre os principais efeitos colaterais precoces e imediatos da quimioterapia citam-se as náuseas, vômitos, mal-estar, adinamia, artralgias, exantemas, flebites, mucosites, constipação intestinal, diarreias, mielossupressão. 
Os efeitos colaterais tardios (meses) são as miocardiopatias, hiperpigmentação, esclerodermia, alopecia, pneumonite, imunossupressão, neurotoxidade, nefrotoxidade, e os efeitos ultra tardios (meses ou anos) são a infertilidade, carcinogênese, mutagênese, distúrbio do crescimento em crianças, sequelas no sistema nervosa central entre outros, que juntos trazem a desfiguração física, a mudança da autoimagem corporal e preocupações angustiantes em relação a aceitação social. De acordo com Delgado, a incidência de náuseas e vômitos nesses pacientes em uso dos mais diversos agentes quimioterápicos está na ordem de 40% a 75%. Como nem sempre as melhoras físicas são sentidas imediatamente e no grau desejado após o tratamento, as fantasias e os medos aumentam, despertando sentimentos variados podendo levar o indivíduo a um quadro de depressão.
· Toxicidade dos quimioterápicos
Com relação à toxicidade apresentada pelos quimioterápicos, a literatura consultada converge em acusar efeitos colaterais surgidos quando do uso dessas drogas e os motivos pelos quais eles se manifestam.
Por não possuírem especificidade, os quimioterápicos não agridem seletiva ou exclusivamente as células tumorais. Essas drogas agridem também células normais que possuem características comuns às células tumorais, ou seja, rápida proliferação, caracterizada por alta atividade mitótica e ciclo celular curto. Em função desta agressão às células normais se dá a toxicidade ou efeitos colaterais dos quimioterápicos.
A agressividade às células normais incide, particularmente, sobre o tecido hematopoiético (medula óssea), germinativo, folículo piloso e aparelho gastrintestinal, uma vez que estes tecidos
apresentam como característica uma alta atividade mitótica.
Outras manifestações tóxicas são aquelas associadas à irritação do sistema nervoso central, que provocam o desencadeamento de náuseas e vômitos, e ainda aquelas associadas à irritação de tecidos por contato durante a administração dos quimioterápicos. 
Os principais efeitos colaterais da quimioterapia são a toxicidade hematológica, gastrintestinal, a cardiotoxicidade, hepatotoxicidade, toxicidade pulmonar, neurotoxicidade, a disfunção reprodutiva, toxicidade vesical e renal, alterações metabólicas, toxicidade dermatológica, reações alérgicas e anafilaxia.
A toxicidade hematológica dos quimioterápicos relaciona-se ao fato de ser a hematopoese um processo caracterizado por alta atividade mitótica e rápida proliferação celular produzindo células de curto ciclo. Esta característica, comum à do crescimento, tumoral, faz com que a medula óssea seja extremamente susceptível aos efeitos dessas drogas. A toxicidade hematológica é um fator dose limitante de quimioterapia, responsável pela necessidade de aprazamento entre aplicações programadas.
Quase todos os quimioterápicos exercem toxicidade sobre a formação do tecido hematopoiético, sendo assim chamados de mielossupressores ou mielotóxicos e sendo está a toxicidade mais importante relacionada ao uso dessas drogas. Sua consequência imediata é a incapacidade da medula óssea de repor os elementos figurados do sangue circulante, aparecendo, assim, a leucopenia, a trombocitopenia e a anemia.
A toxicidade gastrintestinal dos quimioterápicos manifesta-se como náuseas e vômitos, mucosite, anorexia, diarreia e constipação intestinal. Estas variam de intensidade entre leve, moderada e severa, podendo ainda sobrepor-se ou seguir-se umas às outras.
As náuseas e vômitos, frequentemente, constituem o efeito colateral mais incômodo e estressante referido pelos pacientes submetidos à quimioterapia antineoplásica. Sua ocorrência é atribuída à estimulação do centro controlador do vômito (centro emético) localizado no sistema nervoso central e sua intensidade guarda relação com o potencial emético da droga utilizada, bem como, com fatores adicionais como dose, via de administração, velocidade de aplicação, combinação de drogas e ainda por reflexo condicionado.
A anorexia apresentada pelos pacientes submetidos à quimioterapia deve-se a vários fatores associados a esta e entre si. Mudanças na musculatura e mucosa do estômago e intestino delgado retardam o processo digestivo, promovendo uma sensação de plenitude gástrica que interfere no apetite. Somados a este fato, estão a presença de náuseas e vômitos, frequentemente de mucosite oral, alterações do paladar relacionadas a alguns quimioterápicos específicos, e ainda alterações psicológicas como medo, ansiedade, depressão e estresse.
Todas estas alterações, presentes em maior ou menor grau, levam o paciente à anorexia que, quando não bem avaliada e tratada, é responsável pela debilitação nutricional chegando à caquexia. Quadros assim predispõem o paciente a diversas complicações, reduzindo a qualidade de vida e mesmo a sobrevida. 
· TRATAMENTO
· CAQUEXIA
 Omega-3 e Eicosanóides
O ómega-3 tem efeitos benéficos no sistema cardiovascular e atua como anti-inflamatório e analgésico a nível do musculoesquelético. O ómega-3 diminui a produção de citocinas (IL-1, IL-6, TNF-α) e inibe os efeitos da LMF e PIF. O uso de ómega-3 ainda está em estudo, pois nem todos os doentes com caquexia têm benefícios a partir dele.
A partir do ómega-3, podemos encontrar o EPA (ácido Eicosapentaenoico) e o DHA (ácido Docosa-Hexanoico), encontrados nos óleos de peixe. O EPA contém propriedades anti-inflamatórias e anti-caquéticas em relação à atrofia do musculoesquelético.
Estes dois derivados do ómega-3 são metabolizados pela COX (ciclo-oxigenase) e pela 5-lipoxigenase, dando origem a metabolitos com menor poder inflamatório e menor poder imunossupressor do que as substâncias derivadas do ácido araquidônico. A nível nutricional, um dos problemas destes eicosanoides é o facto de as suas doses teremde ser bastante elevadas para produzirem efeito, o que é problemático para o doente caquético, pois estes têm uma baixa absorção e problemas gastrointestinais.
Por outro lado, como o mecanismo do EPA está relacionado com a inibição da PIF na via ubiquitina-proteosoma, a administração de EPA tem efeitos positivos a nível da estabilização do peso em doentes caquéticos com cancro. Estes efeitos podem estar ligados à inibição do PIF mas também podem estar relacionados com a diminuição da produção de citocinas inflamatórias.
3 - Compreender a importância dos cuidados paliativos para pacientes com neoplasias.
Cuidados paliativos são os cuidados de saúde ativos e integrais prestados à pessoa com doença grave, progressiva e que ameaça a continuidade de sua vida.
Tais cuidados visam promover a qualidade de vida do paciente e de seus familiares através da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce de situações possíveis de serem tratadas, da avaliação cuidadosa e minuciosa e do tratamento da dor e de outros sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais. 
Quando deve iniciar? O mais precoce, sempre que possível. Podem vir associados ao tratamento com objetivo de cura da doença a fim de auxiliar no manejo dos sintomas de difícil controle e melhorar as condições clínicas do paciente. À medida que a doença avança, mesmo em vigência do tratamento com intenção curativa, a abordagem paliativa deve ser ampliada visando também cuidar dos aspectos psicológicos, sociais e espirituais.
Na fase terminal, em que o paciente tem pouco tempo de vida, o tratamento paliativo se torna prioritário para garantir qualidade de vida, conforto e dignidade. A transição do cuidado com objetivo de cura para o cuidado com intenção paliativa é um processo contínuo, e sua dinâmica difere para cada paciente. É importante realçar que na fase refratária da caquexia, ou seja, no final de vida dos doentes com caquexia oncológica, o tratamento passa por melhorar a sua qualidade de vida. Surgem, assim, os cuidados paliativos com o objetivo de aliviar o sofrimento e a dor a estes doentes. Estes cuidados podem ser implementados por todos os profissionais de saúde desde fisioterapeutas, especialistas em nutrição e gestão da dor ou oncologistas. A aplicação dos cuidados paliativos visa uma boa coordenação, quer por parte dos profissionais de saúde, quer por parte dos doentes e das suas famílias. 
Assim, os cuidados paliativos incluem: 
· Avaliar corretamente os sintomas físicos do doente, como fadiga e falta de ar. Esta avaliação pode melhorar o apetite e o bem-estar do doente. 
· Diminuir o sofrimento emocional do doente tendo em conta as suas necessidades psicossociais. 
· Considerar se o doente necessita de ser acompanhado por especialistas em cuidados paliativos. 
· Fornecer apoio aos doentes que possam ter dificuldades financeiras ou sociais, como organizar o apoio de assessores apropriados. 
· Fornecer apoio psicológico aos familiares dos doentes, já que, cuidar destes numa fase crítica, é também, para eles, emocionalmente penoso. 
4 - Conhecer os exames complementares solicitados em suspeita de caquexia relacionada a neoplasia.
Para uma avaliação inicial da etiologia em casos em que a história e o exame físico não forem indicativos da causa, os seguintes exames complementares são sugeridos:
1) hemograma
2) eletrólitos
3) glicemia
4) Função renal e hepática
5) TSH
6) Sorologia para HIV
7) Proteína C Reativa
8) Parasitológico de fezes
9) Raio X de tórax
10) Urina 
11) Albumina
12) PPD
Embora concentrações de albumina sérica, pré albumina, transferrina, colesterol e contagem de leucócitos possam ajudar a estabelecer o diagnóstico de desnutrição, suas determinações não contribuem para determinar a causa do problema.
Na ausência de alteração no exame físico e nos exames iniciais complementares, deve-se seguir a investigação com exames de rastreamento para câncer, conforme sexo e idade.
OBS Os MARCADORES TUMORAIS geralmente não são diagnósticos de neoplasias, embora possam contribuir para o diagnóstico. O valor diagnóstico do marcador tumoral depende da prevalência da doença na população, podendo auxiliar no diagnóstico diferencial (ex: câncer de células germinativas) e, especialmente, predizer metástases. 
Na caquexia associada ao câncer, a caquexia pode estar em desenvolvimento durante um longo período de tempo, antes de se manifestar, pois antes do crescimento do tumor, os mecanismos patogénicos da caquexia são ativados. Desta forma, mesmo na ausência de perda de peso ou perda de massa muscular, a caquexia é suspeita. Estas situações são evidentes principalmente em cancros que influenciam bastante o estado nutricional do doente, como por exemplo cancro do pâncreas, pulmão, esófago e estômago. 
Assim o diagnóstico da caquexia associada ao câncer passa pela avaliação de alguns pontos fulcrais: valores antropométricos; valores biológicos (PCR e Albumina); índice de massa gorda livre; indicadores nutricionais. 
Valores antropométricos: 
· Perda de peso superior a 10% nos últimos 6 meses, ou perda de peso superior a 5% no último mês, ou 
· IMC menor que 20 e perda de peso maior que 2%, ou 
· Índice de massa muscular com sarcopenia: Homens inferior a 7,26 kg/m2; Mulheres inferior a 5,45 kg/m2; e perda de peso superior a 2% 
Quantos aos níveis de PCR e albumina, estes apresentam valores maiores que 5,0 mg/L e menores que 3,2 g/dl, respetivamente. Em relação ao índice de massa gorda corporal em doentes caquéticos oncológicos, este é aproximadamente de 18,9 kg/m2 nos homens, e de 15,4 kg/m2 nas mulheres.

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