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Módulo fadiga, perda de peso e anemia 03 - "Quanto tempo?"

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1 Marcela Oliveira – Medicina 2021.2 
 
 
1. Entender o mecanismo fisiopatológico 
envolvido na caquexia relacionada ao 
câncer. 
O câncer é definido como uma enfermidade 
multifatorial crônica, caracterizada pela 
proliferação descontrolada das células. 
Cerca de metade de todos os pacientes com 
câncer apresentam uma síndrome de 
caquexia, caracterizada por anorexia e 
perda de tecido adiposo e massa muscular 
esquelética. 
No entanto, o estabelecimento de 
desnutrição em quadros oncológicos está 
diretamente relacionado ao tipo e a 
localização da neoplasia. 
A caquexia do câncer é definida 
clinicamente por anorexia, perda de peso 
involuntário, perda de massa muscular, 
alterações da sensibilidade do paladar, 
saciedade precoce, fraqueza e atrofia de 
órgãos viscerais. 
Existem duas formas de caquexia: 
a) Caquexia primária: é o tipo mais 
comum e resulta de interações 
metabólicas entre o tumor e o 
hospedeiro que levam ao consumo 
progressivo da proteína visceral, 
musculatura esquelética e tecido 
adiposo. 
b) Caquexia secundaria: resulta da 
ingestão e absorção diminuídas. 
Ambos os tipos podem se apresentam 
simultaneamente em um mesmo paciente. 
Porém, geralmente o que ocorre primeiro é a 
redução da ingesta e posteriormente das 
alterações metabólicas. 
A fisiopatologia desse processo é 
caracterizada essencialmente pelo balanço 
energético e proteico negativo, combinado 
com a redução da ingesta e alterações 
metabólicas. 
De um modo geral, quatro fatores levam ao 
desenvolvimento da caquexia: a 
desregulação metabólica, o aumento da 
proteólise e da lipólise, a diminuição da 
absorção de nutrientes e a desregulação do 
apetite. Esses fatores levam a um desbalanço 
energético negativo e consequentemente a 
uma perda de massa muscular. 
Tem-se demostrado também, uma 
correlação entre marcadores moleculares de 
inflamação sistêmica e perda ponderal em 
doentes oncológicos. Estudos recentes 
demonstram uma ligação entre a elevação 
desses marcadores e a diminuição da 
qualidade de vida e da taxa de 
sobrevivência em doentes com caquexia. 
Tanto os fatores tumorais como a resposta 
fisiológica por parte do hospedeiro, levam ao 
aumento da expressão e liberação de 
citocinas pró-inflamatórias, tais como TNF-
alfa, IL-1 BETA, IL-6. 
ALTERAÇÕES METABÓLICAS 
1. Carboidratos 
A glicose é o principal substrato da célula 
cancerígena, chegando a consumir até 50x 
mais que uma célula normal. Seria esperado 
então, que os níveis plasmáticos de glicose 
diminuíssem, mas isso não ocorre, pois há um 
aumento de gliconeogênses hepática. Ou 
seja, o consumo excessivo de glicose pelo 
tumor, aumenta a produção de glicose 
hepática a partir do lactato (ciclo de cori) e 
de aminoácidos musculares do hospedeiro 
Problema 03 – Quanto tempo? 
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2 Marcela Oliveira – Medicina 2021.2 
(gliconeogênese). Essa conversão do lactato 
para a glicose envolve um consumo de ATP, 
resultando num processo de gasto 
energético, culminando na perda de peso e 
de massa. Além disso, outro processo 
adjuvante é a resistência insulínica que leva 
a uma semelhança com o diabetes, devido 
ao processo inflamatório constante que reduz 
a sensibilidade das células beta pancreáticas 
e dos tecidos periféricos; 
2. Proteínas 
O paciente com câncer não 
apresenta mecanismo 
poupador de proteínas, 
então a sua proteólise é 
constante, não havendo 
redução do catabolismo 
muscular, que leva à 
depleção proteica e atrofia 
muscular, visceral e 
hipoalbuminemia (devido 
ao excesso de proliferação 
celular). 
O catabolismo muscular 
esta aumentado para 
fornecer ao organismo, 
aminoácidos para a 
gliconeogênese, com 
consequente depleção da 
massa muscular esquelética. 
Do ponto de vista clinico, a 
diminuição da massa proteica e atrofia 
esquelética predispõe o canceroso, um risco 
no reparo inadequado de feridas, aumentam 
a susceptibilidade a infecções e levam a 
fraqueza e a diminuição da capacidade 
funcional. 
3. Lipídios 
Na caquexia do câncer, a perda de gordura 
é responsável O metabolismo lipídico 
encontra-se alterado, resultando na 
depleção da reserva de gordura e níveis 
elevados de lipídios circulantes. A perda de 
gordura é responsável pela maior parte da 
perda de peso. Além disso, essa perda de 
gordura está relacionada ao aumento da 
lipólise associada à diminuição da 
lipogênese, em consequência à queda da 
lípase lipoprotéica levando a hiperlipidemia. 
O tumor produz moléculas capazes de induzir 
lipólise e aumentar a oxidação de ácidos 
graxos. Consequentemente, há uma maior 
utilização de ácidos graxos, como fonte 
preferencial de energia, devido a 
exacerbação da gliconeogênese e 
resistência à insulina. 
 
CITOCINAS 
As citocinas que são tidas como mediadores 
da caquexia são: IL-1B, IL-6 e TNF-alfa; 
a) TNF-ALFA: esse fator também é 
conhecido como caquexina, sendo 
secretada por macrófagos devido ao 
crescimento tumoral ou infecções 
bacterianas. Há a anorexia por ele 
devido a inibição dos centros de 
saciedade e a síntese da lipoproteína 
lipase, que é uma enzima que facilita 
a liberação de ácidos graxos pelas 
lipoproteinas. Além disso, ele ativa o 
sistema de coagulação, aumenta a 
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3 Marcela Oliveira – Medicina 2021.2 
síntese proteica nos hepatócitos e 
promove choque endotóxico. 
b) IL-1: é uma citocina inflamatória 
secretada pelos macrófagos, e 
juntamente com o TNF-alfa tem a 
capacidade de iniciar a caquexia. 
Vale ressaltar que ela possui os mesmos 
efeitos da TNF-alfa, mas não age sobre 
os músculos e os efeitos da caquexia 
são menos potentes. Além disso, essa 
citocina age diretamente sobre o 
centro de regulação do apetite, 
induzindo a saciedade. 
c) IL-6: É produzida pelos macrófagos, 
monócitos e fibroblastos. Produz as 
proteínas da fase aguda da 
inflamação e sintetiza 
fibrinogênio. Tem efeito 
pequeno sobre a proteólise 
muscular. Também interfere 
na ingesta alimentar, 
desencadeando a anorexia 
e a caquexia. 
ALTERAÇÕES HOMORNAIS 
O hipotálamo-hipofise e o sistema 
autonômico (simpático e 
parassimpático) são responsáveis 
pelo controle da ingestão de 
alimentos. Esse controle depende 
de diversos tipos de neuro-hormonios centrais 
e gastrointestinais. 
1) Leptina 
É um hormônio produzido e secretado pelo 
tecido adiposo que regula o peso, pelo 
controle da concentração lipídica corporal. A 
perda de peso leva a diminuição de leptina e 
consequentemente à diminuição da gordura 
corporal. Ela inibe a ingestão e aumenta o 
metabolismo calórico pelofeedback 
hipotalâmico, ativando o catabolismo e 
inibindo o anabolismo. Mas o que acontece 
na anorexia do câncer, é que o organismo 
em resposta ao tumor, passa a produzir 
citocinas que estimulam a liberação de 
leptina ou mimetizam um feedback 
excessivo. o. Por esta razão, a perda de peso 
observada em um paciente com câncer, 
difere muito daquela observada em uma 
desnutrição simples com ausência de 
tumores. 
2) Neuropeptídeo Y 
É um peptídeo estimulador do apetite, 
regulador de ansiedade, da resistência 
vascular e periférica. Ele promove a atividade 
lipogênica enzimática no tecido adiposo, 
reduzindo a atividade do SNS e inibindo a 
lipólise. Em situações de estresse, como no 
câncer, ocorre uma redução da liberação 
desse neuropeptídio e consequentemente, 
reduz a ingesta de alimentos, aumentando o 
gasto energético e reduzindo a lipogênese. 
3) Grelina 
A grelina é um neuropeptídio secretado 
endocrinamente, principalmente no 
estomago, que regula o apetite e o peso. Ele 
tem seu nível aumentado durante o jejum, e 
diminuído no pós-prandial. Nos pacientes 
com caquexia por câncer há um bloqueio da 
resposta adaptada que faz com que o apetite 
diminua, devido a concentração baixa do 
mesmo. 
ALTERAÇÕES SENSORIAIS 
A baixa ingestão pode ocorrer ainda por 
reações adversas do tratamento radical do 
câncer, como náuseas e vômitos decorrentes 
da quimioterapia, que diminuem o apetite. 
Muitos pacientes atribuem a diminuição do 
apetite e da ingestão alimentar a alterações 
desagradáveis do paladar e olfato. Os fatores 
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4 Marcela Oliveira – Medicina 2021.2 
que alteram o paladar e o olfato são 
complexos, sejam eles anatômicos, 
fisiológicos ou de outra natureza. 
É importante salientar que a supressão do 
paladar é mais severa após tratamento 
radioterápico na região da orofaringe. 
2. Estudar os sinais e sintomas 
secundários ao desenvolvimento das 
doenças malignas e efeitos do seu 
tratamento. 
 
As manifestações clinicas do câncer são 
extremamente heterogêneas. No estágio 
inicial da doença, o paciente encontra-se 
geralmente assintomático, e com a 
progressão da doença, sintomas como perda 
de peso, tosse, dispneia e rouquidão podem 
se tornar aparentes. 
Os sinais e sintomas do câncer podem ser 
divididos em locais, regionais e sistêmicos. 
Dentre os sintomas locais, estão dor, 
tumorações e ulcerações persistente. Os 
efeitos regionais podem decorrer da 
obstrução de vias aéreas, drenagem linfática, 
trato gastrointestinal e vias biliares ou trato 
geniturinários. 
As manifestações sistêmicas do câncer 
podem ser secundárias à presença de 
grandes massas tumorais com repercussões 
sistêmicas, de metástases disseminadas ou 
de síndromes paraneoplasicas. 
SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS 
As síndromes paraneoplásicas são 
caracterizadas por sinais e sintomas 
causados pelos tumores que não estão 
relacionados ao sitio primário da doença ou 
a localização de suas metástases; Essas 
síndromes são decorrentes da produção, pelo 
tumor, de substancias que direta ou 
indiretamente causam sintomas À distância. 
A apresentação clinica é variável, podendo 
ocorrer manifestações endócrinas, 
neurológicas, hematológicas, 
dermatológicas, renais, gastrointestinais, 
reumatologicas e eletrolíticas. 
O seu reconhecimento pelo médico é de 
grande importância, pois pode ser a primeira 
manifestação do câncer. 
A síndrome é caracterizada pelo seu curso 
clinico em paralelo ao do câncer subjacente, 
e desse modo, com o decorrer do tratamento 
efetivo do câncer, espera-se que as 
manifestações paraneoplásicas também 
regridam. 
Os principais tipos de câncer associados ao 
aparecimento de síndromes paraneoplásicas 
são de pulmão, principalmente carcinoma de 
pequenas células, carcinoma de mama, de 
ovário, linfoma de Hodgkin e carcinoma 
tímico. 
SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS 
ENDOCRINOLÓGICAS 
As síndromes paraneoplásicas 
endocrinológicas são decorrentes da síntese 
e da secreção de substâncias com 
características hormonais pelas células 
neoplásicas. Isso pode ocorrer em células que 
fisiologicamente as sintetizam e passam a 
faze-los de forma independente ou de 
células que ao longo do processo de 
carcinogenese, tornam-se capazes de 
sintetizar tais substancias de forma 
clinicamente relevantes. 
1. Secreção ectópica de ACTH 
A síndrome de Cushing (hipercortisolismo) é 
resultante da produção e da secreção 
autônoma e/ou excessiva de cortisol, que 
pode ser dependente ou não do hormônio 
corticotrófico (ACTH) e a secreção ectópica 
de ACTH associada a neoplasias corresponde 
a 12% dos casos de síndrome de Cushing. 
O câncer mais frequente que causa essa 
síndrome é o carcinoma de pequenas 
células. 
As manifestações clinicas desse quadro de 
hipercorticolismo são obesidade centrípeta, 
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5 Marcela Oliveira – Medicina 2021.2 
estrias violáceas, hipertensão secundaria, 
fraqueza, fácies cushicnoide. 
2. Hipercalcemia 
Os principais tumores relacionados com esta 
manifestação são pulmão, mama e mieloma 
múltiplo. 
A hipercalcemia deve ser lembrada como 
possível causa de sintomas comuns aos 
pacientes com câncer, como constipação 
intestinal, náuseas, vômitos, dor abdominal, 
convulsões, confusão mental e rebaixamento 
do nível de consciência. Insuficiência renal 
aguda é uma das complicações graves que 
podem ocorrer, sendo causada pela 
diminuição da capacidade de concentração 
urinária, ocasionando perda excessiva de 
água livre, diminuição da taxa de filtração 
glomerular e, por fim, lesão tubular. 
3. Hipoglicemia 
A hipoglicemia pode ser uma 
manifestação paraneoplásica 
resultante do excesso de insulina 
sintetizada pelo próprio tumor, 
como no caso dos insulinomas. 
SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS 
NEUROLÓGICAS 
Em pacientes com câncer e síndrome 
neurológica paraneoplásica, qualquer 
porção do sistema nervoso pode ser afetada, 
desde o córtex cerebral até a junção 
neuromuscular. 
A síndrome neurológica paraneoplásica é 
pouco frequente, entretanto a miastenia de 
Eanton-Lambert pode ser detectada em 3% 
dos pacientes com carcinoma de pulmão de 
pequenas células. 
SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS 
HEMATOLÓGICAS 
As síndromes paraneoplasicas hematológicas 
são extremamente comuns e compreendem 
a elevação ou a redução de eritrócitos, 
granulócitos, plaquetas, os quais são 
mediados por fatores de crescimento ou 
interleucinas. 
A anemia de doença crônica, normocitica e 
normocromica é a forma mais comum de 
anemia em pacientes com câncer, seguida 
de anemia secundaria À infiltração medular e 
ao tratamento (quimioterapia e radioterapia). 
A anemia de doença crônicaé 
caracterizada pelo baixo nível de ferro sérico, 
ferritina normal ou elevada e capacidade 
total de ligação do ferro baixa. Anemia 
hemolítica ocorre principalmente em 
pacientes com linfoma de células B. 
Trombocitopenia e leucopenia são raramente 
causadas por síndrome paraneoplásica, mas 
secundárias a quimioterapia/radioterapia 
e/ou infiltração da medula óssea 
SÍNDROME PARANEOPLÁSICA 
DERMATOLÓGICA 
As síndromes paraneoplásicas 
dermatológicas mais frequentes são 
acantose nigricans, penfigóide, acroceratose 
paraneoplásica e dermatose neutrofílica. 
ANOREXIA E CAQUEXIA 
A anorexia e a caquexia caracterizam a 
síndrome paraneoplásica mais comum, 
afetando 50% dos pacientes com câncer, dos 
quais 15% experimentam perda ponderal 
maior que 10%. O quadro clínico inclui 
anorexia, perda de peso, atrofia muscular, 
anemia, astenia e alterações do metabolismo 
dos substratos, e sua presença indica 
prognóstico sombrio; 
O objetivo primário é adequar a ingestão de 
calorias, diminuindo ao máximo as calorias de 
fontes proteicas. Sempre que possível, o trato 
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6 Marcela Oliveira – Medicina 2021.2 
gastrintestinal deve ser utilizado como via 
para suporte nutricional. 
SINDROMES PARANEOPLÁSICAS RENAIS 
Glomerulopatias podem ser a primeira 
manifestação de doença neoplásica. As 
síndromes nefrítica e/ou nefrótica, 
decorrentes da deposição de antígenos 
tumorais, anticorpos e consequente ativação 
do complemento, podem estar associadas a 
câncer de pulmão e cólon. 
EFEITOS COLATERAIS RELACIONADOS AO 
TRATAMENTO 
Os principais efeitos colaterais relacionados 
ao tratamento quimioterápico são náuseas, 
vômitos, toxicidade hematológica, diarreia, 
mucosite e distúrbios hidroeletrolíticos. 
Pacientes em radioterapia para câncer de 
cabeça e pescoço geralmente apresentam 
disgeusia (disfunção no sentido do paladar), 
xerostomia (boca seca) e/ou mucosite oral 
(inflamação e ulceração na cavidade oral), 
que podem ser resultado da própria doença 
ou de seu tratamento 
Náuseas e vômitos são efeitos colaterais 
comuns a vários agentes quimioterápicos. 
Náuseas e vômitos mal controlados podem 
levar a desidratação, distúrbios 
hidroeletrolíticos e perda de peso. 
As náuseas induzidas pela quimioterapia são 
classificadas em: 
 Aguda: quando ocorre nas primeiras 
24h de administração da quimio. 
 Tardia: ocorre após 24h de 
administração da quimio. 
 Antecipatória: quando o paciente já 
tem um ciclo prévio de tratamento, o 
início das náuseas pode ocorrer antes 
de iniciar o tratamento. 
Mucosite é um termo geral para eritema, 
edema, descamação e ulceração da 
mucosa oral e orofaringe secundaria a quimio 
ou radio. Esta condição causa dor severa, 
disfagia, desnutrição e infecções 
secundarias. 
Destaca-se ainda entre os efeitos colaterais a 
toxicidade hematológica. Pode-se manifestar 
por anemia, plaquetopenia e neutropenia. 
Dentre as complicações infecciosas 
relacionadas a quimioterapia, destaca-se a 
neutropenia febril, caracterizada por 
contagem absoluta de neutrófilos < 500, 
aumentando o risco de desenvolver 
infecções bacterianas. 
Os agentes quimioterápicos podem induzir 
também toxicidade cutânea local ou 
sistema. Isso porque, a pele, mucosas, anexos 
como glândulas sebáceas e sudoríparas e os 
pelos e unhas são tecidos de alta proliferação 
celular, portanto mais susceptíveis a 
desenvolverem reações adversas, como 
alopecias, hiperpigmentação, alterações 
ungueais. 
3. Conhecer os exames complementares 
solicitados em suspeita de caquexia 
relacionada a neoplasia. 
A abordagem do paciente com suspeita de 
câncer baseia-se na história e exame físico 
completos com o objetivo de identificar o sitio 
primário da doença. 
O diagnóstico do câncer baseia-se na 
confirmação histológica realizada pela 
biopsia da lesão. 
Exames complementares, como endoscopia, 
tomografia, ressonância magnética, 
cintilografia óssea e tomografia por emissão 
de pósitrons, podem ser usadas para localizar 
o sitio primário da doença e definir sua 
extensão. 
Deve-se solicitar ainda, na investigação 
inicial, hemograma completo, função renal e 
hepática e eletrólitos que são analisados no 
momento da decisão terapêutica. 
Algumas neoplasias podem estar associadas 
à elevação de marcadores tumorais, que são 
substancias produzidas pelo tumor ou pelo 
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7 Marcela Oliveira – Medicina 2021.2 
hospedeiro em resposta ao tumor. Porém, em 
geral estes marcadores não são específicos 
de um tumor e podem estar elevados em 
outras situações não neoplásicas. Dessa 
forma, é importante destacar que os 
marcadores tumorais não devem ser 
utilizados para diagnostico de câncer. 
Alguns marcadores podem ser usados para 
monitorar o tratamento e a progressão da 
doença, dentre eles, destacam-se o CEA, CA-
125, PSA sérico. 
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 
O estado nutricional dos pacientes é 
usualmente avaliado pela combinação de 
parâmetros clínicos, antropométricos e 
laboratoriais. 
As medidas antropométricas são 
frequentemente utilizadas na determinação 
dos compartimentos corporais: tecido 
adiposo, muscular, ósseo e agua extracelular. 
A suspeita de caquexia ocorre diante de uma 
perda involuntária de 5% em relação ao peso 
habitual, em um período de 6 meses. Uma 
perda de 10% indica depleção severa, e é 
considerada já o início de uma síndrome da 
anorexia-caquexia. 
É importante destacar que a perda de peso 
diminui a resposta do paciente ao tratamento 
quimioterápico e aumenta a toxicidade da 
droga no organismo. 
Além do peso, a prega cutânea do tríceps, a 
circunferência muscular do braço, 
circunferência da panturrilha, o perímetro do 
pulso e o IMC são outras medidas 
antropométricas utilizadas. 
Os testes laboratoriais mais comuns na 
avaliação do estado nutricional são a 
dosagem plasmática de transferrina e 
albumina. No entanto, muitas condições 
podem interferir no resultado, como o estado 
de hidratação, presença de síndrome 
nefrótica ou insuficiência hepática. Além 
disso, a trasnferrina tem meia vida curta, ou 
seja, reflete apenas alterações recentes e é 
um exame caro. 
Em pacientes com câncer, podem haver 
dificuldades na interpretação desses 
parâmetros em virtude de alterações 
fisiológicas, retenção hídrica, aumento da 
massa tumoral, alterações hormonais devido 
ao tratamento ou síndromes 
paraneoplásicas, efeitos de tratamento 
antineoplásico e da doença sobre o 
metabolismo corporal. 
Nos pacientes com câncer é fundamental 
que ferramentas especificas de triagem 
identifiquem precocemente, aqueles doentes 
com risco de complicações nutricionais 
associadas ao tratamento quimio e 
radioterápico. 
4. Compreender a importância dos 
cuidados paliativos para pacientes 
com neoplasia 
Segundo a Organização Mundial da Saúde 
(OMS), em conceito definido em 1990 e 
atualizado em 2002, “Cuidados Paliativos 
consistem na assistência promovida por uma 
equipe multidisciplinar, que objetiva a 
melhoria da qualidade de vida do paciente e 
seus familiares, diante de uma doença que 
ameace a vida, por meio da prevenção e 
alívio do sofrimento, por meio de 
identificação precoce, avaliação impecávele tratamento de dor e demais sintomas físicos, 
sociais, psicológicos e espirituais”. 
Princípios gerais dos Cuidados Paliativos: 
I. Fornecer alívio para dor e outros 
sintomas estressantes como astenia, 
anorexia, dispneia e outras 
emergências oncológicas. 
II. Reafirmar vida e a morte como 
processos naturais. 
III. Integrar os aspectos psicológicos, 
sociais e espirituais ao aspecto clínico 
de cuidado do paciente. 
IV. Não apressar ou adiar a morte. 
V. Oferecer um sistema de apoio para 
ajudar a família a lidar com a doença 
do paciente, em seu próprio ambiente. 
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8 Marcela Oliveira – Medicina 2021.2 
VI. Oferecer um sistema de suporte para 
ajudar os pacientes a viverem o mais 
ativamente possível até sua morte. 
VII. Usar uma abordagem interdisciplinar 
para acessar necessidades clínicas e 
psicossociais dos pacientes e suas 
famílias, incluindo aconselhamento e 
suporte ao luto. 
A OMS pontua ainda que se deve iniciar o 
tratamento paliativo o mais precocemente 
possível, concomitantemente ao tratamento 
curativo, utilizando-se todos os esforços 
necessários para melhor compreensão e 
controle dos sintomas. E que ao buscar o 
conforto e a qualidade de vida por meio do 
controle de sintomas, pode-se também 
possibilitar mais dias de vida. 
A OMS classifica os países em quatro grupos, 
de acordo com seu nível de desenvolvimento 
em Cuidados Paliativos. Segundo os dados de 
2014, o Brasil está incluído no nível 3a – 
provisão isolada, juntamente com Rússia, 
México, países do Sudeste Asiático, entre 
outros 
Os cuidados paliativos podem ser realizados 
na casa do paciente, em um hospital ou 
unidade de saúde, ou em um hospice. Seu 
principal objetivo é melhorar a qualidade de 
vida do paciente no final da vida. A decisão 
para o início dos cuidados paliativos é uma 
decisão conjunta de paciente, familiares e 
médico. 
Um dos problemas com os cuidados paliativos 
é que, muitas vezes, ele é iniciado de forma 
tardia. Às vezes, o médico, o paciente ou a 
família rejeitam essa alternativa porque 
acreditam que dessa forma o paciente está 
desistindo ou que não existe mais esperança. 
Isso não é verdade. Se o paciente melhorar 
ou se a doença entrar em remissão, ele terá 
alta e continuará a realizar o tratamento 
contra o câncer. Mas o que os cuidados 
paliativos oferecem é uma vida de 
qualidade, possibilitando que o paciente viva 
melhor a cada dia durante os últimos estágios 
da uma doença avançada. 
Existem dois termos frequentemente usados 
na literatura para definir condições de 
pacientes que devem receber Cuidados 
Paliativos: 
– Doenças que ameaçam a vida (life-
threatening conditions): enfermidades que 
representam uma grave ameaça de morte, 
para as quais a terapêutica pode resultar em 
cura, mas pode falhar. 
– Doenças que limitam a vida (life-shortening 
conditions): enfermidades sem possibilidade 
curativa e que a probabilidade de morte 
durante a infância ou adolescência é 
elevada. 
CUIDADOS PALIATIVOS ONCOLÓGICOS 
Além da dor (um dos sintomas mais 
frequentes), outros sintomas acometem os 
indivíduos com câncer, como: anorexia, 
depressão, ansiedade, constipação, disfagia, 
dispnéia, fraqueza, entre outros. Todos 
diminuem de algum modo sua qualidade de 
vida, merecendo, portanto, a atenção dos 
profissionais de saúde. À medida que a 
doença progride, maior é a necessidade de 
cuidados paliativos, o que os torna quase que 
exclusivos ao final da vida, porém, não 
terminando com a morte do indivíduo com 
câncer.

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