Buscar

AULA 09 - HIST DO DIREITO BRASILEIRO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 09 – SISTEMA ELEITORAL A LUZ DA CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824 
O sistema de voto era um sistema indireto, ou seja, a maior parte da população não escolhia diretamente os representantes políticos brasileiros. Essa massa de votantes elegia, nas assembleias paroquiais (eleições primárias), os eleitores de província (representantes eleitores). Em seguida, esses representantes eleitores, em um colegiado menor, elegiam os representantes da nação, ou seja, os deputados e senadores. 
Na Câmara dos Deputados, o mandato era temporário (4 anos), enquanto no Senado o cargo era vitalício. A Câmara dos Deputados era marcada pela velocidade política e o Senado, pela parcimônia (cautela – ausência de pressa). As duas casas constituíam, nesse cenário, duas forças que se opunham e que se complementavam.
OBS: A nomenclatura das eleições primárias era assembleias paroquiais, tendo em vista que as paróquias eram as instituições responsáveis pela emissão das certidões de nascimento e de óbito – documentos essenciais para o controle da eleição através da verificação da existência dos eleitores. 
 
Art. 90. As nomeações dos Deputados, e Senadores para a Assembléa Geral, e dos Membros dos Conselhos Geraes das Provincias, serão feitas por Eleições indirectas, elegendo a massa dos Cidadãos activos em Assembléas Parochiaes os Eleitores de Provincia, e estes os Representantes da Nação, e Provincia.
Art. 91. Têm voto nestas Eleições primarias
        I. Os Cidadãos Brazileiros, que estão no gozo de seus direitos politicos.
        II. Os Estrangeiros naturalisados.
A proibição do voto de alguns indivíduos nas assembleias paroquiais era pautada em um critério etário (menores de 25 anos), no estado civil (os menores de 25 anos e casados estavam aptos a votarem), na profissão (os oficiais militares maiores de 25 anos, os bacharéis formados e clérigos de ordens sacras), no status familiar (filhos famílias na companhia dos pais que não eram funcionários públicos), no critério social (comunidades que viviam em claustro) e no critério censitário (aqueles que não tiverem renda líquida anual de cem mil réis). 
Art. 92. São excluidos de votar nas Assembléas Parochiaes.
        I. Os menores de vinte e cinco annos, nos quaes se não comprehendem os casados, e Officiaes Militares, que forem maiores de vinte e um annos, os Bachares Formados, e Clerigos de Ordens Sacras.
 II. Os filhos familias, que estiverem na companhia de seus pais, salvo se servirem Officios publicos.
Aqui também é perceptível uma máxima distante da contemporaneidade: “uma família, um voto”  quando se proíbe o voto dos filhos famílias – exceto se forem servidores públicos.
        III. Os criados de servir, em cuja classe não entram os Guardalivros, e primeiros caixeiros das casas de commercio, os Criados da Casa Imperial, que não forem de galão branco, e os administradores das fazendas ruraes, e fabricas.
        IV. Os Religiosos, e quaesquer, que vivam em Communidade claustral.
        V. Os que não tiverem de renda liquida annual cem mil réis por bens de raiz, industria, commercio, ou Empregos.
	
Ao analisar-se os critérios para a aptidão à eleição nas assembleias paroquiais e, consequentemente, ao voto na eleição dos deputados, senadores e membros de províncias, infere-se a existência de novos critérios para limitar esses eleitos pautados novamente no critério censitário (aqueles que não tiverem renda líquida anual de duzentos mil réis), no status social (os libertos) e na reputação (os criminosos em querela ou devasssa). 
Art. 94. Podem ser Eleitores, e votar na eleição dos Deputados, Senadores, e Membros dos Conselhos de Provincia todos, os que podem votar na Assembléa Parochial. Exceptuam-se
        I. Os que não tiverem de renda liquida annual duzentos mil réis por bens de raiz, industria, commercio, ou emprego.
        II. Os Libertos.
        III. Os criminosos pronunciados em queréla, ou devassa. 
	
Em relação àqueles que podem ser eleitores aptos a serem nomeados deputados, infere-se a existência de outras limitações pautadas em um critério censitário (os que não tiverem quatrocentos mil réis de lenda líquida), um critério de nacionalidade (os estrangeiros naturalizados) e um critério religioso (aqueles que não professarem a religião do Estado).
Art. 95. Todos os que podem ser Eleitores, abeis para serem nomeados Deputados. Exceptuam-se
        I. Os que não tiverem quatrocentos mil réis de renda liquida, na fórma dos Arts. 92 e 94.
        II. Os Estrangeiros naturalisados.
        III. Os que não professarem a Religião do Estado.
No que tange a ocupação do cargo de senador, infere-se a existência de um critério etário (mínimo de quarentena anos), um critério pautado na carreira política (preferência a aqueles que prestaram serviços à pátria) e um critério censitário (rendimento anual de oitocentos mil réis)
Art. 45. Para ser Senador requer-se
  I. Que seja Cidadão Brazileiro, e que esteja no gozo dos seus Direitos Politicos.
        II. Que tenha de idade quarenta annos para cima.
        III. Que seja pessoa de saber, capacidade, e virtudes, com preferencia os que tivirem feito serviços á Patria.
        IV. Que tenha de rendimento annual por bens, industria, commercio, ou Empregos, a somma de oitocentos mil réis.
OBS: Apesar de não ser mencionado explicitamente, o critério de gênero abrangia todos os setores, tendo em vista que somente homens participavam das eleições paroquiais, da eleição dos representantes da nação e, consequentemente, da ocupação de cargos políticos. 
RESUMO:
 
O PODER MODERADOR: 
O poder moderador, muitas vezes mal compreendido, correspondeu a um quarto poder durante o 1º Reinado – inerente ao imperador e responsável por manter o equilíbrio entre os outros três poderes. O poder moderador não se tratou de um poder absoluto devido à existência de limitações impostas ao próprio imperador. 
Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organisação Politica, e é delegado privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro Representante, para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independencia, equilibrio, e harmonia dos mais Poderes Politicos.
A interferência do poder moderador nos outros poderes (legislativo, executivo e judiciário) torna-se mais evidente no Art. 101 da Constituição Imperial de 1824. Nessa perspectiva, evidencia-se que o poder legislativo, o poder mais forte, era o mais interferido pelo poder moderador.
Art. 101. O Imperador exerce o Poder Moderador
 I. Nomeando os Senadores, na fórma do Art. 43. interferência no poder legislativo
        II. Convocando a Assembléa Geral extraordinariamente nos intervallos das Sessões, quando assim o pede o bem do Imperio. interferência no poder legislativo
        III. Sanccionando os Decretos, e Resoluções da Assembléa Geral, para que tenham força de Lei: Art. 62. interferência no poder legislativo
        IV. Approvando, e suspendendo interinamente as Resoluções dos Conselhos Provinciaes: Arts. 86, e 87.     (Vide Lei de 12.10.1832) interferência no poder legislativo
        V. Prorogando, ou adiando a Assembléa Geral, e dissolvendo a Camara dos Deputados, nos casos, em que o exigir a salvação do Estado; convocando immediatamente outra, que a substitua. interferência no poder legislativo
        VI. Nomeando, e demitindo livremente os Ministros de Estado. interferência no poder executivo (ministro da educação, ministro da saúde, ministro da economia...)
        VII. Suspendendo os Magistrados nos casos do Art. 154. interferência no poder judiciário
        VIII. Perdoando, e moderando as penas impostas e os Réos condemnados por Sentença. interferência no poder judiciário
        IX. Concedendo Amnistia em caso urgente, e que assim aconselhem a humanidade, e bem do Estado. interferência no poder judiciário
· 5 interferências no poder legislativo;
· 1 interferência no poder executivo;
· 3 interferências no poder judiciário; 
OBS: Algumas ações como o ato de legislar não eram de competência do podermoderador, o que corrobora, portanto, a tese de que o poder moderador não era absoluto; 
OBS: A deturpação histórica é bastante perceptível visando à criação de heróis nacionais como no caso da Princesa Isabel – dita como responsável pela abolição da escravidão. Entretanto, a autoridade anteriormente mencionada somente foi responsável por sancionar uma lei elaborada pela Assembleia Geral composta por políticos brasileiros – a Lei Áurea.

Continue navegando