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Indicadores Bioquímicos do Estado Nutricional AULA 8 – 15.09.2021 SOLICITAÇÃO DE EXAMES - O nutricionista pode solicitar exames bioquímicos, contanto que esteja de acordo com a área de atuação da nutrição; - Lei nº 8.234, de 17 de setembro de 1991: regulamenta a profissão de Nutricionista e determina outras providências – dentro da lei, existe o item em que demonstra que há a possibilidade de solicitação de exames laboratoriais necessários ao acompanhamento dietoterápico pelo nutricionista; - Resolução CFN nº 306/2003: dispõe sobre solicitação de exames laboratoriais na área de nutrição clínica – considerando o cliente-paciente globalmente, respeitando suas condições clínicas, individuais, socioeconômicas e religiosas, diagnósticos, laudos e pareceres dos demais membros da equipe multiprofissional, definindo com estes, sempre que pertinente, outros exames laboratoriais; - O nutricionista deve denunciar o descumprimento na aceitação de solicitação de exames laboratoriais ao CRN de sua jurisdição, às Secretarias Estaduais e Municipais no caso do SUS e à ANS, quando operadoras de planos de saúde e seguradoras de saúde. CUIDADO NUTRICIONAL 1. Avaliação nutricional; 2. Diagnóstico nutricional; 3. Intervenção nutricional; 4. Monitoramento e evolução. AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA: - Estima a disponibilidade de nutrientes em fluídos e tecidos biológicos, sendo crítica para a avaliação de deficiências clínicas e/ou subclínicas de nutrientes; - Fornece dados objetivos a serem utilizados no processo do cuidado nutricional, subsidiando o diagnóstico nutricional, além de auxiliar no monitoramento do cuidado nutricional; - A mensuração laboratorial da quantidade de nutrientes corporais ou da função pode ser avaliada precocemente, antes que alterações clínicas ou antropométricas se manifestem; - Resultados de exames devem ser analisados levando-se em consideração: · Condição clínica atual do indivíduo; · Medicamentos utilizados; · Escolhas de estilo de vida; · Idade; · Estado de hidratação; · Estado de jejum no momento da coleta do material para o exame; · Valores de referência utilizados pelo laboratório (tipo de kit ou ensaio utilizado). GUIA DE SOLICITAÇÃO - Deve conter informações como: · Nome do paciente; · Idade do paciente; · Data da solicitação; · Exames solicitados; · Justificativa da solicitação; · Carimbo e assinatura do profissional solicitante (com número de inscrição no CRN e respectiva jurisdição). AMOSTRAS BIOLÓGICAS SANGUE: · Células vermelhas; · Células brancas; · Glicose; · Proteínas; · Lipídeos; · Hormônios. URINA: · Água; · Metabólitos; · Carboidratos; · Proteínas. FEZES: · Parasitos; · Gorduras; · Bactérias. - Algumas amostras como saliva, unhas, cabelo e suor são utilizadas também, porém a frequência é bem menor. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ACORDO COM AS PROTEÍNAS - As proteínas são essenciais para as funções reguladoras, estruturais e mediadoras da resposta imune; - Não existe estoque de proteínas dispensáveis no corpo humano, logo a perda de proteínas causa perda de elementos estruturais essenciais e perda de funções; · Músculo esquelético: 30-50% PTN totais; · Vísceras: 18% PTN totais. MASSA MUSCULAR VISCERAL - Avaliação das proteínas de transporte sintetizadas pelo fígado; - Presentes naturalmente no sangue; - A diminuição sérica pode ser indicadora de um caso de desnutrição energético-proteica (DEP); - Concentrações flutuam em resposta a lesões teciduais: · Trauma; · IAM (infarto agudo do miocárdio); · Infecções agudas; · Neoplasias malignas; · Queimaduras; · Inflamações crônicas. ALBUMINA (ALB): - Sintetizada pelo fígado (150-250mg/kg/d); - Representa 50% das PTNs séricas totais; - Meia-vida de mais ou menos 20 dias; - Responsável por 80% da manutenção da pressão coloidosmótica/oncótica; - Responsável pelo transporte de nutrientes (Zn, Mg, Ca, ácidos graxos de cadeia longa, hormônios tireoidianos, cortisol, etc); - Baixa excreção urinária (alta reabsorção tubular nos rins); - Perdas intestinais: 10%; - Dosagem de baixo custo (o exame não é caro); - Sofre alterações quando a ingestão é insuficiente (a depender do tempo, a síntese hepática é afetada negativamente, pois os aminoácidos para a produção de PTNs ficam escassos) – 50% na redução de síntese de albumina em até 24h de ingestão inadequada – demora mais ou menos 20 dias para a percepção clínica, quando o paciente está ingerindo PTN inadequadamente (devido a meia-vida). - Pontos negativos do marcador albumina: · Meia-vida longa; · Fatores não-nutricionais (PTN de fase aguda -); · Influência do consumo proteico. - Pontos positivos do marcador albumina: · Baixo custo; · Diagnóstico de fase aguda da desnutrição. - Índice prognóstico: níveis diminuídos de albumina estão relacionados com o aumento da morbimortalidade (inclusive UTI), este paciente tende a ter maiores complicações cirúrgicas e maior tempo de cicatrização, internação, etc. - Valores aumentados em situação de desidratação (menos plasma, maior concentração); - Valores diminuídos: · Estresse metabólico; · Edema; · Má absorção intestinal; · Doenças hepáticas; · Hiper-hidratação; · Câncer; · Idosos (acima de 70 anos: <20%). - Hipoalbuminemia + PCR elevada = inflamação como causadora dos baixos níveis de albumina; - VALORES DE REFERÊNCIA: TRANSFERRINA (TRF): - Transporta ferro para todos os tecidos; - Betaglobulina de síntese hepática; - Mais sensível às alterações na ingestão alimentar que a albumina, devido a sua meia-vida de 8 dias; - Nos casos em que reflete estado nutricional (s/ comorbidades), é útil para prognóstico e monitoramento (avaliação de conduta); - Valores aumentados: · Gravidez; · Fase precoce das hepatites agudas; · Sangramento crônico; · Desidratação. - Valores diminuídos: · Situações de estresse metabólico; · Hepatopatias crônicas; · Neoplasias; · Hiper-hidratação. - VALORES DE REFERÊNCIA: PRÉ-ALBUMINA: - Proteína de síntese hepática e catabolismo renal; - Possui a função de transportar tiroxina e formar complexo com a proteína ligadora de retinol; - Responde agudamente quando a ingestão calórica-proteica está baixa, devido a sua meia-vida curta (48h-72h); - Pouco utilizado na prática clínica devido ao seu alto custo; - Valores aumentados: · Desidratação; · Insuficiência renal. - Valores diminuídos: · Situações de estresse metabólico; · Doenças hepáticas; · Hiper-hidratação. - VALORES DE REFERÊNCIA: PROTEÍNA LIGADORA DE RETINOL (PLR): - Transporta vitamina A na forma de retinol no plasma; - Meia-vida de 10-12h, muito sensível para identificar DEP; - Alto custo; - Valores aumentados: · Desidratação; · Insuficiência renal. - Valores diminuídos: · Estresse metabólico; · Doenças hepáticas; · Hiper-hidratação; · Carência de vitamina A e Zn. - VALORES DE REFERÊNCIA: MASSA MUSCULAR ESQUELÉTICO-SOMÁTICA - Durante a desnutrição e patologias hipercatabólicas (aumentam a necessidade energética do organismo), a degradação intensa do músculo esquelético pode ser aferida por meio da dosagem de produtos finais do catabolismo proteico. CRETININA x CREATINA: - Metabólito derivado da hidrólise não enzimática irreversível da fosfocreatina muscular; - Representa um bom indicador de reserva proteica muscular, visto que a creatina se encontra quase totalmente dentro do músculo esquelético (99%); - Toda creatinina produzida é excretada pela urina; - Útil para medidas de controle da evolução de um mesmo paciente; - Não é indicado o uso isolado. ÍNDICE CREATININA-ALTURA (ICA): - O ICA é a medida indireta a massa muscular e do nitrogênio corporal; - Divisão da excreção da creatinina urinária por um valor padrão para a altura do paciente: - VALORES DE REFERÊNCIA EM PERCENTUAL: - Limitações para o uso do ICA como marcador nutricional: · Sexo: as mulheres possuem menos massa muscular que homens, logo a excreção de creatinina é menor; · Idade: envelhecimento ocasiona perda de massa muscular, logo a excreção de creatinina é menor; · Dieta onívora: as PTNs da dieta influenciam na excreção de creatinina, então um indivíduo que consome carnenaturalmente consome um teor proteico maior que um vegetariano, desta forma o consumo de carne deve ser suspenso de 24-48h antes da coleta; · Exercício físico e situações de estresse metabólico: aumento do catabolismo proteico e consequente elevação na excreção de creatinina; · Imobilização: atrofia muscular, diminuindo excreção de creatinina; · Insuficiência renal: a excreção urinária de creatinina diminui com a queda da função renal, pela redução da taxa de filtração glomerular; · Coleta inadequada da urina de 24h: recomendado efetuar 3 dias consecutivos de coleta da urina de 24h e fazer a média da excreção da creatinina urinária; · Fármacos: cefalosporina, levodopa e ácido ascórbico aumentam a excreção de creatinina. · BALANÇO NITROGENADO (BN): - O BN consiste na diferença entre a quantidade de nitrogênio ingerido pela dieta e o nitrogênio excretado por suor, fezes e urina. - Utilizado como parâmetro para avaliar a ingestão e degradação proteica, verificando a eficácia da terapia nutricional, não sendo considerado, portanto, um indicador do estado nutricional; - É importante no monitoramento da ingestão de indivíduos que recebem NPT (nutrição parenteral total) ou alimentação por sonsa enteral. - VALORES DE REFERÊNCIA: - Limitações: · Estado de hidratação; · Doenças renais; · Perdas anormais de nitrogênio em decorrência de diarreia; · Queimaduras extensas; · Fístulas gastrintestinais; · Imprecisão da coleta das amostras, como perda de urina, erro nos tempos de coleta e coleta de fezes incompleta; · Dificuldade em estimar a ingestão de proteínas, principalmente daqueles indivíduos que consomem dieta via oral. HEMOGRAMA - A anemia é uma condição caracterizada pela redução no número de eritrócitos por unidade de volume de sangue ou há uma redução na hemoglobina do sangue para níveis menores do que a necessária para a manutenção da integridade fisiológica; - É observada em muitos pacientes hospitalizados e frequentemente é um sintoma de um processo patológico, logo, sua etiologia deve ser sempre investigada; - Nem toda anemia está relacionada à nutrição; - A dosagem da hemoglobina pode definir a condição de anemia, contudo, utilizada isoladamente é inadequada para o diagnóstico do tipo de anemia. ERITROGRAMA HEMÁCIAS: - É a medida da quantidade total de hemácias no sangue: · Homens: 4.500-6.500 células/mm3; · Mulheres: 4.000-5.6000 células/mm3 HEMOGLOBINA (HGB): - É a medida da quantidade total de hemoglobina no sangue periférico: · Homens: 13-18g/dL; · Mulheres: 12-16g/dL HEMATÓCRITO (HCT): - É a porcentagem de células vermelhas no volume do sangue total (geralmente sua porcentagem é 3x maior que a [Hb]). É afetado pela dosagem das células brancas extremamente elevadas e pelo estado de hidratação. Ainda, indivíduos que vivem em elevadas altitudes frequentemente apresentam valores de Hct elevados: · Homens: 44-54%; · Mulheres: 38-47% ANÁLISE DO HEMOGRAMA: - Anemia em diferentes fases da vida com base no valor da HGB: ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS: - Avaliam as características da hemácia. · Volume Corpuscular Médio (VCM): refere-se ao tamanho médio das hemácias – anemia microcítica x anemia macrocítica: · Homens: 82-101 3 · Mulheres: 81-101 3 · Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM): refere-se a concentração de hemoglobina nas hemácias – anemia hipocrômica x anemia hipercrômica: · CHCM: 32-35% · Distribuição do tamanho das hemácias (RDW): avalia a dispersão das hemácias em relação ao tamanho: · RDW: 12-14% ANEMIA FERROPRIVA: - Causada pela deficiência de ferro; - O indivíduo pode ter deficiência de ferro, mas não ter anemia; 1. Depleção de Fe; 2. Eritropoiese deficiente devido à falta de substrato; 3. Anemia ferropriva. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA: - Deficiência de cobalamina (vit. B12) e/ou ácido fólico; - Caracterizada por padrão formológico atípico de células hematopoiéticas: eritrócitos grandes (macrocíticos) e imaturos (megaloblásticas); - Defeito na síntese de DNA que afeta, primeiramente, células de proliferação rápida, como as hematopoiéticas lentificação da divisão celular (núcleo imaturo e citoplasma preservado) destruição dos eritrócitos na medula óssea anemia; - Causas da anemia megaloblástica por deficiência de cobalamina: · Consumo insuficiente; · Má absorção causada por anormalidades gástricas (anemia perniciosa) ou pancreáticas ou do íleo terminal; · Uso de fármacos; · Infecção por Helicobacter pylori. - Causas da anemia megaloblástica por deficiência de ácido fólico: · Consumo insuficiente; · Má absorção jejunal; · Aumento das necessidades; · Uso de fármacos; · Deficiência aguda de folato; · Alcoolismo. COMO DIFERENCIAR AS ANEMIAS? VCM: - Diminuído: anemia ferropriva; - Aumentado: megaloblásticas, tabagismo, alcoolismo. RDW: >14%: anisocitose (grande dispersão no tamanho das hemácias) – para saber se a dispersão é de tamanho maior ou menor, deve-se observar o VCM; - Indicador de anemia ferropriva ou megaloblástica.Para um diagnóstico coerente, deve-se investigar os indicadores em conjunto. LEUCOGRAMA - A baixa de leucócitos pode ser devido a dengue e outras infecções.
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