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bioquimica_clinica_e_controle_de_qualidade_no_laboratorio_clinico

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Prévia do material em texto

BIOQUÍMICA CLÍNICA E 
CONTROLE DE QUALIDADE 
NO LABORATÓRIO CLÍNICO
Elaboração
Rebeca Confolonieri
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................................................................................... 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................................................. 7
UNIDADE I
BIOQUÍMICA CLÍNICA ......................................................................................................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA ........................................................................................................................................................ 9
CAPÍTULO 2
TESTES BIOQUÍMICOS........................................................................................................................................................................................ 11
UNIDADE II
CONTROLE DE QUALIDADE EM LABORATÓRIO CLÍNICO ................................................................................................................................. 64
CAPÍTULO 1
SISTEMA DE QUALIDADE ................................................................................................................................................................................ 65
CAPÍTULO 2
GESTÃO DE QUALIDADE .................................................................................................................................................................................. 92
UNIDADE III
ACREDITAÇÃO LABORATORIAL ................................................................................................................................................................................. 104
CAPÍTULO 1
DEPARTAMENTO DE INSPEÇÃO E DE CREDENCIAMENTO DA QUALIDADE (DICQ) ............................................................ 108
CAPÍTULO 2
PROGRAMA DE ACREDITAÇÃO DE LABORATÓRIOS CLÍNICOS (PALC) ..................................................................................... 113
PARA (NÃO) FINALIZAR .................................................................................................................................................................... 116
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................................................................ 117
4
APRESENTAÇÃO
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como 
pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia 
da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos 
conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos 
da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional 
que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-
tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO 
DE ESTUDOS E PESQUISA
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de 
textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam 
tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta 
para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto 
antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para 
o autor conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma 
pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em 
seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas 
experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para 
a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do 
estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam 
para a síntese/conclusão do assunto abordado.
6
ORGANIzAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/
conclusões sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando 
o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a 
aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo 
estudado.
7
INTRODUÇÃO
As investigações bioquímicas, hoje, estão presentes em todos os ramos da medicina 
clínica. Os resultados bioquímicos e químicos podem ser usados na monitorização, 
no prognóstico, no diagnóstico, no tratamento e mesmo na investigação de doenças.
O controle de qualidade corresponde ao conjunto de atividades planejadas e sistemáticas 
de uma empresa, que servirão para garantir que o seu produto ou serviço atenda aos 
requisitos da qualidade. A garantia da qualidade engloba as atividades relacionadas 
com os processos: pré-analíticos, analíticos e pós-analíticos.
Este Caderno foi elaborado com o objetivo de proporcionar conhecimentos básicos 
e aplicados na área laboratorial, como também sua interação com outras áreas das 
Ciências da Saúde.
Sabe-se que é de extrema importância a realização de exames laboratoriais e que a cada 
ano vem crescendo a procura por determinar o caminho mais eficiente do estado clínico 
do paciente e por garantir sua colaboração com o diagnóstico de várias patologias. 
Também, notamos a importância na medicina preventiva por meio dos marcadores 
obtidos (resultados). A determinação de parâmetros bioquímicos se faz importante 
para a avaliação da qualidade de vida da população.
O laboratório deve garantir a qualidade de seus produtos, visto que deve tê-la como uma 
missão para produzir resultados corretos. É importante que os laboratórios ofereçam 
serviços que superem as perspectivas de seus clientes, pois são eles que fazem uso do 
serviço.
Será abordado o significado clínico dos testes bioquímicos mais comumente realizados 
nos laboratórios de análises clínicas; o sistema e a gestão de qualidade empregados.
Esta apostila lhes fornecerá uma visão das atualidades empregadas tanto nos Exames 
Bioquímicos quanto no Controle de Qualidade aplicados principalmente no Laboratório 
Clínico.
Bons Estudos!
Objetivos
 » Proporcionar conhecimentos com base na discussão de casos clínicos 
sobre a aplicação e a interpretação dos parâmetros e ensaios bioquímicos 
utilizados na medicina clínica, contemplando as últimas atualizações na 
área, desenvolvendo um raciocínio lógico e crítico para a obtençãode um 
diagnóstico clínico laboratorial seguro.
 » Reconhecer e minimizar os erros analíticos no laboratório, permitindo 
avaliar a atuação do laboratório, objetivando a obtenção de resultados 
confiáveis e seguros.
9
UNIDADE IBIOQUÍMICA CLÍNICA
CAPÍTULO 1
Introdução à bioquímica clínica
Química Clínica, também conhecida como Bioquímica Clínica ou Química 
Fisiológica e Patológica, é a ciência de interface entre a química e a patologia. Suas 
investigações e conclusões podem ser utilizadas na medicina hospitalar e clínica 
como suporte para os médicos confirmarem ou descartarem determinados 
diagnósticos.
História
A Bioquímica clínica originou-se no final do século XIX, por meio do uso de técnicas 
químicas para análise de sangue e urina. Com o passar dos tempos, evoluiu até incorporar 
técnicas modernas como PCR, imunoensaios e eletroforese, além de análises de aspirados 
do suco gástrico e líquido cefalorraquidiano (LCR).
A bioquímica clínica, também conhecida como química clinica ou química fisiológica 
ou patológica, consiste em uma ciência que medeia a química e a patologia, responsável 
por investigar materiais orgânicos, como sangue e urina, em que seus resultados 
refletem alterações metabólicas responsáveis pelo desenvolvimento de doenças.
Estabelecer valores de referência bioquímicos em amostras orgânicas é de suma 
importância, pois eles servirão como parâmetros para avaliar as alteraçőes funcionais 
do indivíduo, e com isso contribuir com o clínico, diminuindo suas incertezas e 
propiciando a conduta mais adequada de tratamento e predição de prognóstico.
As investigações bioquímicas, hoje, estão presentes em todos os ramos da medicina 
clínica. Os resultados bioquímicos e químicos podem ser usados na monitorização, 
no prognóstico, no diagnóstico, no tratamento e mesmo na investigação de doenças.
Na maioria das mensurações laboratoriais, os resultados variam de um laboratório para 
outro. O usuário deve, portanto, conhecer quais os parâmetros adotados por cada um, 
10
UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
assim como deve estar atento às variações por idade, sexo, altura, estado fisiológico 
(ex.: gravidez, lactação) que se aplicam ao paciente em particular.
Exames
Na Bioquímica Clínica é fundamental o entendimento e a análise dos resultados e 
procedimentos das dosagens obtidas.
No setor de bioquímica, os exames realizados dizem respeito à investigação do 
funcionamento dos processos metabólicos do organismo. São exemplos: glicose, 
colesterol, triglicerídeos, exames de função hepática, função renal, função cardíaca, 
eletrólitos etc.
A sequência de ações dentro de um laboratório, no qual são realizados exames 
laboratoriais, inicia- se com a coleta do material a ser analisado e termina com a 
emissão de um laudo diagnóstico.
Na fase pré-analítica, o paciente é orientado e o material a ser analisado é coletado, 
manipulado e conservado para posterior análise. É nesta fase que ocorre a maioria 
dos erros.
A fase analítica, com os avanços tecnológicos, é realizada mediante o uso de aparelhos 
automatizados. Isso garante maior percentual de acertos, respostas mais rápidas, tempo 
do profissional otimizado e análises em maior escala, possibilitando uma intervenção 
mais ágil, aumentando, assim, a possibilidade de salvar mais vidas humanas.
Nos laudos, os principais erros são unidades erradas, erros de digitação, não informação 
de interferentes no exame etc.
Nesse contexto, existem diversos fatores que podem interagir com o resultado do 
exame, resultando em um falso-negativo ou falso-positivo: medicamentos utilizados 
pelo paciente, sua resposta metabólica, jejum, transporte do material, centrifugação, 
metrologia, reagentes, calibração e manutenção dos equipamentos, entre outros.
11
CAPÍTULO 2
Testes bioquímicos
Os laboratórios de Bioquímica Clínica permitem efetuar testes urgentes, que são 
processados rapidamente, pois o seu resultado é crítico para o atendimento de pacientes 
em estado grave e que necessitem com urgência de diagnóstico e tratamento.
Glicose
A glicose é a molécula-chave no metabolismo de combustível. Nós introduzimos o 
assunto sobre o metabolismo de combustível descrevendo a digestão e a absorção dos 
nutrientes no intestino, seguido da discussão das nossas necessidades nutricionais 
tanto para os nutrientes principais (proteínas, carboidratos, gorduras) quanto para os 
micronutrientes (vitaminas e oligoelementos minerais). Também discutimos o papel 
da dieta na saúde e na doença.
O metabolismo dos compostos combustíveis é iniciado pela glicólise, uma via metabólica 
anaeróbica universal e antiga, para metabolizar a glicose e produzir energia. A glicólise 
ocorre por meio de passos idênticos tanto em nossas células cerebrais quanto na bactéria 
anaeróbica dos nossos intestinos; transforma glicose em piruvato, deixando a fase 
do metabolismo oxidativo para a mitocôndria. Esta via fornece a oportunidade de 
introduzir os mecanismos de regulação das vias metabólicas por moléculas pequenas 
efetoras alostéricas, pela modificação química reversível de enzimas-chave e pelo 
controle da expressão gênica.
A glicose não é apenas o nosso principal carboidrato combustível, mas também uma 
forma de carboidrato circulante no sangue, rigorosamente regulado. A manutenção 
de uma concentração normal da glicose no sangue, apenas um quinto de uma colher 
de chá de açúcar em um litro de sangue (100 mg/dL; 1 g/L; 5 mmol/L), é essencial 
para a nossa sobrevivência. Quando a glicose sanguínea diminui para menos de 45 
mg/dL (2,5 mmol/L), pode-se entrar em coma hipoglicêmico; quando permanece 
constantemente maior que 125 mg/dL (7 mmol/L), pode tornar-se diabético e em 
risco de doença renal, vascular e ocular.
12
UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
Métodos de determinação da Glicemia
A técnica de determinação da glicemia deve ser levada em consideração, visto que os 
diferentes métodos disponíveis variam quanto à sua especificidade e sensibilidade para 
a glicose. A própria amostra de sangue é importante; de acordo com vários registros, 
para cada hora de permanência da amostra em temperatura ambiente, os valores da 
glicemia no sangue total diminuem cerca de 10 mg/100 mL, a não ser que se adicione 
um preservativo. O hematócrito, quando elevado, acentua a redução da glicose, devido 
à atividade metabólica dos eritrócitos. O fluoreto continua sendo o preservativo mais 
recomendado. O plasma e o soro são mais estáveis do que o sangue total. Quando 
o soro pode ser separado das células antes de 2 horas, os valores da glicose sérica 
permanecem estáveis por um período de até 24 horas em temperatura ambiente. A 
refrigeração ajuda esta preservação. Os valores séricos ou plasmáticos são geralmente 
10-15% superiores aos obtidos com sangue total.
A maioria dos equipamentos automáticos atuais utiliza soro. Existem alguns analisadores 
portáteis ou de pequeno tamanho para consultório, na forma de instrumentos destinados 
a um único teste (por exemplo, analisador de glicose Yellow Springs), com cartuchos 
reagentes (por exemplo, Abbott Vision ou HemoCue-B G) ou na forma de fitas reagentes 
(Kodak Ektachem ou Bohringer Reflotron).
Habitualmente, utiliza-se sangue venoso para determinação da glicose. Os valores com 
sangue capilar (arterial) são aproximadamente iguais aos do sangue venoso quando o 
paciente está em jejum. Entretanto, os valores de sangue capilar quando o indivíduo 
não está em jejum são aproximadamente 30 mg/100 mL (1,6 mmol/L) mais altos do 
que os obtidos com sangue venoso, podendo esta diferença ser algumas vezes de até 
100 mg/100 mL (5,55 mmol/L).
Métodos bioquímicos
Dispõe-se de um número considerável de métodos para a determinação da glicemia. Esses 
métodos podem ser convenientemente classificados em: métodos não específicos com 
substâncias redutoras, que fornecem valores significativamente acima dos verdadeiros 
valores da glicose (método manual de Folin-Wu e método automático SMA 12/60 
com neocuproína); métodos que não são totalmente específicospara glicose, mas que 
proporcionam resultados bem próximos aos da glicose verdadeira (Somogyi-Nelson, 
ortotoluidina ferricianeto) e métodos específicos para glicose verdadeira, que utilizam 
enzimas (glicose-oxidase e hexoquinase).
13
BIOQUÍMICA CLÍNICA | UNIDADE I
Existem certas diferenças técnicas e interferências por certos medicamentos ou 
substâncias metabólicas que são responsáveis pela falta de uniformidade da metodologia 
laboratorial e que, em alguns casos, podem afetar a interpretação dos resultados. Os 
valores de referência mencionados são para o soro e para a glicose verdadeira, a não 
ser que haja especificação em contrário.
Interpretação
Diagnóstico de acompanhamento de diabetes mellitus ou condições hiperglicêmicas; 
diagnóstico de condições que levam a processos de hipoglicemia. A glicose é a 
fonte energética primária do organismo. O tecido nervoso depende exclusivamente 
desta molécula como fonte energética (não é capaz de estocar carboidratos, nem de 
transformá-los a partir de outras fontes), portanto, a concentração de glicose é crítica 
na manutenção da capacidade vital. A maioria dos carboidratos ingeridos ocorre na 
forma de glicogênio ou amido. As amilases são encarregadas de digerir esta forma 
polimérica, que é posteriormente metabolizada por outras enzimas específicas, para 
a produção de açúcares na forma de monossacarídeos. Os açúcares são absorvidos no 
intestino e transportados para o fígado, para posterior conversão em glicose.
A glicose, ao entrar na célula, é decomposta em dióxido de carbono e água, com liberação 
de energia, através de três diferentes vias enzimáticas (dependendo do tipo celular e do 
seu status bioquímico). O organismo depende da manutenção dos níveis extracelulares 
de glicose em uma faixa relativamente estreita, o que é conseguido a partir da ação de 
um mecanismo multiorgânico e relativamente complexo, envolvendo a transformação 
de compostos em glicose, sua estocagem na forma de glicogênio e a decomposição 
de glicogênio em glicose funcional. A insulina e o glucagon são compostos-chave na 
manutenção desse equilíbrio, assim como outras substâncias endócrinas.
Valores aumentados: diabetes mellitus (primária ou secundária, insulinodependente ou não 
insulinodependente); diabetes gestacional; ausência de jejum; estados de stress; injeções 
de adrenalina; feocromocitoma; choque; anestesia; pancreatite aguda; infarto agudo 
do miocárdio (IAM); dano cerebral; acidentes vasculares cerebrais (AVC); trauma; 
doença de Cushing; acromegalia; glucagonoma, uso de medicamentos (corticosteroides, 
estrogênios, álcool, fenitoína, diuréticos tiazídicos, propanolol); e hipervitaminose A 
crônica.
Valores diminuídos: hipoglicemia reativa pós-prandial; pancreatites; insulinomas; 
hipoglicemia autoimune; neoplasias; hipopituitarismo; doença de Addison; 
hipotireoidismo; prematuridade; recém-nato de mãe diabética; doenças enzimáticas 
14
UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
hereditárias; desnutrição; alcoolismo; e uso de medicamentos (insulina, sulfonilureia 
etc).
Referência: Homens e não grávidas: inferior a 100 mg/dL;
Pré-diabetes ou risco aumentado: 100 a 125 mg/dL;
Grávidas: 92 mg/dL;
2 horas após ingestão de 75g de glicose: inferior a 200 mg/dL.
Fontes Potenciais de Variabilidade:
 » Presença de fibrina;
 » Pipetagem de bolhas;
 » Presença de hemólise;
 » Presença de lipemia;
 » Armazenamento incorreto das amostras (demorar mais de duas horas para 
centrifugação);
 » Manutenção incorreta dos aparelhos.
Hemoglobina glicosilada
A hemoglobina glicosilada (HbA1c) reflete a média do controle glicêmico. Uma 
das desvantagens da dosagem da glicose plasmática está no fato de que ela se altera 
rapidamente. Portanto, um importante avanço no monitoramento de pacientes 
diabéticos foi a avaliação da hemoglobina modificada pela glicose (hemoglobina 
glicosilada ou HbA1c). A hemoglobina nativa (HbA) pode ser convertida para a forma 
glicosilada (HbA1c); tal conversão aumenta durante a hiperglicemia e é proporcional 
à concentração de glicose plasmática média.
Como a formação de HbA1c em pH fisiológico é praticamente irreversível, a glicosilação 
deixa um “registro” de glicemia ao longo do resto da vida dos eritrócitos: a concentração 
de HbA1c no sangue reflete a média de tempo do nível da glicose plasmática acima de 
3-6 semanas precedentes à dosagem. A concentração normal de HbA1c é de 4%-6% 
do total de HbA. Os níveis abaixo de 7% indicam controle aceitável do diabetes. Níveis 
mais elevados sugerem controle deficiente.
15
BIOQUÍMICA CLÍNICA | UNIDADE I
Interpretação
Monitoramento de controle glicêmico diabético. A HbA1c é resultado da reação entre a 
glicose do sangue e a proteína hemoglobina contida na hemácia ou no glóbulo vermelho. 
A glicose liga-se de forma irreversível e não enzimática a uma série de proteínas e 
à hemoglobina (por rearranjo de Amadori), que se torna glicosilada. A dosagem da 
fração HbA1c permite a avaliação de longo prazo do controle glicêmico. O prazo 
avaliado é de cerca de 90 dias; níveis inferiores a 6,5% são associados a um bom controle 
glicêmico. É por esta razão que, ao analisarmos o quanto a hemoglobina incorporou 
glicose durante o seu tempo de vida, podemos ter uma excelente ideia da média das 
taxas de glicose no período.
A determinação de HbA1c por cromatografia líquida de alta pressão diminuiu em 
muito a possibilidade das interferências nos resultados.
Condições que aumentam a formação de novas células vermelhas também podem causar 
falsa redução nos níveis de HbA1c. Entre elas, podemos citar o uso de eritropoetina 
(estimulador das células vermelhas comumente usado em pacientes com doença renal 
crônica) e a perda de sangue.
Referência: Não diabéticos: Inferior a 5,7%;
Pré diabéticos: 5,7 a 6,4%;
Diabéticos controlados: ao redor de 7%;
Idosos, dependendo do estado de saúde: 7,5 a 8,5%.
Observação: Valores segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes.
O teste de glicemia detecta a hipo e a hiperglicemia, ou seja, quando há pouco ou 
muito açúcar em circulação. O segundo quadro denuncia o diabetes mesmo quando 
não há sintomas da doença. Já a hemoglobina glicada também dosa a glicose, mas 
por meio da análise de uma porção do sangue que se liga a ela: a tal hemoglobina.
16
UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
Ureia
Regulação do ciclo da ureia
A regulação primária do ciclo da ureia parece ocorrer por meio do controle da 
concentração de N-acetilglutamato. Concentrações elevadas de arginina estimulam 
a formação de N-acetilglutamato. As concentrações das enzimas do ciclo da ureia 
também aumentam ou diminuem em resposta à dieta rica ou pobre em proteínas, 
respectivamente. Defeitos em qualquer uma das enzimas do ciclo da ureia têm sérias 
consequências. Bebês nascidos com defeitos em qualquer uma das primeiras quatro 
enzimas nessa via podem parecer normais ao nascimento, mas rapidamente se tornam 
letárgicos, perdendo a temperatura corporal e apresentando dificuldades para respirar.
As concentrações sanguíneas de amônia aumentam rapidamente, seguidas por edema 
cerebral. Os sintomas são mais graves quando as etapas iniciais no ciclo são afetadas. 
No entanto, um defeito em qualquer urna das enzimas nessa via constitui um problema 
sério, podendo causar hiperamonemia e levar rapidamente a edema do Sistema Nervoso 
Central (SNC), coma e morte.
Uma deficiência de arginase, a última enzima no ciclo, produz sintomas menos graves, 
mas é caracterizada por concentrações aumentadas de arginina no sangue e por pelo 
menos um aumento moderado na amonemia.
As cinco enzimas que catalisam o ciclo da ureia no fígado são: carbamoil fosfato sintetase 
(CPS1); ornitina transcarbanoilase; argininosuccinato sintetase; argininosuccinase; 
arginase.
Ciclo da ureia
Nos mamíferos terrestres, o ciclo da ureia é o mecanismo de escolha para excreção de 
nitrogênio. Os dois nitrogênios de cada molécula de ureia são derivados de amônia 
livre e do amino-grupo do aspartato, respectivamente.
O ciclocomeça e termina com ornitina, em que os carbonos original e final são os 
mesmos. Amônia (primeiro nitrogênio da ureia) entra no ciclo após condensação 
com bicarbonato para formar carbamoil fosfato, que reage com ornitina para formar 
citrulina. Aspartato (doador do segundo nitrogênio da ureia) e citrulina reagem para 
formar argininossuccinato, que é então clivado a arginina e fumarato. A arginina é 
hidrolisada à ureia e a ornitina é regenerada. A ureia é então transportada para o rim e 
17
BIOQUÍMICA CLÍNICA | UNIDADE I
excretada na urina. O ciclo requer quatro adenosina trifosfato (ATP) para cada molécula 
de ureia produzida e excretada.
É, portanto, mais eficiente, energeticamente, incorporar amônia em aminoácidos do 
que excretá-la. A principal etapa regulatória é a síntese de carbamoil fosfato. O ciclo 
é também regulado por indução enzimática.
Doenças metabólicas da síntese da ureia
As doenças metabólicas que advêm do funcionamento anormal de enzimas da síntese 
de ureia são potencialmente fatais e causam coma quando as concentrações de amônia 
ficam elevadas. A perda de consciência pode ser urna consequência da depleção de 
ATP. A principal fonte de ATP é fosforilação oxidativa, que está ligada à transferência 
de elétrons provenientes do ciclo dos ácidos tricarboxílicos (TCA), pela cadeia de 
transporte de elétrons. Uma alta concentração de amônia sequestra α-cetoglutarato 
como glutamato, esgotando, assim, o ciclo TCA de importantes intermediários e 
reduzindo a produção de ATP.
A terapia para essas deficiências baseia-se em quatro princípios:
 » limitar a ingestão de proteínas e o potencial acúmulo de amônia;
 » remover o excesso de amônia;
 » repor qualquer intermediário que falte no ciclo da ureia;
 » realizar um transplante hepático.
O primeiro é realizado limitando-se a ingestão de aminoácidos, substituindo-os, se 
necessário, pelos α-cetoácidos equivalentes. O segundo é atingido por compostos que 
se ligam covalentemente a aminoácidos e produzem moléculas que contêm nitrogênio 
e que são excretadas na urina.
Depuração da ureia
A ureia é um produto de degradação contendo nitrogênio, proveniente do metabolismo 
das proteínas, formada no fígado a partir da amônia (derivada predominantemente do 
metabolismo das proteínas pelas bactérias intestinais) e de vários aminoácidos, dentre 
os quais o mais importante é alanina.
18
UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
A ureia é filtrada no glomérulo, porém cerca de 40% dela é reabsorvida nos túbulos por 
difusão retrógrada passiva. Contudo, em condições normais, os valores de depuração 
da ureia mostram-se paralelos à taxa de filtração glomerular (TFG) verdadeira, 
correspondendo a cerca de 60% desta última. No entanto, esta situação pode ser 
adversamente influenciada por dois fatores. Em primeiro lugar, a prova depende da 
velocidade do fluxo urinário. Na presença de fluxo urinário baixo (<2 mL/ min), os 
valores são muito imprecisos, mesmo quando são utilizadas certas fórmulas de correção. 
Em segundo lugar, os níveis sanguíneos de ureia modificam-se em certo grau durante 
o dia e variam de acordo com a dieta e outras condições.
Interpretação
Avaliação da função renal. A ureia é uma das principais substâncias nitrogenadas 
do organismo, sendo sintetizada no fígado a partir de CO2 e amônia, provenientes 
da deaminação de aminoácidos. O composto é o principal produto de excreção do 
metabolismo proteico. Após sua síntese, a ureia é liberada na corrente sanguínea, 
seguindo até os rins, onde é filtrada ao plasma pelos glomérulos. A maioria da ureia 
filtrada é excretada na urina, porém até 40% dela pode ser reabsorvida por difusão 
passiva durante a passagem pelos túbulos renais. A quantidade reabsorvida depende 
do fluxo urinário e do estado de hidratação do indivíduo. Pequenas quantidades de 
ureia são excretadas pelo trato gastrointestinal e pela pele.
Os níveis plasmáticos de ureia são mantidos por um equilíbrio entre perfusão e função 
renal, conteúdo proteico da dieta e catabolismo proteico. Embora a ureia seja menos 
específica para função renal do que a creatinina, é mais sensível a alterações iniciais 
da função renal, sendo importante marcador nestas condições.
Valores aumentados: insuficiência renal aguda ou crônica; insuficiência cardíaca 
congestiva; desidratação severa; choque; catabolismo proteico aumentado (hemorragia 
no trato gastrointestinal, IAM, stress, neoplasmas, ingestão excessiva de proteínas); 
perda muscular; e uso de medicamentos (tetraciclinas com uso de diuréticos).
Valores diminuídos: gravidez (segundo trimestre); diminuição do consumo de proteínas; 
insuficiência hepática severa; acromegalia; desnutrição; e certos medicamentos 
(hormônios anabolizantes, cloranfenicol, estreptomicina).
Referência: Soro: 10 - 53,5 mg/dL.
Urina: 7 - 16g/24 horas.
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BIOQUÍMICA CLÍNICA | UNIDADE I
Creatinina
Creatina – conceito
O armazenamento de fosfato de “alta energia”, particularmente em músculos cardíacos 
e esqueléticos, ocorre por transferência do grupo fosfato do ATP para creatina. A 
quantidade de creatina no corpo está relacionada à massa muscular e certa porcentagem 
dela sofre turnover a cada dia. Cerca de 1-2% da creatina fosfato preexistente é ciclizada 
à creatinina que, por sua vez, é excretada na urina.
A quantidade de creatinina excretada por um indivíduo é, portanto, constante entre 
um dia e outro. Quando uma amostra de urina de 24 horas é requisitada, a quantidade de 
creatinina na amostra pode ser usada para determinar se a amostra realmente representa 
a produção urinária de um dia inteiro.
Depuração da creatinina
A creatinina é um produto metabólico da fosforilação da creatina-fosfato no músculo. 
A sua produção é relativamente constante de hora em hora e diariamente, e os níveis 
sanguíneos são muito estáveis. A excreção é feita por meio de uma combinação de 
filtração glomerular (70-80%) e secreção tubular. Na presença de baixas taxas de filtração 
(<30% do normal), os valores de depuração da creatinina tornam-se cada vez mais 
imprecisos, uma vez que a fração tubular secretada constitui maior proporção da 
creatinina urinária total.
A depuração da creatinina tem uma vantagem sobre a da ureia em virtude de a taxa 
de produção de creatinina ser mais constante do que a da ureia. Como o valor sérico 
faz parte da fórmula de depuração, a ocorrência de menor flutuação no nível sérico 
permite colheitas de urina a intervalos maiores, além de fornecer resultados mais 
reproduzíveis. Além disso, verifica-se uma menor alteração da excreção de creatinina 
do que de ureia.
Creatinina sérica
A creatinina sérica provém do metabolismo muscular. Os níveis séricos de creatinina 
dependem da massa muscular corporal: quanto maior a massa muscular mais elevado 
o nível de creatinina tanto no soro quanto na urina. Os valores de creatinina aumentam 
após as refeições, observando-se elevações maiores (20-50%) após a ingestão de carne. 
Existe uma variação diurna, com valores mais baixos em torno das 7 horas e picos 
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UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
em torno das 19 horas. Os valores, no final da tarde, são cerca de 20-40% superiores 
aos valores da manhã. Parte da variação observada pode estar relacionada com as 
refeições. Os valores de referência para mulheres correspondem a cerca de 90% dos 
valores para homens.
Em condições normais, a relação ureia/creatinina sérica é de aproximadamente 10:1. Em 
condições padrões, a ocorrência de uma redução de 50% na TFG produz um aumento 
aproximado de duas vezes no nível de ureia ou de creatinina sérica, verificando-se 
a situação inversa quando a TFG está elevada. Entretanto, essas relações podem ser 
alteradas por muitos fatores, incluindo os que aumentam ou diminuem os níveis séricos 
de ureia ou de creatinina, sem afetar um ao outro.
As condições que reduzem a produção de creatinina podem parcialmente mascarar a 
elevação do nível sérico de creatinina devida à doença renal. O nível sérico de creatinina 
possui quase o mesmo significado daureia, porém tende a aumentar mais tarde. Desse 
modo, a observação de elevações significativas da creatinina sugere cronicidade.
Metodologia laboratorial
A creatinina é mais frequentemente determinada por um método químico (reação de 
Jaffé) que inclui cerca de 20% de substâncias diferentes da creatinina. A elevação das 
cetonas e de certos antibióticos do grupo das cefalosporinas (cefalotina, cefalexina) 
pode produzir elevações falsas da creatinina no soro ou na urina quando se utiliza 
reação de Jaffé. Certos medicamentos (cimetidina, trimetropim) interferem na secreção 
tubular da creatinina, aumentando o nível sérico desta e reduzindo sua depuração.
Interpretação
Avaliação da função renal. A creatinina é produzida nas células a partir do catabolismo 
da creatina. O processo se dá em grande parte nas células musculares. A creatinina é 
então liberada ao plasma para ser posteriormente filtrada nos glomérulos e excretada 
na urina. Pequenas quantidades de creatinina são secretadas no túbulo proximal e 
quantidades mínimas são reabsorvidas nos túbulos renais distais. O equilíbrio entre a 
produção de creatinina, a massa muscular do indivíduo e a função renal determina as 
concentrações plasmáticas da creatinina sérica.
Geralmente, a massa muscular e as produções de creatina e creatinina tendem a ser 
mais estáveis, fazendo desta determinação um bom indicador da função renal.
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BIOQUÍMICA CLÍNICA | UNIDADE I
Valores aumentados: diminuição da função renal (é necessária a perda da função renal 
em pelo menos 50% para que ocorra elevação dos níveis de creatinina); obstrução do 
trato urinário; diminuição do aporte sanguíneo renal; desidratação e choque; intoxicação 
com metanol; doenças musculares (rabdomiólise, gigantismo, acromegalia).
Valores diminuídos: massa muscular diminuída; debilitação; gravidez.
Interferentes: consumo de carne torrada em grandes quantidades; exercícios físicos 
intensos não habituais e uso de medicamentos nefrotóxicos ou que alterem a excreção 
da creatinina no nível glomerular.
Referência: Creatinina Sangue: Homens: 0,7 a 1,3 mg/dL;
Mulheres: 0,6 a 1,2 mg/dL.
Creatinina Urina 12 e 24 horas: Homens: 1,4 a 2,5 g/24 horas (14-26mg/kg/24horas);
Mulheres: 1,1 a 2,0 g/24 horas (11-20mg/kg/24horas).
Criança 0 a 1 semana = 0,6 a 1,3 mg/dL;
Criança 1 a 6 meses = 0,4 a 0,6 mg/dL;
Criança 1 a 18 anos = 0,4 a 0,9 mg/dL.
Amilase
Amilase é uma enzima da classe das hidrolases que catalisa o desdobramento do amido 
e do glicogênio ingeridos na dieta. O amido é a forma de armazenamento para a glicose 
nos vegetais, sendo constituído por uma mistura de amilose (amido não ramificado) e 
amilopectina (amido ramificado). A estrutura do glicogênio é similar ao da amilopectina, 
com maior número de ramificações. A α-amilase catalisa a hidrólise das ligações α-1,4 
da amilose, amilopectina e glicogênio, liberando maltose e isomaltose. Não hidrolisa 
as ligações α-1,6. A amilase sérica é secretada, fundamentalmente, pelas glândulas 
salivares (forma S) e pelas células acinares do pâncreas (forma P). É secretada no trato 
intestinal por meio do ducto pancreático.
As glândulas salivares secretam a amilase que, por sua vez, inicia a hidrólise do amido 
presente nos alimentos na boca e no esôfago. Essa ação é desativada pelo conteúdo 
ácido do estômago. No intestino, a ação da amilase pancreática é favorecida pelo meio 
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UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
alcalino presente no duodeno. A atividade amilásica é também encontrada no sêmen, 
testículos, ovários, tubos de Falópio, músculo estriado, pulmões e tecido adiposo.
A massa molecular da amilase é entre 40.000 e 50.000 Dalton, sendo facilmente filtrada 
pelo glomérulo renal.
Amilase sérica
O exame laboratorial mais comumente utilizado na pancreatite aguda consiste na 
determinação da a-amilase, que contém vários componentes (isoenzimas), alguns 
provenientes do pâncreas e outros derivados das glândulas salivares. A depuração do 
soro requer aproximadamente 2 horas. Uma parte significativa é depurada pelos rins, 
por meio de filtração glomerular, enquanto o restante é depurado por outras vias.
O nível de amilase sérica, na maioria dos pacientes, atinge um pico dentro de 24 horas 
e se normaliza em 48-72 horas. Se houver destruição contínua das células pancreáticas, 
o nível de amilase sérica permanece elevado por mais tempo em alguns pacientes, 
porém retorna à faixa de referência em outros.
Certas situações podem conter níveis de amilase sérica falsamente baixos ou normais. 
A administração de glicose provoca uma redução do nível sérico de amilase, 
devendo-se aguardar pelo menos 1 hora ou, de preferência, 2 horas após o paciente 
ter-se alimentado para determinar os níveis séricos da amilase. Na necrose pancreática 
hemorrágica maciça, pode não haver nenhuma elevação dos níveis séricos de amilase, 
visto que não há células funcionantes para produzi-la. Todavia, é rara a ocorrência 
deste grau de destruição pancreática. A lipemia sérica produz uma redução artificial 
dos valores da amilase sérica quando são utilizadas as metodologias mais atuais.
Algumas causas importantes da elevação dos níveis de amilase sérica são: pancreatite 
aguda primária ou pancreatite crônica recidivante (por exemplo, pancreatite associada 
a álcool); hiperamilasemia associada à doença do trato biliar (por exemplo, colecistite); 
hiperamilasemia associada à doença intra-abdominal aguda não biliar (por exemplo, 
peritonite); amilase não pancreática ou não alfa (por exemplo, doença aguda das 
glândulas salivares); e outras condições (por exemplo, insuficiência renal).
Amilase urinária
A determinação da amilase urinária se torna útil, sobretudo, quando os níveis séricos da 
enzima estão normais ou equivocadamente elevados. Em geral, a excreção urinária de 
amilase aumenta dentro de 24 horas após amilase sérica e, por via de regra, permanece 
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BIOQUÍMICA CLÍNICA | UNIDADE I
anormal durante um período de sete a 10 dias após a normalização da concentração 
sérica. É importante que os resultados sejam expressos em unidades por hora. Com 
frequência, os valores são expressos em unidades/100 mL, contudo, esses valores não 
são precisos, uma vez que são influenciados por volumes variáveis de urina.
A desvantagem da determinação da amilase sérica e urinária reside na sua relação com 
a função renal. Quando a função renal está diminuída o suficiente para produzir elevação 
do nitrogênio ureico do sangue, a excreção de amilase também diminui, com consequente 
elevação leve ou moderada dos níveis de amilase sérica e redução dos níveis urinários.
Interpretação
Amilase total
Diagnóstico de pancreatites, parotidites e macroamilasemia.
Valores aumentados: pancreatites agudas (início 3-6 horas, pico 20-30 horas, duração 
48-96 horas); obstrução pancreática; trauma pancreático; câncer pancreático; obstrução 
biliar; IAM; perfuração intestinal; peritonite; gravidez ectópica, cetoacidose diabética, 
alguns tumores pulmonares ou ovarianos; queimaduras; insuficiência renal, parotidites 
infecciosas e não infecciosas; obstrução de glândulas salivares; e calculose salivar.
Valores diminuídos: pancreatite crônica; cirrose; câncer pancreático em estágio avançado; 
e toxemia da gravidez.
Referência: até 115,0 U/L.
Amilase Pancreática
Diagnóstico de pancreatites.
Valores aumentados: pancreatites agudas; obstrução pancreática; trauma pancreático; 
câncer pancreático; obstrução biliar; IAM; perfuração intestinal; peritonite; gravidez 
ectópica; cetoacidose diabética; alguns tumores pulmonares ou ovarianos; queimaduras; 
e insuficiência renal.
Valores diminuídos: pancreatite crônica; cirrose; câncer pancreático em estágio 
avançado; e toxemia da gravidez.
Referência: 17,0 a 115,0 U/L.
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UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
Amilase Urinária
Diagnóstico de macroamilasemia e pancreatites agudas e crônicas.
Valores aumentados: sempre que houver hiperamilasemia, a amilase urinária estará 
aumentada, exceto em quadros de insuficiência renal e macroamilasemia.Interferentes: sangue na urina; menstruação; contaminação da urina; e má conservação 
da amostra.
Referência: Homens: 16 a 491 U/L;
Mulheres: 21 a 447U/L.
Albumina
A albumina é a principal proteína de transporte do organismo, contribui para 
aproximadamente 50% da proteína encontrada no plasma humano e está presente 
normalmente na concentração de 35 a 45 g/L. É facilmente isolada e tem peso 
molecular de cerca de 66 kDa, portanto a albumina é uma das menores proteínas do 
plasma e, dada a sua natureza altamente polar, dissolve-se com facilidade na água. 
Em pH 7,4, apresenta-se como um ânion com 20 cargas negativas por molécula; isso 
lhe dá uma enorme capacidade para se ligar de modo não seletivo a muitos ligantes.
A presença de grandes quantidades de albumina no organismo (4-5 g/Kg de peso corporal) 
também ajuda a explicar o papel crucial que essa proteína exerce na pressão osmótica 
coloidal. A taxa de síntese de albumina (14-15 g por dia) depende fundamentalmente 
do estado nutricional, sobretudo do grau de deficiência de aminoácidos. A meia-vida da 
albumina é de cerca de 20 dias e a degradação parece ocorrer por pinocitose em todos 
os tecidos.
A albumina é a principal proteína do plasma responsável pelo transporte de ácidos 
graxos hidrofóbicos, bilirrubina e drogas. O transporte dos ácidos graxos de cadeia 
longa é à base de grande parte da distribuição dos substratos ricos em energia pelo 
organismo. Ao se ligar aos ácidos graxos, como o ácido esteárico, e consequentemente 
solubilizá-los e, por fim, transportá-los, a albumina possibilita a passagem dessas 
moléculas hidrofóbicas pelo plasma, um meio predominantemente hidrofílico.
Acredita-se que os sítios de maior afinidade estão nos segmentos globulares dentro 
de fendas especializadas da molécula da albumina. Além de se ligar aos ácidos graxos, 
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BIOQUÍMICA CLÍNICA | UNIDADE I
a albumina desempenha um papel importante ao se ligar à bilirrubina não conjugada, 
tornando-a, desse modo, não apenas solúvel em água e transportável do sistema 
reticuloendotelial até o fígado, mas também temporariamente não tóxica. Quando as 
concentrações de bilirrubina não conjugada estão excessivamente elevadas, a capacidade 
de ligação da albumina é suplantada. Nas crianças, essa situação pode contribuir para o 
surgimento do kernicterus. A albumina não é essencial para a sobrevivência humana; e 
já foram descritos raros defeitos congênitos envolvendo hipoalbuminemia ou ausência 
completa de albumina (analbuminemia).
Kernicterus: Do alemão kern: núcleos + ikteros: icterícia é uma condição resultante 
da toxicidade da bilirrubina às células dos gânglios da base e a diversos núcleos 
do tronco central. Na prática clínica, kernicterus é utilizada intercambiavelmente 
com o termo encefalopatia bilirrubínica.
É importante o reconhecimento dos fatores que aumentam a incidência dessa patologia: 
hipoglicemia, hipercapnia, acidose, hipotermia, hipóxia, infecção bacteriana, 
hipoalbuminemia, hemólise aguda e administração de drogas que competem com a 
bilirrubina na ligação com a albumina (benzoatos, salicilatos, sulfanomidas, ceftriaxona, 
ibuprofeno, diuréticos).
O aumento do nível de albumina sérica é muito raro, exceto na desidratação. A maioria das 
alterações consiste em reduções, de modo que a ocorrência de pequenas diminuições 
não é percebida, a não ser que os níveis normais do paciente sejam conhecidos.
No período gestacional, os níveis de albumina diminuem progressivamente até o parto 
e só se normalizam depois de aproximadamente oito semanas pós-parto.
Nos lactentes, a albumina atinge níveis adultos em torno de um ano de idade. 
Posteriormente, os níveis das proteínas séricas permanecem relativamente estáveis, à 
exceção de uma redução gradual depois dos 70 anos de idade.
A desnutrição resulta em níveis diminuídos de albumina, presumivelmente devido à 
falta de aminoácidos essenciais, mas possivelmente também em consequência da síntese 
hepática deficiente e devido a causas desconhecidas.
A deficiência pode constituir a causa da redução dos níveis de albumina, observada 
na maioria das formas de hepatopatia clínica, como a cirrose. Em doenças caquéticas 
ou debilitantes crônicas, como tuberculose ou carcinoma, o nível de albumina quase 
sempre está diminuído, não sabendo-se ao certo se esta redução se deve a uma síntese 
deficiente ou a outros fatores. As infecções crônicas parecem exercer o mesmo efeito 
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UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
que as doenças caquéticas. Pode ocorrer perda direta de albumina sérica da corrente 
sanguínea em consequência de hemorragias, queimaduras, exsudatos ou extravasamento 
no trato gastrintestinal na presença de várias enteropatias perdedoras de proteínas.
Na síndrome nefrótica, verifica-se uma acentuada redução dos níveis séricos de 
albumina devido a uma perda direta na urina. A albumina quase sempre diminui 
rapidamente em muitas doenças agudas graves ou lesões; a diminuição começa dentro 
de 10-36 horas e torna-se máxima em cerca de cinco dias. Por fim, existe uma rara 
causa genética responsável por baixos níveis séricos de albumina, conhecida como 
“disproteinemia familiar idiopática”, em que a albumina se encontra acentuadamente 
diminuída.
Interpretação
Marcador de desordens do metabolismo proteico (nutricional, síntese reduzida, perda 
aumentada); avaliação de status nutricional; pressão oncótica sanguínea; doença renal 
com proteinúria; outras doenças crônicas. A determinação de albumina nos líquidos 
cavitários oferece vantagens sobre a determinação da proteína total no diagnóstico 
diferencial entre transudatos e exsudatos.
Valores aumentados: desidratação (verificar aumento do hematócrito).
Valores diminuídos: ingestão inadequada (desnutrição ou diarreias crônicas); absorção 
entérica diminuída (síndromes mal-absortivas); aumento da demanda corpórea 
(hipertireoidismo, gravidez); síntese prejudicada (cirrose, alcoolismo), processo 
inflamatório crônico (analbuminemia hereditária); aumento de catabolismo (neoplasias, 
infecções, traumas, inflamações); perda (edema, ascites, queimaduras, nefroses, síndrome 
nefrótica, enteropatias com perda proteica); diluição (hidratação rápida, diabetes 
psicogênica); deficiência congênita. A hipoalbuminemia está associada a maiores 
períodos de internação.
Referência: Recém- nascidos: 2,8 - 4,2g/dL;
Adultos: 3,5 - 5,7g/dL.
Proteínas totais e frações
As proteínas séricas consistem em albumina e globulinas, quer na forma livre 
ou atuando como proteínas transportadoras. A palavra “globulina” é um antigo 
termo químico de fracionamento que se refere à porção não albumínica das 
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BIOQUÍMICA CLÍNICA | UNIDADE I
proteínas séricas; subsequentemente, foi constatado que esta porção inclui um grupo 
heterólogo de proteínas, como glicoproteínas, lipoproteínas e imunoglobulinas.
As moléculas de globulina, em sua maioria, são consideravelmente maiores do que as 
de albumina, apesar de a quantidade total de albumina ser, em condições normais, duas 
a três vezes o nível de globulina. A albumina parece ser mais ativa na manutenção da 
pressão oncótica do soro, onde normalmente é cerca de quatro vezes mais importante 
do que a globulina, sendo responsável por cerca de 80% da pressão oncótica do plasma.
As globulinas exercem funções mais variadas do que a albumina e formam o principal 
sistema de transporte de várias substâncias, além de constituir o sistema de anticorpos, as 
proteínas da coagulação, o complemento e certas substâncias de função especial, como 
as proteínas de “reação aguda”.
A maior parte da albumina sérica é produzida pelo fígado. Algumas globulinas são 
sintetizadas pelo fígado e pelo sistema reticuloendotelial, enquanto outras são produzidas 
por outros tecidos ou mediante mecanismos que ainda não estão bem elucidados. O 
plasma contém fibrinogênio além das proteínas séricas habituais.
Métodos de determinação das proteínas séricas
Numerosas técnicas são amplamente utilizadas para o fracionamento das proteínas 
séricas.A técnica de “precipitação salina” por solubilidade química diferencial permite 
uma separação grosseira da albumina e da globulina. A albumina é frequentemente 
determinada por um método químico (biureto) que reage com átomos de nitrogênio 
ou com um corante (como o verde de bromocresol ou a púrpura de bromocresol) que 
se liga preferencialmente à albumina. A ultracentrifugação tem sido utilizada para 
estudar alguns dos subgrupos das globulinas.
A nomenclatura das proteínas séricas derivada da eletroforese divide as globulinas 
séricas em alfa, beta e gama, de acordo com a mobilidade eletroforética. Com base no 
uso de anticorpos dirigidos contra antígenos sobre a molécula proteica, o imunoensaio 
quantifica mais as proteínas individuais do que grupo de proteínas e, em geral, fornece 
resultados confiáveis com excelente sensibilidade e especificidade. A imunoeletroforese 
ou técnicas semelhantes, como a imunofixação, dão um passo à frente do imunoensaio 
e separam algumas moléculas globulínicas individuais em componentes estruturais 
ou em subclasses. A imunoeletroforese também pode detectar proteínas anormais que 
diferem estruturalmente das proteínas normais ou cujos componentes estruturais são 
produzidos em diferentes proporções.
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UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
Interpretação
Avaliação das hipoproteinemias e das hiperproteinemias.
Valores aumentados: hiperimunoglobulinemias; gamopatia policlonal; e gamopatia 
monoclonal. 
Valores diminuídos: perda proteica; síndrome nefrótica; doença crônica do fígado; 
desnutrição; e agamaglobulinemia.
Referência: Proteínas totais = Recém nascidos: 4,6 a 7g/dL;
Dos 3 anos até idade adulta: 6,0 a 8,3g/dL;
Albumina = 3,8 a 5,2 g/dL;
Globulinas 2,2 a 4,2g/dL; Relação A/G > 1,0.
Transaminases (TGO, TGP)
As enzimas Aspartato-aminotransferase - AST (Transaminase Glutâmica Oxalacética 
- TGO) e Alanina-aminotransferase - ALT (Transaminase Glutâmica Pirúvica - TGP) 
catalisam a transferência reversível dos grupos amino de um aminoácido para o 
a-cetoglutarato, formando cetoácido e ácido glutâmico. Essas reações requerem piridoxal 
fosfato como coenzima:
 » aspartato + α-cetoglutarato ↔ oxalacetato + ácido glutâmico;
 » alanina + α-cetoglutarato ↔ piruvato + ácido glutâmico.
As reações catalisadas pelas aminotransferases (transaminases) exercem papéis centrais 
tanto na síntese como na degradação de aminoácidos. Além disso, como essas reações 
envolvem a interconversão dos aminoácidos a piruvato ou ácidos dicarboxílicos, 
atuam como uma ponte entre o metabolismo dos aminoácidos e carboidratos. As 
aminotransferases estão amplamente distribuídas nos tecidos humanos.
Aspartato-aminotransferase sérica (AST/TGO)
A AST é uma enzima encontrada em vários órgãos e tecidos, incluindo fígado, coração, 
músculo esquelético e eritrócitos. A elevação da AST de origem hepática é devida a 
um grau de lesão hepatocelular aguda. Depois do início da lesão hepatocelular aguda 
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BIOQUÍMICA CLÍNICA | UNIDADE I
de qualquer etiologia, a AST é liberada das células lesadas. Os níveis séricos tornam-se 
elevados em cerca de 8 horas, atingem um pico dentro de 24-36 horas e normalizam-
se em três a seis dias se o episódio for de curta duração.
Na lesão leve, os níveis séricos podem sofrer elevação apenas transitória e mínima 
ou, inclusive, podem permanecer dentro dos limites de referência. Existe um grande 
grupo de doenças comuns que exibem elevação leve ou moderada dos níveis de 
AST. Essas doenças incluem: hepatite aguda na fase de remissão ou recuperação, 
hepatite crônica, cirrose ativa ou hepatopatia alcoólica, congestão hepática passiva, 
disfunção hepática induzida por drogas (incluindo heparina por via intravenosa 
ou subcutânea), tumor hepático metastático, obstrução extra-hepática prolongada do 
ducto biliar, mononucleose infecciosa, citomegalovírus e fígado gorduroso. A AST 
é encontrada em outros tecidos além do fígado e essa falta de especificidade constitui 
um problema frequente.
Interpretação
A determinação da atividade sérica dessa enzima pode ser útil em hepatopatias, IAM 
e miopatias. Diferentemente da TGP, a TGO não é exclusivamente utilizada para a 
avaliação da integridade dos hepatócitos. Nas hepatites virais agudas, valores 20 ou 
mais vezes superiores ao normal são quase sempre encontrados na fase aguda.
Valores elevados podem ser vistos também na hepatite alcoólica e em necroses hepatocíticas 
tóxicas ou isquêmicas. Na mononucleose é comum o encontro de valores elevados de 
TGO, mas a DHL aumenta mais. Em miopatias, a TGO e outras enzimas como a CPK 
ou DHL estão aumentadas. No IAM, há aumento de TGO, com pico em torno de 24 
horas após o infarto e retorno ao normal em 3 a 7 dias. Infartos renais, pulmonares 
ou de grandes tumores podem causar aumentos de TGO. Em todos esses casos, a DHL 
também aumenta. Aumentos de TGO podem ainda ser vistos em: mixedema, anemias 
hemolíticas e choque. Uma vez que a enzima está presente em eritrócitos, a presença 
de hemólise eleva a atividade no soro.
Referência: Feminino = até 32 U/L;
Masculino = até 38 U/L.
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UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
Alanina-aminotransferase sérica (ALT/TGP)
A ALT é uma enzima encontrada predominantemente no fígado, porém com quantidades 
moderadas no rim e pequenas quantidades no coração e na musculatura esquelética. 
Em geral, a maior parte da elevação da ALT deve-se à presença de hepatopatia, embora 
a ocorrência de graus significativos de lesão tecidual nos outros órgãos mencionados 
também possa afetar os níveis séricos. Com efeito, a miosite ou a rabdomiólise grave 
pode, algumas vezes, elevar os níveis de ALT para valores habitualmente associados 
à hepatite viral aguda.
O grau e a frequência de elevação dos níveis de ALT são aproximadamente iguais aos 
da AST na hepatite viral, na mononucleose infecciosa e na lesão hepatocelular aguda 
induzida por drogas. A ALT tem sido utilizada principalmente para ajudar a confirmar 
a origem hepática de um aumento da AST e, em certas ocasiões, o diagnóstico diferencial 
da hepatopatia por meio da relação AST/ALT.
Interpretação
O teste é útil na avaliação de hepatopatias. É um teste sensível de lesão hepatocítica e 
recomendado para rastreamento de hepatites.
Aumentos de TGP podem ocasionalmente ser vistos em doenças extra-hepáticas, como 
miopatias. Outras enzimas como CPK, DHL, aldolase e TGO podem definir o estado de 
miopatia. A TGP é menos sensível que a TGO para avaliação de hepatopatia alcoólica.
Referência: Feminino = até 31 U/L;
Masculino = até 41 U/L.
Gama-glutamiltransferase (GGT)
A GGT catalisa a transferência de um grupo gama glutamil de um peptídeo para 
outro peptídeo ou para um aminoácido produzindo aminoácidos gama glutamil e 
cistenilglicina. Fisiologicamente, está envolvida no transporte de aminoácidos e 
peptídeos através das membranas celulares, na síntese proteica e na regulação dos 
níveis de glutationa tecidual.
A GGT localiza-se predominantemente nas células hepáticas, em menor grau nos 
rins e, em quantidades bem menores, no epitélio do trato biliar, no intestino, coração, 
cérebro, pâncreas e baço. Parece haver certa atividade da GGT nas células endoteliais 
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BIOQUÍMICA CLÍNICA | UNIDADE I
capilares. O nível sérico de GGT apresenta-se elevado no recém-nascido, porém declina 
para valores como os do adulto em torno de quatro meses de vida.
A determinação dos níveis de GGT tem sido recomendada como método de triagem para 
o alcoolismo. Os níveis de GGT podem tornar-se elevados em várias situações clínicas 
além da hepatopatia.
Cerca de 5-30% dos pacientes com IAM desenvolvem níveis elevados de GGT. Em 
geral, esse aumento é atribuído à proliferação de capilares e fibroblastos no tecido de 
granulação. Normalmente, a elevação é observada sete a 14 dias após o infarto.
O nível de GGT pode sofrer elevação transitória em consequência de processos 
reparadores extensos em qualquer parte do corpo. Geralmente, os níveis de GGT não 
estão aumentados na doença óssea,na infância, na adolescência e na gravidez — três 
situações não hepáticas que se encontram associadas a níveis elevados de FA. Por isso, 
a GGT tem sido utilizada para ajudar a diferenciar a origem hepática e não hepática 
nos casos em que os níveis de ALP estão aumentados. Contudo, devem-se levar em 
conta as possíveis fontes não hepáticas da GGT.
Interpretação
Diagnóstico de doenças obstrutivas hepáticas; marcador auxiliar de alcoolismo crônico. No 
fígado, esta enzima está localizada nos canalículos das células hepáticas e particularmente 
nas células epiteliais dos ductos biliares. Devido a esta localização característica, a 
enzima aparece elevada em quase todas as desordens hepatobiliares, sendo um dos 
testes mais sensíveis no diagnóstico destas condições.
Nas células do parênquima hepático, a enzima é localizada tipicamente no retículo 
endoplasmático liso, estando sujeita à indução microssomal hepática e fazendo dela 
um marcador sensível a agressões hepáticas induzidas por medicamentos e álcool. 
Devido aos efeitos do consumo de álcool nos níveis de GGT, aceita-se este como um 
marcador sensível de alcoolismo crônico (embora não seja um marcador específico), 
especialmente quando seus aumentos não são acompanhados de aumentos similares 
de outras enzimas hepáticas. Portanto, sua determinação parece mais efetiva no 
monitoramento do tratamento de indivíduos diagnosticados. Os níveis de GGT 
usualmente retornam ao normal após 15-20 dias da cessação da ingestão alcoólica, 
podendo elevar-se em curto prazo se a ingestão alcoólica é retomada.
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UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
Valores aumentados: doenças hepáticas em geral (hepatites agudas e crônicas, cirrose, 
metástases); pancreatites; IAM; lúpus eritematoso sistêmico; obesidade patológica; 
hipertireoidismo; estados pós-operatórios; carcinoma de próstata; e uso de medicamentos 
hepatotóxicos ou capazes de ativar indução enzimática (barbituratos, fenitoína; 
antidepressivos tricíclicos).
Referência: Feminino = 5,0 a 55,0 U/L;
Masculino = 15,0 a 85,0 U/L.
Fosfatase Alcalina (FA)
A FA é um grupo de enzimas estreitamente relacionadas e com atividade máxima 
quando o pH é de cerca de 10. A FA é encontrada em numerosos tecidos, sendo suas 
maiores concentrações observadas no fígado e no epitélio do trato biliar, no osso, na 
mucosa intestinal e na placenta. O fígado e o osso constituem os dois tecidos mais 
comumente responsáveis pela elevação da FA.
A FA é constituída de várias isoenzimas, e cada uma das principais fontes produtoras 
de FA contém uma isoenzima diferente.
Fosfatase Alcalina de origem hepática
A FA no fígado é formada por hepatócitos e por células da mucosa do trato biliar. A FA 
é excretada na bile através de um mecanismo diferente daquele que controla a excreção 
de bilirrubina. Embora a FA de origem hepática possa estar aumentada no soro devido 
a qualquer tipo de hepatopatia ativa, o nível sérico mostra-se especialmente sensível 
à obstrução do trato biliar, seja ela intra-hepática ou extra-hepática, de grau leve ou 
intenso, localizada numa pequena área do fígado ou numa região mais extensa. Como 
regra geral, o grau de elevação da FA reflete a gravidade da obstrução e a quantidade 
de tecido biliar afetado.
As três patologias hepáticas mais frequentemente associadas a uma elevação 
da FA incluem obstrução extra-hepática (ducto biliar comum) do trato biliar, 
obstrução intra-hepática do trato biliar devido à lesão aguda dos hepatócitos e 
lesões hepáticas invasivas (tumor, abscesso, granulomas). A obstrução do ducto 
biliar comum, o tumor metastático para o fígado e o distúrbio pouco frequente 
de cirrose biliar primária constituem as etiologias mais frequentes da elevação 
consistente da FA para mais de três vezes o limite superior de referência. Na 
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BIOQUÍMICA CLÍNICA | UNIDADE I
obstrução extra-hepática do trato biliar (ducto biliar comum) ou na cirrose biliar 
primária, os níveis de FA apresentam-se elevados em quase 100% dos pacientes, 
exceto em alguns casos de obstrução incompleta ou intermitente. Em geral, os 
valores são de mais três vezes o limite superior da faixa de referência e, nos 
casos mais típicos, ultrapassam cinco vezes o limite superior. A observação de 
uma elevação de menos de três vezes o valor do limite superior constitui certa 
evidência contra a presença de obstrução extra-hepática completa.
Fosfatase Alcalina de origem óssea
Além do fígado, outras fontes produtoras podem elevar os níveis séricos de FA, quer de 
modo isolado, quer concomitantemente, com elevação da FA de origem hepática. Sem 
dúvida alguma, o osso constitui a fonte extra-hepática mais frequente. Os osteoblastos 
no osso produzem grandes quantidades de FA, e o aumento acentuado da atividade 
osteoblástica prejudica a utilidade da determinação da FA como prova de função hepática.
O crescimento ósseo normal da infância e da adolescência, a consolidação de fraturas, 
a doença de Paget do osso, o hiperparatireoidismo, o raquitismo, a osteomalácia e o 
carcinoma metastático osteoblástico produzem regularmente valores elevados da FA. 
Todavia, no paciente com icterícia, pode-se admitir que pelo menos parte da elevação 
da FA se deve à hepatopatia.
Quando existe alguma dúvida acerca da origem dos níveis aumentados de ALP, várias 
alternativas são possíveis. Uma delas consiste no uso de outra enzima que fornece 
informações semelhantes à FA na hepatopatia, mas que se mostra mais específica para 
a origem hepática. As enzimas que têm sido amplamente utilizadas para esta finalidade 
incluem a 5’-nucleotidase (5-NT) e a GGT.
Outro método para diferenciar a origem tecidual da FA consiste na separação de 
isoenzimas de frações ósseas e hepáticas específicas da FA com o uso de calor, técnicas 
químicas, enzimáticas ou eletroforéticas. Dentre estas técnicas, a eletroforese é a mais 
difícil, mas provavelmente a de maior confiabilidade e a que fornece mais informações.
Interpretação
Diagnóstico diferencial de hepatopatias e icterícias obstrutivas; de doenças ósseas; 
e do metabolismo mineral. A FA alcalina é uma enzima da família das zinco-
metaloproteínas e tem como função retirar um fosfato terminal de um éster fosfatado 
orgânico. Esta enzima funciona otimamente em um ambiente alcalino, possui cinco 
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UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
isoenzimas (óssea, hepática, intestinal, placentária e Regan), que aumentam durante 
os períodos de crescimento, doença hepática e obstrução do ducto biliar. A atividade 
intestinal ocorre somente em indivíduos de grupo sanguíneo tipo O ou A. Ocorrem 
aumentos fisiológicos no crescimento e na gravidez.
Valores aumentados: crescimento ósseo; cicatrização de fraturas; acromegalia; 
sarcoma osteogênico; metástases hepáticas ou ósseas; leucemia; mielofibroses; 
raquitismo ou osteomalácia; hipervitaminose D; doença de Paget; hipertireoidisrno; 
hiperparatireoidismo; pseudo-hiperparatireoidismo; ingestão crônica de álcool; obstrução 
biliar; cirrose; síndrome de Gilbert; hepatites; diabetes mellitus; citomegalovirose; câncer 
gástrico; câncer do cólon; câncer de fígado; câncer do pâncreas; câncer de pulmão; 
câncer ósseo; câncer de mama; pneumonias virais; abscessos hepáticos; colecistites; 
colangites; e obstrução biliar extra-hepática.
Valores diminuídos: doença de Whipple; hipotireoidismo; doença de Zollinger-Ellison; 
desnutrição proteica; deficiência de vitamina C; e osteodistrofia renal.
Quadro 1. Valores de Referências.
Idade Mulher 
(U/L)
Homem (U/L)
Recém Nascido 150 – 600 150 – 600
5 meses a 9 anos 250 – 950 250 – 950
10 a 11 anos 250 – 950 250 – 730
12 a 13 anos 200 – 730 275 – 875
14 a 15 anos 170 – 460 170 – 970
16 a 18 anos 75 – 720 125 – 720
> 18 anos 50 – 136 40 – 136
Fonte: Baynes; Dominiczak (2007).
Lactato Desidrogenase (LDH)
A LDH é uma enzima da classe das oxidorredutases que catalisa a oxidação reversível 
do lactato a piruvato, em presença da coenzima NAD+ que atua como doadora ou 
receptora de hidrogênio.
L-Lactato + NAD+ ↔ Piruvato + NADH++ H+
A LDH está presente no citoplasma de todas as células do organismo. Sendo rica no 
miocárdio, fígado, músculo esquelético, rim e eritrócitos. Esta enzima é encontrada 
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BIOQUÍMICA CLÍNICA | UNIDADE I
em menores quantidades nos pulmões, tecido linfoide, fígado e rim. Os níveis teciduais 
são, aproximadamente, 500 vezes maiores do que os encontrados no soro; e lesões 
naqueles tecidos provocam elevações plasmáticas significantes desta enzima.
Um número considerável de situações clínicas pode elevar os níveis totais de LDH. Por 
esse motivo, os níveis séricos totais de LDH não têm sido muito úteis como prova de 
função hepática. Em alguns casos, o fracionamento das isoenzimas por eletroforese 
da LDH total elevada pode ajudar a revelar a origem da elevação e, então, ser útil para 
interpretar o padrão das provas de função hepática.
A LDH pode ser fracionada em cinco isoenzimas por intermédio de vários métodos. A 
fração de migração mais lenta na eletroforese (fração 5) é encontrada predominantemente 
no fígado e no músculo esquelético. Em comparação com a LDH total, a fração 5 é 
consideravelmente mais sensível à lesão hepatocelular aguda, quase tão sensível 
quanto o nível de AST, e mais específica. Em geral, o grau de elevação é menor que 
o observado na AST.
Interpretação
Identificação de necrose celular.
Valores aumentados: proliferação de células neoplásicas; IAM; anemias hemolíticas; 
anemias megaloblásticas; infarto pulmonar; choque e hipóxia intensos; e doenças 
hepáticas (hepatite, alcoolismo).
Interferentes: hemólise; lipemia.
Referência: Recém-nascidos = 240 – 600 U/L;
Crianças 2 a 15 anos = 120 – 300 U/L;
Adultos = 140,0 - 271,0 U/L.
Creatinoquinase (CK)
A enzima CK catalisa a fosforilação reversível da creatina pela ATP com a formação de 
creatina fosfato. O fígado e os eritrócitos são essencialmente desprovidos desta enzima.
A CK é encontrada no músculo cardíaco, na musculatura esquelética e no cérebro. A 
enzima apresenta-se elevada em algum momento em cerca de 90-93% dos pacientes 
com IAM. No IAM, a CK comporta-se de modo semelhante à AST. Além disso, foram 
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UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
também registradas elevações da enzima na miocardite, bem como em alguns pacientes 
com taquiarritmias, principalmente ventriculares, por motivos desconhecidos. A lesão 
hepatocelular aguda não exerce nenhum efeito sobre a CK.
Os níveis de CK são afetados por um número considerável de condições clínicas 
associadas à lesão muscular aguda ou ao esforço muscular intenso. Contudo, os níveis 
de CK estão habitualmente elevados no traumatismo muscular, na miosite, distrofia 
muscular, após cirurgia, puerpério, após exercício moderadamente intenso e no delirium 
tremens ou nas convulsões.
A elevação da CK pode decorrer de efeitos do álcool sobre o músculo. Os níveis de 
CK estão quase sempre elevados após injeção intramuscular. O traumatismo muscular 
faz com que o nível de CK não seja confiável durante alguns dias no pós-operatório. 
Embora a CK esteja presente tanto no tecido cerebral quanto no músculo, os registros 
diferem, de certo modo, quanto ao efeito da doença do SNC sobre os níveis séricos da 
enzima. Como o músculo esquelético constitui a principal fonte da CK do organismo, 
os indivíduos com massa muscular relativamente pequena tendem a apresentar níveis 
normais de CK inferiores ao indivíduo médio.
Os principais inconvenientes da CK total incluem:
 » período relativamente curto durante o qual a enzima se encontra elevada 
após o início do infarto;
 » problema de elevações falso-positivas em consequência de lesão do músculo 
esquelético (sobretudo por injeções intramusculares).
Interpretação
Marcador de lise celular para músculos cardíaco e esquelético. A CK é uma enzima 
geralmente associada à regeneração do ATP em sistemas contráteis ou de transporte. 
Sua função predominante ocorre nas células musculares, onde está envolvida no estoque 
de creatina fosfato (altamente energético). Cada ciclo de contração muscular resulta 
em uso de creatina fosfato, com produção de ATP. Isso resulta em níveis relativamente 
constantes de ATP muscular. A CK é amplamente distribuída nos tecidos, com maiores 
atividades encontradas na musculatura esquelética, cardíaca e tecido cerebral. Outras 
fontes nas quais a CK está presente incluem bexiga, placenta, trato gastrointestinal, 
tireoide, útero, rins, pulmões, próstata, baço, fígado e pâncreas.
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BIOQUÍMICA CLÍNICA | UNIDADE I
Valores aumentados: IAM; mixedema; distrofia muscular; stress muscular; polimiosite; 
dermatomiosite; miocardite; epilepsia; rabdomiólise; AVC; injeções intramusculares; 
exercício extenuante; parto; após incisões cirúrgicas; hipertermia maligna; uso de 
cocaína; e choque elétrico.
Valores diminuídos: hipertireoidismo; neoplasia metastática; terapia com esteroides; 
doença hepática alcoólica; velhice e má nutrição (por massa muscular reduzida); 
artrite reumatoide; gravidez; uso de medicamentos (fenotiazina, prednisona, etanol); 
e exposição a toxinas.
Referência: Adultos: 30 a 223U/L.
Creatinoquinase – MB (CKMB)
A Creatinoquinase-MB é uma isoenzima da creatina fosfoquinase (CPK) que corresponde 
à enzima liberada pelo músculo cardíaco. Essa enzima eleva-se quando ocorre isquemia 
em uma determinada região do músculo cardíaco.
O miocárdio contém expressivas quantidades de CK-MB. Em outros tecidos, a CK-MB 
é encontrada em pequenos teores. No miocárdio, esta fração pode ser liberada para 
o soro em quantidades significantes. A elevação da atividade plasmática da CK-MB 
(igual ou maior que 6% da CK total) é o indicador mais específico de lesão miocárdica 
(98-100% dos casos), particularmente, de infarto agudo do miocárdio.
A CK-MB começa a elevar-se em 4-8 horas a partir da dor precordial, atingindo o 
máximo em 12-24 horas, retornando ao normal, nos casos não complicados, em 48-72 
horas. Pacientes que atingem o pico máximo rapidamente (8-12 horas) têm melhor 
prognóstico do que aqueles que demoram a alcançar o pico (24 horas).
Atividade aumentada de CK-MB é também encontrada em outras desordens cardíacas. 
Portanto, aumentos desta fração não são inteiramente específicos para o IAM, mas 
provavelmente refletem algum grau de lesão isquêmica cardíaca. A especificidade 
para o infarto pode ser aumentada se os resultados forem interpretados em associação 
às isoenzimas da lactato desidrogenase (LDH) e se as medidas forem realizadas, 
sequencialmente, por períodos superiores a 48 horas para detectar os aumentos e 
as reduções típicas das enzimas encontradas nestes distúrbios. Angina pectoris, choque 
cardiogênico, taquicardia, miocardite e insuficiência cardíaco-congestiva, geralmente, 
não elevam a CK total nem a CK-MB.
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UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
Em outras situações como injeções intramusculares, traumatismos, cirurgias não 
cardíacas e cateterismos cardíacos, a CK-MB permanece normal.
Interpretação
Diagnósticos de miocardiopatias em especial o IAM; monitoramento terapêutico. 
A CK é uma enzima primariamente muscular e cerebral que existe em três frações 
diméricas: CK-MM, CK-BB e CK-MB. A isoenzima MB, com massa molecular de 
cerca de 87 kD, participa com cerca de 5-50% da atividade total de CK no miocárdio. 
É um dos marcadores de miocárdio mais importantes, com papel bem estabelecido na 
confirmação de IAM e no monitoramento de terapia trombolítica.
Embora antigamente se utilizasse a medição da atividade da CK-MB após a inibição das 
demais isoenzimas, atualmente se determina a CK-MB massa, por ensaio imunométrico. 
O uso de padrões seriados de CK-MB é mais informativo do que uma única tomada. 
O uso de valores absolutos na interpretação pode ser fator de confusão para aqueles 
que utilizavam percentual de CK-MB em relação à CK total. Atualmente, utiliza-se 
um índex relativo de CK. Valores superiores a 3,0 devem ser mais bem avaliados.
Valores aumentados: após lesão muscular e outras patologias cardíacas, além dos casos 
de macro CK.
Fontes Potenciais de Variabilidade:» Presença de fibrina;
 » Pipetagem de bolhas;
 » Presença de hemólise;
 » Presença de lipemia;
 » Armazenamento incorreto das amostras;
 » Manutenção incorreta dos aparelhos (automatização).
Referência: Soro: 0 a 10 U/L.
Colesterol total e frações
As lipoproteínas são moléculas constituídas de lipídios e proteínas em proporções 
variáveis. Os lipídios, em geral, são insolúveis em água e na maioria dos líquidos 
biológicos, dependendo, para o seu transporte, de proteínas incorporadas na molécula 
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BIOQUÍMICA CLÍNICA | UNIDADE I
ou de ligação a proteínas plasmáticas. A fração proteica das lipoproteínas é constituída 
predominantemente por apolipoproteínas. As apolipoproteínas desempenham papel 
funcional no metabolismo das lipoproteínas.
Metabolismo das Lipoproteínas
Os triglicerídeos (TG) circulam no sangue proveniente de fontes exógenas (alimentos) e 
endógenas (do fígado). Os alimentos fornecem gordura neutra, que consiste primariamente 
em triglicerídeos e que é hidrolisada pela lipase pancreática, com consequente formação 
de ácidos graxos livres (AGL) e monoglicerídeos.
Os ácidos graxos livres e monoglicerídeos penetram nas células da mucosa do intestino 
delgado. As frações lipídicas são recombinadas em TG no interior das células da mucosa 
e são incorporadas em quilomícrons.
Os AGL são utilizados para a produção de energia no músculo cardíaco e esquelético.
O colesterol corporal provém de fontes dietéticas exógenas, bem como da síntese 
endógena pelo fígado a partir do acetato. A maior parte é produzida pelo fígado, que 
excreta parte do colesterol como componente da bile. Parte do colesterol é utilizado pela 
célula, enquanto certa quantidade pode abandonar a célula em condições apropriadas.
Colesterol Total Sérico
O colesterol sérico total inclui todo colesterol presente nas várias lipoproteínas. 
O colesterol constitui o principal componente das LDL (Lipoproteínas de Baixa 
Densidade), enquanto representa um componente menor das VLDL (Lipoproteínas 
de Densidade Muito Baixa) e HDL (Lipoproteínas de Alta Densidade). Como as LDL 
têm sido regularmente associadas a um risco de aterosclerose, e devido à dificuldade 
de determiná-las, o colesterol total do soro tem sido utilizado durante muitos anos 
como seu substituto.
Existe consenso sobre a existência de uma forte correlação entre níveis acentuadamente 
elevados de colesterol sérico e tendência aumentada à aterosclerose.
No corpo, cerca de 70% do colesterol está imobilizado em pools teciduais na pele, tecido 
adiposo e células musculares, entre outros, e o restante forma um contingente móvel 
circulante no sangue, entre fígado e tecidos. Na circulação sanguínea, normalmente 
cerca de dois terços do colesterol está esterificado, ligado a lipoproteínas (HDL, 
LDL, VLDL), e um terço na forma livre. Os níveis séricos desejáveis de colesterol 
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UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
situam-se abaixo de 200 mg/dL. Níveis entre 200 e 239 mg/dL, são considerados 
intermediários, e níveis acima de 240 mg/dL em mais de uma ocasião são considerados 
hipercolesterolêmicos. Pacientes cujas dosagens de colesterol resultam superiores a 200 
mg/dL devem receber assistência no sentido de tentar reduzir seus níveis, reduzindo 
o risco de doença cardíaca coronariana futura.
Interpretação
Avaliação de risco de desenvolvimento de doença cardíaca coronariana; diagnóstico e 
monitoramento de tratamento de estados hiperlipidêmicos primários ou secundários; 
e avaliação da função hepática. O colesterol é uma espécie de álcool encontrado quase 
exclusivamente em animais. Quase todas as células e tecidos contêm alguma quantidade 
de colesterol, que é utilizado na fabricação e no reparo de membranas celulares, síntese 
de moléculas vitais como hormônios e vitaminas. No organismo, pode ocorrer a partir 
de ingestão ou metabolismo interno por transformação de outras moléculas.
A regulação dos estoques corpóreos depende de mecanismos metabólicos e da ingestão. 
Contudo, é digno de nota que os níveis de colesterol, apesar de representarem fator de 
risco independente para o desenvolvimento de doença cardíaca coronariana, não são 
o único fator de risco descrito para a doença: sexo, idade, tabagismo, história familiar, 
níveis baixos de colesterol HDL, obesidade e diabetes mellitus são outros possíveis fatores 
de riscos associados. Indivíduos com idade mais avançada devem ser avaliados com 
critérios mais flexíveis.
Valores aumentados: hipercolesterolemia idiopática; hiperlipoproteinemias; estados 
obstrutivos biliares; doença de von Gierke; hipotireoidismo (fator importante, 
especialmente em mulheres de meia idade em diante); nefrose; doença pancreática; 
gravidez; uso de medicamentos (esteroides, hormônios, diuréticos); e jejum muito 
prolongado que induza cetose.
Valores diminuídos: dano hepático; hipertireoidismo; desnutrição; doenças 
mieloproliferativas; anemias crônicas; terapia com cortisona; hipobetalipoproteinemia; 
abetalipoproteinemia; doença de Tangier; processos inflamatórios crônicos; e 
medicamentos (alopurinol, tetraciclina, eritromicina, sinvastatina e similares).
Interferentes: o uso de certos medicamentos e drogas, bem como a ingestão de bebidas 
alcoólicas, podem estar associados ao encontro de valores alterados de colesterol total 
sérico. De modo ideal, a avaliação do colesterol total sérico deve ser realizada após 
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BIOQUÍMICA CLÍNICA | UNIDADE I
pelo menos uma semana com dieta habitual mantida, sem o uso de bebidas alcoólicas 
ou exercícios.
Referência: 2-19 anos: desejável = < 170,0 mg/dL;
>19 anos: Desejável = < 190,0 mg/dL;
Intervalo de referência: 136-290mg/dL.
HDL
Avaliação de risco cardíaco; diagnóstico e monitoramento de estados dislipidêmicos. Os 
HDL são as menores lipoproteínas encontradas no organismo humano. São sintetizados 
pelo fígado e intestino, sendo compostos por uma associação entre componentes 
lipídicos, fosfolipídicos e proteínas.
As principais apoproteínas (fração proteica do HDL colesterol) são Apo-Al e Apo-All, além 
de Apo-C e Apo-E. O HDL carrega cerca de 20-35% do colesterol plasmático total, sendo 
o responsável pelo transporte reverso do colesterol (dos tecidos ao fígado). Conhecido 
como “bom colesterol”, é desejável que seus níveis sejam os mais elevados possíveis. 
Níveis reduzidos de HDL estão relacionados a um maior risco de desenvolvimento 
de doença cardíaca coronariana, como fator de risco independente, pois se associam 
fisiologicamente a uma menor deposição de lipídeos em placa ateromatosa. Assim, 
valores de 55 mg/dL para homens e 45 mg/dL para mulheres são considerados ponto 
de corte para risco cardíaco. Abaixo deste ponto há um risco estatístico crescente 
inversamente proporcional aos níveis e acima, da mesma forma, há uma condição 
“protetiva” para doença cardíaca.
Valores aumentados: manutenção periódica de exercícios físicos; uso moderado 
de álcool (em especial vinho e substâncias contendo antioxidantes); tratamento de 
insulina; terapia de reposição hormonal em mulheres; dislipidemias; e uso de certos 
medicamentos (sinvastatina e similares).
Valores diminuídos: stress; obesidade; sedentarismo; história familiar; tabagismo; diabetes 
mellitus, hipo e hipertireoidismo; doença hepática; nefrose; uremia; doenças crônicas e 
mieloproliferativas; dislipidemias; doença de Tangier homozigota; deficiência familiar 
de HDL e apolipoproteínas associadas; e uso de certos medicamentos (esteroides, 
diuréticos tiazídicos, bloqueadores beta- adrenérgicos, neomicina, fenotiazinas).
Referência: 10 a 19 anos = Maior ou igual a 35,0 mg/dL; 
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UNIDADE I | BIOQUÍMICA CLÍNICA
2 a 19 anos = Maior ou igual a 40,0 mg/dL;
> 19 anos = Maior ou igual a 40,0 mg/dL.
LDL
Avaliação de dislipidemias; avaliação de risco para doença coronariana. As LDL são 
sintetizadas no fígado, sendo responsáveis pelo transporte do colesterol a partir do fígado 
para os tecidos periféricos.
Valores aumentados: risco de doença cardíaca coronariana; hipercolesterolemia familiar; 
hiperlipidemia

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