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Anne Karen Reis GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Climatério e Menopausa DEFINIÇÕES Climatério → fase biológica da vida e não um processo patológico, que compreende a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo (OMS). Antecede a menopausa. Menopausa → é definida como a interrupção permanente da menstruação, sendo definida como o último sangramento menstrual seguido de doze meses de amenorréia e dosagem de hormônio folículo-estimulante (FSH) maior ou igual a 30 UI/mL, afastadas causas patológicas ou fisiológicas. No Brasil a média de idade foi de 51,2 anos, ocorrendo geralmente entre os 40 e 55 anos. Menopausa pode ocorrer de forma natural ou de forma induzida que levem a parada da produção dos hormônios ovarianos. DEFINIÇÕES DE TERMOS UTILIZADOS NA FASE DO CLIMATÉRIO Menopausa → diagnóstico retrospectivo, sendo o último sangramento seguido de 12 meses de amenorreia Menopausa espontânea → menopausa que ocorre sem intervenção cirúrgica ou medicamentosa. Perimenopausa → período que precede a menopausa, caracterizada por alterações no ciclo menstrual, relacionadas às alterações hormonais específicas do estágio reprodutivo tardio. Climatério → fase referente a transição do período reprodutivo para o período não reprodutivo feminino. Síndrome climatérica → é a parada da menstruação imediata causada por intervenção médica (quimioterapia ou terapia de irradiação pélvica) ou intervenção cirúrgica. Menopausa precoce → ocorrência da menopausa na idade inferior a 2 desvios-padrão da idade estimada para a população de referência. DIAGNÓSTICO ● O diagnóstico da menopausa é clínico. ● Dosagem de hormônios esteróides não é critério diagnóstico e nem interfere na conduta. ● Pacientes que realizaram histerectomia sem a ooforectomia → níveis séricos de FSH acima de 30 UI/mL associado ao nível de estradiol abaixo de 20 pg/mL podem sugerir o diagnóstico. QUADRO CLÍNICO Climatério ● Alterações físicas e emocionais: síndrome climatérica ● Atrofia genital, que pode levar a dispareunia (dor na penetração) e ressecamento vaginal, e os transtornos psicológicos, como transtornos de humor e do sono ● Prejuízo pessoal e implicação social ● Tem início alguns anos antes da menopausa e pode durar por anos. Anne Karen Reis GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA ● Fogachos → início súbito e duração entre 2 a 4 minutos, podendo ser associados a palpitação e sudorese, podendo ocorrer também durante o sono, diminuindo a qualidade de vida da paciente. Síndrome Genitourinária da Menopausa ● Atrofia genital e alterações urinárias ● Dor vulvar, prurido, ressecamento vaginal ● Dispareunia, sinusiorragia (sangramento por via vaginal), disúria ● Urgência miccional (incapacidade de conter a urina quando se tem o desejo de urinar) e infecções urinárias recorrentes Sexualidade da mulher no climatério ● Modificações não necessariamente irão provocar diminuição do prazer, mas podem influenciar diretamente na sua resposta sexual, tornando-a mais lenta e menos prazerosa, podendo causar insatisfação sexual. TRATAMENTO ● A escolha da terapia deve ser individualizada a partir dos riscos e benefícios. ● Podem ser escolhidos métodos hormonais ou não hormonais, disponíveis em diversas apresentações. ● Mudança dos hábitos de vida prejudiciais à saúde. ● Prática regular de exercícios e alimentação apropriada devem ser consideradas como objetivos primários. ● Promestrieno → para tratar a atrofia vulvovaginal; medicamento isento de riscos - Há risco de trombose com o uso de estrogênio, bem como de câncer de endométrio Terapia hormonal (TH) ● TH geralmente é indicada para pacientes abaixo de 60 anos e que tiveram a menopausa há menos de 10 anos → janela de oportunidade ● Duração: controverso ● Dados indicam aumento de risco com até cinco anos de utilização de TH estroprogestativa ● A manutenção do tratamento pode ser feita e deve ser sustentada nas indicações propostas e avaliando-se os riscos e benefícios. ● Terapia somente com componente estrogênico, parece haver maior flexibilidade no tempo de utilização visto que não houve associação entre risco de câncer de mama e uso de estrogênio isoladamente por até sete anos. - Quando que vai usar a progesterona ou o estrogênio sozinho? → Depende da presença ou não de útero. A progesterona vai atuar evitando a ação carcinogênica do estrogênio sozinho no útero. Se a paciente não tiver útero, ela pode usar o estrogênio sozinho Terapia hormonal (TH) - indicações ● Sintomas vasomotores, osteoporose, síndrome geniturinária da menopausa e menopausa precoce ● Sintomas vasomotores intensos e moderados → indicação primária da TH ● Tratamento mais efetivo para os sintomas vasomotores especialmente indicada a mulheres sintomáticas abaixo dos 60 anos e com menos de dez anos de menopausa. ● A terapia estrogênica é efetiva para tratar sintomas isolados da atrofia vaginal e dispareunia, sendo a via vaginal preferível. Anne Karen Reis GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Controle da osteoporose ● Estrogênio - não recomendado como agente de primeira linha para controle da osteoporose ● A decisão for tomada para uso desse hormônio para o tratamento dos sintomas neurovegetativos, reduções na perda óssea e no risco de fratura serão benéficas ● Tratamento de primeira linha usados são os bifosfonatos ou raloxifeno para prevenção e bifosfonatos para o tratamento de osteoporose estabelecida. Contraindicações da terapia hormonal Contraindicações absolutas ● Antecedentes pessoais de câncer de mama e/ou endométrio recente ● Tromboembolismo agudo ● Sangramento transvaginal de origem indeterminada ● Doenças hepáticas ativas e graves ● Porfiria Contraindicações relativas ● Tromboembolismo prévio ● Doença coronariana ● Diabetes mellitus ● Hipertensão arterial ● Mioma uterino e endometriose ● Lúpus eritematoso sistêmico Tibolona ● Esteróide sintético, derivado do progestagênio noretinodrel ● Dose de 2,5 mg/dia ● Alívio dos sintomas climatéricos e para pacientes com queixa de diminuição da libido ● Efeitos de longo prazo sobre risco cardiovascular, redução de fraturas osteoporóticas e risco de câncer de mama ainda não estão bem estabelecidas. Androgênios ● Reposição androgênica, se indicada, deve ser cuidadosamente prescrita tendo em vista seus efeitos colaterais. CONCLUSÕES ● A TH em mulheres com hipoestrogenismo deve ser feita com o emprego de formulações estrogênicas. ● A administração de progestagênios em adição aos estrogênios visa a proteção das anormalidades endometriais (hiperplasia e câncer) que se observam com a terapêutica estrogênica isolada. ● Em terapêutica com fármacos, deve-se procurar a menor dose que propicie segurança e eficácia.
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