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Isabela Vieira Mion - UC5 INFLAMAÇÃO - reação tecidual que rapidamente envia mediadores da defesa do hospedeiro – células e proteínas circulantes – às localizações onde eles são necessários, os locais de infecção e dano ao tecido. - inflamação aguda: acúmulo de leucócitos, proteínas plasmáticas e líquido derivado do sangue em um sítio de infecção ou lesão tecidual extravascular - O que pode provocar: infecções, necrose, corpos estranhos (farpas, terra, suturas), agentes físicos e químicos (lesão térmica, calor, substâncias ambientais) - O processo de inflamação consiste em múltiplas etapas, incluindo o recrutamento de células e o vazamento de proteínas plasmáticas através dos vasos sanguíneos, ingestão de microrganismos e material morto por fagócitos, e destruição dessas substâncias potencialmente prejudiciais. - Se caracteriza pelos 4 sinais cardinais (de Celsus): calor, dor (mediadores que afetam as terminações nervosas), rubor e inchaço/edema. O calor, o rubor e o inchaço são resultados da dilatação e do aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos durante a inflamação. O 5º sinal, proposto por Virchow, é a perda de função (temporária). - Efeitos: vasodilatação; aumento do fluxo sanguíneo e da permeabilidade vascular; acúmulo de plasma no tecido; migração leucocitária ● Recrutamento de Fagócitos aos Locais de Infecção e Dano Tecidual - Os neutrófilos (1º) e os monócitos migram para os locais de infecção extravascular ou dano tecidual ligando-se às moléculas de adesão endotelial e em resposta a estímulos quimioatrativos produzidos por células teciduais em resposta a PAMP e DAMP. - A migração dos leucócitos do sangue para os tecidos é um processo com múltiplos passos que consiste em interações adesivas fracas dos leucócitos às células endoteliais, seguidas por uma adesão firme e, então, pela transmigração através do endotélio. - Se um agente infeccioso penetra em um epitélio e entra no tecido subepitelial, os macrófagos residentes e outras células reconhecem o patógeno e respondem produzindo citocinas. Duas dessas citocinas, o TNF e a IL-1, atuam no endotélio de vênulas próximas ao local de infecção. Essas citocinas estimulam as células endoteliais para que expressem duas moléculas de adesão da família selectina, chamadas de E-selectina e P-selectina (selectina refere-se às propriedades de essas moléculas ligarem carboidrato ou lectina). - Os neutrófilos e os monócitos circulantes expressam carboidratos de superfície que se ligam fracamente às selectinas. Os neutrófilos ligam-se ao endotélio, o fluxo de sangue destrói essa ligação, e a ligação se forma novamente mais adiante, e assim sucessivamente, resultando no “rolamento” dos leucócitos ao longo da superfície endotelial. - Os leucócitos expressam outro conjunto de moléculas de adesão, chamadas de integrinas, porque elas integram sinais extrínsecos nas alterações do citoesqueleto. As integrinas estão presentes em um estado de baixa afinidade nos leucócitos que não foram ativados. - No interior do local da infecção, macrófagos teciduais e células endoteliais produzem quimiocinas, que se ligam às glicoproteínas na superfície luminal das células endoteliais, sendo apresentadas em altas concentrações aos leucócitos que estão rolando pelo endotélio. Essas quimiocinas estimulam um rápido aumento na afinidade das integrinas dos leucócitos pelos ligantes presentes no endotélio. - Ao mesmo tempo, o TNF e a IL-1 estimulam o endotélio a expressar os ligantes para as integrinas. A forte ligação das integrinas aos seus ligantes interrompe o rolamento dos leucócitos no endotélio. O citoesqueleto dos leucócitos é reorganizado e as células se espalham na superfície endotelial. As quimiocinas também estimulam a motilidade dos leucócitos, assim como produtos bacterianos e produtos de ativação do complemento. Com isso, os leucócitos começam a migrar entre as células endoteliais, através da parede do vaso, seguindo o gradiente de concentração desses quimioatrativos até o local da infecção. - A sequência de rolamento mediada pela selectina, a firme adesão mediada pela integrina dependente de quimiocina e a motilidade mediada pela quimiocina levam à migração dos leucócitos do sangue para um local de infecção extravascular em questão de minutos após a infecção - Produtos microbianos e citocinas inflamatórias como o TNF fazem com que os capilares tornem-se permeáveis, permitindo que proteínas circulantes, incluindo proteínas e anticorpos do complemento, saiam dos vasos sanguíneos e entrem no sítio tecidual de infecção. Essas proteínas atuam juntamente com fagócitos para destruir os agentes ofensivos. Em algumas infecções, leucócitos sanguíneos que não neutrófilos e macrófagos, como eosinófilos, podem ser recrutados a locais de infecção e oferecem defesa contra os patógenos. ● Fagocitose e Destruição de Microrganismos - Os neutrófilos e os macrófagos ingerem (fagocitam) patógenos e destroem os microrganismos ingeridos em vesículas intracelulares - Tem início com receptores de membrana ligando-se ao microrganismo. - Os principais receptores fagocíticos são alguns receptores de reconhecimento de padrões, como receptores de manose e outras lectinas, e receptores para anticorpos e complemento. Microrganismos opsonizados com anticorpos e fragmentos do complemento são capazes de ligar-se avidamente a receptores específicos em fagócitos, resultando em uma internalização muito maior - Ao mesmo tempo que o microrganismo está sendo ligado pelos receptores de fagócitos e ingerido, o fagócito recebe sinais de diversos receptores que ativam diversas enzimas no fagolisossoma. Uma dessas enzimas, chamada de oxidase fagocitária, converte rapidamente o oxigênio molecular em ânion superóxido e radicais livres, um processo chamado surto oxidativo (ou surto respiratório). Esses radicais livres são chamados de intermediários reativos do oxigênio (ROS), sendo tóxicos para os microrganismos ingeridos. - Uma 2ª enzima, chamada de óxido nítrico sintase induzida (iNOS), catalisa a conversão da arginina em óxido nítrico (ON), que também é uma substância microbicida. - O 3º conjunto de enzimas, as proteases lisossômicas, quebra as proteínas microbianas. - Todas essas substâncias microbicidas são produzidas principalmente nos lisossomas e fagolisossomas, agindo nos microrganismos ingeridos sem danificar os fagócitos. - Além da exterminação intracelular, os neutrófilos utilizam mecanismos adicionais para destruir microrganismos. Eles podem liberar conteúdos de grânulos microbicidas no ambiente extracelular. - Em resposta a patógenos e mediadores inflamatórios, os neutrófilos morrem, e durante esse processo eles expelem seus conteúdos nucleares para formar redes de histonas (poderosas proteínas antimicrobianas) e outros componentes, que são chamados de Redes Extracelulares de Neutrófilos (NET). Essas NET interceptam bactérias e fungos e matam os organismos. - Em alguns casos, as enzimas e ROS liberados no espaço extracelular podem causar lesão nos tecidos do hospedeiro. É por essa razão que a inflamação, normalmente uma resposta de proteção do hospedeiro contra as infecções, pode causar lesão tecidual. Referências ABBAS, A.; LICHTMAN, A.; PILLAI, S. Imunologia Básica: Funções e Distúrbios do Sistema Imunológico. 5º edição. Elsevier, 2017. ABBAS, A.; LICHTMAN, A.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 9º edição. Elsevier, 2019. MURPHY, K. Imunobiologia de Janeway. 8ª edição. Porto Alegre: ART MED Editora, 2012.
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