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Inflamação e Reparo A inflamação é uma resposta dos tecidos vascularizados a infecções e tecidos lesados. Consiste em recrutar células e moléculas de defesa do hospedeiro da circulação para os locais onde são necessárias, com a finalidade de eliminar os agentes agressores. Mediadores de Defesa: Leucócitos fagócitos, anticorpos e proteínas do complemento. Componentes da Imunidade Inata: Células natural killer, células dendríticas e células epiteliais, fatores solúveis como proteínas do sistema complemento. Possuem a função de eliminar células danificadas e corpos estranhos, além disso, juntas agem como primeira barreira contra infecções. Como ocorre o processo de inflamação? O processo de inflamação envia células mediadores de defesa nos tecidos lesados ou necróticos, também em invasores estranhos, como microrganismos, e ativa as células e moléculas recrutadas agindo assim para eliminar as substâncias indesejadas ou nocivas. Desenvolvimento da Reação Inflamatória típica: 1. O agente agressor, que se situa nos tecidos extravasculares, é reconhecido pelas células e moléculas hospedeiras. 2. Os leucócitos e as proteínas do plasma são recrutados da circulação para o local onde o agente agressor está localizado. 3. Os leucócitos e as proteínas são ativados e trabalham juntos para destruir e eliminar a substância agressora. 4. A reação é controlada e concluída. 5. O tecido lesado é reparado. Componentes da Resposta Anti-Inflamatória: Os vasos sanguíneos se dilatam para reduzir o fluxo sanguíneo e, ao aumentar a permeabilidade, permitem que proteínas circulatórias selecionadas entrem no local da infecção ou do tecido lesado. Inicialmente, os leucócitos chegam a parar, migrando, em seguida, para os tecidos, ocorrendo alteração no endotélio vascular. Além disso, os leucócitos, uma vez recrutados, são ativados e adquirem a habilidade de ingerir e destruir os microrganismos e as células mortas, corpos estranhos e outros materiais indesejados nos tecidos. Consequências Nocivas da inflamação: São autolimitadas e se resolvem à medida que a inflamação vai se reduzindo, deixando pouco ou nenhum dano. Entretanto, se a reação infamatória for mal direcionada, ocorre contra substancias ambientes normalmente inofensivas ou incontrolada, sendo assim, a reação inflamatória protetora se torna a causa da doença, e o dano que produz é a característica dominante. Inflamação Local e sistêmica: A local evidencia- se a reação tecidual, que é uma resposta local a uma infecção ou a um dano localizado. A sistêmica é a reação inflamatória a uma infecção disseminada, causando anormalidade patológicas generalizadas. Mediadores da Inflamação: Microrganismos, células necróticas e até mesmo a hipóxia podem estimular a produção de mediadores inflamatórios e, então, provocar inflamação. Esses mediadores iniciam e amplificam a resposta inflamatória, determinando seu padrão, severidade e manifestações clínicas e patológicas. Inflamação Crônica e Aguda: A inflamação aguda (Imunidade Inata) é uma rápida resposta inicial a infecção e ao dano tecidual, sendo rápida no início e de curta duração, caracterizada pela exsudação de fluido e proteínas plasmáticas e a emigração de leucócitos, predominantemente neutrófilos. Quando a inflamação aguda atinge os objetivos de eliminar os agressores a reação deve ser reduzida, porém se a resposta não for o suficiente progride para uma Inflamação Crônica (Imunidade Adaptativa), que é de longa duração associada a maior destruição tecidual, presença de linfócitos e macrófagos, proliferação de vasos sanguíneos e deposição de tecido conjuntivo. Término da Inflamação e Início do Reparo Tecidual: A inflamação termina quando o agente agressor é eliminado. Além disso, mecanismos anti-inflamatórios são ativados e servem para controlar a resposta e evitar que cause danos excessivo ao hospedeiro, após eliminar os agentes agressores, ativam o processo de reparo tecidual em que o tecido é substituído pela regeneração das células sobreviventes e o preenchimento de defeitos residuais por tecido conjuntivo. CAUSAS DA INFLAMAÇÃO Infecções: Podem ser bacteriana, virótica, fúngica, parasitária e toxinas microbianas. O resultado é determinado pelo tipo de patógenos e até certo ponto pelas características dos hospedeiros. Necrose dos Tecidos: Ela causa inflamação independente da causa da morte celular, sendo isquemia, trauma e lesões físicas e químicas, além disso várias moléculas liberadas das células necróticas causam inflamação. Corpos Estranhos: Causam lesões tecidual traumática ou transportam microrganismos. Reações Imunes: As respostas imunes lesivas são direcionadas contra antígenos próprios, causando as doenças autoimunes, ou são reações excessivas contra substâncias, como em alergias, ou contra microrganismos do ambiente. A inflamação é induzida por citocinas produzidas pelos linfócitos T e outras células do sistema imune. RECONHECIMENTO DE MICRORGANISMOS E C Receptores Celulares para Microrganismos: As células expressam receptores na membrana plasmática (para microrganismos extracelulares), os endossomos (para microrganismos ingeridos) e o citosol (para microrganismos intracelulares), que permitem que as células percebam a presença de invasores estranhos em qualquer compartimento celular. Sensores de Danos Celulares: Os receptores citosólicos reconhecem diversas moléculas (ácido úrico, concentrações intracelulares reduzidas de K+ e o DNA quando é liberado no citoplasma) que são liberadas como consequência do dano celular. Eles ativam o complexo citosólicos multiproteico (inflamassomo) o qual induz a produção de citocina interleucina 1 (IL-1) que recruta leucócitos e induz a inflamação. Outros Receptores Celulares envolvidos na Inflamação: Muitos leucócitos expressam receptores para as caudas Fc dos anticorpos e para as proteínas do complemento, os receptores reconhecem os microrganismos revestidos com anticorpos e complemento e promovem a ingestão e a destruição dos microrganismos, além inflamação. Proteínas Circulatórias: O sistema complemento reage contra os microrganismos e produz mediadores de inflamação Inflamação Aguda A inflamação aguda tem três componentes principais: (1) dilatação de pequenos vasos levando a aumento no fluxo sanguíneo; (2) aumento de permeabilidade da microvasculatura, que permite que as proteínas do plasma e os leucócitos saiam da circulação; (3) emigração de leucócitos da microcirculação, seu acúmulo no foco da lesão e sua ativação para eliminar o agente agressor. REAÇÕES DOS VASOS SANGUÍNEOS NA INFLAMAÇÃO AGUDA Alterações no fluxo sanguíneo e na permeabilidade dos vasos, ambas destinados à maximização do movimento das proteínas e leucócitos do plasma para fora da circulação, em direção ao local da infecção ou lesão. Exsudato é o fluido extravascular que apresenta uma elevada concentração proteica e contém resíduos celulares. Sua presença indica o aumento de permeabilidade dos pequenos vasos sanguíneos provocada por algum tipo de lesão tecidual e uma reação inflamatória contínua. Transudato é um fluido com baixo conteúdo proteico, pouco ou nenhum material celular e baixa gravidade específica. É um ultrafiltrado de plasma sanguíneo que resulta de desequilíbrio osmótico ou hidrostático ao longo da parede do vaso sem aumento correspondente na permeabilidade vascular. Pus= Exsudato purulento. Alterações no Fluxo e no Calibre Vascular: − A vasodilatação é induzida pela ação de vários mediadores como a histamina, no músculos lisos vasculares. A vasodilatação envolve as arteríolas,levando a abertura de novos leitos capilares na área, resultando no aumento do fluxo sanguíneo ocasionando o calor e o vermelhidão no local da inflamação. − Logo, após se tem um aumento da permeabilidade da microvasculatura. − A perda de fluido e o diâmetro aumentado do vaso levam a fluxo sanguíneo mais lento, concentração de hemácias em pequenos vasos e aumento de viscosidade do sangue, resultando na obstrução dos pequenos vasos com hemácias se movimentando lentamente, uma condição denominada estase. − Ao longo do desenvolvimento da estase, os leucócitos sanguíneos, principalmente os neutrófilos, se acumulam ao longo do endotélio vascular. Ao mesmo tempo, as células endoteliais são ativadas por mediadores produzidos nos locais de infecção e dano tecidual, expressando níveis aumentados de moléculas de adesão. Os leucócitos, então, aderem ao endotélio e, logo depois, migram através da parede vascular para dentro do tecido intersticial. Permeabilidade Vascular das vênulas pós- capilares Aumentada (Extravasamento): − A contração das células endoteliais resultando no aumento dos espaços interendoteliais é o mecanismo mais comum extravasamento. A resposta transitória imediata ocorre rapidamente após a exposição ao mediador com vida curta. O extravasamento atrasado e prolongado, pode ser causado pela contração das células endoteliais ou por dano endotelial leve. − A lesão endotelial, resultando em necrose e separação das células endoteliais. − Aumento no transporte de fluidos e proteínas (transcitose) através da célula endotelial. Ele envolve canais intracelulares que são estimulados por determinados fatores como o (VEGF), que promove o extravasamento vascular. Respostas de Vasos Linfáticos e Linfonodos: Na inflamação, o fluxo linfático é aumentado e ajuda a drenar o fluido do edema que se acumula devido ao aumento de permeabilidade vascular. Os vasos linfáticos, assim como os vasos sanguíneos, se proliferam durante as reações inflamatórias a fim de lidar com o aumento da carga. Os linfonodos inflamados são aumentados por causa da hiperplasia dos folículos linfoides e do aumento no número de linfócitos e macrófagos. Linfangite: Os vasos linfáticos podem tornar-se inflamados de maneira secundária. Linfadenite: Os linfonodos de drenagem podem tornar-se inflamados. RECRUTAMENTO DE LEUCÓCITOS PARA OS LOCAIS DE INFLAMAÇÃO As mudanças no fluxo sanguíneo e na permeabilidade vascular são rapidamente seguidas por influxo de leucócitos no tecido. Os leucócitos também produzem fatores de crescimento que ajudam no reparo. O preço pago pela potência de defesa dos leucócitos é que, quando fortemente ativados, eles podem induzir dano aos tecidos e prolongar a inflamação, pois os produtos dos leucócitos que destroem os microrganismos e ajudam a “limpar” os tecidos necróticos também podem lesar os tecidos do hospedeiro não envolvidos no processo. A jornada dos leucócitos da luz vascular até o tecido é um processo de várias etapas, mediado e controlado por moléculas de adesão e citocinas chamadas quimiocinas: (1) Na luz: marginação, rolamento e adesão ao endotélio. O endotélio vascular, em seu estado normal não ativado, não se liga às células circulantes nem impede sua passagem. Na inflamação, o endotélio é ativado e pode ligar-se aos leucócitos, como um prelúdio de sua saída dos vasos sanguíneos. (2) Migração através do endotélio e da parede do vaso. (3) Migração nos tecidos em direção aos estímulos quimiotáticos. Adesão do Leucócito ao Endotélio: Marginação: É o processo de redistribuição de leucócitos. Como o fluxo sanguíneo torna-se mais lento no princípio da inflamação (estase), as condições hemodinâmicas mudam (a tensão de cisalhamento na parede do vaso diminui) e mais leucócitos assumem posição periférica ao longo da superfície endotelial. A ligação dos leucócitos às células endoteliais é mediada pelas moléculas de adesão complementares nos dois tipos de células cuja expressão é reforçada pelas citocinas. As citocinas são secretadas pelas células-sentinela nos tecidos, como resposta aos microrganismos e outros agentes lesivos, garantindo, dessa forma, que os leucócitos sejam recrutados aos tecidos, onde esses estímulos estão presentes. Migração dos Leucócitos Através do Endotélio (Diapedese ou Transmigração): A transmigração dos leucócitos ocorre principalmente nas vênulas pós-capilares. As quimiocinas agem nos leucócitos que se aderem e estimulam as células a migrar através dos espaços interendoteliais em direção ao gradiente de concentração química; ou seja, rumo ao local da lesão ou da infecção onde as quimiocinas estão sendo produzidas. Após atravessar o endotélio, os leucócitos penetram na membrana basal, provavelmente por secretarem colagenases, e entram no tecido extravascular. As células, então, migram em direção ao gradiente quimiotático criado pelas quimiocinas e por outros quimioatraentes, acumulando-se no sítio extravascular. Quimiotaxias Dos Leucócitos: É a locomoção seguindo um gradiente químico, onde após os leucócitos saírem da circulação vão para os tecidos em direção ao local da lesão. Os quimioatraentes endógenos incluem vários mediadores químicos: (1) citocinas, particularmente aquelas da família de quimiocinas; (2) componentes do sistema complemento, por exemplo o C5a; (3) metabólitos, principalmente o leucotrieno B4 (LTB4). Todos esses agentes quimiotáticos se ligam a receptores específicos ligados a proteínas G transmembrana-7 na superfície dos leucócitos. Os sinais iniciados a partir desses receptores resultam na ativação de mensageiros secundários que aumentam o cálcio citosólico e ativam pequenas guanosinas trifosfatases da família Rac/Rho/cdc42, bem como várias cinases. Esses sinais induzem a polimerização da actina, resultando no aumento das quantidades de actina polimerizada nas bordas da célula e na localização de filamentos de miosina na parte posterior. O leucócito se move ao estender filopódios que puxam a parte de trás da célula na direção da extensão. As respostas desses leucócitos consistem em: (1) reconhecimento dos agentes agressores pelos TLRs e outros receptores, os quais geram sinais que (2) ativam os leucócitos para a fagocitose e destroem os agentes agressores. Os neutrófilos predominam no infiltrado inflamatório durante as primeiras horas, depois são substituídos pelos monócitos e macrófagos. FAGOCITOSE E LIBERAÇÃO DO AGENTE AGRESSOR Ativação dos Leucócitos: É o conjunto de reconhecimento que induz várias respostas dos leucócitos. − Ela resulta em vias de sinalização, levando a aumento do cálcio citosólicos e ativação de enzimas como a proteína quinase C e a fosfolipase A2. Fagocitose Nela se tem primeiro o reconhecimento e ligação de partículas que irão ser ingeridas pelos leucócitos, essa ingestão acaba formando vacúolo fagocítico, depois se tem a morte ou degradação do material ingerido. Receptor de manose: é uma lectina que se liga aos resíduos terminais manose e fucose de glicoproteínas e glicolipídios, ele reconhece microrganismos e não as células do hospedeiro. Receptores Depuradores: São moléculas que se ligam e medeiam a endocitose de partículas de lipoproteína de baixa densidade (LDL) oxidada ou acetilada que não podem mais interagir com o receptor convencional de LDL. Receptores para várias opsoninas ligantes aos microrganismos ingeridos: As principais opsoninas são os anticorpos IgG, o produto da quebra de C3b do complemento e certas lectinas do plasma. Após a ligação da partícula aos receptores do fagócito, as extensões do citoplasma (pseudópodes) fluem ao redordela e a membrana plasmática se fecha para formar uma vesícula (fagossomo) que engloba a partícula. Em seguida, o fagossomo se funde com o grânulo lisossômico, resultando na liberação do conteúdo do grânulo para dentro do fagolisossomo. Destruição Intracelular de Microrganismos e Resíduos A morte dos microrganismos é realizada pela espécies reativas de oxigênio ERO e espécies reativas de nitrogênio. ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO: as EROs são produzidas dentro do lisossomo e do fagolisossomo, onde podem agir nas partículas ingeridas sem danificar a célula hospedeira. é, então, convertido(a) em peróxido de hidrogênio (H2O2), predominantemente devido à dismutação espontânea. O H2O2, por si só, não é capaz de destruir, de forma eficiente, os microrganismos. O H2O2 também é convertido no radical hidroxila (-OH), outro agente destrutivo muito potente. Esses radicais livres derivados do oxigênio se ligam e modificam os lipídios, proteínas e ácidos nucleicos das células, destruindo, dessa forma, as células como microrganismos, pois são ligadas ao dano tecidual acompanhado de inflamação. ÓXIDO NÍTRICO: Há três tipos diferentes de NOS: o endotelial (eNOS), o neuronal (nNOS) e o induzível (iNOS). O eNOS e o nNOS são constitutivamente expressos em baixos níveis, e o NO que produzem funciona com o objetivo de manter o tônus vascular e como um neurotransmissor. O iNOS, tipo envolvido na eliminação de microrganismos, é induzido quando os macrófagos e neutrófilos são ativados pelas citocinas Além de seu papel como substância microbicida, o NO relaxa o músculo liso vascular e promove a vasodilatação. ENZIMAS LISOSSÔMICAS E OUTRAS PROTEÍNAS LISOSSÔMICAS: Os neutrófilos e monócitos contêm grânulos lisossômicos que contribuem para a eliminação de microrganismos e, quando liberados, podem contribuir para o dano tecidual. − Os neutrófilos possuem dois principais tipos de grânulos: Os menores específicos, que contêm lisozima, colagenase, gelatinase, lactoferrina, ativador e plasminogênio, histaminase e fosfatase alcalina. Os grânulos azurófilos maiores, que contêm mieloperoxidase, fatores bactericidas, hidrolases ácidas e uma variedade de proteases neutras. − As proteases ácidas degradam bactérias e resíduos dentro dos fagolisossomos, onde são acidificados por bombas de prótons ligadas às membranas. − As proteases neutras são capazes de degradar vários componentes extracelulares, como, por exemplo, colágeno, membrana basal, fibrina, elastina e cartilagem, resultando em destruição tecidual que acompanha os processos inflamatórios. Podem clivar diretamente as proteínas do complemento C3 e C5, liberando anafilatoxinas e liberando um peptídeo tipo cinina a partir do cininogênio. − Sistema de Antiproteases: a α1- antitripsina, que é o principal inibidor da elastase de neutrófilo, a α2-Macroglobulina é outra antiprotease encontrada no soro e em várias secreções. Armadilhas Extracelulares de Neutrófilos São redes fibrilares extracelulares que fornecem alta concentração de substâncias antimicrobianas em locais de infecção, evitando que os microrganismos de espalhem ao prendê- los nas fibrilas. Ela consiste em uma malha viscosa de cromatina nuclear que liga e concentra as proteínas granulares como os peptídeos e as enzimas antimicrobianas. No processo de formação das NETs, os núcleos dos neutrófilos desaparecem, levando à morte das células. Dano Tecidual Mediado por Leucócitos Os leucócitos são importantes causas de lesão às células e aos tecidos normais: − Em algumas infecções de difícil erradicação, a resposta prolongada do hospedeiro contribui mais para a doença do que o próprio microrganismo. − Quando a resposta inflamatória é inapropriadamente direcionada contra os tecidos do hospedeiro, como em certas doenças autoimunes. − Quando o hospedeiro reage excessivamente contra substâncias do ambiente geralmente inofensivas, como ocorre nas doenças alérgicas. Outras Respostas Funcionais dos Leucócitos Ativados Essas células, especialmente os macrófagos, produzem citocinas que podem ou amplificar ou limitar as reações inflamatórias, fatores de crescimento que estimulam a proliferação das células endoteliais e fibroblastos e a síntese de colágeno, além de enzimas que remodelam os tecidos conjuntivos. A IL-17 estimula a secreção de quimiocinas que recrutam outros leucócitos. Na ausência de respostas efetivas de TH17, os indivíduos se mostram suscetíveis a infecções fúngicas e bacterianas, e os abscessos cutâneos que se desenvolvem são os “abscessos frios”, que não apresentam as características clássicas da inflamação aguda, como calor e vermelhidão. TÉRMINO DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA AGUDA A inflamação diminui depois de os agentes agressores serem removidos, e a medida que a inflamação se desenvolve, o próprio processo deflagra uma gama de sinais de alerta que ativamente encerram a reação. Mediadores da Inflamação São as substâncias que iniciam e regulam as reações inflamatórias. Os mediadores mais importantes da inflamação aguda são as aminas vasoativas, os produtos lipídicos (prostaglandinas e leucotrienos), as citocinas (incluindo as quimiocinas) e os produtos da ativação do complemento. Mediadores são secretados a partir de células que estão concentrados em grânulos intracelulares e podem ser secretados por exocitose do grânulo ou produzidos a partir de proteínas plasmáticas, que são produzidas no fígado e estão presentes na circulação como precursores inativos que têm de ser ativados. Os principais tipos de células que produzem mediadores de inflamação aguda são as sentinelas, que detectam invasores e dano tecidual, ou seja, macrófagos, células dendríticas e mastócitos. Mediadores ativos são produzidos somente em resposta a vários estímulos. A maioria dos mediadores tem vida curta. Um mediador pode estimular a liberação de outros mediadores. AMINAS VASOATIVAS: HISTAMINA E SEROTONINA: A histamina é armazenada nos grânulos dos mastócitos e liberada pela desgranulação em resposta a uma variedade de estímulos como a lesão física como trauma, frio ou calor; a ligação de anticorpos aos mastócitos, que constitui a base das reações alérgicas; produtos do complemento chamados de anafilatoxinas. Ela causa dilatação das arteríolas e aumenta a permeabilidade das vênulas. − A serotonina é um mediador vasoativo preformado presente nas plaquetas e em certas células neuroendócrinas, sua função é atuar como neurotransmissor no trato gastrointestinal, é um vasoconstritor. METABÓLITOS DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO: Os mediadores lipídicos, prostaglandinas e leucotrienos, são produzidos a partir do ácido araquidônico (AA), presente nos fosfolipídios da membrana, estimulando as reações vasculares e celulares na inflamação aguda. SISTEMA COMPLEMENTO: é uma coleção de proteínas solúveis e de receptores de membrana que funcionam principalmente na defesa do hospedeiro contra os microrganismos e nas reações inflamatórias patológicas. (1) A clivagem de C3 pode ocorrer por uma das três vias seguintes: Via clássica, que é desencadeada pela fixação do C1 ao anticorpo (IgM ou IgG) que se combinou com o antígeno. Via alternativa, que pode ser desencadeada pelas moléculas da superfície de microrganismos, polissacarídeos complexos, veneno de cobra e outras substâncias, na ausência do anticorpo. Via da lectina, na qual a lectina ligante à manose do plasma se liga aos carboidratos nos microrganismos, ativando diretamente o C1. (2) Todas as três vias de ativação do complemento levam à formação de uma enzima ativa chamada C3 convertase, que quebrao C3 em dois fragmentos funcionalmente distintos: o C3a e o C3b. O C3a, então, é liberado e o C3b se torna covalentemente ligado à célula ou à molécula onde o complemento está sendo ativado. Em seguida, mais C3b se liga aos fragmentos previamente gerados para formar a C5 convertase, que quebra o C5 para liberar o C5a e deixar o C5b ligado à superfície celular. O C5b se liga aos últimos componentes (C6-C9), culminando na formação de um complexo de ataque à membrana. − Esse sistema possui três funções principais: Inflamação, opsonização e fagocitose, lise celular. − Os papéis mais importantes dessas proteínas regulatórias são os seguintes: Inibidor de C1 (C1 INH); Fator de aceleração de decaimento (DAF) e a CD59; Outras proteínas regulatórias do complemento clivam proteoliticamente componentes ativos do complemento. OUTROS MEDIADORES DA INFLAMAÇÃO: − Fator de Ativação Plaquetária (PAF): Ele causa agregação plaquetária, vasoconstrição e broncoconstrição, em concentrações baixas, provoca vasodilatação e aumento de permeabilidade venular. − Produtos da Coagulação: Os receptores ativados pela protease (PARs), os quais são ativados pela trombina e expressos nas plaquetas e leucócitos. − Cininas: São peptídeos vasoativos derivados das proteínas plasmáticas (cininogênio), pela ação de proteases específicas denominadas calicreínas. A bradicinina aumenta a permeabilidade vascular e causa contração do musculo liso, dilatação dos vasos sanguíneos e dor quando injetada na pele. − Neuropeptídeos: São secretados por nervos sensoriais e vários leucócitos, e tem participação na iniciação e na regulação de respostas inflamatórias. Por exemplo, a substância P e a neurocinina A. Padrões Morfológicos da Inflamação Aguda São a dilatação de pequenos vasos sanguíneos e o acúmulo de leucócitos e fluido no tecido extravascular. Inflamação Serosa: É marcada pela exsudação de fluidos com poucas células nos espaços criados pela lesão celular ou em cavidades corporais revestidas pelo peritônio, pleura e pericárdio. A efusão é o acúmulo de fluidos na cavidade corporal. Inflamação Fibrinosa: É um exsudato fibrinoso que se desenvolve quando ocorrem grandes extravasamentos ou na presença de um estímulo pró-coagulante local. A conversão do exsudato fibrinoso em tecido cicatrizado (organização) dentro do saco pericárdico produz um espessamento fibroso opaco do pericárdio e do epicárdio na área de exsudação Inflamação Purulenta (Supurativa), Abscesso: É caracterizada pela produção de pus, um exsudato constituído por neutrófilos, resíduos liquefeitos de células necróticas e fluido de edema. A causa mais comum é a infecção por bactérias que causam necrose por liquefação de tecidos. EX: Apendicite Aguda. Úlceras: É um defeito local ou escavação da superfície de um órgão ou tecido, que é produzida por perda de tecido necrótico inflamado. É comum encontra ela na mucosa da boca, estômago, intestinos ou trato genitourinário; na pele e no tecido subcutâneo das extremidades inferiores em pessoas mais velhas com distúrbios circulatórios que predispõem a uma extensa necrose isquêmica. RESULTADOS DA INFLAMAÇÃO AGUDA Todas as reações inflamatórias agudas podem apresentar um destes três resultados: − Resolução Completa: É o resultado normal quando a lesão é eliminada ou de curta duração, ou quando houve pouca destruição tecidual e as células parenquimatosas danificadas podem regenerar-se. A resolução envolve a remoção dos restos celulares e microrganismos pelos macrófagos e a reabsorção do fluido de edema pelos linfáticos. − Reparo pela Substituição do Tecido Conjuntivo: Isso ocorre após importante destruição tecidual, quando a lesão inflamatória envolve tecidos que são incapazes de regeneração ou quando existe exsudação abundante de fibrina no tecido ou em cavidades serosas, dessa forma o tecido conjuntivo cresce para dentro das áreas de dano ou exsudato, convertendo-as em uma massa de tecido fibroso. − Progressão da Resposta para Inflamação Crônica: Ocorre quando a resposta inflamatória aguda não pode ser resolvida, como resultado da persistência do agente lesivo ou de alguma interferência no processo normal de reparo. Inflamação Crônica É a inflamação de duração prolongada (semanas ou meses) em que a inflamação, a lesão tecidual e as tentativas de reparo coexistem em variadas combinações. Causas: (1) Infecções persistentes por microrganismos difíceis de eliminar, como microbactérias, certo vírus, fungos e parasitas. (2) Doenças de Hipersensibilidade, são doenças causadas pela ativação excessiva ou inapropriada do sistema imunológico. (3) Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos, tanto exógenos quanto endógenos. (4) Doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer, a síndrome metabólica e o diabetes do tipo 2, além de certas neoplasias em que as reações inflamatórias promovem o desenvolvimento de tumores. Características Morfológicas: Infiltração com células mononucleares, como macrófagos, linfócitos e plasmócitos; Distribuição tecidual, induzida pelo agente agressor persistente ou pelas células inflamatórias; Tentativas de Reparo pela substituição do tecido danificado por tecido conjuntivo. CÉLULAS E MEDIADORES DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA A combinação de infiltração leucocitária, dano tecidual e fibrose, que caracteriza a inflamação crônica, resulta da ativação local de vários tipos celulares e da produção de mediadores. FUNÇÃO DOS MACRÓFAGOS Contribuem com a reação ao secretar citocinas e fatores de crescimento que agem em várias células, destruindo invasores estranhos e tecidos, bem como ativando outras células, em especial os linfócitos T. MACRÓFAGOS: são células teciduais derivadas de células-tronco hematopoiéticas na medula óssea, bem como de células progenitoras no saco vitelino embrionário e no fígado do feto durante o desenvolvimento inicial. Progenitores comprometidos na medula óssea dão origem aos monócitos, que entram no sangue, migram para o interior de vários tecidos e se diferenciam em macrófagos. Nas reações inflamatórias, os monócitos começam a migrar para dentro dos tecidos extravasculares de forma bem rápida e, no intervalo de 48 horas, podem constituir o tipo celular predominante. Há duas vias principais de ativação dos macrófagos: − Ativação clássica: Induzida por produtos microbianos; pelos sinais derivados de células T; ou por substâncias estranhas incluindo cristais e partículas. Produzem NO e ERO, além de suprarregular as enzimas lisossômicas, resultando no aumento da habilidade de eliminar organismos ingeridos e secretar citocinas que estimulam a inflamação. Esses macrófagos são importantes para a defesa do hospedeiro contra microrganismos e em muitas reações inflamatórias. − Ativação alternativa: É induzida por outras citocinas além do IFN-γ, tais como a IL-4 e a IL-13. A principal atuação é no reparo tecidual. Eles secretam fatores de crescimento que promovem a angiogênese, ativam os fibroblastos e estimulam a síntese de colágeno. Funções dos Macrófagos: − Ingerem e eliminam os microrganismos e os tecidos mortos. − Os macrófagos iniciam o processo de reparo tecidual e estão envolvidos na formação de cicatrizes e fibrose. − Os macrófagos secretam mediadores da inflamação, tais como as citocinas (TNF, IL-1, quimiocinas e outras, e eicosanoides). − Os macrófagos apresentam antígenos para os linfócitos T e respondem a sinais das células T, configurando, dessa forma, uma cadeia de retroalimentação FUNÇÃO DOS LINFÓCITOS Os microrganismos e outros antígenos do ambiente ativam os linfócitos Te B, o que amplifica e propaga a inflamação crônica. Os linfócitos T e B (efetor e memória) estimulados pelos antígenos usam vários pares de moléculas de adesão (selectinas, integrinas e seus ligantes) e quimiocinas para migrar para os locais de inflamação. OUTRAS CÉLULAS NA INFLAMAÇÃO CRÔNICA Eosinófilos: são abundantes nas reações imunológicas mediadas por IgE e em infecções parasitárias. Têm grânulos contendo a proteína básica principal, uma proteína altamente catiônica que é tóxica para parasitas, mas também causa lise das células epiteliais dos mamíferos. Por isso, são benéficos ao controle das infecções parasitárias, mas também contribuem para o dano tecidual nas reações imunológicas. Mastócitos: são amplamente distribuídos nos tecidos conjuntivos e participam de ambas as reações inflamatórias, aguda e crônica. Expressam em sua superfície o receptor (Fc RI) que liga a porção Fc do anticorpo IgE. Neutrófilos: sejam característicos da inflamação aguda, muitas formas de inflamação crônica que duram por meses continuam a mostrar grandes números de neutrófilos, induzidos tanto por microrganismos persistentes quanto por mediadores produzidos pelos macrófagos ativados e linfócitos T. INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA É uma forma de inflamação crônica caracterizada por coleções de macrófagos ativos, frequentemente com linfócitos T, e, algumas vezes, associada à necrose central. Existem dois tipos de granuloma, que diferem em suas patogêneses: − Granulomas de Corpos Estranhos: são formados por corpos estranhos relativamente inertes, na ausência de respostas imunológicas mediadas por células T. − Granulomas Imunes: são causados por uma variedade de agentes capazes de induzir a resposta imunológica mediada por célula T. Em geral, esse tipo de resposta imunológica produz granulomas quando é difícil eliminar o agente iniciador, como é o caso de um microrganismo persistente ou autoantígeno.
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