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CAPÍTULO 25 Piridina () N Os compostos heterocíclicos insaturados de seis membros podem ser considerados análogos ao benze no pela substi- -o de um CH2 ou CH por um heteroátomo. Entre os representantes desta classe de compostos, encontram-se a piridina, :'.4-diidropiridina, a quinolina e isoquinolinas, sendo a piridina um dos mais importantes. CI epibatidina (analgésico) mesilato de delavirdina (usado no tratamento de infecções de HIV-1 em combinação com medicação anti-HIV-1) prialdoxima (antídoto para envenenamento por organofosfatos) ~ N N \ H Me QI::-....+ N,N 1- OH I Me nicotina isoniazida (tratamento de tuberculose) o O~ o ~ N OH 5 6-[4-(2,4,4-trimetil-5,6-diidro-4H-tiopiran-3-il) but-3(E)-en-1-inil]piridina-3-carbóxi éster (tratamento de acne e psoríase) ácido 2-ciclopentil -2-(2-piridil) acético (tratamento de asma) 138 Piridina A piridina, de p.f. de - 42 "C e de p.e. de 115 "C, é um líquido incolor, miscível em água e tem odor semelhante aminas. A piridina é tóxica e a inalação de seus vapores causa danos ao sistema nervoso. É uma base fraca (pKa = - cf. amina alifática pKa = 10, anilina pKa = 4,58). A piridina, e igualmente a picolina e as lutidinas, é constituinte Cc de osso e de carvão.°ácido nicotínico (ácido 3-carbóxi piridínico), de p.f. de 236 "C, foi primeiramente obtido pela oxidação do ai nicotina com KMn04' É produzido comercialmente a partir da 5-etil-2-metilpiridina e, assim como sua amida, pert grupo das vitaminas B (vitamina B5)' A necessidade diária de um adulto é de cerca de 20 mg, e a deficiência de nicotínico causa pelagra, uma doença de pele. A nicotinamida (piridin-3-carboxamida, níacina), de p.f. de 130 "C, é comercialmente produzida pela reação com em presença de oxigênio da 3-picolina, seguida pela hidrólise parcial do intermediário 3-cianopiridina. CY N NH3, O2 catalisador )o od'NH2 N Os alcalóides piridínicos nicotina (R = eH~, nornicotina (R = H), nicotirina e anabasina são alguns dos produt turais derivados da piridina. 0",0~ ,\\\\ NI I0-. R N 0"",,0I I0-. H N nicotina (R = CH3) nornicotina (R = H) nicotirina anabasina Nicotina SÍNTESE DA (5)-NORNICOTINA o-sr + 82%n-SuLi •• OPivJ:r!3PiVO•. PivO N 45% PivO ~ OPiv 'I ~ON PivO~NH2 PivO HCI, MeOH. ,. F\~Vl \~~N/ I H (S)-nornicotina c 95% ~ OPIV ~O PivO~OH PivO Piridina 139 o tabagismo é diretamente responsável por 30% das mortes por câncer, das quais 90% por câncer de pulmão, 25% por zoença coronariana, 85% por doença pulmonar obstrutiva crônica e 25% por doença cerebrovascular. Outras doenças -:.uetambém estão relacionadas ao uso do cigarro são: aneurisma arterial, trombose vascular, úlcera do aparelho digesti- 0, infecções respiratórias e impotência sexual no homem. O piridoxol (piridoxina, 3-hidróxi-4,5-bis(hidroximetiD-2-metilpiridina, vitamina B6) foi primeiramente conhecido - mo adermina (Kuhn, 1938) devido à deficiência de vitamina B6causar doenças de pele nos animais. Piridoxal (R = :HO) e piridoxamina (R = CH2NH2) também pertencem ao grupo da vitamina B6' A nicotinamida adenina dinucleotí- ::eo (NAD(±), forma reduzida da NADH) é um componente das oxidorredutases. Betalaínas são corantes relacionados às cianinas com grupos tetraidropiridinas terminais. Ocorrem raramente como :. icosídeos em plantas superiores (família das Caryophyllates). CHO o IIO-P-OH I OH HO 0- N piridoxol piridoxina fosfato de piridoxal O· cfNH2 '; O O I 11" 0- O-P-O-P-O~I I O OH OH nicotinamida adenina OH OH dinucleotídeo Por exemplo, o corante presente na beterraba contém betanidina aglicona. betanidina aglicona Os deriva cios da piridina são importantes como fármacos; os derivados dos ácidos nicotínicos são usados como vaso- dilatadores , anticoagulantes e agentes hipolipidêrnicos; os derivados do ácido isonicotínico (ácido piridino-4-carboxílico), tais como isoniazida e etionamida, são usados como tuberculostáticos e 2-benzilpiridina, na forma de feniramina, como antí- histamínico. . O nifedipino e outras 1,4-diidropiridinas correlatas são importantes como agentes anti-hipertensivos (antagonistas de Ca2+). São preparados pela síntese clássica de Hantzsch do éster acetoacético, um arilaldeído e NH3. O ácido niflúmico é usado como um antí-reurnátíco e analgésico; a sulfapiridina foi um dos primeiros agentes bactericidas da classe das sulfo- namidas a ser usado. 140 Piridina S NH~ÓH-NH2 N isoniazida Ox9~II~ h N H CN c-, N etionamida feniramina QO N N-S02I H sulfapiridina C02H (X»CF I 3 H ácido niflúmico o nifedipino Outros derivados piridínicos com atividade biológica são os herbicidas Paraquat e Diquat. NOMENCLATURA Grupos piridil Ó N Q N (( N 3- ou r3-piridil 4- ou -y-piridil2- ou a-piridil Íon piridínio Diidropiridinas a: HH6 N HO N H I 3,4 2,5 H 1,4 H d~ N H 2,3 UH N H \ H 1,2 Piridina 141 Tetraidropiridinas H Hv: H H H H H N Nomes triviais de derivados da piridina QN picolina (2-metil piridina) ácido picolínico REAÇÕES H H :V H ~ H /12 (( N lutidina (2,3-dimetil piridina) ácido nicotínico colidi na (2,3,4-trimetil piridina) ácido isonicotínico Para a piridina, as seguintes reações podem ser preditas com base em suas estruturas 'eletrônicas: Estruturas de ressonância 4 0-. I6::-"'" 2 N • reagentes eletrofílicos são atacados preferencialmente pelo átomo de nitrogênio e pelos átomos do CI), enquanto re- agentes nucleofílicos atacam preferencialmente os átomos do Co; e "{; • a piridina participa de reações de substituição eletrofílicas (SEAr)mais relutantemente; porém, mais facilmente, de substitui- ções nucleofílicas (SNAr) do que o benzeno, • a piridina sofre isomerizações de valência térmica e foto quimicamente análogas ao benzeno. 142 Piridina Reações de substituição eletrofilicas As reações de SEArocorrem mais lentamente com a piridina do que com o benzeno, usualmente demandam COG ~ drásticas e ocorrem exclusivamente na posição 3. A reatividade da piridina é comparável à do nitrobenzeno. Em reações de SEArem meio fortemente ácido (nitração ou sulfonação), esta reatividade é similar à do 1,3-dinitrobe:: A basicidade do nitrogênio na piridina é crucial para decidir se a reação de SEArem meio ácido envolve a piridinz ou o íon piridínio posteriormente desativado. Por exemplo, piridinas com pKa 1 são nitradas via espécie pro enquanto, no caso de piridinas com pKa 2,5, a base livre está envolvida. Como esperado, substituintes doadores a tam a reatividade da SEAr. o N Sulfonação A sulfonação da piridina com oleum a 250°C cata lisada por Hg(II) produz o ácido 3-sulfono-piridínico. ° efeito do Hg(II) nesta reação é atribuído à coordenação deste com o átomo de nitrogênio e supressão protonação do nitrogênio. A sulfonação da piridina a 360°C ou o aquecimento do ácido 3-sulfono-piridínic esta temperatura produz o ácido 4-sulfono-piridínico, o que indica o controle termodinâmico da substituição - posição 4. Piridinas alquil substituídas mostram algumas peculiaridades, e a sulfonação da 2-, 3- e 4-picolina sempre prod ácido (2-, 3- ou 4-) 5-sulfõnico. 2-, 3-, 4-picolina 2,6-Di-tere-butilpiridina é convertida no ácido l3-sulfônico em condições suaves (S03' SOzlíq., -10 °C), enquanto 2. - lutidina não sofre substituição no anel com oleum, mas produz N-sulfonado pela adição de S03 ao nitrogênio. Com oleu a altas temperaturas, a sulfona é obtida juntamente com o produto bicíclico. M oleum M~ I S03- -;/ S03H -;/ -;/ S03 oleum•• ~~ -10°C ~ 250°C ~N N N A pronta formação do ácido sulfõnico indica impedimento estérico imposto pelos grupos tere-butila ao ataque. de modo que o átomo de nitrogênio não possa atacar o S03' ocorrendo somente substituição no anel ativado pelo grupos alquil. Halogenação A halogenação da piridina ocorre com cloro ou bromo elementar a altas temperaturas. 3-Halo- e 3,5-dialopiridinas são formadas a aproximadamente 300°C, como resultado de um processo iônico SEAr. Piridina 143 o N Em temperaturas superiores a 300°C, 2-halo- e 2,6-dialopiridinas são produzidas, provavelmente, por ummecanismo radicalar, Comparativamente, pouco é conhecido sobre outras reações de substituição da piridina. Exceções são os sistemas atívados, por exemplo, 3-hidroxipiridina sofre acoplamento aza-, carboxilação e aminoalquilação. Seu O-etil éter pode -er alquilado no anel via o método de Friedel-Crafts. Reações de substituição nuc1eofílica Como esperado, N-, 0-, S- e C- nucleófilos atacam os átomos de carbono do anel piridínico. A adição do nucleófilo e eliminação de um substituinte da piridina como grupo de partida ocorre em um processo de dois passos. Um exemplo é uma reação SNArcom regeneração de um sistema heteroareno. Reações SNArna piridina ocorrem prefe- rencialmente nas posições 2- e 4- e menos facilmente na posição 3-, como indicado por estudos de reatividade relativa de halopiridinas (por exemplo, cloropiridina + NaOEt a 20°C: velocidades de reação relativas 2-Cl = 0,2, 4- Cl = 1, 3-Cl = 10-5). . e+Nu »- Q-x e - Nu e-x QN Nu.----------Nue x = halogênio, H Nu- = NH 2 -, HO-, RO-, RS-, RLi, AIH 4 -, NH 3 , aminas Nucleófilos fortes, como amidas, compostos organolítios e hidróxidos, reagem a altas temperaturas de acordo com o esquema de SNAraté com piridinas, embora o íon hidreto seja um grupo de partida pobre. Com 3-halopiridinas, a substituição nucleofílica ocorre via um mecanismo arino. Por exemplo, a reação da 3-cloropiridina com KNH2 em NH3 líquida produz uma mistura de 3~e 4-aminopiridina, o que é indicativo de uma 3,4-diidropiridina como um intermediário. U::--.. I CI __K_N_H2~/" NH3Iíq· »- -33°C N -HCI ~o] 8N majoritário As reações de SNArem íons N-alquilpiridínio possuindo grupos de partida nos átomos de carbono do anel ocorrem muito mais rapidamente que na piridina. Isto aplica-se especialmente para a posição 2 (por exemplo, sal de cloro-N- piridínio + NaOEt em EtOH a 20°C: velocidades relativas de reação 2-Cl = 1011, 4-Cl = 106, 3-Cl = 105, velocidade = 1 para 4-cloropiridina). 144 Piridina eNu: -.•---i.~UNU ~ x R r.. G:J N Nu I R -x e A reação de Chichibabin é historicamente a primeira reação SNArconhecida para a piridina, pois envol -e - com amideto de sódio (em tolueno ou dimetilanilina) e produz 2-aminopiridina, regiosseletivamente. o mecanismo (simplificado) da reação de Chichibabin considera os seguintes aspectos: perda do hidrogêru posição 2 como um íon hidreto, controle da regiosseletividade pela coordenação do sódio no complexo de aé( - e formação do intermediário amideto. A seqüência de reação é provavelmente mais complexa e começa com a :: ordenação da piridina à superfície do NaNH2• A formação do complexo e também a transferência de um elétron (TSE) para o heterociclo é uma possibilidace Esta seqüência é sugeri da pela formação de produtos oriundos da dimerização de um radical, como na reação -- Chichibabin sobre a acridina. Na reação de alquil- ou aril-lítío com piridina, como na reação de Ziegler, também ocorre com substituição =- posição 2. -NaH Na -NH2""'Na-NH2= ,= , NH2-Na---- o N + RLi -LiH (lR À :-2H,, QH I R H Na reação do fenilítio com a piridina, o aduto primário e seu produto protonado, 1,2-diidropiridina, podem ser isola- dos. O complexo (R = C6H5) é transformado em 2-fenilpiridina.quando aquecido a 100 "C, A introdução de vários grupos alquil via reação de Ziegler também é possível. A R,iridina e o terc-butilítio reagem a -70°C, produzindo 2,6-di-terc-butilpiridina através dos compostos mono e dilitiados, e em temperatura superior pro- duzem também o 2,4,6-tri-terc-butilpiridina. ,/~ ~ /,/// , ,//<-LiH U~-----~G~%-----· e_~ R Li® Piridina 145 o N tere-Buli •• Ho I H Li Li H tere-Buli •• N I Li H tere-Buli ~ ::-... N -LiH A substituição na posição 4 da piridina é também possível com compostos organolítios. Por exemplo, 2-lítio-1,3- itiana forma o produto 4-substituído; dialqui1cuprato de lítio, na presença de agentes acilantes, forma principalmente _ 4-diidropiridinas; e LiCu(CH~z forma dois produtos na presença de CICOzCH3· fi Ó N oN LiCu(CH3hCIC02CH3 •• 0+N I C02CH3 majoritário A piridina forma complexos com reagentes de Grignard. Em analogia com a reação de Ziegler, principalmente --odutos 2-substituídos são obtidos com RMgX livre de éter. Por exemplo, com n-BuMgI uma mistura de 2- e 4-n- tilpiridinas é formada (1:100) e, na presença de excesso de Mg, a proporção do complexo diidropiridina aumenta -ara 3:1. No entanto, se cloreto de butila e Mg sofrem reação em piridina quente, então o produto 4-substituído é . tido, na maioria das vezes, exclusivamente (1:100). Outros metais (Li, Na) catalisam esta reação. I I +M: I IL.. • M = Metal RMgX o N U+N R H R Ã Õ---, e~ MgXEB H ÕeN MEB RMgX ----------,.-M Uma mudança no mecanismo da reação para um processo radical ar é sugerida para a reversão na regiosseletividade alquilação. A transferência de um elétron do metal para a piridina produz o ânion radical que reage com RMgXpara rmar a l,.4-diidropiridina e, finalmente, a piridina substituída na posição 2 ou 4. IÇÕES DE NUCLEÓFILOS A ÍONS PIRIDÍNIO Íons NalquilRiridínios sofrem adição de íons hidróxidos reversível e exclusivamente na posição 2, formando 2-hidróxi- _Z-diídro-jv-alqúilpiridínas (pseudobases), que podem ser oxidadas por oxidantes suaves para Nalquil-2-piridonas. ---- -2H 146 Piridina Íons piridínio com substituintes aceptores no nitrogênio também sofrem adição de 0- e N-nucleófilos via C-2 para ~ o produto alquilado. Este processo é seguido pela abertura do anel, provavelmente em um processo eletrocíclico, I'. - 2 resultando na formação dos 1-azatrienos (reação de Zincke, conforme a transformação correspondente do íon pir .: 0112 +Nu8• ~H ·NMNU I I Nu I A A A A= substituinte aceptor (ex.: CN, 803, 2,4-dinitrofenil) o aldeído é obtido do sal de N-2,4-dinitrofenilpiridínio com álcali aquoso e, pela sua hidrólise, é formado glutaconaldeído. A abertura do anel com anilina e uma troca adicional de amina produz o bisanil do glutaconaldeíór -HCI ~ H20 ,)1 "A -Ar-NH/" HN H O I Ar f.1 HO H O Ar- 2,4-dinitrofenil o Ânions de compostos com CH ácidos (ex.: éster malônico) adicionam-se aos íons piridínios, principalmente no C-4. Substituintes já presentes na piridina permitem seqüências de reação interessantes. Isto é exemplificado pela formação do derivado 2,7-naftiridina a partir do sal quaternário da nicotinamida e do és ter malônico. r'l(/(NJyNH2 + Ar O Ar = 4-nitrofenil C02EtcÇHCO Et 1) -HOEt2 2) -2H(N ~ NH2 JO (N Ar O Ar REATIVIDADE DE CADEIAS LATERAIS DA PIRIDINA Alquilpiridinas participam de reações semelhantes às do benzeno, tais como halogenação de cadeias laterais e funcionalização oxidativa. Isto é mais pronunciado nas posições 2- e 4- do que na posição 3-. Experimentos de troca H/D em 2-,3- e 4-picolinas com uma velocidade relativa de troca de 130:1:1810 (MeOD/MeONa a 20 °C, em tolueno = 10-5) demonstram este fato que se deve à ressonância de estabilização dos carbânions correspondentes com a parti- cipação do nitrogênio do anel, o qual não está disponível para o ânion 3-piridil. Piridina 147 Carbânions 2- e 4-alquilpiridínios podem ser gerados em condições tipicamente termodinâmicas (equilibração) ou em presença de bases fortes (amidetos de metais alcalinos e compostos organolítios) em meio aprótico ou, ainda, por bases fracas (hidróxidos, alcoolatos ou aminas) em meio prótico. Sob catálise ácida ou em presença de ácidos de Lewis, 2- e 4-alquilpiridinas do tipo anterior estarão em equilíbrio com bases metilênicas tautoméricas, as quais podem atuar como enaminas. Íons alquilpiridina e N-alquilpiridínio participam de reações catalisadas por bases ou ácidos com reagentes eletrofílicos preferencialmente nas posições 2- e 4-"benzílicas". Por exemplo, o grupo CH3 das 2- ou 4-picolina pode ser alquilado, carboxilado e acilado via condensação de Claisen. As adições aldólica, aldólica múltipla e condensação aldólica também são possíveis. o CH20HII HOCH26CH20HC6H5CH 2)AC20:?' AcOH CH20••• ~:::-- N N N - .. ~ ~.. 2) N I H 148 Piridina Por exemplo, a síntesede 3,4-dietilpiridina é-efetuada pela desprotonação seletiva da metila da posição 4 da 3-etil----:- metilpiridina seguida de alquilação. SÍNTESE Algumas rotas principais são utilizadas para a preparação de anéis piridínicos. /CC C I IC C N tC"'"C .....C 0- CC..........CI I - IC C C /C N N N Via cic1ocondensação Compostos 1,5-dicarbonílicos Os compostos l,5-dicarbonílicos, sob tratamento com NH3, são ciclocondensados para formar 1,4-diidropiridinas, as quais são desidrogenadas e formam piridinas. A formação de diidropiridinas pode ser vista como a formação de uma dupla enamina. Se o substituinte R contém um a-CHz, a condensação aldólica intramolecular para formar cicloexanonas compete com a formação de l,4-diidropiridina. Isto pode ser evitado usando-se hidrocloreto de hidroxilamina para a ciclocondensação. Nesses casos, a desidrogenação torna-se trivial, devido ao intermediário N-hidroxilado permitir a eliminação de H20, produ- zindo diretamente o derivado piridínico. 11\ ~~~~()\ + ('y\ ~OO~ ,ANY-J O~ I H2NOH~HCI H EtOH (X) N Piridina 149 l,5-Dicetonas podem ser obtidas pela adição de Michael de um enolato ou uma enamina a compostos carbonílicos ,13-insaturados. A funcionalidade 1,5-dicarbonílica pode ser substituída pelo 2-alcoóxi-3,4-diidro-2H-piranos (5- etoaldeído mascarado), os quais são obtidos pela reação de hetero Diels-Alder de l3-enonas e éteres vinílicos que, por - atamento com hidroxilamina, fornecem piridinas. ~ R' R' A_ + ( ----.. ~ OEt R O OEt RAO~ Dialdeídos glutacônicos Dialdeídos glutacônicos sofrem ciclização com NH3 e geram piridinas. N-Óxido de piridínio e íons piridínio N-substituí- os são produzidos com hidroxilamina e aminas primárias, respectivamente. Com ácidos, o íon pirílio é formado reversivel- mente; assim, derivados da piridina também podem ser obtidos pela reação do íon pirílio com NH3 e aminas primárias. Pent-2-ene-l,5-dionas são intermediários na formação de 3-acilpiridinas a partir de 1,3-dicetonas e NH3 e resultam de uma condensação de Knoevenagel de duas moléculas de f3-dicetona. Condensação de Knoevenagel A condensação de Knoevenagel é uma reação tipo aldol catalisada por base, e o mecanismo depende do substrato e do tipo de catalisador usado. Na síntese de piridinas, ela permite a síntese de compostos 1,5-dicarbonílicos. Mecanismo da condensação de Knoevenagel F' 150 Piridina Reação 5-Aminopentadienonas formadas pela adição do éster f3-aminocrotônico e nitrilas ao aldeído- ou às cetonas acetílê ciclizam termicamente com perda de HzO, formando derivados do ácido nicotínico. Reação Mecanismo A ciclocondensação do éster f3-aminocrotônico com compostos dicarbonílicos também ocorre via intermediários 5-aminopentadienônicos, formando derivados do ácido nicotínico. Reação Mecanismo Piridina 151 Numerosas alquilpiridinas são formadas em fase gasosa pela interação dr compostos carbonílicos com NH3.O curso destas reações é complexo e ainda pouco entendido; por exemplo, 2,6-dietil-3-metilpiridina é formada de dietilcetona e NH3. Esse processo ocorre com a oxidação ou desidrogenação da dietilcetona formando vinil cetona. A combinação de duas cetonas conduz à 1,5-dicetona que, após ciclocondensação com NH3 seguida de desidrogenação, produz 1,4-diidropiridina. 2% Pt-Si02 ~ .------: ~~I~ 'N !-2H, 2~ O 300°C ,, :-2H,,• ~ O ~ O--------------~ íntese de Hantzsch A síntese de Hantzsch da piridina é um método de considerável abrangência e flexibilidade. Na condensação de qua- ::0 componentes, duas moléculas de um composto [3-dicarbonílico reagem com um aldeído e NH3, formando 1,4- diidropirimidinas que podem ser desidrogenaçias a piridinas. omnação da enamina _lecanismo R1 = COR, C02R R2, R3 = alquil, aril, H Geração do dialocarbeno x,,~.,---.-;B8 desprotonação ....1xx)] l x H -BH· L J GHX3, onde X = GI, Br, I ~~ ==:GX2 Dialocarbeno 152 Piridina A formação das 1,4-diidropirimidinas ocorre por duas rotas: na primeira, NH3 e o composto ~-dicarbonílico co nam-se para formar uma ~-enarninona, enquanto o aldeído e o composto dicarbonílico interagem para produzir ,- cetona a,~-insaturada, resultante de uma condensação de Knoevenagel; na segunda, uma adição de Michael da enamia; à cetona a,~-insaturada forma as 5-aminopent-4-enonas que, em seguida, sofrem ciclocondensação. De forma alteres- tiva, as duas moléculas do composto ~-dicarbonílico interagem com o aldeído via condensação de Knoevenagel se - da pela adição de Michael, formando o sistema 1,5-dicarbonílico que sofre ciclocondensação com NH3· Et02C~ 2 + O Em modificações da síntese de Hantzsch, ~-enaminonas deslocam uma molécula do composto l3-dicarbonílico, e a enona sofre uma ciclocondensação com a ~-enaminona ou os compostos 1,5-dicarbonílicos com NH3· Rearranjo de Ciamician-Dennsted o rearranjo do pirrol para formar 3-halo piridina ocorre sob tratamento com dialocarbenos gerados de halofórrnio (CHX3, onde X = Cl, Br e I) na presença de excesso de uma base forte (NaOMe). Reação Q I H base forte crx N 3-Halo piridina Mecanismo de reação Oí\ inserção de-=CX2 _~c~a:!.!rb~e:<!.n"",o~-'I"~ NV I H -_BXH•• Ç)/X 3-Halo piridina As iminas com substituintes aceptores, por exemplo, a N-tosilimina do éster glioxílico, adicionam-se a 1,3-dienos (ex.: 2,3-dimetilbuta-l,3-dieno) para produzir tetraidropiridinas. A eliminação de ácido sulfínico, saponificação e desidrogenação conduzem a ácidos 2-carboxílico piridínicos. Piridina 153 Síntese via cic1oadição N-Fenilaldiminas u,[3-insaturadas reagem como l-azadienos com ácido maleico fornecendo tetraidropiridinas. Estas, por sua vez, podem ser convertidas à correspondente piridina por desidrogenação. - A isomerização térmica de 2H-azirinas amino-substituídas resulta na formação de 2-azadienos. Esses intermediários reagem com alquinos ativados, por exemplo, com éster acetilenodicarboxílico (EAD), em uma reação de Diels-Alder, gerando diidropiridinas que aromatizam com eliminação de amina e formam o éster 3,4-dicarboxílico piridínico. A ligação C=N, fracamente dienofílica das nitrilas, sofre ciclo adição [4+2] com dienos convencionais somente sob con- dições severas e quando ativada por substituintes aceptores fortes. Por exemplo, benzonitrila e tetrafenilciclopentadienona reagem formando pentafenilpiridina via um intermediário bicíclico seguido de descarboxilação. A trifluoroacetonitrila e o 3-butadieno fornecem 2-trifluorometilpiridina após desidrogenação térmica da diidropiridina inicialmente formada. CF3 I C 111 N 400°C, fase gasosa. •• Intese via transformação de anéis Furanos com funcionalidade acil ou carboxila na posição 2 são transformados em 3-hidroxipiridinas-2-substituídas pela zção de NH3 na presença de sais de amônio. As 5-aminodienonas são propostas como intermediárias. 154 Piridina Uma rota elegante partindo de ésteres 5-alquilfuro-2-carboxílicos leva a 3-hidroxipiridinas-6-substituídas. Ocorre via 1, metoxilação eletrolítica do sistema furânico e, através do tratamento do diidrofurano com a amônia, obtemos a correspon- dente arnida carboxílica que, submetida ao tratamento com LiAlH4, leva à amina furânica correspondente. Sob tratamem com ácido aquoso, o tetraidrofurano, obtido pela hidrogenação do intermediário diidrofurânico, fornece a 3-hidroxipiridoI12. (Y0H ~NAO I H Os oxazóis reagem como 2-azadienos com alquenos, produzindo derivados da piridina de vários tipos. Com enaminas . inaminas ou diazinas e triazinas, sofrem reações de Diels-Alder com demanda inversa de elétrons. Isso leva a piridinas cicloadição de 1,2,4-triazina. Vários diazepinos formam piridinas via contração do anel. Por exemplo, a termólise de l-etoxicarbonil-4-metil-lH-l,2-diazep' leva à 4-metilpiridil-2-carbamato via isomerização de valência, O diazanorcaradieno gerado sofre quebra da ligação N-N co aromatização. Por outro lado, etóxido de sódio abre anéis de sete membros, gerando a formação de eZ,Z)-cianodieno que reciclíza para formar 2-amino-3-metilpiridina com ruptura da funcionalidade uretana.
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