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ALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAÇÃO

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ALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAÇÃO: UMA VISÃO PSICANALÍTICA DA ADAPTAÇÃO ESCOLAR
ECKERT, Suliane Aparecida[footnoteRef:1] [1: Acadêmica do curso de Psicologia, 6º Período. Centro Universitário Campo Real.] 
NASCIMENTO, Willian da Cruz[footnoteRef:2] [2: Acadêmico do curso de Psicologia, 6º Período. Centro Universitário Campo Real.] 
LIMA, Guilherme Almeida de[footnoteRef:3] [3: Orientados, Professor da Disciplina Projeto Integrador, Curso de Psicologia, Centro Universitário Campo Real.] 
RESUMO: Este resumo tem como tema a adaptação escolar de alunos diagnosticados com altas habilidades e superdotação. O objetivo é compreender o contexto atual e fazer uma análise a partir da teoria psicanalítica sobre o atual cenário escolar em que eles se encontram, destacando os esforços dos envolvidos para o desenvolvimento destes alunos. Como resultado observa-se que ainda há muito que ser feito para que os alunos tenham um ambiente escolar adaptado e para que os profissionais envolvidos tenham meios para tornar isso possivel.
Palavras-chave: Altas Habilidades. Superdotação. Psicanálise. Adaptação Escolar 
1 INTRODUÇÃO 
O presente resumo busca descrever o atual cenário escolar onde alunos que possuem diagnóstico de altas habilidades estão inseridos e como o corpo docente os recebem em função deste diagnóstico. Este trabalho se justifica uma vez que é possível perceber que existe um grande vão entre o que é desejado e o que realmente acontece. Esta diferença faz com que alunos com altas habilidades se sintam desmotivados e acabem por ser considerados alunos com maiores dificuldades, o que vai de encontro com o diagnóstico de altas habilidades. A principal razão para que este cenário se apresente é a visão de que alunos com altas habilidades possuem algo de extraordinário, e se espere dele muito mais do que ele pode oferecer.
As escolas estão recebendo alunos diagnosticados com altas habilidades sem o preparo necessário, surgindo, assim, grandes dificuldades para inserir este aluno nas atividades preparadas para a turma, isto se deve a falta de preparo do corpo docente.
Contudo, neste momento, o presente resumo se limitará a descrever o cenário educacional onde o aluno com altas habilidades está inserido. Para isto, será identificadas as ações inclusivas já existentes no sistema educacional para que se possa descrever as principais dificuldades de inclusão para o aluno e então identificar as principais dificuldades de inclusão para o sistema de ensino.
Para este trabalho utilizou-se, exclusivamente, de estudos teóricos em livros e artigos científicos da base de dados SciELO.
2. O DESENVOLVIMENTO INFANTIL PARA A PSICANÁLISE
Na infância as crianças possuem um ego ainda incipiente, pouco estruturado, isso faz com que sua fantasia torne-se mais acessível em sua maioria persecutória. Melanine Klein nomeia como esquizo-paranóide nessa vertente, o corpo da mãe será tomado pela própria criança como objeto de seu interesse
A pulsão epstemofilica não é criada pela libido, mas sim pelo sadismo arcaico, com o qual a criança ataca e ao mesmo tempo conhece o corpo da mãe
Os ataques sádicos dirigidos a mãe entende posteriormente da figura paterna, sendo que a criança tem a fantasia de que ambos sejam despedaçados, que faz com que a criança tenha certa ansiedade, pois a criança sente punida por ambos os pais.
Para a criança isso é uma coisa boa, pois passando por essa ansiedade ela consegue diferenciar o lado externo do interno, ou seja, o lúdico do real, isso faz com que a criança tenha novos objetivos, e esses novos objetivos tornam-se ansiógenos, estabelecendo um processo constante de novas equiparações que formam a base do simbolismo e do interesse em novos objetivos.
“Coloca que o processo de simbolização permite o deslocamento da libido para outros objetos e atividades ligadas ao instinto de conservação e lhe empresta um componente prazeroso. Desse modo, tarefas ou atividades que em si mesmas não tinham tonalidade prazerosa, passam a tê-la, permitindo de modo socialmente aceito a descarga disfarçada de uma energia cujos fins estavam socialmente proibido”(Melanie Klein, 1923 aput Sanada, 2001, p. 14)
 
3 ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO E O SISTEMA DE ENSINO BRASILEIRO
Para Renzulli (2004, p. 82) existem dois tipos de superdotação: a acadêmica e a produtivo-criativa, a primeira está relacionada com a facilidade de aprendizado, já a segunda com a produção de algo novo. A superdotação acadêmica é mais comumente relatada pois é observada com maior facilidade pelos que acompanham a criança no cotidiano, seja no âmbito escolar, familiar ou em comunidade. Já a produtivo-criativa necessita de uma observação mais aprofundada e de liberdade e incentivo à criança no seu processo criativo. Este último pode ter em seu grupo crianças com baixo desempenho acadêmico e supressão de sua superdotação.
A Lei 9394/96, alterada pela Lei 12796/13 prevê direitos aos alunos com AH/SD: “atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com [...]altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino”.
Em 2007 o Ministério da Educação lançava quatro volumes de livros didáticos-pedagógicos para orientar aos professores e às famílias dos alunos com AH/SD. Onde Fleith (2007, p. 53) instrui educadores o processo de identificação de alunos com Ah/SD, devendo este processo contar com uma equipe interdisciplinar “com os profissionais das áreas de Educação, de Psicologia e outras envolvidas de forma direta ou indireta com a Educação Especial” (FLEITH, 2007,p. 60). Instrui os educadores às praticas educacionais para estes alunos, reforçando que ao isolar o aluno pode acarretar problemas emocionais (FLEITH,2007, p. 71). Elencando uma lista com as principais práticas a serem adotadas:
Reconhecer as amplas diferenças individuais e aheterogeneidade do grupo, incluindo sempre alguma instrução individualizada; Evitar a completa segregação, dando oportunidade aos alunos para uma convivência escolar com outros de diferentes habilidades; Selecionar professores bem qualificados, que devem estar constantemente atualizados quanto às pesquisas, formas de avaliação e propostas curriculares específicas para esses alunos; Encorajar o desenvolvimento em várias áreas, além da intelectual; Manter a comunicação tanto entre os diversos professores, como entre professores e pais.(FLEITH, 2007, p.72)
 
A pedagogia ideal seria uma classe com vários graus de capacidade entre os alunos, e o professor ter a capacidade de trabalhar o mesmo assunto de forma que todos compreendesse (FLEITH, 2007, p.72)
3.1 ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO E A REALIDADE DENTRO DA ESCOLA
Na teoria podemos perceber que o ensino está preparado para receber alunos com AH/SD, porém na prática ainda há muito a se fazer. Conclui Veiga, Grade e Gronchoski (2011, p.31), após estudar casos de alunos com AH/SD em escola de ensino fundamental regular, existe muita dificuldade para que estes alunos se sintam incluídos no sistema de ensino. Para os professores existe a falta de acesso ao aluno, que os definem como introspectivos e não respondentes ás atividades propostas, para os alunos em questão há falha no método usado pelo professor regente, já os colegas apontam dificuldade de socialização. Os autores ressaltam a falha no sistema de ensino:
Observou-se com caráter preocupante e até emergencial a falta de diretrizes e suporte no tratamento de sucesso à educação inclusiva e de direito de todos. As intervenções da equipe pedagógica escolar existem e são necessárias, no entanto, são insuficientes diante do contexto de uma educação que se almeja e de uma educação da forma como se apresenta hoje. (VEIGA, GRADE E GRONCHOSKI, 2011, P. 31)
A pesquisa aponta um índice preocupante, onde 69% dos professores não mudam em nada sua metodologia após receber um aluno com AH/SD, alguns deles apenas oferecem atividades extras isoladas.Apenas 25% dos docentes buscam informações, alternativas e métodos de auxilio educacional, e o fazempor iniciativa própria. (VEIGA, GRADE E GRONCHOSKI, 2011, P.32)
4. 	CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em virtude dos estudos aqui apresentados percebeu-se que existe a preocupação do Ministério da Educação em fazer a inclusão dos alunos com Altas habilidades/superdotação no ensino regular. Este possui lei e diretrizes muito bem definidas, manuais bem elaborados e na teoria tudo muito bem descrito.
Porém na prática percebe-se que existe uma distância considerável entre o ideal e o real. Esta distância se dá pela falta de investimento em treinamento, preparo prático e incentivo aos professores, para que eles se sintam motivados a reinventa-se em sala de aula e modificar os métodos ineficazes em classes com alunos com AH/SD.
 
2. REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Sonia Maria Lourenço de, METTRAU, Marsyl Bulkool. (2010). Altas habilidades/superdotação: mitos e dilemas docentes na indicação para o atendimento. Psicologia: ciência e profissão, 30(1), 32-45. Disponível em:http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932010000100004&lng=pt&tlng=pt. Acesso em 29 de agosto de 2021.
BRASIL. Lei nº 9394/96, atualizada em 2015, com redação dada pela Lei nº 12.796/13 altera a legislação federal. Diário Oficial (da) República Federativa do Brasil. Brasília, 5abril 2013. Disponível em:https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2013/lei-12796-4-abril-2013-775628-publicacaooriginal-139375-pl.html. Acesso em: 29 de agosto de 2021.
FLEITH, Denise de Souza (org) A construção de práticas educacionais para alunos com altas habilidades/superdotação: volume 1: orientação a professores / organização: Denise de Souza Fleith. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/par/192-secretarias-112877938/seesp-esducacao-especial-2091755988/12679-a-construcao-de-praticas-educacionais-para-alunos-com-altas-habilidadessuperdotacao. Acesso em: 29 de agosto de 2021.
RENZULLI, Joseph S. O que é esta coisa chamada Superdotação, e como desenvolvemos? Uma retrospectiva de vinte e cinco anos. Educação [en linea]. 2004, XXVII (52), 75-131. ISSN: 0101-465X. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84805205. Acesso em: 29 de agosto de 2021.
SANADA, Elizabeth. Superdotação e psicanálise – Uma questão de desejo. Universidade de São Paulo, 2001. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-22082006-112243/publico/SuperdotacaoePsicanalise.pdf. Acesso em: 29 de agosto de 2021.
VEIGA, Elizabeth Carvalho da; GRANDE, Diogo; GROCHOSKI, Simone. As relações entre o aluno com altas habilidades/superdotação e o professor no ensino. Psicologia Argumento, [S.l.], v. 31, n. 72, nov. 2017. ISSN 1980-5942. Disponível em: https://periodicos.pucpr.br/index.php/psicologiaargumento/article/view/19751 Acesso em: 29 de agosto de 2021.

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