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DRGE Lactentes até os 6 meses geralmente possuem dieta predominantemente líquida, além de se manterem mais na posição decúbito dorsal RGE FISIOLÓGICO DO LACTENTE - Processo fisiológico normal que ocorre várias vezes por dia em todas as pessoas saudáveis, independentemente da idade, duração < 3 minutos, pós-prandial - Distúrbio funcional gastrointestinal transitório e dependente da imaturidade funcional do aparelho digestivo no 1º ano de vida - Até 60% dos lactentes - Inicia < 8 semanas de vida, maior frequência de regurgitações 2-4 meses de vida, diminuindo após - 90-95% resolução até os 12 meses DRGE - Caracterizada quando o RGE causa manifestações clínicas de gravidade variável, associadas ou não a complicações (ex.: esofagite) - Outras manifestações além das regurgitações, como: · Vômitos intensos · Dificuldades durante as mamadas · Déficit de ganho ponderal · Choro · Irritabilidade · Alteração na posição cervical (Síndrome de Sandifer): hiperextensão do tronco e cervical (distonia) na tentativa de obter alívio · Mamadas podem deixar o bebê mais choro e irritado do que acalmá-lo DIFERENCIAR DRGE E RGE FISIOLÓGICO - História e exame clínico minuciosos: determinam se o lactente necessita ou não de intervenção terapêutica, investigação laboratorial, radiológica e/ou endoscópica - Sintomatologia nas crianças maiores e adolescentes: · Azia · Dor retroesternal · Dor epigástrica - Grupos de risco para desenvolvimento de DRGE e suas complicações: · Doenças neurológicas · Prematuridade · Obesidade · Fibrose cística ou displasia broncopulmonar · Antecedente familiar de DRGE · Malformações congênitas do TGI alto (hérnia hiatal, hérnia diafragmática, atresia esofágica, fístula traqueoesofágica) PATOGÊNESE DA DRGE - Alterações na deglutição e clearance esofágico prejudicado: comum em crianças com doenças neurológicas, devido a um ato motor prejudica - Menor resistência da mucosa do esôfago (fatores locais) - Aumento de relaxamento do esfíncter esofágico inferior: pode ocorrer em doenças neurológicas ou em uso de determinados medicamentos, por exemplo - Retardo no esvaziamento gástrico: doenças neurológicas, por exemplo - Patologias abdominais que aumentem a pressão abdominal: favorece retorno de conteúdo gástrico para esôfago - Genética, história familiar, exercícios, postura... - Alergias alimentares - Dieta inadequada - Consumo de álcool e cigarro: adolescentes - Sobrepeso, estresse... INVESTIGAÇÃO - Na faixa etária pediátrica, a decisão pela investigação diagnóstica dependerá do julgamento da gravidade e da repercussão do conjunto de sinais e sintomas e deve ser sempre individualizada, em especial nos grupos de risco: · Pacientes com atresia esofágica corrigida ou neuropatas · Pacientes com doenças respiratórias crônicas: fibrose cística, tosse crônica, asma, disfunção respiratória 🡪 aumento da pressão intra-abdominal e disfunção do EEI que ocasionem DRGE - Nem todos os pacientes pediátricos com refluxo é necessário investigar, pois existe o RGE fisiológico em 60% dos pacientes 🡪 verificar gravidade e sintomas associados - O exame ideal deverá documentar a ocorrência de RGE, detectar suas complicações, estabelecer uma relação causa-efeito entre RGE e sintomas: atualmente, nenhum este isolado preenche todas essas características - Exames radiológicos: devem ser solicitados em casos de ocorrência de vômitos recorrentes ou de aspecto bilioso, perda de peso... · Descartar anormalidades do TGI · US abdominal: baixa sensibilidade e especificidade para a DRGE 🡪 avalia apenas o refluxo pós-prandial, sob pressão da parede abdominal, não diferenciando RGE fisiológica de DRGE. Porém, é útil para diagnóstico de malformações, como estenose hipertrófica de piloro e má-rotação intestinal · Geralmente, o primeiro exame pedido é a US abdominal · Raio x contrastado: pode ser pedido para avaliar hérnias, fístulas, estenose, volvo... 🡪 útil na avaliação do esvaziamento gástrico também - pHmetria mede o RGE ácido · Exame geralmente solicitado apenas por especialistas - Impedanciometria intraluminal: detecta todos os tipos de RGE, independentemente do pH 🡪 é um bom exame · Exame geralmente solicitado apenas por especialistas - Exemplo: estenose hipertrófica do piloro 🡪 alimento/leite não progride a partir do piloro, gerando vômitos após as mamadas 🡪 tratamento cirúrgico - Endoscopia digestiva alta: avalia diretamente a mucosa esofágica e está indicada principalmente para identificar os casos de esofagite 🡪 sempre com biópsia · Geralmente não é o pediatra que pede, e sim o especialista · Geralmente o pediatra generalista pede apenas exames de imagem - Pesquisa de anormalidades anatômicas no trato gastrointestinal superior, como obstrução gástrica ou má-rotação, deve ser considerada quando as regurgitações são acompanhadas de vômitos desde o início do período neonatal ou persistem após o primeiro ano de vida ou, ainda, quando há associação com vômitos biliosos RGE FISIOLÓGICA DO LACTENTE - Se espera que a partir dos 6 meses, ocorra melhora da sintomatologia, pois já há um controle cervical (não fica tanto tempo deitado), já ingere alimentos pastosos e etc., melhorando o clearance esofágico · Se não ocorre melhora, pode-se pensar em outras hipóteses - Pode estar associada à cólica do lactente: se caracteriza com choro por tempo excessivo, principalmente após mamadas · Considerando a possibilidade de que o choro possa ser decorrente de esofagite, vários estudos não mostraram diminuição das manifestações clínicas com a terapia com inibidores da bomba de prótons · Deve ser lembrado que o emprego de redutores da produção gástrica de ácidos se associa a efeitos colaterais no lactente SINAIS E SINTOMAS DRGE - Síndrome de Sandifer: postura distônica intermitente DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Distúrbios obstrutivos do TGI: principalmente em lactentes jovens · Estenose pilórica, má rotação, hérnia, doença de Hirschsprung - Outras doenças do TGI: alergia alimentar, úlcera péptica, doença inflamatória intestinal, gastroparesia (doença neurológica) - Doenças neurológicas: aumento da pressão intracraniana que geram vômitos · Microcefalia, hematoma subdural, hemorragia intracraniana, tumores... · Enxaqueca - Doenças infecciosas: · Sepse, meningite, ITU, pneumonias, otite média, hepatites 🡪 podem cursar com vômitos - Doenças metabólicas/endocrinológicas - Doenças renais: uropatia obstrutiva, insuficiência renal - Intoxicações - Doenças cardíacas - Outras: · Síndrome dos vômitos cíclicos da infância: precursora de enxaqueca na infância TRATAMENTO DAS REGURGITAÇÕES FISIOLÓGICAS DO LACTENTE - Orientações à família quanto ao caráter transitório: acalmar a família de que é algo transitório, com melhora ao passar dos meses - Avaliar exposição passiva ao fumo: deve ser coibida, pois o tabaco diminui o tônus do EEI - Orientação postural: lactente deve ser mantido em posição vertical pelo período de 20-30 minutos após a mamada, para facilitar a eructação e o esvaziamento gástrico - Sono: lactente deve permanecer em decúbito dorsal (supino), com elevação da cabeceira entre 30-40° · Posições prona e lateral e travesseiros: propiciam morte súbita - Diminuir tempo muito prolongado de sucção não nutritiva (chupeta): pois ocorre produção das enzimas gástricas, predispondo a RGE - Orientações a respeito de postura pós mamada, espessamento de fórmula e fracionamento de dieta podem trazer benefícios em pelo menos 60% dos casos leves a moderados de regurgitação do lactente, com a vantagem de não expor os pacientes aos efeitos colaterais do tratamento medicamentoso DIAGNÓSTICO - Exame clínico e história minuciosa: palpação abdominal para pesquisa de massas... - Se sinais de alarme, investigar a causa dos sintomas - Se não houver sinais de alarme: · Evitar superalimentação · Fracionar dieta (menos volume em mais vezes) · Se uso de fórmulas pode-se prescrever fórmula antirefluxo (fórmulas AR) · Se aleitamento materno: diminuir ingesta de proteínas bovinas na alimentação maternaTRATAMENTO - Como 1ª medida de intervenção, preconiza-se a exclusão da proteína do leite de vaca na dieta alimentar, pois o diagnóstico diferencial destas duas condições pode ser difícil em lactentes jovens - Aleitamento materno exclusivo: deve ser retirado o leite de vaca e derivados do leite na nutriz pelo prazo de 2-4 semanas - Lactentes em uso de fórmula comum: trocar por fórmula AR ou fórmula com proteína extensamente hidrolisada/base de aminoácidos 🡪 por 2-4 semanas e observar resposta · Se não houver melhora, encaminhar ao gastropediatra - Em 40% dos casos da DRGE, a causa básica é a alergia: dados como dermatite atópica, história de alergia alimentar na família e presença de sangue oculto nas fezes podem reforçar essa hipótese - IBP: bloqueio da secreção ácida 🡪 pode ser usado em crianças, porém não é uma recomendação inicial! · Sempre iniciar por recomendações não medicamentosas antes do tratamento medicamentoso 🡪 maioria das crianças responde às mudanças comportamentais · Podem diminuir as defesas contra agentes infecciosos, pois a secreção ácida estomacal tem uma função protetora contra infecções. Além disso, dificulta a quebra de proteínas - DRGE na criança e adolescente: · Redução de peso em obesos · Elevação do decúbito durante o sono · Evitar refeições antes de deitar · Diminuir ingesta de chocolates, frituras, alimentos apimentados, refrigerantes, bebidas cafeinadas, alimentos gordurosos · Adolescentes: evitar tabagismo e etilismo - OBS.: IBP por uso prolongado podem aumentar o risco de ocorrência de infecção por Clostridium difficile, sobrecrescimento bacteriano do intestino delgado, diarreia crônica, deficiência de B12 e alterações na absorção de ferro 🡪 usar pelo menor tempo possível quando necessário MANIFESTAÇÕES EXTRAESOFÁGICAS DA DRGE EM CRIANÇAS/ADOLESCENTES - Pacientes com asma persistente grave, com exacerbações noturnas e que apresentem igualmente sintomas digestivos, tais como azia, queimação retroesternal e epigastralgia poderão ser submetidos a tratamento empírico com IBP pelo prazo de 3 meses - Casos instáveis, com asma de difícil controle, a pHmetria esofágica deve ser considerada antes do tratamento com IBP
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