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SEMIOLOGIA NEUROLÓGICA *A semiologia neurológica: avalia as funções neurais superiores: nível de consciência (estado mental), motricidade, equilíbrio estático e dinâmico, sensibilidade superficial e profunda, sinais de irritação meníngea e articular e exame dos nervos cranianos. *Definição de diagnóstico topográfico: lesão supra e infra-tentoral → acima e abaixo da tenda do cerebelo, respectivamente. Lesões supra = hemiparesia ou hemiplelgia (tem a decussação das pirâmides); lesões infra = ipsilateral (mesmo lado); não tem a decussação. *A semiologia neurológica será dividida em: 01) Ectoscopia 02) Avaliação do Nível de Consciência – Estado de consciência, aspecto e comportamento geral, estado emocional, acuidade mental, dominância (destro ou canhoto) ou memória antiga e recente, alterações de fala (disfasias) 03) Avaliação do Coma o Respiração o Pupilas o Movimentos Oculares o Atividade Motora 04) Miniexame do Estado Mental - MEEM (minimental state) – Exame Neuropsicológico 05) Fala e linguagem 06) Memória 07) Equilíbrio 08) Motricidade Voluntária (Motricidade Espontânea, Força Muscular e Manobras Deficitárias) 09) Tônus Muscular 10) Coordenação 11) Pesquisa de Reflexos 12) Sensibilidade: o Tátil o Dolorosa e térmica o Vibratória e Posicional o Cortical (discriminação de dois pontos, esterognosia e grafestesia) 13) Pesquisa de sinais meníngeos 14) Nervos Cranianos 15) Nervos Raquidianos 1) ECTOSCOPIA *Melhor descrita no exame de cabeça e pescoço; aborda estado geral, fáscies e exames de cabeça e face (inspeção e palpação); dados importantes para o diagnóstico neurológico primário ou um quadro com repercussão neurológica. 02) AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA *Nível de consciência: avalia-se pela perceptividade, reatividade, deglutição e reflexos. Os extremos de variação são o estado de vigília e o estado de coma (grau IV). * Nesta parte do exame, temos possibilidade de, usando recursos próprios do exame físico, completar o estudo do nível de consciência do paciente. Com fins práticos, devem ser usados quatro parâmetros para uma avaliação do nível de consciência: PERCEPTIVIDADE: o Compreende a capacidade para responder a perguntas simples (como vai?), informar coisas corriqueiras (nome de familiares, endereço) e realizar cálculos ou atender ordens (“tire a camisa”); o Deve-se avaliar a percepção que o paciente tem do mundo que o cerca e de si mesmo, podendo avaliar se o mesmo está lúcido e orientado no tempo e no espaço (LOTE). o Aqui vamos avaliar a linguagem do paciente; ele pode ter: disartria (não consegue articular a fala de forma correta), afasia (incapacidade de falar), afasia transcortical (repete o que o médico fala → Médico: Tudo bom ?/Paciente: Bom; Médico: Como foi?/Paciente: foi ) o OBS: Afasia transcortical é comum em pacientes com comprometimento por toxoplasmose REATIVIDADE: Capacidade de reagir a estímulos inespecíficos (desviar a cabeça para um ponto onde há barulho), estímulos dolorosos, estímulos as reações verbais ou corporais o A reatividade pode ser avaliada deixando uma chave cair, por exemplo; se o paciente olhar para a chave no chão, está com uma boa resposta DEGLUTIÇÃO: além de ter sido avaliada na anamnese, pode ser testada ao se oferecer um copo d’água, devendo-se observar bem o comportamento do paciente. REFLEXOS: Avaliar reflexos tendíneos (patelar), plantares, cutâneos, abdominais e pupilares. * A partir destes dados, é possível caracterizar os níveis de consciência do paciente; *Consciência → funções do encéfalo que permitem a reação aos estímulos do meio externo e a interação com o ambiente. *Níveis de Consciência: 1) Consciente: Alerta (acordado e com respostas adequadas), confuso ou sonolento; 2) Inconsciente: torporoso ou comatoso; *A classificação de Fisher define os déficits de consciência: sonolência, obnubilado, torpor ou coma: 1) SONOLÊNCIA – Paciente adormecido, mas acorda ao chamado e respostas adequadas; 2) OBNUBILAÇÃO – Sonolência mais profunda e responde em voz alta ou após estímulo moderado; 3) TORPOR – O Paciente mantém-se adormecido, mas após estímulos fortes, responde monossilabicamente e apresenta atividade motora simples; 4) COMA – Não abre os olhos nem emite sons mesmo com estímulos vigorosos (não tem abertura ocular e não tem resposta verbal): o COMA SUPERFICIAL, DISCRETO, GRAU I OU COMA LEVE: se estimulado dolorosamente, sua atividade motora restringe-se a defender o local afetado; o COMA MODERADO, GRAU II OU COMA MÉDIO: entre o coma discreto e o profundo. o COMA PROFUNDO OU GRAU III: o paciente não mantém contato verbal. Constitui- se apenas de movimentos reflexos, como por exemplo aumento de atividade respiratória e postura em descorticação ou descerebração. o COMA IRREVERSÍVEL, GRAU IV OU DEPASSÉ: também denominado de morte cerebral → total arreflexia, midríase paralítica bilateral, apneia, hipotensão grave, ROC e ROV abolidos, EEG com ausência de atividade cerebral, com mais de 24h *Avaliar nível de consciência pela escala de Coma de Glasglow. Consiste na análise de três parâmetros (abertura ocular, reação motora e resposta verbal) Abertura ocular: Espontânea Ordem verbal → “acorde!” Dor → estímulo doloroso Sem resposta Pontuação 4 3 2 1 Melhor resposta verbal: Orientado Confuso Palavras inapropriadas Sons Sem resposta 5 4 3 2 1 Melhor resposta motora: Obedece comando verbal Localiza dor Flexão normal (retirada inespecífica) Flexão anormal (descorticação) Extensão à dor (descerebração) Sem resposta 6 5 4 3 2 1 Total (de 3 a 15), sempre usar a melhor resposta e do melhor lado. *Menor que 8: Lesão Grave (entuba) Entre 9 e 12: Lesão Moderada Entre 13 e 15: Lesão Mínima 3) AVALIAÇÃO DO COMA *Avaliação do coma: Primeiro Parâmetro: 1) SUPERFICIAL (GRAU I): o comprometimento da consciência é leve e o paciente é capaz de atender a ordens simples, do tipo abrir e fechar o olho. Reage bem e de modo apropriado à estimulação dolorosa. A deglutição se faz normalmente. 2) MODERADO (GRAU II): perda da consciência é quase total, estando o paciente com sua perceptividade bastante reduzida. Responde apenas à estimulação dolorosa enérgica e o faz desapropriadamente. A deglutição é feita com dificuldade. Estão preservados os reflexos tendinosos, cutâneos e pupilar. 3) PROFUNDO (GRAU III): perda da consciência é completa e o paciente não responde às solicitações externas por mais intensas que sejam. Sua perceptividade é igual a zero. Nem o estímulo doloroso é perceptível. Além disso, observam-se arreflexia tendinosa, cutânea e pupilar, relaxamento completo da musculatura e incontinência esfinctérica. 4) IRREVERSÍVEL (COMA DEPASSÉ): além dos elementos já referidos ao coma de grau III, aqui há ainda o comprometimento das funções vitais, como parada respiratória (sendo necessária a ventilação artificial). É quase sempre um estado irreversível e o EEG revela silêncio elétrico cerebral. Segundo Parâmetro: 1) ESTRUTURAL (lesão no SNC) → trauma craniencefálico (TCE), AVC, toxoplasmose e neoplasias. 2) METABÓLICO (distúrbio metabólico que ocasionou perda do nível de consciência) → elementos envolvidos na osmolaridade sérica (glicose, sódio e uréia); na cetoacidose diabética (aumento da glicose → coma por estado hiperosmolar), na insuficiência renal (hiperuricemia → aumento da uréia sérica → coma hiperosomolar secundário ao aumento das escórias nitrogenadas) Terceiro Parâmetro (causa do coma): o 1) ORGÂNICA: 1.1) Estrutural: o Lesão Focal (isquemia, por exemplo) o Lesão Difusa (acomete vários pontos → AVE hemorrágico que acomete um hemisfério inteiro) 1.2) Metabólica o 2) PSÍQUICA Quarto Parâmetro (nível da lesão): o 1) SUPRATENTORIAL (acima da tenda do cerebelo) o 2) INFRATENTORIAL (abaixo do cerebelo)*Além desses parâmetros, deve-se definir se a evolução do como (melhorando ou piorando) e o prognóstico (coma reversível e irreversível); comas metabólicos, geralmente, são reversíveis, mas, se não tratados devidamente, podem evoluir para morte cerebral *Avaliação da topografia do coma (4 pontos): Respiração Pupilas Movimentos oculares Atividades motoras 3.1) A AVALIAÇÃO DA RESPIRAÇÃO NO COMA *Avaliar: Presença ou ausência de ritmos patológicos (aqueles que não obedecem ao padrão inspiração (1s)/ expiração (2s): o 1) Cheyne-Stokes (caracterizada por padrão respiratório que vem crescendo de frequência e intensidade, atinge o ápice e decresce progressivamente chegando à apnéia) o 2) Biot (padrão anárquico com intensidade e sequência irregulares) o 3) Kussmaul (inspiração-apneia-expiração-apnéia) OBS: Respiração suspirosa (Cantani) não é um tipo patológico; só ocorre o aumento da amplitude da respiração, mas o padrão inspiração/expiração é mantido; Cantani, geralmente, precede os ritmos patológicos Ritmo: o 1) Anárquico (respirações patológicas); o 2) Sincronizado (ritmo respiratório regular fisiológico) OBS: Lembrando que não é só o centro respiratório que compõe o padrão inspiração (processo passivo)/expiração da respiração (processo ativo), a concentração de PaCO2 faz com que o centro respiratório induza a hiper ou a hipoventilação para regular a PaCO2 do sangue periférico. Se eu tenho uma alteração no centro respiratório por uma lesão de sistema nervoso, ocorrerão os tipos patológicos de respiração A frequência respiratória (fisiológica → 16 à 20 ipm) Lesões: o 1) Lesões de ambos os hemisférios cerebrais e do diencéfalo: respiração Cheyne Stokes → padrão respiratório mais comum nos comas metabólicos. o 2) Lesão mesencéfalica: surge hiperventilação neurogênica central, que se caracteriza por atividade hiperventilatória continuada. Como consequência, ocorre hipocapnia → coma metabólico com acidose e hiperventilação compensatória o 3) Lesão funcional atinge a ponte: apnéia inspiratória o 4) Lesão de bulbo: tendência para hipoventilação e parada respiratória, mas pode-se observar, precedendo a apneia, a respiração de Biot. OBS: Lesão bulbar completa = parada respiratória. 3.2) A AVALIAÇÃO DAS PUPILAS NO COMA *Para auxiliar na topografia do coma, o complexo pupilar tem que ser feito *Lesões: 1) Lesão dos hemisférios e do diencéfalo: não causa alteração pupilar (miose), lembrando que é uma lesão supratentorial 2) Lesão no mesencéfalo: midríase (dilatação da pupila), por disfunção do nervo oculomotor e, consequentemente, ação não balanceada do sistema nervoso simpático; lesão supratentorial; 3) Lesão de ponte: pupilas diminuídas em relação a mesencefálica, não reativas a luz; é um pouco menor do que a pupila do mesencéfalo 4) Lesão do Uncus (hérnia de Uncus): midríase unilateral 5) Lesões metabólicas: Miose 6) Compressão do III par: Aniscoria (uma pupila dilatada e a outra não) 3.3) A AVALIAÇÃO DOS MOVIMENTOS OCULARES NO COMA *A avaliação vai ser do olhar conjugado (fisiológico) → quando ocorre uma lesão do SNC, o olhar conjugado pode ser perdido; a avaliação deste será feita pela avaliação dos movimentos oculares ou pela manobra do olhar conjugado da boneca. *Lesões: Lesão Supratentorial: desvios do olhar conjugado → olham para o lado sadio. Exemplo: lesão no hemisfério direito e o esquerdo esta sadio, então, quando a cabeça do paciente for virada para a direita, os olhos dele vão virar para o lado esquerdo. Porém, quando a cabeça do paciente for virada para a esquerda, os olhos dele vão se manter na esquerda, pois os olhos ficaram desviados para o lado sadio. Lesão Infratentorial: olham para o lado da lesão, e são mais duradouros e não se alteram com a estimulação vestibular *Existem no encéfalo, três centros motores do olhar conjugado: 1) Centro frontal – responsável pelo desvio voluntário do olhar; 2) Centro occipital – responsável pelo reflexo de fixação do objeto avistado; uma lesão de lobo frontal direito → produz uma hemiparesia (que é a diminuição da força muscular do lado esquerdo e o olhar fica desviado para direita) 3) Centro pontino – localizado na ponte, produz desvio ipsilateral dos olhos; lesão do lado direito da ponte vai ocasionar hemiplegia à esquerda. OBS: Os centros frontal e occipital são supratentoriais, logo vão produzir desvio de olhar para o lado oposto (olha para o lado não afetado); o centro pontino produz desvio ipsilateral dos olhos (olham para o lado afetado) *Testes para avaliação do olhar conjugado: 1) Reflexo Oculocefálico (ROC – olhos de boneca) – A avaliação do Reflexo óculo cefálico pode ser realizada nos sentidos horizontal e vertical; esse reflexo avalia ponte e mesencéfalo: o Deve ser utilizada em pacientes inconscientes e sem suspeita de lesão cervical; o Segurar a cabeça do paciente e manter os olhos abertos o Girar a cabeça do paciente para um dos lados e observar o movimento dos olhos em direção contrária (se girarmos a cabeça para o lado esquerdo, os olhos giram para o lado direito), o que significa que o tronco está preservado → lateralização da cabeça: olha conjugado ipsilateral a cabeça o No sentido vertical também ocorre movimento conjugado do olhar para o lado oposto ao movimento cefálico (se levarmos a cabeça para baixo, ocorre desvio conjugado do olhar para cima) Extensão da cabeça: olhar conjugado para cima (movimento vertical dos olhos) Flexão da cabeça: olhar conjugado para baixo (movimento vertical dos olhos) o Resposta normal do Reflexo Oculocefálico (ROC) indica tronco encefálico preservado. o Uma lesão que compromete o teto mesencefálico produzirá desvio fixo dos olhos para baixo (Sinal de Parinaud). O ROC será negativo em pessoas conscientes ou em coma (funções do fascículo longitudinal e medial estão abolidas) CONDIÇÃO DO PACIENTE REFLEXO OCULOCEFÁLICO Consciente Desvio dos olhos ipsilateral a rotação Reflexo Preservado Movimento conjugado em direção oposta Olhar Desconjugado Lesão FLM Reflexo Ausente Lesão de Tronco Encefálico 2) Reflexo Óculovestibular (ROV) – o examinador injeta agua morna ou fria no conduto auditivo, elevando-se a cabeça do paciente (inconsciente) 30° e abre os olhos do examinado → observa se há desvio do olhar (estímulo); para provocar movimento vertical para cima, eleva-se a cabeça 60° e estimulam-se os ouvidos bilateralmente. Ou seja, se injetar do lado direito, o indivíduo precisa desviar o olhar para o lado direito (normal). Se não tiver resposta, o paciente vai continuar olhando para frente (comatoso com comprometimento de funções do tronco encefálico). Na pessoa consciente, o ROV não produzirá desvio tônico, mas sim nistagmo. *RESPOSTA ASSIMETRICA E NEGATIVA É ANORMAL 3.4) A AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MOTORA NO COMA *Estímulos dolorosos de forma apropriada (paciente vai fazer movimento de retirada do membro acometido ou movimento de retirada inespecífica → estímulo doloroso no pé e o paciente faz retirada do braço) ou inapropriada (decorticação ou descerebração) → pode acontecer uni ou bilateralmente: 1) Descorticação: ocorre opistótono, além de flexão de membros superiores e extensão de membros inferiores. Ocorre nas lesões funcionais dos hemisférios cerebrais e do diencéfalo. 2) Descerebração: há opistótono e extensão dos quatro membros. Ocorre quando a lesão atinge o mesencéfalo, que tende a desaparecer quando a lesão acomete a ponte, tornando o paciente arrefléxico. *Lesões: 1) Lesões dos hemisférios e diencéfalo: decorticação (opistótomo, flexão de membros superiores e extensão de inferiores); 2) Lesão de mesencéfalo: descerebração (opistótomo, extensão dos 4 membros); 3) Lesão de ponte: arreflexia POSTURAS PATOLÓGICAS (UNI OU BILATERAIS) DECORTICAÇÃO DESCEREBRAÇÃO Lesão acima do núcleo Rubro (Mesencéfalo) Lesão entre o Núcleo Vestibular e o RubroDisfunção de TRONCO cerebral Prognóstico Ruim Prognóstico Péssimo Flexão MMSS Hiperextensão + Pronação MMSS Extensão MMII Extensão MMII 3.5) LESÕES SUPRA E INFRATENTORIAIS * Após a análise dos quatro parâmetros (respiração, pupilas, movimentos oculares e atividades motoras), é possível definir se a lesão é supra ou infratentorial: 1) Lesão no tálamo: letargia, fotorreação, movimento ocular normal, decorticado, eupnéico. 2) Lesão no mesencéfalo: coma, pupilas dilatadas e fixas, olhos sem movimento, descerebraçao, Cheyne Stokes. 3) Lesão na ponte: flácido com tendência a hiperventilação / flácido com respiração de Biot com ou sem ataxia. 4) MINIEXAME DO ESTADO MENTAL – MEEM (MINIMENTAL STATE) – EXAME NEUROPSICOLÓGICO *É uma escala que permite graduar a demência e avaliá-la evolutivamente nas consultas subsequentes. A avaliação do estado mental é feita com características próprias, procurando-se analisar especificamente os elementos clínicos que mais se correlacionam com as enfermidades neurológicas. Abrange apenas a orientação temporoespacial, memória, linguagem e função visuespacial. *MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL: PONTUAÇÃO TOTAL 30 PONTOS: 1) ORIENTAÇÃO: 1.1) Orientação temporal: o Dia da semana: (cada acerto vale +1 ponto e cada erro vale -1 ponto) o Dia do mês: (cada acerto vale +1 ponto e cada erro vale -1 ponto) o Mês: (cada acerto vale +1 ponto e cada erro vale -1 ponto) o Ano:(cada acerto vale +1 ponto e cada erro vale -1 ponto) o Hora aproximada: (cada acerto vale +1 ponto e cada erro vale -1 ponto) o TOTAL: 5 PONTOS 1.2) Orientação Espacial: o Local específico: (cada acerto vale +1 ponto e cada erro vale -1 ponto) o Instituição (hospital:) (cada acerto vale +1 ponto e cada erro vale -1 ponto) o Bairro ou uma rua próxima: (cada acerto vale +1 ponto e cada erro vale -1 ponto) o Cidade: (cada acerto vale +1 ponto e cada erro vale -1 ponto) o Estado: (cada acerto vale +1 ponto e cada erro vale -1 ponto) o TOTAL: 5 PONTOS 2) ATENÇÃO E CÁLCULO 100 – 7 (93, 86, 79, 72, 65). Pergunte ao paciente a subtração de 100 por 7 e o resultado será 93, desse resultado peça para o paciente subtrair mais 7 e assim sucessivamente. Cada acerto de cálculo vale +1 ponto e cada erro vale -1 ponto TOTAL: 5 PONTOS 3) MEMÓRIA 1) Memória imediata: o Vaso, carro, tijolo (Fale 3 palavras e pede para o paciente guardar e repetir em seguida as 3 palavras). Cada palavra repetida corretamente vale +1 ponto, totalizando 3 pontos. o TOTAL: 3 PONTOS 2) Memória de evocação: o Vaso, carro, tijolo (Pede para o paciente repetir as 3 palavras que foram ditas na memória imediata. É ideal realizar a memória de evocação logo após o exame de Atenção e Cálculo, por exemplo, mas nunca após o exame de memória imediata). Cada acerto vale +1 ponto, cada erro vale -1 ponto o TOTAL: 3 PONTOS 4) LINGUAGEM Nomeação: o “Relógio e Caneta” (pede para o paciente nomear o objeto que estiver mais próximo/visível durante a consulta, como por exemplo, relógio e caneta). Cada acerto vale +1 ponto o TOTAL: 2 PONTOS Repetição: o “Nem aqui, nem ali, nem lá” (peça para o paciente repetir qualquer a frase). Se repetir de maneira correta ganha +1 ponto o TOTAL: 1 PONTO Comando: o “Pegue este papel, dobre ao meio e coloque no chão” (Você vai dar para o paciente 3 comandos, Pegar, Dobrar, e Colocar). Cada comando executado corretamente ganhará +1 ponto o TOTAL: 3 PONTOS Ler e Obedecer: o “Feche os olhos” ( você vai escrever para o paciente em um papel, por exemplo, feche os olhos. Assim, ele tem que ler e em seguida fechar os olhos). o TOTAL: 1 PONTO Escrever uma frase: o Peça para o paciente escrever uma frase e que inicie com a palavra “Eu”. o TOTAL: 1 PONTO Copiar o desenho: o Realize um desenho no papel e peça para o paciente repetir. Por exemplo, o pentágono entrelaçado. o TOTAL: 1 PONTO *OBS: Para avaliar a pontuação do miniexame do estado mental, deve-se levar em consideração a escolarização do paciente *O miniexame é feito uma única vez, não é feito de rotina. 5) FALA E LINGUAGEM *A linguagem consiste no uso adequado da palavra articulada ou escrita como meio de expressão e de comunicação entre pessoas. Portanto, a disfunção de linguagem é manifestada pelo comprometimento da comunicação oral ou escrita, ou ambas e, por esta razão, as duas funções devem ser testadas. * Durante a entrevista, o examinador deve prestar atenção na linguagem do paciente, particularmente na linguagem falada. Deve-se lembrar que a fala não só depende do órgão fonador (laringe) e da língua, mas de áreas de elaboração cerebral superior. As principais alterações da fala são: Disfonia: alteração no timbre da voz (rouca ou bitonal → um tom mais intenso e outro mais fraco); as causas: calosidade das cordas vocais (comum em docentes do ensino fundamental) ou por uma disfunção das cordas vocais por lesão do nervo acessório (XI par); Afonia: impossibilidade de falar (emitir sons); secundária a uma lesão bilateral do XI par (lesão de um nervo do par XI → disfonia; lesão dos dois nervos do par XI → afonia) Disartria: dificuldade de articular a palavra falada ou fala, decorrentes de neuropatias centrais ou periféricas; as causas mais comuns destas desordens são: doenças afetando a língua, laringe e faringe, doenças da junção neuromuscular, envolvimento de núcleo ou do nervo periférico, disfunção cerebelar, disfunção dos gânglios da base. Consiste em alterações nos músculos da fonação, incoordenação cerebral (voz arrastada), de hipertonia do parkinsonismo (voz baixa, monótona e lenta) ou perda do controle piramidal (paralisia pseudobulbar). Dislalia: dificuldade de articular a palavra falada, mas sem causas centrais (pessoas que tem dificuldade de falar e acabam tendo dificuldade de escrever também → escreve REVELO ao invés de RELEVO); crianças muito pequenas não conseguem articular algumas palavras (imaturidade e não neuropatia) Disritmolalia: perturbação do ritmo da fala: o Taquilalia → alteração do ritmo da fala (tornando-se imprecisa); é o aumento da velocidade do ritmo, tornando-a difícil de entender o Gagueira → interrupção do ritmo da fala; neste caso, avaliar se é fisiológica (infância) ou evolutiva (mantém-se depois do período fisiológico) Disfasia – o paciente não entende o que fala ou o que se fala; não consegue falar o que quer; por exemplo, o paciente entende que é uma cadeira, mas não consegue expressar que é uma cadeira, logo coloca outra denominação; aparece com completa normalidade do órgão fonador e dos músculos da fonação, mas está relacionada com uma perturbação na elaboração cortical da fala. Representa uma descoordenação da fala e incapacidade de dispor as palavras de modo compreensível. *Alterações na leitura: Dislexia: dificuldade de capacitar-se para a leitura convencionalmente ensinada; pode acontecer em AVE, o paciente tem alteração no centro da fala, ele pode ler, mas não consegue entender o que está lendo, ou não consegue ler (sendo que ele aprender a ler e escrever normalmente) Alexia: desorganização temporo-espacial e a dificuldade se mostra mais na composição das palavras do que na identificação das letras isoladas (consegue soletrar). É uma dificuldade de ler, relacionada com a incapacidade de retransmitir a informação visual captada pelas áreas visuais primárias e secundárias para o giro angular). É o grau máximo de dislexia. *A escrita também é avaliada, pois um paciente, depois de uma doença neurológica (como AVE, Parkinson e Alzheimer), pode perder essa capacidade. Exemplos: Disgrafia: perda da capacidade de escrever, grafia irregular, fragmentada, ilegível (pode estar relacionada com lesão do Centro de Exner); comum em quase todas as afasias o Macrografia: Quando o paciente escreve com letras grandes, geralmente por uma cerebelopatia o Micrografia: Quando o paciente escreve com letraspequenas, geralmente por doença de Parkinson; *Afasia – dificuldade de falar, ler compreender, excluindo-se os distúrbios mentais patentes. Exemplo de afasia: um paciente no hospital com uma afasia, mas não é por uma lesão de nervo acessório, mas por uma lesão no lobo frontal ou no fronto-parietal por conta de um efeito de massa, AVE ou trauma crânio medular que levou a uma dificuldade de articulação e, posteriormente, a uma afasia. Os tipos de afasia são: Afasia de Broca (de expressão) ou Afasia Motora: resulta da lesão na área de Broca (localizada na parte triangular e opercular do giro frontal inferior esquerdo; área 44 de Brodmann) é a responsável pelo aspecto motor ou de expressão da língua falada. Quando esta é lesada, o paciente apresenta uma afasia de expressão (ou afasia de Broca). Sem déficits motores propriamente ditos, torna-se ele incapaz de falar, ou apresenta uma fala não-fluente, restrita a poucas sílabas ou palavras curtas sem verbos. O paciente se esforça muito para encontrar as palavras, sem sucesso. Como exemplo da linguagem de um paciente acometido, temos: o “Ah... segunda-feira... ah... Papai e Paulo [o nome do paciente]... e papai... hospital. Dois... ah... E, ah... meia hora... e sim... ah... hospital. E, ah... quarta-feira... nove horas. E,ah... quinta-feira às dez horas... médicos. Dois médicos... e ah... dentes. É... ótimo.” Afasia de Wernicke ou Afasia Sensitiva: resulta da lesão na área de Wernicke (corresponde à parte mais posterior da área 22 de Brodmann e parte da área 40 de Brodmann), responsável, por sua vez, pela compreensão da linguagem falada e escrita e anatomicamente se dispõe principalmente sobre a porção posterior do giro temporal superior e do giro temporal transverso anterior. Além disso, recebe, via giro angular, fibras oriundas do córtex visual necessárias para a compressão da linguagem escrita ou visual. Quando a lesão atinge esta área, o quadro é inteiramente diferente do pré-citado, onde o paciente apresenta uma afasia de compreensão. Quando um interlocutor lhe fala, o indivíduo não parece compreender bem o que lhe é dito. Não só emite respostas verbais sem sentido, como também é falha em indicar com gestos que possa ter compreendido o que lhe foi dito. Sua fala espontânea é fluente, mas usa palavras e frases desconexas porque não compreende o que ele próprio está dizendo. É comum o uso de neologismos. Como exemplo da linguagem de um paciente acometido, temos: o “Queria lhe dizer que isso aconteceu quando aconteceu quando ele alugou. Seu... seu boné cai aqui e fica estripulo... ele alu alguma coisa. Aconteceu. Em tese os mais gelatinosos estavam ele para alu... é amigo... parece é. E acabou de acontecer, por isso não sei, ele não trouxe nada. E não pagou.” Afasia de condução: além dessas duas áreas, há a influência anátomo-funcional do fascículo arqueado (fascículo longitudinal superior). Wernicke (neurologista alemão que primeiro descreveu a afasia de compreensão) raciocinou que se a expressão é função da área de Broca, e se a compreensão é função da área que levou seu nome, então ambas devem estar conectadas para que os indivíduos possam compreender o que eles mesmos falam e respondem ao que os outros lhes falam. De fato, existem conexões entre essas duas áreas linguísticas através desse feixe ou fascículo arqueado. Wernicke previu que a lesão desse feixe deveria provocar uma afasia de condução, na qual os pacientes seriam capazes de falar espontaneamente, embora cometessem erros de repetição e de resposta a comandos verbais. Em diálogos entre neurologistas e pacientes acometidos deste tipo de afasia, obviamente, é capaz de compreender o que o neurologista disse, mas como não foi capaz de repetir, emitiu uma frase diferente, mas de sentido equivalente: o Neurologista: “Repita esta frase: O tanque de gasolina do carro vazou e sujou toda a estrada”. o Paciente: “A rua ficou toda suja com o vazamento”. Afasia global: resulta da lesão concomitante das áreas de Broca e de Wernicke, geralmente por obstrução do tronco da artéria cerebral média. Neste caso, o paciente não entende a pergunta e não consegue verbalizar corretamente. Afasia anômica: caracterizada por um quadro semelhante à afasia de condução. Neste caso, o indivíduo tem capacidade de falar e entende o que neurologista diz. Contudo, quando olha para o objeto, ele não tem a capacidade de nomeá-lo (anomia dos objetos). É causada pela lesão do giro angular (área parietal inferior), responsável por interligar a área visual associativa e a parte anterior da área de Wernicke. Pode ocorrer ainda incapacidade de ler (alexia) ou de escrever (agrafia). Afasia subcortical: resulta da lesão de gânglios da base ou da substância branca. Neste caso, a fluência da fala e a nomeação de objetos podem ser variavelmente afetadas. Contudo, a compreensão e a repetição mostram-se preservadas. Afasia transcortical: resulta de lesões no tálamo. As afasias talâmicas frequentemente são caracterizadas por apatia, hipofonia e ecolalia. Mais frequentemente, as lesões do tálamo ântero- lateral causam a afasia mais profunda, em que a fluência da fala, a compreensão e a nomeação de objetos estão prejudicadas. A repetição pode mostrar-se boa. OBS1: A afasia anômica deve ser diferenciada da afasia global e da afasia de Broca. Na primeira, o paciente não é capaz de definir o objeto, mas pode ser capaz de escrever sentenças, uma vez que a área de Broca e o centro de Exner estão íntegros. Na afasia de Broca, o paciente entende a pergunta, mas não consegue se expressar e, muito comumente, tem dificuldade em escrever. No caso da afasia global, o paciente nem entende o que é questionado nem é capaz de se expressar, seja por meio da linguagem oral ou da linguagem escrita (devido à agrafia). 6. MEMÓRIA Deve-se avaliar: Memória imediata (operacional) → esta modalidade de memória é usada quando, por exemplo, alguém nos dita um número de celular que é memorizado por algum tempo para ser anotado, mas que, depois de alguns minutos, é rapidamente esquecido. o Testes: Falar um número ao paciente e, imediatamente depois, pergunta-se qual foi o número a ele atribuído. Mostrar ao paciente uma sequência de objetos conhecidos, pedir que ele memorize e, 5 minutos depois, solicitar que o paciente os liste. o Acredita-se que o responsável por esta modalidade de memória seja o lobo frontal. Neste caso, o hipocampo não chega a ser utilizado. Memória Anterógrada (recente ou de curto alcance) → é exigida quando estamos assistindo uma aula, por exemplo, e a aprendemos para realizar uma prova semanas depois. Memória Retrógrada (antiga ou de longo alcance) → é aquela que armazena fatos da infância ou de longas datas passadas e que, muito dificilmente, será afetada. Isto porque a memória tardia já está efetivada e concretizada em toda expansão do neocórtex e hipocampo, enquanto a memória recente é armazenada apenas no hipocampo. o Teste: Perguntar, por exemplo, a data do casamento, do nascimento dos filhos, quanto tempo casado. *O indivíduo pode estar com a memória preservada ou prejudicada, geralmente as causas são as demências; pacientes que respondem bem aos testes, mas que, mesmo assim, reclamam de um problema de memória, podem estar passando por estresse, distúrbios do sono ou ansiedade. *O paciente portador da doença de Alzheimer, por exemplo, é capaz de lembrar tudo que antigamente lhe ocorreu, mas tem enorme dificuldade de lembrar fatos recentes. Isto ocorre porque a esta doença é caracterizada por uma degeneração de neurônios que garantem uma via de entrada e outra de saída do hipocampo, causando um isolamento desta área cerebral. Contudo, em um estágio mais avançado da demência, a memória tardia também é afetada devido à repercussão no neocórtex pela depleção de neurônios dopaminérgicos reguladores do hipocampo capazes de modular e armazenar a memória tardia no neocórtex. *Pacientes que respondembem aos testes, mas que, mesmo assim, reclamam de um problema de memória, podem estar passando por estresse, distúrbios do sono ou ansiedade. 7) EQUILÍBRIO *EQUILÍBRIOS: 1) Estático: é testado com o paciente parado. Vai ser avaliado através da prova de Romberg → positiva nas labirintopatias, na tabes dorsalis, na degeneração combinada da medula e na polineuropatia periférica. Em algumas ocasiões observa-se astasia ou distasia. o Teste de Romberg: O paciente vai estar parado, com os pés juntos e paralelos, os braços estarão rentes ao corpo (como se fosse uma posição de “sentido”) e ele estará olhando para um ponto fixo. Num segundo momento do exame, ele estará com os olhos fechados. O exame durará de um a dois minutos e será observado se o paciente apresentou algum desequilíbrio. Quando o paciente fechar os olhos, eu vou pedir para ele abrir os braços. É importante que fiquemos atentos para o paciente não cair (pode-se colocar as mãos nas costas dele, por exemplo). É natural que durante o exame (com os olhos fechado) ocorram pequenos desequilíbrios por conta do sistema vestibular (a visão foi ocluída) e depois o paciente para de desequilibrar. O paciente com alguma patologia envolvida vai desequilibrar muito durante o exame e vai tender à queda → Teste de Romberg positivo. Quando eu quero testar mesmo o equilíbrio do paciente, eu faço o Teste de Romberg Sensibilizado. o Teste de Romberg Sensibilizado: O paciente vai estar em pé e com olhos abertos (primeiro momento, fixar num ponto) e fechados (segundo momento); ele ficará com “um pezinho na frente e outro atrás, dedão do pé encostando no calcanhar” → encostando o hálux no calcanhar. É natural que ocorra algum desequilíbrio durante o exame e deve-se tomar cuidado sempre para o paciente não cair. O exame deve durar até dois minutos (se o paciente apresentar alguma patologia, como tontura, vertigem ou alteração do equilíbrio, o examinador perceberá rapidamente). O grau da disfunção do equilíbrio vai depender da queda, ou seja, do tipo de lesão que o paciente apresenta: Lesão Frontal: a tendência da queda é para frente ou para trás Lesão Vestibular: a tendência é da queda ser lateralizada para o lado acometido o OBS: O examinador pode dar leves empurrões no paciente durante o exame, mas só sensibilizar já é suficiente para testar o equilíbrio *2) Dinâmico: o paciente estará realizando movimentos. Nós vamos pedir para ele caminhar, é a marcha; Vamos pedir para o paciente caminhar reto e com os olhos abertos, os pés estarão lateralizados e o paciente irá caminhar para frente e para trás. Num segundo momento ele irá fechar os olhos e caminhar para frente e para trás. Depois, o paciente irá caminhar encostando o hálux no calcanhar a cada passo (também para frente e para trás; de olhos abertos e fechados). A caminhada também poderá ser feita sobre os calcanhares (para frente e para trás; de olhos abertos e fechados). E, por último, o paciente irá “pular amarelinha” (para frente e para trás; de olhos abertos e fechados). O paciente deve ser sensibilizado ao máximo. A marcha deverá ser observada: MARCHA: o A avaliação da marcha testa a integração entre os sistemas motor, sensitivo, cerebelar e musculoesquelético: Coordenação Força Muscular Equilíbrios o Ao avaliar a marcha observar: Postura Equilíbrio Balanço dos braços Movimento das pernas (avaliar se há simetria) Posição dos pés (se anda torto ou não) o O paciente pode apresentar disbasias (qualquer distúrbio da marcha; pode ser uni ou bilateral) Marcha em bloco (parkinsoniana): o doente anda como um bloco enrijecido, sem o movimento automático dos braços. A cabeça permanece inclinada para frente e os passos são miúdos e rápidos, dando a impressão de que a pessoa corre atrás do seu centro de gravidade e que irá sofrer uma queda para frente. Ocorre na síndrome parkinsoniana. Marcha ebriosa (ataxia cerebelar): o doente ao caminhar faz ziguezagues como uma pessoa embriagada. Traduz incoordenação de movimentos em decorrência de lesões do cerebelo Marcha tabética: indica perda da sensibilidade proprioceptiva por lesão do cordão posterior da medula (ex: tabes dorsalis). Paciente caminha com o olhar fixo no chão, os membros inferiores são levantados abruptamente e ao serem recolocados no chão, os calcanhares tocam o solo de modo intenso. Marcha helicópode, ceifante ou hemiplégica: lembra o movimento de uma foice em ação, ocorre nos pacientes que apresentam hemiplegia, cuja causa mais comum é acidente vascular cerebral. Marcha anserina ou de pato: lembra o andar de um pato, sendo observada em doenças musculares e traduz uma diminuição da força dos músculos pélvicos e das coxas. Para caminhar, o paciente acentua a lordose lombar e inclina o tronco ora para direita e ora para esquerda. Marcha de pequenos passos: passos muito curtos e arrastados. Ocorre na paralisia pseudobulbar e em doenças extrapiramidais. Marcha vestibular: decorre de lesão vestibular. O paciente apresenta lateropulsão quando anda, é como se fosse empurrado para o lado quando tenta se mover em linha reta. Também conhecida como marcha em estrela. Marcha escarvante: toca a ponta do pé no solo e tropeça ao caminhar, e para evitar isso levanta acentuadamente o membro inferior (passo de ganso). Ocorre quando o doente tem paralisia do movimento de flexão dorsal do pé. Marcha em tesoura ou espástica: marcha frequente nas formas espásticas da paralisia cerebral. O movimento das pernas lembra uma tesoura em ação, onde o paciente anda com os membros inferiores enrijecidos e espásticos. Marcha claudicante: o paciente manca. Ocorre na insuficiência arterial periférica e em lesões do aparelho locomotor. Marcha do idoso: marcha alentecida, com passos curtos e diminuição dos movimentos associados de membros superiores. 8) MOTRICIDADE VOLUNTÁRIA (MOTRICIDADE ESPONTÂNEA, FORÇA MUSCULAR E MANOBRAS DEFICITÁRIAS) *A disfunção motora pode ser resultado do acometimento muscular, da junção mioneural, dos nervos periféricos, raízes ventrais ou dorsais ou do sistema nervoso central. *Motricidade Espontânea: Solicita-se ao paciente que execute uma série de movimentos (flexão e extensão, adução e abdução), especialmente dos membros. Durante a execução, observa-se se eles são realizados em sua total amplitude, e deve-se avaliar o grau e a sede da limitação. Para sua realização deve-se afastar condições locais extraneurológicas, a exemplo de inflamações. *Força muscular: Quando a força muscular é avaliada, é avaliado o trofismo (exame físico geral trofismo normal, hipertrofia, hipotrofia e atrofia; isso é feito na inspeção do grupo muscular). Deve-se avaliar ambos os lados, compará-los e palpá-los (consistência e tônus). Para avaliar a força propriamente dita, deve-se usar a escala de Council Escala de Council 0 Sem contração; paralisia total (não tem força muscular) 1 Detecta-se ligeira contração; esboço de contração muscular 2 Não vence a gravidade, movimentos de lateralização 3 Consegue vencer a gravidade 4 Move-se contra pequena resistência, força muscular diminuída 5 Move-se contra forte resistência; força normal (de uma pessoa sadia) OBS: Antes de graduar a força muscular, pode-se pedir para o paciente apertar as mãos do examinador bilateralmente (ver se ele tem força muscular). E avaliar todos os grupos musculares. Quando o paciente tem um déficit da força muscular, deve-se colocá-lo em determinadas posições para avaliar se ele vai ocorrer fraqueza muscular. Para isso, preciso-se de manobras que levem à exaustão muscular para avaliar o grau de déficit muscular do paciente. Então, há as manobras deficitárias. *Manobras deficitárias Em caso de discreta ou duvidosa deficiência motora dos membros, realizam-se as denominadas provas deficitárias: o Prova de Mingazzini: Paciente em decúbito dorsal. Coxas fletidas em ângulo reto com a baciae pernas em ângulo reto com as coxas. Membros superiores estendidos ao lado do corpo. O paciente em questão, deverá permanecer nesta posição em torno de 1 minuto. Observar-se- á se há oscilações, queda lenta ou queda abrupta. o Prova de Barré: Paciente em decúbito ventral. Pernas em ângulo reto com as coxas. A prova pode ser sensibilizada, diminuindo o ângulo para 45 graus. Poder-se-á observar oscilações e queda. o Prova dos braços estendidos: Sentado, o paciente estende os membros superiores na horizontal. Observar-se-á oscilações e queda de um deles nas hemiparesias e hemiplegias. o Prova do pé: Paciente em decúbito dorsal. Havendo deficiência dos rotadores internos da coxa, o pé cai em abdução (lado externo). É o chamado pé de cadáver. o Prova de Raimiste: Paciente em decúbito dorsal. Antebraços e mãos em linha reta que se colocam em ângulo reto com o braço. Sensibilizando, o ângulo poderá ser de 45 graus. Haverá oscilações e queda. *Termos: Paresia → diminuição da força muscular (graduação de 1 a 4); se a força for grau zero, temos a plegia. Paraparesia → paresia dos membros dos dois lados. Hemiparesia → hemicorpo, metade do corpo. Diparesia → acomete dois membros distintos. Tetraparesia → os quatro membros acometidos. OBS: Quando há uma alteração da força muscular (diminuição ou abolição), deve-se avaliar a topografia: 1) Para, 2) Hemi, 3) Tetra ou 4) Di (paresia ou plegia). Além disso, pode ser proporcionada ou desproporcionada; a hemiplegia é proporcionada (na maioria das vezes). Na proporcionada, eu tenho o mesmo grau de força muscular nos membros superior e inferior (exemplo: paresia grau 3 no braço e na perna). Desproporcionada – quando tenho grau 3 no membro superior e grau 1 no membro inferior; o predomínio é onde tem a menor força muscular, então, se for grau 1 no membro inferior, o predomínio é crural; se fosse o inverso, seria predomínio braquial. Ou seja, desproporcionada tem graus diferentes de força entre os membros superior e inferior. *Às vezes, o paciente pode ter plegia em um membro e paresia em outro, sendo incompleta desproporcionada. É considerada completa quando é só paresia ou só plegia. 9) TÔNUS MUSCULAR O exame do tônus é efetuado com o paciente deitado e em completo relaxamento muscular. O tônus é o estado de tensão constante a que estão submetidos os músculos, tanto em repouso (postura), como em movimento (tônus de ação). Deve-se realizar o seguinte: 1° inspeção (trofismo, deformidades, movimentos anormais ou involuntários); 2° palpação das massas musculares; e 3° movimentos passivos. Observam-se hipotonia, hipertonia, miotomia, distonia e paratonia. A hipertonia ocorre nas lesões das vias motoras piramidal e extrapiramidal. Hipertonia piramidal: espasticidade, é eletiva, atingindo globalmente os músculos, mas com predomínio dos extensores dos membros inferiores e flexores dos membros superiores (clássica postura de Wernicke-Mann). É elástica, com retorno à posição inicial de um segmento do corpo no qual se interrompeu o movimento passivo de extensão. Tem o sinal do canivete. É observada na hemiplegia, na diplegia cerebral infantil, na esclerose lateral amiotrófica e na mielopatia compressiva. Hipertonia extrapiramidal: rigidez, não é eletiva, porquanto acomete globalmente a musculatura agonista, sinergista e antagonista. É plástica, com resistência constante à movimentação passiva. Está geralmente associada ao sinal da roda dentada, que se caracteriza por interrupções sucessivas ao movimento. Ocorre no parkinsonismo e na degeneração hepatolenticular. *Tabes dorsalis – Na tabes dorsalis ocorre uma lesão radicular posterior, em que há comprometimento da sensibilidades proprioceptiva, a hipotonia é global e muito acentuada (flacidez, hiperextensibilidade e hiperpassividade). *Coréia de Sydenham – A coréia de Sydenham é uma síndrome extrapiramidal, que apresenta formas clínicas com acentuada hipotonia muscular, chamada coréia mole. *Sistema vestibulocerebelar – Os distúrbios funcionais do sistema vestibulocerebelar (sistema do equilíbrio) podem se acompanhar de hipotonia homolateral, por deficiência dos influxos facilitadores vestibulospinais. *A Escala Modificada de Ashworth é a escala mais amplamente utilizada na avaliação da espasticidade. Sua aceitação deve-se a sua confiabilidade e reprodutibilidade interobservador. A movimentação passiva da extremidade é realizada avaliando o momento da amplitude articular em que surge a resistência ao movimento. É uma escala ordinal que varia de 0 a 4, descrita abaixo: 0 nenhum aumento no tônus muscular; 1 Leve aumento do tônus muscular, manifestado por uma tensão momentânea ou por resistência mínima, no final da amplitude de movimento articular (ADM), quando a região é movida em flexão ou extensão; 1+ Leve aumento do tônus muscular, manifestado por tensão abrupta, seguida de resistência mínima em menos da metade da ADM restante; 2 Aumento mais marcante do tônus muscular, durante a maior parte da ADM, mas a região é movida facilmente; 3 Considerável aumento do tônus muscular, o movimento passivo é difícil; 4 Parte afetada rígida em flexão ou extensão. 10) COORDENAÇÃO A coordenação adequada traduz o bom funcionamento de pelo menos dois setores do SN, sendo eles o cerebelo (centro coordenador) e a sensibilidade proprioceptiva. A perda de coordenação é denominada ataxia, a qual pode ser de três tipos: cerebelar, sensorial e mista. Existem inúmeras provas para avaliar a coordenação, mas é suficiente realizar as que se seguem: Prova indicador-nariz: Com o membro superior estendido lateralmente, o paciente é solicitado a tocar a ponta do nariz com o indicador. Repete-se a prova algumas vezes, primeiro com os olhos abertos, depois fechados. Prova calcanhar-joelho: Na posição de decúbito dorsal, o paciente é solicitado a tocar o joelho com o calcanhar do membro a ser examinado. Repete-se a prova algumas vezes, primeiro com os olhos abertos, depois fechados. Prova dos movimentos alternados: o paciente deve realizar movimentos rápidos e alternados (ex: abrir e fechar a mão). Pode ser feito prova do índex-índex. Estes movimentos denominam-se diadococinesia. Devem-se avaliar eudiadococinesia, disdiadococinesia, adiadoconicesia, dismetria, decomposição do movimento, rechaço. 11) PESQUISA DE REFLEXOS É uma resposta do organismo a um estímulo de qualquer natureza, sendo importante para a avaliação neurológica os reflexos motores, cuja base anatomofuncional é o arco reflexo. Devemos pesquisar os reflexos superficiais e profundos. Superficiais ou exteroceptivos I. Cutâneoplantar (Babinski e sucedâneos); II. Cutâneoabdominal (Estimulação do abdome na linha média em 3 níveis). Babinski: Com o paciente em decúbito dorsal, com os MMII estendidos, o examinador estimula superficialmente a região plantar, próxima a borda lateral e no sentido póstero-anterior, fazendo um leve semicírculo na parte mais anterior. A resposta normal é representada pela flexão dos dedos. A abolição desse reflexo ocorre quando há interrupção do arco reflexo e, algumas vezes, na fase inicial da lesão piramidal. A extensão do hálux constitui o Sinal de Babinski, que indica lesão da via piramidal ou corticoespinal. Abaixo seguem os sucedâneos de Babinski. Na verdade, trata-se sempre de um estímulo nociceptivo que desperta resposta de dorsiflexão do grande podáctilo. Sinal de Chaddock: estímulo procedido sob o maléolo externo. Sinal de Gordon: compressão da panturrilha. Oppenheim: estimulação da crista tibial, em direção descendente. Faustino-Austregésilo-Esponsel: estimulação da face interna da coxa. Profundos ou miotáticos Fazer percussão com o martelo de reflexos do tendão do músculo a ser examinado. Deve-se avaliar: I. Aquileu (Tendão calcâneo); II. Bicipital (Articulação radio-ulna); III. Tricipital; IV. Flexor dos dedos; V. Estilo-radial (polegar-radio);VI. Patelar. Deve-se avaliar arreflexia, hiporreflexia, Normorreflexia, reflexo vivo e hiperreflexia. 12) SENSIBILIDADE O exame da sensibilidade é uma das partes mais laboriosas do exame neurológico, pois depende de informações subjetivas do paciente. É importante uma preliminar demonstração e uma explicação ao paciente dos estímulos a serem aplicados. Deve-se pesquisar a sensibilidade superficial e profunda com o paciente de olhos fechados. Sensibilidade Superficial Tátil: para sua avaliação utiliza-se um algodão ou estesiômetro. Térmica: utiliza-se dois tubos de ensaios, um com água quente e outro com água fria. Dolorosa: utiliza-se uma ponta romba capaz de provocar dor sem ferir o paciente. Nesta avaliação é importante investigar áreas suspeitas (áreas de manchas, alopecia, alterações da sensibilidade). Perguntar se o paciente sente a estimulação, o que sente (quente ou frio), se dói, e principalmente comparar uma região com outra. Sempre perguntar se o que ele sente em uma área é a mesma coisa que sente na outra. Não deve-se hiperestimular uma região com o teste, evitar fazer mais que 3 vezes. Deve-se considerar anestesia, hiperestesia e hipoestesia. Estereognosia É a capacidade de reconhecer um objeto com a mão sem o auxílio da visão. É função tátil discriminativa ou epicrítica com componente proprioceptivo. Quando se perde essa função, diz-se agnosia tátil, indicativa de lesão do lobo parietal contralateral. Sensibilidade Profunda Vibratória: é a palestesia, deve ser pesquisada com o diapasão, colocado em saliências ósseas. Pressão: é a barestesia, deve ser pesquisada mediante compressão digital ou manual em qualquer parte do corpo, especialmente de massas musculares. Cinético-postural: é a batiestesia, deve ser explorada deslocando-se suavemente qualquer segmento do corpo (comumente o hálux, o polegar, o pé ou a mão) em várias direções. Depois fixa-se o segmento em uma determinada posição que deverá ser reconhecida pelo paciente. Dolorosa profunda: é avaliada mediante compressão moderada de massas musculares e tendões. 13) PESQUISA DE SINAIS MENÍNGEOS É feito através das manobras abaixo. É indicativo de meningite, hemorragia subaracnóide, dor cervical, compressão do nervo ciático ou dor lombar. Sinal de Lasègue: Com o paciente em decúbito dorsal eleve a perna a 45º segurando o pé em torno do calcanhar com o joelho estendido. A prova é positiva quando o paciente reclama de dor na face posterior do membro examinado. Sinal de Kernig: Com paciente deitado. Ao erguer-se o membro inferior estendido observa-se flexão dos joelhos na tentativa do paciente evitar a tração muscular. Assim, o paciente não mantém o membro estendido. Um segundo sinal de Kernig seria mandá-lo sentar-se. Ele não conseguirá sem flexionar ao mesmo tempo ambos os joelhos. Sinal de Brudzinski: É pesquisado com o paciente deitado dorsalmente quando se tenta fletir a cabeça. Como resposta observa-se a flexão dos membros inferiores ao nível dos joelhos. Rigidez de nuca: eleva-se a cabeça do paciente e observa se há resistência. 14) NERVOS CRANIANOS * Os nervos cranianos correspondem a 12 pares que são formados por fibras aferentes responsáveis por sensibilidade e fibras eferentes com função motora, e podem ainda ser mistos (função sensitiva e motora). RESUMO DOS NERVOS E SUAS FUNÇÕES N° Nome Fibra Função I Olfatório Sensitiva *Olfação II Óptico Sensitiva *Visão III Oculomotor Motora *Motilidade ocular extrínseca (exceto oblíquo superior e reto lateral) *Motilidade pupilar *Músculos Ciliares IV Troclear Motora Motilidade ocular extrínseca (músculo oblíquo superior) V Trigêmeo Mista SENSITIVA *Sensibilidade facial, seios paranasais e dentes *V1 (oftálmico), V2 (maxilar) e V3 (mandibular) MOTORA *Motricidade dos músculos da mastigação VI Abducente Motora Motilidade ocular extrínseca VII Facial Mista MOTORA Motricidade da musculatura mímica *Nervo intermédio (motor) - glândula submandibular, sublingual e lacrimal *Nervo intermédio (sensitivo) - Gustação – 2/3 anteriores da língua, sensibilidade do palato mole VIII Vestibulococlear Sensitiva Audição (ramo coclear) Postura-equilíbrio (ramo vestibular) IX Glossofaríngeo Mista Gustação – 1/3 posterior da língua Sensitivo – tonsila palatina, faringe e orelha média Motor – m. estilofaríngeo, músculos superiores da faringe, glândula parótida Condução do barorreflexo X Vago Mista Motor – coração, pulmão, palato, faringe, laringe, traqueia, brônquios, trato GI Sensitivo – coração, pulmão, traqueia brônquios, laringe, faringe, trato GI, orelha externa XI Acessório Motora Rotação da cabeça Elevação dos ombros Mm esternocleidomastóideo e trapézio XII Hipoglosso Motora Músculos da língua I – NERVO OLFATÓRIO *Nervo Olfatório: é um nervo totalmente sensitivo que se origina no teto da cavidade nasal e leva estímulos olfatórios para o bulbo e trato olfatório, os quais são enviados até áreas específicas do telencéfalo. *Para se fazer o exame do nervo olfatório, deve-se considerar alterações que impeçam o reconhecimento dos aromas, como por exemplo crise de rinite alérgica, paciente tabagistas e usuários de droga (especialmente a cocaína). *Exame do Nervo Ólfatório: O paciente, de olhos fechados, com uma narina tampada, deve reconhecer o aroma colocado diante de cada narina; Usa-se substâncias com odores conhecidos (café, cravo, canela, tabaco, álcool) Deve-se, primeiramente, afastar condições que impeçam este reconhecimento, como resfriado ou atrofia da mucosa *Alterações deficitárias: Hiposmia: Diminuição do Olfato Anosmia: Ausência do olfato Causas: Neurosífilis, fratura do andar superior da base do crânio, e neoplasias na goteira olfatória *Existem alteraçõs da olfação por lesões corticais: Parosmia: Distorção do olfato; Alucinações olfativas: Sentir odor ou aroma na ausência deste; Cacosmia: Sesação olfativa desagradável na ausência de quaisquer substâncias que produza odor. OBS: Síndrome de Foster-Kennedy: Anosmia ipsilateral, atrofia óptica ipsilateral, edema de papila contralateral. Causada por tumores na fossa superior do crânio. II – NERVO ÓPTICO: *Nervo Óptico: nervo puramente sensorial que se origina na parte posterior do globo ocular (a partir de prolongamentos de células que, indiretamente, estabelecem conexões com os cones e bastonetes) e leva impulsos luminosos relacionados com a visão até o corpo geniculado lateral e, daí, até o córtex cerebral relacionado com a visão. *No exame deste nervo, avalia-se: 1) Acuidade visual, 2) Campo visual, 3) Acuidade visual das cores e 4) Fundoscopia. *1) Acuidade Visual: Usa-se a tabela de Snellen (paciente fica a 6m de distância) Cada olho é examinado separadamente *Alterações: Ambliopia: Diminuição da acuidade visual Amaurose: Acuidade visual abolida Tabela de Snellen *2) Campo visual: Pede-se para o paciente fixar um ponto no rosto do examinador O examinador desloca um objeto na horizontal e na vertical (pode-se usar as mãos também) O paciente dirá até onde consegue perceber o objeto Cada olho é examinado separadamente e, depois com os dois olhos abertos simultaneamente. *Alterações: Amaurose: Perda total dos campos visuais. Hemianopsia: Perda da metade do campo visual do olho. A hemianopsia pode ser: o Homônima: Perda do campo visual do mesmo lado em ambos olhos. o Heterônima: Perda do campo visual de lados difentes em cada olho. o Quadrantopsia homônima: Perda de apenas um quadrante do campo visual (1/4 do campo) *REMEMBER: A nossa retina é dividida em duas: 1) Retina Nasal: o Capta o campo temporal o Feixes vão para o quiasma → indo para trato óptico de forma contralateral 2) Retina Temporal o Capta o campo nasal o Seguem ipsilateral até o trato óptico antes do quiasma. Trato Ópticoé formado por: feixes da retina temporal ipsilateral e da retina nasal contralateral. 1 – LESÃO ANTES DO QUIASMA ÓPTICO: Afeta a retina nasal e temporal do lado do nervo comprometido, ocasionando a amaurose desse olho (cegueira). o Nome da alteração: Amaurose (pode ser de um olho (só um nervo do par acometido) ou ambos os olhos → os dois nervos acometidos) o Tradução da foto: cegueira total do lado direito por lesão completa do nervo óptico do lado direito 2 – LESÃO A NÍVEL DE QUIASMA OPTICO: Afeta as retinas nasais de ambos os olhos. Retina nasal = campo temporal, logo vou ter uma hemianopsia (perde metade do campo) heteronônima (dois feixes de dois lados diferentes) e bitemporal (afetou os dois campos temporais). o Nome da alteração: Hemianopsia Heterônima Bitemporal. o Tradução da foto: Hemianopia Bipolar durante a lesão da linha quiasmal média 3 – LESÃO APENAS DO FEIXE DA RETINA TEMPORAL DIREITA: Como a retina temporal capta o campo nasal, eu deixo de ver o campo nasal do meu lado direito (lado acometido no exemplo, mas pode ser no esquerdo também) o Nome da alteração: Hemianopsia Nasal Direita (pode ocorrer do lado esquerdo também) o Tradução da foto: Hemianopia Nasal Direita durante uma lesão que envolve a área periquiasmal direita 4 – LESÃO DO TRATO ÓPTICO DIREITO: No trato óptico há fibras da retina temporal ipsilateral e fibras da retina nasal contralateral. No caso da foto, o trato direito terá fibras da retina temporal direita e da retina nasal esquerda (porque é contralateral). Logo, haverá comprometimento do campo nasal direito (retina temporal direita acometida) e do campo temporal esquerdo (retina nasal esquerda acometida). Hemianopsia homônima (afeta campos de lado iguais em cada olho) esquerda. o Lesão: Hemianopsia Homônima Esquerda (pode ocorrer a direita também) o Tradução da foto: Hemiaonpia homônima esquerda durante uma lesão (ou pressão) do trato óptico direito OBS: Em 5,6 e 7 terei lesões a nível das radiações ópticas no corpo geniculado lateral → lesões de radiações superiores = quadrantes inferiores afetados; lesões de radiações inferiores = quadrantes superiores afetados. 5 – LESÃO DE RADIAÇÕES ÓPTICAS SUPERIORES: Neste caso, leso apenas metade das radiações, ou seja, sobram duas ainda funcionantes, dessa forma terei quadrantopsia (perda de apenas um quadrante do campo visual). Como a lesão é de radiações superiores, será uma quadrantopsia inferior. Como passa pelo quiasma óptico, haverá feixes da retina temporal ipsilateral e da retina nasal contralateral. Dessa forma o quadrante inferior do campo nasal no olho direito e o quadrante inferior do campo temporal do olho esquerdo estarão afetados. Inferior → radiações superiores Olho direito → campo nasal → retina temporal lesada Olho esquerdo → campo temporal → retina nasal lesada o Nome da Lesão: Quadrantopsia Homônima Inferior Esquerda (pode ocorre direita também) o Tradução da Foto: Quadrantopsia Homônima Inferior Esquerda durante o comprometimento de radiações ópticas superiores 6 – LESÃO DE RADIAÇÕES ÓPTICAS INFERIORES: Mesmo raciocínio da questão anterior, mas, como as radiações ópticas inferiores foram acometidas, haverá quadrantopsia superior Superior → radiações inferiores Olho direito → campo nasal → retina temporal lesada Olho esquerdo → campo temporal → retina nasal lesada o Nome da Lesão: Quadrantopsia Homônima Superior Esquerda (pode ocorrer direita também) o Tradução da Foto: Quadrantopsia Homônima Superior Esquerda durante o comprometimento de radiações ópticas inferiores 7 – LESÃO DE TODAS AS RADIAÇÕES ÓPTICAS: Igual ao item 4, pois a lesão de todas as radiações ópticas resulta numa hemianopsia. o Nome da Lesão: Hemianopsia Homônima Esquerda. o Tradução da Foto: Hemianopsia Homônima Esquerda durante a lesão do lobo occipital direito. *3) Teste de acuidade visual das Cores: Uso das lâminas de Ishihara *Alterações: Dicromatopsia congênita: o 1 – Tricomatopsia: Percebe as 3 cores fundamentais (vermelho-verde-azul). Mas uma delas é percebida de forma deficiente o 2 – Dicromatopsia: Falha na percepção de uma das cores. É a mais comum. o 3 – Acromatopsia: Paciente não percebe cor alguma. Dicromatopsia Adquirida: Para o eixo vermelho-verde ou azul-amarelo *4) Fundoscopia: Uso de oftalmoscópio → deve-se avaliar o estado do tecido nervoso (retina e papila óptica) e os vasos. *Alterações: Palidez da papila: Atrofia do nervo óptico Estase bilateral da papila: Hipertensão Intracraniana Modificações das arteríolas: Hipertesnão Arterial e Diabetes Mellitus III, IV E VI – NERVOS OCULOMOTOR, TROCLEAR E ABDUCENTE * Esses nervos são avaliados em conjunto, pois inervam os vários músculos que movimentam os globos oculares *III Nervo Oculomotor: nervo puramente motor que inerva a maior parte dos músculos extrínsecos do olho (Mm. oblíquo inferior, reto medial, reto superior, reto inferior e levantador da pálpebra) e intrínsecos do olho (M. ciliar e esfíncter da pupila). Indivíduos com paralisia no III par apresentam dificuldade em levantar a pálpebra (que cai sobre o olho), além de apresentar outros sintomas relacionados com a motricidade do olho, como estrabismo divergente (olho voltado lateralmente). *IV. Nervo Troclear: nervo motor responsável pela inervação do músculo oblíquo superior. Suas fibras, ao se originarem no seu núcleo (localizado ao nível do colículo inferior do mesencéfalo), cruzam o plano mediano (ainda no mesencéfalo) e partem para inervar o músculo oblíquo superior do olho localizado no lado oposto com relação à sua origem. Além disso, é o único par de nervos cranianos que se origina na parte dorsal do tronco encefálico (caudalmente aos colículos inferiores). *VI Nervo Abducente: nervo motor responsável pela motricidade do músculo reto lateral do olho, capaz de abduzir o globo ocular (e, assim, realizar o olhar para o lado), como o próprio nome do nervo sugere. Por esta razão, lesões do nervo abducente podem gerar estrabismo convergente (olho voltado medialmente). *Os nervos III (Oculomotor), IV (troclear) e VI (abducente) são analisado em conjunto. *Inervam os músculos da motilidade ocular. Temos 6 músculos: o Músculos laterais: Reto Superior: Oculomotor (III) Reto Lateral: Abducente (VI) Reto Inferior: Oculomotor (III) o Músculos Mediais: Oblíquo Superior: Troclear (IV) Reto Medial: Oculomotor (III) Oblíquo Inferior: Oculomotor (III) *Então 1) Oculomotor (Reto superior, reto inferior, reto medial e obliquo inferior), 2) Troclear (Obliquo Superior) e 3) Abducente (Reto Lateral). Movimentos x Músculos: *O nervo Oculomotor também inerva a musculatura ELEVADORA da pálpebra: *Semiologia da pálpebra: Inspeção: o Posição das pálpebras em relação a íris o Tamanho da fenda palpebral o Avaliar movimento das pálpebras e músculo frontal Alteração: o Ptose Palpebral por lesão do Nervo oculomotor *Investigação Semiológica da Motilidade Extrínseca e Intrínseca: Motilidade extrínseca: o O exame é feito em cada olho separadamente e, depois, simultaneamente. Teste 1: O examinador vai pedir para o paciente acompanhar com os um objeto (caneta, por exemplo) e fará um “H” e o paciente deve acompanhar com os olhos se mover a cabeça. Teste 2: Prova de Convergência Ocular. O examinador deve pegar uma caneta, pedir para o paciente acompanha-la com os olhos e, ir com o objeto e direção à região do násio; se os dois olhos não “trabalharem juntos”, o paciente possui insuficiência de convergência ocular. A cabeça do paciente deve permanecer imóvel o OBS: Considerar na avaliação: estrabismo, que é desvio do olho de seu eixo normal, que pode ser horizontal (convergente ou divergente) ou vertical (superior ou inferior). o Alterações: Estrabismos: Horizontal (Divergente → em direção ao nariz ou convergente para → fora) Vertical (Superior ou inferior) Obs: O estrabismoocorre por predomínio de um músculo por paralisia ou paresia do seu músculo antagonista Motilidade Intrínseca: o A íris é formada por fibras musculares lisas, e possui uma camada externa e uma interna: Externa: Musculatura Radiata, que é controlada pelo sistema simpático, sendo uma via aferente (sensitiva) que trafega pelo nervo Óptico. Interna: Musculatura circular, controlada pelo sistema parassimpático, sendo uma via eferente (motora), que trafega pelo nervo oculomotor. *Semiologia da Pupila: A pupila é examinada por meio de um feixe luminoso (lanterna de bolso) e pela convergência ocular. Inspeção: o Forma: Geralmente arredondada Discoria: Alteração na forma o Situação: Central o Tamanho: Normal: 2 a 4mm Miose < 2mm (contraída) Midríase > 4mm (dilatada) Reflexos: O paciente deve olhar para um ponto mais distante. O examinador incide o feixe de luz em uma pupila e observa a resposta nos dois lados. o Reflexo Fotomotor Direto: a contração (miose) da pupila na qual se fez o estímulo. o Reflexo Fotomotor Consensual: a contração (miose) da pupila oposta. o Considerar reflexos fotomotor direto, indireto e acomodação: normais, diminuídos ou abolidos. Alterações: o Midríase homolateral: Pupila entra em midríase e não responde a estimulo algum (predomínio do simpático). Ocorre por lesão do oculomotor. A pupila oposta permanece normal. Explicação: Você gera o estimulo aferente, mas na hora de executar o reflexo fotomotor direto, ele não ocorre, pois, o nervo responsável pela miose (oculomotor) está lesado. o Lesão bilateral da via aferente: Reflexo fotomotor direto e consensual abolidos. Reflexo da acomodação normal. Explicação: A via aferente é a sensitiva, logo, se ela está lesionada, não chega a informação sensitiva de que se tem a incidência luminosa no olho, logo eu não gero um reflexo fotomotor. o Lesão unilateral da via aferente: Estímulo no lado afetado: Reflexo fotomotor direto e consensual abolido; Estímulo no lado sadio: Reflexos normais. Reflexo da acomodação preservado em ambos casos. Explicação: No lado afetado eu não terei o estímulo sensitivo para gerar o reflexo fotomotor. No lado normal eu terei o estímulo sensitivo, e o reflexo fotomotor é gerado em ambos olhos, pois existe o reflexo fotomotor direto e o consensual, assim, no olho sadio teremos o reflexo direto e no olho afetado o reflexo consensual. o Sinal de Argyll-Robertson – consiste, basicamente, em miose bilateral, abolição do reflexo fotomotor e presença do reflexo de acomodação. Lesão responsável situa-se na região periaquedutal, no mesencéfalo Pupilas pequenas, irregulares e desiguais Reflexo fotomotor abolido Reflexo de acomodação presente Causa: Pode ocorrer na neurossífilis o Síndrome de Claude Bernard-Horner: é caracterizada por miose, enoftalmia e diminuição da fenda palpebral. Decorre de lesão do simpático cervical (traumatismo, tumor de ápice pulmonar, pós-cirurgia cervical). Miose Enoftalmia Diminuição da fenda palpebral Causa: Lesão do Simpático Cervical o Sinal de Adie: Midriase pupilar Reflexo fotomotor completa ou quase completamente abolido Reflexo da acomodação lentificado Turvação visual Etiologia desconhecida *Separando os nervos: Lesão de Oculomotor: o Estrabismo divergente o Elevação e abaixamento ocular impossibilitado o Ptose palpebral o Midríase fixa Nervo Troclear: o Inerva o músculo Oblíquo superior o Alteração: Paresia do Troclear. (Não achei foto, mas o problema seria na movimentação do olho no sentido medial inferior) Nervo Abducente o Inerva o músculo Reto lateral o Alteração: Paralisia do Nervo Abducente o Estrabismo Convergente V – NERVO TRIGÊMIO: * V Nervo Trigêmeo: apresenta função sensitiva (parte oftálmica, maxilar e mandibular da face) e motora (o nervo mandibular é responsável pela motricidade dos músculos da mastigação: Mm. temporal, masseter e os pterigoideos). Além da sensibilidade somática de praticamente toda a face, o componente sensorial do trigêmeo é responsável ainda pela inervação exteroceptiva da língua (térmica e dolorosa). *É um nervo misto e possui três ramos: oftálmico, maxilar e mandibular. Raiz motora: Inerva os músculos da mastigação (temporal, masseter e pterigoideos) Raiz sensitiva: (sensibilidade superficial/reflexo corneopalpebral): A sensibilidade será tátil, térmica e dolorosa na pele e mucosas. *Na avaliação da lesão unilateral da raiz motora, observa-se: Atrofia das regiões temporais e masseterianas Ao abrir a boca, desvio para o lado lesado Ao trincar os dentes, debilidade do lado lesado (músculos da mastigação) Dificuldade de laterização da mandíbula *Avaliação da Raiz sensitiva: Semelhante a avaliação da sensibilidade superficial, mas com o acréscimo do reflexo córneo- palpebral; na rotina, pesquisa-se somente a sensibilidade tátil, usando um pedaço de algodão, que encostará delicadamente na pele da face e nas mucosas das pálpebras. VII – NERVO FACIAL *VII Nervo Facial: é um nervo misto e que pode ser dividido em dois componentes: N. facial propriamente dito (raiz motora) e o N. intermédio (raiz sensitiva e visceral). Praticamente toda a inervação dos músculos da mímica da face é responsabilidade do nervo facial; por esta razão, lesões que acometam este nervo trarão paralisia dos músculos da face do mesmo lado (inclusive, incapacidade de fechar o olho). O nervo intermédio, componente do próprio nervo facial, é responsável, por exemplo, pela inervação das glândulas submandibular, sublingual e lacrimal, além de inervar a sensibilidade gustativa dos 2/3 anteriores da língua. *Nervo misto: Motricidade da face (mímica Facial) Gustação dos 2/3 anteriores da língua Inervação parassimpática das glândulas lacrimais, salivares e submandibulares *Avaliação motora: Manobras que testam a mímica facial: “feche os olhos, enrugue a testa, sorria, mostre os dentes. *Alterações: Paralisia Facial Central ou Periférica Paralisia Central: Lesão ocorre antes no núcleo do nervo facial, metade da face inferior contralateral é afetada. Paralisia Periférica: Ocorre após o núcleo do nervo facial, toda a face ipsilateral é atingida. *Descrição: Lagoftalmia: Olhos permanecem sempre abertos. Desvio da boca para o lado normal Epífora: Lacrimejamento A paralisia da face chama-se Prosopoplegia, quando é bilateral, fala-se em diplegia facial *CONSIDERAÇÕES:. Na paralisia periférica, toda a hemiface homolateral é acometida, enquanto, na paralisia central, somente a metade inferior da face contralateral se mostra alterada. Este último tipo ocorre com frequência nos acidentes vasculares e nos tumores cerebrais. Sinal de Bell: Pode indicar paralisia do nervo facial (VII nervo craniano). O observador nota no lado afetado pela paralisia um movimento para cima e para fora do olho, quando o paciente tenta piscar os olhos ou quando tenta-se tocar a córnea; Sinal de Negro: Pode indicar paralisia do nervo facial (VII nervo craniano). Ao tentar olhar para cima, nota-se que o olho paralisado fica mais alto que o do lado sadio. *Avaliação da Sensibilidade: 2/3 anteriores da língua (inervação pelo nervo intermédio de Wrisberg) Testa-se a gustação dos 2/3 anteriores da língua com soluções doces, salgadas, amargas e azedas; o paciente deve estar com os olhos fechados. *Alterações: Ageusia: Falta do gosto Hipogeusia: Diminuição do gosto Parageusia: perverção do gosto *Inervação parassimpática: Glândulas lacrimais e salivares. Comprometimento: Ressecamento das mucosas atingidas. VIII – VESTÍBULOCOCLEAR: * VIII. Nervo Vestíbulo-coclear: é um nervo formado por dois componentes distintos (o N. coclear e o N. vestibular); embora ambos sejam puramente sensitivos, assim como o nervo olfatório e o óptico. Sua porção coclear traz impulsos gerados na cóclea(relacionados com a audição) e sua porção vestibular traz impulsos gerados nos canais semi-circulares (relacionados com o equilíbrio). *Ramo coclear: Audição *Ramo Vestibular: Equilibrio RAMO COCLEAR *Manifestações de lesões cocleares: Subjetivas: Acúferos, paracusias, alucinações auditivas Objetivas: Anacusia, hipoacusia. *Exame Coclear: Divide-se em 2 partes: o 1 - Investigar se existe ou não lesão auditiva: Oclui-se um ouvido que não será explorado, enquanto fala-se me voz baixa (e vai diminuindo-a gradativamente), atrito com a polpa dos dedos (tipo estalinhos) ou roça- se uma mecha do cabelo do próprio paciente. o 2 - Determinar o tipo de surdez (Transmitiva ou Neurossensorial): Utiliza-se as provas de Rinne e de Weber com o auxílio de um diapasão. *Prova de Rinne Comparação entre as conduções aérea e óssea Técnica: o Vibra-se o diapasão o Apoia-se a haste no mastoideo até o paciente acusar não mais perceber o diapasão o Posicionar, imediatamente, próximo ao pavilhão auricular o Anotar-se os tempos em ambos casos. Interpretação da prova de Rinne: o Rinne Positivo Normal: Rinne (+) ou normal é quando o ruído junto ao meato acústico externo é ouvido o dobro do tempo do que quando se coloca sobre a apófise mastoidea: Via óssea em torno de 20 segundos Via aérea maior que 20 segundos, em torno de 2x maior. o Rinne positivo encurtado ou patológico: Via óssea menor que 20 segundos, por exemplo: 10 segundos Traduz disacusia neurossensorial por lesão de órgão de Corti ou dos neurônios cocleares o Rinne negativo: em surdez de condução, Rinne (-) ou invertido, é quando há uma diminuição ou mesmo uma inversão da relação. Via óssea maior que via aérea Traduz disacusia de transmissão, lesão da orelha externa ou média OBS: E em surdez de percepção, as conduções aéreas e óssea estão diminuídas, mas o Rinne continua normal ou positivo. *Prova de Weber: Vibra-se o diapasão Apoia-se a haste no ápice da cabeça (vortex) *Interpretação: Indivíduo normal ouve com igual intensidade dos dois lados Disacusia Neurossensorial (surdez de percepção): o Percebe-se melhor o som no ouvido normal o Lesão no nervo acústico ou no centro cortical auditivo o Em surdez de percepção, o som é mais intenso no lado oposto a lesão, isto é, no lado normal. Lateraliza o Weber para o lado são ou Weber (-). Disacusia de Trasmissão (surdez de condução): o Percebe-se melhor o som, paradoxalmente, no ouvido lesado. o Em surdez unilateral de condução, doença do ouvido médio ou obstrução do canal auditivo externo, som é mais intenso no lado lesado, lateraliza o Weber para o lado lesado ou Weber (+). *OBS: Audiometria: realizado por profissional especializado (fonoaudiólogo). RAMO VESTIBULAR *Procura-se nistagmo e alterações de equilíbrio *Nistagmo: Tremores dos globos oculares → movimentos oculares ritmados, com dois componentes: um rápido e outro lento. Compreende os tipos horizontal, vertical, rotatório e misto. *Desvios posturais (equilíbrio): Exames: o Desvio dos indicadores de Barany: Paciente, com olhos fechados, deve estender ambos os braços na horizontal, com dedos indicadores apontados para frente. Resultados: Paciente normal: Braços estendidos, sem alterar sua posição Alterações vestibulares: Após uma latência, membros começam a desviar-se para um ou outro lado: o Destruição unilateral do labirinto: Desvio para o lado afetado o Irritação: Desvio para o lado sadio o Sinal de Romberg: Tendência de queda em um paciente em pé, com braços estendidos e olhos fechados. Romberg Vestibular: Queda para o lado lesado. Qualquer lado, terei alteração de sensibilidade, por exemplo na Tabes Dorsalis. o Provas calórica e rotatória Requerem equipamentos especializados. Prova calórica (estímulo dos labirintos com água quente e fria) e prova rotatória (cadeira giratória). IX E X – NERVO GLOSSOFARINGEO E NERVO VAGO * IX Nervo Glossofaríngeo: responsável por inervar a glândula parótida, além de fornecer sensibilidade gustativa para o 1/3 posterior da língua. É responsável, também, pela motricidade dos músculos da deglutição. *X Nervo Vago: considerado o maior nervo craniano, ele se origina no bulbo e se estende até o abdome, sendo o principal representante do sistema nervoso autônomo parassimpático. Com isso, está relacionado com a inervação parassimpática de quase todos os órgãos torácicos e abdominais. Traz ainda fibras aferentes somáticas do pavilhão e do canal auditivo externo. *Lesão unilateral do IX: Disfagia Distúrbios da gustação no terço posterior da língua (hipogeusia/ageusia) *Lesão unilateral do IX e X: Desvio do véu palatino para o lado normal ao pronunciar as vogais “A” ou “E”. Desvio da parede posterior da faringe para o lado normal (Sinal da Cortina) após estimulação *Lesão apenas do nervo Vago (ramo laríngeo) Disfonia OBS: Reflexo vômito/tosse (nervo vago): Utiliza-se um abaixador de língua para o exame. XI – NERVO ACESSÓRIO * XI. Nervo Acessório: inerva os Mm. esternocleidomastoideo e trapézio, sendo importante também devido as suas conexões com núcleos dos nervos oculomotor e vestíbulo-coclear, por meio do fascículo longitudinal medial, o que garante um equilíbrio do movimento dos olhos com relação à cabeça. Na verdade, a parte do nervo acessório que inerva esses músculos é apenas o seu componente espinhal (5 primeiros segmentos medulares). O componente bulbar do acessório pega apenas uma “carona” para se unir com o vago, formando, em seguida, o nervo laríngeo recorrente. *Inervação dos Músculos Trapézio e esternocleidomastoideo *Alterações: Perda dos relevos musculares Ombro caído Falta de tônus e força nas manobras contra resistência *Testes: Elevação de ombros: avaliação das fibras superiores do trapézio. Rotação da cabeça: avaliação do esternocleidomastóideo. XII – NERVO HIPOGLOSSO * XII Nervo Hipoglosso: inerva a musculatura da língua. *Investiga-se o hipoglosso pelos seguintes itens: Inspeção de todos os movimentos da língua Palpação da língua (verificar a consistência e tônus) Lesão unilateral do Hipoglosso (pesquisa de fasciculação e atrofia). São observados os seguintes achados: o Dentro da boca: Língua desvia para o lado sadio o Fora da boca: Língua desvia para o lado afetado o Pode ocorrer disartria para as consoantes linguais 15. NERVOS RAQUIDIANOS A avaliação dos nervos raquidianos consiste no exame dos seus trajetos periféricos pelo método palpatório. A importância prática desse exame reside no fato de que algumas doenças tais como hanseníase e neurite intersticial hipertrófica, acometem seletivamente os nervos periféricos, espessando-os. Pelo menos quatro nervos devem ser examinados, sendo eles: Nervo cubital, ao nível do cotovelo, na epitróclea; Nervo radial na goteira de torção no terço inferior da face externa do braço; Nervo fibular na parte posterior e inferior da cabeça da fíbula; Nervo auricular na face lateral da região cervical.
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