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PARECER CARNE PARA A FAMÍLIA 2 Elaborado por: Ana Paula Ribeiro de Souza Disciplina: Compliance Turma: Turma 2 3 Órgão solicitante : Empresa Carnes para a família Assunto: Compra de carne de gado que ingeriu ração com data de vencimento expirada 4 Ementa Diante da situação apresentada, ao elaborar o presente parecer foi realizada analise das obrigações do auditor e da empresa empresa empregadora, bem como ponderada a análise da atuação da alta direção da empresa com base nos princípios do compliance e também da governança corporativa Além dos assuntos acima referidos, também foram analisadas as semelhanças e diferenças entre as funções de auditor e compliance officer. Por fim, após analise atenta a toda a situalção apresentada foi elaborado posicionamento acerca de eventual dever de obediencia do auditor aos gestores da organização, alpem de pontuar se o auditor interno tem a mesma independência do compliance officer. 5 Relatório A empresa Carnes para a Família é lider do Mercado de distribuição de carnes no País. Dentre os funcionários da empresa está o Sr. José que desempenha a função de auditor interno. O referido funcionário, durante uma auditoria, descobriu que a ração dada aos animais estava vencida, e que tal situação poderia vir a prejudicar a saúde do rebanho, contaminando as carnes que, posteriormente, seriam vendidas normalmente. Ao constatar que os animais haviam sido alimentados com ração com prazo de validade expirado, o auditor interno comunicou à alta direção da empresa Na oportunidade em que o auditor comunicou que o rebanho havia ingerido ração vencida, sobreveio a informação de que a alta direção possuia ciencia de tais acontecimentos e que havia conseguido um preço melhor no momento da compra, justamente, devido à proximidade da data de vencimento da ração. Por fim, na mesma ocasião a alta direção também informou ao auditor que eles, por se tartar de um funcionário da empresa, não deveria mais tocar no assunto. 6 Fundamentação Análise das obrigações de José como auditor e da empresa como empregadora; O auditor interno é o responsável por prestar avaliação ao examinar e reportar sobre a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de controle desenvolvidos para ajudar a organização a alcançar seus objetivos estratégicos, operacionais, financeiros e de conformidade.1 O Auditor interno tem como obrigação monitorar, avaliar e realizar recomendações visando aperfeiçoar os controles internos e as normas e procedimentos estabelecidos pelos administradores. A atividade do auditor interno é baseada em princípios e regras de conduta, sendo que quatro princípios ficam ainda mais explícitos, sendo eles: Integridade, salutar no indivíduo em si e ainda mais no exercício da função de auditor, demonstrando retidão e, evitará que seja corrompido, o princípio da objetividade, baseado na atenção ao uso do tempo para produzir, princípio da confidencialidade o que refere que por ter o auditor acesso as mais variadas informações da empresa, cabe à ele mantê-las em sigilo. Por fim e não menos importante o princípio da competência, no qual refere a necessidade do auditor interno possuir não apenas conhecimento teórico, mas também prático, a fim de desemprenhar a sua função com presteza. 2 1 IIA (The Institute of Internal Auditors). Declaração de Posicionamento do IIA: O papel da auditoria interna na governança corporativa. IIA, 2015. Disponivel em: https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/ippf/downloads/declarao-de-pos-ippf-00000006- 14062018163019.pdf. Acesso em 27 mai. de 2021. p.1. 2 COELHO, Claudio Carneiro Bezerra Pinto;JUNIOR, Milton de Castro Santos. COMPLIANCE. Disponivel em: file:///C:/Users/usuario/Downloads/compliance.pdf. Acesso em 10 jun.2021. 7 Em analise ao acima referido quanto as obrigações da função de auditor interno, pode-se observar que José mostrou-se atento aos princípios norteadores da função que exerce, pois reportou a situação ocorrida à alta diretoria. Todavia, ao exercer a função de auditor interno, José é subordinado as ordens da diretoria que determinou seu silêncio e inércia diante da situação apontada e, temendo pela manutenção do seu emprego, assim o fez. Mesmo permanecendo omisso, José pode ser responsabilizado, com fulcro no artigo 3º Lei 12.846 de 2013: “A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito”. Por outro lado ainda, a empresa empregadora diante da sua conduta demonstrou que a função de auditor interno exercida por José não possui a autonomia que lhe compete, por ter sido repreendido ao desempenhar a sua função. Ao agir de tal maneira caso o objetivo da empresa, em caso de eventual dano posterior, tivesse o interesse de culpar o empregado pelo ocorrido, deveria estar ciente que o Código Civil em seu art. 932, inciso III, dispõe que o empregador também é responsável pela reparação civil, por seus empregados, quando no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele e segundo a Súmula 341 do STF, a culpa do patrão é presumida. O que se vislumbra no caso em análise é que a empresa, em verdade foi contra os princípios basilares do compliance, ocultando informações e expondo clientes e reputação da empresa em risco Não basta que a função de auditor seja apenas uma “fachada” na empresa, ela precisa de subsídios e autonomia para que o profissional possa desempenhar suas atividades com autonomia e eficiência. 8 No caso em tela ainda, há de se atentar ainda que a situação se configura infração sanitária, conforme Lei 6.437 de 19773, se tratando então de um caso de saúde pública, com agravantes conforme artigo 8º, II, IV, VI, os quais foram assumidos pela empresa empregadora ao agir com total desídia. Por fim, claramente que a observância das boas práticas de governança impediriam a atuação temerária e totalmente equivocada da empresa empregadora, como ocorreu no caso em tela. Análise da atuação da alta direção com base nos princípios do compliance e também da governança corporativa; Primeiramente, a título de informação é importante atentar que a governança corporativa está baseada em quatro princípios de boas práticas e a adequada observação e adoção a estes princípios norteadores tem como consequência um clima de confiança tanto internamente quanto nas relações com terceiros. Para melhor aclarar, o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa fez interessante descrição de cada um desses pilares: Transparência: Consiste no desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. Não deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que conduzem à preservação e à otimização do valor da organização. Equidade: Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders), levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas. 3 Lei Federal Nº 6.437, DE 20DE AGOSTO DE 1977.Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6437.htm. Acesso em 07 jun. 2021. https://conhecimento.ibgc.org.br/Paginas/Publicacao.aspx?PubId=21138https://conhecimento.ibgc.org.br/Paginas/Publicacao.aspx?PubId=21138 9 Prestação de contas (accountability) Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões e atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus papéis. Responsabilidade corporativa Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional etc) no curto, médio e longo prazos."4 Em continuidade ainda, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, disponibilizou no ano de 2020 a Agenda positiva de governança: medidas para uma governança que inspira, inclui e transforma, sendo que listou 6 pilares a serem observados com afinco nas organizações, sendo eles: ética e integridade, diversidade e inclusão, ambiental e Social, Inovação e transformação, transparência e prestação de contas e conselhos do futuro.5 Pela breve leitura dos princípios básicos da Governança Corporativa já fica evidente que a atuação da alta direção no caso em analise, está em absoluta dissonância, visto que ao adquirir a carne ciente que o gado havia ingerido ração vencida, implica em não observância à preservação e à otimização do valor da organização, além de grande irresponsabilidade corporativa. É sabido ainda que o cumprimento as normas legais e regulamentares, a política e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da instituição 4Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. Disponível em: https://conhecimento.ibgc.org.br/Lists/Publicacoes/Attachments/21138/Publicacao-IBGCCodigo- CodigodasMelhoresPraticasdeGC-5aEdicao.pdf. Acesso em 11 jun. 2021. 5 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Agenda Positiva de Governança: medidas para uma governança que inspira, inclui e transforma. / Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. São Paulo, SP : IBGC, 2020. (Série IBGC Opina). Disponível em: https://conhecimento.ibgc.org.br/Lists/Publicacoes/Attachments/24360/Agenda%20Positiva.pdf. Acesso em 27 mai. 2021. 10 ou empresa são imprescindíveis para o desenvolvimento da empresa e, com a devida observância as atividades de compliance, os possíveis desvios em relação à política interna são mais facilmente identificados e evitados, fazendo com que sócios e investidores têm a segurança de que suas aplicações e orientações serão detalhadamente geridas segundo as diretrizes por eles minuciosamente estabelecidas. 6 A atuação da alta direção da empresa se mostrou em total inconformidade com o que dispõe o Código de Compliance Corporativo, como poderá ser observado nos artigos a seguir: Artigo 1º. a integridade no âmbito empresarial é um compromisso fundamental de todos os colaboradores da empresa, diretos e indiretos, e em especial da alta administração. Artigo 2º. O Compliance é uma função indispensável nas empresas, independentemente do seu porte e do seu segmento, e visa assegurar que o exercício das suas atividades se dê de forma sustentável, em estrita conformidade com o ordenamento jurídico e as normas aplicáveis, bem como em consonância com elevados padrões éticos e responsabilidade social. Artigo 3º. A função do Compliance no âmbito empresarial se presta a auxiliar a alta administração, os demais órgãos corporativos e a organização em geral em prol dos objetivos indicados no art. 2º, acima, de modo que cada integrante da organização se torne um agente promotor do Compliance, em quaisquer que sejam as suas atribuições.7 Dessa forma, controlar os riscos é se antecipar, minimizar os potenciais danos e zelar pelo seu patrimônio. Evidentemente que só o fato de uma empresa existir, e de acordo com o tipo de atividade que exerce, há riscos inerentes aos negócios, mas se os mesmos forem identificados, os prejuízos serão muito menores e não se pode 6 BLOK, Marcella. Nova Lei Anticorrupção (Lei 12846/ 2013) e Compliance. Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais. Disponível em: file:///C:/Users/usuario/Downloads/Nova%20Lei%20Anticorrupcao%20e%20o%20Comp%20- %20Blok,%20Marcella.pdf. Acesso em: 11 jun.2021. 7 IBDEE. Código de Compliance Corporativo: Guia de melhores práticas de compliance no âmbito empresarial. 2017. Disponível em: https://www.legiscompliance.com.br/images/pdf/ibdee_guia_compliance_digital.pdf. Acesso em 11 jun. 2021. 11 desprezar as práticas legais, contratuais e éticas visto que, nenhuma pessoa física ou jurídica está acima de valores e princípios, 8 o que não foi sequer observado pela alta direção da empresa, se limitando a justificar que a compra se deu por valor mais acessível em razão da proximidade da data de vencimento, não havendo qualquer interesse em analisar o risco de tal negócio. Sendo o risco inerente a qualquer atividade empresarial, caberia à empresa gerenciar com vistas a assumir riscos calculados, reduzir a volatilidade dos seus resultados e aumentar a previsibilidade de suas atividades e se tornar mais resilientes em cenários extremos, viso que a efetividade de seu gerenciamento afeta os objetivos estratégicos e estatutários estabelecidos pela administração e, inclusive, impacta a longevidade da organização 9 e, se tornando publica a conduta da empresa no caso em analise, há grande impacto que certamente causará grande prejuízo não só monetário, mas também a imagem da empresa. Por fim, é de conhecimento que a sociedade demanda com urgência que as organizações assumam a corresponsabilidade de resolver os principais desafios que hoje limitam a prosperidade coletiva, cabendo aos líderes o dever de divulgar informações fiéis a realidade da organização, assumindo a responsabilidade integral por seus atos e omissões,10 cabendo a alta direção assumir com a sua conduta frente a situação apresentada pelo auditor interno da empresa. 8 CARNEIRO. Claudio. Compliance e a ultura de paz. Galileu- Revista de direito e Economia. Disponivel em: https://repositorio.ual.pt/bitstream/11144/4290/1/RG_XX1_Compliance2.pdf. Acesso em 09 jun. 2021. 9 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Gerenciamento de riscos corporativos: evolução em governança e estratégia / Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. São Paulo, SP: IBGC, 2017. (Série Cadernos de Governança Corporativa). Disponível em: https://conhecimento.ibgc.org.br/Lists/Publicacoes/Attachments/21794/Riscos%20cad19.pdf. Acesso em: 11 jun. 2021. 10 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Motivações Premissas que nortearam as discussões do grupo de trabalho de voluntários da Agenda Positiva. Disponível em: https://www.agendapositivadegovernanca.com/motivacoes. Acesso em: 02 jun. 2021. 12 Análise das semelhanças e diferenças entre as funções de auditor e compliance officer. Assim que o programa de compliance vai sendo implementado, se faz necessário ter uma pessoa que exercite as atividades, conforme consta no programa da empresa. Essa pessoa é denominada compliance officer que atua justamente na prevenção, monitoramento, no controle dos riscos que a empresa está sujeita. O Compliance officer é o responsável pelo programa de integridade, e deve ter acesso a documentos de diferentes departamentos da empresa, garantia de reporte da área ao mais alto nível hierárquico da empresa, conforme determina o Documento Orientativo para Preenchimentodo Questionário de Avaliação, elaborado pela Controladoria- Geral da União11. Quanto ao assunto, importante atentar para o que dispõe o Código de Compliance Corporativo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Direito e ética Empresarial (IBDEE): Artigo 5º: Em cada empresa, a função de Compliance deverá ser liderada por um profissional sênior, aqui designado, genericamente, Compliance Officer. Parágrafo 1º. – o Compliance Officer deverá fazer parte da alta administração e possuir autonomia necessária para zelar pelo cumprimento das regras que compõem o Programa de Compliance em todos os níveis da organização. Parágrafo 2º. – o Compliance Officer deverá dispor dos recursos necessários ao exercício adequado das suas funções, tais como orçamento próprio e autonomia para contratação de auditores e assistentes técnicos, conforme a necessidade. Parágrafo 3º.– o Compliance Officer deverá ter livre acesso a informações e poder convocar a qualquer tempo órgãos societários e comitês diretivos, orientativos e fiscalizadores das empresas, notadamente, em se tratando de 11 Controladoria- Geral da União- CGU. Documento Orientativo para Preenhumento do Questionário de Avaliação. Pró- ética 2021-2021. Disponivel em: https://www.gov.br/cgu/pt- br/assuntos/etica-e-integridade/empresa-pro-etica/arquivos/documentos-e- manuais/DocumentoOrientativoPRTICA_20202021.pdf. Acesso em 27 mai.2021. 13 sociedades anônimas, a Assembleia Geral de Acionistas, o Conselho de Administração e o Conselho Fiscal. Parágrafo 4º. – O Compliance Officer deverá ter livre acesso a reuniões de quaisquer áreas da empresa, notadamente quando relacionadas a estratégias de negócios, bem como treinamentos e reuniões de funções eminentemente promocionais ou comerciais.12 Como se percebe, o compliance oficcer tem a função de divulgar, reiterar normas, fiscalizar se programas de conformidade estão sendo observados corretamente e, havendo atividade suspeita cabe a ele repassar a informação ao órgão responsável. Assim, a atuação do compliance officer se mostra eficaz nas medidas anticorrupção às sociedades empresárias, objetivando a ética e a responsabilidade social empresaria.13 Há de se salientar que o compliance officer tem como maior objetivo aprimorar os sistemas de controles internos das organizações, com o objetivo de garantir que seus ativos estejam protegidos contra fraudes ou desvios. A avaliação do compliance officer permite a identificação de pontos de fragilidade na relação com terceiros, agindo preventivamente, desenvolvendo os estritos deveres que lhe são atribuídos, 14 introduzindo e coordenando os meios de controle para manter a devida operação das normas do programa, suavizando os possíveis riscos. 12 IBDEE. Código de Compliance Corporativo: Guia de melhores práticas de compliance no âmbito empresarial. 2017. Disponível em: < https://www.legiscompliance.com.br/images/pdf/ibdee_guia_compliance_digital.pdf>. Acesso em 27 mai. 2021. 13 MACHADO, Lucas Gamaliel Fernandes; SCANDIUZZI, Ariadne Yurkin. COMPLIANCE E SUA APLICAÇÃO ÀS MÉDIAS, PEQUENAS E MICROEMPRESAS. Episteme Transversalis, [S.l.], v. 11, n. 1, maio 2020. ISSN 2236-2649. Disponível em: <http://revista.ugb.edu.br/ojs302/index.php/episteme/article/view/2129>. Acesso em: 10 jun. 2021. 14 FURTADO. CARLOS DONATO DE AZEVEDO. A RESPONSABILIDADE DO COMPLIANCE OFFICER E A LEI DE COMBATE À CORRUPÇÃO. Disponível em: https://www.emerj.tjrj.jus.br/paginas/trabalhos_conclusao/2semestre2019/pdf/CarlosDonatodeAzeved oFurtado.pdf 14 Já a auditoria interna presta avaliação ao examinar e reportar sobre a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de controle desenvolvidos para ajudar a organização a alcançar seus objetivos estratégicos, operacionais, financeiros e de conformidade.15 O Auditor interno monitora, avalia e realiza recomendações visando aperfeiçoar os controles internos e as normas e procedimentos estabelecidos pelos administradores16 Dessa forma, entende-se que auditoria interna é um sistema de controle cuja função é in vestigar cotidianamente os procedimentos adotados por empresa para detectar ineficiências, atos de corrupção, falhas e quaisquer procedimentos que não estejam adequados. Tal departamento colabora para que a empresa padronize seus procedimentos para minimizar falhas e riscos, o que facilita o alcance de metas e objetivos. Tais procedimentos examinam a integridade, adequação e eficácia dos controles internos e das informações físicas, contábeis, financeiras e operacionais da empresa, e, mesmo tal função, sendo exercida por funcionário da empresa este deve exercer sua função com absoluta independência profissionais, atento as normas de 15 IIA (The Institute of Internal Auditors). Declaração de Posicionamento do IIA: O papel da auditoria interna na governança corporativa. IIA, 2015. Disponivel em: https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/ippf/downloads/declarao-de-pos-ippf-00000006- 14062018163019.pdf. Acesso em 27 de mai. de 2021. p.1. 16 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. Disponível em: https://conhecimento.ibgc.org.br/Lists/Publicacoes/Attachments/21138/Publicacao-IBGCCodigo- CodigodasMelhoresPraticasdeGC-5aEdicao.pdf. Acesso em: 11 jun.2021. 15 auditoria e, sua subordinação a empresa se limita aos aspecto funcional e não técnico. 17 Importante atentar que a linha parece ser tênue entre as funções de compliance officer e auditor interno, quando vista num primeiro momento, haja vista que as atividades desenvolvidas por ambas se complementam. Todavia, a abordagem delas deixa clara a distinção, visto que a auditoria interna efetua seus trabalhos de forma aleatória e temporal, por meio de amostragens, com o objetivo de certificar o cumprimento das normas e processos instituídos e via de regra de forma a repreender, já o compliance officer, desemprenha suas atividades de forma rotineira e permanente, monitorando e assegurando que as normas estão sendo devidamente observadas e respeitadas.18 Diferentemente do Compliance Officer que cabe a função de divulgar, implementar e com a autonomia necessária deve zelar pelo cumprimento das regras que compõem o Programa de Compliance em todos os níveis da organização ao Auditor interno cabe a tarefa de verificação da integridade, adequação e eficácia dos controles internos e das informações físicas, contábeis, financeiras e operacionais da empresa. O que se percebe então é que tanto o Compliance Officer quanto o auditor interno devem exercer a função de forma absolutamente independente, sem que haja qualquer interferência de terceiros, respeitando e observando atentamente aos critérios de seus trabalhos. 17 ATTIE, William. Auditoria: conceitos e aplicações. São Paulo: Atlas, 2000.p. 175. 18 ACCI (Associação Brasileira de Bancos Internacionais) & FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos). Função de Compliance. Abbi/Febraban, 2009. Disponivel em : <http://www.abbi.com.br/funcaodecompliance.html>. Acesso em 27 de maio de 2021. 16 Por ser José, empregado e exercendo a função de auditor interno da empresa e, portanto, a relação ser regulada pela Legislação trabalhista, onde está caracterizada a denominada subordinação hierárquica, havendo a prestação do trabalho e a contraprestação consistente no pagamento da remuneração, a obediência aos gestores se mostra consequência imediata dessa relação. Pelo contexto colhido ainda, pode-se observar que o auditorinterno não possui a mesma independência do compliance officer, visto que em razão do vínculo existente entre o auditor interno e o empregador, este acaba, de forma indevida, interferindo na execução do trabalho do auditor, tal qual ocorreu no caso em tela. Considerações finais A matéria aqui apresentada e estudada para analisar cada questão referente a situação enfrentada pôde demonstrar que a governança corporativa é o meio pelo qual as organizações são dirigidas, envolvendo uma série de decisões que englobam não só toda a empresa como também o seu relacionamento com sócios, funcionários, fornecedores e Fisco. Pode-se dizer que a governança corpoorativa é um conjunto completo de ações que visam ao bom funcionamento da empresa. Restou evidente ainda, que aliada e indispensável a governança corporativa é o compliance, cujo objetivo principal de um programa de compliance é o planejamento de atividades, tais como a revisão de políticas internas, código de ética e conduta e gestão de risco, para obter uma difusão da cultura da integridade no ambiente da empresa, a fim de prevenir, investigar e descobrir desvios de condutas e eventuais violações à lei, perpetrados por seus funcionários e/ou dirigentes. Todavia, mesmo sendo de grande valia para a manutenção da atividade empresarial, alguns diretores/ proprietários optam por não dispô-las em suas empresas, sob o argumento do alto custo. Algumas outras empresas, as mantem de https://ls.cursos.fgv.br/d2l/lor/viewer/viewFile.d2lfile/325743/131161,2/governan%C3%A7a.html?ou=6606 17 “fachada”, existindo apenas na teoria e não na pratica, o que também se mostra ineficaz. O que se pode constatar que é ao deixar de atentar que a consequência das condutas que tais institutos visam coibir são muito mais prejudiciais, pois não são apenas monetários e refletem e muito na manutenção da atividade empresarial, certamente as empresas olhariam com outros olhos e fariam da governança corporativa e do compliance uma realidade atuante na empresa. E assim, sendo a governança corporativa e o compliance presentes na empresa, as atividades inerentes a cada um dos envolvidos, sendo respeitada, com acesso a documentação e podendo agir de forma independente, dentro das funções, a manutenção da atividade empresarial e a sua capacidade de mitigar riscos certamente estará sob os devidos e atentos cuidados dos profissionais. 18 Referências bibliográficas ACCI (Associação Brasileira de Bancos Internacionais) & FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos). Função de Compliance. Abbi/Febraban, 2009. ATTIE, William. Auditoria: conceitos e aplicações. São Paulo: Atlas, 2000. BLOK, Marcella. Nova Lei Anticorrupção (Lei 12846/ 2013) e Compliance. Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais. CARNEIRO. Claudio. Compliance e a ultura de paz. Galileu- Revista de direito e Economia. COELHO, Claudio Carneiro Bezerra Pinto;JUNIOR, Milton de Castro Santos. COMPLIANCE. Controladoria- Geral da União- CGU. Documento Orientativo para Preenhumento do Questionário de Avaliação. Pró- ética 2021-2021. FURTADO. CARLOS DONATO DE AZEVEDO. A RESPONSABILIDADE DO COMPLIANCE OFFICER E A LEI DE COMBATE À CORRUPÇÃO. IBDEE. Código de Compliance Corporativo: Guia de melhores práticas de compliance no âmbito empresarial. 2017. IIA (The Institute of Internal Auditors). Declaração de Posicionamento do IIA: O papel da auditoria interna na governança corporativa. IIA, 2015. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Agenda Positiva de Governança: medidas para uma governança que inspira, inclui e transforma. / Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. São Paulo, SP : IBGC, 2020. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Gerenciamento de riscos corporativos: evolução em governança e estratégia / Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. São Paulo, SP: IBGC, 2017. 19 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Motivações Premissas que nortearam as discussões do grupo de trabalho de voluntários da Agenda Positiva. Lei Federal nº 6.437, DE 20DE AGOSTO DE 1977. MACHADO, Lucas Gamaliel Fernandes; SCANDIUZZI, Ariadne Yurkin. COMPLIANCE E SUA APLICAÇÃO ÀS MÉDIAS, PEQUENAS E MICROEMPRESAS. Episteme Transversalis, [S.l.], v. 11, n. 1, maio 2020. ISSN 2236- 2649
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