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Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período APG 14 – SANGUE RALO – OBJETIVOS: 1) COMPREENDER O PROCESSO DE HEMOSTASIA. O termo hemostasia significa prevenção de perda sanguínea. Sempre que um vaso é seccionado ou rompido, é provocada hemostasia por meio de diversos mecanismos: constrição vascular, formação de tampão de plaquetas, formação de coágulo sanguíneo, como resultado da coagulação do sangue e eventual crescimento de tecido fibroso no coágulo para o fechamento permanente no orifício do vaso. Constrição vascular: Imediatamente após corte ou ruptura do vaso sanguíneo, o trauma da própria parede vascular faz com que a musculatura lisa dessa parede se contraia; esse mecanismo reduz de forma instantânea o fluxo de sangue pelo vaso lesado. A contração resulta de espasmo miogênico local, fatores autacoides locais dos tecidos traumatizados e das plaquetas e reflexos nervosos. Quanto maior for a gravidade do trauma ao vaso, maior será o grau do espasmo vascular. O espasmo pode durar vários minutos ou mesmo horas, tempo no qual ocorrem os processos de formação dos tampões plaquetários e de coagulação do sangue. Formação de tampão de plaquetas: Dentro das plaquetas é encontrado o fator de crescimento derivado das plaquetas (PDGF), um hormônio que promove a proliferação de células endoteliais vasculares, fibras de músculo liso vascular e fibroblastos com objetivo de ajudar o reparo das paredes danificadas dos vasos sanguíneos. A formação do tampão plaquetário ocorre: (HEMOSTASIA PRIMÁRIA) - Plaquetas entram em contato e se fixam a partes do vaso sanguíneo danificado, como fibras de colágeno do tecido conjuntivo subjacente às células endoteliais danificadas. Esse processo é chamado de adesão plaquetária, e é feita pela glicoproteína (GP) Fator de Von Willebrand (forma uma “ponte” entre o endotélio do vaso e plaquetas).. - Essa adesão ativa as plaquetas e suas características mudam de maneira drástica. As plaquetas estendem muitas projeções que possibilitam entrar em contato e interagir umas com as outras; as plaquetas começam a liberar os conteúdos das suas vesículas. Fase chamada de reação de liberação das plaquetas. O ADP liberado e o tromboxano A2 desempenham um papel essencial na ativação das plaquetas vizinhas. A serotonina e o tromboxano A2 atuam como vasoconstritores, promovendo e sustentando a contração do músculo vascular liso, o que diminui o fluxo de sangue pelo vaso lesado. - A liberação de ADP torna as outras plaquetas da área visguentas, e essa condição das plaquetas recém-recrutadas e ativadas promove sua adesão às plaquetas originalmente ativadas. Essa aglomeração de plaquetas é chamada de agregação plaquetária. Por fim, o acúmulo e a fixação de numerosas plaquetas formam uma massa chamada de tampão plaquetário. O TAMPÃO PLAQUETÁRIO é muito eficaz na prevenção da perda de sangue no vaso pequeno. O tampão plaquetário pode cessar a perda de sangue por completo se o orifício no vaso sanguíneo não for muito grande. Formação de coágulo sanguíneo: O coágulo começa a se desenvolver, entre 15 e 20 segundos, se o trauma à parede vascular for grave, e entre 1 e 2 minutos, se o trauma for pequeno. Substâncias ativadoras produzidas pela parede vascular traumatizada, pelas plaquetas e pelas proteínas sanguíneas que se aderem à parede vascular traumatizada iniciam o processo de coagulação. Dentro de 3 a 6 minutos, após a ruptura do vaso, se a abertura não for muito grande, toda a abertura ou a extremidade aberta do vaso é ocupada pelo coágulo. Após período de 20 minutos a 1 hora, o coágulo se retrai; essa retração fecha ainda mais o vaso. As plaquetas têm também papel importante nessa retração do coágulo. Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período Organização fibrosa ou dissolução do coágulo sanguíneo: uma vez formado, o coagulo sanguíneo pode seguir dois destinos diferentes: pode ser invadido por fibroblastos que, posteriormente, formam tecido conjuntivo em toda a extensão do coagulo, ou pode dissolver-se. O destino habitual de um coágulo é ser invadido por fibroblastos: essa invasão começa dentro de poucas horas após a formação do coágulo (que é promovida, pelo menos em parte, pelo fator de crescimento liberado pelas plaquetas) e prossegue até a organização completa do coágulo em tecido fibroso, dentro cerca de 1 a 2 semanas. Por outro lado, quando ocorre formação de coágulo sanguíneo maior, como o que ocorre quando o sangue extravasa nos tecidos, substâncias especiais do próprio coágulo tornam-se ativadas e atuam como enzimas para dissolvê-lo. 2) DESCREVER O PROCESSO E A CASCATA DE COAGULAÇÃO SANGUÍNEA. Mais de 50 substâncias importantes que causam ou afetam a coagulação do sangue foram encontradas no sangue e nos tecidos — algumas que promovem a coagulação, chamadas pró-coagulantes, e outras que inibem a coagulação, chamadas anticoagulantes. A coagulação ou a não coagulação do sangue depende do balanço entre esses dois grupos de substâncias. Na corrente sanguínea normalmente predominam os anticoagulantes, de modo que o sangue não coagula enquanto está circulando pelos vasos sanguíneos. Quando o vaso é rompido, pró-coagulantes da área da lesão tecidual são “ativados” e predominam sobre os anticoagulantes, com o consequente desenvolvimento de coágulo. O mecanismo de coagulação sanguínea ocorre em três etapas: 1. Resposta a ruptura vascular gera uma cascata de reações envolvendo mais de uma dúzia de fatores de coagulação. Resultado final é o complexo de substância ativadas conhecido como ativador da protrombina (via intrínseca e extrínseca). 2. Ativador de protrombina catalisa conversão de protrombina em trombina (via comum). 3. Trombina atua como enzima para converter o fibrinogênio em fibras de fibrina, os quais envolvem as plaquetas, células sanguíneas e plasma para formação do coágulo (via comum). HEMOSTASIA SECUNDÁRIA: corresponde aos fatores de coagulação (proteínas e enzimas produzidas pelo fígado), esses fatores de coagulação vão estar circulando ao sangue na forma INATIVA. Para que eles sejam ativados, eles precisam do estímulo da lesão vascular, que é promovida pelo colágeno, calicreína, etc. CASCATA DE COAGULAÇÃO: um fator vai ativando o outro, e essa ativação em cascata pode acontecer por VIA EXTRÍNSECA E VIA INTRÍNSECA. Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período VIA COMUM: Conversão de Protrombina em Trombina: Após formação do ativador de protrombina devido à ruptura vascular, o ativador em presença de quantidades suficientes de cálcio promove a conversão de protrombina (proteína plasmática, formada no fígado, com concentração sanguínea de 15 mg/dL) em trombina. A trombina causa polimerização das moléculas de fibrinogênio em fibras de fibrina – 10 a 15 segundos. Fator limitante da velocidade consiste na formação do ativador da protrombina e não nas reações subsequentes. Plaquetas desempenham papel importante nessa conversão, pois grande parte da protrombina liga-se a receptores de protrombina nas plaquetas que já aderiram ao tecido danificado. Essa ligação acelera a formação de maior quantidade de trombina a partir da protrombina, ocorrendo exatamente no tecido onde se faz necessária. Protrombina e Trombina: Protrombina é uma proteína plasmática (alfa 2-globulina). Encontrada no plasma normal, com concentração de 15mg/dL. Proteína instável, facilmente clivada em compostos menores, um dos quais é a trombina (peso exatamente a metade da protrombina). Protrombina é formada continuamente no fígado. Se esse órgão for incapaz de produzir protrombina, a concentração cai para valores muito baixos que são insuficientes para permitir coagulação normal. Fígado necessita de vitamina K, faz a carboxilação de resíduos de glutamato,para formação de protrombina, e para a síntese de outros quatro fatores de coagulação. Ausência de vitamina K ou presença de hepatopatia pode diminuir a produção de protrombina – tendência hemorrágica. Conversão de Fibrinogênio em Fibrina Fibrinogênio – proteína de alto peso molecular, ocorre no plasma em concentrações de 100 a 700mg/dL. É sintetizado pelo fígado e a ocorrência de hepatopatia diminui a concentração do fibrinogênio circulante. Apenas pequena quantidade extravasa dos vasos sanguíneos para líquidos intersticiais. Quando a permeabilidade capilar é aumentada, o fibrinogênio passa para os líquidos intersticiais e pode coagula-los. Trombina atua sobre o fibrinogênio para remover quatro peptídeos formando a molécula de monômero de fibrina, que tem capacidade de se polimerizar resultando na formação da fibrina. Fase inicial da polimerização: monômeros de fibrina estão unidos por fracas fontes não covalentes de hidrogênio e as fibras recém- formadas não formam ligações cruzadas entre si. Coágulo resultante é frágil. O fator estabilizador de fibrina está presente em pequenas quantidades nas globulinas plasmáticas, também é liberado das plaquetas retidas no coágulo. Precisa ser ativado - Trombina. Essa substância ativada atua como enzima, induzindo a formação de mais ligações covalentes entre as moléculas de monômeros de fibrina, bem como de ligações cruzadas entre as fibrinas, aumentando em muito a força tridimensional da malha de fibrinas. Coágulo: Composto por rede de fibras de fibrina dispostas em todas as direções, que retêm células sanguíneas, plaquetas e plasma retidos. As fibras de fibrina se aderem as superfícies lesadas dos vasos sanguíneos, estancando de forma resistente e permanente o sangramento. Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período VIA EXTRÍNSECA: É chamada por ser desencadeada por fatores químicos que são exteriores ao sangue. A via extrínseca da coagulação sanguínea apresenta menos etapas que a via intrínseca e ocorre rapidamente. Nessa via, o sangue é exposto à uma proteína tecidual chamada de fator tecidual ou tromboplastina, uma mistura complexa de lipoproteínas e fosfolipídios liberada das superfícies de células danificadas. Na presença de cálcio, o fator tecidual/tromboplastina começa uma série de reações que, por fim, ativa o fator de coagulação X. Uma vez ativado, esse fator se combina com o fator V, ainda na presença de cálcio, para formar a enzima ativa protrombina. VIA INTRÍNSECA: É assim chamada porque seus ativadores estão em contato direto com o sangue ou estão contidos no sangue, ou seja, não há necessidade de dano tecidual. A via intrínseca é mais complexa e ocorre mais lentamente. Se as células endoteliais são danificadas, o sangue pode entrar em contato direto com as fibras de colágeno no tecido conjuntivo ao redor do endotélio do vaso sanguíneo. Esse contato com as fibras de colágeno ativa o fator de coagulação XII, que começa uma série de reações que, por fim, ativa o fator de coagulação X. Uma vez ativado, o fator X se combina com o fator V para formar a protrombinase. Fosfolipídios plaquetários e cálcio também podem participar da ativação do fator X. REFERÊNCIA: Guyton A.C. & Hall J.E. 2002.Tratado de Fisiologia Médica, 10
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