Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Protozoários e Helmintos - Características gerais Caso clínico Introdução ao tema: • https://www.msf.org.br/o-que-fazemos/atividades-medicas/doenca-de- chagas?utm_source=adwords_msf&utm_medium=&utm_campaign=doencas_geral_comunicacao&utm_content=_ exclusao-saude_brasil_39923&gclid=EAIaIQobChMIxcPx1vzg6QIVjoORCh2Vjwe-EAAYASAAEgLWqvD_BwE Paciente do sexo masculino, 64 anos, natural de Russas/CE (área rural de plantação de cana de açúcar), mora desde os 15 anos em Limoeiro do Norte/CE, deu entrada em Unidade Básica de Saúde com queixa de coração acelerado. Relatou que acordou às 3 da manhã com episódio de palpitação, acompanhada de dispneia, vômitos e febre. Foi encaminhado com urgência para um hospital de referência em doenças cardiovasculares de Messejana, na cidade de Fortaleza/CE. Exames cardíacos foram realizados, que evidenciou Insuficiência Cardíaca (cardiomegalia significativa com hipertrofia do órgão). Foi realizado teste sorológico anticorpos IgG Anti T. cruzi reagente e IgM Anti T. cruzi não reagente. O paciente foi diagnosticado com Doenças de Chagas crônica, causada pelo Trypanosoma cruzi, um patógeno unicelular, eucarioto, desprovido de parede celular e faz reprodução assexuada intracelular. Histórico relatado pelo paciente: pais saudáveis, avô (natural de Russas) falecido com Doença de Chagas, nega transfusões sanguíneas e diz já ter visto muitos barbeiros na região onde nasceu, em Russas. O tratamento sugerido ao paciente foi implante de CDI (cardioversor e desfibrilador implantável) e tratamento farmacológico para insuficiência cardíaca congestiva (ICC). O médico justificou o não tratamento antiparasitário com Benznidazol, pelo fato desse medicamento não apresentar eficácia nessa fase da doença e desenvolver fortes efeitos colaterais. 1. Há relação de parasitismo? Sim. 2. Quem é o parasito? Trypanosoma cruzi. 3. Quem é o hospedeiro? Homem e barbeiro. 4. O meio ambiente interfere na relação parasito-hospedeiro? Sim. 5. Por que o paciente apresentou problemas no coração? Porque o protozoário via corrente sanguínea se alojou no coração, fazendo com o coração aumentasse de tamanha que evolui para a insuficiência cardíaca congestiva Relação entre os seres vivos de interesse médico (Neves, cap. 2) Quase todos os seres vivos não conseguem sobreviver, independente de outro ser vivo (Neves, 2002). Cap. 1 → Neves • Forésia: quando, na associação entre dois organismos de espécies diferentes, uma delas busca apenas abrigo e/ou transporte. Exemplo: a veiculação de ovos de Dermatobia hominis por moscas ou mosquitos. https://www.msf.org.br/o-que-fazemos/atividades-medicas/doenca-de-chagas?utm_source=adwords_msf&utm_medium=&utm_campaign=doencas_geral_comunicacao&utm_content=_exclusao-saude_brasil_39923&gclid=EAIaIQobChMIxcPx1vzg6QIVjoORCh2Vjwe-EAAYASAAEgLWqvD_BwE https://www.msf.org.br/o-que-fazemos/atividades-medicas/doenca-de-chagas?utm_source=adwords_msf&utm_medium=&utm_campaign=doencas_geral_comunicacao&utm_content=_exclusao-saude_brasil_39923&gclid=EAIaIQobChMIxcPx1vzg6QIVjoORCh2Vjwe-EAAYASAAEgLWqvD_BwE https://www.msf.org.br/o-que-fazemos/atividades-medicas/doenca-de-chagas?utm_source=adwords_msf&utm_medium=&utm_campaign=doencas_geral_comunicacao&utm_content=_exclusao-saude_brasil_39923&gclid=EAIaIQobChMIxcPx1vzg6QIVjoORCh2Vjwe-EAAYASAAEgLWqvD_BwE • Mutualismo: quando os organismos de espécies diferentes vivem em íntima associação, havendo benefício mútuo. Exemplo: a associação de protozoários e bactérias no rúmen de bovinos, pois, enquanto o ruminante fornece uma série de fatores alimentares e proteção aos protozoários e bactérias, esses possuem enzimas capazes de digerir a celulose ingerida pelo bovino. • Comensalismo: é a associação entre duas espécies, na qual uma obtém vantagens sem promover prejuízos para a outra (hospedeiro). Exemplo: a Entamoeba coli vivendo no intestino grosso humano • Parasitismo: é a associação entre seres vivos, na qual existe unilateralidade de benefícios, ou seja, o hospedeiro é espoliado pelo parasito, pois fornece nutrientes e abrigo para esse, promovendo danos ao hospedeiro. Exemplo: a Entamoeba histolytica no intestino grosso humano • (cap 4 – Fundamentos das doenças infecciosas e parasitárias) Inquilinismo: ocorre quando uma das espécies associadas obtém benefícios, em geral, abrigo e proteção, sem prejuízo para outra. Nem sempre é fácil distinguir um caso de inquilinismo do caso particular de comensalismo, em que o benefício obtido e alimento - ou restos de alimento. A ideia de que haveria uma sequência evolutiva iniciando-se com parasitismo alcançando um estágio de convivência harmônica do tipo simbiótico estrito, defendida por vários parasitólogos, foi posteriormente descartada Pergunta: para o parasito, é vantajosa a morte do hospedeiro?? → Não, porque aí perde-se a sua hospedagem. Quando há morte rápida, é porque foi um erro, pois quando hospedeiro e parasita evoluem juntos, assim, as condições fazem com que essa situação se prolongue. Obs.: Parasita é uma forma coloquial de chamamento, cientificamente é parasito. Definição.(cap. 1 – Neves) Hospedeiro. É um organism o que alberga o parasito. Exemplo: o hospedeiro do Ascaris lumbricoides é o ser humano. Hospedeiro Definitivo. É o que apresenta o parasito em fase de maturidade ou em fase de atividade sexual. Hospedeiro Intermediário. E aquele que apresenta o parasito em fase larvária (helmintos) ou assexuada (protozoário – trofozoíto). Hospedeiro Paratênico ou de Transporte. É o hospedeiro intermediário no qual o parasito não sofre desenvolvimento, mas permanece encistado até que o hospedeiro definitivo o ingira. Exemplo: Hymenolepis nana em coleópteros. Ciclo biológico ou ciclo vital às versas fases e etapas que um parasito passa durante sua vida. Parasito Heteroxênico. E o que possui hospedeiro definim o e intermediário. Exemplos: Trypanosoma cruzi, S. mansoni. Parasito Monoxênico. E o que possui apenas o hospedeiro definitivo. Exemplos: Enterobius vermicularis, A. lumbricoides. Hospedeiro vertebrado X invertebrado. Essa divisão é feita quando o parasitismo exige mais de um hospedeiro, mas as formas sexuadas não existem ou estão presentes em ambos hospedeiros. Por exemplo, o Trypanosoma cruzi tem reprodução sempre de maneira assexuada; nesses casos, o humano é o hospedeiro vertebrado e o barbeiro é o hospedeiro invertebrado. Relação parasito, hospedeiro e o meio ambiente (ecologia parasitária) → cap. 2, Neves O relacionamento das espécies que nos interessam (parasitos humanos) com os outros seres, com o ambiente e com o hospedeiro é que vai determinar, em última análise, a existência dos parasitos e o consequente parasitismo Fatores que influenciam no desenvolvimento de doenças: Características gerais de helmintos e protozoários Seres vivos constituídos de célula eucarionte, classificados no domínio Eukarya, classificados no reino Animalia (helmintos) e protista (protozoários). Maioria se apresenta de vida livre e poucos são patogênicos. ● Helmintos (1mm - 8m) – “do gr. hélmins (helminGs) = vermes. constituem um grupo muito numeroso de animais, incluindo espécies de vida livre e de vida parasitária. Apresentam os parasitos distribuídos nos filos Platyhelminthes, Nematoda e Acanthocephala. São observados a olho nú, ou seja, são macroscópicos. São multicelulares e tem de cm a metros de comprimento, podendo ser cilíndricos e/ou achatado. Tem- se ainda, machos, fêmeas e hermafroditas. A forma de resistência ao ambiente será o ovo. Não possui nenhuma estrutura de locomoção. Forma infectante: larva. Forma ativa: verme adulto (faz reprodução). “ cap. 21, Neves "Os helmintos são organismos multicelulares complexos alongados e bilateralmente simétricos. Eles são consideravelmente maiores do que os protozoários parasitos e geralmente são macroscópicos, variando em tamanho de menos de 1 mm a 1 m ou mais. A superfícieexterna de alguns vermes é recoberta por uma cutícula protetora, a qual é acelular e pode ser lisa ou possuir projeções, espinhos ou tubérculos. A cobertura protetora dos vermes achatados (platelmintos) é denominada tegumento. Frequentemente, os helmintos possuem estruturas de fixação elaboradas, como ganchos, ventosas, dentes ou placas. Essas estruturas estão normalmente localizadas na região anterior e podem ser úteis na classificação e identificação dos organismos (Tabela 76-3). Os helmintos tipicamente apresentam sistemas nervoso e excretório primitivos. Alguns apresentam tratos alimentares; entretanto, nenhum apresenta sistema circulatório. Os helmintos são separados em dois filos, os Nematelmintos e os Platelmintos." - Microbiologia Médica, Capítulo 76: Classificação, Estrutura e Replicação Parasitária| Patrick R. Murray, PhD, Ken S. Rosenthal, PhD and Michael A. Pfaller, MD, Obs.: As características comuns da classificação helminto estão acima, para maior detalhamento é preciso analisar cada classe em específico. ● (Parte 2 – cap. 5 – Neves) Protozoários (2 - 100μm) - Os protozoários englobam todos os organismos os protistas, eucariotas, constituídos por uma única célula, sem diferenciação em tecidos. Alguns pesquisadores preferem utilizar :ermo protista (em lugar de protozooa) para designar os protozoários. Por outro lado, o termo protozoário ainda é amplamente usado pelos parasitologistas da área humana, o que nos leva a optar pelo seu uso. Protozoários apresentam as mais variadas formas, processos de alimentação, locomoção e reprodução. Um protozoário constitui-se de uma única célula que, para sobreviver, realiza todas as funções -mantenedoras da vida: alimentação, respiração, reprodução, excreção e locomoção. Quanto à morfologia, os protozoários apresentam grandes variações, conforme sua fase evolutiva e meio a que estejam adaptados. Podem ser esféricos, ovais ou mesmo alongados. Alguns são revestidos de cílios, outros possuem flagelos, e existem ainda os que não possuem nenhuma organela locomotora especializada. Dependendo da sua atividade fisiológica, algumas espécies possuem fases bem definidas. Assim temos: FASES • Trofozoíto: é a forma ativa do protozoário, na qual ele se alimenta e se reproduz por diferentes processos. • Cisto: é uma forma vegetativa de resistência. O protozoário secreta uma parede resistente (parede cística) que o protegerá quando estiver em meio impróprio ou em fase de latência (os cistos podem ser encontrados em tecidos ou fezes dos hospedeiros). • Gameta: é a forma sexuada, que aparece em espécies do filo Apicomplexa. O gameta masculino é o microgameta e o feminino é o macrogameta. • Oocisto: é uma forma resultante de reprodução sexuada. Após a esporulação, os oocistos, contêm esporozoítos e são encontrados em fezes do hospedeiro (Coccidia) ou em tecidos de hospedeiros invertebrados (Haemosporida). Só podem ser observados por meio de microscopia. São seres unicelulares, que se reproduzem por fissão binária ou ou conjugação. Possuem ainda, estruturas de locomoção. Podem reproduzir-se de maneira assexuada ou sexuada. REPRODUÇÃO Encontramos os seguintes tipos de reprodução: • Assexuada: • divisão binária ou cissiparidade; • brotamento ou gemulação; • endogenia: formação de duas (endodiogenia) ou mais (endopoligenia) células-filhas por brotamento intemo; • esquizogonia: divisão nuclear seguida de divisão do citoplasma, constituindo vários indivíduos isolados simultaneamente. Na realidade existem três tipos de esquizogonia - merogonia (produz merozoítos), gametogonia (produz microgametas) e esporogonia (produz esporozoítos). • Sexuada: Existem dois tipos de reprodução sexuada: • conjugação: no filo Ciliophora ocorre união temporária de dois indivíduos, com troca mútua de materiais celulares; • singamia ou fecundação: no filo Apicomplexa ocorre união de microgameta e macrogameta formando o zigoto, o qual pode dividir-se formando um certo número de esporozoítos. NUTRIÇÃO Quanto ao tipo de alimentação, os protozoários podem ser: • holojíticos ou autotróficos: são os que, a partir de grãos ou pigmentos citoplasmáticos (cromatóforos), conseguem sintetizar energia a partir da luz solar (fotossíntese); • holozoicos ou heterotróficos: ingerem partículas orgânicas de origem animal, digerem-nas e, posteriormente, expulsam os metabólitos. Essa ingestão se dá por fagocitose (ingestão de partículas sólidas) ou pinocitose (ingestão de partículas líquidas); • saprozoicos: “absorvem” substâncias orgânicas de origem vegetal, já decom postas e dissolvidas em meio líquido; • mixotróficos: quando são capazes de se alimentar por mais de um dos métodos acima descritos. EXCREÇÃO Pode ser feita por meio de dois mecanismos: • difúsão dos metabólitos através da membrana; • expulsão dos metabólitos através de vacúolos contráteis. RESPIRAÇÃO Podemos encontrar dois tipos principais: • aeróbicos: são os protozoários que vivem em meio rico em oxigênio; • anaeróbicos: quando vivem em ambientes pobres em oxigênio, como os parasitos do trato digestivo. LOMOÇÃO A movimentação dos protozoários é feita com auxílio de uma ou associação de duas ou mais das seguintes organelas: • pseudópodos; • flagelos; • cílios; • microtúbulos subpeliculares que permitem a locomoção por flexão, deslizamento ou ondulação. EXEMPLO: Trypanosoma cruzi "A doença de Chagas, ou tripanossomíase americana, é uma enfermidade produzida por Trypanosoma cruzi, que se transmite ao ser humano por triatomíneos dos gêneros Triatoma, Rhodnius ou Panstrogylus, por transfusão de sangue, por via oral por meio de alimentos contaminados, por via congênita ou no canal do parto, por acidentes de laboratórios e, mais raramente, pelo leite materno e por via sexual, por meio do esperma ou do líquido menstrual quando há ferimentos no pênis ou na vagina"- Fundamentos das doenças infecciosas e parasitárias, 22 Doença de Chagas| José Rodrigues Coura, Nelson Gonçalves Pereira, 1. O Trypanosoma cruzi é um protozoário ou helminto? Protozoário 2. Defina ciclo biológico de um determinado patógeno É o trajeto que o patógeno precisará realizar para sua sobrevivência. Importante para análise epidemiológica, transmissão e patogênese 3. Dê os nomes dos estágios evolutivos (morfologias) do Trypanosma cruzi Tripomastigota metacíclica, Amastigota, Tripomastigota sanguínea, Epimastigora 1. Tripomastigota metacíclica 2. Amastigota dentro da fibra muscular 3. Amastigota se diferenciando em tripomastigota sanguínea dentro da célula humana 4. Tripomastigota sanguínea (em formato de “C”) 5. Epimastigota (encontrado no tratomíneo) Reprodução do T. cruzi em célula humana: https://sbpz.org.br/imagens/multimidia/ 4. Qual é a morfologia infectante (que atinge o ser humano) do Trypanosoma cruzi para o homem? Tripomastigota metacíclica 5. Qual é a morfologia ativa (reprodutiva) do Trypanosoma cruzi? Amastigota (reprodução assexuada por fissão binária intracelular) 6. Qual é a morfologia de resistência (que resiste ao meio ambiente) do Trypanosoma cruzi? Não tem, porque não tem nenhum ciclo fora do hospedeiro o que caracterizaria o cisto (forma de resistência). O parasito é transmitido de forma vetorial 7. Diante do exposto, quais são os fatores de virulência (capacidade de se multiplicar) do Trypanosoma cruzi? A patogenicidade e os fatores de virulência podem variar de acordo com a cepas do T. cruzi • Sobrevivência do patógeno no meio externo (EVASINAS) → O termo é utilizado para incluir todas as substâncias ou estruturas bacterianas que tornam capaz de evadir-se das defesas do organismo, tais como: a fagocitose, o sistema complemento, citocinas, linfócitos citotóxicos e anticorpos. • Alta motilidade para invasão celular e migração no organismo humano (FLAGELOS) • Toxinas • Adesão e invasãocelular (ADESINAS E INVASINAS) • Sobrevivência do parasito dentro de células fagocíticas (EVASINAS) Cap. 77 → Microbiologia médica 8. O Trypanosoma cruzi é classificado como parasito monoxeno (realiza seu ciclo e, 1 hospedeiro) ou heteroxeno (realiza seu ciclo em mais de um hospedeiro)? Heteroxeno, pois realiza seu ciclo biológicos em mais de um hospedeiro: hospedeiro vertebrado (ex. Homem) e triatomíneo (barbeiro). Os dois hospedeiros são obrigatórios para a sobrevivência do parasito. 9. Classifique o hospedeiro em questão? Homem (hospedeiro vertebrado) e barbeiro (hospedeiro invertebrado) ← Critérios para classificação do hospedeiro REFERÊNCIAS • MURRAY, Patrick R; ROSENTHAL, Ken S; PFALLER, Michael A. Microbiologia Médica. Tradução da 7ª edição. Elsevier (Evolution). Cap. 76, pag. 90 • MURRAY, Patrick R; ROSENTHAL, Ken S; PFALLER, Michael A. Microbiologia Médica. Tradução da 7ª edição. Elsevier (Evolution). Cap. 77, pag. 91 • NEVES, David P. Parasitologia Humana. 13ª edição. Atheneu. Cap. 1, pag. 3 - 6 • NEVES, David P. Parasitologia Humana. 13ª edição. Atheneu. Cap. 2, pag. 7 – 13 • NEVES, David P. Parasitologia Humana. 13ª edição. Atheneu. Cap. 5, pag. 33 - 36 • NEVES, David P. Parasitologia Humana. 13ª edição. Atheneu. Cap. 21, pag. 215 - 223 • COURA, José R; PEREIRA, Nelson G. Fundamentos das doenças infecciosas e parasitárias. 1ª edição. Elsevier (Evolution). Cap. 4, pag. 11
Compartilhar