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a concorrência do vapor com músculos humanos acelera por outro
lado a concentração de operários e máquinas de trabalho em grandes
fábricas. Assim, a Inglaterra vivencia atualmente, na colossal esfera
de produção de wearing apparel, como na maioria dos demais setores,
o revolucionamento da manufatura, do artesanato e do trabalho do-
miciliar em sistema fabril, depois de todas essas formas, sob a in-
fluência da grande indústria, estarem totalmente modificadas, de-
compostas, deformadas, já tendo reproduzido e até mesmo exagerado
todas as monstruosidades do sistema fabril, sem seus momentos
positivos de desenvolvimento.258
Essa revolução industrial, que se processa naturalmente, é ace-
lerada de modo artificial pela extensão das leis fabris a todos os ramos
industriais em que trabalhem mulheres, jovens e crianças. A regula-
mentação obrigatória da jornada de trabalho, estabelecendo duração,
pausas, início e término, o sistema de turnos para crianças, a exclusão
de todas as crianças abaixo de certa idade etc., torna necessária, por
um lado, mais maquinaria259 e a substituição de músculos por vapor
como força motriz.260 Por outro lado, para ganhar em espaço o que é
perdido em tempo, ocorre a ampliação dos meios de produção utilizados
em comum, o forno, as construções etc., portanto, em uma palavra,
maior concentração dos meios de produção e maior aglomeração cor-
respondente de trabalhadores. A principal objeção, apaixonadamente
repetida por toda manufatura quando ameaçada com a lei fabril, é
com efeito a necessidade de maior investimento de capital para levar
avante a empresa em sua dimensão antiga. No que tange às formas
intermediárias entre manufatura e trabalho domiciliar, assim como ao
próprio trabalho domiciliar, sua base desmorona com a limitação da
jornada de trabalho e do trabalho infantil. Exploração ilimitada de
forças de trabalho baratas constitui o único fundamento de sua capa-
cidade de concorrência.
Condição essencial da produção fabril, sobretudo assim que sub-
OS ECONOMISTAS
104
258 "Tendência para o sistema de fábrica" (loc. cit., p. LXVII). “O ramo todo está, no momento,
em estado de transição e está passando pelas mesmas mudanças que a indústria de rendas,
a tecelagem etc. sofreram.” (Loc. cit., nº 405.) “Uma revolução completa” (loc. cit., p. XLVI,
nº 318). À época da “Child. Empl. Comm.” de 1840, a confecção de meias ainda era trabalho
manual. A partir de 1846, foi introduzida uma maquinaria diversificada, agora impulsionada
a vapor. O número global de pessoas empregadas na confecção inglesa de meias, de ambos
os sexos e em todos os grupos etários, a partir dos 3 anos, atingia em 1862 cerca de 120
mil pessoas. Destas, no entanto, segundo o Parliamentary Return de 11 de fevereiro de
1862, só 4 063 sob o domínio da lei fabril.
259 Assim, por exemplo, na cerâmica, a firma Cochran da “Brittania Pottery, Glasgow”, relata:
“Para manter nosso nível de produtividade, usamos agora amplamente máquinas, que são
manejadas por operários não-qualificados e cada dia nos convence mais de que podemos
produzir uma quantidade maior do que pelo método antigo”. (Rep. of Insp. of Fact., 31lst
Oct. 1865. pp. 13.) “O efeito das leis fabris é induzir maior introdução de maquinaria.”
(Loc. cit., pp. 13-14.)
260 Assim, depois da introdução da lei fabril na cerâmica, grande aumento de power jiggers
no lugar de hand moved jiggers.

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