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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD

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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
 Capítulo 3 
PRODUÇÃO DE MATERIAIS 
AUTOINSTRUTIVOS 
PARA A EAD
Autoria: Débora de Lima Velho Junges
2ª Edição
Indaial - 2019
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.
J95p
 Junges, Débora de Lima Velho
 Produção de materiais autoinstrutivos para a EAD. / Débora de Lima Velho Junges. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 160 p.; il.
 ISBN 978-85-7141-418-1
 ISBN Digital 978-85-7141-419-8
1. Educação a distância. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 370
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Escrita, Linguagem e Formatos na Produção
de Conteúdo Autoinstrutivo .......................................................7
CAPÍTULO 2
EAD e Métodos de Autoaprendizagem ......................................61
CAPÍTULO 3
Aprender à Distância: Focando na Experiência
do Aluno na Modalidade EAD .................................................. 117
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD! A cada ano, o número de alunos de cursos na modalidade a distância cresce no Brasil: de pouco mais de 500 mil em 2009 para cerca de 7,73 milhões, segundo o Censo EAD de 2017 publicado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) em 2018. De acordo com os esforços contínuos de iniciativas públicas e privadas, essa expansão não terá hora para acabar, pois além dos cursos de graduação e especialização já consolidados no país, modificações nas leis, em 2018, buscam encontrar meios para que os benefícios proporcionados pela Educação a Distância (EAD) possam ser aproveitados no ensino médio e nos programas de mestrados e doutorados.
Além da diversidade de questões relacionadas à modalidade a distância, como a limitação de credibilidade ainda presente em algumas áreas, há grandes benefícios para o aluno como mensalidades mais baixas que as da modalidade presencial e a flexibilidade de tempo e espaço, bem como benefícios para as instituições de ensino como os custos de manutenção mais baixos e a ampliação do seu alcance. Atualmente, a EAD faz parte do cotidiano de quem busca alcançar os seus objetivos de vida através da transformação que o estudo proporciona.
Mesmo assim, ainda existe muito espaço para melhorar os cursos a distância e uma dessas oportunidades é o desenvolvimento de Materiais Didáticos Autoinstrutivos de qualidade e que aproveitam de forma plena as capacidades que as tecnologias digitais proporcionam, permitindo uma conexão mais interativa e significativa do aluno com os recursos educacionais preparados para auxiliar a formação discente.
Neste sentido, ao longo do conteúdo abordaremos diversos conceitos e apresentaremos ferramentas e processos que auxiliarão você na construção dos materiais didáticos autoinstrutivos, com a qualidade necessária para que os alunos estudem da melhor maneira, aproveitando as vantagens e a autonomia que a EAD proporciona.
Na primeira etapa, abordaremos a construção do material bruto, focando nas necessidades de escrita; nos principais componentes do texto; no uso das tecnologias; nos formatos possíveis e suas singularidades, sempre a partir de um olhar centrado nas características do futuro aluno. Também apresentaremos ferramentas para que você possa organizar o seu trabalho.
Na segunda etapa, veremos quais são as exigências de qualidade do Ministério da Educação (MEC), os itens obrigatórios para que o material possa ser um recurso educacional que facilite a construção do conhecimento, a mediação da interlocução entre os agentes da formação (aluno e professor) e a aprovação da oferta do curso na modalidade a distância.
E na terceira etapa serão apresentadas as ferramentas e conceitos educacionais essenciais para o desenvolvimento de materiais didáticos autoinstrutivos que auxiliam a aprendizagem permitindo que os alunos desenvolvam suas competências. 
Boa leitura e bons estudos!
Débora de Lima Velho Junges
CAPÍTULO 1
ESCRITA, LINGUAGEM E FORMATOS 
NA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO AUTOINSTRUTIVO
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:
· identifi car os componentes da comunicação; 
· identifi car as características do diálogo didático simulado; 
· defi nir a composição, os gêneros e os formatos disponíveis para a criação de materiais didáticos autoinstrutivos; 
· identifi car as etapas e as necessidades de um projeto; 
· reconhecer as particularidades do uso do vídeo;
· adequar o conteúdo às tecnologias e formatos digitais disponíveis; 
· utilizar o diálogo didático simulado para desenvolver materiais autoinstrutivos; 
· organizar projetos e desenvolver processos para a criação de materiais autoinstrutivos;
· criar materiais em vídeo;
· desenvolver materiais em áudio; 
· elaborar materiais escritos; 
· desenvolver objetos interativos.
ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Há alguns anos, o Brasil tem visto um grande crescimento na educação a distância. A modalidade a distância tem conquistado uma fatia cada vez maior do mercado de ensino, principalmente o de nível superior, superando os obstáculos e preconceitos que existiam em relação a sua qualidade e até mesmo a sua validade.
Além disso, o aumento no uso cotidiano da tecnologia e a absorção dos hábitos digitais por grande parte da população brasileira possibilitou a criação de canais que ampliassem a oferta, seja pelo acesso facilitado com a conectividade (conexões de internet mais rápidas e que estão à disposição 24h por dia), com a tecnologia digital (computadores, smartphones) ou até mesmo pela diminuição nos custos envolvidos na administração de um curso nessa modalidade. Os hábitos digitais comuns na sociedade atual trazem outra vantagem: a familiaridade com a conversação assíncrona. Se antes as pessoas não se sentiam confortáveis ao utilizar canais que não oferecessem uma comunicação privada, direta e com feedback instantâneo, como uma ligação telefônica, agora elas estão mais habituadas a enviar uma mensagem através dos diversos aplicativos e plataformas existentes (públicas ou particulares) e aguardar o retorno em um outro momento. É um movimento que caracteriza a comunicação assíncrona, ou seja, uma comunicação que não acontece em tempo e espaço defi nido.
Todas essas vantagens têm favorecido o crescimento da modalidade a distância. Os dados do Censo EAD 2017 divulgado em 2018 pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) apontaram um total de 7.773.828 alunos matriculados, distribuídos nas 351 instituições que compartilharam os seus dados (a participação é voluntária). Em comparação com o Censo EAD de 2009, observamos que o número de matrículas era menor que 10% do número total de alunos matriculados em 2017, com apenas 528.320 alunos na modalidade EAD (ABED, 2017).
Ainda há mais espaço para o crescimento da EAD no país e por isso é essencial que os professores, bem como a equipe multidisciplinar envolvida, compreendam melhor o processo de elaboração dos materiais didáticos para os cursos na modalidade a distância e deixem de ter a percepção de que ela é apenas uma forma mais ampla de distribuir o material didático.
Pensar quea educação a distância é apenas uma maneira de criar “livros eletrônicos com vídeos e animações” e que deve seguir a mesma lógica e metodologia utilizada no ensino presencial, é limitar as diversas possibilidades que a EAD oferece.
Embora seja aconselhável pegar emprestadas várias ferramentas do ensino presencial, a EAD tem necessidades e características próprias, portanto a construção deve ser feita com o objetivo de suprir essas necessidades. Um exemplo é a necessidade de autossufi ciência. Apesar de haver ferramentas que permitem o contato dos alunos com os professores ou tutores, o ideal é que o conteúdo seja sufi ciente para que os estudantes compreendam os conceitos abordados e possam traçar a sua forma de estudo, buscando o auxílio dos professores e tutores como opção e não como uma obrigatoriedade.
É claro que precisamos levar em conta as particularidades de cada aluno, as formas que mais se adéquam ao seu processo de aprendizagem e aos seus conhecimentos prévios. Mas isso é outro assunto e será tratado com mais aprofundamento mais adiante.
Esta introdução é apenas uma forma mais direta e leve de pedir que você faça um exercício e, caso ainda não conheça as necessidades, as particularidades da EAD e acredita que a criação do material para a modalidade a distância é apenas o desenvolvimento de “livros com vídeo”, deixe tudo isso para trás e mergulhe de cabeça no conteúdo do livro didático.
2 RECONHECER O PERFIL, 
AS DIFICULDADES E AS PARTICULARIDADES DO ALUNO NO EAD
Antes de começarmos os estudos sobre como escrever o conteúdo autoinstrutivo, propomos que você faça um pré-teste (Atividade de estudo). Não vale nota, mas possui algumas perguntas que vão auxiliar a introdução ao respostas comentadas.
a) ( ) Verdadeiro
b) ( ) Falso
3 ARCS é a abreviação de: 
a) ( ) Atenção, Relevância, Confi ança e Satisfação.
b) ( ) Autonomia, Relevância, Conquista e Sucesso.
c) ( ) Autonomia, Responsabilidade, Confi ança e Sistema.
4 Qual é a linguagem e o formato mais adequado para a EAD? 
a) ( ) O material escrito é melhor, pois permite que os alunos leiam no seu ritmo.
b) ( ) O material em vídeo é melhor, pois os jovens estão mais acostumados com ele.
c) ( ) O material em áudio é melhor, pois permite que o aluno estude enquanto executa outra atividade.
d) ( ) O material interativo é melhor, pois os mais jovens estão acostumados com a interatividade dos dispositivos e jogos digitais atuais.ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
2
 Um dos principais problemas enfrentados pelos estudantes da 
modalidade a distância é a difi culdade em lidar com a autonomia 
para os estudos. Verdadeiro ou falso?
5 A linguagem a ser utilizada na escrita do material deve ser: 
a) ( ) Estritamente formal e acadêmica, com vocabulário culto e rebuscado.
b) ( ) Uma busca por um diálogo com o aluno, utilizando vocabulário próximo a eles.
2.1 APRESENTANDO O CONTEÚDO PARA OS ALUNOS
Por que foi importante fazermos o pré-teste (Atividade de estudo) antes de começarmos com o conteúdo? Porque é extremamente importante conhecermos o perfi l dos alunos. Não só os professores, mas os conteudistas e os produtores de conteúdo educacional (ou qualquer outra nomenclatura utilizada pelas instituições de ensino para designar os responsáveis pela criação do material autoinstrutivo) devem ter claras algumas características das pessoas a quem se destina o curso, ou seja, o futuro aluno. Além disso, é importante que os próprios alunos se conheçam e saibam mais sobre as suas limitações e as suas reais fl uências sobre o assunto.
A intensão do pré-teste era a de que você vislumbrasse algumas questões que veremos no início do conteúdo e também tivesse uma noção do quanto sabe sobre os temas que iremos abordar. Outra função do pré-teste é a captura da atenção. Talvez em alguma questão você tenha se questionado sobre os assuntos abordados. E se isso aconteceu, você fi cou alerta e agora aumentaram as suas chances de prestar mais atenção quando as discussões forem apresentadas.
O funcionamento é similar ao que acontece no seu cotidiano. Com certeza o que falaremos já aconteceu ao menos uma vez na sua vida (e se não foi bem assim, foi algo similar): em algum Natal ou aniversário você ganhou de presente algo que o surpreendeu, algo simples como uma camiseta de uma cor que você não tinha o costume de usar. E como não usava camisetas daquela cor, também não notava se as outras pessoas usavam. Digamos que era uma camiseta roxa.
A partir do momento que você começou a usar a camiseta roxa, percebeu que mais pessoas usavam camisetas, camisas e casacos com a mesma cor. Então você pensa: “Ué! Será que todo mundo ganhou uma roupa roxa no Natal?”. E a resposta é: não! Você é que fi cou mais atento para a existência de roupas roxas ao seu redor. Portanto, é bem provável que se lembre das roupas roxas que viu durante o dia do que as roupas de outras cores.
Claro que é um exemplo bem simples, mas exemplifi ca que a percepção sobre algo aumenta quando damos a devida atenção, já que segundo Medina (2014, p. 75), foi melhor “elaborada e codifi cada” pelo nosso cérebro: ou seja, “Quanto mais atenção o cérebro dá a determinado estímulo, mais elaboradamente a informação será codifi cada – e preservada”.
Você pode questionar: por que o conteúdo não foi apresentado através de um texto introdutório que é o mais comum? Por que as perguntas? Porque queríamos estabelecer um diálogo sobre os assuntos. E essa é uma das técnicas que tomamos emprestada das salas de aula presenciais e que você, como estudante, já deve ter experimentado, pois é bastante comum que um professor, ao apresentar um novo assunto, o faça por meio de algumas perguntas. Ou você nunca teve um professor que apresentou o conteúdo perguntando: “Alguém aqui sabe o que é uma equação de segundo grau?” ou “Vocês fazem ideia por qual motivo aprendem a fórmula de báskara?”.
O ser humano é um animal racional e além de perguntar, adora contar histórias. Desde a época das cavernas, os seres humanos gostam de falar e narrar as suas experiências, compartilhar os seus conhecimentos. 
ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
Você também gosta de fazer isso? Você tem amigos, familiares, colegas de trabalho e outros contatos que provavelmente permitem que, em algum momento do seu dia ou semana, você conte algo que aconteceu na rua, no trabalho ou em qualquer outra situação do seu cotidiano e nesse momento existe outra pessoa ouvindo. Em algum momento esses papéis se inverterão. A comunicação tem vários componentes, dentre os quais a contação de histórias, que permite ampliar o olhar de quem viveu o fato e de quem escuta, certo? É importante que durante a construção do material autoinstrutivo sejam inseridos momentos em que os alunos possam falar as suas experiências, pois serão os seus “momentos de ouvir” enquanto educador e que não precisam acontecer apenas nos testes avaliativos. 
Os testes podem ser ferramentas de estudo em material autoinstrutivo, pois permitem que o aluno tenha voz individualizada no aprendizado, na modalidade a distância. Outro fator pelo qual optamos por apresentar os conteúdos, que veremos neste capítulo, iniciando com um pré-teste, é oportunizarmos a você avaliar o quanto já sabe sobre os assuntos que abordaremos. É uma oportunidade muito importante, pois além de preparar para o teste que valerá nota, nos ajuda a eliminar a “ilusão de fl uência”. Você sabe o que é isso? Se não sabe, contaremos uma outra história que provavelmente você também poderá dizer: “Eu já passei por isso!”.
A história que vou contar agora é sobre falhar e depois triunfar. Sobre pensar que se pode voar alto demais e tal qual Ícaro cometer o erro de chegar perto demais do sol. Nessa história, a nossa heroína enfrentará um problema causado pela sua soberba. Você consegue imaginar qual foi o erro?
Lembre-se da época da escola. Como você era no ensino médio? Provavelmente, gostava de estudar. Nós também. Por isso estávamos muito confi antes quando a professora de Históriamarcou um teste sobre o conteúdo que ela ensinava há duas semanas. Afi nal, prestávamos atenção nas aulas e fazíamos todos os exercícios e os “temas de casa”.
Então, durante os dois dias que ainda tínhamos antes da prova, achamos que não precisávamos estudar mais. Afi nal, já sabíamos tudo. Que diferença faria? Por isso, quando a melhor amiga da época da escola nos chamou para aproveitarmos aquelas tardes com sol “por mais tempo”, aceitamos. Saíamos da escola direto para a casa da amiga almoçar e aproveitar a piscina até tarde, naqueles primeiros dias do horário de verão.
Chegou o dia da prova e você não vai acreditar no que aconteceu.
Antes de continuarmos, queremos esclarecer que pré-testes não são obrigatórios. Ou seja, não há uma obrigatoriedade de disponibilizá-los no material ou criar só para “cumprir tabela”. Os pré-testes são ferramentas disponíveis que podem ser usadas se o educador considerar que os seus alunos podem se benefi ciar.
Como ainda estudaremos, os pré-testes são uma ferramenta comprovadamente efi ciente e o seu uso pode trazer benefícios.
2.2 TESTES COMO FERRAMENTAS DE APRENDIZAGEM
Para voltar à história que estávamos contando, pularemos o tempo para uma semana após a prova, no dia em que a professora entregou os testes corrigidos. Pegamos aquele pedaço de papel e adivinha o que vimos? Que havia tirado a nota máxima! Como dissemos antes, sabíamos o conteúdo, prestávamos atenção nas aulas e fazíamos os exercícios. A nossa surpresa foi quando olhamos para a nossa amiga. Ela também pensou que sabia tudo e por isso passamos os dias anteriores tomando banho de piscina e aproveitando o calor, ao invés de estudar.
Na hora da prova “deu um branco”. Ela não sabia quais eram as respostas das perguntas. Não de todas, mas da maioria. Era como se tudo estivesse errado: não que não soubesse o conteúdo, só não conseguia que algo aparecesse no branco total que tinha se transformado a sua memória.
Como isso estava acontecendo se ela sabia todo o conteúdo?
Bom, ela “pensou que sabia”. E até sabia responder boa parte das perguntas gerais, mas percebeu que quando a professora desenhou um teste que exigia um conhecimento aprofundado, que demonstrasse uma real compreensão do conteúdo, percebeu que não tinha um conhecimento tão grande como imaginava. 
Talvez você já passou por uma situação igual ao da heroína da história. Ou seja, há situações na qual pensamos que sabemos das coisas, mas na realidade não sabemos e é chamada por alguns autores de “ilusão de fl uência”. Bjork, Dunkosky e Kornell (2013, p. 432) esclarecem que pensarmos que temos mais conhecimento sobre um assunto do que realmente demonstramos ter: “Parece que as pessoas são suscetíveis a usar (ou seja, atribuir erroneamente) o senso de familiaridade ou facilidade de percepção como um índice de conhecimento, mesmo quando essa fl uência não refl ete a compreensão ou a aprendizagem real”.
No fi nal, o teste serviu não só para que a professora avaliasse o conhecimento. Mas também serviu para que a amiga, a real heroína dessa história, tivesse um 
ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
diagnóstico do quanto dominava o conteúdo e a partir daí estudasse com um foco maior para a recuperação. Não apenas porque sabia qual o conteúdo que precisava estudar, mas porque estava mais atenta aos detalhes que faziam parte desse conteúdo. No episódio do teste aconteceu a mesma situação que naquela história que citamos da pessoa que ganhou uma camiseta roxa no Natal e que a partir daquele momento passou a notar mais as pessoas que usavam roupas com aquela cor. A nossa amiga passou a fi xar na memória os detalhes que sabia que tinha deixado de lado, prestando mais atenção neles. 
Outro benefício é que ela começou a perceber com mais facilidade as características que diferenciavam um fato importante e que poderiam cair em outro teste, ou seja, um conteúdo que tinha poucas chances de ser cobrado. Logo, quando fez a prova de recuperação a sua nota foi muito melhor, provando que tinha deixado a ilusão de fl uência de lado e agora tinha um real conhecimento e percepção do quanto realmente sabia sobre o assunto.
Você notou que na história o teste teve uma dupla função? Serviu tanto para a professora nos avaliar quanto como após a correção e o feedback (nota), uma fonte de estudos e de autoconhecimento.
Os benefícios do uso de testes como ferramentas de aprendizagem (ou “eventos de aprendizagem”) foram demonstrados em diversas pesquisas, como é possível verifi car na discussão de Richland, Kao e Kornell (2009, p. 254):
Quando um aluno faz uma tentativa malsucedida de responder a uma pergunta, tanto os alunos como os professores muitas vezes encaram o teste como um fracasso e presumem que o desempenho ruim do teste é um sinal de que o aprendizado não está progredindo. Assim, comparado com a apresentação de informações aos alunos, que não está associada a um desempenho ruim, os testes podem parecer contraproducentes. 
Mas não são. Pelo contrário, apesar de gerar alguma frustração após o resultado inicial (ninguém gosta de errar), testar os alunos antes da apresentação do conteúdo amplia as possibilidades de aprendizagem a longo prazo (BJORK, 1994; SCHIMIDT; BJORK, 1992). Contanto que as questões tenham sido pensadas como ferramentas de estudo, provendo instruções que permitam aos alunos saberem quais são as respostas corretas, como visto em Richland, Kao e Kornell (2009, p. 254):
Em termos de aprendizagem de longo prazo, no entanto, os testes mal-sucedidos caem na mesma categoria que outros fenômenos de aprendizado efetivo (por exemplo, o efeito de espaçamento; ver Dempster, 1988) [...] A pesquisa atual sugere que os testes podem ser valiosos eventos de aprendizagem, mesmo se os alunos não puderem responder as perguntas do teste corretamente, contanto que o material testado tenha valor educacional e seja seguido por instruções que forneçam respostas às perguntas testadas.
Assim, podemos compreender que os testes são uma ótima ferramenta de aprendizagem quando aplicados antes da apresentação do conteúdo. Afi nal, se a nossa protagonista do “teste de História” soubesse das suas limitações em relação ao assunto antes do teste, certamente teria passado as tardes estudando, ao invés de ir para a piscina.
2. 3 COMO UTILIZAR OS PRÉ-TESTES
Existem várias maneiras de utilizar os pré-testes para estimular a aprendizagem e dependem das condições de criação do material e dos recursos de tecnologias digitais disponíveis. Uma delas é a que você observou anteriormente no corpo do texto, ou seja, utilizado antes do conteúdo ser apresentado. O objetivo é que as pessoas que tenham contato com esse material possam ter os seus conhecimentos prévios confrontados, para que saibam o que está por vir e no que devem focar mais.
Outra estratégia é a aplicação do pré-teste antes da apresentação do conteúdo, mas em uma área separada que permita ocultar as videoaulas, os livros didáticos, entre outros recursos educacionais e só desbloqueá-los após o aluno realizar o préteste.
Há outras formas e queremos destacar aqui para você, dentre as mais diversas, a que foi utilizada no curso de Matemática da Khan Academy (World of Mathematics). Se você não conhece a Khan Academy faremos uma breve explicação: ela é uma startup educacional que foi iniciada por Salman Khan, um homem que trabalhava no mercado fi nanceiro e começou a dedicar parte do seu tempo a ensinar Matemática para a sua sobrinha que vivia a mais de 3 mil quilômetros de distância da sua casa.
Ele começou a fazer isso através do Youtube e quando os seus vídeos começaram a fazer sucesso no mundo inteiro, Bill Gates, o fundador da Microsoft, investiu milhões de dólares para que Salman Khan criasse cursos e tecnologias educacionais que estivessem disponíveis para o mundo inteiro (KHAN, 2013). Um dos cursos é o de Matemática inteiramente construído por pré-testes.
Claro que o curso possui videoaulas, mas funciona de uma maneira diferente da qual estamos acostumados. Ao invés de apresentar uma videoaula e depoisFIGURA 1 – CURSO WORLD OF MATHEMATICS, DISPONÍVEL NA KHAN ACADEMY ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
indicar atividades de aprendizagem, esse curso inverte a ordem, ou seja, primeiro 
explicita um problema matemático e desafi a os estudantes a resolvê-lo. Caso o 
problema seja resolvido corretamente (os estudantes têm mais de uma tentativa 
para realizá-lo), um novo problema aparece para desafi ar os conhecimentos de 
quem está estudando.
O detalhe é que as videoaulas fi cam disponíveis, permitindo ao aluno consultar 
o material-base para a construção do conhecimento necessário para resolver 
aquele tipo de situação-problema. Por exemplo, se o desafi o for uma soma e o 
aluno não conseguir responder, basta clicar no link indicado, Figura 1, que uma lista 
com os vídeos que ensinam esse conhecimento vai aparecer, conforme a Figura 2.
FONTE: A autora
FIGURA 2 – LISTA DE POSSÍVEIS VÍDEOS
FONTE: A autora
Os estudantes podem ser confrontados com um conjunto novo de perguntas para cada assunto de estudo proposto ou até mesmo para cada competência a ser desenvolvida. É só um exemplo, pois a tecnologia apesar do grande potencial nem sempre está disponível na instituição de ensino ou por questões de custo, tempo não programado ou ainda porque não há equipe multidisciplinar que atenda à programação. O importante é mostrar para você que existem várias formas de usar pré-testes e que grandes instituições já fazem uso, pois são importantes recursos de aprendizagem especialmente na modalidade a distância, na criação de materiais didáticos autoinstrutivos. Afi nal, como abordamos, a ideia é permitir que os alunos tenham o máximo de autonomia para estudar e que não precisem, necessariamente, da ajuda de professores, tutores etc. Claro que é importante que, ao oferecer um curso na modalidade a distância, tenhamos esses 
ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
profi ssionais à disposição do aluno, mas também é fundamental que o conteúdo apresentado no material didático forneça elementos de aprendizagem diversos que favoreça o processo de aprendizagem do aluno. 
Tendo em vista que os pré-testes são usados pelos professores para diagnosticar o nível de apropriação do conhecimento do estudante, por que não disponibilizar essa ferramenta que se mostra relevante para o aluno, no sentido de que ele mesmo possa diagnosticar o quanto sabe? Pois além de estimular a percepção ao serem apresentados aos conteúdos, os alunos saibam no que devem prestar atenção.
Com o diagnóstico em mãos, os alunos podem se guiar com mais facilidade, visto que foi dado um recurso que facilitará o seu estudo, evidenciando os pontos e assuntos que são de maior domínio e os que não. É importante porque pode ser compreendido como um guia para que os alunos aproveitem melhor a autonomia que apesar de ser uma das principais vantagens da modalidade a distância pode também ser vista como um dos grandes desafi os. 
 2.4 POR QUE É IMPORTANTE SABER SOBRE PRÉ-TESTES E APRESENTAÇÃO?
Com alguns anos de estudo e experiência em Educação, podemos afi rmar que a introdução é frequentemente ignorada por quem está criando o material autoinstrutivo, porque há a visão de que os alunos irão ignorá-lo, pois é comum que o aluno vá “direto para a parte que interessa” e veja a apresentação dos assuntos a serem abordados como algo sem importância. Afi nal, o aluno pode pensar que sabe do que se trata a disciplina, logo, não precisa “perder tempo” com a introdução.
Contudo, a introdução é algo importante, pois auxiliará o aluno a “sintonizar” a sua mente aos assuntos que serão abordados, iniciando o processo de familiarização, visto que é uma forma de chamar a atenção e direcionar os esforços cognitivos para o conteúdo, algo que ajuda a apropriação do conhecimento, já que aumenta a capacidade de retenção da memória a longo prazo, como observamos em Brain Rules (apud MEDINA, 2014, p. 106):
Uma forte ligação entre atenção e aprendizado tem sido demonstrada em pesquisas em sala de aula, tanto cem anos atrás quanto tão recentemente quanto na semana passada. A história é consistente: se você é um pré-escolar ansioso ou um estudante entediado, prestar mais atenção sempre equivale a um melhor aprendizado. Melhora a retenção de material de leitura, precisão e clareza na escrita, matemática, ciência – todas as categorias acadêmicas que já foram testadas.
Razões como essas enaltecem mais uma vez os pré-testes como uma forma de evitar que o aluno “pule um pedaço”, pois ao invés de criar uma lista de tópicos que pode ser facilmente ignorada (na verdade, iniciar um texto com uma lista é um convite para que o leitor pule a primeira parte), você criará uma forma de engajar o estudante logo no início do processo.
Pense o seguinte: qual das duas formas de iniciar uma conversa é mais interessante: (I) com uma longa introdução, na qual o interlocutor começa falando que “Agora eu irei apresentar para você o assunto X, o assunto Y e o assunto Z, todos baseados nas teorias...”, e por aí vai; (II) ou com algumas perguntas do tipo “Ei, você sabe por que os alunos costumam abandonar os cursos EAD?”.
Na maioria das vezes a preferência é por perguntas, mesmo que não se saiba a resposta. Na verdade, se não souber responder, a curiosidade aumenta, o aluno fi ca mais atento e as suas chances de aprender aumentam, pois estará mais cuidadoso em relação ao assunto da pergunta apresentada.
	• 	O que vimos e como transformar esse conhecimento em ações
Você viu até aqui que as pessoas aprendem mais quando já sabem o que está por vir e, portanto, os pré-testes são um recurso educacional importante para iniciar o seu material autoinstrutivo. Os testes de forma geral são recursos de estudo e não servem apenas como instrumento avaliativo. Por isso é importante que você inclua pequenos testes e questões ao longo do material autoinstrucional, não apenas para que o aluno se autoavalie e tenha uma real visão da compreensão que tem sobre o assunto apresentado, mas também como uma forma de deixar o seu material mais parecido com uma conversa. Se fosse presencialmente, você interromperia a exposição em alguns momentos para perguntar aos alunos sobre o assunto que está sendo apresentado. 
Como transformar o conhecimento em ação? Simples: construa um préteste. Se você gosta de aprender de forma prática, pare e pense em um assunto que domina e poderia ensinar em um curso para outras pessoas. Depois liste os principais pontos a serem ensinados. Considere quais seriam os assuntos tratados nas primeiras aulas. Em seguida, elabore algumas perguntas, por exemplo, de três a cinco. Podem ser questões em que o aluno escolherá a resposta certa ou errada, verdadeiro ou falso. O importante é que cada uma tenha de 3 a 5 alternativas. 
 3 IDENTIFICANDO O PERFIL DOS SEUS ALUNOS
Quando você se propõe a fazer qualquer coisa na vida, existem duas perguntas importantes a fazer, desde as tarefas menores até as maiores: 
· Qual o meu objetivo?
· Para quem estou fazendo isso?
Responder a essas questões é algo essencial e sem elas é quase impossível saber se o resultado do que se esteja fazendo seja bom. Se você estiver desenvolvendo o material didático autoinstrutivo de um curso qualquer, a resposta para a primeira pergunta é óbvia: o seu objetivo é criar um conteúdo que seja o mais rico possível, com uma linguagem dialógica e acessível, com organização e que permita o estudo de modo independente, seguindo os parâmetros estabelecidos pela instituição de ensino da qual está inserido.ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
Uma sugestão: compartilhe o pré-teste com outras pessoas e veja se elas 
conseguem compreender o que aprenderão. Um lembrete: sempre que for 
utilizar testes como recursos de aprendizagem, avise que “não vale nota”, ou 
seja, não é um instrumento avaliativo. Enalteça a importância da atividade para 
autoavaliação, por exemplo.
Já a resposta para a segunda pergunta é bem mais complexa do que à primeira vista possa parecer. Afi nal,responder que é “para o aluno” é insufi ciente. Porque na verdade são os alunos, no plural, e diz respeito não apenas ao número de estudantes, mas também as suas características como: Quem são? Qual é o seu nível de conhecimento sobre os assuntos a serem tratados? Quais são as suas capacidades cognitivas? Quais são as suas limitações – ou conquistas – educacionais?
As questões abordam até mesmo o passado dos estudantes, o seu contexto de vida, de estudo, as suas preferências e interesses. Quando você está em uma sala de aula ensinando a um grupo com dezenas de pessoas, existe uma troca de conhecimento e o estabelecimento de um diálogo síncrono (em seguida retomaremos os conceitos sobre comunicação síncrona e assíncrona) que permite descobrir boa parte das informações. Mas quando se está preparando um material didático para EAD podemos delimitar alguns pontos gerais, como faixa etária, formação prévia etc. Contudo, para garantir o aproveitamento é preciso que o material seja o mais universal possível e ao mesmo tempo deixá-lo pessoal, o sufi ciente para se conectar aos alunos.
Quando se escreve o material ainda não há o perfi l exato do público. E como não conseguimos prever o futuro, fi ca difícil antever quem serão os alunos e quais serão as suas características. Por isso, ao invés de olhar para o futuro e tentar adivinhar, o primeiro passo é olhar para o passado. Não só para aprendermos com quem passou muito tempo pensando e principalmente pesquisando sobre o assunto, mas também para entender quais são as características dos estudantes da EAD no Brasil. Para isso vamos olhar dados, fatos e autores.
3.1 UM PANORAMA DA EAD NO BRASIL
A implantação da EAD no Brasil aconteceu por diversos aspectos. Os principais são as políticas governamentais que desde a década de 1990 (na versão mais moderna do que temos hoje) iniciou o estímulo à modalidade, tendo em vista as facilidades proporcionadas pelas tecnologias. Assim, seria possível deixar o ensino superior mais acessível para a população brasileira e também atingir os mais remotos locais do país, uma vez que o Brasil possui dimensões continentais que difi culta a implantação de programas educacionais em todo o território nacional. 
O setor privado vem utilizando a EAD há muito tempo, seja de forma isolada ou em conjunto com o setor público. Alguns exemplos são as instituições que ofereciam cursos técnicos com o uso de apostilas (os cursos por correspondência), além dos cursos que aconteciam via rádio (desde a primeira metade do século XX) ou mesmo transmitidos via TV (o Telecurso 2000 talvez seja o mais famoso).
Saber disso é importante para entendermos que apesar da proeminência nos últimos 10 anos, a EAD não é uma “invenção” recente, pois é desenvolvida no mundo há muitos anos e adotada no Brasil há muitas décadas. O que é novidade no século XXI é o suporte tecnológico digital que permitiu que a modalidade tivesse um alcance maior do que em qualquer outro momento. 
Há a facilidade de distribuição do material, do alcance das instituições, da familiaridade da população geral com o uso das tecnologias empregadas, do barateamento dos custos de produção e das mensalidades. Além disso, a qualidade na formação tem ampliado a confi ança de grande parte da população que começou a reconhecer que fazer um curso a distância pode ser uma opção tão boa quanto um curso presencial.
A partir dos anos 1990 houve um incentivo do governo para a expansão da 
ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
educação a distância, como forma não só de dar mais acesso ao ensino superior (que era o foco dos movimentos iniciais) diminuindo custos e barateando as mensalidades, mas também permitir um alcance mais amplo do que no ensino presencial, tendo em vista que o Brasil é um país de proporções continentais.
No fi nal de 2018, outro passo do MEC foi dado para a expansão da EAD, ao permitir que a modalidade também faça parte do ensino médio. E para garantir que as pessoas tenham cursos a distância de qualidade, o MEC traçou algumas diretrizes, por exemplo, as descritas nos referenciais de qualidade publicadas a primeira vez em 2003 e republicadas em versão ampliada em 2007. É um dos materiais que apresenta diretrizes essenciais para que um curso e uma instituição sejam reconhecidos, garantindo algo que era uma dúvida frequente no início da expansão do ensino superior a distância: “o diploma EAD tem o mesmo ‘valor’ que o presencial?”. Sim, vale (caso o curso seja reconhecido pelo MEC – tanto na EAD quanto no ensino presencial).
3.2 A COMPLICADA TAREFA DE 
ENTENDER QUEM SÃO OS ALUNOS DA EAD 
Ao compreendermos um pouco como funciona a EAD no Brasil é possível delimitar as características gerais de quem são os alunos que compõem esse universo. Isso pode dar a sensação de um nó na cabeça (mas em breve desataremos esse nó com uma técnica chamada “criação de personas”. Não se preocupe!). 
Responda em voz alta às seguintes perguntas:
· Os alunos da EAD geralmente estão nas capitais ou no interior?
· Os alunos da EAD são jovens ou adultos?
· Os alunos da EAD são de qual gênero?
· Os alunos da EAD tiveram acesso a uma boa educação?
· Os alunos da EAD têm tempo extra ou se esforçam para achar um tempo para o desenvolvimento das atividades?
· Os estudantes da EAD têm alto poder aquisitivo ou vêm de famílias mais humildes?
A resposta é sim para todos os itens, para todas as perguntas, a resposta é sim. Por exemplo, estudantes da EAD podem ser mulheres de 26 anos que moram na capital, tiveram uma educação de qualidade e gostam de estudar ou mulheres de 26 anos que moram na capital, tiveram uma educação de qualidade e não gostam de estudar.
Ou homens. Ou transgêneros. Ou que estudaram em colégios de baixa qualidade e ainda assim foram bons alunos (ou o contrário). A EAD é constituída por todos os tipos de pessoas: desde aquelas que querem aprender algo até aquelas que só querem um diploma para passar em algum concurso ou promoção onde trabalham.
Apesar de toda a diversidade podemos extrair alguns dados. A Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) tem feito isso com frequência aplicando o censo EAD. A ABED disponibiliza em seu site uma pesquisa feita com os dados fornecidos das instituições de ensino que fazem parte do quadro de sócios, permitindo que tenhamos um panorama geral da EAD no Brasil.
Entretanto, existem algumas características apontadas no estudo que consideramos importante destacar, por exemplo: 
· a primeira é que a maioria dos alunos dos cursos a distância não dedica o seu tempo exclusivamente aos estudos, pois também trabalha. São pessoas que precisam dividir o seu tempo entre as tarefas profi ssionais, as tarefas do cotidiano (cuidar da casa, dos fi lhos etc.) e os estudos;
· a segunda é um dos maiores problemas no EAD: a evasão.
3.3 OS MOTIVOS DA EVASÃO NA EAD
Segundo o Censo ABED 2016 (2017), a evasão nos cursos na modalidade EAD gira em torno de 11% a 25%. Grande parte das instituições afi rma conhecer os motivos da evasão. Você consegue imaginar as razões? 
Para descobrirmos se a sua opinião está em concordância com a realidade, apresentaremos um gráfi co retirado diretamente da pesquisa da ABED para que você entenda e conecte a razão da evasão ao conjunto de barras no gráfi co. Não se preocupe, você não está sob avaliação.dos alunos da EAD? 
O gráfi co completo é o seguinte:
Então? Conseguiu conectar os pontos? Você sabe o que motiva a evasão 
FONTE: <http://abed.org.br/censoead2016/Censo_EAD_2016_ portugues.pdf>. Acesso em: 20 set. 2019.
Caso não tenha o costume de ler e interpretar gráfi cos e não esteja compreendendo, contextualizaremos para você. O gráfi co mostra “quão verdadeira” é alguma afi rmação. Por exemplo, quando o aluno evadido se depara com a afi rmação “Você abandonou os estudos por questões fi nanceiras” há três opções de marcação: 
· Não corresponde com a verdade.
· Corresponde um pouco com a verdade.
· Corresponde totalmente com a verdade.
Portanto, o aluno pode identifi car mais de uma resposta como sendo verdadeiraou “quase” verdadeira.ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
GRÁFICO 1 – EVASÃO DE CURSOS EAD
Entender o gráfi co anterior é importante para compreendermos que ele não apresenta números e sim afi rmações. E enquanto não há nada a fazer em relação às questões fi nanceiras dos alunos, como responsável pela criação do material didático, é importante atentar para duas das afi rmações apresentadas: a falta de tempo e a não adaptação à modalidade EAD.
Por qual motivo? Porque apesar dos vários fatores que afetaram essas questões, existe um ponto em comum entre elas: a difi culdade de boa parte dos alunos em lidar com a autonomia proporcionada pela EAD e que acaba sendo um dos riscos da modalidade, pois se durante toda a sua experiência escolar presencial o aluno contou com o professor como agente disciplinador, ao optar por estudar a distância, ele perde essa referência externa e precisa buscar em si a fonte de toda a sua disciplina, como cita Faria (2014, p. 65):
A autonomia na modalidade a distância é a característica essencial para o bom desempenho do aluno e de todos que participam do processo de ensino e aprendizagem na EAD. 
Cada sujeito nele envolvido precisa apresentar uma acentuada capacidade para determinar os objetivos de suas ações. Dessa forma, podemos afi rmar que se, por um lado, a EAD exige mais autonomia, autogestão, autoestudo, auto-organização, autonomização e autodidatismo, por outro ela também carrega o risco de não alcançar seus objetivos pela "falta" da presença física do professor, que dialoga, motiva, esclarece, emancipa e traça relações éticas e políticas.
3.4 AUTONOMIA: UMA DAS PRINCIPAIS 
VANTAGENS E UM DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS
Algo comum nos comerciais das instituições que oferecem cursos na modalidade EAD é apresentar a seguinte vantagem: “Faça os seus horários! Estude na hora que fi car melhor para você!”. E você sabe por que eles falam isso? Porque essa é realmente uma vantagem. E talvez seja tão grande quanto os valores que costumam ser mais acessíveis.FONTE: <http://abed.org.br/censoead2016/Censo_EAD_2016_
portugues.pdf>. Acesso em: 20 set. 2019
É possível que uma pessoa que passou mais de uma década estudando no sistema tradicional de ensino no Brasil consiga fazer uma fácil transição para a EAD? 
A resposta para isso é: em boa parte dos casos não.
Como exposto anteriormente, o censo da ABED, realizado com os dados de 2016/2017, evidencia que até 25% dos alunos abandonam os cursos EAD. E os principais motivos observamos na Figura 3, a seguir.
FIGURA 3 – PRINCIPAIS ELEMENTOS QUE CORROBORAM 
PARA A EVASÃO DE CURSOS A DISTÂNCIA
ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
O censo expõe que os dois principais fatores para a evasão são as “questões fi nanceiras” e a “falta de tempo”. Mas, em seguida está a questão de “não se adaptar à modalidade EAD”.
O primeiro fator é fácil de compreendermos, pois signifi ca pensarmos que os alunos não podem custear as mensalidades ou preferem utilizar o dinheiro para outros fi ns. Já a falta de tempo e a não adaptação muitas vezes correspondem a situações relacionadas à autonomia, à gestão do tempo, entre outros fatores de ordem mais pessoal , como conseguir adaptar a rotina aos estudos fora de um ambiente escolar. Afi nal, uma pessoa que se acostumou a “fi car isolada” para estudar em uma instituição de ensino que possui diversos recursos para auxiliá-la, pode encontrar difi culdades quando a responsabilidade, foco e esforço recai em si mesma. E isso não signifi ca que a pessoa é preguiçosa ou não deseja estudar, mas talvez seja exatamente o oposto, pois pode apresentar muita vontade, já que é difícil criar uma rotina de estudos com tranquilidade num ambiente como a casa, que nunca foi vista como um ambiente de estudos, mas sim como espaço pessoal e familiar, cheio de distrações.
Algumas pessoas têm membros da família disputando a atenção com os estudos; outras têm afazeres da casa; também existe o cansaço depois de um dia ou uma semana de trabalho e ainda há os mais diversos tipos de distrações que a própria internet (o canal de distribuição da maioria dos cursos na modalidade a distância) proporciona. Quem tem acesso às aulas da instituição, também tem acesso a jogos, fi lmes, séries, redes sociais e muito mais. Portanto, não é difícil cair na tentação de deixar o estudo para mais tarde e esse “mais tarde” se transforma em “amanhã”, que pode virar “semana que vem”, até que o aluno não consegue dar conta de estudar e acaba reprovado no componente curricular vigente. Geralmente, após isso acontecer repetidas vezes, o aluno desiste do curso. E isso tem relação com não ter tempo para realizar o curso e com não se adaptar à modalidade – os principais motivos do abandono, segundo o Censo ABED (2016/2017).
O que você pode fazer para ajudar o aluno? É a sua responsabilidade evitar a evasão no processo de criação do material educacional? 
Não, mas se você quiser contribuir com a experiência dos alunos desenvolvendo um material mais atraente, auxiliando a experiência de aprendizagem e talvez contribuindo para minimizar a evasão, existem algumas técnicas de criação e recursos pedagógicos que podem auxiliar. Eles infl uenciarão a maneira com que você escreve, como a inserção de momentos de contação de histórias. Além disso, a maneira com que você pensa as aulas e como as prepara tem grande infl uência no processo de aprendizagem do aluno, então a criatividade vai ajudar e muito esse processo.
O primeiro passo para isso é procurar visualizar quem serão os seus alunos. E para isso vamos verifi car como utilizar uma ferramenta que é muito comum para os profi ssionais da comunicação e marketing e que poderão auxiliar bastante: a criação de personas.
	• 	 O que são personas?
Antes de aprender como fazer, vamos compreender melhor o conceito por trás da ferramenta que pode ser uma grande aliada no seu trabalho. E para criar um exemplo de personas faremos um exercício. Se você gosta de aprender com a prática, monte um minicurso nos moldes do que será apresentado a seguir.
Em primeiro lugar, pense em algo simples que você queira ensinar. Pode ser qualquer tópico de uma temática que você domine, algo curto que você consiga ensinar em poucas aulas. Para ilustrar isso contaremos um exemplo real de uma pessoa que criou um curso sobre como utilizar o WhatsApp. Essa pessoa se mudou para um município longe da sua cidade natal. A sua mãe, que não era muito fã de tecnologia, comprou um smartphone para conversar com a fi lha pelo WhatsApp. Porém, ela não fazia ideia de como utilizar o aplicativo ou o smartphone e só decidiu comprar o aparelho depois que a fi lha foi embora. 
Para aproveitar melhor os recursos da tecnologia digital, a fi lha pensou em utilizar as suas habilidades e experiência em EAD para criar um curso rápido e simples, ensinando as pessoas a utilizar o WhatsApp. E enquanto desenvolvia o seu planejamento pensou: “Essa aula pode ser interessante para outras pessoas parecidas com a minha mãe. Mas como elas são?”
Então a fi lha decidiu criar uma persona. O primeiro passo foi listar as características que os seus futuros alunos teriam em comum:
· Idade: mais de 50 anos.
· Tecnologia: não ter muita familiaridade com tecnologia e nem ser muito 
Smartphone: não saber usar os recursos.
E muito mais (listaremos poucas, porque com certeza você já 
Com as informações foi possível criar um “aluno fi ctício” com as características mais comuns das pessoas que seriam o alvo do curso. Mas não é um contrassenso criar uma “única personalidade” para representar o aluno de um curso EAD, cujas características podem ser as mais variadas, dada a possibilidade de alcance da modalidade? Segundo Filatro (2018, s. p.), essa é uma questão de saber focar no seu “público-alvo”:fã.
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compreendeu).
ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
As pessoas são únicas, e reduzi-las a uma única Persona parece ir de encontro às demandas por personalização (ou individualização) da aprendizagem. Noentanto, quando você está preparando conteúdos educacionais para EAD, precisa ter em mente quem é o seu interlocutor, a fi m de estabelecer com ele um diálogo didático que simula a comunicação real em sala de aula. 
Não signifi ca que você deve criar o curso pensando em apenas “um tipo de pessoa”. O uso da persona ajudará a construir materiais que se comuniquem com nosso futuro aluno, já que na descrição reuniremos as características compartilhadas pelos alunos, permitindo que o conteúdo seja facilmente identifi cado e compartilhado pela maioria dos estudantes.
	• 	Usando a persona para criar um curso 
Com os dados em mãos, o primeiro passo foi pensar a melhor maneira para atingir as pessoas que possuem aquelas características, ou seja, a persona do curso de WhatsApp. Foi necessário defi nir: a linguagem (evitando termos técnicos); o conteúdo, considerando o objetivo de aprendizagem do curso, utilizando exemplos relacionados à realidade e vivência dos alunos (e não da professora) e identifi car qual o formato de entrega do conteúdo para os alunos. Por exemplo, talvez a grande facilidade seja o uso de elementos de áudio, vídeo e imagem. Faz sentido para você? 
A ideia foi a de ministrar as aulas através de mensagens via WhatsApp. O primeiro passo foi criar um grupo só para as aulas que fi cariam separadas das conversas pessoais e quando surgisse uma dúvida seria mais fácil procurar a resposta, dando mais autonomia aos alunos, evitando que buscassem o auxílio dos professores.
Também foram elaboradas três perguntas para serem feitas antes de cada aula como pré-testes e como estímulo para usar os recursos do teclado (lembrese de que são alunos sem familiaridade com tecnologia, logo precisam de mais estímulos para utilizar os recursos de estudo).
O restante do conteúdo foi apresentado em forma de imagem e texto ou de vídeos gravados diretamente da tela do smartphone, mostrando o uso de recursos e ferramentas do WhatsApp. Por ser muito visual e ter exemplos práticos, como foi identifi cado pelo feedback dos alunos no fi nal do curso, fi cava mais fácil aprender, mesmo com a pouca familiaridade com a tecnologia.
Os exemplos nos vídeos e textos sempre estavam relacionados a como conversar com os familiares e utilizavam referências bem populares, pois eram as que faziam parte da realidade dos alunos. Afi nal, é provável que você tenha familiaridade com as ferramentas do WhatsApp (e também é provável que já tenha ensinado alguém a usar algum recurso), logo, consegue imaginar com facilidade como foi o processo. Esse exemplo é uma boa forma de você perceber a importância de falarmos uma linguagem próxima de nossa persona. 
· Quais as respostas que preciso para criar uma persona?
Você observou um exemplo de como a criação de uma persona infl uenciou no desenvolvimento de um curso. Agora é bom você retornar para a proposta anterior e pensar em algo que você poderia ensinar para alguém em um microcurso. 
Por que? Para praticar e criar uma persona com as perguntas listadas a seguir. Aproveite para exercitar: crie o curso de verdade e até mesmo dê aulas pelo WhatsApp. Convide seus familiares e amigos para participar. Peça que avaliem o curso, o conteúdo e observe como elas estudam. Se você tiver oportunidade poderá vivenciar a nossa discussão na prática. Claro que você não tem nenhuma obrigação, pois não é uma atividade formal do curso. É apenas uma dica para quem quiser inserir um pouco mais de prática no aprendizado.
Voltando à criação de personas, é preciso perguntar: “Quem quer aprender”? Mantenha a resposta o mais simples possível. No caso do curso sobre como usar o WhatsApp, a resposta seria: “pessoas que não sabem utilizar o WhatsApp ou pouco sabem ou não sabem utilizar o smartphone”. Depois você deve perguntar quais são as características das pessoas:
· Qual é o gênero das pessoas que farão o curso?
· Quais são os conhecimentos prévios sobre os assuntos e temas das aulas?
Qual é o nível de instrução dos alunos?
Qual é a faixa etária?
De onde são?
Quais são os seus interesses e referências?
Qual é a sua familiaridade com as tecnologias?
Qual é a motivação para aprender o que será ensinado?
Qual é o formato do conteúdo mais acessível?
Elas já estão acostumadas a estudar na modalidade a distância?
Qual o tempo disponível para estudar?
Note que as duas últimas questões serão infl uenciadas pelo tipo de curso que está sendo criado. Por exemplo, um curso de graduação ou pós-graduação exigirá mais dos alunos que um curso livre, tanto pelo conteúdo quanto pelos prazos. Logo, em determinadas oportunidades é interessante que sejam levadas • 
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ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
em consideração as características do grupo. E em relação às últimas perguntas, que sejam consideradas as necessidades do curso, no momento da montagem da persona.
É importante lembrar que existem várias fontes para você consultar e buscar as respostas. Se for um “público” familiar é bem possível que você responda às questões com facilidade. Mas, em alguns casos, é importante pesquisar em livros, sites, censos, artigos e em outras publicações para compreender melhor quem serão os seus alunos e montar a persona.
Caso aceite a sugestão, aproveite para aprender de forma mais prática, pare tudo e comece a criação da persona para o seu microcurso, respondendo ao questionário apresentado. Você aprenderá na prática como trabalhar nesse processo, acertando e errando. E durante os seus estudos é o momento em que você pode errar. Porém, quando estiver com a responsabilidade de criar um curso para pessoas reais, errar signifi ca que elas não aprenderão direito.
· Transformando as respostas em uma persona
Depois de obtidas as respostas você poderá criar a “persona” do seu curso e uma técnica comum é começar atribuindo um nome para ela. Em seguida, faça uma descrição da pessoa (utilizando as respostas do questionário). Retomando aquela ideia do curso de WhatsApp, que tal imaginar que o questionário foi respondido conforme a seguir?
· Qual é o gênero das pessoas que farão o curso?
Homens e mulheres.
· Quais os conhecimentos prévios que possuem sobre os assuntos e temas das aulas?
Nenhum ou muito baixo. Não costumam usar WhatsApp, nem smartphones.
· Qual o nível de instrução dessas pessoas?
Variado. Desde pessoas que não completaram o ensino médio até pessoas com mais de uma graduação.
· Qual é a faixa etária delas?
Entre 55 e 65 anos.
· De onde são essas pessoas?
De todo o Brasil.
· Quais são os seus interesses e referências?
Gostam de TV, fi lmes, novelas, noticiários.
· Qual é a sua familiaridade com as tecnologias?
Nenhuma. Nem com o WhatsApp (que servirá como AVA), nem com os recursos do App (como vídeo e áudio, por exemplo).
· Qual é a motivação para aprender o que será ensinado? É uma forma prática e barata de se manter em contato com seus familiares.
· Qual é o formato do conteúdo mais acessível?
Texto, imagens e vídeo.
· Elas já estão acostumadas a estudar na modalidade EAD?
Não.
· Qual o tempo disponível para estudar?
Geralmente, entre os intervalos dos seus afazeres domésticos ou atividades cotidianas.
Com as respostas em mãos é possível elaborar uma descrição. E isso não é difícil. Quando você fi zer, basta imaginar que está descrevendo uma pessoa para um amigo ou amiga. Nesse caso, poderia fi car assim:
“Tenho uma aluna chamada Lúcia. Ela tem entre 55 e 65 anos. Vou ensinála a utilizar o WhatsApp, principalmente para conversar com os seus familiares de uma forma mais prática e barata. Mas a Lúcia tem uma difi culdade: não tem nenhuma familiaridade com as tecnologias digitais. Não sabe usar o WhatsApp e, diferente de muitas pessoas da sua idade, não tem o hábito nem de usar o smartphone. Por isso, é preciso explicar tudo de forma bastante detalhada, porque ela precisará de auxílio para executar as mais simples tarefas necessárias para aprender a utilizar o WhatsApp (e alguns recursos do smartphone). Lúcia gosta de assistir TV, principalmente ver novelas, noticiário, fi lmes e séries. Assim,podemos utilizar algumas referências de programas de TVs que existem há mais tempo, como telejornais ou novelas mais antigas. E como ela ainda não sabe utilizar muito bem o smartphone, sempre que a aula for sobre ensinar a usar uma funcionalidade nova, o ideal seria enviar um vídeo ou imagens da tela com o recurso sendo usado (lembrar de sinalizar com setas e usar uma narração bem pausada quando for feito o vídeo, para que ela veja o que está acontecendo com mais facilidade). Lúcia nunca estudou a distância, por isso é importante começar o curso explicando a dinâmica. E como estudará durante os intervalos das tarefas de rotina, o ideal é fazer aulas curtas, focando em um aspecto de cada vez”.
Note que a persona não é apenas uma descrição fria dos dados, mas é o resultado da união dos dados com a interpretação de quem está criando o material. A persona servirá como guia para criar o curso do WhatsApp, segundo o nosso exemplo. Com as informações defi niremos a duração das aulas, os formatos, a linguagem e os recursos. Também anteverá algumas difi culdades, como por exemplo, a melhor maneira de proceder em um curso a distância com uma pessoa que não está acostumada a aprender por meio dessa modalidade educacional e, além disso, não tem familiaridade com a tecnologia empregada.
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É possível delimitar o que será utilizado nas aulas para que não sejam muito difíceis, gerando desmotivação, frustração e evasão. As informações também fornecem diretrizes para não deixar o curso fácil demais, pois se tratarmos o nosso aluno como leigo e ele já tiver um breve conhecimento do assunto, fi cará desmotivado. Outra vantagem de criarmos nossa persona é que ao saber quais são os hábitos de estudo, é possível criar aulas com uma duração que se encaixe no tempo apropriado. Claro que é um caso mais comum em um curso livre. Em graduações e pós-graduações, a fl exibilidade não é tão grande apesar de termos como contornar um pouco essa questão. Assim, os estudos não atrapalharão a rotina do aluno, desmotivando e fazendo com que pare de estudar. Além disso, é possível saber quais exemplos podem ser pertinentes ou não quando você quiser trabalhar com materiais exteriores como notícias de jornais ou vídeos.
E lembre-se: as questões apresentadas são um guia. Você pode adicionar perguntas se tiver a necessidade de descobrir mais fatos sobre os seus alunos.
	• 	Por que você aprendeu isso até agora?
Antes de mais nada precisamos fazer uma pergunta: você acha que deveria estar aprendendo sobre personas e autonomia em um conteúdo sobre criação de materiais autoinstrutivos? É bastante comum as pessoas questionarem, já que querem partir para a ação e começar a escrever, criar objetos interativos e tudo o mais. Mas todos os aspectos apresentados até aqui são importantes e devemos conhecer antes de começar a criar os materiais propriamente ditos. Reunir essas informações e ter a compreensão do processo de aprendizado do público-alvo referente ao material didático que estamos escrevendo são elementos essenciais para o sucesso da aprendizagem. Porque embora as instituições proporcionem recursos como fóruns ou tutores para auxiliar os alunos na jornada de um curso, eles não terão você (professor responsável pela produção do conteúdo-base) à disposição para tirar dúvidas ou se certifi car de que realmente compreenderam determinado assunto.
Logo, o primeiro e importante passo para o sucesso é compreender ao máximo quem serão os seus alunos (claro, um perfi l geral), para que possa antever os problemas, difi culdades e facilidades do processo e criar soluções para potencializar o aprendizado, além de eliminar os problemas e difi culdades (ou diminuí-los quando não for possível eliminar).
É óbvio que não temos certeza de que 100% dos alunos compreenderão tudo, mesmo que alguns não tenham o conhecimento prévio necessário e que outros possam ter algum tipo de difi culdade específi ca. É possível trabalhar para minimizar os problemas de aprendizagem. Também há aqueles alunos que só querem o certifi cado e não vão se esforçar muito para aprender, mas isso não vem ao caso (foque nos alunos que querem aprender, não “nivele por baixo”). E ainda há a situação de que por mais que o aluno tenha se esforçado para deixar “perfeito”, percebemos que ainda é preciso melhorar. E tudo bem, somos humanos, estamos longe da perfeição. Por isso é comum que os materiais sejam criados por diversas pessoas e atualizados com alguma frequência.
O importante é que você leia a maioria das respostas para as perguntas que fi zemos até agora e tenha o conhecimento sobre os seus alunos e seus materiais, para fazer o melhor trabalho possível, seja na criação do material didático autoinstrutivo ou na oportunidade de aperfeiçoá-lo (pois é bastante comum as instituições revisarem, e atualizarem os materiais e conteúdos após alguns anos da sua elaboração). E se você não souber para quem está criando o material e como atingirá os estudantes, tudo fi cará mais difícil.
Agora que você aprendeu a conhecer melhor os seus alunos com a técnica de criação de Persona, passaremos para a parte mais prática: abordaremos como organizar o seu projeto e como escrever para diferentes formatos.
4 COMO ORGANIZAR UM PROJETO 
PARA A CRIAÇÃO DE MATERIAL EDUCACIONAL AUTOINSTRUTIVO
Agora que você estudou o processo e a importância de refl etir sobre o seu aluno é hora de descobrir como pensar o seu trabalho, na verdade, como construir o seu fl uxo de trabalho. E isso é importante porque a criação de material autoinstrutivo não é a função mais complexa do mundo, no entanto exige uma forma de pensar diferente, uma forma multidisciplinar de olhar para a sua aula.
Se você já ministrou aula presencialmente, provavelmente tem o costume de pensar em si mesmo como a pessoa responsável por todo o processo: criação da aula, desenvolvimento dos materiais (quando necessário), exposição do conteúdo aos alunos e o processo de avaliação.
Na EAD isso muda. Você não é mais a única pessoa responsável pelo processo. Mas sim, responsável por uma parte dele. E é preciso compreender que esta é uma atividade em grupo, no qual os outros envolvidos dependem do seu trabalho. É um trabalho desenvolvido por uma equipe multidisciplinar, ou seja, múltiplos conhecimentos olham para o objetivo de aprendizagem do curso ou disciplina, por exemplo, e trabalham de modo a desenvolver a melhor proposta 
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pedagógica que permita o ensinar e aprender mesmo que o aluno e o professor estejam em espaços e tempos distintos durante esse fazer pedagógico. 
Portanto, ao organizar o fl uxo de trabalho você não apenas terá melhores condições de desenvolver a sua parte, como também desenvolverá uma visão mais ampla sobre o projeto, permitindo que anteveja algumas necessidades dos outros envolvidos, criando o material não só para “cumprir a sua tarefa”, mas para contribuir com o trabalho de toda a equipe. E o primeiro passo dessa organização é defi nir o que será ensinado e quais são as habilidades e competências de que o aluno se apropriará.
4.1 HABILIDADES E COMPETÊNCIAS
Aqui cabe destacarmos que cada instituição de ensino tem uma forma diferente de conduzir os trabalhos. Logo, se faz necessário que ocorra um momento inicial de conversa com os responsáveis pela coordenação e construção do curso ou que se tenha acesso a uma documentação detalhada que descreva como eles veem o processo de elaboração do material e o que esperam da sua atuação.
Entretanto, como cada instituição tem o seu próprio jeito de conduzir as tarefas, não são esses os detalhes que veremos. O que estudaremos é algo comum entre todas: a listagem dos tópicos que serão abordados no curso e a lista de habilidades e competências.
Mantendo essa construção de forma bem prática, imagine que irá criar um curso sobre um assunto que você domina. Fique à vontade para pensar em qualquer assunto. Em seguida, em uma folha ou arquivo de texto, liste quais são osassuntos que serão abordados, em tópicos. Não é preciso descrever nada ainda. Basta fazer uma lista ordenada. Depois de cada um dos tópicos listados, descreva quais são as habilidades e competências a serem desenvolvidas pelos alunos. Utilize verbos para descrever essas competências. Para constar, alguns exemplos:
· Aprender a organizar projetos de construção de materiais autoinstrutivos.
· Descobrir quais são as necessidades dos alunos da modalidade a distância.
· Desenvolver o planejamento para a construção de conteúdo.
· Identifi car as características dos seus alunos.
Ao criar essa lista você terá um documento que o ajudará a nortear a criação 
do curso e, por sua vez, orientará a criação do material autoinstrutivo tanto para a escrita e elaboração das atividades quanto para defi nir quais referências utilizar e os autores aos quais deverá recorrer.
4.2 PLANEJANDO PARA DEFINIR OS RECURSOS UTILIZADOS
O segundo passo para organizar um projeto de criação de material é listar os recursos que você utilizará para criar o material. E quando falamos em recursos estamos nos referindo aos processadores de textos (como Word, Google Docs etc.); outros aplicativos (como PowerPoint, por exemplo); livros, artigos e outros materiais que você usará como referência; além de outros elementos que você precisará para escrever o texto que servirá como base para a criação do material. 
Depois você listará os recursos que poderá utilizar. Por exemplo: além do texto você tem a possibilidade de utilizar vídeos e imagens. Também pode criar objetos interativos, como jogos.
O benefício de listar os recursos é que além de planejar melhor o seu trabalho, você planejará o material, defi nindo os locais em que fará a inserção dos diferentes recursos selecionados. Além, é claro, de permitir que o planejamento desses materiais seja construído de acordo com as suas particularidades (como veremos mais adiante).
4.3 PLANEJANDO E ORGANIZANDO O SEU TEMPO E O SEU FOCO
Algumas pessoas têm o dom natural de ser extremamente focadas e organizadas. Outras, por mais que tentem, não conseguem terminar as tarefas no prazo ou mesmo manter uma unidade entre as partes. Sabe o que esses dois “tipos de pessoa” têm em comum? Ambas precisam de técnicas e ferramentas de organização para gerenciar projetos. Mesmo que você seja uma pessoa focada e organizada há um limite ao que consegue visualizar e projetar. Um projeto de escrita de material educacional pode ser maior do que essa capacidade justamente porque é uma tarefa complexa que é executada em várias etapas e por várias pessoas.
Por isso, é essencial dividir cada tarefa em tarefas menores. Por exemplo: 
ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
digamos que você precise escrever o primeiro capítulo de um material. Antes de começar, divida o material em vários subtítulos para transformar o que antes era uma tarefa única (escrever um capítulo) em várias minitarefas (escrever diversos trechos do capítulo, representados por subtítulos). 
Também é preciso defi nir prazos, não só para mensurar se você está no caminho para entregar o material na data acordada, mas também para manter o foco. Pois, ao dividir em minitarefas antes de começar a executar o projeto, conseguimos dimensionar qual a nossa produtividade diária, o que nos permite uma projeção mais acurada de quanto tempo levaremos para entregar o projeto.
É importante que as suas tarefas sejam separadas por tipos. Para explicar melhor compartilharemos um exemplo, assim você terá uma noção de como esse conhecimento é aplicado “na vida real”. Por exemplo, começamos o projeto com o conteúdo escrito e o professor responsável pela escrita abre o editor de textos e inicia a criação do material, como se fosse um livro que servirá de base para o restante do trabalho.
Durante a escrita pode-se inserir diferentes observações como: “incluir vídeo aqui” (se for um vídeo do Youtube, você já pode copiar e colar o link) ou “incluir vídeo próprio (roteiro a ser escrito)”. Só depois da criação do livro estar fi nalizada é que se escreve o roteiro dos vídeos, dos podcasts ou inicia o trabalho em qualquer outro material ou objeto que deseja incluir.
Talvez você possa perguntar: por que devo fazer essa divisão? Porque mesmo que você, assim como algumas pessoas, considere que conseguirá fazer várias tarefas ao mesmo tempo, a verdade é que isso é muito difícil e a tendência é aumentar os erros, já que o nosso cérebro foca em uma coisa por vez. E essa afi rmação pode ser vista no livro Brain Rules, do autor John Medina, em que o mesmo discorre que: “O cérebro é um processador sequencial, incapaz de prestar atenção a duas coisas ao mesmo tempo. Negócios e escolas elogiam a multitarefa, mas a pesquisa mostra claramente que ela reduz a produtividade e aumenta os erros (MEDINA, 2014, p. 101, tradução da autora)”.
A recomendação é de que você foque em um tipo de atividade do projeto por vez, por exemplo, escrita do livro, levando em conta todas as técnicas e hábitos de escrita necessários para o formato e depois passe para outra tarefa. A única exceção talvez seja a criação de imagens. Caso precise inserir alguma imagem no conteúdo que está desenvolvendo, faça junto ao texto, pois é bastante comum que você tenha um número mínimo ou máximo de páginas para escrever (geralmente especifi cada pela instituição que contratou você ou pelo seu tempo de experiência, caso esteja fazendo por conta própria).
No entanto, isso pode ser algo complicado para quem está começando a criar materiais educacionais autoinstrutivos. Uma vez que é possível utilizar diversos recursos educacionais considerando as multimídias que permitem que as interatividades fi quem à disposição. E como desejamos incluir o melhor no nosso material, é comum nos deixarmos levar pela ansiedade de inserir os mais diversos recursos, pois sabemos que deixarão as aulas mais ricas e interessantes. Mas é um impulso que devemos controlar para mantermos o foco, sempre lembrando da persona do curso, da carga horária destinada. 
Imagine que a nossa aula para o Capítulo 1 fosse em uma manhã das 8h às 12h. Com certeza teríamos que reduzir e focar ainda mais nessa discussão. Escrever material didático autoinstrutivo exige também essa disciplina. Por isso é interessante colocar as imagens durante a elaboração do material e assim ter a quantidade de páginas real.
 4.4 UTILIZANDO FERRAMENTAS 
PARA FAZER A GESTÃO DO SEU TRABALHO
Existem diversas técnicas e ferramentas para a gestão de um projeto. Diferentes pessoas se adaptarão e preferirão diversas técnicas e ferramentas. Por isso, queremos ensinar aquela que consideramos ser uma das mais simples: as listas de tarefas. 
Por que falar dela? Porque mesmo que você prefi ra – ou venha a conhecer e adotar – outras formas de se organizar, a lista de tarefas é universal e de uma forma ou de outra está presente na maioria das técnicas utilizadas para a gestão de projetos. Isso acontece porque ela é bastante simples e não exige estudos profundos, nem grandes mudanças nos nossos hábitos de trabalho. Para ilustrar a utilização, retomaremos o exemplo da criação do curso sobre a utilização do WhatsApp.
Vamos levar em conta que a persona já foi feita e as competências e habilidades foram listadas. A partir daí o primeiro passo é listar as tarefas maiores, consideradas a espinha dorsal do conteúdo que está sendo escrito – supondo que primeiramente você escreverá um “livro” que será transformado em aulas – e depois comece listando os possíveis títulos das seções. O segundo passo é “quebrar” as tarefas maiores em tarefas menores ,e depois de listar os títulos, pode-se listar os subtítulos de cada seção (mesmo que não seja a versão fi nal 
FONTE: A autora
Observe que ao listar o título de cada seção (que é o título do “post it”) e os subtítulos (cada uma das tarefas dentro de cada “post it” do Google Keep) fi ca mais fácil visualizar o que já foi escrito e o que ainda precisa ser criado. E como já expressado, o importante é fazer uma lista. A ferramenta não é o mais relevante,pois você poderá usar o Google Keep ou optar pelo Trello (outra ferramenta bastante utilizada), papel e caneta ou qualquer outra ferramenta para listar as suas tarefas. O importante é que você encontre uma forma para se organizar.ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
dos títulos, ou seja, pode ser uma versão preliminar, com as palavras-chaves do 
que será abordado naquela parte do texto).
Na Figura 4 é possível ver uma lista de tarefas feita no Google Keep, 
que é uma ótima ferramenta para organizar o seu trabalho: é simples, fácil de 
usar, direta e sem grandes recursos. Existem diversas ferramentas com outras 
funcionalidades, mas você pode usá-la ou encontrar algo que seja mais do seu 
agrado. Você pode usar a lista de tarefa em diferentes apps e até mesmo fora 
do mundo digital, utilizando papel e caneta. O importante é você encontrar uma 
ferramenta que se encaixe melhor na sua forma de trabalhar.
FIGURA 4 – GOOGLE KEEP NA ORGANIZAÇÃO DAS LISTAS DE TAREFAS
	• 	 Organize os seus dias
Outra técnica simples e importante é a criação de listas de tarefas diárias, organizando a rotina do dia em torno da criação do material. Pergunte-se: “quais são as suas tarefas?”. Dessa maneira, haverá mais uma estratégia para orientar o seu trabalho, aumentando o foco e melhorando a produtividade.
E, se você está se perguntando: “mas por que fazer várias listas? Por que não posso me guiar por uma só?” Ora, porque é interessante que a organização do fl uxo do seu trabalho fi que mais visível para você, então ter um planejamento macro e ter listas diárias ou semanais pode ajudar e muito nesse desafi o, até porque nem sempre temos só a escrita do material, você poderá também dar aula presencial, cuidar da casa, levar seu fi lho na escola, dependendo do dia até mesmo passar no supermercado. 
A lista de tarefas da Figura 4 é uma visão geral das tarefas que lhe ajudarão a ter noção do volume de trabalho total do projeto, tendo uma noção do quanto se fez e do quanto ainda precisa ser feito.FONTE: A autora
Já a lista de tarefa diária é uma estratégia de organização da sua rotina de trabalho imediata, para que não seja necessário parar para pensar ou decidir o que será realizado no dia. Essa prática ajuda a manter o foco e a lembrá-lo de tarefas que acabam surgindo com o andamento do seu trabalho. Um exemplo disso pode ser visto na Figura 5 (também feita no Google Keep). Note que utilizamos uma tarefa que estava descrita na lista de projetos: “Escrever sobre como enviar mensagens de texto” e adicionamos uma tarefa que surgiu durante a escrita (fazer a captura das telas que citamos no texto escrito sobre o envio das mensagens).
FIGURA 5 – ESCREVENDO A LISTA DE TAREFAS DO DIA NO GOOGLE KEEP
ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
· Não esqueça das datas
Um ponto muito importante e várias vezes esquecido é o estabelecimento de datas. Não apenas a data fi nal de entrega do projeto, mas as datas que são previstas para terminar cada etapa do projeto. Isso é necessário para que você possa saber se está em dia com a criação do material autoinstrutivo. Lembrese de que existe uma “cadeia de produção” com processos e pessoas diversas que dependem do material que está sob a sua responsabilidade. Por isso, é importante não atrasar as entregas. O referencial de qualidade nos alerta que para atender com qualidade a um projeto de produção de material “é necessário que os docentes responsáveis pela produção dos conteúdos trabalhem integrados a uma equipe multidisciplinar, contendo profi ssionais especialistas em desenho instrucional, diagramação, ilustração, desenvolvimento de páginas web, entre outros” (BRASIL, 2007, p. 13).
Ao defi nir as datas você poderá identifi car se está no ritmo esperado para entregar tudo na data combinada ou se precisará dedicar mais tempo do que havia planejado para não deixar ninguém na mão. Assim, utilize um calendário ou anote as datas na sua lista de tarefas.
· Como podemos transformar esse conhecimento em ações?
Organizar o seu trabalho é essencial para você manter a qualidade, alcançar os prazos, aumentar a produtividade (fazer mais em menos tempo) e diminuir a chance de erros. Assim, você não deixa os seus colegas de trabalho na mão, nem os seus alunos, que serão os principais prejudicados se a entrega do material atrasar ou se não houver tempo hábil para que todas as etapas sejam feitas com qualidade. 
Lembrando: inicie o processo listando quais são os tópicos que serão abordados e abaixo de cada tópico liste as habilidades e competências que serão ensinadas. Além de ajudar a organização, servirá para preencher o documento de projeto que geralmente as instituições exigem.
Depois você pode criar listas de tarefas da maneira que preferir. Usamos, como exemplo, listas feitas utilizando o Google Keep que é uma ferramenta de anotações do Google (quem tem Gmail já tem, não precisa fazer novo cadastro). Mas você pode fazer uso de papel e caneta ou até mesmo de outros aplicativos. O importante é que você encontre uma maneira de inserir esse hábito na sua rotina de trabalho.
É importante criar uma lista de tarefas com todas as etapas do projeto para ter uma visão geral. Dessa maneira você poderá acompanhar a evolução da criação do material.
Depois disso, pode-se criar listas de tarefas diárias, listando os seus afazeres imediatos (não precisa criar todas as listas do dia). A recomendação é que, ao terminar o trabalho de um dia, você elabore a lista de tarefas para o próximo. Além disso, não se esqueça de colocar datas para o cumprimento das tarefas. Ao inserir prazos e metas, você conseguirá visualizar com maior facilidade o desenvolvimento do material nos prazos e poderá entregá-lo para que os seus colegas de equipe executem as outras etapas das aulas para a EAD.
 5 TÉCNICAS E CONCEITOS PARA A 
ESCRITA DE MATERIAIS DIDÁTICOS AUTOINSTRUTIVOS
Estudamos diversos assuntos até agora. Desde o motivo da evasão dos alunos até a importância da criação de listas de tarefas diárias para a organização das tarefas. Então, o que vem a seguir? Algo que você está esperando muito! Vamos colocar a mão na massa e escrever algo? E agora reforçamos um pedido que fi zemos para você: imagine um curso que gostaria de criar. Por quê? Para que você aprenda praticando. Mas antes de iniciar que tal responder a algumas perguntas? Não se preocupe, é um teste como ferramenta de estudo, não como avaliação.
c) ( ) Materiais 	interativos será responsável por isso.
não está descrita.
Agora, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) V, V, F, F.
b) ( ) F, F, V, V.
c) ( ) F, V, F, F.
d) ( ) F, F, F, V.
5.1 COMO VOCÊ SE SAIU NO PRÉTESTE?ESCRITA,L INGUAGEME F ORMATOSN AP RODUÇÃOD EC ONTEÚDOA UTOINSTRUTIVO
a) ( ) Escrever o roteiro de um vídeo ou podcast é o mesmo que 
escrever uma dissertação, pois utiliza as mesmas técnicas.
b) ( ) Escrever um roteiro de vídeo exige técnicas e formatações 
próprias, mas um podcast deve ser escrito como uma 
dissertação.
nunca 
precisam 
de 
descrições 
apuradas, porque uma equipe de especialistas em design 
d) ( ) Essa questão também tem uma pegadinha e a resposta certa 
A resposta para a primeira pergunta é bem óbvia se você se lembrar do primeiro pré-teste. Misturar todos os formatos é o melhor. E novamente não é porque a “pessoa X aprende melhor com vídeos e pessoa Y aprende melhor lendo”. Mas porque o cérebro tem áreas especializadas e por isso ganhamos ainda mais ao estimular várias áreas ao invés de focar em apenas uma (como somente uso de vídeos ou texto etc.), como afi rma Filatro (2018, s. p.):
A ideia é que, quando dois ou mais canais de processamento são usados adequadamente, eles contribuem mais para o processamento e a retenção da informação do que um único canal. Isto é, os benefícios de usar diferentes linguagens e mídias são aditivos, somam-se. Além disso, os benefícios de usar diferentes linguagens e mídias são superiores à soma de cada um dos canais constituintes.
E a segunda pergunta? Você acha que tem uma pegadinha ou não tem? A resposta

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