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Introdução à Ead

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Introdução à Ead 11
A leitura e seus estágios
OBJETIVO
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender
o conceito de leitura e os seus estágios. Isto será
fundamental para aluno em formação na modalidade de
ensino da educação a distância. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
Leitura: como definir?
Segundo o último Censo do IBGE (2018), existem 11,3 milhões
de analfabetos no Brasil. Esse número vem diminuindo ao longo dos
anos, porém, outro termo ganhou bastante destaque: o analfabetismo
funcional. Você sabe a diferença entre analfabetismo e analfabetismo
funcional?
Analfabetas são as pessoas que não conhecem o alfabeto ou
não sabem ler nem escrever e, os analfabetos funcionais são pessoas
que sabem ler e escrever, mas não são capazes de interpretar o texto
que leem, e essa parte da população corresponde a 30% dos brasileiros
que têm entre 15 e 64 anos (AÇÃO EDUCATIVA; INSTITUTO PAULO
MONTENEGRO, 2018).
ACESSE:
Veja gráficos sobre resultados da pesquisa sobre
analfabetismo e analfabetismo funcional em:
https://bit.ly/2QQnnxa
12 Introdução à Ead
SAIBA MAIS:
Às pessoas que sabem ler e escrever dá-se o nome de
alfabetizadas e, às pessoas que sabem ler, escrever e
conseguem usar essas habilidades nas demandas sociais
são denominadas letradas.
Mas o que significa ler? Você já parou para pensar nisso? Uma
busca rápida em qualquer dicionário mostrará como definição de leitura
o “ato de ler”, juntamente com “o ato de compreender o conteúdo de um
texto escrito”. Porém, como acabamos de ver, há muitas pessoas que
não conseguem compreender aquilo que leem. Sendo assim, podemos
usar as duas definições para o ato da leitura?
Figura 1 – A leitura é uma atividade exclusivamente humana
Fonte: Freepik
A leitura é uma atividade exclusivamente humana, que nos
permite o acesso a um infinito conhecimento. Ela está intimamente
ligada ao processo de aprendizagem. Por isso, o tema é amplamente
estudado por várias perspectivas: do ponto de vista linguístico, é claro,
mas também psicológico, biológico, social, entre outros.
Introdução à Ead 13
Etimologicamente, a palavra vem do verbo em latim lego, cuja
primeira acepção é “juntar, reunir”. Ele também significa “ler”, pois essa
ação nada mais é que juntar e reunir as palavras, as sentenças e as
partes de um texto.
O educador Paulo Freire dedicou uma obra inteira ao assunto,
“A importância do ato de ler”, em que afirma que “A leitura do mundo
precede a leitura da palavra” (FREIRE, 1988). Nesse sentido, todos nós
temos a capacidade de ler, já que estamos, a todo o momento, lendo a
realidade que nos cerca, isto é, lendo o mundo.
A definição apresentada no texto dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (2001, p. 53) é a seguin te:
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho
ativo de construção do significado do texto, a partir dos seus
objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o
autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características do
gênero, do portador, do sistema de escrita etc.
Vilson Leffa (1996, p. 11), pesquisador da UFRGS, define leitura
como o “processo de interação entre o leitor e um determinado segmento
da realidade, que é usado para representar um outro segmento”. Ao
estudar o tema, o autor nos lembra das duas definições restritas de
leitura, as quais são antagônicas:
[...] (a) ler é extrair significado do texto e (b) ler é atribuir
significado ao texto. O antagonismo está nos sentidos
opostos dos verbos extrair e atribuir. No primeiro, a direção
é do texto para o leitor. No segundo, é do leitor para o texto.
Ao se usar o verbo extrair, dá-se mais importância ao texto.
Usando o verbo atribuir, põe-se a ênfase no leitor. (LEFFA,
1996, p. 11)
Leffa segue explicando que a melhor definição, por vários motivos,
é a segunda: ler é atribuir significado ao texto. O autor explica:
A qualidade do ato da leitura não é medida pela qualidade
intrínseca do texto, mas pela qualidade da reação do leitor.
A riqueza da leitura não está necessariamente nas grandes
obras clássicas, mas na experiência do leitor ao processar
o texto. O significado não está na mensagem do texto, mas
14 Introdução à Ead
na série de acontecimentos que o texto desencadeia na
mente do leitor. (LEFFA, 1996, p. 14)
Vamos concordar com o autor ao optar por essa definição, já
que acreditamos que a leitura depende sim, mais do leitor do que do
texto em si e da forma como o primeiro interage com o segundo. Isso
vai ao encontro dos resultados que trazem as pesquisas no que se
refere à taxa de analfabetismo funcional. Significa que aqueles que não
compreendem o que está escrito não estão conseguindo interagir com
o texto.
E como podemos realizar a leitura de modo a interagir com o
texto e alcançar a sua compreensão total? Para Leffa (1996, p. 25),
Para compreender um texto devemos relacionar os dados
fragmentados do texto com a visão que já construímos
do mundo. Todo texto pressupõe essa visão do mundo
e deixa lacunas a serem preenchidas pelo leitor. Sem o
preenchimento dessas lacunas a compreensão não é
possível.
Para Andrade (2016, p. 1-2), tal definição é, hoje, muito mais
complexa:
Sabe-se que o conceito de leitura foi aperfeiçoado nas
últimas décadas. Nos dias atuais, a leitura não se constitui
um processo de decodificação do texto, nem somente
a compreensão e interpretação do signo linguístico. Na
verdade, a leitura possui uma dimensão mais ampla do
que apenas atribuir significado às palavras e frases. Pereira,
Souza e Kirchof (2012) afirmam que o ato de ler transcende
à simples decodificação, compreensão e interpretação do
signo linguístico, porquanto pressupõe o ato de dar sentido
ao texto, o que estará sempre na dependência da vivência
histórica do sujeito, do seu modo de pensar e olhar o
mundo.
O que observamos no comentário de Andrade (2016) é, novamente,
que o foco está no leitor, o sujeito que olha para o texto. Podemos
aproximar essa afirmação do que queremos dos nossos alunos, tanto
no ensino presencial como no ensino a distância. A habilidade de leitura
Introdução à Ead 15
é algo trabalhado na escola desde os primeiros anos. E assim deve
ser em todos os níveis de ensino, já que os textos vão ganhando mais
complexidade ao longo da vida escolar. Ora, se lemos e estudamos por
meio da leitura durante a nossa vida toda, por que então, existem tantas
pessoas que não conseguem compreender um texto?
Segundo Silva,
Ler é básico para o progresso na aprendizagem de qualquer
assunto. A formação de um leitor competente, segundo
os PCN (2001, p. 54), “só pode constituir-se mediante uma
prática constante de leitura de textos de fato, a partir de um
trabalho que deve se organizar em torno da diversidade de
textos que circulam socialmente”. (2011, p. 25)
Tal questionamento é objeto de estudo de muitos pesquisadores,
que tentam entender o que está errado na educação básica/
fundamental, por que motivo os alunos estão chegando muito fracos
ao ensino superior, no que diz respeito à leitura, e o que pode ser feito
para que a prática se torne hábito na população brasileira, assim como
já acontece em outros países.
Uma nota, antes de seguirmos: quando falamos de leitura, estamos
nos referindo à leitura de objetos das mais variadas espécies. Podemos
ler um texto, um filme, uma obra de arte, até mesmo uma expressão
facial, já que, como apontou Freire, a leitura do mundo vem antes da
leitura da palavra. Nesse sentido, estamos lendo (e interpretando) todas
as coisas a todo o momento.
Nesta unidade, porém, vamos nos deter à leitura de um texto
escrito, que constitui a maior fonte de pesquisa para os estudantes.
Ainda que existam materiais em outros formatos, vamos nos concentrar
no texto escrito por se tratar de objeto de fundamental importância, e
que ainda causa muita dificuldade de interpretação por parte dos alunos.
16 Introdução à Ead
REFLITA:
Com certeza você já teve dificuldade de ler e compreender
um texto, não é mesmo? Muitas vezes parece que estamos
lendo um texto escrito em outra língua, tão distante nos
parece do que costumamos ler no diaa dia. Por que será
que isso acontece?
Problemas de compreensão de texto começam a aparecer já
na infância, assim que começamos a “juntar as palavras”, e nunca mais
deixam de existir. De tempos em tempos nos deparamos com algo
difícil de compreender, seja no nosso dia a dia, como leitores de jornais
e revistas, seja no contexto acadêmico, como leitores de ciência. Mas
ninguém pode negar que a leitura é essencial para a nossa vida escolar,
nos mais diversos níveis.
Observe o que afirmam Lakatos e Marconi (2018, p. 1) à respeito da
importância da leitura para os estudos:
[A leitura] favorece a obtenção de informações já
existentes, poupando o trabalho da pesquisa de campo ou
experimental. Ela propicia a ampliação do conhecimento,
abre horizontes na mente, aumenta o vocabulário,
permitindo melhor entendimento do conteúdo das obras.
[...] Dois são os seus objetivos fundamentais: serve como
meio eficaz para aprofundamento dos estudos e para a
aquisição de cultura geral.
De fato, a leitura é uma atividade complexa. Na sequência,
você verá que muitas vezes, não é na primeira leitura que chegamos
a uma compreensão total. Existem alguns estágios para chegar a uma
compreensão completa de um texto escrito, de modo que se possa
refletir sobre ele.
Introdução à Ead 17
Estágios da leitura
Os estágios da leitura dizem respeito ao nível de compreensão
que uma pessoa tem ao ler um texto, desde o seu primeiro contato com
ele até a fase em que é capaz de realizar uma leitura crítica a respeito
do que foi abordado.
Figura 2 – Os estágios da leitur a dizem respeito ao nível de compreensão que uma pessoa
tem ao ler um texto
Fonte: Freepik
VOCÊ SABIA?
A informatividade de um texto é medida pelo grau de
intimidade que o leitor tem com determinado assunto.
Quanto mais uma pessoa sabe sobre um tema, menos
informativo, para ela, vai ser um texto sobre esse tema, e
vice-versa. Por exemplo: se você é fã de super-heróis, um
texto que explica as características dos super-heróis vai ser
menos informativo para você do que para uma pessoa que
nunca se interessou por eles. Logo, não podemos dizer
que um texto é bastante informativo ou não, pois isso vai
depender mais do que o leitor sabe sobre o assunto do que
do conteúdo do texto.
18 Introdução à Ead
Vamos conhecer, a partir de agora, os quatro estágios:
Reconhecimento ou pré-leitura; Leitura seletiva; Leitura interpretativa;
Leitura crítica (ou reflexiva) e suas características.
Reconhecimento ou pré-leitura
Aa leitura superficial do texto serve para se ter uma ideia do
que ele trata – seu conteúdo e sua organização. No caso de textos de
jornal, por exemplo, trechos são destacados para fazer com que o leitor
observe quais são as principais partes. O título e subtítulo (se houver)
são extremamente importantes, pois chamam a atenção para o tema
principal que será abordado.
Nesse estágio, o leitor pode responder à pergunta: de que trata
o texto? Assim, ele tem uma visão global do assunto, porém, não se
aprofundará em subtemas ou informações mais específicas.
É muito comum hoje, nas redes sociais, nos depararmos com
títulos de textos. E muitas vezes, ficamos só no título: não lemos o texto,
nem sequer clicamos no link para acessar mais informações sobre o
assunto. Está aí uma boa maneira de confirmar de que modo fazemos
essa leitura de reconhecimento.
Faça o teste. Quando estiver em uma rede social e se deparar
com uma notícia, pare para refletir: o título me chamou a atenção? Eu
estou interessado em saber mais sobre isso?
Leitura seletiva
Neste segundo estágio de leitura, a pessoa realiza uma leitura
mais atenta do texto, inspecionando-o. Ela presta atenção nas sentenças,
compreende o contexto envolvido na sua produção.
Aqui, o leitor ainda não faz uma leitura minuciosa, mas inicia esse
processo, separando aquilo que é essencial e deixando de lado o que é
desnecessário.
Vamos continuar com o exemplo de uma notícia que você
encontrou ao navegar em sua rede social. Você se interessou pelo
assunto e quer saber mais: se tiver acesso ao texto completo da notícia,
Introdução à Ead 19
de que forma você vai lê-lo? Vai passar o olho para “pescar” algumas
informações relevantes ou vai ler atentamente? É bem provável que
você dê uma “sondada”, uma passada de olho nesse momento. E isso
vai fazer com que se interesse ou não por uma leitura mais minuciosa.
Leitura interpretativa
Na leitura interpretativa, o leitor consegue identificar as
informações que estão sendo colocadas no texto, bem como o que o
autor dele quer dizer. O leitor analisa as partes do texto – introdução,
desenvolvimento, conclusão – estabelecendo uma correlação entre
elas.
Aqui, a leitura é minuciosa e não se perde nada. Se há alguma
palavra que o leitor não conhece, ele vai procurar o seu significado e, se
algo passou despercebido durante a leitura, o leitor vai voltar atrás para
entender melhor.
Figura 3 – O terceiro estágio da leitura compreende a fase interpretativa
Fonte: Freepik
20 Introdução à Ead
Neste estágio, o leitor é capaz de entender a intenção do autor ao
escrever aquele texto, e de relacionar o seu posicionamento com outros
textos que já leu. É importante dizer que, neste caso, o aproveitamento
do texto dependerá da bagagem que o leitor já tem acerca do assunto. Se
houver alguma referência ou uma informação implícita (um pressuposto),
o leitor experiente será capaz de localizá-la.
Continuando com o exemplo do texto encontrado na rede social,
o leitor após se interessar sobre o tema e fazer uma leitura seletiva,
mergulha de fato, em todas as suas partes, percebendo alguns fatores,
por exemplo: como foi construído, por que, em que contexto. Assim,
o leitor é capaz de falar sobre o assunto, explicando a outras pessoas
aquilo que leu.
Leitura crítica ou reflexiva
Neste estágio podemos dizer que há uma compreensão maior
do texto por parte do leitor, pois ele reflete de maneira crítica sobre o
conteúdo. Ele compara, julga as informações apresentadas de modo a
tomar uma posição. Nesta fase, portanto, o leitor vai além da mensagem
do texto, fazendo juízo de valor a respeito daquilo que leu.
Neste nível, que é o último, o leitor já é capaz de responder
criticamente ao texto que leu, pois compreende todas as suas nuances
– o tema tratado, as partes do texto, de que modo foi construído, a
intenção do autor, o contexto em que foi escrito, como se relaciona
com o mundo e com outras produções sobre o mesmo tema etc. – e,
além disso, consegue julgar o texto, estabelecendo a ele um valor a
partir do que já leu sobre o assunto: é um texto mais completo? Cai em
contradição? É coerente e apresenta concisão? A opinião do autor é bem
fundamentada? Está de acordo com a minha? Vai de encontro com a de
outros autores?
No exemplo que utilizamos, finalizado este estágio de leitura – e
somente após isso –, o leitor poderia escrever sobre o assunto, fazendo
uma crítica (positiva ou negativa) a respeito do texto, pois tem total
intimidade e compreensão daquilo que leu que é capaz de opinar sobre.
Introdu誽o ?Ead 21
Quadro 1 - Estágios da leitura
Fonte: Adaptado de Lakatos e Marconi (2019)
REFLITA:
A partir de sua experiência com o uso de redes sociais e
observando o comportamento dos outros, você acredita
que as pessoas realizam uma leitura crítica dos textos antes
de compartilhá-los ou de comentar sobre eles?
Retomando os quatro níveis de leitura, podemos estabelecer um
quadro que sintetiza o que acontece em cada um deles:
Estágio Definição Questão
Reconhecimento
ou pré-leitura
Leitura superficial Qual é o tema?
Seletiva Inspeção
Quais são
as principais
informações que o
texto traz?
Interpretativa Leitura minuciosa
Qual é o
posicionamento do
autor sobre o tema?
Crítica ou reflexiva
Julgamento do
conteúdo
Concordo ou discordo
do posicionamento do
autor e por quê?
É fundamental que você aluno, que está em formação profissional
e que está realizando está formação em um curso na modalidade a
distância, atente-se para as informações que foram apresentadas até
aqui. Faça da leitura a sua aliada no processo da aprendizagem.
22 Introdução à EadRESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir o que vimos. Você deve ter aprendido que as
definições de leitura e teve a oportunidade de conhecer os
seus quatro estágios ou níveis: o reconhecimento, a leitura
seletiva, a interpretativa e a crítica. É muito importante que
você aluno, faça com que a leitura se torne um hábito,
pois dessa forma, conseguirá passar por esses estágios de
modo a compreender e julgar um texto.
Introdu誽o ?Ead 23
Os estágios da leitura nos estudos
OBJETIVO
Ao término deste capítulo você será capaz de identificar
e utilizar esses estágios de leitura em seus momentos de
estudo. Isto será fundamental para você em processo de
formação profissional. E então? Motivado para desenvolver
esta competência? Então vamos lá. Avante!
Decodificação e diferenciação
Como vimos no capítulo anterior, uma primeira definição de leitura
seria a de extrair significado do texto. Seria como decodificar os símbolos
que ali estão colocados. Porém, já vimos que essa não é a melhor
maneira de conceituar o ato de ler. Estamos entendendo aqui, a leitura
como uma atividade além da decodificação: ela depende do sujeito
leitor e da sua experiência, constituindo-se um processo interacional. Ao
ler, estamos estabelecendo uma relação com o texto, relação esta que
será diferente para cada leitor, pois depende da bagagem que ele tem,
do que ele espera do texto, de como ele o recebe.
Vamos imaginar que você está assistindo a um filme pela primeira
vez, e a primeira leitura que faz dele é mais superficial, você pode não
entender algumas partes, outras podem até passar despercebidas;
você está focado no enredo, numa primeira camada da história, que é
a mais explícita e que a maioria dos espectadores vai compreender. Na
segunda vez que você assiste a esse filme, como já conhece o enredo,
presta atenção em aspectos menos evidentes e, descobre alguns
efeitos de sentido, detalhes que passaram despercebidos da primeira
vez. Além disso, os espectadores de uma época podem assistir a esse
filme de maneira diferente daquela que pessoas de décadas anteriores
o assistiram.
E o que podemos comprovar com isso? Que o sentido ou a
compreensão de uma obra (seja ela um filme, um texto) não está na
24 Introdução à Ead
forma como ela foi elaborada, e sim na relação estabelecida entre ela e
o seu leitor. E quando mais experiente for o leitor, melhor será a interação
entre ele e o objeto que está lendo. Afinal, as nossas leituras constituem
nosso repertório.
Sendo assim, que tal nos aprofundar nos estágios da leitura,
utilizando-os em nossos momentos de estudo? Parece complicado, mas
a prática fará com que a leitura se torne algo cada vez mais confortável.
Os estágios da leitura nos estudos
Para ilustrar como isso acontece em um ambiente escolar
ou acadêmico, vamos tomar como exemplo um aluno que esteja
pesquisando sobre o tema “novas tecnologias na educação a distância”,
passando pelos quatro estágios de leitura. Vamos lá!
Reconhecimento ou pré-leitura
Como vimos, há um estágio anterior ao que consideramos, de
fato, uma leitura. É aquele momento em que nos deparamos com uma
manchete de jornal, a capa de um livro, mas ainda não sabemos mais
detalhes sobre o texto dentro dele. Chama-se pré-leitura ou leitura de
reconhecimento.
Utilizamos esse nível de leitura quando procuramos referências
sobre um tema que estamos estudando: fazemos uma seleção de
documentos relevantes a respeito de determinado assunto a partir de
uma leitura pré-seletiva, observando a capa de um livro, seu sumário,
o título de um artigo, o t exto de introdução ou conclusão, por exemplo.
No caso do aluno, seria o ponto de partida, isto é, a procura
por materiais que tratem do tema “novas tecnologias na educação
a distância”. Uma rápida busca na internet vai gerar alguns primeiros
resultados. É importante que você saiba que na unidade seguinte
veremos as técnicas a serem utilizadas no momento da busca na internet
através dos buscadores. Então, recomendamos que você associe os
conhecimentos adquiridos nas duas unidades para que tenha proveito
em seus estudos.
Introdu誽o ?Ead 25
Voltamos ao que estávamos comentando anteriormente, que
era a busca por materiais na internet. Vejamos o que o resultado nos
apresentou.
Quadro 2 - Exemplos de resultados.
1. EAD e as Novas Tecnologias
O atual sucesso da modalidade de Ensino a Distância (EAD) só
se faz possível devido à constante evolução das Tecnologias de
Informação e de Comunicação.
2. Conheça as tecnologias usadas no ensino a distância -
EAD
São milhares de novos cursos superiores autorizados pelo MEC
todo ano e essa modalidade de ensino tem tornado possível o
sonho do diploma para muitas...
3. 9 tecnologias para EAD essenciais nos cursos à
distância
As novas tecnologias agora incluem fóruns de discussão, e-mail,
gravações de áudio e vídeo, biblioteca virtual, etc.
www.epdonline.com.br › noticias › EaD-a-tecnologia-a-favor-daeduc...
4. EAD: A tecnologia a favor da educação | EPD Online
O ensino a distância (EAD) é uma modalidade que usa a tecnologia...
e realizar um curso que possibilite a conquista de novos caminhos.
5. As novas tecnologias a serviço da educação à distância
Nos anos 1996, a nova LDB, Lei nº. 9.394/96 contemplou novos
avanços a EaD, estabelecendo a regulamentação da modalidade
de Educação a Distância ...
6. Educação a distância e as novas tecnologias
Consulta a “material já elaborado, constituído principalmente de
[...] artigos... Seguindo esse raciocínio, a EaD é fruto de tecnologias
que possibilitaram o seu.
26 Introdução à Ead
7. Seminário discute uso da tecnologia na EAD - MEC
A tecnologia tem sido uma importante ferramenta para a melhoria
da... Em educação a distância e em novas tecnologias de
aprendizagem
Fonte: as autoras
Com essa lista de resultados, o aluno fará uma pré-leitura para
descartar os textos que não são relevantes para o seu trabalho. Por
exemplo: textos sem autoria ou de sites não acadêmicos. Ele vai preferir
livros e artigos científicos sobre o tema, pois estes podem servir como
referenciais teóricos.
Vamos imaginar que o aluno tenha escolhido o artigo que
aparece no sexto resultado dessa lista: “Educação a distância e as novas
tecnologias”.
O fato de se tratar de um artigo já é um ponto positivo para que
o texto faça parte da sua lista de referências utilizadas no trabalho, pois
contém um autor e foi publicado em alguma revista científica, o que,
por si só, lhe confere credibilidade. Além disso, o título confirma que vai
abordar o assunto que é tema da pesquisa do aluno.
Neste estágio, o aluno pode ler o título, o resumo do artigo, a
introdução, mas não mais que isso – do contrário, já estaria na fase
posterior de leitura. Observe que, ao ler o resumo, o aluno é capaz de
saber que se trata de material relevante para a sua pesquisa:
RESUMO
As inovações tecnológicas transformaram nossa relação
num ambiente constante de troca de informações, que
caracteriza a sociedade moderna e os indivíduos das
gerações “Z” e Millennials, surgidos no contexto da internet
e das redes sociais. A irreversibilidade desta realidade se
confirma no surgimento dos softwares de Ambiente Virtual
de Aprendizagem (AVA) e na evolução tecnológica por qual
passa a Educação a Distância (EaD). A metodologia deste
estudo é uma pesquisa de caráter qualitativo e cunho
bibliográfico, no objetivo de analisar a evolução tecnológica
Introdu誽o ?Ead 27
dessa ferramenta, suas aplicações e características –
positivas e negativas – apontando desafios e tendências.
Os resultados indicaram que a evolução tecnológica e
modernização da EaD se deu graças ao desenvolvimento
das TICs, identificando-se duas fortes tendências para o
futuro: o mobile learning e a gamification. No Brasil, o atraso
tecnológico – falta de acesso à internet (inclusão digital)
e social – qualificação de profissionais; são consequência
da falta de Políticas Públicas que contemplem a Educação
e desafios da EaD no país. Portanto, novaslinhas de
pesquisa relacionadas a esta discussão teórica podem
ser feitas e espera-se que este trabalho tenha contribuído
para instigar a pesquisa acadêmica na Educação, visando
uma sociedade com melhores expectativas para o futuro.
(MENDES; ZAFINO, EZEQUIEL, 2018, p. 1)
Conseguiu compreender a importância de se analisar bem os
resultados de uma pesquisa realizada na internet como também de
verificar a autenticidade, credibilidade e confiabilidade dos resultados?
Veja o quanto é importante você saber desse assunto para que a partir de
então tenha proveito nas elaborações dos seus trabalhos acadêmicos.
TESTANDO:
Recomendamos a você agora que realize uma busca na
internet seguindo os passos que apresentamos e em
seguida análise o seu material. É importante você se auto
avaliar sobre o seguinte: será que até agora eu estava
realizando as buscas da maneira correta? O que posso fazer
para melhorar as minhas buscas e obter bons resultados?
Leitura seletiva
Chega o momento de realizar uma leitura de sondagem,
identificando os subtemas tratados, “passando o olho” para verificar se
este texto corresponde às expectativas do leitor quanto ao conteúdo
abordado.
28 Introdução à Ead
Em trabalhos acadêmicos, os subtítulos são muito importantes.
Se estiverem nítidos no artigo, é possível perceber a hierarquia dos
assuntos tratados e ter uma ideia de como foi construído o texto.
No caso deste artigo em análise, alguns subtemas se destacam
e já é possível confirmar que o texto será útil para a pesquisa. Uma
olhada rápida sobre o texto garante que o tema das tecnologias aparece
constantemente, com definições, exemplos etc. Aqui nessa fase
devemos garimpar o que temos em mãos.
Uma vez verificada a relevância do trabalho, chega-se à decisão
de ler o texto de maneira mais minuciosa. É quando se passa para o
outro estágio. Vamos lá!
Leitura interpretativa
Neste estágio, o pesquisador observa e relaciona o que está
escrito no texto com aquilo que busca solucionar. Também compara o
posicionamento do autor de acordo com teorias de outros pesquisadores,
localizando-o em determinada escola de pensamento.
Trata-se de uma leitura mais atenta, em que se pode destacar
os trechos que servirão para corroborar a opinião do estudante em seu
trabalho. Por exemplo: se o aluno está pensando em trazer o uso dos
aplicativos de smartphones como uma nova tecnologia que auxiliará o
EAD, neste artigo que está lendo, poder á utilizar os seguintes trechos:
O desenvolvimento recente de tecnologias móveis,
como smartphones e tablets, vem permitindo o uso de
informações fornecidas e compartilhadas por aplicativos
(OLIVEIRA FILHO, 2012) e se tornando cada vez mais popular
como nova forma de acesso à informação e ao ensino/
aprendizado, pois são dinâmicos e contam com a vantagem
da mobilidade – tecnologia acessível em qualquer local
(QUEIROZ et al, 2014) e que demanda menor investimento
em infraestrutura. Para acessar um AVA é necessário o uso
de um computador, enquanto que no conceito do Mobile
Learning (Aprendizado Móvel), qualquer dispositivo com
acesso a rede sem fio (wireless) é uma ferramenta de
estudo. (MENDES; ZAQUINO; EZEQUIEL, 2018, p. 8)
Introdu誽o ?Ead 29
O uso de aplicativos na Educação a Distância pode
promover o ensino e auxiliar o aluno na construção e
socialização do saber (QUEIROZ et al, 2014), sendo que
as redes sociais têm ganhado destaque como a primeira
ou mais recorrente forma de interação da maior parte
das pessoas (OLIVEIRA FILHO, 2012). Chats e fóruns e/ou
redes com estrutura semelhante ao LinkedIn, pautadas
na interatividade (BISSOLOTTI; NOGUEIRA; PEREIRA,
2014) trazem como conceito o Flipped Classroom. A ideia
surgiu nas escolas do ensino médio americano, com
Jonathan Bergman e Aaron Sams, para atender alunos
que precisavam se ausentar e quando regressavam,
discutiam dúvidas e davam contribuições em momentos
de reflexão. A iniciativa se estendeu a todos os alunos,
sendo conhecida como blendedlearning: inversão lógica
das aulas – os alunos decidem o conteúdo teórico das
disciplinas, apresentam conceitos, autores e diferentes
proposições a respeito do tema de estudo (SCHNEIDER et
al, 2013) com apoio do professor que funciona como um
facilitador para o processo de aprendizagem. (MENDES;
ZAQUINO; EZEQUIEL, 2018, p. 9)
Com a leitura interpretativa, o aluno já está munido das
informações que precisava para continuar o seu trabalho. Na próxima
etapa, fará uma leitura que lhe permitirá criticar as ideias apresentadas
pelo autor no que se refere ao tema estudado.
Leitura crítica
Por fim, o aluno chega à etapa mais complexa dos estágios
da leitura, em que é capaz de refletir sobre o texto fazendo juízo de
valor. Neste momento, o leitor procura trechos com que concorde e
que discorde, se for o caso. Em seu trabalho, poderá utilizá-los para
enriquecer sua linha de raciocínio.
Vejamos um exemplo. Suponha que o aluno seja contra o uso de
jogos na EAD, pelo motivo de que, pela sua experiência pesquisando
esses recursos, acredita serem os jogos educativos, ferramentas não
30 Introdução à Ead
atrativas como os jogos comuns. Ao encontrar o seguinte trecho no
artigo, poderá fazer uso dele para discordar:
A massificação de conteúdo tem sido uma das preocupações
ao se introduzir elementos computacionais e da web
no ensino/aprendizado. Seu efeito potencializador na
construção __________do conhecimento, interpretação e compreensão
de contextos e na formação do senso crítico e reflexivo,
têm levado a trabalhar EaD numa lógica de jogos e Alves
(apud OLIVEIRA FILHO, 2012) esclarece que o papel e a
responsabilidade da escola é atentar para as necessidades
e demandas modernas. Os jogos enquanto ferramentas
de aprendizagem são lúdicos, excitantes e transformam
o esforço em algo que traz satisfação (OLIVEIRA FILHO,
2012). Neste contexto a gamificação (gamification) tem
sido incorporada a dinâmica e as formas de EaD, com
elementos, mecanismos e técnicas (NAVARRO, 2013) para
reduzir a baixa autoestima, o desestímulo nos espaços
de interação grupal (QUEIROZ et al, 2014) e trabalhar a
motivação síncrona para maior sinergia (FARIAS, 2013). Por
tornar as atividades menos cansativas, engajar as pessoas
para resolver problemas e encorajar a aprendizagem
(KAPP, 2012), estimular a traçar e conquistar metas, e obter
feedback de seu resultado (NAVARRO, 2013), tem sido
benéfico na Educação a ação de aprender com o jogo para
desenvolver várias dimensões humanas (OLIVEIRA FILHO,
2012).
Percebeu como esse último estágio da leitura é bem mais
complexo? O leitor, além de decodificar, selecionar, interpretar, agora é
capaz de avaliá-lo, de se posicionar contra, caso seja pertinente ao seu
trabalho. Neste momento o leitor já é capaz de transformar em autor,
pois além de ler, está produzindo conteúdo a partir disso.
Entendidos os estágios ou níveis de leitura?
Sugiro que você, ao ler os próximos textos, faça o teste. Escolha
um texto para fazer uma leitura passando pelos seus quatro níveis e
depois comente com seus colegas sobre a sua experiência.
Introdu誽o ?Ead 31
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Neste capítulo você aprendeu como utilizar os
quatro níveis de leitura no processo de aprendizagem.
Usamos um artigo como exemplo para que os estágios
ficassem ainda mais claros.
32 Introdução à Ead
Análise de textos
OBJETIVO
Ao término deste capítulo você será capaz de analisar textos
que aparecerão nos seus estudos, de modo que tenha um
bom desempenho durante a sua trajetória acadêmica. E
então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então vamos lá. Avante!
Análise
O ato de ler é uma atividade muito maior do que apenas
decodificar os símbolos e juntar palavras. Se formos analisar a origem
da palavra texto, veremos que vem do latim textum, cujo significado é
“tecido”. Nesse sentido, o texto como conhecemos hoje nada mais é do
que a costura de enunciados linguísticos. Não se trata apenas de um
amontoado de palavras e frases soltas, sem conexão entre elas, assim
como um amontoado de fios não faz um tecido: é preciso que eles sejam
costurados.Assim, também é complexa a atividade de ler, pois exige o
reconhecimento de todos esses mecanismos textuais.
Nos capítulos anteriores, estudamos a compreensão do texto a
partir de uma abordagem centrada em seus estágios. Neste capítulo,
vamos conhecer outra perspectiva do ato de ler: a análise de textos.
Essa abordagem é muito comum em manuais de metodologia científica
e focam nos textos que os alunos vão encontrar na sua vida escolar e
acadêmica, observando, além do conteúdo, a estrutura textual. Tem
como objetivo preparar o aluno para a leitura crítica dos textos, de modo
que consiga produzir conteúdo a partir disso.
Conforme explicam Lakatos e Marconi (2019, p. 14),
Analisar significa estudar, decompor, dissecar, dividir, interpretar. A
análise de texto refere-se ao processo de conhecimento de determinada
realidade e implica o exame dos elementos; portanto, implica decompor
um todo em suas partes, a fim de: (a) poder efetuar um estudo mais
completo, encontrando o elemento-chave do autor; (b) determinar as
relações que prevalecem nas partes constitutivas, compreendendo a
Introdu誽o ?Ead 33
maneira pela qual estão organizadas; (c) estruturar as ideias de maneira
hierárquica.
Ela pode, segundo as mesmas autoras (2019), ser dividida em três
partes:
• Análise dos elementos – levantamento dos elementos básicos
do texto com o objetivo de compreendê-lo.
• Análise das relações – identificação das principais relações e
conexões entre os elementos que constituem o texto.
• Análise da estrutura – verificação das partes que compõem o
todo para entender as relações existentes entre elas.
Podemos classificar em três as espécies de análise de texto:
textual, temática, interpretativa. Observe a seguir as características de
cada uma!
Análise textual
A análise textual tem por finalidade aproximar-se do texto. É uma
primeira leitura, de modo a identificar de que ele trata. É o momento de
ler o texto do início ao fim, sem a preocupação de interpretá-lo. Pode-se
sublinhar as palavras desconhecidas para voltar nelas depois. Agora é
hora de identificar o tema principal.
Análise temática
Na etapa seguinte, a da análise temática, o leitor compreende
melhor o texto, distinguindo as ideias principais e secundárias e a relação
entre elas. É o momento de esquematizar a linha de raciocínio do autor,
fazendo anotações no texto.
Devem ser observadas: a estrutura do texto, as suas partes
(introdução, desenvolvimento e conclusão), argumentação utilizada
pelo autor, entre outros aspectos importantes para um entendimento
total do que foi elaborado.
O leitor, neste momento, apreende o texto. Observe que ainda não
é o momento de discuti-lo, mas sim de compreendê-lo profundamente
para, a partir dai, ir para a próxima etapa.
34 Introdução à Ead
Figura 4 – A análise temática é o momento de esquematizar a linha de raciocínio do autor
Fonte: Freepik
Análise interpretativa e crítica
Na análise interpretativa, o leitor é capaz de associar o pensamento
do autor com o que já conhece sobre o assunto. Isso lhe permite fazer
uma crítica do texto, observando se é coerente, se os argumentos são
válidos e pertinentes, se há originalidade nas suas ideias.
É o momento de avaliar o texto, relacionando-o com outros sobre
o mesmo tema – caso o aluno já tenha lido bastante sobre o assunto,
será capaz, inclusive, de inserir o texto em determinada escola de
pensamento ou corrente filosófica, por exemplo. Também é preciso ler o
que está nas entrelinhas, identificando não só o que está explícito, mas
o que está subentendido.
Introdu誽o ?Ead 35
SAIBA MAIS:
Pesquise por textos que diferenciem e exemplifiquem
informações explícitas e implícitas (também chamadas de
pressupostos).
O leitor finalmente adota uma posição pessoal sobre aquilo que
leu, e se torna preparado para elaborar seu próprio texto crítico.
Lakatos e Marconi (2019, p. 14) propõem um esquema para
diferenciar os três tipos de análise:
Análise textual:
• Leitura rápida de todo texto para obter uma visão global,
assinalando palavras desconhecidas e dúvidas.
• Encontrar o significado das palavras e dirimir dúvidas.
• Formar um esquema, visando à estrutura redacional.
• Análise temática:
• Releitura para apreender o conteúdo.
• Nova leitura para separar ideias centrais das secundárias.
• Verificar a correlação entre elas, seu modo e forma.
• Procurar respostas para as questões: sobre o que versa este
texto? O que influi para lhe dar uma unidade global?
• Reconhecer o processo de raciocínio do autor.
• Redigir um esquema que revele o pensamento lógico do autor.
• Análise interpretativa e crítica:
• Correlacionar as ideias do autor com outras sobre o mesmo
tema.
• Realizar uma crítica fundamentada em argumentos válidos,
lógicos e convincentes.
• Fazer um resumo para discussão.
O que as autoras fizeram acima, ao esquematizar as espécies de
análise textual, é um exemplo do que pode ser feito na primeira etapa
da leitura.
Na realidade, as etapas para ler um texto se parecem muito e
você pode decidir qual vai seguir durante seus anos de estudo – quem
sabe testar essas e outras. Não há problema, pois todos esses processos
36 Introdução à Ead
de leitura têm o objetivo em comum de transformar o leitor em alguém
crítico sobre o assunto, de modo que também seja capaz de produzir
ciência.
SAIBA MAIS:
Leia este artigo sobre leitura, níveis de leitura, espécies de
análise de texto:
http://www.filologia.org.br/xv_cnlf/tomo_2/144.pdf.
Uma nota sobre a leitura na educação a
distância
O aluno da educação a distância estará em constante contato
com os mais diversos tipos de texto: o material didático, elaborado
em linguagem dialógica – e às vezes até mesmo redundante – para
que a compreensão seja garantida. Assim como com o enunciado das
atividades, que procuram explicar de maneira detalhada o que deve
ser feito, sem espaço para dúvidas; como as postagens no fórum de
discussão, escritas pelos colegas de curso, que podem trazer uma
linguagem menos formal; além das orientações de tutores e professores;
os avisos da coordenação de curso; o manual de utilização do ambiente
virtual de aprendizagem e o manual de formatação de trabalhos
acadêmicos, dentre outros.
Espera-se que o aluno consiga apreender o que é oferecido a
ele e também que seja capaz de pesquisar em outras fontes a fim de
aumentar seu conhecimento.
Então, aproveite a oportunidade para também fazer uma auto
avaliação de como está a sua leitura. Um checklist simples pode te
ajudar. Ao final de cada unidade, responda:
Introdu誽o ?Ead 37
Quadro 3 – Checklist de aproveitamento da unidade.
Fonte: as autoras.
Checklist – Aproveitamento da unidade
Consegui realizar a leitura dos textos base de forma eficiente?
Acessei o material complementar indicado na unidade (Saiba
Mais, Acesse...)?
Procurei me aprofundar nos conteúdos buscando outros
materiais que não estavam indicados (outros textos, vídeos,
podcasts)?
Realizei os exercícios com atenção e comprometimento?
Fiz anotações ou um resumo do conteúdo da unidade?
Todas essas ações vão ajudar na retenção do conteúdo, tema do
próximo capítulo.
SAIBA MAIS:
Leia e realize os exercícios desta aula sobre leitura:
https://bit.ly/2y8C08A
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Neste capítulo
você aprendeu a analisar um texto sob outra perspectiva,
diferente da abordada nos capítulos anteriores. Conferiu o
que é uma análise textual e conheceu três espécies dela:
textual, temática e interpretativa.
38 Introdução à Ead
Elaboração de sínteses
OBJETIVO
Ao término deste capítulo você será capaz de elaborar uma
síntese de modo a auxiliar na retenção dos conteúdos. E
então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então vamos lá. Avante!
Retenção e capacidade de síntese
Até aqui trabalhamos aspectos relacionados à leitura: seus
estágios e como proceder em cada etapa. Porém, um questionamento
pode ser feito: passar por esses estágios garante a retenção do conteúdo?
A retenção do conteúdo diz respeito ao armazenamento daquilo
que foi lido, com o objetivo de aplicar esse conhecimento na realidade
que nos cerca. É precisodizer, também, que reter o conteúdo não é a
mesma coisa que decorar o conteúdo.
REFLITA:
Lembra-se de seus tempos de escola, quando tentava
decorar o conteúdo e, na hora da prova, dava aquele
branco? Ou ainda, quando você conseguia decorar o
conteúdo para a prova, mas depois dela esquecia tudo?
Você lembra algumas fórmulas matemáticas que utilizava
na escola, mas que hoje não sabem nem para que servem?
E as músicas que os professores ensinavam para decorar
alguns nomes da biologia, como as funções das partes da
célula?
Introdu誽o ?Ead 39
Para alcançar a retenção existem técnicas, tais como: recitar o
texto; copiar partes dele; utilizar sinais gráficos como setas, marcação
de cores, grifos para destacar as partes mais importantes; associação
de ideias; leitura dinâmica; entre outros. Uma busca na internet resultará
em vários textos sobre essas técnicas. Mas, cuidado! Nem tudo é
comprovado cientificamente.
Escolhemos uma dentre essas técnicas, a qual é considerada
efetiva para a retenção de conteúdos e muito utilizada no contexto
científico: a elaboração de síntese ou resumo.
Resumir significa: abreviar, sintetizar, condensar, reduzir, restringir.
Certamente você já leu um resumo de filme ou de livro, isso faz parte do
nosso dia a dia.
No contexto acadêmico, procuramos resumos de artigos ou livros
que possam nos auxiliar em nossos estudos. O resumo acadêmico é,
inclusive, uma das partes obrigatórias das produções científicas. É por
meio deles que os estudantes podem ter rápido acesso aos temas para
verificar se o artigo é relevante para seu trabalho.
O objetivo do resumo é fazer uma redução do texto original,
mantendo as ideias principais do texto e descartando o que é secundário.
Segundo Platão e Fiorin (2007, p. 420),
o resumo é uma condensação fiel das ideias ou dos fatos
contidos no texto. Resumir um texto significa reduzilo
ao seu esqueleto essencial sem perder de vista três
elementos: cada uma das partes essenciais do texto; a
progressão em que elas se sucedem; a correlação que o
texto estabelece em cada uma dessas part es.
Na opinião dos autores, “quem resume deve exprimir, em estilo
objetivo, os elementos essenciais do texto. Por isso não cabem, em um
resumo, comentários ou julgamentos ao que está sendo condensado”
(PLATÃO; FIORIN, 2007, p. 420).
40 Introdução à Ead
Figura 5 – O resumo é a condensação fiel das ideias do texto
Fonte: Freepik
Mas resumir não significa recortar partes do texto original e
reproduzi-las ipsis litteris no seu novo texto. Platão e Fiorin (2007, p.
420) lembram que “a colagem de fragmentos do texto original não é
um resumo. Resumir é apresentar com as próprias palavras os pontos
relevantes de um texto”.
Sendo assim, o resumo será um novo texto, escrito com as
palavras do autor, que é você.
Etapas de elaboração de um resumo
Segundo Cereja e Cochar (2009, p. 55), “para produzir um resumo,
é necessário trabalhar com um processo mental chamado sumarização.
Esse processo consiste em eliminar informações secundárias, que
são aquelas que explicam, exemplificam ou reforçam informações já
dadas”. Os autores lembram ainda que “é necessário utilizar conectivos
ou elementos de coesão” para “amarrar” o texto. É importante lembrar
também que o texto do resumo deverá fazer sentido para quem não leu
o texto original.
Introdu誽o ?Ead 41
Fonte: Freepik
Figura 6 – O texto do resumo deve ser redigido com as próprias palavras de quem o
escreve.
O grau de dificuldade para resumir um texto, segundo Platão &
Fiorin (2007), vai depender da complexidade do texto a ser resumido
(dependendo do quão elaborado ele é) e da competência do leitor
(do entendimento que ele teve do texto). Observe a seguir as etapas
indicadas pelos autores para elaborar um bom resumo:
1. Ler o texto ininterruptamente, do começo ao fim. Já
vimos que um texto não é um aglomerado de frases: sem
ter noção do conjunto, é mais difícil entender o significado
preciso de cada uma das partes. Essa primeira leitura deve
ser feita com a preocupação de responder genericamente
à seguinte pergunta: do que trata o texto?
2. Uma segunda leitura é sempre necessária. Mas esta,
com interrupções, com o lápis na mão, para compreender
melhor o significado de palavras difíceis (se preciso,
recorra ao dicionário) e para captar o sentido de frases
mais complexas (longas, com inversões, com elementos
ocultos). Nessa leitura, deve-se ter a preocupação
42 Introdução à Ead
sobretudo de compreender bem o sentido das palavras
relacionais, responsáveis pelo estabelecimento das
conexões (assim, isto, isso, aquilo, aqui, lá, daí, seu, sua,
ele, ela etc.).
3. Num terceiro momento, tentar fazer uma segmentação
do texto em blocos de ideias que tenham alguma
unidade de significação. Ao resumir um texto pequeno,
pode-se adotar como primeiro critério de segmentação
a divisão em parágrafos. Pode ser que se encontre uma
segmentação mais ajustada que a dos parágrafos, mas
como início de trabalho, o parágrafo pode ser um bom
indicador. Quando se trata de um texto maior (o capítulo de
um livro, por exemplo), é conveniente adotar um critério de
segmentação mais funcional, o que vai depender de cada
texto (as oposições entre os personagens, as oposições de
espaço, de tempo). Em seguida, com palavras abstratas
e mais abrangentes, tenta-se resumir a ideia ou as ideias
centrais de cada fragmento.
4. Dar a redação final com suas palavras, procurando não só
condensar os segmentos, mas encadeá-lo na progressão
em que se sucedem no texto e estabelecer as relações
entre eles. (PLATÃO & FIORIN, 2007, p. 421)
No contexto acadêmico, procuramos resumos de artigos ou
livros que possam auxiliar em nossos estudos. O resumo acadêmico é,
inclusive, uma das partes obrigatórias das produções científicas. É por
meio deles que os estudantes podem ter rápido acesso aos temas para
verificar se o artigo é relevante para seu trabalho. O resumo acadêmico
vem sucedido por palavras-chave, que ajudam os estudantes na busca
por temas que lhes interessem.
Leia, como exemplo, o resumo do artigo “Leitura e EAD: diferentes
suportes, diferentes modos de ler”, de Quadros e Dias (2017, p. 1):
RESUMO
Os modos de ler vêm se transformando no decorrer
da história nas diferentes sociedades. Isso porque há
mudanças no contexto, nas necessidades do ser humano,
Introdu誽o ?Ead 43
nos objetivos da leitura, nos suportes, na sociedade. O fato é
que, ainda que haja profundas transformações nos suportes
de leitura e nos modos de ler, o ser humano sempre leu
algo e, para tanto, necessitou de determinadas habilidades
leitoras. Isso porque a leitura é uma necessidade. Frente
ao universo digital, encontra-se a realidade do estudante
do ensino a distância. E enquanto espaço de formação de
leitores inserido na sociedade, a EAD também apresenta
desafios nos modos de ler. O estudante dessa modalidade
precisa ler textos, ícones, hipertextos, hiperlinks e demais
itens que compõem o ambiente virtual de aprendizagem
disponíveis no computador, tablet, celular, e estes são os
suportes de leitura. Cabe destacar que os leitores dessa
modalidade de ensino, também necessitam de habilidades
leitoras para ser leitores eficientes. Frente a essa reflexão,
o presente artigo tem como objetivo tecer olhares sobre o
contexto atual da leitura e o modo de ler do estudante da
modalidade ensino a distância, visto que, este tem acesso a
um ambiente virtual de aprendizagem. O estudante da EaD
tem, enquanto leitor, o desafio de ler em um suporte digital,
que proporciona a navegação por hipertextos, hiperlinks e
hipermídias, bem como uma experiência de leitura que traz
o entrelace entre a palavra, a imagem e o som. Esse aluno,
para ter acesso pleno à leitura em suporte virtual, deverá
desenvolver certas habilidades leitoras, conforme afirmam
teóricos como Manguel, Santaella, Murray, Coscarelli e
Marcuschi. E é sobre o contexto da educação a distância, a
relação entre leitura e os estudantes de EaD e habilidades
leitoras que versará o presente artigo. Palavras-chave:
Leitura. Educação a distância. Habilidades leitoras.
Se o pesquisador estiver estudandoa importância da leitura para
os alunos de EAD, este artigo certamente será relevante para o seu
trabalho.__ Os principais conceitos da educação a
distância
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você estará por dentro do
significado de alguns termos relacionados à educação
a distância. É muito importante que você entenda esses
termos, pois vai se deparar com eles a todo o momento a
partir de agora. Vamos lá?
Breve histórico da Educação a Distância
no Brasil
Antes de falarmos sobre a história da Educação a Distância
(EaD) em nosso país, vamos tratar do conceito de educação e a sua
importância. Para você, o que significa educação? Você já se questionou
à respeito? Vamos refletir um pouco sobre isso. A educação se constitui
um direito fundamental dos seres humanos e há vários documentos que
atestam isso ao redor do mundo.
Voltando à definição de educação, Giusta (2003, p. 26) nos diz que
a educação é o “processo de formação humana, cujas finalidades podem
ser resumidas no preparo do aluno para o exercício da cidadania”. Há
outras definições sobre educação, mas o nosso objetivo, nesta unidade,
é apresentar a educação a distância. Então, é importante que você saiba
que, antes de tudo, a Educação a Distância é Educação.
Conforme lembram Sousan e Arafen (2010), a definição tradicional
que conhecemos de Educação a Distância apresenta pelo menos quatro
componentes: a educação (ensino e aprendizagem), a divergência
geográfica ou temporal, um meio de transmissão (tecnologia) e as
informações ou conteúdos de comunicação. Ou seja, a educação a
distância é uma modalidade de ensino mediada por tecnologias.
12 Introdução à Ead
VOCÊ SABIA
Saiba que essa é uma modalidade de ensino que não é
recente no país. Os fatos históricos indicam que o primeiro
marco da EaD no Brasil ocorreu no início do século XX e
que a principal tecnologia empregada era o papel, depois
veio a rádio e posteriormente a televisão (ALVES, 2009).
Você conhece ou já ouviu falar de alguém que tenha estudado
nessa época? Que tal perguntar aos seus parentes se eles tiverem
acesso a essa modalidade de ensino e realizar uma comparação com a
EaD executada atualmente?
A partir da década de 1970 até o final da década de 1980, houve
uma diminuição do ritmo de crescimento da EaD no Brasil.
Não podemos negar que o grande impulso para a expansão da
EaD foi a popularização de algumas tecnologias, tais como o rádio, o
VHS, o DVD, e o computador e a internet, mais recentemente.
A partir de 1990 e com o aumento das políticas de acesso e
inclusão ao ensino superior, houve um aumento bem significativo no que
se refere ao acesso a essa modalidade de ensino.
Você já teve a oportunidade de estudar a distância anteriormente?
Conhece alguém que já tenha tido essa oportunidade?
Se você nunca teve a oportunidade de estudar a distância, saiba
que, agora, faz parte dos milhões de alunos que se matriculam nessa
modalidade todo ano. No último Censo da ABED – Associação Brasileira
de Educação a Distância, constatou-se que somente em 2018, mais de
4 milhões de alunos se matricularam em cursos totalmente a distância e
semipresenciais (ABED, 2019).
Esse número tem aumentado a cada ano, pois essas pessoas
estão buscando aprimoramento profissional, ao mesmo tempo em que
precisam conciliar o tempo com o trabalho e os compromissos pessoais.
Nem todas as pessoas conseguem frequentar cursos presenciais, seja
pela carga horária exigida pela profissão que exercem, seja porque
não existem instituições de ensino nos locais onde vivem. Os cursos a
distância, portanto, tornam-se uma possibilidade de formação para os
mais variados perfis de alunos.
Introdução à Ead 13
Não só nos ambientes acadêmicos, mas também em empresas
a educação a distância representa uma nova forma de capacitação,
que permite otimizar o tempo e seguir com uma rotina de estudos que
melhor se adapte a cada realidade.
Vamos pensar na seguinte situação: pessoas que trabalham num
regime de trabalho 12 x 36, isto é, trabalham 12 horas seguidas e folgam
36 horas seguidas, assim sucessivamente. Para esses trabalhadores,
seria complicado manter uma rotina de ir até uma faculdade todos os
dias. Por outro lado, têm horas de descanso que poderiam ser utilizadas
para seu aprimoramento profissional. Pense também em uma mãe que
acabou de ter um filho e quer continuar estudando. Ela pode conciliar o
cuidado com o bebê e reservar algumas horas de estudo por dia para
ler, realizar atividades e interagir com outros alunos, tudo on-line. Agora
pense em alguém que mora numa cidade muito pequena, que não possui
instituição de ensino superior. Ela teria que mudar de cidade e deixar sua
família em busca de formação. Porém, se tiver um computador e acesso
à internet, pode fazer sua graduação em casa, dirigindo-se a um polo
presencial somente nas ocasiões em que deve realizar as provas. Isso
acontece com muitos alunos que vivem nas regiões norte e nordeste,
ou em locais afastados das capitais, desprovidos de faculdades. Outro
exemplo são as pessoas com dificuldade de locomoção, como idosos
ou cadeirantes. Para eles, torna-se mais confortável estudar em casa,
onde têm a infraestrutura necessária que muitas vezes não encontram
ao se deslocarem pela cidade.
Além dessas realidades apontadas anteriormente, a EaD também
tem sido utilizada em ambientes corporativos e públicos como forma de
qualificar os seus trabalhadores.
Porém, mesmo sendo uma modalidade de ensino com aspectos
bem positivos, é alvo de diversas críticas, tais como o isolamento dos
alunos e a falta do relacionamento interpessoal no processo de ensino
e aprendizagem, ou ainda a ideia de que é uma modalidade mais fácil
e que não requer comprometimento do aluno, já que ele realiza apenas
algumas atividades pelo computador.
Não se pode negar que a educação a distância é uma das
responsáveis pela democratização do ensino em nosso país, pois
14 Introdução à Ead
chegou aos locais onde a educação presencial ainda não tinha chegado
ou chegou mais tardiamente com a interiorização do ensino superior. O
crescimento exacerbado da oferta de cursos e do número de matrículas
no Brasil fez com que mesmo as instituições de ensino mais tradicionais
refizessem seu planejamento para incluir disciplinas a distância e cursos
de extensão em seus currículos, a fim de atender à demanda dos alunos.
Hoje é possível aprender uma língua estrangeira ou programação,
aprofundar-se em assuntos específicos dos mais variados temas,
preparar-se para processos seletivos e receber treinamento operacional
utilizando-se dessa modalidade de ensino. Percebemos que a EAD virou
uma realidade concreta e presente não apenas no ambiente acadêmico,
mas também no corporativo, empresarial e de qualificação profissional.
Um aspecto que merece destaque é que as mensalidades dos
cursos a distância tendem a ser inferiores às dos cursos presenciais, e
o aluno também evita os gastos com deslocamento e alimentação fora
de casa. Esse é outro ponto positivo que tem levado as pessoas a se
interessarem pela modalidade, além do tempo que se deixa de perder
no trânsito, por exemplo.
Mas quando essa ideia teve início no Brasil? Você já parou para
pensar sobre isso?
A modalidade de ensino a distância não é nova no nosso país.
O primeiro curso por correspondência no país, de Datilografia, data de
1904, ofertado em jornal. Esse tipo de curso contava com um material
impresso que era enviado ao aluno pelo correio.
SAIBA MAIS
Dependendo da geração da qual você faz parte, talvez
nem saiba o que é datilografar. Pois bem, aqui temos mais
um exemplo de ponto positivo da EAD: você pode agora
mesmo, procurar textos ou vídeos na internet sobre a
profissão do datilógrafo, muito comum algumas décadas
atrás.
Introdução à Ead 15
Os cursos por correspondência tinham como objetivo capacitar o
aluno para uma profissão, diferentemente do cenário atual, em que há
cursos a distância nos mais diversos níveis, desde o ensino fundamental
até programas de pós-graduação.
Na década de 1920, era possível estudar escutando a rádio, que
ganhava cada vez mais espaço nas casas dosbrasileiros. Com a ajuda
de um material impresso, os alunos podiam estudar línguas estrangeiras
e aprimorar o português. Tal formato de ensino não durou muito tempo.
A partir das décadas de 1960 e 1970, era muito comum
acompanhar na televisão os telecursos, que traziam temas da educação
básica explicados por atores.
SAIBA MAIS
Várias dessas aulas foram exibidas até o ano de 2014 e
estão disponíveis na internet.
Acesse o link http://www.telecurso.org.br/ para conhecer
mais sobre o programa e para assistir às teleaulas.
Um grande marco com relação ao ensino a distância foi a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, pois trouxe regras
para essa modalidade de ensino. E m seu artigo 8 está postulado que:
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a
veiculação de programas de ensino a distância, em todos os
níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura
e regime especiais, será oferecida por instituições
especificamente credenciadas pela União.
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização
de exames e registro de diploma relativos a cursos de
educação a distância.
§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de
programas de educação a distância e a autorização para
sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de
ensino, podendo haver cooperação e integração entre os
diferentes sistemas. [...] (BRASIL, 1996).
16 Introdução à Ead
Na mesma década, com o acesso à internet, os conteúdos
começaram a ser ofertados on-line, porém, para uma parcela pequena
da população. Hoje, no Brasil, há mais alunos matriculados em cursos a
distância do que em presenciais.
SAIBA MAIS
Se você tiver interesse de saber mais da legislação sobre
Educação a Distância, consulte o portal do MEC, no link:
https://bit.ly/2xylRZJ
Lá você terá acesso às principais leis e portarias voltadas
para a EaD no Brasil.
Perceba que a educação a distância é uma realidade nos
ambientes escolares, acadêmicos e corporativos. Faz parte do dia a
dia de milhões de brasileiros e possibilita o acesso à educação de uma
forma mais dinâmica e compatível com as necessidades dos alunos. Nos
capítulos seguintes, você vai entender como funcionam as engrenagens
da educação a distância.
Modalidades
Agora iremos estudar sobre as modalidades de ensino. Ao
apresentarmos as modalidades de educação, tradicionalmente,
apontamos os traços definidores de cada uma delas. Ao longo de sua
trajetória educacional você já teve contato com alguma delas. Vamos
conhecê-las ou rememorá-las.
Existem três modalidades de ensino com as quais você pode
ter contato ao longo de sua vida: o ensino presencial, a 100% EaD e a
semipresencial.
O Ensino presencial
É o ensino com o qual estamos mais acostumados, pois
frequentamos a escola desde pequenos. Há espécies diferentes de
ensino presencial, algumas mais tradicionais, com fileiras de carteiras
Introdução à Ead 17
onde se sentam os alunos e o quadro negro na frente da sala, que o
professor utiliza para passar o conteúdo. Outras que trazem abordagens
mais contemporâneas, como uma estrutura com mesas redondas em
que os alunos sentam em equipes e não há presença do quadro negro e
do professor na frente da sala, mas atuando como mediador na pesquisa
desenvolvida pelos alunos.
Tanto um como o outro processo de ensino e aprendizagem
explicados anteriormente pressupõe o deslocamento do aluno até a
instituição de ensino e a socialização presencial com os demais colegas.
Figura 1 – No ensino presencial, o aluno vai até a instituição de ensino.
Fonte: Freepik
Vejamos a seguir os aspectos positivos e negativos com relação a
essa modalidade de ensino.
• Pontos positivos: mais interação entre alunos e professores,
possibilidade de sanar dúvidas na hora da aula.
• Pontos negativos: para os alunos mais tímidos, pode ser difícil
realizar essa interação ou mesmo fazer questionamentos ao professor;
18 Introdução à Ead
tempo de deslocamento e gastos com transporte e alimentação;
distração (nem sempre o aluno está focado ou disposto).
Porém, é importante que você saiba que, diante do avanço das
tecnologias da informação e da comunicação, o ensino presencial pode
ser mediado pela tecnologia. Mas, você saberia dizer o que significa
mediação e tecnologia? Esses são dois conceitos fundamentais na
área da educação a distância. Para que possa ocorrer a aprendizagem
nessas modalidade de ensino, terá que ocorrer a mediação, que se dará
por meio da tecnologia. Mas esses são assuntos os quais veremos um
pouco mais a frente. Vamos seguir no tópico seguinte falando sobre o
Ensino 100% EaD.
Ensino 100% EaD
Nesta modalidade, o processo de ensino e aprendizagem se dá
por meio de tecnologias, e o aluno não vai até a instituição de ensino,
mas apenas para realizar algumas atividades avaliativas. Os professores,
alunos e tutores estão separados no que se refere ao espaço e ao
tempo. Mas o que significa isso? Você conseguiu compreender?
Isso significa que os atores envolvidos nessa modalidade de ensino
não estão presentes fisicamente, como na modalidade anterior. Eles
estão separados espacialmente e temporalmente, o que é algo bem
característico dessa modalidade de ensino. Então, como superar esse
desafio e como se adaptar a essa nova realidade? Você já se questionou
sobre isso? Esses são pontos sobre os quais iremos conversar nos
tópicos seguintes desta unidade.
Introdução à Ead 19
Figura 2 - No ensino 100% EAD o processo de ensino e aprendizagem é mediado pelas
tecnologias.
Fonte: Freepik
Na modalidade 100% EAD, o aluno estuda e faz as atividades no
computador (também é possível estudar em tablets ou smartphones),
que pode estar em sua casa, trabalho ou em um polo de ensino.
Mas o que seria um polo ?
O polo é o local onde o aluno fará as avaliações, receberá
orientações dos tutores presencialmente, utilizará os laboratórios
de informática (laboratórios específicos a depender da disciplina) e
biblioteca. Ao ter a oportunidade, não deixe de ir ao polo para interagir
com os seus colegas e para usufruir de tudo o que a sua instituição lhe
fornece.
Muitos alunos da EAD se dirigem ao polo somente para realizar
as avaliações que têm maior peso quantitativo na disciplina, geralmente
elaboradas em formato de provas escritas. A instituição de ensino
oferece os materiais de estudo (textos escritos, e-books, videoaulas,
podcasts, biblioteca virtual) dentro de um ambiente virtual. É por meio
desse ambiente que o aluno também interage com os outros estudantes,
tutores e professores e realiza as atividades.
20 Introdução à Ead
• Pontos positivos: acesso à educação de qualquer lugar do país
em que haja uma rede disponível de internet (democratização do ensino),
inclusive para pessoas com dificuldade de locomoção, inclusão digital,
grande oferta de cursos de graduação e pós-graduação, possibilidade
de gerenciar o tempo de estudo e trilhar um caminho personalizado de
aprendizagem, gastos menores com mensalidade, otimização do tempo
e flexibilização de horários, de modo a conciliar os estudos com outros
compromissos pessoais e profissionais.
• Pontos negativos: menos interação presencial com professores
e alunos, isolamento nos períodos de estudo, dispersão por estar em um
ambiente on-line, necessidade de mais responsabilidade e disciplina
para com os estudos, impossibilidade de solucionar dúvidas com os
professores e alunos na hora, dependência constante de conexão com
internet. Como trata-se de um sistema de ensino novo, para muitas
pessoas, é necessário acostumar-se com ele.
Diante do que vimos anteriormente, é fundamental que o
aluno desta modalidade estabeleça sua rotina de estudos para que o
aprendizado seja proveitoso e que diante dos desafios que surgirem ele
procure alternativas e meios para superá-los.
Ensino Semipresencial
Também chamado de ensino híbrido, é uma proposta que
mistura atividades presenciais e a distância. Geralmente, a parte teórica
é disponibilizada em um ambiente virtual, assim como no ensino
100% a distância, mas as atividades práticas e vivênciassão realizadas
presencialmente, na maioria das vezes em grupos, com a presença de
todos os inscritos no curso. São comuns, neste formato, os cursos que
requerem alguma prática, tais como gastronomia, cursos que têm aulas
em laboratório, clínicas ou estágio obrigatório.
Introdução à Ead 21
Figura 3 – No ensino híbrido o aluno alt erna momentos de estudo no ambiente virtual com
atividades presenciais mediadas pelos professores.
Fonte: Freepik
Conforme aponta Tori (2009, p. 121),
Dois ambientes de aprendizagem que historicamente
se desenvolveram de maneira separada, a tradicional
sala de aula presencial e o moderno ambiente virtual
de aprendizagem, vêm se descobrindo mutuamente
complementares. O resultado desse encontro são cursos
híbridos que procuram aproveitar o que há de vantajoso
em cada modalidade, considerando contexto, custo,
adequação pedagógica, objetivos educacionais e perfis
dos alunos.
Até mesmo em algumas escolas já existe a tentativa de
implementar a sala de aula invertida, metodologia que prevê que os
alunos estudem em casa os conteúdos curriculares e compareçam à
escola para tirar dúvidas e realizar atividades em grupos.
22 Introdução à Ead
SAIBA MAIS
Assista ao vídeo sobre sala de aula invertida em:
https://bit.ly/2vT5cjj
A seguir iremos apresentar os pontos positivos e os negativos da
modalidade de ensino semipresencial. É importante que você leia-os
e perceba que serão necessárias que você cumpra alguns horários e
estabeleça uma nova rotina.
• Pontos positivos: acesso à infraestrutura da instituição ou
polo de ensino (laboratórios, bibliotecas), grande oferta de cursos de
graduação e pós-graduação, otimização do tempo, inclusão digital,
troca de experiência com professores e alunos de maneira presencial,
exploração de habilidades e competências como a oralidade e resolução
de conflitos por meio de debates, tempo personalizado para se dedicar
à leitura da parte teórica e assistir às videoaulas, quando houver.
• Pontos negativos: horários fixos para a realização das atividades
presenciais, gastos com deslocamento e alimentação, pessoas mais
introspectivas podem não se sentir à vontade para realizar os trabalhos
propostos presencialmente.
É muito comum, tanto no ensino 100% EAD como no semipresencial,
a disponibilidade de acesso a bibliotecas virtuais com grande acervo de
obras sobre os temas estudados. Muitas dessas bibliotecas só podem
ser acessadas pelos alunos matriculados nos cursos. A economia que
o aluno tem com relação à compra de livros, impressões e fotocópias
(muito comuns no ensino presencial) é bastante significativa, pois nessas
modalidades, o conteúdo deve estar disponível para o aluno de modo
que ele possa acessá-lo integralmente on-line.
A inclusão digital é outro ponto positivo nas modalidades
EAD e semipresencial. Ainda que nem todos os brasileiros possuam
computadores ou acesso à internet (segunda a pesquisa TIC Domicílios
realizada em 2018, 70% têm acesso à internet em computadores ou
celulares, e há um aumento significativo desse acesso por parte das
classes D e E), o ensino a distância torna-se a melhor possibilidade para
um número muito grande de pessoas no país. Dessa maneira, configurase
uma oportunidade de incluir digitalmente os cidadãos.
Introdução à Ead 23
TICs é a sigla para Tecnologias da Informação e Comunicação, isto
é, o conjunto de recursos integrados de tecnologia que são utilizados
para mediar a comunicação e a informação. As TICs facilitam o acesso
à educação por meio da disseminação de informações, permitindo a
comunicação nos mais diversos meios.
Segundo Formiga (2009, p. 39),
A EAD está intrinsecamente ligada às TICs por se constituir
setor altamente dinâmico e pródigo em inovação, que
transforma, moderniza e faz caducar termos técnicos
e expressões linguísticas em velocidade alucinante. A
sociedade da informação e do conhecimento reflete-se na
EAD pela apropriação célere dos conceitos e inovações,
que moldam a mídia e se r efletem na própria EAD.
SAIBA MAIS
Leia o artigo sobre as TICs na educação: SILVA, R. F. da.;
CORREA, E. S. Novas tecnologias e educação: a evolução
do processo de ensino e aprendizagem na sociedade
contemporânea. Disponível em: https://bit.ly/3azJKi8
Conforme lembra Dias (2011, p. 80-81),
O que há de revolucionário na internet não é ela permitir
a comunicação em rede. A comunicação em rede sempre
existiu desde que os homens começaram a se relacionar
em grupos e em comunidades. Por serem flexíveis e
adaptáveis, as redes têm grandes vantagens sobre as
estruturas hierarquizadas. E por isso se expandiram na
sociedade e na economia. Seus limites, no entanto,
eram definidos pela dificuldade de coordenar funções,
de concentrar recursos para determinados objetivos e
mesmo de realizar tarefas, dependendo do tamanho
da rede. As tecnologias de informação e comunicação,
sobre as quais se baseia a internet, deram novo impulso
ao desenvolvimento das redes, pois puseram por terra os
24 Introdução à Ead
seus limites naturais ao permitirem o gerenciamento de
tarefas e a administração da complexidade. (Cf. CASTELLS,
2003, p. 7-8)
A internet, portanto, consegue potencializar essa comunicação
em rede, fazendo com que atinja um nível global pelo fato de os
computadores estarem interconectados. Continua Dias (2011, p. 81):
[...] E, ao criar esse ambiente de comunicação interconectada,
permite que todo cidadão que tenha acesso a ele possa
trocar informações, pesquisar conteúdos dos mais
diferentes tipos e procedências, participar de redes sociais,
baixar e subir arquivos, participar de produções em rede,
remixar e recriar conteúdos armazenados na rede, enfim,
se relacionar, se divertir e produzir nesse novo ambiente.
A partir desses pressupostos, a inclusão digital torna-se, portanto,
uma forma de inclusão social. É importante lembrar, também, que muitos
alunos que não teriam acesso ao ensino superior estão conseguindo um
diploma de graduação. Talvez seja esse o principal ponto positivo da
educação a distância no Brasil, um país com grandes abismos sociais.
Ambientes virtuais de aprendizagem
Agora vamos estudar sobre os ambientes virtuais de aprendizagem,
os mais conhecidos como AVAs. Você já utilizou algum AVA? Qual foi a
sua experiência? Você se recorda?
Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) são softwares
que hospedam e auxiliam a produção e disponibilização dos materiais
didáticos na internet para que você, aluno(a) na modalidade EaD, tenha
acesso.
Dentre os mais conhecidos ambientes de aprendizagem estão
o Moodle, TelEDuc, E-Proinfo, BlackBoard. Caso você tenha utilizado
algum AVA poderá ter se deparado com algum desses mencionados
anteriormente. O layout e interface deles são diferentes, mas possuem
basicamente as mesmas funcionalidades.
Os AVAS são ferramentas que minimizam a sensação de
isolamento e que, se utilizadas de maneira correta, de forma sistemática,
Introdução à Ead 25
contribuem de maneira significativa para a aprendizagem e a interação
com os professores e demais colegas.
Ao se matricular num curso a distância – e, quando usamos o termo
“a distância”, estamos nos referindo, neste material, às modalidades 100%
EAD e semipresencial –, o aluno é direcionado a um ambiente virtual em
que encontrará todos os materiais e recursos necessários para realizar
os seus estudos.
O AVA também é utilizado como apoio ao ensino presencial. É
comum, por exemplo, que os professores do ensino presencial usem
o AVA como repositório de material, e que se utilizem dele até mesmo
para receber trabalhos e realizar provas. Mas é no ensino 100% EAD e
semipresencial que ele ganha maior importância, pois será por meio
dele que todo o processo de ensino aprendizagem se dará. Então, é
fundamental que você, aluno(a) da EaD, conheça o seu ambiente virtual
de aprendizagem e as suas funcionalidades.
Além de ajudar os profissionais envolvidos na produção de
conteúdos, os AVAs permitem que professores organizem os materiais
de maneira didática e acompanhem o progresso dos seus alunos,
oferecendo recursos como relatórios de acesso e tempo utilizado pelosparticipantes do curso, gráficos comparativos, divisão dos alunos em
grupos, sistema de registro de notas, entre outras funções.
É bastante simples fazer a gestão dos estudantes por meio desses
recursos, uma vantagem aos professores, que antes precisavam fazer a
chamada e registrar as notas à caneta em papel.
Algumas ferramentas facilitam a comunicação dos professores e
tutores com os seus alunos. Nos ambientes virtuais, há espaços para
chats, videoconferências, mensagens privadas e fóruns de discussão,
importantes canais de comunicação nessa modalidade de ensino.
Vale lembrar aqui, que os alunos estarão longe dos professores
e tutores, mas devem ter fácil e rápido acesso a esses canais de
comunicação para sanar dúvidas.
26 Introdução à Ead
Figura 4 – Os ambientes virtuais contêm muitos recursos que auxiliam o aluno em seu
processo de aprendizagem.
Fonte: Freepik
O estudante também pode fazer uso desses recursos, os quais
o auxiliam na gestão de seus estudos. Configurar o software para que
o avise sobre o prazo de entrega de uma atividade é uma das muitas
possibilidades que um AVA oferece.
Os AVAs integram as Tecnologias de Informação e Comunicação
em um só ambiente, contribuindo assim, para a disseminação de
informação e facilidade de comunicação entre os seus usuários, e
ainda para a construção coletiva do conhecimento, já que permitem o
compartilhamento de ideias. Dentro desses ambientes, os estudantes
têm acesso aos materiais selecionados por professores especialistas na
área, realizam as atividades propostas sobre os conteúdos trabalhados,
participam de debates, tendo a possibilidade ainda, de acompanhar o
seu progresso e a sua performance por meio de relatórios de atividades.
Tudo isso é feito no computador ou mesmo no celular. Alguns
Introdução à Ead 27
ambientes virtuais possuem aplicativos que permitem a sua utilização
em smartphones.
Mediação
Você sabe o que é mediação ?
Este é outro conceito importante para quem está envolvido com
educação a distância. De acordo com a definição do Dicionário Michaelis,
mediação é o ato de servir como intermediário entre pessoas, grupos,
com o objetivo de sanar dúvidas ou resolver conflitos. No que se refere
à educação, essa mediação se configura uma atividade interposta entre
o aluno e o conhecimento.
Quem exerce esse papel de mediador na EAD é o tutor, por meio
das TICs. É ele que faz a ponte entre o aluno e o professor, ou o aluno
e a coordenação de curso, caso haja alguma dúvida ou problema cuja
solução não esteja ao seu alcance. Para isso, são utilizados os recursos
do próprio ambiente virtual, tais como e-mail, fóruns, chats e web
conferências.
É essencial que haja uma mediação efetiva para que o aluno
consiga com sucesso realizar tudo aquilo que é esperado no curso,
desenvolvendo as competências e habilidades necessárias à sua
formação.
Como afirma Longo (2009, p. 219):
A qualidade dos cursos à distância depende, em
grande parte, da qualidade da tutoria. Assim, a seleção,
a capacitação, o acompanhamento e a avaliação
dos professores-tutores são considerados atividades
estratégicas. Na prática, essa tradas, na capacidade de
organizar e orientar didaticamente o processo de ensinoaprendizagem
a distância e na utilização das ferramentas
tecnológicas que servirão de instrumento ao professor.
Mas qual seria, então, o papel de cada uma das pessoas
envolvidas na EAD? Qual a diferença entre tutor e professor? E o aluno,
é responsável pelo quê? Vamos conferir a seguir.
28 Introdução à Ead
Aluno
Vamos iniciar este tópico com um questionamento. Segundo
Palloff e Pratt, (2004) os cursos e programas on-line não foram feitos
para todo mundo. Por quê? Vamos refletir sobre isso.
Estudar sem a presença do professor e dos colegas desafia
o aluno a superar as suas limitações pessoais e a desenvolver sua
capacidade de aprender autonomamente, de aprender a aprender. Você
já pensou sobre isso? Você já se questionou sobre o quanto é desafiador
ser um estudante da EaD e quanto a ideia de ela ser uma modalidade de
ensino fácil não é correta?
Perceba que você tem um papel fundamental com relação à sua
aprendizagem e que, por isso, você é o protagonista nessa modalidade
de ensino.
Figura 5 – O aluno na educação a distância é o pr otagonista no processo de ensino e
aprendizagem.
Fonte: Freepik
Introdução à Ead 29
Na educação a distância, o aluno é o personagem principal no
processo de aprendizagem, pois toma a iniciativa e elabora um caminho
a ser seguido para apreender o que está previsto no currículo e no
cronograma da disciplina e desenvolver competências e habilidades
necessárias à sua formação.
Além das motivações já apresentadas que levam uma pessoa a
escolher a modalidade de ensino a distância, podemos apontar algumas
características do aluno da EAD:
• Está sozinho e, portanto, é responsável por gerir os seus estudos;
• Precisa de organização, dedicação, compromisso e disciplina
para dar conta de todas as tarefas propostas;
• Lê o conteúdo, assiste aos vídeos, participa dos fóruns e realiza
as atividades no seu ritmo (ao contrário do que acontece no ensino
presencial, em que o professor dá o ritmo a partir do coletivo) e, portanto,
pode voltar para reler o que não ficou claro, refazer os exercícios, planejar
suas interações;
• Interage com alunos e professores nos ambientes virtuais e,
portanto, deve saber de que maneira fazê-lo;
• Vai além do proposto pelo autor do material disponibilizado,
pois a partir do momento em que começa a estudar o conteúdo, tem
dúvidas e curiosidades e estar on-line lhe permite uma busca mais
rápida por respostas;
• Faz uma auto avaliação de como está sua compreensão do
conteúdo a partir da leitura e dos exercícios indicados e busca ajuda dos
tutores e professores quando acha necessário.
Perceba que o aluno assume para si a responsabilidade da sua
formação profissional de forma autônoma. Logo, o aluno se coloca como
sujeito do seu processo formativo, de apropriação e de construção do
seu conhecimento.
Professor
O professor conteudista é convidado a escrever o material didático,
bem como elaborar atividades para que o aluno consiga assimilar o
conteúdo referente à disciplina. O material didático é disponibilizado
30 Introdução à Ead
no ambiente virtual de aprendizagem, seguindo um cronograma
previamente agendado.
Ao elaborar o material didático, o professor conteudista pensa
também em estratégias de aprendizagem voltadas para a área da
Educação a distância e em quais recursos são pertinentes para cada
temática trabalhada.
O ideal é que o professor, nessa metodologia, tenha experiência
e conhecimento sobre EAD, pois a modalidade tem aspectos diferentes
e bem distintos de uma aula presencial e, portanto, o material didático
deverá obrigatoriamente seguir algumas diretrizes e referenciais.
As discussões, por exemplo, não são feitas pessoalmente entre
os alunos, portanto, o docente precisa pensar em como instigá-los, no
ambiente virtual e até mesmo no material didático, a pensar e debater os
assuntos mais importantes.
Algumas responsabilidades do professor do EAD podem ser
citadas:
• Planejar o seu conteúdo pensando sempre no perfil do aluno
que estudará a distância;
• Organizar o material de forma didática, estabelecendo uma
divisão hierárquica para apresentá-los;
• Junto com uma equipe multidisciplinar, transformar o conteúdo
em um material agradável para o aluno estudar, utilizando, além do texto,
recursos visuais ou sonoros que ilustrem e enriqueçam o conteúdo;
• Escrever o material de modo dialógico, linguagem utilizada na
EAD para que o aluno não se sinta isolado – ao mesmo tempo em que
o aluno está estudando sozinho, sabe que pode contar com o auxílio do
professor;
• Corrigir trabalhos e avaliações;
• Participar de fóruns, colaborando com as discussões;
• Estar atento à participação e progresso dos alunos no ambiente
virtual;
• Revisar e atualizar os materiais didáticos e atividades.
Perceba como, na educação a distância, o papel do aluno é tão
importante quanto o do professor.
Introdução à Ead 31
Tutor
O tutor é peça fundamental no acompanhamento

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