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Introdução à Ead 11 A leitura e seus estágios OBJETIVO Ao término deste capítulo você será capaz de compreender o conceito de leitura e os seus estágios. Isto será fundamental para aluno em formação na modalidade de ensino da educação a distância. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Leitura: como definir? Segundo o último Censo do IBGE (2018), existem 11,3 milhões de analfabetos no Brasil. Esse número vem diminuindo ao longo dos anos, porém, outro termo ganhou bastante destaque: o analfabetismo funcional. Você sabe a diferença entre analfabetismo e analfabetismo funcional? Analfabetas são as pessoas que não conhecem o alfabeto ou não sabem ler nem escrever e, os analfabetos funcionais são pessoas que sabem ler e escrever, mas não são capazes de interpretar o texto que leem, e essa parte da população corresponde a 30% dos brasileiros que têm entre 15 e 64 anos (AÇÃO EDUCATIVA; INSTITUTO PAULO MONTENEGRO, 2018). ACESSE: Veja gráficos sobre resultados da pesquisa sobre analfabetismo e analfabetismo funcional em: https://bit.ly/2QQnnxa 12 Introdução à Ead SAIBA MAIS: Às pessoas que sabem ler e escrever dá-se o nome de alfabetizadas e, às pessoas que sabem ler, escrever e conseguem usar essas habilidades nas demandas sociais são denominadas letradas. Mas o que significa ler? Você já parou para pensar nisso? Uma busca rápida em qualquer dicionário mostrará como definição de leitura o “ato de ler”, juntamente com “o ato de compreender o conteúdo de um texto escrito”. Porém, como acabamos de ver, há muitas pessoas que não conseguem compreender aquilo que leem. Sendo assim, podemos usar as duas definições para o ato da leitura? Figura 1 – A leitura é uma atividade exclusivamente humana Fonte: Freepik A leitura é uma atividade exclusivamente humana, que nos permite o acesso a um infinito conhecimento. Ela está intimamente ligada ao processo de aprendizagem. Por isso, o tema é amplamente estudado por várias perspectivas: do ponto de vista linguístico, é claro, mas também psicológico, biológico, social, entre outros. Introdução à Ead 13 Etimologicamente, a palavra vem do verbo em latim lego, cuja primeira acepção é “juntar, reunir”. Ele também significa “ler”, pois essa ação nada mais é que juntar e reunir as palavras, as sentenças e as partes de um texto. O educador Paulo Freire dedicou uma obra inteira ao assunto, “A importância do ato de ler”, em que afirma que “A leitura do mundo precede a leitura da palavra” (FREIRE, 1988). Nesse sentido, todos nós temos a capacidade de ler, já que estamos, a todo o momento, lendo a realidade que nos cerca, isto é, lendo o mundo. A definição apresentada no texto dos Parâmetros Curriculares Nacionais (2001, p. 53) é a seguin te: A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características do gênero, do portador, do sistema de escrita etc. Vilson Leffa (1996, p. 11), pesquisador da UFRGS, define leitura como o “processo de interação entre o leitor e um determinado segmento da realidade, que é usado para representar um outro segmento”. Ao estudar o tema, o autor nos lembra das duas definições restritas de leitura, as quais são antagônicas: [...] (a) ler é extrair significado do texto e (b) ler é atribuir significado ao texto. O antagonismo está nos sentidos opostos dos verbos extrair e atribuir. No primeiro, a direção é do texto para o leitor. No segundo, é do leitor para o texto. Ao se usar o verbo extrair, dá-se mais importância ao texto. Usando o verbo atribuir, põe-se a ênfase no leitor. (LEFFA, 1996, p. 11) Leffa segue explicando que a melhor definição, por vários motivos, é a segunda: ler é atribuir significado ao texto. O autor explica: A qualidade do ato da leitura não é medida pela qualidade intrínseca do texto, mas pela qualidade da reação do leitor. A riqueza da leitura não está necessariamente nas grandes obras clássicas, mas na experiência do leitor ao processar o texto. O significado não está na mensagem do texto, mas 14 Introdução à Ead na série de acontecimentos que o texto desencadeia na mente do leitor. (LEFFA, 1996, p. 14) Vamos concordar com o autor ao optar por essa definição, já que acreditamos que a leitura depende sim, mais do leitor do que do texto em si e da forma como o primeiro interage com o segundo. Isso vai ao encontro dos resultados que trazem as pesquisas no que se refere à taxa de analfabetismo funcional. Significa que aqueles que não compreendem o que está escrito não estão conseguindo interagir com o texto. E como podemos realizar a leitura de modo a interagir com o texto e alcançar a sua compreensão total? Para Leffa (1996, p. 25), Para compreender um texto devemos relacionar os dados fragmentados do texto com a visão que já construímos do mundo. Todo texto pressupõe essa visão do mundo e deixa lacunas a serem preenchidas pelo leitor. Sem o preenchimento dessas lacunas a compreensão não é possível. Para Andrade (2016, p. 1-2), tal definição é, hoje, muito mais complexa: Sabe-se que o conceito de leitura foi aperfeiçoado nas últimas décadas. Nos dias atuais, a leitura não se constitui um processo de decodificação do texto, nem somente a compreensão e interpretação do signo linguístico. Na verdade, a leitura possui uma dimensão mais ampla do que apenas atribuir significado às palavras e frases. Pereira, Souza e Kirchof (2012) afirmam que o ato de ler transcende à simples decodificação, compreensão e interpretação do signo linguístico, porquanto pressupõe o ato de dar sentido ao texto, o que estará sempre na dependência da vivência histórica do sujeito, do seu modo de pensar e olhar o mundo. O que observamos no comentário de Andrade (2016) é, novamente, que o foco está no leitor, o sujeito que olha para o texto. Podemos aproximar essa afirmação do que queremos dos nossos alunos, tanto no ensino presencial como no ensino a distância. A habilidade de leitura Introdução à Ead 15 é algo trabalhado na escola desde os primeiros anos. E assim deve ser em todos os níveis de ensino, já que os textos vão ganhando mais complexidade ao longo da vida escolar. Ora, se lemos e estudamos por meio da leitura durante a nossa vida toda, por que então, existem tantas pessoas que não conseguem compreender um texto? Segundo Silva, Ler é básico para o progresso na aprendizagem de qualquer assunto. A formação de um leitor competente, segundo os PCN (2001, p. 54), “só pode constituir-se mediante uma prática constante de leitura de textos de fato, a partir de um trabalho que deve se organizar em torno da diversidade de textos que circulam socialmente”. (2011, p. 25) Tal questionamento é objeto de estudo de muitos pesquisadores, que tentam entender o que está errado na educação básica/ fundamental, por que motivo os alunos estão chegando muito fracos ao ensino superior, no que diz respeito à leitura, e o que pode ser feito para que a prática se torne hábito na população brasileira, assim como já acontece em outros países. Uma nota, antes de seguirmos: quando falamos de leitura, estamos nos referindo à leitura de objetos das mais variadas espécies. Podemos ler um texto, um filme, uma obra de arte, até mesmo uma expressão facial, já que, como apontou Freire, a leitura do mundo vem antes da leitura da palavra. Nesse sentido, estamos lendo (e interpretando) todas as coisas a todo o momento. Nesta unidade, porém, vamos nos deter à leitura de um texto escrito, que constitui a maior fonte de pesquisa para os estudantes. Ainda que existam materiais em outros formatos, vamos nos concentrar no texto escrito por se tratar de objeto de fundamental importância, e que ainda causa muita dificuldade de interpretação por parte dos alunos. 16 Introdução à Ead REFLITA: Com certeza você já teve dificuldade de ler e compreender um texto, não é mesmo? Muitas vezes parece que estamos lendo um texto escrito em outra língua, tão distante nos parece do que costumamos ler no diaa dia. Por que será que isso acontece? Problemas de compreensão de texto começam a aparecer já na infância, assim que começamos a “juntar as palavras”, e nunca mais deixam de existir. De tempos em tempos nos deparamos com algo difícil de compreender, seja no nosso dia a dia, como leitores de jornais e revistas, seja no contexto acadêmico, como leitores de ciência. Mas ninguém pode negar que a leitura é essencial para a nossa vida escolar, nos mais diversos níveis. Observe o que afirmam Lakatos e Marconi (2018, p. 1) à respeito da importância da leitura para os estudos: [A leitura] favorece a obtenção de informações já existentes, poupando o trabalho da pesquisa de campo ou experimental. Ela propicia a ampliação do conhecimento, abre horizontes na mente, aumenta o vocabulário, permitindo melhor entendimento do conteúdo das obras. [...] Dois são os seus objetivos fundamentais: serve como meio eficaz para aprofundamento dos estudos e para a aquisição de cultura geral. De fato, a leitura é uma atividade complexa. Na sequência, você verá que muitas vezes, não é na primeira leitura que chegamos a uma compreensão total. Existem alguns estágios para chegar a uma compreensão completa de um texto escrito, de modo que se possa refletir sobre ele. Introdução à Ead 17 Estágios da leitura Os estágios da leitura dizem respeito ao nível de compreensão que uma pessoa tem ao ler um texto, desde o seu primeiro contato com ele até a fase em que é capaz de realizar uma leitura crítica a respeito do que foi abordado. Figura 2 – Os estágios da leitur a dizem respeito ao nível de compreensão que uma pessoa tem ao ler um texto Fonte: Freepik VOCÊ SABIA? A informatividade de um texto é medida pelo grau de intimidade que o leitor tem com determinado assunto. Quanto mais uma pessoa sabe sobre um tema, menos informativo, para ela, vai ser um texto sobre esse tema, e vice-versa. Por exemplo: se você é fã de super-heróis, um texto que explica as características dos super-heróis vai ser menos informativo para você do que para uma pessoa que nunca se interessou por eles. Logo, não podemos dizer que um texto é bastante informativo ou não, pois isso vai depender mais do que o leitor sabe sobre o assunto do que do conteúdo do texto. 18 Introdução à Ead Vamos conhecer, a partir de agora, os quatro estágios: Reconhecimento ou pré-leitura; Leitura seletiva; Leitura interpretativa; Leitura crítica (ou reflexiva) e suas características. Reconhecimento ou pré-leitura Aa leitura superficial do texto serve para se ter uma ideia do que ele trata – seu conteúdo e sua organização. No caso de textos de jornal, por exemplo, trechos são destacados para fazer com que o leitor observe quais são as principais partes. O título e subtítulo (se houver) são extremamente importantes, pois chamam a atenção para o tema principal que será abordado. Nesse estágio, o leitor pode responder à pergunta: de que trata o texto? Assim, ele tem uma visão global do assunto, porém, não se aprofundará em subtemas ou informações mais específicas. É muito comum hoje, nas redes sociais, nos depararmos com títulos de textos. E muitas vezes, ficamos só no título: não lemos o texto, nem sequer clicamos no link para acessar mais informações sobre o assunto. Está aí uma boa maneira de confirmar de que modo fazemos essa leitura de reconhecimento. Faça o teste. Quando estiver em uma rede social e se deparar com uma notícia, pare para refletir: o título me chamou a atenção? Eu estou interessado em saber mais sobre isso? Leitura seletiva Neste segundo estágio de leitura, a pessoa realiza uma leitura mais atenta do texto, inspecionando-o. Ela presta atenção nas sentenças, compreende o contexto envolvido na sua produção. Aqui, o leitor ainda não faz uma leitura minuciosa, mas inicia esse processo, separando aquilo que é essencial e deixando de lado o que é desnecessário. Vamos continuar com o exemplo de uma notícia que você encontrou ao navegar em sua rede social. Você se interessou pelo assunto e quer saber mais: se tiver acesso ao texto completo da notícia, Introdução à Ead 19 de que forma você vai lê-lo? Vai passar o olho para “pescar” algumas informações relevantes ou vai ler atentamente? É bem provável que você dê uma “sondada”, uma passada de olho nesse momento. E isso vai fazer com que se interesse ou não por uma leitura mais minuciosa. Leitura interpretativa Na leitura interpretativa, o leitor consegue identificar as informações que estão sendo colocadas no texto, bem como o que o autor dele quer dizer. O leitor analisa as partes do texto – introdução, desenvolvimento, conclusão – estabelecendo uma correlação entre elas. Aqui, a leitura é minuciosa e não se perde nada. Se há alguma palavra que o leitor não conhece, ele vai procurar o seu significado e, se algo passou despercebido durante a leitura, o leitor vai voltar atrás para entender melhor. Figura 3 – O terceiro estágio da leitura compreende a fase interpretativa Fonte: Freepik 20 Introdução à Ead Neste estágio, o leitor é capaz de entender a intenção do autor ao escrever aquele texto, e de relacionar o seu posicionamento com outros textos que já leu. É importante dizer que, neste caso, o aproveitamento do texto dependerá da bagagem que o leitor já tem acerca do assunto. Se houver alguma referência ou uma informação implícita (um pressuposto), o leitor experiente será capaz de localizá-la. Continuando com o exemplo do texto encontrado na rede social, o leitor após se interessar sobre o tema e fazer uma leitura seletiva, mergulha de fato, em todas as suas partes, percebendo alguns fatores, por exemplo: como foi construído, por que, em que contexto. Assim, o leitor é capaz de falar sobre o assunto, explicando a outras pessoas aquilo que leu. Leitura crítica ou reflexiva Neste estágio podemos dizer que há uma compreensão maior do texto por parte do leitor, pois ele reflete de maneira crítica sobre o conteúdo. Ele compara, julga as informações apresentadas de modo a tomar uma posição. Nesta fase, portanto, o leitor vai além da mensagem do texto, fazendo juízo de valor a respeito daquilo que leu. Neste nível, que é o último, o leitor já é capaz de responder criticamente ao texto que leu, pois compreende todas as suas nuances – o tema tratado, as partes do texto, de que modo foi construído, a intenção do autor, o contexto em que foi escrito, como se relaciona com o mundo e com outras produções sobre o mesmo tema etc. – e, além disso, consegue julgar o texto, estabelecendo a ele um valor a partir do que já leu sobre o assunto: é um texto mais completo? Cai em contradição? É coerente e apresenta concisão? A opinião do autor é bem fundamentada? Está de acordo com a minha? Vai de encontro com a de outros autores? No exemplo que utilizamos, finalizado este estágio de leitura – e somente após isso –, o leitor poderia escrever sobre o assunto, fazendo uma crítica (positiva ou negativa) a respeito do texto, pois tem total intimidade e compreensão daquilo que leu que é capaz de opinar sobre. Introdu誽o ?Ead 21 Quadro 1 - Estágios da leitura Fonte: Adaptado de Lakatos e Marconi (2019) REFLITA: A partir de sua experiência com o uso de redes sociais e observando o comportamento dos outros, você acredita que as pessoas realizam uma leitura crítica dos textos antes de compartilhá-los ou de comentar sobre eles? Retomando os quatro níveis de leitura, podemos estabelecer um quadro que sintetiza o que acontece em cada um deles: Estágio Definição Questão Reconhecimento ou pré-leitura Leitura superficial Qual é o tema? Seletiva Inspeção Quais são as principais informações que o texto traz? Interpretativa Leitura minuciosa Qual é o posicionamento do autor sobre o tema? Crítica ou reflexiva Julgamento do conteúdo Concordo ou discordo do posicionamento do autor e por quê? É fundamental que você aluno, que está em formação profissional e que está realizando está formação em um curso na modalidade a distância, atente-se para as informações que foram apresentadas até aqui. Faça da leitura a sua aliada no processo da aprendizagem. 22 Introdução à EadRESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir o que vimos. Você deve ter aprendido que as definições de leitura e teve a oportunidade de conhecer os seus quatro estágios ou níveis: o reconhecimento, a leitura seletiva, a interpretativa e a crítica. É muito importante que você aluno, faça com que a leitura se torne um hábito, pois dessa forma, conseguirá passar por esses estágios de modo a compreender e julgar um texto. Introdu誽o ?Ead 23 Os estágios da leitura nos estudos OBJETIVO Ao término deste capítulo você será capaz de identificar e utilizar esses estágios de leitura em seus momentos de estudo. Isto será fundamental para você em processo de formação profissional. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Decodificação e diferenciação Como vimos no capítulo anterior, uma primeira definição de leitura seria a de extrair significado do texto. Seria como decodificar os símbolos que ali estão colocados. Porém, já vimos que essa não é a melhor maneira de conceituar o ato de ler. Estamos entendendo aqui, a leitura como uma atividade além da decodificação: ela depende do sujeito leitor e da sua experiência, constituindo-se um processo interacional. Ao ler, estamos estabelecendo uma relação com o texto, relação esta que será diferente para cada leitor, pois depende da bagagem que ele tem, do que ele espera do texto, de como ele o recebe. Vamos imaginar que você está assistindo a um filme pela primeira vez, e a primeira leitura que faz dele é mais superficial, você pode não entender algumas partes, outras podem até passar despercebidas; você está focado no enredo, numa primeira camada da história, que é a mais explícita e que a maioria dos espectadores vai compreender. Na segunda vez que você assiste a esse filme, como já conhece o enredo, presta atenção em aspectos menos evidentes e, descobre alguns efeitos de sentido, detalhes que passaram despercebidos da primeira vez. Além disso, os espectadores de uma época podem assistir a esse filme de maneira diferente daquela que pessoas de décadas anteriores o assistiram. E o que podemos comprovar com isso? Que o sentido ou a compreensão de uma obra (seja ela um filme, um texto) não está na 24 Introdução à Ead forma como ela foi elaborada, e sim na relação estabelecida entre ela e o seu leitor. E quando mais experiente for o leitor, melhor será a interação entre ele e o objeto que está lendo. Afinal, as nossas leituras constituem nosso repertório. Sendo assim, que tal nos aprofundar nos estágios da leitura, utilizando-os em nossos momentos de estudo? Parece complicado, mas a prática fará com que a leitura se torne algo cada vez mais confortável. Os estágios da leitura nos estudos Para ilustrar como isso acontece em um ambiente escolar ou acadêmico, vamos tomar como exemplo um aluno que esteja pesquisando sobre o tema “novas tecnologias na educação a distância”, passando pelos quatro estágios de leitura. Vamos lá! Reconhecimento ou pré-leitura Como vimos, há um estágio anterior ao que consideramos, de fato, uma leitura. É aquele momento em que nos deparamos com uma manchete de jornal, a capa de um livro, mas ainda não sabemos mais detalhes sobre o texto dentro dele. Chama-se pré-leitura ou leitura de reconhecimento. Utilizamos esse nível de leitura quando procuramos referências sobre um tema que estamos estudando: fazemos uma seleção de documentos relevantes a respeito de determinado assunto a partir de uma leitura pré-seletiva, observando a capa de um livro, seu sumário, o título de um artigo, o t exto de introdução ou conclusão, por exemplo. No caso do aluno, seria o ponto de partida, isto é, a procura por materiais que tratem do tema “novas tecnologias na educação a distância”. Uma rápida busca na internet vai gerar alguns primeiros resultados. É importante que você saiba que na unidade seguinte veremos as técnicas a serem utilizadas no momento da busca na internet através dos buscadores. Então, recomendamos que você associe os conhecimentos adquiridos nas duas unidades para que tenha proveito em seus estudos. Introdu誽o ?Ead 25 Voltamos ao que estávamos comentando anteriormente, que era a busca por materiais na internet. Vejamos o que o resultado nos apresentou. Quadro 2 - Exemplos de resultados. 1. EAD e as Novas Tecnologias O atual sucesso da modalidade de Ensino a Distância (EAD) só se faz possível devido à constante evolução das Tecnologias de Informação e de Comunicação. 2. Conheça as tecnologias usadas no ensino a distância - EAD São milhares de novos cursos superiores autorizados pelo MEC todo ano e essa modalidade de ensino tem tornado possível o sonho do diploma para muitas... 3. 9 tecnologias para EAD essenciais nos cursos à distância As novas tecnologias agora incluem fóruns de discussão, e-mail, gravações de áudio e vídeo, biblioteca virtual, etc. www.epdonline.com.br › noticias › EaD-a-tecnologia-a-favor-daeduc... 4. EAD: A tecnologia a favor da educação | EPD Online O ensino a distância (EAD) é uma modalidade que usa a tecnologia... e realizar um curso que possibilite a conquista de novos caminhos. 5. As novas tecnologias a serviço da educação à distância Nos anos 1996, a nova LDB, Lei nº. 9.394/96 contemplou novos avanços a EaD, estabelecendo a regulamentação da modalidade de Educação a Distância ... 6. Educação a distância e as novas tecnologias Consulta a “material já elaborado, constituído principalmente de [...] artigos... Seguindo esse raciocínio, a EaD é fruto de tecnologias que possibilitaram o seu. 26 Introdução à Ead 7. Seminário discute uso da tecnologia na EAD - MEC A tecnologia tem sido uma importante ferramenta para a melhoria da... Em educação a distância e em novas tecnologias de aprendizagem Fonte: as autoras Com essa lista de resultados, o aluno fará uma pré-leitura para descartar os textos que não são relevantes para o seu trabalho. Por exemplo: textos sem autoria ou de sites não acadêmicos. Ele vai preferir livros e artigos científicos sobre o tema, pois estes podem servir como referenciais teóricos. Vamos imaginar que o aluno tenha escolhido o artigo que aparece no sexto resultado dessa lista: “Educação a distância e as novas tecnologias”. O fato de se tratar de um artigo já é um ponto positivo para que o texto faça parte da sua lista de referências utilizadas no trabalho, pois contém um autor e foi publicado em alguma revista científica, o que, por si só, lhe confere credibilidade. Além disso, o título confirma que vai abordar o assunto que é tema da pesquisa do aluno. Neste estágio, o aluno pode ler o título, o resumo do artigo, a introdução, mas não mais que isso – do contrário, já estaria na fase posterior de leitura. Observe que, ao ler o resumo, o aluno é capaz de saber que se trata de material relevante para a sua pesquisa: RESUMO As inovações tecnológicas transformaram nossa relação num ambiente constante de troca de informações, que caracteriza a sociedade moderna e os indivíduos das gerações “Z” e Millennials, surgidos no contexto da internet e das redes sociais. A irreversibilidade desta realidade se confirma no surgimento dos softwares de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e na evolução tecnológica por qual passa a Educação a Distância (EaD). A metodologia deste estudo é uma pesquisa de caráter qualitativo e cunho bibliográfico, no objetivo de analisar a evolução tecnológica Introdu誽o ?Ead 27 dessa ferramenta, suas aplicações e características – positivas e negativas – apontando desafios e tendências. Os resultados indicaram que a evolução tecnológica e modernização da EaD se deu graças ao desenvolvimento das TICs, identificando-se duas fortes tendências para o futuro: o mobile learning e a gamification. No Brasil, o atraso tecnológico – falta de acesso à internet (inclusão digital) e social – qualificação de profissionais; são consequência da falta de Políticas Públicas que contemplem a Educação e desafios da EaD no país. Portanto, novaslinhas de pesquisa relacionadas a esta discussão teórica podem ser feitas e espera-se que este trabalho tenha contribuído para instigar a pesquisa acadêmica na Educação, visando uma sociedade com melhores expectativas para o futuro. (MENDES; ZAFINO, EZEQUIEL, 2018, p. 1) Conseguiu compreender a importância de se analisar bem os resultados de uma pesquisa realizada na internet como também de verificar a autenticidade, credibilidade e confiabilidade dos resultados? Veja o quanto é importante você saber desse assunto para que a partir de então tenha proveito nas elaborações dos seus trabalhos acadêmicos. TESTANDO: Recomendamos a você agora que realize uma busca na internet seguindo os passos que apresentamos e em seguida análise o seu material. É importante você se auto avaliar sobre o seguinte: será que até agora eu estava realizando as buscas da maneira correta? O que posso fazer para melhorar as minhas buscas e obter bons resultados? Leitura seletiva Chega o momento de realizar uma leitura de sondagem, identificando os subtemas tratados, “passando o olho” para verificar se este texto corresponde às expectativas do leitor quanto ao conteúdo abordado. 28 Introdução à Ead Em trabalhos acadêmicos, os subtítulos são muito importantes. Se estiverem nítidos no artigo, é possível perceber a hierarquia dos assuntos tratados e ter uma ideia de como foi construído o texto. No caso deste artigo em análise, alguns subtemas se destacam e já é possível confirmar que o texto será útil para a pesquisa. Uma olhada rápida sobre o texto garante que o tema das tecnologias aparece constantemente, com definições, exemplos etc. Aqui nessa fase devemos garimpar o que temos em mãos. Uma vez verificada a relevância do trabalho, chega-se à decisão de ler o texto de maneira mais minuciosa. É quando se passa para o outro estágio. Vamos lá! Leitura interpretativa Neste estágio, o pesquisador observa e relaciona o que está escrito no texto com aquilo que busca solucionar. Também compara o posicionamento do autor de acordo com teorias de outros pesquisadores, localizando-o em determinada escola de pensamento. Trata-se de uma leitura mais atenta, em que se pode destacar os trechos que servirão para corroborar a opinião do estudante em seu trabalho. Por exemplo: se o aluno está pensando em trazer o uso dos aplicativos de smartphones como uma nova tecnologia que auxiliará o EAD, neste artigo que está lendo, poder á utilizar os seguintes trechos: O desenvolvimento recente de tecnologias móveis, como smartphones e tablets, vem permitindo o uso de informações fornecidas e compartilhadas por aplicativos (OLIVEIRA FILHO, 2012) e se tornando cada vez mais popular como nova forma de acesso à informação e ao ensino/ aprendizado, pois são dinâmicos e contam com a vantagem da mobilidade – tecnologia acessível em qualquer local (QUEIROZ et al, 2014) e que demanda menor investimento em infraestrutura. Para acessar um AVA é necessário o uso de um computador, enquanto que no conceito do Mobile Learning (Aprendizado Móvel), qualquer dispositivo com acesso a rede sem fio (wireless) é uma ferramenta de estudo. (MENDES; ZAQUINO; EZEQUIEL, 2018, p. 8) Introdu誽o ?Ead 29 O uso de aplicativos na Educação a Distância pode promover o ensino e auxiliar o aluno na construção e socialização do saber (QUEIROZ et al, 2014), sendo que as redes sociais têm ganhado destaque como a primeira ou mais recorrente forma de interação da maior parte das pessoas (OLIVEIRA FILHO, 2012). Chats e fóruns e/ou redes com estrutura semelhante ao LinkedIn, pautadas na interatividade (BISSOLOTTI; NOGUEIRA; PEREIRA, 2014) trazem como conceito o Flipped Classroom. A ideia surgiu nas escolas do ensino médio americano, com Jonathan Bergman e Aaron Sams, para atender alunos que precisavam se ausentar e quando regressavam, discutiam dúvidas e davam contribuições em momentos de reflexão. A iniciativa se estendeu a todos os alunos, sendo conhecida como blendedlearning: inversão lógica das aulas – os alunos decidem o conteúdo teórico das disciplinas, apresentam conceitos, autores e diferentes proposições a respeito do tema de estudo (SCHNEIDER et al, 2013) com apoio do professor que funciona como um facilitador para o processo de aprendizagem. (MENDES; ZAQUINO; EZEQUIEL, 2018, p. 9) Com a leitura interpretativa, o aluno já está munido das informações que precisava para continuar o seu trabalho. Na próxima etapa, fará uma leitura que lhe permitirá criticar as ideias apresentadas pelo autor no que se refere ao tema estudado. Leitura crítica Por fim, o aluno chega à etapa mais complexa dos estágios da leitura, em que é capaz de refletir sobre o texto fazendo juízo de valor. Neste momento, o leitor procura trechos com que concorde e que discorde, se for o caso. Em seu trabalho, poderá utilizá-los para enriquecer sua linha de raciocínio. Vejamos um exemplo. Suponha que o aluno seja contra o uso de jogos na EAD, pelo motivo de que, pela sua experiência pesquisando esses recursos, acredita serem os jogos educativos, ferramentas não 30 Introdução à Ead atrativas como os jogos comuns. Ao encontrar o seguinte trecho no artigo, poderá fazer uso dele para discordar: A massificação de conteúdo tem sido uma das preocupações ao se introduzir elementos computacionais e da web no ensino/aprendizado. Seu efeito potencializador na construção __________do conhecimento, interpretação e compreensão de contextos e na formação do senso crítico e reflexivo, têm levado a trabalhar EaD numa lógica de jogos e Alves (apud OLIVEIRA FILHO, 2012) esclarece que o papel e a responsabilidade da escola é atentar para as necessidades e demandas modernas. Os jogos enquanto ferramentas de aprendizagem são lúdicos, excitantes e transformam o esforço em algo que traz satisfação (OLIVEIRA FILHO, 2012). Neste contexto a gamificação (gamification) tem sido incorporada a dinâmica e as formas de EaD, com elementos, mecanismos e técnicas (NAVARRO, 2013) para reduzir a baixa autoestima, o desestímulo nos espaços de interação grupal (QUEIROZ et al, 2014) e trabalhar a motivação síncrona para maior sinergia (FARIAS, 2013). Por tornar as atividades menos cansativas, engajar as pessoas para resolver problemas e encorajar a aprendizagem (KAPP, 2012), estimular a traçar e conquistar metas, e obter feedback de seu resultado (NAVARRO, 2013), tem sido benéfico na Educação a ação de aprender com o jogo para desenvolver várias dimensões humanas (OLIVEIRA FILHO, 2012). Percebeu como esse último estágio da leitura é bem mais complexo? O leitor, além de decodificar, selecionar, interpretar, agora é capaz de avaliá-lo, de se posicionar contra, caso seja pertinente ao seu trabalho. Neste momento o leitor já é capaz de transformar em autor, pois além de ler, está produzindo conteúdo a partir disso. Entendidos os estágios ou níveis de leitura? Sugiro que você, ao ler os próximos textos, faça o teste. Escolha um texto para fazer uma leitura passando pelos seus quatro níveis e depois comente com seus colegas sobre a sua experiência. Introdu誽o ?Ead 31 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Neste capítulo você aprendeu como utilizar os quatro níveis de leitura no processo de aprendizagem. Usamos um artigo como exemplo para que os estágios ficassem ainda mais claros. 32 Introdução à Ead Análise de textos OBJETIVO Ao término deste capítulo você será capaz de analisar textos que aparecerão nos seus estudos, de modo que tenha um bom desempenho durante a sua trajetória acadêmica. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Análise O ato de ler é uma atividade muito maior do que apenas decodificar os símbolos e juntar palavras. Se formos analisar a origem da palavra texto, veremos que vem do latim textum, cujo significado é “tecido”. Nesse sentido, o texto como conhecemos hoje nada mais é do que a costura de enunciados linguísticos. Não se trata apenas de um amontoado de palavras e frases soltas, sem conexão entre elas, assim como um amontoado de fios não faz um tecido: é preciso que eles sejam costurados.Assim, também é complexa a atividade de ler, pois exige o reconhecimento de todos esses mecanismos textuais. Nos capítulos anteriores, estudamos a compreensão do texto a partir de uma abordagem centrada em seus estágios. Neste capítulo, vamos conhecer outra perspectiva do ato de ler: a análise de textos. Essa abordagem é muito comum em manuais de metodologia científica e focam nos textos que os alunos vão encontrar na sua vida escolar e acadêmica, observando, além do conteúdo, a estrutura textual. Tem como objetivo preparar o aluno para a leitura crítica dos textos, de modo que consiga produzir conteúdo a partir disso. Conforme explicam Lakatos e Marconi (2019, p. 14), Analisar significa estudar, decompor, dissecar, dividir, interpretar. A análise de texto refere-se ao processo de conhecimento de determinada realidade e implica o exame dos elementos; portanto, implica decompor um todo em suas partes, a fim de: (a) poder efetuar um estudo mais completo, encontrando o elemento-chave do autor; (b) determinar as relações que prevalecem nas partes constitutivas, compreendendo a Introdu誽o ?Ead 33 maneira pela qual estão organizadas; (c) estruturar as ideias de maneira hierárquica. Ela pode, segundo as mesmas autoras (2019), ser dividida em três partes: • Análise dos elementos – levantamento dos elementos básicos do texto com o objetivo de compreendê-lo. • Análise das relações – identificação das principais relações e conexões entre os elementos que constituem o texto. • Análise da estrutura – verificação das partes que compõem o todo para entender as relações existentes entre elas. Podemos classificar em três as espécies de análise de texto: textual, temática, interpretativa. Observe a seguir as características de cada uma! Análise textual A análise textual tem por finalidade aproximar-se do texto. É uma primeira leitura, de modo a identificar de que ele trata. É o momento de ler o texto do início ao fim, sem a preocupação de interpretá-lo. Pode-se sublinhar as palavras desconhecidas para voltar nelas depois. Agora é hora de identificar o tema principal. Análise temática Na etapa seguinte, a da análise temática, o leitor compreende melhor o texto, distinguindo as ideias principais e secundárias e a relação entre elas. É o momento de esquematizar a linha de raciocínio do autor, fazendo anotações no texto. Devem ser observadas: a estrutura do texto, as suas partes (introdução, desenvolvimento e conclusão), argumentação utilizada pelo autor, entre outros aspectos importantes para um entendimento total do que foi elaborado. O leitor, neste momento, apreende o texto. Observe que ainda não é o momento de discuti-lo, mas sim de compreendê-lo profundamente para, a partir dai, ir para a próxima etapa. 34 Introdução à Ead Figura 4 – A análise temática é o momento de esquematizar a linha de raciocínio do autor Fonte: Freepik Análise interpretativa e crítica Na análise interpretativa, o leitor é capaz de associar o pensamento do autor com o que já conhece sobre o assunto. Isso lhe permite fazer uma crítica do texto, observando se é coerente, se os argumentos são válidos e pertinentes, se há originalidade nas suas ideias. É o momento de avaliar o texto, relacionando-o com outros sobre o mesmo tema – caso o aluno já tenha lido bastante sobre o assunto, será capaz, inclusive, de inserir o texto em determinada escola de pensamento ou corrente filosófica, por exemplo. Também é preciso ler o que está nas entrelinhas, identificando não só o que está explícito, mas o que está subentendido. Introdu誽o ?Ead 35 SAIBA MAIS: Pesquise por textos que diferenciem e exemplifiquem informações explícitas e implícitas (também chamadas de pressupostos). O leitor finalmente adota uma posição pessoal sobre aquilo que leu, e se torna preparado para elaborar seu próprio texto crítico. Lakatos e Marconi (2019, p. 14) propõem um esquema para diferenciar os três tipos de análise: Análise textual: • Leitura rápida de todo texto para obter uma visão global, assinalando palavras desconhecidas e dúvidas. • Encontrar o significado das palavras e dirimir dúvidas. • Formar um esquema, visando à estrutura redacional. • Análise temática: • Releitura para apreender o conteúdo. • Nova leitura para separar ideias centrais das secundárias. • Verificar a correlação entre elas, seu modo e forma. • Procurar respostas para as questões: sobre o que versa este texto? O que influi para lhe dar uma unidade global? • Reconhecer o processo de raciocínio do autor. • Redigir um esquema que revele o pensamento lógico do autor. • Análise interpretativa e crítica: • Correlacionar as ideias do autor com outras sobre o mesmo tema. • Realizar uma crítica fundamentada em argumentos válidos, lógicos e convincentes. • Fazer um resumo para discussão. O que as autoras fizeram acima, ao esquematizar as espécies de análise textual, é um exemplo do que pode ser feito na primeira etapa da leitura. Na realidade, as etapas para ler um texto se parecem muito e você pode decidir qual vai seguir durante seus anos de estudo – quem sabe testar essas e outras. Não há problema, pois todos esses processos 36 Introdução à Ead de leitura têm o objetivo em comum de transformar o leitor em alguém crítico sobre o assunto, de modo que também seja capaz de produzir ciência. SAIBA MAIS: Leia este artigo sobre leitura, níveis de leitura, espécies de análise de texto: http://www.filologia.org.br/xv_cnlf/tomo_2/144.pdf. Uma nota sobre a leitura na educação a distância O aluno da educação a distância estará em constante contato com os mais diversos tipos de texto: o material didático, elaborado em linguagem dialógica – e às vezes até mesmo redundante – para que a compreensão seja garantida. Assim como com o enunciado das atividades, que procuram explicar de maneira detalhada o que deve ser feito, sem espaço para dúvidas; como as postagens no fórum de discussão, escritas pelos colegas de curso, que podem trazer uma linguagem menos formal; além das orientações de tutores e professores; os avisos da coordenação de curso; o manual de utilização do ambiente virtual de aprendizagem e o manual de formatação de trabalhos acadêmicos, dentre outros. Espera-se que o aluno consiga apreender o que é oferecido a ele e também que seja capaz de pesquisar em outras fontes a fim de aumentar seu conhecimento. Então, aproveite a oportunidade para também fazer uma auto avaliação de como está a sua leitura. Um checklist simples pode te ajudar. Ao final de cada unidade, responda: Introdu誽o ?Ead 37 Quadro 3 – Checklist de aproveitamento da unidade. Fonte: as autoras. Checklist – Aproveitamento da unidade Consegui realizar a leitura dos textos base de forma eficiente? Acessei o material complementar indicado na unidade (Saiba Mais, Acesse...)? Procurei me aprofundar nos conteúdos buscando outros materiais que não estavam indicados (outros textos, vídeos, podcasts)? Realizei os exercícios com atenção e comprometimento? Fiz anotações ou um resumo do conteúdo da unidade? Todas essas ações vão ajudar na retenção do conteúdo, tema do próximo capítulo. SAIBA MAIS: Leia e realize os exercícios desta aula sobre leitura: https://bit.ly/2y8C08A RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Neste capítulo você aprendeu a analisar um texto sob outra perspectiva, diferente da abordada nos capítulos anteriores. Conferiu o que é uma análise textual e conheceu três espécies dela: textual, temática e interpretativa. 38 Introdução à Ead Elaboração de sínteses OBJETIVO Ao término deste capítulo você será capaz de elaborar uma síntese de modo a auxiliar na retenção dos conteúdos. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Retenção e capacidade de síntese Até aqui trabalhamos aspectos relacionados à leitura: seus estágios e como proceder em cada etapa. Porém, um questionamento pode ser feito: passar por esses estágios garante a retenção do conteúdo? A retenção do conteúdo diz respeito ao armazenamento daquilo que foi lido, com o objetivo de aplicar esse conhecimento na realidade que nos cerca. É precisodizer, também, que reter o conteúdo não é a mesma coisa que decorar o conteúdo. REFLITA: Lembra-se de seus tempos de escola, quando tentava decorar o conteúdo e, na hora da prova, dava aquele branco? Ou ainda, quando você conseguia decorar o conteúdo para a prova, mas depois dela esquecia tudo? Você lembra algumas fórmulas matemáticas que utilizava na escola, mas que hoje não sabem nem para que servem? E as músicas que os professores ensinavam para decorar alguns nomes da biologia, como as funções das partes da célula? Introdu誽o ?Ead 39 Para alcançar a retenção existem técnicas, tais como: recitar o texto; copiar partes dele; utilizar sinais gráficos como setas, marcação de cores, grifos para destacar as partes mais importantes; associação de ideias; leitura dinâmica; entre outros. Uma busca na internet resultará em vários textos sobre essas técnicas. Mas, cuidado! Nem tudo é comprovado cientificamente. Escolhemos uma dentre essas técnicas, a qual é considerada efetiva para a retenção de conteúdos e muito utilizada no contexto científico: a elaboração de síntese ou resumo. Resumir significa: abreviar, sintetizar, condensar, reduzir, restringir. Certamente você já leu um resumo de filme ou de livro, isso faz parte do nosso dia a dia. No contexto acadêmico, procuramos resumos de artigos ou livros que possam nos auxiliar em nossos estudos. O resumo acadêmico é, inclusive, uma das partes obrigatórias das produções científicas. É por meio deles que os estudantes podem ter rápido acesso aos temas para verificar se o artigo é relevante para seu trabalho. O objetivo do resumo é fazer uma redução do texto original, mantendo as ideias principais do texto e descartando o que é secundário. Segundo Platão e Fiorin (2007, p. 420), o resumo é uma condensação fiel das ideias ou dos fatos contidos no texto. Resumir um texto significa reduzilo ao seu esqueleto essencial sem perder de vista três elementos: cada uma das partes essenciais do texto; a progressão em que elas se sucedem; a correlação que o texto estabelece em cada uma dessas part es. Na opinião dos autores, “quem resume deve exprimir, em estilo objetivo, os elementos essenciais do texto. Por isso não cabem, em um resumo, comentários ou julgamentos ao que está sendo condensado” (PLATÃO; FIORIN, 2007, p. 420). 40 Introdução à Ead Figura 5 – O resumo é a condensação fiel das ideias do texto Fonte: Freepik Mas resumir não significa recortar partes do texto original e reproduzi-las ipsis litteris no seu novo texto. Platão e Fiorin (2007, p. 420) lembram que “a colagem de fragmentos do texto original não é um resumo. Resumir é apresentar com as próprias palavras os pontos relevantes de um texto”. Sendo assim, o resumo será um novo texto, escrito com as palavras do autor, que é você. Etapas de elaboração de um resumo Segundo Cereja e Cochar (2009, p. 55), “para produzir um resumo, é necessário trabalhar com um processo mental chamado sumarização. Esse processo consiste em eliminar informações secundárias, que são aquelas que explicam, exemplificam ou reforçam informações já dadas”. Os autores lembram ainda que “é necessário utilizar conectivos ou elementos de coesão” para “amarrar” o texto. É importante lembrar também que o texto do resumo deverá fazer sentido para quem não leu o texto original. Introdu誽o ?Ead 41 Fonte: Freepik Figura 6 – O texto do resumo deve ser redigido com as próprias palavras de quem o escreve. O grau de dificuldade para resumir um texto, segundo Platão & Fiorin (2007), vai depender da complexidade do texto a ser resumido (dependendo do quão elaborado ele é) e da competência do leitor (do entendimento que ele teve do texto). Observe a seguir as etapas indicadas pelos autores para elaborar um bom resumo: 1. Ler o texto ininterruptamente, do começo ao fim. Já vimos que um texto não é um aglomerado de frases: sem ter noção do conjunto, é mais difícil entender o significado preciso de cada uma das partes. Essa primeira leitura deve ser feita com a preocupação de responder genericamente à seguinte pergunta: do que trata o texto? 2. Uma segunda leitura é sempre necessária. Mas esta, com interrupções, com o lápis na mão, para compreender melhor o significado de palavras difíceis (se preciso, recorra ao dicionário) e para captar o sentido de frases mais complexas (longas, com inversões, com elementos ocultos). Nessa leitura, deve-se ter a preocupação 42 Introdução à Ead sobretudo de compreender bem o sentido das palavras relacionais, responsáveis pelo estabelecimento das conexões (assim, isto, isso, aquilo, aqui, lá, daí, seu, sua, ele, ela etc.). 3. Num terceiro momento, tentar fazer uma segmentação do texto em blocos de ideias que tenham alguma unidade de significação. Ao resumir um texto pequeno, pode-se adotar como primeiro critério de segmentação a divisão em parágrafos. Pode ser que se encontre uma segmentação mais ajustada que a dos parágrafos, mas como início de trabalho, o parágrafo pode ser um bom indicador. Quando se trata de um texto maior (o capítulo de um livro, por exemplo), é conveniente adotar um critério de segmentação mais funcional, o que vai depender de cada texto (as oposições entre os personagens, as oposições de espaço, de tempo). Em seguida, com palavras abstratas e mais abrangentes, tenta-se resumir a ideia ou as ideias centrais de cada fragmento. 4. Dar a redação final com suas palavras, procurando não só condensar os segmentos, mas encadeá-lo na progressão em que se sucedem no texto e estabelecer as relações entre eles. (PLATÃO & FIORIN, 2007, p. 421) No contexto acadêmico, procuramos resumos de artigos ou livros que possam auxiliar em nossos estudos. O resumo acadêmico é, inclusive, uma das partes obrigatórias das produções científicas. É por meio deles que os estudantes podem ter rápido acesso aos temas para verificar se o artigo é relevante para seu trabalho. O resumo acadêmico vem sucedido por palavras-chave, que ajudam os estudantes na busca por temas que lhes interessem. Leia, como exemplo, o resumo do artigo “Leitura e EAD: diferentes suportes, diferentes modos de ler”, de Quadros e Dias (2017, p. 1): RESUMO Os modos de ler vêm se transformando no decorrer da história nas diferentes sociedades. Isso porque há mudanças no contexto, nas necessidades do ser humano, Introdu誽o ?Ead 43 nos objetivos da leitura, nos suportes, na sociedade. O fato é que, ainda que haja profundas transformações nos suportes de leitura e nos modos de ler, o ser humano sempre leu algo e, para tanto, necessitou de determinadas habilidades leitoras. Isso porque a leitura é uma necessidade. Frente ao universo digital, encontra-se a realidade do estudante do ensino a distância. E enquanto espaço de formação de leitores inserido na sociedade, a EAD também apresenta desafios nos modos de ler. O estudante dessa modalidade precisa ler textos, ícones, hipertextos, hiperlinks e demais itens que compõem o ambiente virtual de aprendizagem disponíveis no computador, tablet, celular, e estes são os suportes de leitura. Cabe destacar que os leitores dessa modalidade de ensino, também necessitam de habilidades leitoras para ser leitores eficientes. Frente a essa reflexão, o presente artigo tem como objetivo tecer olhares sobre o contexto atual da leitura e o modo de ler do estudante da modalidade ensino a distância, visto que, este tem acesso a um ambiente virtual de aprendizagem. O estudante da EaD tem, enquanto leitor, o desafio de ler em um suporte digital, que proporciona a navegação por hipertextos, hiperlinks e hipermídias, bem como uma experiência de leitura que traz o entrelace entre a palavra, a imagem e o som. Esse aluno, para ter acesso pleno à leitura em suporte virtual, deverá desenvolver certas habilidades leitoras, conforme afirmam teóricos como Manguel, Santaella, Murray, Coscarelli e Marcuschi. E é sobre o contexto da educação a distância, a relação entre leitura e os estudantes de EaD e habilidades leitoras que versará o presente artigo. Palavras-chave: Leitura. Educação a distância. Habilidades leitoras. Se o pesquisador estiver estudandoa importância da leitura para os alunos de EAD, este artigo certamente será relevante para o seu trabalho.__ Os principais conceitos da educação a distância OBJETIVO Ao término deste capítulo, você estará por dentro do significado de alguns termos relacionados à educação a distância. É muito importante que você entenda esses termos, pois vai se deparar com eles a todo o momento a partir de agora. Vamos lá? Breve histórico da Educação a Distância no Brasil Antes de falarmos sobre a história da Educação a Distância (EaD) em nosso país, vamos tratar do conceito de educação e a sua importância. Para você, o que significa educação? Você já se questionou à respeito? Vamos refletir um pouco sobre isso. A educação se constitui um direito fundamental dos seres humanos e há vários documentos que atestam isso ao redor do mundo. Voltando à definição de educação, Giusta (2003, p. 26) nos diz que a educação é o “processo de formação humana, cujas finalidades podem ser resumidas no preparo do aluno para o exercício da cidadania”. Há outras definições sobre educação, mas o nosso objetivo, nesta unidade, é apresentar a educação a distância. Então, é importante que você saiba que, antes de tudo, a Educação a Distância é Educação. Conforme lembram Sousan e Arafen (2010), a definição tradicional que conhecemos de Educação a Distância apresenta pelo menos quatro componentes: a educação (ensino e aprendizagem), a divergência geográfica ou temporal, um meio de transmissão (tecnologia) e as informações ou conteúdos de comunicação. Ou seja, a educação a distância é uma modalidade de ensino mediada por tecnologias. 12 Introdução à Ead VOCÊ SABIA Saiba que essa é uma modalidade de ensino que não é recente no país. Os fatos históricos indicam que o primeiro marco da EaD no Brasil ocorreu no início do século XX e que a principal tecnologia empregada era o papel, depois veio a rádio e posteriormente a televisão (ALVES, 2009). Você conhece ou já ouviu falar de alguém que tenha estudado nessa época? Que tal perguntar aos seus parentes se eles tiverem acesso a essa modalidade de ensino e realizar uma comparação com a EaD executada atualmente? A partir da década de 1970 até o final da década de 1980, houve uma diminuição do ritmo de crescimento da EaD no Brasil. Não podemos negar que o grande impulso para a expansão da EaD foi a popularização de algumas tecnologias, tais como o rádio, o VHS, o DVD, e o computador e a internet, mais recentemente. A partir de 1990 e com o aumento das políticas de acesso e inclusão ao ensino superior, houve um aumento bem significativo no que se refere ao acesso a essa modalidade de ensino. Você já teve a oportunidade de estudar a distância anteriormente? Conhece alguém que já tenha tido essa oportunidade? Se você nunca teve a oportunidade de estudar a distância, saiba que, agora, faz parte dos milhões de alunos que se matriculam nessa modalidade todo ano. No último Censo da ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância, constatou-se que somente em 2018, mais de 4 milhões de alunos se matricularam em cursos totalmente a distância e semipresenciais (ABED, 2019). Esse número tem aumentado a cada ano, pois essas pessoas estão buscando aprimoramento profissional, ao mesmo tempo em que precisam conciliar o tempo com o trabalho e os compromissos pessoais. Nem todas as pessoas conseguem frequentar cursos presenciais, seja pela carga horária exigida pela profissão que exercem, seja porque não existem instituições de ensino nos locais onde vivem. Os cursos a distância, portanto, tornam-se uma possibilidade de formação para os mais variados perfis de alunos. Introdução à Ead 13 Não só nos ambientes acadêmicos, mas também em empresas a educação a distância representa uma nova forma de capacitação, que permite otimizar o tempo e seguir com uma rotina de estudos que melhor se adapte a cada realidade. Vamos pensar na seguinte situação: pessoas que trabalham num regime de trabalho 12 x 36, isto é, trabalham 12 horas seguidas e folgam 36 horas seguidas, assim sucessivamente. Para esses trabalhadores, seria complicado manter uma rotina de ir até uma faculdade todos os dias. Por outro lado, têm horas de descanso que poderiam ser utilizadas para seu aprimoramento profissional. Pense também em uma mãe que acabou de ter um filho e quer continuar estudando. Ela pode conciliar o cuidado com o bebê e reservar algumas horas de estudo por dia para ler, realizar atividades e interagir com outros alunos, tudo on-line. Agora pense em alguém que mora numa cidade muito pequena, que não possui instituição de ensino superior. Ela teria que mudar de cidade e deixar sua família em busca de formação. Porém, se tiver um computador e acesso à internet, pode fazer sua graduação em casa, dirigindo-se a um polo presencial somente nas ocasiões em que deve realizar as provas. Isso acontece com muitos alunos que vivem nas regiões norte e nordeste, ou em locais afastados das capitais, desprovidos de faculdades. Outro exemplo são as pessoas com dificuldade de locomoção, como idosos ou cadeirantes. Para eles, torna-se mais confortável estudar em casa, onde têm a infraestrutura necessária que muitas vezes não encontram ao se deslocarem pela cidade. Além dessas realidades apontadas anteriormente, a EaD também tem sido utilizada em ambientes corporativos e públicos como forma de qualificar os seus trabalhadores. Porém, mesmo sendo uma modalidade de ensino com aspectos bem positivos, é alvo de diversas críticas, tais como o isolamento dos alunos e a falta do relacionamento interpessoal no processo de ensino e aprendizagem, ou ainda a ideia de que é uma modalidade mais fácil e que não requer comprometimento do aluno, já que ele realiza apenas algumas atividades pelo computador. Não se pode negar que a educação a distância é uma das responsáveis pela democratização do ensino em nosso país, pois 14 Introdução à Ead chegou aos locais onde a educação presencial ainda não tinha chegado ou chegou mais tardiamente com a interiorização do ensino superior. O crescimento exacerbado da oferta de cursos e do número de matrículas no Brasil fez com que mesmo as instituições de ensino mais tradicionais refizessem seu planejamento para incluir disciplinas a distância e cursos de extensão em seus currículos, a fim de atender à demanda dos alunos. Hoje é possível aprender uma língua estrangeira ou programação, aprofundar-se em assuntos específicos dos mais variados temas, preparar-se para processos seletivos e receber treinamento operacional utilizando-se dessa modalidade de ensino. Percebemos que a EAD virou uma realidade concreta e presente não apenas no ambiente acadêmico, mas também no corporativo, empresarial e de qualificação profissional. Um aspecto que merece destaque é que as mensalidades dos cursos a distância tendem a ser inferiores às dos cursos presenciais, e o aluno também evita os gastos com deslocamento e alimentação fora de casa. Esse é outro ponto positivo que tem levado as pessoas a se interessarem pela modalidade, além do tempo que se deixa de perder no trânsito, por exemplo. Mas quando essa ideia teve início no Brasil? Você já parou para pensar sobre isso? A modalidade de ensino a distância não é nova no nosso país. O primeiro curso por correspondência no país, de Datilografia, data de 1904, ofertado em jornal. Esse tipo de curso contava com um material impresso que era enviado ao aluno pelo correio. SAIBA MAIS Dependendo da geração da qual você faz parte, talvez nem saiba o que é datilografar. Pois bem, aqui temos mais um exemplo de ponto positivo da EAD: você pode agora mesmo, procurar textos ou vídeos na internet sobre a profissão do datilógrafo, muito comum algumas décadas atrás. Introdução à Ead 15 Os cursos por correspondência tinham como objetivo capacitar o aluno para uma profissão, diferentemente do cenário atual, em que há cursos a distância nos mais diversos níveis, desde o ensino fundamental até programas de pós-graduação. Na década de 1920, era possível estudar escutando a rádio, que ganhava cada vez mais espaço nas casas dosbrasileiros. Com a ajuda de um material impresso, os alunos podiam estudar línguas estrangeiras e aprimorar o português. Tal formato de ensino não durou muito tempo. A partir das décadas de 1960 e 1970, era muito comum acompanhar na televisão os telecursos, que traziam temas da educação básica explicados por atores. SAIBA MAIS Várias dessas aulas foram exibidas até o ano de 2014 e estão disponíveis na internet. Acesse o link http://www.telecurso.org.br/ para conhecer mais sobre o programa e para assistir às teleaulas. Um grande marco com relação ao ensino a distância foi a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, pois trouxe regras para essa modalidade de ensino. E m seu artigo 8 está postulado que: Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. § 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância. § 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. [...] (BRASIL, 1996). 16 Introdução à Ead Na mesma década, com o acesso à internet, os conteúdos começaram a ser ofertados on-line, porém, para uma parcela pequena da população. Hoje, no Brasil, há mais alunos matriculados em cursos a distância do que em presenciais. SAIBA MAIS Se você tiver interesse de saber mais da legislação sobre Educação a Distância, consulte o portal do MEC, no link: https://bit.ly/2xylRZJ Lá você terá acesso às principais leis e portarias voltadas para a EaD no Brasil. Perceba que a educação a distância é uma realidade nos ambientes escolares, acadêmicos e corporativos. Faz parte do dia a dia de milhões de brasileiros e possibilita o acesso à educação de uma forma mais dinâmica e compatível com as necessidades dos alunos. Nos capítulos seguintes, você vai entender como funcionam as engrenagens da educação a distância. Modalidades Agora iremos estudar sobre as modalidades de ensino. Ao apresentarmos as modalidades de educação, tradicionalmente, apontamos os traços definidores de cada uma delas. Ao longo de sua trajetória educacional você já teve contato com alguma delas. Vamos conhecê-las ou rememorá-las. Existem três modalidades de ensino com as quais você pode ter contato ao longo de sua vida: o ensino presencial, a 100% EaD e a semipresencial. O Ensino presencial É o ensino com o qual estamos mais acostumados, pois frequentamos a escola desde pequenos. Há espécies diferentes de ensino presencial, algumas mais tradicionais, com fileiras de carteiras Introdução à Ead 17 onde se sentam os alunos e o quadro negro na frente da sala, que o professor utiliza para passar o conteúdo. Outras que trazem abordagens mais contemporâneas, como uma estrutura com mesas redondas em que os alunos sentam em equipes e não há presença do quadro negro e do professor na frente da sala, mas atuando como mediador na pesquisa desenvolvida pelos alunos. Tanto um como o outro processo de ensino e aprendizagem explicados anteriormente pressupõe o deslocamento do aluno até a instituição de ensino e a socialização presencial com os demais colegas. Figura 1 – No ensino presencial, o aluno vai até a instituição de ensino. Fonte: Freepik Vejamos a seguir os aspectos positivos e negativos com relação a essa modalidade de ensino. • Pontos positivos: mais interação entre alunos e professores, possibilidade de sanar dúvidas na hora da aula. • Pontos negativos: para os alunos mais tímidos, pode ser difícil realizar essa interação ou mesmo fazer questionamentos ao professor; 18 Introdução à Ead tempo de deslocamento e gastos com transporte e alimentação; distração (nem sempre o aluno está focado ou disposto). Porém, é importante que você saiba que, diante do avanço das tecnologias da informação e da comunicação, o ensino presencial pode ser mediado pela tecnologia. Mas, você saberia dizer o que significa mediação e tecnologia? Esses são dois conceitos fundamentais na área da educação a distância. Para que possa ocorrer a aprendizagem nessas modalidade de ensino, terá que ocorrer a mediação, que se dará por meio da tecnologia. Mas esses são assuntos os quais veremos um pouco mais a frente. Vamos seguir no tópico seguinte falando sobre o Ensino 100% EaD. Ensino 100% EaD Nesta modalidade, o processo de ensino e aprendizagem se dá por meio de tecnologias, e o aluno não vai até a instituição de ensino, mas apenas para realizar algumas atividades avaliativas. Os professores, alunos e tutores estão separados no que se refere ao espaço e ao tempo. Mas o que significa isso? Você conseguiu compreender? Isso significa que os atores envolvidos nessa modalidade de ensino não estão presentes fisicamente, como na modalidade anterior. Eles estão separados espacialmente e temporalmente, o que é algo bem característico dessa modalidade de ensino. Então, como superar esse desafio e como se adaptar a essa nova realidade? Você já se questionou sobre isso? Esses são pontos sobre os quais iremos conversar nos tópicos seguintes desta unidade. Introdução à Ead 19 Figura 2 - No ensino 100% EAD o processo de ensino e aprendizagem é mediado pelas tecnologias. Fonte: Freepik Na modalidade 100% EAD, o aluno estuda e faz as atividades no computador (também é possível estudar em tablets ou smartphones), que pode estar em sua casa, trabalho ou em um polo de ensino. Mas o que seria um polo ? O polo é o local onde o aluno fará as avaliações, receberá orientações dos tutores presencialmente, utilizará os laboratórios de informática (laboratórios específicos a depender da disciplina) e biblioteca. Ao ter a oportunidade, não deixe de ir ao polo para interagir com os seus colegas e para usufruir de tudo o que a sua instituição lhe fornece. Muitos alunos da EAD se dirigem ao polo somente para realizar as avaliações que têm maior peso quantitativo na disciplina, geralmente elaboradas em formato de provas escritas. A instituição de ensino oferece os materiais de estudo (textos escritos, e-books, videoaulas, podcasts, biblioteca virtual) dentro de um ambiente virtual. É por meio desse ambiente que o aluno também interage com os outros estudantes, tutores e professores e realiza as atividades. 20 Introdução à Ead • Pontos positivos: acesso à educação de qualquer lugar do país em que haja uma rede disponível de internet (democratização do ensino), inclusive para pessoas com dificuldade de locomoção, inclusão digital, grande oferta de cursos de graduação e pós-graduação, possibilidade de gerenciar o tempo de estudo e trilhar um caminho personalizado de aprendizagem, gastos menores com mensalidade, otimização do tempo e flexibilização de horários, de modo a conciliar os estudos com outros compromissos pessoais e profissionais. • Pontos negativos: menos interação presencial com professores e alunos, isolamento nos períodos de estudo, dispersão por estar em um ambiente on-line, necessidade de mais responsabilidade e disciplina para com os estudos, impossibilidade de solucionar dúvidas com os professores e alunos na hora, dependência constante de conexão com internet. Como trata-se de um sistema de ensino novo, para muitas pessoas, é necessário acostumar-se com ele. Diante do que vimos anteriormente, é fundamental que o aluno desta modalidade estabeleça sua rotina de estudos para que o aprendizado seja proveitoso e que diante dos desafios que surgirem ele procure alternativas e meios para superá-los. Ensino Semipresencial Também chamado de ensino híbrido, é uma proposta que mistura atividades presenciais e a distância. Geralmente, a parte teórica é disponibilizada em um ambiente virtual, assim como no ensino 100% a distância, mas as atividades práticas e vivênciassão realizadas presencialmente, na maioria das vezes em grupos, com a presença de todos os inscritos no curso. São comuns, neste formato, os cursos que requerem alguma prática, tais como gastronomia, cursos que têm aulas em laboratório, clínicas ou estágio obrigatório. Introdução à Ead 21 Figura 3 – No ensino híbrido o aluno alt erna momentos de estudo no ambiente virtual com atividades presenciais mediadas pelos professores. Fonte: Freepik Conforme aponta Tori (2009, p. 121), Dois ambientes de aprendizagem que historicamente se desenvolveram de maneira separada, a tradicional sala de aula presencial e o moderno ambiente virtual de aprendizagem, vêm se descobrindo mutuamente complementares. O resultado desse encontro são cursos híbridos que procuram aproveitar o que há de vantajoso em cada modalidade, considerando contexto, custo, adequação pedagógica, objetivos educacionais e perfis dos alunos. Até mesmo em algumas escolas já existe a tentativa de implementar a sala de aula invertida, metodologia que prevê que os alunos estudem em casa os conteúdos curriculares e compareçam à escola para tirar dúvidas e realizar atividades em grupos. 22 Introdução à Ead SAIBA MAIS Assista ao vídeo sobre sala de aula invertida em: https://bit.ly/2vT5cjj A seguir iremos apresentar os pontos positivos e os negativos da modalidade de ensino semipresencial. É importante que você leia-os e perceba que serão necessárias que você cumpra alguns horários e estabeleça uma nova rotina. • Pontos positivos: acesso à infraestrutura da instituição ou polo de ensino (laboratórios, bibliotecas), grande oferta de cursos de graduação e pós-graduação, otimização do tempo, inclusão digital, troca de experiência com professores e alunos de maneira presencial, exploração de habilidades e competências como a oralidade e resolução de conflitos por meio de debates, tempo personalizado para se dedicar à leitura da parte teórica e assistir às videoaulas, quando houver. • Pontos negativos: horários fixos para a realização das atividades presenciais, gastos com deslocamento e alimentação, pessoas mais introspectivas podem não se sentir à vontade para realizar os trabalhos propostos presencialmente. É muito comum, tanto no ensino 100% EAD como no semipresencial, a disponibilidade de acesso a bibliotecas virtuais com grande acervo de obras sobre os temas estudados. Muitas dessas bibliotecas só podem ser acessadas pelos alunos matriculados nos cursos. A economia que o aluno tem com relação à compra de livros, impressões e fotocópias (muito comuns no ensino presencial) é bastante significativa, pois nessas modalidades, o conteúdo deve estar disponível para o aluno de modo que ele possa acessá-lo integralmente on-line. A inclusão digital é outro ponto positivo nas modalidades EAD e semipresencial. Ainda que nem todos os brasileiros possuam computadores ou acesso à internet (segunda a pesquisa TIC Domicílios realizada em 2018, 70% têm acesso à internet em computadores ou celulares, e há um aumento significativo desse acesso por parte das classes D e E), o ensino a distância torna-se a melhor possibilidade para um número muito grande de pessoas no país. Dessa maneira, configurase uma oportunidade de incluir digitalmente os cidadãos. Introdução à Ead 23 TICs é a sigla para Tecnologias da Informação e Comunicação, isto é, o conjunto de recursos integrados de tecnologia que são utilizados para mediar a comunicação e a informação. As TICs facilitam o acesso à educação por meio da disseminação de informações, permitindo a comunicação nos mais diversos meios. Segundo Formiga (2009, p. 39), A EAD está intrinsecamente ligada às TICs por se constituir setor altamente dinâmico e pródigo em inovação, que transforma, moderniza e faz caducar termos técnicos e expressões linguísticas em velocidade alucinante. A sociedade da informação e do conhecimento reflete-se na EAD pela apropriação célere dos conceitos e inovações, que moldam a mídia e se r efletem na própria EAD. SAIBA MAIS Leia o artigo sobre as TICs na educação: SILVA, R. F. da.; CORREA, E. S. Novas tecnologias e educação: a evolução do processo de ensino e aprendizagem na sociedade contemporânea. Disponível em: https://bit.ly/3azJKi8 Conforme lembra Dias (2011, p. 80-81), O que há de revolucionário na internet não é ela permitir a comunicação em rede. A comunicação em rede sempre existiu desde que os homens começaram a se relacionar em grupos e em comunidades. Por serem flexíveis e adaptáveis, as redes têm grandes vantagens sobre as estruturas hierarquizadas. E por isso se expandiram na sociedade e na economia. Seus limites, no entanto, eram definidos pela dificuldade de coordenar funções, de concentrar recursos para determinados objetivos e mesmo de realizar tarefas, dependendo do tamanho da rede. As tecnologias de informação e comunicação, sobre as quais se baseia a internet, deram novo impulso ao desenvolvimento das redes, pois puseram por terra os 24 Introdução à Ead seus limites naturais ao permitirem o gerenciamento de tarefas e a administração da complexidade. (Cf. CASTELLS, 2003, p. 7-8) A internet, portanto, consegue potencializar essa comunicação em rede, fazendo com que atinja um nível global pelo fato de os computadores estarem interconectados. Continua Dias (2011, p. 81): [...] E, ao criar esse ambiente de comunicação interconectada, permite que todo cidadão que tenha acesso a ele possa trocar informações, pesquisar conteúdos dos mais diferentes tipos e procedências, participar de redes sociais, baixar e subir arquivos, participar de produções em rede, remixar e recriar conteúdos armazenados na rede, enfim, se relacionar, se divertir e produzir nesse novo ambiente. A partir desses pressupostos, a inclusão digital torna-se, portanto, uma forma de inclusão social. É importante lembrar, também, que muitos alunos que não teriam acesso ao ensino superior estão conseguindo um diploma de graduação. Talvez seja esse o principal ponto positivo da educação a distância no Brasil, um país com grandes abismos sociais. Ambientes virtuais de aprendizagem Agora vamos estudar sobre os ambientes virtuais de aprendizagem, os mais conhecidos como AVAs. Você já utilizou algum AVA? Qual foi a sua experiência? Você se recorda? Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) são softwares que hospedam e auxiliam a produção e disponibilização dos materiais didáticos na internet para que você, aluno(a) na modalidade EaD, tenha acesso. Dentre os mais conhecidos ambientes de aprendizagem estão o Moodle, TelEDuc, E-Proinfo, BlackBoard. Caso você tenha utilizado algum AVA poderá ter se deparado com algum desses mencionados anteriormente. O layout e interface deles são diferentes, mas possuem basicamente as mesmas funcionalidades. Os AVAS são ferramentas que minimizam a sensação de isolamento e que, se utilizadas de maneira correta, de forma sistemática, Introdução à Ead 25 contribuem de maneira significativa para a aprendizagem e a interação com os professores e demais colegas. Ao se matricular num curso a distância – e, quando usamos o termo “a distância”, estamos nos referindo, neste material, às modalidades 100% EAD e semipresencial –, o aluno é direcionado a um ambiente virtual em que encontrará todos os materiais e recursos necessários para realizar os seus estudos. O AVA também é utilizado como apoio ao ensino presencial. É comum, por exemplo, que os professores do ensino presencial usem o AVA como repositório de material, e que se utilizem dele até mesmo para receber trabalhos e realizar provas. Mas é no ensino 100% EAD e semipresencial que ele ganha maior importância, pois será por meio dele que todo o processo de ensino aprendizagem se dará. Então, é fundamental que você, aluno(a) da EaD, conheça o seu ambiente virtual de aprendizagem e as suas funcionalidades. Além de ajudar os profissionais envolvidos na produção de conteúdos, os AVAs permitem que professores organizem os materiais de maneira didática e acompanhem o progresso dos seus alunos, oferecendo recursos como relatórios de acesso e tempo utilizado pelosparticipantes do curso, gráficos comparativos, divisão dos alunos em grupos, sistema de registro de notas, entre outras funções. É bastante simples fazer a gestão dos estudantes por meio desses recursos, uma vantagem aos professores, que antes precisavam fazer a chamada e registrar as notas à caneta em papel. Algumas ferramentas facilitam a comunicação dos professores e tutores com os seus alunos. Nos ambientes virtuais, há espaços para chats, videoconferências, mensagens privadas e fóruns de discussão, importantes canais de comunicação nessa modalidade de ensino. Vale lembrar aqui, que os alunos estarão longe dos professores e tutores, mas devem ter fácil e rápido acesso a esses canais de comunicação para sanar dúvidas. 26 Introdução à Ead Figura 4 – Os ambientes virtuais contêm muitos recursos que auxiliam o aluno em seu processo de aprendizagem. Fonte: Freepik O estudante também pode fazer uso desses recursos, os quais o auxiliam na gestão de seus estudos. Configurar o software para que o avise sobre o prazo de entrega de uma atividade é uma das muitas possibilidades que um AVA oferece. Os AVAs integram as Tecnologias de Informação e Comunicação em um só ambiente, contribuindo assim, para a disseminação de informação e facilidade de comunicação entre os seus usuários, e ainda para a construção coletiva do conhecimento, já que permitem o compartilhamento de ideias. Dentro desses ambientes, os estudantes têm acesso aos materiais selecionados por professores especialistas na área, realizam as atividades propostas sobre os conteúdos trabalhados, participam de debates, tendo a possibilidade ainda, de acompanhar o seu progresso e a sua performance por meio de relatórios de atividades. Tudo isso é feito no computador ou mesmo no celular. Alguns Introdução à Ead 27 ambientes virtuais possuem aplicativos que permitem a sua utilização em smartphones. Mediação Você sabe o que é mediação ? Este é outro conceito importante para quem está envolvido com educação a distância. De acordo com a definição do Dicionário Michaelis, mediação é o ato de servir como intermediário entre pessoas, grupos, com o objetivo de sanar dúvidas ou resolver conflitos. No que se refere à educação, essa mediação se configura uma atividade interposta entre o aluno e o conhecimento. Quem exerce esse papel de mediador na EAD é o tutor, por meio das TICs. É ele que faz a ponte entre o aluno e o professor, ou o aluno e a coordenação de curso, caso haja alguma dúvida ou problema cuja solução não esteja ao seu alcance. Para isso, são utilizados os recursos do próprio ambiente virtual, tais como e-mail, fóruns, chats e web conferências. É essencial que haja uma mediação efetiva para que o aluno consiga com sucesso realizar tudo aquilo que é esperado no curso, desenvolvendo as competências e habilidades necessárias à sua formação. Como afirma Longo (2009, p. 219): A qualidade dos cursos à distância depende, em grande parte, da qualidade da tutoria. Assim, a seleção, a capacitação, o acompanhamento e a avaliação dos professores-tutores são considerados atividades estratégicas. Na prática, essa tradas, na capacidade de organizar e orientar didaticamente o processo de ensinoaprendizagem a distância e na utilização das ferramentas tecnológicas que servirão de instrumento ao professor. Mas qual seria, então, o papel de cada uma das pessoas envolvidas na EAD? Qual a diferença entre tutor e professor? E o aluno, é responsável pelo quê? Vamos conferir a seguir. 28 Introdução à Ead Aluno Vamos iniciar este tópico com um questionamento. Segundo Palloff e Pratt, (2004) os cursos e programas on-line não foram feitos para todo mundo. Por quê? Vamos refletir sobre isso. Estudar sem a presença do professor e dos colegas desafia o aluno a superar as suas limitações pessoais e a desenvolver sua capacidade de aprender autonomamente, de aprender a aprender. Você já pensou sobre isso? Você já se questionou sobre o quanto é desafiador ser um estudante da EaD e quanto a ideia de ela ser uma modalidade de ensino fácil não é correta? Perceba que você tem um papel fundamental com relação à sua aprendizagem e que, por isso, você é o protagonista nessa modalidade de ensino. Figura 5 – O aluno na educação a distância é o pr otagonista no processo de ensino e aprendizagem. Fonte: Freepik Introdução à Ead 29 Na educação a distância, o aluno é o personagem principal no processo de aprendizagem, pois toma a iniciativa e elabora um caminho a ser seguido para apreender o que está previsto no currículo e no cronograma da disciplina e desenvolver competências e habilidades necessárias à sua formação. Além das motivações já apresentadas que levam uma pessoa a escolher a modalidade de ensino a distância, podemos apontar algumas características do aluno da EAD: • Está sozinho e, portanto, é responsável por gerir os seus estudos; • Precisa de organização, dedicação, compromisso e disciplina para dar conta de todas as tarefas propostas; • Lê o conteúdo, assiste aos vídeos, participa dos fóruns e realiza as atividades no seu ritmo (ao contrário do que acontece no ensino presencial, em que o professor dá o ritmo a partir do coletivo) e, portanto, pode voltar para reler o que não ficou claro, refazer os exercícios, planejar suas interações; • Interage com alunos e professores nos ambientes virtuais e, portanto, deve saber de que maneira fazê-lo; • Vai além do proposto pelo autor do material disponibilizado, pois a partir do momento em que começa a estudar o conteúdo, tem dúvidas e curiosidades e estar on-line lhe permite uma busca mais rápida por respostas; • Faz uma auto avaliação de como está sua compreensão do conteúdo a partir da leitura e dos exercícios indicados e busca ajuda dos tutores e professores quando acha necessário. Perceba que o aluno assume para si a responsabilidade da sua formação profissional de forma autônoma. Logo, o aluno se coloca como sujeito do seu processo formativo, de apropriação e de construção do seu conhecimento. Professor O professor conteudista é convidado a escrever o material didático, bem como elaborar atividades para que o aluno consiga assimilar o conteúdo referente à disciplina. O material didático é disponibilizado 30 Introdução à Ead no ambiente virtual de aprendizagem, seguindo um cronograma previamente agendado. Ao elaborar o material didático, o professor conteudista pensa também em estratégias de aprendizagem voltadas para a área da Educação a distância e em quais recursos são pertinentes para cada temática trabalhada. O ideal é que o professor, nessa metodologia, tenha experiência e conhecimento sobre EAD, pois a modalidade tem aspectos diferentes e bem distintos de uma aula presencial e, portanto, o material didático deverá obrigatoriamente seguir algumas diretrizes e referenciais. As discussões, por exemplo, não são feitas pessoalmente entre os alunos, portanto, o docente precisa pensar em como instigá-los, no ambiente virtual e até mesmo no material didático, a pensar e debater os assuntos mais importantes. Algumas responsabilidades do professor do EAD podem ser citadas: • Planejar o seu conteúdo pensando sempre no perfil do aluno que estudará a distância; • Organizar o material de forma didática, estabelecendo uma divisão hierárquica para apresentá-los; • Junto com uma equipe multidisciplinar, transformar o conteúdo em um material agradável para o aluno estudar, utilizando, além do texto, recursos visuais ou sonoros que ilustrem e enriqueçam o conteúdo; • Escrever o material de modo dialógico, linguagem utilizada na EAD para que o aluno não se sinta isolado – ao mesmo tempo em que o aluno está estudando sozinho, sabe que pode contar com o auxílio do professor; • Corrigir trabalhos e avaliações; • Participar de fóruns, colaborando com as discussões; • Estar atento à participação e progresso dos alunos no ambiente virtual; • Revisar e atualizar os materiais didáticos e atividades. Perceba como, na educação a distância, o papel do aluno é tão importante quanto o do professor. Introdução à Ead 31 Tutor O tutor é peça fundamental no acompanhamento
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