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LOGÍSTICA REVERSA Charlene Bitencourt Soster Luz Logística reversa e sustentabilidade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir logística reversa e por que é importante no contexto empresarial. Identificar as oportunidades da logística reversa para as empresas e os riscos de não a adotar na estratégia de negócios. Analisar os custos logísticos associados à logística reversa. Introdução A logística e a sustentabilidade são concepções a serem aplicadas no contexto empresarial, de forma que o negócio permaneça lucrativo e respeite o meio ambiente. A partir dessa mentalidade, a empresa conse- gue aproveitar diferentes oportunidades da logística reversa, bem como ter a percepção dos riscos de não a considerar como estratégica para o sucesso do negócio. Assim, o planejamento tem papel essencial para implantar a logística reversa, absorver os seus custos e tornar o negócio mais competitivo. Por isso, a logística reversa precisa ser considerada na elaboração da estratégia empresarial, de forma que seja um elemento de competitividade mercadológica e, por consequência, um atrativo para atrair o cliente, facilitando a decisão de compra da marca. Considerando esse cenário, em que a logística reversa assume papel estratégico nos negócios, neste capítulo, você vai ler sobre a definição de logística reversa e a sua importância no contexto empresarial. Também identificará as oportunidades da logística reversa para as empresas e os riscos de não a adotar na estratégia de negócios. Por fim, vai relacionar os custos logísticos com a logística reversa. Conceitos fundamentais A logística trata do gerenciamento de materiais e informações desde o ponto de origem com o fornecedor até o ponto de consumo com a disponibilização do produto ao cliente. Esse fl uxo é direto, tradicional na cadeia de suprimentos. Já a logística reversa atua de forma oposta — ou seja, o fl uxo reverso inicia no consumidor, que desencadeia uma série de processos. Assim, observamos uma dependência da logística reversa em função do fl uxo logístico direto no retorno de mercadorias após a venda ou após o consumo. Assim, podemos fazer uma comparação entre as defi nições de logística e logística reversa, identifi cando a relação existente entre ambas, apesar de terem objetivos diferentes. De acordo com Novaes (2001, p. 36): Logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associadas, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor. Por sua vez, Leite (2009, p. 17) afirma que: Logística reversa é área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-vendas e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômica: econômica, ecológica, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros. Por meio desses dois conceitos apresentados, podemos verificar que a logística e a logística reversa planejam, implementam e controlam o fluxo de materiais e informações — ou seja, essas atividades são indispensáveis quando se trata da logística ou da logística reversa, pois o planejamento norteia as ações para implementação dos processos e o controle tem a função de verificar possíveis falhas, além de propor melhorias. Comparando os conceitos, percebemos a preocupação da logística no atendimento aos requisitos do cliente, tendo foco comercial, em usar a logística para entregar o produto ou serviço da forma como o cliente precisa, por meio do fluxo direto na cadeia de suprimentos. Assim, a logística tem o propósito de disponibilizar o produto ao cliente. A logística reversa trata da gestão do retorno do produto que já foi vendido ou consumido de forma que esse produto volte ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo com valor econômico, legal, de imagem, etc. O retorno ao ciclo de negócios acontece quando o produto pode Logística reversa e sustentabilidade2 ser revendido e reutilizado, como por exemplo carros seminovos e usados. O retorno ao ciclo produtivo pode acontecer pela utilização do produto como matéria-prima para fazer o mesmo produto ou mercadorias diferentes. A Lei nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010, referente à Política Nacional de Resíduos Sólidos, conceitua logística reversa com o mesmo sentido de Leite (2009, p. 17), abordando-a como forma de revalorizar os produtos para que sejam novamente úteis: Logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social ca- racterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra des- tinação final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010, documento on-line). Dessa forma, a legislação contempla o conceito de logística reversa a ser utilizado nas empresas, sendo que a Lei nº. 12.305/2010 se refere especificamente aos resíduos sólidos. Cabe salientar que o desenvolvimento econômico e social por meio da logística reversa pode ser gerado com qualquer tipo de resíduo, partes de produtos e produtos inteiros. A coleta tem papel relevante nesse sentido, pois apresenta-se como a atividade inicial das instituições quanto à logística reversa. Assim, os pontos de coleta ou as formas de coleta devem ser planejados pela empresa para facilitar o descarte por parte do consumidor (Figura 1). Figura 1. Logística e logística reversa na cadeia de suprimentos. Fonte: Sousa (2011, documento on-line). 3Logística reversa e sustentabilidade Segundo Tadeu (2013), as empresas precisam pensar na logística reversa como fator estratégico, considerando as razões para adotá-la. Para Leite (2009, p. 25), existem cinco principais motivos para as empresas adotarem a logística reversa: competitividade, que é o motivo mais relevante; limpeza de estoque; respeito às legislações; revalorização econômica; recuperação de ativos. O Quadro 1 apresenta os motivos para as empresas implementarem a logística reversa. Fonte: Adaptado de Leite (2009, p. 25). Motivo Porcentagem de empresas Aumento da competitividade 65,2% Limpeza de estoque 33,4% Respeito às legislações 28,9% Revalorização econômica 27,5% Recuperação de ativos 26,5% Quadro 1. Motivos para empresas implementarem a logística reversa A empresa se torna mais competitiva ao utilizar a logística reversa, principal- mente por causa dos ganhos com imagem positiva da marca. Por intermédio da logística reversa, a empresa tem processos para gerenciar o retorno de mercadorias, de forma que fidelize o cliente com política de trocas facilitadas de produtos, o que causa boa impressão da marca. Além disso, com a logística reversa, a empresa também pode ser mais competitiva com a imagem associada à sustentabilidade. O termo limpeza de estoque se refere à retirada dos produtos que não são vendidos no estoque; assim, ocorre o procedimento da logística reversa para identificar os itens que não têm sido vendidos ou que retornaram ao estoque Logística reversa e sustentabilidade4 e estão parados, sem perspectiva comercial. A logística reversa inspeciona esses tipos e seleciona qual o destino mais apropriado: reutilizar alguma das suas partes; enviar de volta ao fabricante; realizar o descarte ecologicamente correto. Essa investigação da logística reversa precisa ser constante para que a empresa tenha em estoque somente produtos aptos para as vendas. Em muitos centros de distribuição, a logística reversa é um setor responsável por identi- ficar, inspecionar e selecionar os produtos para o destino mais adequado. Em empresas de pequeno porte, podem existir dois cenários: nomeação de alguns colaboradores; todos os colaboradores são responsáveis pela gestão do retorno. O respeito às legislações é uma razão inquestionável para aplicar a logística reversa nas instituições. A legislação é ampla e contempla diferentes tipos de negócios, sendo que cabe à empresa pesquisar e se adequar às leis inerentes às suas atividades empresariais para evitar transtornos, como multas, por exemplo. Uma das leis mais importantes da logística reversa é a Lei nº. 12.305/2010 sobre os resíduos sólidos, que responsabiliza os fabricantes pela gestão do retorno de seus produtos. A revalorização econômica na logística significa reaproveitar os produtos devolvidos de forma integral ou somente algumas partes, que voltam a ter valor econômico até mesmo com matéria-prima para produção de diferentes mercadorias. Em vez de comprar matéria-prima, a empresa pode utilizar material que seria descartado, o que pode contribuir com a redução de custos e a possibilidade de menor preço ao consumidor. A recuperação de ativos ocorre quando a logística reversa recupera os bens da empresa, verificando que estão em condições de serem vendidos. Assim, os produtos que retornam, principalmente os novos ou seminovos, podem ser vendidos novamente, gerando receita para a empresa. 5Logística reversa e sustentabilidade Uma empresa de perfumes adota a logística reversa, investindo na revalorização econômica e obtendo competitividade. Para isso, todas as lojas têm caixas em que os consumidores podem descartar as embalagens de vidro, que são 100% recicláveis e voltam ao ciclo produtivo para a confecção de novas embalagens, sem desperdício e sem agressão ao meio ambiente. Tais atitudes diferenciam a marca, influenciando a decisão de compra do consumidor, assim, a empresa se torna mais competitiva. Os motivos de adoção da logística reversa podem ser considerados pelas empresas de toda cadeia de suprimentos, que precisa trabalhar de forma integrada com o uso da logística reversa. Assim, surge o gerenciamento da cadeia reversa de suprimentos, ou reverse supply chain management, que trata do retorno de bens e produtos, bem como de informações dentro da cadeia de suprimentos, desde a devolução com o cliente até o destino adequado do produto ou da embalagem. Assim, as atividades da logística reversa estão relacionadas com o destino adequado de produtos e embalagens, de forma que respeitem o meio ambiente. Segundo Leite (2009), existem diversas possibilidades de logística reversa de produtos, que podem: retornar ao fornecedor; ser revendidos; ser vendidos no mercado secundário, como usados, seminovos, salvados, recondicionados, renovados e remanufaturados; ter os materiais recuperados; ser reciclados; ser dispostos no aterro sanitário. Segundo a Lei nº. 12.305/2010, o fornecedor tem a obrigação de aceitar a devolução do produto, ter práticas de logística reversa e proporcionar o destino ecologicamente correto ao produto, considerando as opções citadas. Logística reversa e sustentabilidade6 Os produtos devolvidos podem voltar a ter valor comercial e ser revendidos, como no caso de uma roupa de presente que não serviu e nem foi usada, estando no prazo legal de devolução, assim, pode ser perfeitamente vendida. Outros pro- dutos já usados podem ser vendidos no mercado secundário, como os automóveis e as motos usadas e seminovas. Os produtos também podem ser vendidos como salvados, que têm pequenos defeitos e, por isso, menores preços ao consumidor. O recondicionamento geralmente ocorre com peças de produtos reforma- dos para serem utilizados e com preço menor do que a peça original. Nesse caso, é importante o consumidor ficar atento e comprar recondicionados com certificado de garantia. No caso da renovação de produtos, estes podem ser utilizados novamente, desde que exista um ou mais processos para deixá-lo em condições de uso. O produto remanufaturado (refurbished) é aquele que teve um defeito detectado na fábrica. Após trocados os componentes com problemas, o produto é vendido com preço mais baixo e informação de remanufatura. Na reciclagem, existe a transformação de um produto em outro. Por fim, existe a opção de disponibilizar o produto ao aterro sanitário se, e somente se, nenhuma das alternativas anteriores for possível (Quadro 2). Fonte: Adaptado de Leite (2009, p. 20). Material Atividades da logística reversa Produtos Retornados ao fornecedor Revendidos Vendidos no mercado secundário Salvados Recondicionados Renovador Remanufaturados Recuperação de materiais Reciclados Aterro sanitário Embalagem Reutilização Renovação Recuperação de materiais Reciclagem Quadro 2. Atividades comuns da logística reversa 7Logística reversa e sustentabilidade As atividades da logística reversa das embalagens têm menos opções se comparadas à logística reversa dos produtos. As embalagens podem ser reutilizadas, renovadas, ter recuperação de seus materiais constituintes e ir para o processo de reciclagem. As empresas possuem diferentes motivos para adotar a logística reversa, de forma que se tornem mais competitivas com uma imagem positiva no mercado. Para isso, existem várias atividades da logística reversa a serem aplicadas em produtos e embalagens. Oportunidades da logística reversa e riscos de não a adotar na estratégia de negócios A logística reversa proporciona diferentes oportunidades aos negócios e in- clusive a criação de novas empresas para contemplar as suas atividades. As principais oportunidades para as empresas implantarem a logística reversa, segundo Leite (2009, p. 32), são: vantagem competitiva; adequação às questões ambientais; redução de custos; diferenciação da imagem corporativa; elevação do nível de serviço ao cliente. A vantagem competitiva se apresenta como motivo e oportunidade para a implementação da logística reversa, que deve ser buscada em todas os setores da empresa como: produção; financeiro; marketing; logística. Para isso, a logística reversa interage entre os setores para contribuir como um todo na busca pela competitividade empresarial. Por exemplo, depois que Logística reversa e sustentabilidade8 um cliente devolve um produto com defeito na loja, faz a troca ou devolve o dinheiro, envolvendo o setor financeiro, o produto devolvido vai para o setor de logística reversa no estoque, no qual o seu destino é definido e pode até voltar para a produção. Assim, quando um produto volta para empresa, vários ou todos os setores são envolvidos no processo de logística reversa. Por isso, é importante a integração entre os setores para que o cliente tenha atendimento eficiente e eficaz que diferencie a empresa dos concorrentes, sendo um destaque competitivo. Uma outra oportunidade de logística reversa é a adequação às questões ambientais, de forma que oriente as atividades empresariais para o desenvol- vimento sustentável. Dessa forma, a logística reversa oportuniza que sejam realizadas contribuições para o meio ambiente por meio de procedimentos que integrem toda equipe na empresa. O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) tem o papel de clarificar os procedimentos quanto às ações sustentáveis na empresa, principalmente com produtos nocivos, como tóxicos e inflamáveis. A redução de custos é uma meta constante nas empresas, que pode ser alcançada com o auxílio da logística reversa. As atividades da logística reversa quanto ao produto e às embalagens contribuem para redução de custos na empresa com o trabalho de revalorização para resgatar o valor comercial, reciclagem ou disposição nos aterros. A logística reversa precisa ser entendida como processo, que reduz custos em curto e longo prazos. Para isso, são necessários muito trabalho e principalmente a mudança de mentalidade dos gestores e colaboradores para perceber as contribuições da logística reversa para redução de custos. A diferenciação da imagem corporativa no mercado se relaciona à identidade da empresacidadã e sustentável. Isso ocorre porque as atividades da logística reversa contribuem com a sociedade, primando pela atuação inteligente nos negócios, de forma que preserve o meio ambiente e as comunidades. Assim, o marketing positivo da marca faz a diferença no momento em que o consumidor toma a decisão de compra. A elevação do nível de serviço oferecido ao cliente torna-se uma boa oportunidade para explorar todas as possibilidades de atuação da logística reversa, de forma que aumente a qualidade do serviço prestado ou sejam criados serviços. A gestão do retorno pode estreitar o relacionamento com o 9Logística reversa e sustentabilidade cliente para conhecê-lo melhor e entender as suas necessidades para poder supri-las. A empresa também pode ter parcerias para executar o serviço de logística reversa, assim, novos negócios e possibilidades surgem com a adoção da logística reversa. A empresa que não adotar a logística reversa como estratégia de negócios, além de perder oportunidades, corre riscos impactantes. Os principais riscos em não adotar a logística reversa estão associados com: riscos ambientais; riscos de saúde e segurança interna; riscos de perda de mercado; riscos relacionados com a imagem corporativa. Os riscos ambientais podem ter probabilidade de ocorrer de forma perma- nente, frequente, esporádica ou rara, sendo riscos grandes, médios, pequenos ou insignificantes. As empresas precisam ficar atentas para trabalhar na redução dos riscos da sua atividade, e a logística reversa pode reduzir o seu impacto. Esses riscos ocorrem quando a comunidade é afetada pela atuação da empresa, como, por exemplo, a poluição de rios e poluição do ar. Os riscos internos se relacionam com o ambiente de trabalho na empresa, referindo-se à saúde e à segurança dos colaboradores. Por isso, é importante a empresa cumprir a legislação quanto à preservação da saúde e segurança dos trabalhadores, de forma que evite acidentes e problemas de saúde. Há o risco de perda de mercado, pois a empresa que não adota a logística reversa cria uma imagem de não apoiadora de questões sustentáveis, de forma que o consumidor percebe isso e não compra o produto. Além disso, a empresa pode perder ou deixar de ter parceiros e fornecedores que exijam a prática da logística reversa como critério para considerar a parceria. Os riscos relacionados com a imagem institucional englobam os riscos anteriores e se tornam ainda mais graves quando a empresa exporta para países em que existe maior rigor no assunto. A imagem local, regional, nacional e internacional torna-se fortalecida com a prática da logística reversa. Além disso, se as atividades da empresa estiverem enquadradas em le- gislações ambientais e ela não estiver regularizada, existem riscos inerentes à segurança de trabalhadores e comunidade, bem como multas e até mesmo fechamento do negócio. Logística reversa e sustentabilidade10 O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) possui 11 diretrizes que geram desafios e oportunidades de negócios para a logística reversa, conforme o Quadro 3. Além disso, Araújo (2018) destaca três outros desafios na adoção da logística reversa, como: comunicação; coleta; documentação. A comunicação é essencial para que a logística reversa tenha o fluxo de produtos e informações; assim, os softwares das empresas precisam contemplar as operações reversas, com as suas possibilidades, integrando informações. Diretrizes Desafios Oportunidades Criação de condições especiais para micro e pequenas empresas se adequarem à legislação Estruturação de canais reversos, em volumes e níveis de capilaridade adequados às micro e pequenas empresas Ações de gerenciamento de cadeia reversa considerando-se a complexidade associada aos volumes e níveis de capilaridade Implementação de coleta seletiva e destinação adequada de resíduos agrosilvopastoris Desenvolvimento e divulgação de propostas de separação e coleta seletivas de resíduos secos nas áreas rurais próximas às urbanas Mapeamento de processos e proposição de planos de logística reversa que considerem especificidades associadas a esses resíduos Desenvolvimento e inovação de tecnologias para o aproveitamento de resíduos minerais na agricultura Busca de incentivo financeiro à criação de novas tecnologias e ao acesso às já existentes; estímulo a pesquisas sobre reciclagem desses resíduos Ações de gerenciamento de cadeia reversa para identificar elos capazes de incentivar financeiramente a criação de novas tecnologias, o acesso às já existentes, além de pesquisas de pesquisas sobre reciclagem Quadro 3. Diretrizes, desafios e oportunidades do PNRS (Continua) 11Logística reversa e sustentabilidade Diretrizes Desafios Oportunidades Criação de metas e indicadores de redução, coleta, destinação e disposição de resíduos e rejeitos da construção Identificação e classificação de indicadores por tipo de processo, obra, especificidade, localização, entre outros Desenvolvimento de pesquisas à proposição de um modelo de gestão de desempenho para a logística reversa desse setor Ampliação da logística reversa para todos os resíduos agrosilvopastoris Proposição de soluções de logística reversa regionalizadas e o estabelecimento de programas de criação e divulgação de propostas de processos de destinação adequada Desenvolvimento de pesquisas à adequação de canais e processos de logística reversa, considerando às especificidades dessa variedade de resíduos Eliminação de lixões e aterros controlados Busca de fontes de financiamento diferenciado para construção de aterros sanitários; a identificação de locais para suas construções; e a geração de novos postos de trabalho Análise total dos canais reversos, para definição das fontes de financiamento; definição dos locais mais adequados para processamento e descarte; e proposição de novos postos de trabalho Manutenção e, posterior, redução da geração de resíduos sólidos Estruturação de canais reversos de reuso, remanufatura e reciclagem; consideração de conceitos de ambientais ao processo de projeto de produtos Ações de gerenciamento de cadeia reversa voltadas à análise e ao diagnóstico logístico dos canais reversos disponíveis ou pesquisas para proposição de novos canais reversos Quadro 3. Diretrizes, desafios e oportunidades do PNRS (Continuação) (Continua) Logística reversa e sustentabilidade12 O processo de comunicação precisa considerar que, muitas vezes, a coleta de produtos oriundos da logística reversa necessita de procedimentos dife- renciados. Para isso, os colaboradores devem ser treinados, ter orientação e acompanhamento por parte da gerência para conseguir identificar os casos de produtos com procedimentos diferenciados. Nenhum material pode circular no País sem nota fiscal, independentemente se for produto novo, usado, partes ou sucata. Isso precisa estar claro para os colaboradores, bem como outros documentos que possam ser exigidos de acordo com o material. Diretrizes Desafios Oportunidades Redução dos resíduos sólidos recicláveis em aterros sanitários Estruturação de canais reversos adequados; ampliação de capacidade logística e de processamento; geração de novos postos de trabalho e capacitação para logística reversa Conscientização ambiental para redução de custos logísticos reversos e de processamento e para definição de novas formas de reuso de resíduos Inclusão e fortalecimento de organizações de catadores de materiais reutilizáveis/recicláveis Mapeamento de processos relacionados à logística reversa Fortalecimento da gestão dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos Criação e consolidação de cenários de comunicação e pedagógicos mais uniformes para elaboração de Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Espaço Recicle. Eliminaçãocompleta de resíduos sólidos industriais Implementação de inventário nacional para todas as indústrias potencialmente poluidoras Ações de gerenciamento de cadeia reversa para implementação da rastreabilidade de produtos Quadro 3. Diretrizes, desafios e oportunidades do PNRS Fonte: Adaptado de Mota e colaboradores (2015, p. 64). (Continuação) 13Logística reversa e sustentabilidade A cooperação interna entre os setores da empresa e externa de toda cadeia de supri- mentos contribui para superação dos desafios da implementação da logística reversa, ao mesmo tempo que geram parcerias e oportunidades de negócios. Custos logísticos associados à logística reversa Referente à vida útil, os produtos se tornam obsoletos, danifi cados ou não funcionam e voltam ao ponto de origem para serem adequadamente descar- tados, reparados ou reaproveitados. Isso produz custos. Além dos custos de compra de matéria-prima, produção, armazenagem e estocagem, o ciclo de vida de um produto inclui os custos relacionados ao gerenciamento do seu fl uxo reverso; porém, o lucro obtido é maior do que esses custos, o que torna a utilização de atividades de retorno viáveis. Leite (2009, p. 27) destaca três principais custos da logística reversa: custos logísticos contabilizados; custos de gestão; custos intangíveis. Os custos logísticos contabilizados abrangem os custos de transporte, armazenagem, consolidação e sistemas de informação relacionados às ati- vidades de logística reversa. Esses custos também envolvem os custos de seleção, destino e redistribuição dos produtos oriundos da logística reversa. Os custos de gestão abrangem profissionais para gerenciar os processos logísticos e responsáveis por novos negócios e captação de parceiros. Esses profissionais podem utilizar indicadores para mensurar os resultados das atividades da logística reversa, de forma que possam identificar problemas ou preveni-los e, ainda, propor melhorias. Os custos intangíveis ou pouco visíveis são aqueles não contabilizados como falhas e desperdícios de produtos e tempo. Os riscos relativos à reputação da empresa também são considerados intangíveis. Logística reversa e sustentabilidade14 Saiba mais sobre os benefícios da implementação da logística reversa, acessando o link ou o código a seguir: https://goo.gl/tt6LYN ARAÚJO, E. Os benefícios do desenvolvimento da logística reversa para as organiza- ções. Tecnologística, 7 fev. 2018. Disponível em: <http://www.tecnologistica.com.br/ portal/artigos/76589/os-beneficios-do-desenvolvimento-da-logistica-reversa-para- -as-organizacoes/>. Acesso em: 15 out. 2018. BRASIL Lei nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 3 ago. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 15 out. 2018. LEITE, P. R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. MOTA, A. E. A. S. et al. Desafios e oportunidades da logística reversa no contexto do Plano Nacional de Resíduos Sólidos. GEPROS: Gestão da Produção, Operações e Sistemas, Bauru, Ano 10, nº. 4, p. 55-67, out./dez. 2015. Disponível em: <https://revista.feb.unesp. br/index.php/gepros/article/view/1278/685>. Acesso em: 15 out. 2018. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: Cam- pus 2001. SOUSA, G. M. Construção da cadeia de suprimentos sustentável: logística reversa de embalagens pós-consumo — parte 1. ILOS, 10 jul. 2011. Disponível em: <http://www. ilos.com.br/web/construcao-da-cadeia-de-suprimentos-sustentavel-logistica-reversa- -de-embalagens-pos-consumo-parte-1/>. Acesso em: 15 out. 2018. TADEU, H. F. B. Logística reversa e sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning, 2013. Leitura recomendada DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2007. 15Logística reversa e sustentabilidade Conteúdo:
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