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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA CRIMINAL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA/PR
Autos n° 0004100-74.2019.8.16.0013
	DANIEL AUGUSTO EVANGELISTA, já qualificado nos autos, vem, respeitosamente, por intermédio de sua defensora, perante este D. Juízo Criminal, apresentar DEFESA PRELIMINAR, nos termos do artigo 55 da Lei 11.343/06, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos.
I. DOS FATOS
Daniel Augusto Evangelista, promovido, foi preso em flagrante delito no dia 14/02/2019, na capital paranaense. Este, foi conduzido ao 2° centro integrado de atendimento ao cidadão – central de flagrantes, por autoridade policial, pois a última alega que o promovido havia pratica o crime de adquirir, vender, fornecer ou produzir drogas, de maneira consumada, conforme o artigo 33 da lei 11.343/06 (lei de drogas).
O promovido, que foi flagrado no Bairro Alto da capital, foi alertado sobre quais acusações lhe estavam sendo feitas, conforme prevê a Constituição no artigo 5°, incisos II, III, XLIX, LXI, XLII, LXIII, LXIV e LXVI, bem como foram cumpridos os artigos 302 e 304 do CPP.
No fato, foi apreendido junto com o Sr. Evangelista, R$ 604, 80 reais e 0,006 gramas de crack.
II. DO DIREITO
II.I DA DESCLASSIFICAÇÃO
A impossibilidade de provar determinada ocorrência, que caracteriza o delito especial, pode gerar a desclassificação[footnoteRef:1] deste para o crime geral. A desclassificação para uso, de modo que passe a ser aplicado o artigo 28 ao invés do 33 da Lei de Drogas, envolve o fato de que o promovido foi encontrado com quantidade ínfima de droga, a qual não pode ser considerada como tráfico. [1: NUCCI, Guilherme de Souza. Manuel de Direito Penal. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense. Pág. 209.] 
Não pode existir tráfico, se a quantidade encontrada não é o suficiente para praticar tal ato. Para que a máquina estatal seja movida para gerar um processo de tráfico de drogas, este deve ser relevante o suficiente para desprender tanto tempo do sobrecarregado judiciário. 
Daniel, promovido, possuía quantidade o suficiente para seu próprio consumo, mas não para gerar valor sobre e revender. Portanto, apesar de existir um fato formalmente típico, não existe um fato materialmente típico, e, portanto, não existe crime, pois, uma vez retirado o elemento de tipicidade, não se pode constituir o elemento crime[footnoteRef:2]. [2: NUCCI, Guilherme de Souza. Manuel de Direito Penal. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense. Pág. 454.] 
Deve ser ressaltado que não existe verdadeira vítima no fato, visto que o Estado não pode ser considerado alguém que teve seu bem jurídico violado. Deste modo, não é um crime gravoso, não merecendo maiores consequências por parte do judiciário, visto a insignificância do ato.
Vossa excelência, entendendo que não existe um fato materialmente típico, e que a desclassificação para consumo, a qual é devida, não pode ser punida com pena privativa de liberdade[footnoteRef:3], o caso merece a rejeição da denúncia. [3: NUCCI, Guilherme de Souza. Manuel de Direito Penal. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense. Pág. 571.] 
II.II DA JUSTA CAUSA
	Vossa Excelência, subsidiariamente, é importante ressaltar que o poder judiciário brasileiro é o mais sobrecarregado do mundo, devido a preferência da resolução judicial dos problemas, ao invés da composição amigável. 
Neste sentido, objetivando alcançar o princípio da celeridade processual, bem como desatolar o judiciário, devemos levar a esse, apenas quando for de extremo interesse e relevância a situação.
A falta de justa causa, conforme o artigo 395, III, CPP, faz com que a denúncia ou queixa seja rejeitada. Compreendendo o princípio da insignificância como aquele que determina que o direito penal não irá se preocupar com aquilo que a sociedade entende por menos importante[footnoteRef:4]. É notório que o fato de alguém utilizar drogas, sem gerar consequências aos bens jurídicos de terceiro, e, portanto, sem infiltrar a bolha jurídica destes, não é um fato importante para movimentar a máquina judiciária. [4: NUCCI, Guilherme de Souza. Manuel de Direito Penal. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense. Pág. 1.006] 
A quantia (R$ 600,00) carregada pelo promovido não ilustra ou comprova em nada uma situação de crime, apenas infere pensamentos preconceituosos, que promovem desrespeito ao princípio da dignidade da pessoa humana ao promovido. Tal atitude de inferir, pejorativamente, que uma quantia de dinheiro a alguém que é usuário de droga, e não traficante, veio de meios ilícitos, promove a violação de direitos individuais constitucionais, tais quais o direito de imagem da pessoa e sua intimidade, previsto no artigo 5°, X, CF.
	Portanto, não existe uma justa causa que leve a gerar um processo criminal em face do promovido, vez que: i) não existiu vítima ou lesão a terceiro; ii) a quantidade de droga encontrada era ínfima para que ocorresse o crime de tráfico, sendo apenas para o uso pessoal, e, portanto, não existe tipicidade material, ou crime passível de punibilidade; iii) o montante de R$ 600,00 encontrado não demonstra vestígios de atividade ilícita, apenas demonstra o preconceito policial ao inferir que, uma pessoa que necessita de ajuda para reabilitação de dependência química não pode se sustentar com trabalho lícito.
Deste modo, é evidente a necessidade da rejeição da denúncia.
III. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, pede-se:
a) Pela rejeição da denúncia, visto a inexistência de fato materialmente típico e inexistência da justa causa;
b) Subsidiariamente, a desclassificação do crime para a aplicação do artigo 28 da lei 11.346/2006, consumo de drogas;
c) Da produção de todos os meios de provas admitidas em direito, em especial a oitiva das testemunhas arroladas (anexo I), caso os pedidos anteriores não sejam atendidos.
Neste sentido,
Pede-se deferimento.
Curitiba, 05/04/2019.
Advogada.../OAB-PR...
ROL DE TESTEMUNHA:
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