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Prévia do material em texto

História, Trabalho e 
Movimentos Sociais
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Ney de Souza
Revisão Textual:
Profa. Eliane Tavelli Alves
As Metamorfoses no Mundo do Trabalho
5
• Introdução
• Fordismo e Taylorismo
• Do Fordismo ao Toyotismo
• Toyotismo
• Globalização e Trabalho
 · Compreender as diferenças entre as novas formas de organização de trabalho a 
partir do novo conceito de divisão do trabalho (tecnologias, processos, formas de 
gerenciamento);
 · Apresentar e estudar a acumulação flexível, a ocupação do espaço e sua relação 
com a globalização.
Caro (a) aluno (a),
Procure ler, com atenção, o conteúdo teórico disponibilizado e o material complementar. 
Não esqueça, a leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas, por isso não deixe 
de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor. 
Para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais interativo possível, além da 
apresentação narrada e da videoaula, na pasta de atividades, você encontrará as atividades de 
sistematização, de aprofundamento e de avaliação.
Bons estudos!
As Metamorfoses no Mundo do Trabalho
6
Unidade: As Metamorfoses no Mundo do Trabalho
Contextualização
Após assistir ao documentário abaixo - deste importante pensador da atualidade, Zygmunt 
Bauman - sugerimos que você realize uma reflexão sobre as imposições da globalização 
na sociedade contemporânea. Verifique se comandamos nossos interesses ou se somos 
comandados pelos ditames da sociedade capitalista pós-industrial; se construímos o nosso 
pensamento ou se nos tornamos fantoches das grandes empresas que inclusive ditam moda: 
o que comer, o que visitar de cultural e outras situações em seu cotidiano que poderão ser 
analisadas e acrescentadas a esta lista.
Filme: Zygmunt Bauman – Fronteiras do Pensamento
Neste filme Bauman, importante filósofo da atualidade, analisa a 
individualização na sociedade contemporânea.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=POZcBNo-D4A
Acesso em: 28 maio 2015. 
https://www.youtube.com/watch?v=POZcBNo-D4A
7
Introdução
No século XX ocorreram diversas transformações nas formas de organização do trabalho. 
Logo no início do século surgiram dois formatos de organização da produção industrial 
que levaram a mudanças significativas no que se refere ao desenvolvimento fabril. Essas 
transformações são creditadas a Henry Ford e Frederick Taylor. O objetivo destes norte-
americanos era a racionalização da produção para alcançar a maximização da produção do 
lucro. Sem dúvida, toda essa reviravolta trouxera inúmeras consequências até a atualidade, 
mesmo passando por mudanças.
O propósito desta unidade é tratar o Fordismo, Taylorismo, Toyotismo e a acumulação 
flexível e sua relação com a globalização. O estudo inicia com a apresentação e desdobramentos 
destas teorias para, a seguir, efetuar uma análise de suas consequências para os trabalhadores 
chegando à globalização.
Fordismo e Taylorismo
A expressão fordismo é derivada do nome do norte-americano 
Henry Ford (1863–1947). Seu surgimento foi no ano de 1914. 
Ford estabeleceu um sistema de produção em série, em sua 
fábrica em Dearbon, no Michigan (Estados Unidos). O fordismo 
é uma organização do trabalho industrial. Na introdução de 
linhas de montagem cada operário ficava responsável em um 
determinado local da fábrica, realizando somente a sua tarefa 
específica. O automóvel, produto destas fábricas, ficava numa 
esteira rolante e girando pelo interior da fábrica. Fica claro, 
nesta prática industrial, que quem dita o ritmo de trabalho são as 
máquinas (HARVEY, 2012, p. 122).
Filme documentário: Na linha de montagem – Fordismo, produção 
em massa e sociedade de consumo
Apresenta um estudo sobre estas temáticas com imagens de época e 
excelentes entrevistas com especialistas no assunto.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2mLCYiTX5lU 
Acesso em: 30 maio 2015. 
O funcionário é tão somente o especialista numa etapa do processo produtivo. Seu trabalho 
era exaustivamente repetitivo de uma produção em série. O modelo de trabalho, que é uma 
enorme exploração dos operários, se tornou um grande sucesso, sendo adotado por várias 
empresas. As jornadas de trabalho eram de 8 horas diárias a um pagamento de 5 dólares por 
dia trabalhado.
Henry Ford (1863–1947)
Fonte: Hartsook/Wikimedia Commons
https://www.youtube.com/watch?v=2mLCYiTX5lU
8
Unidade: As Metamorfoses no Mundo do Trabalho
Fordismo é o nome atribuído ao modelo de produção 
automobilística em massa, instituído pelo norte-americano Henry 
Ford. Esse método consistia em aumentar a produção por meio do 
aumento da eficiência e baixar o preço do produto, aumentando 
assim a sua venda e permitindo manter baixo o preço do produto.
Os aspectos inovadores – tecnológicos e organizacionais – 
trabalhados por Ford eram reduzidos a tendências bem-sucedidas. 
A exemplo da forma de organização elaborada pelas estradas de 
ferro no decorrer do século XIX, que influenciou muitos setores 
da indústria principalmente após uma crescente fusão e formação 
de trustes e cartéis por parte dos manufatureiros americanos... 
(ALVES, 2007, p. 157).
Henry Ford elaborou uma divisão de trabalho que estava 
baseada nas antigas técnicas trabalhistas. A obra Princípios da 
Administração Científica (1911) de Frederick Taylor foi de 
enorme importância para o sucesso do fordismo que, junto com 
o taylorismo, comandou a forma de produção por quase todo o 
século XX (HARVEY, 2012, p. 121). 
Frederick Winslon Taylor (1856–1915), engenheiro mecânico, 
inventou um modo de produção industrial que passou a ser 
conhecido como Taylorismo. O funcionário deveria exercer sua 
função em um curto espaço de tempo. Não era necessário que 
tivesse conhecimento da forma como se chegava ao resultado 
final. Somente o gerente conhecia e também fiscalizava o tempo. 
Este método é o aperfeiçoamento da divisão do trabalho. Era uma 
padronização de atividades e uma realização simples e repetitiva. 
Obviamente, Taylor rejeitava os sindicatos e com isso cresceu o 
movimento grevista.
Linha de montagem da Ford – 1913
Fonte: Wikimedia Commons
Frederick Taylor (1856–1915)
Fonte: Grap/Wikimedia Commons
9
A diferença essencial entre fordismo e taylorismo foi a maneira de ligar a produção de 
massa ao consumo de massa encontrado no sistema de produção de Ford, sendo este “um 
novo sistema de produção da força do trabalho, uma nova política de controle e gerência do 
trabalho, uma nova estética e uma nova psicologia, em suma, um novo tipo de sociedade 
democrática, racionalizada, moderna e populista” (HARVEY, 2012, p. 121).
O movimento fordista se constituiu dentro de uma história que se arrastou aproximadamente 
meio século. Isso devido a uma série de decisões individuais, corporativas, institucionais e 
estatais, na maioria definidas ao acaso ou em resposta às influências da crise do capitalismo 
nos anos 30 – a Grande Depressão (HARVEY, 2012, p. 121). 
Ao que se percebe, duas forças limitaram a expansão do Fordismo 
no período de guerra: no mundo capitalista o estado das relações 
de classe era aceitável facilmente frente a um sistema produtivo 
que visava o acomodamento do trabalhador com longas jornadas 
de trabalho rotineiro onde as habilidades tradicionais foram postas 
de lado e elevou-se um controle até então não vivenciado pelos 
trabalhadores fundamentado num projeto de ritmo e aceleração da 
produtividade. Tal projeto sustentava-se na mão de obra imigrante 
(ALVES, 2007, 158).
No mundo capitalista, a organização do trabalho e as atividades artesanais eram significativas 
e a mão de obra imigrante escassa não proporcionando aos movimentos fordista e taylorista 
bons resultados referente à produção, apesar da aceitação e aplicação dos princípios gerais da 
Administração Científica (HARVEY, 2012, p. 123). Em sua análise, David Harvey afirma que 
em 1945 o Fordismo alcançou sua maturidade enquanto regimento acumulativo e se manteve 
intacto após a Segunda Guerra Mundial até o ano de 1973.A fabricação de carros, navios, 
equipamentos de transporte, o aço, produtos petroquímicos, a borracha, os eletrodomésticos 
e a construção funcionaram como impulsionadores do crescimento econômico mundial, 
centralizados em determinadas regiões: Meio Oeste dos Estados Unidos, a Região Rur-Reno, as 
Terras Médias do Oeste da Grã-Bretanha, a região produtiva de Tóquio-Yokohama (HARVEY, 
2012, p. 125).
Filme: David Harvey fala sobre a crise do capitalismo
Site do filme: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VOiFVW0eTeo 
Acesso em: 30 maio 2015.
Entrevista com o conhecido e reconhecido pesquisador que realiza 
uma análise da sociedade capitalista com um referencial marxista.
https://www.youtube.com/watch?v=VOiFVW0eTeo
10
Unidade: As Metamorfoses no Mundo do Trabalho
Do Fordismo ao Toyotismo
Se durante as duas décadas seguintes ao término da Segunda Guerra Mundial foram de 
prosperidade, estabilidade social, de desemprego insignificante, o mesmo não se pode afirmar 
sobre o final dos anos 1960 e início dos anos 1970. Anos de significativas mudanças para a 
economia mundial, nacional e para as empresas. Sustenta Alves que a: 
crescente deterioração das contas americanas, em especial os 
constantes déficits em seu balanço de pagamentos, aliada a uma 
retomada da inflação faz surgir, no cenário mundial a ameaça de 
incapacidade do tesouro americano de honrar o compromisso 
do lastro ouro do dólar e uma consequente crise de liquidez 
(2007, p. 154). 
Essa situação fez com que os Estados Unidos rompessem seus compromissos financeiros 
internacionais.
Para pensar
Será que os desdobramentos do Fordismo na economia 
mundial trouxeram algum efeito para o Brasil? A inflação 
já prejudicou a sua vida econômica?
Outra situação perturbadora neste quadro de transformações foi a criação e formação de 
um cartel da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Significou para o 
mundo, especialmente o Ocidental, o surgimento de uma organização com poder de controle 
dos preços do petróleo.
Opep é a sigla para Organização dos Países Exportadores de Petróleo. 
Foi criada em 1960. Sua sede situa-se na cidade de Viena, na Áustria. 
Tem por objetivo estabelecer a política petrolífera no mundo por meio 
de seus países membros. Além do preço, controla a organização e a 
produção de petróleo. Com a descoberta do pré-sal na bacia de Santos, 
o Brasil é um dos dez maiores produtores de petróleo do mundo, mas 
não faz parte da Opep.
É fácil concluir que esse quadro de crise provocara um movimento de insatisfação social 
imenso. A consequência dessa crise: alto nível de desemprego. Esse conflito não é somente 
devido aos desajustes econômicos, mas também à crise no sistema de produção em massa, em 
que os avanços tecnológicos, incorporados na produção e o aumento de produtividade, não 
encontravam mercado para o consumo. Como consequência desta situação anterior, surgiu a 
especialização flexível e a aceleração do processo de globalização.
Atenção
A produção em série deu lugar à acumulação flexível. 
Era a substituição do sistema produtivo industrial, do 
fordismo pelo toyotismo.
11
A crise detonada pelos problemas do petróleo, na década de 
1970, revelou um novo período caracterizado pela inflação, 
desemprego estrutural, déficit público e recessão. A saturação dos 
rígidos padrões da acumulação fordista e de suas forças produtivas 
cedeu a vez a um novo conjunto de forças produtivas como a 
microeletrônica, as biotecnologias e a sofisticada estrutura de 
serviços organizados em um novo padrão flexível de acumulação 
capitalista (ALVES, 2007, 160).
Em seu texto, Alves (2007, p. 160-161) comenta que a informática, o just-in-time, a 
qualidade, a automação, as redes de mercados, a logística, a terceirização, o marketing, as 
subcontratações, as franquias, o decréscimo numérico do proletariado e a desindustrialização 
desenharam um novo mundo, um novo estilo de vida e uma nova sociedade com novos padrões 
culturais, artísticos e estéticos abrigados no pós-modernismo. Já Antunes (2005, p. 28) destaca 
que na década de 1970 ficou evidente a crise estrutural do capital, uma consequência da crise 
do padrão de acumulação taylorista-fordista.
Just-in-time - método desenvolvido a partir da ideia de que o 
trabalhador deveria buscar as peças utilizadas no seu trabalho e não ficar 
esperando por elas, como no modelo taylorista-fordista. A técnica ou 
filosofia desta organização produz somente o que o mercado necessita.
12
Unidade: As Metamorfoses no Mundo do Trabalho
Toyotismo
O toyotismo foi implantado na fábrica Toyota (Japão), na década de 1950, de propriedade 
do engenheiro Ohno Toyota. O engenheiro, após 1945, passou a fabricar bicicletas com motor 
acoplado. Era uma tentativa de contornar a crise de combustíveis no Japão após a Segunda 
Guerra Mundial. No entanto, foi durante a crise capitalista dos anos 1970 que começou a ser 
reconhecido como “uma opção possível para a superação capitalista da crise” (ANTUNES, 
2005), pois se adaptava melhor a uma economia em crescimento lento.
Linha de montagem
Fonte: tocadacotia.com
A produção em série deu lugar à acumulação flexível. Diferente do fordismo, a produção 
se estrutura num processo produtivo flexível, em pequenos lotes, sem estoque, voltada para a 
demanda (HARVEY, 2012, p. 167). A proposta do sistema toyotista é tornar o trabalhador 
polivalente, capaz de manusear até cinco máquinas ao mesmo tempo, em uma equipe integrada 
com intensidade, exigindo menos hierarquização. O trabalhador toyotista é diferenciado do 
fordista uma vez que os níveis de escolarização são sensivelmente mais altos e vão terminar por 
tornarem-se necessários à implementação de algumas técnicas de gestão – como o controle 
estatístico de processo – e políticas de pessoal (ALVES, 2007, p. 162).
Outro ponto essencial do toyotismo é que, para a efetiva flexibilização 
do aparato produtivo, é também imprescindível a flexibilização dos 
trabalhadores. Direitos flexíveis, de modo a dispor desta força de 
trabalho em função direta das necessidades do mercado consumidor. 
O toyotismo estrutura-se a partir de um número mínimo de 
trabalhadores, ampliando-os, através de horas extras, trabalhadores 
temporários ou subcontratação, dependendo das condições de 
mercado. O ponto de partida básico é um número reduzido de 
trabalhadores e a realização de horas extras. Isto explica por que 
um operário da Toyota trabalha aproximadamente 2300 horas, em 
média, por ano, enquanto, na Bélgica (Ford-Genk, General Motors-
Anvers, Volkswagen-Forest, Renaut-Vivorde e Volvo-Gand) trabalha 
entre 1550 e 1650 horas por ano... (ANTUNES, 2005, p. 36).
13
A produção neste sistema é horizontalizada, isto é, a empresa terceiriza para outras empresas 
etapas de produção de uma única peça. A empresa que trabalha com o sistema toyotista tem 
uma elevada produtividade em ritmo acelerado. “Nenhuma segurança no trabalho e condições 
de trabalho ruins para trabalhadores temporários” (HARVEY, 2005, p. 167-168). 
A acumulação flexível é marcada por um confronto direto com a 
rigidez de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras 
de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, 
sobretudo taxas altamente intensificadas de inovação comercial, 
tecnológica e organizacional (HARVEY, 2012, p. 140).
Afirma Alves (2007, p. 165) que a acumulação flexível, como produção industrial, atende a 
um novo formato de capitalismo: a globalização. O que é visível na transição do fordismo para 
a acumulação flexível é a distribuição do espaço quando a produção é terceirizada. A produção 
sai das fábricas e se distribui por vários pontos da cidade e da região, distribuindo a geração 
de empregos e surgindo pequenos empreendedores.
14
Unidade: As Metamorfoses no Mundo do Trabalho
Globalização e Trabalho
Quem nunca ouviu alguém usar a expressão globalização?! Quantos são aqueles poucos que 
não usam a internet? Você já comprou um produto norte-americano fabricado na Indonésia? 
Uma grandeempresa europeia de telefonia adquiriu os serviços de telefonia em vários países 
da América do Sul. Jogadores de futebol brasileiro são negociados e comprados por times 
europeus, assim como o futebol brasileiro compra jogadores de outros países da América 
Latina. Os exemplos são praticamente infinitos para a globalização.
Mas o que é mesmo globalização? Tentando conceituar o termo, Barbosa usa a seguinte 
definição: “a globalização é uma realidade presente, que se manifesta nos planos econômico, 
político e cultural, a partir de uma aceleração do intercâmbio de mercadorias, capitais, informações 
e ideias entre os vários países, ocasionando uma redução das fronteiras geográficas” (2010, p. 
8). O historiador citado continua sua reflexão sobre esta temática,
A globalização, no entanto, não afeta todos os países da mesma 
forma, nem se manifesta com a mesma velocidade nas várias 
dimensões da vida coletiva. A globalização econômica avança de 
forma mais rápida, integrando empresas e conectando mercados. As 
divisões entre países tecnologicamente avançados (como a Suécia, 
a Alemanha e o Japão), países subdesenvolvidos com potencial 
industrial (como o Brasil, México e Polônia) e países desprovidos 
de uma estrutura econômica básica (como o Haiti, Somália e 
Camboja) são mantidas, e até mesmo ampliadas. Globalização, 
portanto, não quer dizer uniformidade ou homogeneização das 
condições econômicas (BARBOSA, 2010, p. 14).
Reflita
No mercado globalizado, quem desfrutará do acesso 
ao emprego na nova hierarquia da mobilidade?
Na mesma direção desta posição de Barbosa está John Kavanagh, do Instituto de Pesquisa 
Política de Washington, citado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman:
A globalização deu mais oportunidades aos extremamente ricos 
de ganhar dinheiro mais rápido. Esses indivíduos utilizam a mais 
recente tecnologia para movimentar largas somas de dinheiro 
mundo afora com extrema rapidez e especular com eficiência 
cada vez maior. Infelizmente, a tecnologia não causa impacto 
nas vidas dos pobres do mundo. De fato, a globalização é um 
paradoxo: é muito benéfica para muito poucos, mas deixa de fora 
ou marginaliza dois terços da população mundial (KAVAGNAGH 
apud BAUMAN, 1999, p. 79).
No mundo globalizado um elemento compartilhado à exaustão são “as transformações 
sociais, decorrentes da expansão descontrolada da dimensão econômica – como o desemprego, 
a informalidade, a redução de importância dos movimentos sindicais e a privatização do Estado 
– que podem ser encontradas em vários países” (BARBOSA, 2010, p. 15).
15
Documentário: Globalização e seus efeitos no mundo do trabalho
O que é globalização e quais seus efeitos na sociedade contemporânea. 
É um documentário com inúmeras imagens passando rapidamente com 
música ao fundo, praticamente não tem nenhuma “fala”.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=A-_kQIUkCpw
Acesso em: 30 maio 2015.
O que mais se constata com os desdobramentos da globalização neste formato exposto 
é a expansão do desemprego e do emprego informal. Evidente que ficar desempregado na 
Finlândia é bem diferente do que ficar nesta mesma situação nas Filipinas. Com esse fator a 
precarização do trabalho no mundo cresce. Uma constatação neste contexto é que “os novos 
postos de trabalho, que estão surgindo em função das transformações das tecnologias e da 
divisão internacional do trabalho, não oferecem, em sua maioria, ao seu eventual ocupante as 
compensações usuais que as leis e contratos coletivos vinham garantindo”, e mais ainda “as 
vantagens da flexibilidade externa são evidentes no curto prazo. A empresa pode funcionar 
com mais flexibilidade, sem se preocupar em continuamente encher sua carteira de pedidos 
e, sobretudo, manter o sindicato em posição de fraqueza”. O resultado disto é a dificuldade de 
“organizar sindicalmente os precários, e a solidariedade entre o pessoal estável e eles é fraca” 
(SINGER, 1998, p. 24-28).
Veja no quadro abaixo (HARVEY, 2012, p. 167-168) o contraste entre o fordismo e a 
acumulação flexível.
FORDISTA
Trabalho na produção fordista
Realização de uma única tarefa pelo trabalhador
Pagamento baseado em critérios da definição do emprego
Alto grau de especialização de tarefas
Pouco ou nenhum treinamento no trabalho
Organização vertical do trabalho
Nenhuma experiência de aprendizagem
Ênfase na redução da responsabilidade do trabalhador
Nenhuma segurança no trabalho
Just-in-time
Trabalho just-in-time
Múltiplas tarefas
Pagamento pessoal
Eliminação da demarcação de tarefas
Longo treinamento no trabalho
Organização mais horizontal do trabalho
Aprendizagem no trabalho
Ênfase na corresponsabilidade do trabalhador
Grande segurança no emprego para trabalhadores centrais (emprego perpétuo)
Nenhuma segurança no trabalho e condições de trabalho ruins para trabalhadores temporários
https://www.youtube.com/watch?v=A-_kQIUkCpw
16
Unidade: As Metamorfoses no Mundo do Trabalho
As graves consequências para o mundo do trabalho por meio de suas metamorfoses são 
visíveis na atualidade. Os desdobramentos do fordismo/taylorismo ao toyotismo/acumulação 
flexível no mundo globalizado apresentam situações de precarização do mundo do trabalho.
Na opinião dos especialistas, a precarização do trabalho na atualidade é um fenômeno 
mundial. Está situação contribui para aumentar o número dos excluídos (os que não consomem). 
Os reflexos são evidentes: aumento dos mecanismos informais de trabalho, degradação dos 
seres humanos, crescimento da violência urbana. Assim, a organização do trabalho sofreu 
gravíssimas consequências. David Harvey, professor emérito de antropologia do centro de 
pós-graduação da City University of New York, citado várias vezes neste texto, afirma que:
O trabalho organizado foi solapado pela reconstrução de focos de 
acumulação flexível em regiões que careciam de tradições industriais 
anteriores e pela reimportação para os centros mais antigos das 
normas e práticas regressivas estabelecidas nessas novas áreas. 
A acumulação flexível parece implicar níveis relativamente altos 
de desemprego estrutural, rápida destruição e reconstrução de 
habilidades, ganhos modestos de salários reais e o retrocesso 
do poder sindical – uma das colunas políticas do regime fordista 
(2012, p. 141).
As mudanças “nas formas de organização da classe trabalhadora (como os sindicatos), por 
exemplo, dependiam bastante do acúmulo de trabalhadores nas fábricas para serem viáveis, 
sendo peculiarmente difícil ter acesso aos sistemas de trabalho familiares e domésticos”. Além 
disso, “os sistemas paternalistas são territórios perigosos para a organização dos trabalhadores, 
por que é mais provável que corrompam o poder sindical (se ele estiver presente) do que 
tenham seus empregados liberados por este domínio e políticas paternalistas de bem-estar do 
‘padrinho’”. Deste modo, solapando “a organização da classe trabalhadora e a transformação 
da base objetiva da luta de classes” (HARVEY, 2012, p. 145).
17
Material Complementar
Caro(a) aluno(a),
A fim de complementar as informações do material teórico, sugiro os seguintes materiais: 
Vídeos:
Filme: David Harvey fala sobre a crise do capitalismo
Entrevista com este importante pesquisador da atualidade que apresentará uma visão 
altamente critica do modo de produção capitalista.
https://www.youtube.com/watch?v=VOiFVW0eTeo
Filme: SOCIÓLOGO Allain Tourraine faz análise do Processo de Globalização 
– Parte 1
Tourraine foi um dos primeiros a enxergar o processo de globalização.
https://www.youtube.com/watch?v=nV4ApCsTwyU
Filme: O Império das Marcas
Documentário sobre as marcas, a globalização e a influência na cultura do cotidiano
https://www.youtube.com/watch?v=kUXTmyBw5rE
Filme: Mario Vargas Llosa – A Civilização do Espetáculo
Escritor peruano aborda o conceito de ‘cultura’. Esta conferência do prêmio Nobel de 
literatura afirma que a cultura passou a abranger tudo e assim esse tudo não é nada.
https://www.youtube.com/watch?v=yWDgjPjp1S8
“Leia” o filme de forma crítica, lembre-seque mesmo os documentários são obras de ficção 
e carregam em si intenções e ideologias de quem produziu-os, assim como a própria história 
que nos foi deixada como legado pelos nossos antepassados.
https://www.youtube.com/watch?v=VOiFVW0eTeo
https://www.youtube.com/watch?v=nV4ApCsTwyU
https://www.youtube.com/watch?v=kUXTmyBw5rE
https://www.youtube.com/watch?v=yWDgjPjp1S8
18
Unidade: As Metamorfoses no Mundo do Trabalho
Referências
Básica
CASTELLS, M. O poder da identidade. São Paulo: Paz e Terra, 2010. 
GOHN, M. G. História dos movimentos e lutas sociais: a construção da cidadania dos 
brasileiros. 7ª ed. São Paulo: Loyola, 2012.
HOBSBAWM, E. J. Mundos do trabalho: novos estudos sobre história operária. 3ª ed. Rio 
de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
Complementar
AQUINO, R. S. L. et al. Sociedade brasileira: uma história através dos movimentos sociais. 
Da crise do escravismo ao apogeu do neoliberalismo. Rio de Janeiro: Record, 2005.
FAUSTO, B. (Dir.). O Brasil republicano: sociedades e instituições (1889–1930). 
Col. História geral da civilização brasileira. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. T. III. Vol. 9.
GOHN, M. G.; BRINGEL, B. M. Movimentos sociais na era global. Petrópolis: Vozes, 2012.
KHOURY, Y. A. As greves de 1917 em São Paulo. São Paulo: Cortez Editora, 1981.
ORO, A. P. (Org.). Representações sociais e humanismo latino no Brasil atual: 
religião, política, família e trabalho. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004.
Bibliografia Complementar da Unidade
ALVES, J. L. Globalização, acumulação flexível e configuração espacial. In: Revista 
de Geografia. Recife: UFPE, v. 24, n. 3, 2007.
ANTUNES, R. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade 
do mundo do trabalho. São Paulo/Campinas: Cortez Editora/Editora da UNICAMP, 2005.
BARBOSA, A. F. O mundo globalizado: política, sociedade e economia. São Paulo: Editora 
Contexto, 2010.
BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
HARVEY, D. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 
São Paulo: Loyola, 2012.
SINGER, P. Globalização e desemprego: diagnóstico e alternativas. São Paulo: Editora 
Contexto, 1998.
19
Anotações

Outros materiais