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A massinha bacterina

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As superfícies do corpo humano são colonizadas por uma 
comunidade de organismos, principalmente bactérias, que constitui 
a microbiota indígena. A composição desta microbiota se altera ao 
longo da vida e é influenciada por diversos fatores, tais como dieta 
e status imunológico do hospedeiro. A microbiota pode agir de 
maneira benéfica ou, em algumas situações, pode ser prejudicial para 
o indivíduo. Podem ser distinguidas a microbiota residente, 
constituída por organismos específicos, encontrados, 
frequentemente, em determinadas áreas e a microbiota transitória, 
que consiste de microrganismos provenientes do ambiente, que 
habitam a pele e as superfícies mucosas por horas ou poucas semanas. 
Trato gastrointestinal, vagina, cavidade oral e pele possuem a 
microbiota mais rica e diversificada do corpo humano. O 
conhecimento da constituição da microbiota indígena é 
extremamente relevante, principalmente para orientar a 
interpretação de resultados de exames microbiológicos e a escolha da 
terapia antimicrobiana empírica mais adequada. Deve-se salientar 
que a microbiota geralmente é benéfica. 
A microbiota oral é composta por uma grande variedade de 
microrganismos, entre estes várias espécies de bactérias, arqueas, 
fungos, vírus e protozoários, que frequentemente podem atuar como 
agentes benéficos, prevenindo a colonização da cavidade oral por 
microrganismos patogênicos. 
 
 
 
 
IMPLANTAÇÃO DA MICROBIOTA 
 
A colonização do corpo humano tem início no momento do 
nascimento; o indivíduo entra em contato, de forma fortuita, com 
microrganismos presentes no canal do parto e ambiente e, a seguir, 
microrganismos passam a ser introduzidos, também, com os 
alimentos. Fatores que influenciam a composição inicial da 
microbiota incluem via de parto (passagem pelo canal vaginal ou 
cesariana), dieta (leite materno ou fórmula) e, ainda, 
características do ambiente, como condições sanitárias ou exposição 
à microbiota hospitalar. 
Os microrganismos pioneiros criam um ambiente 
favorável ao seu desenvolvimento, dificultando a colonização por 
microrganismos introduzidos posteriormente no ecossistema, 
razão pela qual a colonização inicial é relevante para a composição 
da microbiota. Geralmente, ocorre uma sucessão ordenada, específica 
para cada local, de aquisição e eliminação de microrganismos, até a 
formação de uma comunidade clímax, ou seja, uma coleção estável de 
organismos adaptados a determinado ecossistema. De acordo com 
diversos autores, depois de algumas semanas de vida, a microbiota 
torna-se semelhante àquela dos adultos. 
A predileção dos microrganismos por um sítio é 
influenciada por propriedades como temperatura, pH, potencial de 
oxiredução, osmolaridade e presença de nutrientes e de receptores na 
superfície de células-epiteliais, entre outros. A capacidade de adesão 
à superfície dos tecidos, que é célula-específica e relacionada à 
expressão de adesinas, é um dos principais requisitos para a 
colonização. Como exemplo, glicolipídeos presentes na superfície do 
epitélio renal, denominados antígenos de grupo sangüíneo P, 
possibilitam a colonização por Escherichia coli com pili P. Outra 
proteína adesiva, presente em células epiteliais, a fibronectina, 
apresenta predileção por bactérias Gram positivas. Em diversas 
condições debilitantes, a proporção de bactérias Gram negativas 
aumenta significativamente na orofaringe, provavelmente devido 
à diminuição da produção de fibronectina pelo epitélio deste sítio. 
Esta alteração pode explicar a alta incidência de pneumonia por 
bactérias Gram negativas em pacientes hospitalizados. A aderência 
pode ocorrer, também, por um processo de agregação interbacteriana, 
que resulta na formação de biofilme, definido como uma 
comunidade de microrganismos aderidos a uma superfície. Pode ser 
formado por uma ou múltiplas espécies e aderir a superfícies bióticas 
ou abióticas. Diversos microrganismos, entre eles Pseudomonas 
aeruginosa, E. coli, Vibrio cholera e, Staphylococcus epidermidis, 
Staphylococcus aureus, enterococos e Candida albicans já foram 
identificados em biofilmes 
 
Segundo Tortora (2000), a microbiota não é encontrada no 
sangue pelo fato de ser um fluido totalmente estéril. A presença de 
bactérias nesse fluido biológico pode promover infecções graves 
denominadas septicemias. Além disso, todos os demais líquidos 
cavitários são estéreis, ou seja, livres da presença de microbiotas. 
 
Um dos primeiros registros da observação de 
microrganismos na boca foi realizado pelo cientista holandês 
Anton van Leeuwenhoek no ano de 1683. Ele denominou de 
animálculos os microrganismos observados em sua placa dental 
através de lentes de aumento fabricadas por ele próprio. 
A cavidade bucal pode ser classificada como um ecossistema 
dinâmico, com superfícies distintas, em que se observam a 
introdução e a remoção de microrganismos e seus nutrientes de modo 
praticamente ininterrupto. Esse sistema oferece inúmeros hábitats 
em que tais espécies de microrganismos podem colonizar, incluindo 
os tecidos duros dos dentes. Além dessa amplitude de possibilidades de 
colonização, os microrganismos da cavidade bucal dispõem-se em 
estruturas complexas e altamente organizadas, denominadas 
biofilmes. 
A saliva é secretada pelas glândulas salivares, apresentando um 
pH que varia de 6,0 a 7,0. Na saliva encontramos uma enzima 
denominada lisozima, que atua como bactericida, promovendo a 
destruição de bactérias nessa região.1 
As microbiotas residentes da região oral compõem uma flora 
mista, representada por diversas espécies de bactérias, 
incluindo Streptococcus sp., Lactobacillus sp., Actinomyces sp., Fusob
acterium sp., Haemophylus sp., Neisseria sp., Treponema sp., Corynebac
terium sp. e Candida albicans (fungos). 
O conceito de espécies de microrganismos, especialmente 
bactérias, arqueias e vírus, é o outro possível problema na prática da 
definição de populações microbianas. A categorização de espécies de 
microrganismos pode incluir desde critérios pessoais dos 
pesquisadores, características morfofisiológicas, até padronizações 
de critérios muitas vezes sem justificativa teórica. A maioria das 
definições de espécies é baseada nos métodos utilizados para sua 
identificação. 
O sistema taxonômico binário, amplamente utilizado para 
plantas e animais, usa conjunto de critérios de classificação: 
morfológicos (p. ex., Gram-positivos ou Gram-negativos), 
bioquímicos (p. ex., fermentadores ou não), entre outros. Este sistema 
foi o único disponível durante longo tempo, e ainda é muito útil. 
Contudo, parece não ser suficiente para a separação específica da 
maioria das espécies de microrganismos conhecidas na atualidade. 
Os critérios utilizados geralmente são empregados para classificação 
de espécies cultiváveis. A maioria das espécies de microrganismos 
não é cultivável, com as metodologias disponíveis atualmente. O 
conjunto de linhagens de isolados microbianos já foi usado para 
definir espécies de bactérias cultiváveis (Gordon, 1978). Entretanto, 
características como recombinação gênica, transferência 
horizontal de genes e diferenciação na expressão de genes podem levar 
a uma diversificação intraespécie. Desta maneira, linhagens podem 
ser consideradas como metapopulação que se estende através do tempo 
(Achtman et al., 2008). 
Uma vez delimitada a população (espécie caracterizada), é 
possível contabilizar o número de indivíduos. A densidade e a 
abundância relativa da população são atributos que variam ao longo 
do tempo e de acordo com o local da cavidade bucal onde foram 
amostrados. A densidade é o número de indivíduos de uma população 
por unidade de espaço. Já a abundância relativa é o número de 
indivíduos de cada espécie em relação ao número total de indivíduos. 
 
MORFOLOGIA 
1. BACTERIA 
FORMA E ARRANJO 
As bactérias são caracterizadas morfologicamente pelo seu 
tamanho, forma e arranjo. A forma e o arranjo são úteis para a 
diferenciação das células procarióticas, e o tamanhotem efeitos 
importantes em sua biologia. 
Os procariotos variam em tamanho, de 0,2 μm de diâmetro a 
células bem maiores, com até 700 μm de diâmetro, sendo quase 
visíveis a olho nu. Entretanto, a maioria das bactérias mede cerca de 
1 μm, e é vista somente ao microscópio. 
Não se sabe exatamente o que determina a morfologia de uma 
espécie bacteriana. Contudo, suspeita-se que forças seletivas, tais 
como otimização da captação de nutrientes, motilidade e 
mobilidade natatória, possam definir a morfologia. Portanto, a 
morfologia é uma característica geneticamente direcionada e 
evolutivamente selecionada, a fim de maximizar a adequação da 
espécie a determinado hábitat. 
formas de células bacterianA, e as mais comuns são: 
■Esférica: grupo homogêneo em relação ao tamanho, 
constituído por células pequenas, que variam de 0,8 a 1,0 μm. 
São denominados cocos 
■Cilíndrica: células em forma de bastão, que podem ser longos 
ou delgados, pequenos ou grossos, com extremidade reta ou 
arredondada. São denominados bacilos ou bastonetes 
■Espiralada: denominadas espirilos, quando possuem corpo 
mais rígido e se movem através de flagelos externos, ou 
espiroquetas, quando são flexíveis e locomovem-se por meio de 
contrações do citoplasma ou de um flagelo interno 
■Víbrio: espirilos muito curtos, de estrutura rígida e em 
forma de vírgula 
■Forma de transição: forma intermediária entre cocos e 
bacilos, denominada cocobacilo. 
Alguns grupos de bactérias podem ser reconhecidos em função das 
formas incomuns de suas células individuais, como as bactérias 
apendiculadas, que apresentam extensões celulares em forma de 
longos tubos ou pedúnculos, e as filamentosas, que apresentam 
longas células ou cadeias celulares delgadas. 
Dependendo do campo de divisão celular, as células bacterianas 
podem permanecer unidas em grupos ou conjuntos após a divisão 
celular, assumindo arranjos característicos. No caso das células 
esféricas, quando as bactérias se dividem e permanecem unidas, 
temos: 
■Diplococos: único plano de divisão celular e os cocos 
permanecem agrupados aos pares 
 
B) REPRODUÇÃO/ Crescimento bacteriano 
O crescimento bacteriano é definido como aumento do número 
de células, em consequência de multiplicação celular. As bactérias se 
reproduzem principalmente por fissão binária ou por gemulação; 
como resultado, uma célula dará origem a duas, duas células 
produzem quatro células, e assim por diante. O tempo necessário para 
uma célula se dividir (e sua população duplicar) é chamado tempo de 
geração. 
 
2. FUNGOS 
 
A) MORFOLOGIA 
 
De acordo com sua morfologia, os fungos podem ser 
classificados como: leveduras (unicelulares), fungos filamentosos 
ou bolores (multicelulares) e fungos dimórficos. Apresentam 
características macromorfológicas e micromorfológicas típicas, as 
quais permitem sua diferenciação e classificação. 
 
Leveduras 
As colônias geralmente são arredondadas, de aspecto liso, 
rugoso ou cerebriforme, pastosas ou cremosas, de coloração variada 
que pode ser alaranjada, branca, creme, preta, entre outras. As 
leveduras são maiores que a maioria das bactérias; têm 1 a 5 μm de 
largura e 5 a 30 μm de comprimento. As características morfológicas 
são muito semelhantes, e não existem estruturas diferenciadas 
ligadas à reprodução. Portanto, são necessárias provas metabólicas 
para sua identificação, assim como ocorre com as bactérias. 
 
 
Fungos filamentosos 
As colônias podem ser algodonosas, aveludadas, 
pulverulentas, rasteiras ou aéreas, com os mais variados tipos de 
pigmentação.. Diferentemente das leveduras unicelulares, os bolores 
são organismos multicelulares que aparecem ao microscópio como 
filamentos. Cada filamento cresce principalmente na extremidade, 
pela extensão da célula terminal. Um único filamento recebe a 
denominação de hifa. As hifas geralmente crescem juntas, formando 
um conjunto denominado micélio. O micélio surge porque as hifas 
individuais, ao crescerem, formam ramificações que se entrelaçam, 
resultando em massa compacta. 
 
 
Fungos dimórficos 
Muitos fungos são dimórficos, ou seja, apresentam-se de duas formas 
morfológicas diferentes, em condições ambientais diversas, ora 
como levedura, ora como fungo filamentoso. Muitos fungos 
patogênicos exibem dimorfismo. A fase leveduriforme está presente 
quando o organismo é um parasita e quando cultivado a 35 a 37°C; e 
a forma filamentosa se evidencia quando o organismo é saprófita 
em seu hábitat natural ou incubado em laboratório à temperatura 
ambiente. Com frequência, o fator determinante para o 
estabelecimento do dimorfismo é a temperatura. 
Esta característica exerce papel importante para a virulência, 
pois a fase filamentosa adere melhor às células e outras estruturas (p. 
ex., dispositivos plásticos). A aderência a superfícies é um importante 
fator de virulência, em especial para microrganismos que causam 
patologias na cavidade bucal, já que esta é frequentemente banhada 
pelo fluxo salivar. 
 
B) REPRODUÇÃO FUNGO 
A reprodução dos fungos pode ocorrer por meio de três ciclos 
distintos: assexual, sexual ou parassexual; os dois últimos são 
importantes para a variabilidade necessária ao aperfeiçoamento da 
espécie, através da recombinação genética. A fase assexuada de 
reprodução dos fungos é denominada anamórfica ou imperfeita, e a 
fase sexuada, teleomórfica ou perfeita. 
 
FONTE: 
http://www.icb.usp.br/bmm/mariojac/arquivos/Aulas/Microbiota_R
esidente.pdf 
 
file:///C:/Users/55819/Downloads/Microbiologia_Apostila1-
2005b%20(1).pdf 
 
file:///C:/Users/55819/Downloads/8624-Texto%20do%20artigo_-
39819-1-10-20190711.pdf 
 
Microbiologia Bucal e Aplicada - 
APOLONIO, Ana Carolina Morais 
 
 
 
Microbiota bucal e seu ecossistema 
A cavidade oral do ser humano abriga uma microbiota 
residente de mais de 700 espécies de bactérias. Essas espécies colonizam 
todas as estruturas da cavidade bucal, incluindo dentes, língua, 
mucosa bucal, palato duro, lesões cariosas e bolsas periodontais. A 
distribuição da microbiota bucal nessas estruturas se dá graças à 
preferência das bactérias por sítios que irão proporcionar condições 
ideais para o seu crescimento e desenvolvimento. 
O ecossistema bucal sofre diversas modificações, a partir da 
erupção do primeiro dente decíduo, com erupções dentárias 
subsequentes seguidas da formação de um novo ambiente com uma 
rica fonte de nutrientes: o sulco gengival. Cada sítio do ambiente 
bucal propicia condições ideais para certas espécies, como 
temperatura, salinidade, presença ou ausência total de oxigênio, 
abundância de nutrientes e pH. A estabilidade do microbioma de cada 
sítio pode ser afetada por variações na dieta, no fluxo salivar ou por 
uso prolongado de antibióticos. 
 
Função da saliva 
A cavidade oral é inteiramente umidificada e lubrificada 
pela saliva, oriunda da secreção das glândulas salivares, que contém 
diferentes tipos de substâncias biologicamente ativas. Através do seu 
estreito contato com todas as estruturas bucais, a saliva tem ação 
direta no biofilme dental, atuando como um sistema de liberação 
lenta e contínua de agentes antimicrobianos e tamponantes, e como 
http://www.icb.usp.br/bmm/mariojac/arquivos/Aulas/Microbiota_Residente.pdf
http://www.icb.usp.br/bmm/mariojac/arquivos/Aulas/Microbiota_Residente.pdf
file:///C:/Users/55819/Downloads/Microbiologia_Apostila1-2005b%20(1).pdf
file:///C:/Users/55819/Downloads/Microbiologia_Apostila1-2005b%20(1).pdf
file:///C:/Users/55819/Downloads/8624-Texto%20do%20artigo_-39819-1-10-20190711.pdf
file:///C:/Users/55819/Downloads/8624-Texto%20do%20artigo_-39819-1-10-20190711.pdf
fonte de nutrientes para os microrganismos, determinando assim 
sua qualidade e quantidade. A saliva tem propriedades 
antibacterianas, antivirais e antifúngicas, inclusive proteínas 
como lisozimas (bacteriólise), lactoferrina (bacteriostática), 
lactoperoxidase (bloqueia o metabolismo de glicose) e outros 
componentes como mucinas, imunoglobulina A, G e M e outras 
glicoproteínas. As glicoproteínasricas em prolina atuam como 
receptores que permitem a ligação de bactérias com a película 
adquirida, que cobre a superfície do dente. 
O fluxo salivar permite a entrada de nutrientes essenciais 
para as bactérias, mas também promove a remoção mecânica desses 
nutrientes das superfícies colonizadas. A quantidade e a qualidade 
da saliva desempenham papel crucial não apenas na iniciação e no 
desenvolvimento de lesões de cárie, mas também no processo de 
remineralização de lesões iniciais. Portanto, um fluxo salivar 
abundante protege o esmalte dental ao reduzir o tempo de exposição 
deste aos ácidos oriundos da dieta, normalizando o pH do ambiente 
após exposição a alimentos cariogênicos. Além disso, a presença de 
compostos tamponantes (p. ex., os íons carbonato e fosfato) facilita 
a manutenção do pH no microambiente do biofilme, assegurando a 
manutenção da composição mineral do esmalte dental. 
 
Etapas de formação do biofilme dental 
A formação do biofilme dental segue algumas etapas de 
adesão e colonização bacteriana na superfície do dente. No entanto, 
por se tratar de um mecanismo extremamente dinâmico, tais etapas 
podem acontecer de maneira simultânea e não isoladamente, como 
representamos a seguir, para fins didáticos. 
 
Representação esquemática da hipótese da placa 
ecológica e etiologia da cárie dentária, segundo a qual uma 
mudança no microambiente do biofilme dental altera o equilíbrio 
da microbiota ali presente, favorecendo a prevalência de 
microrganismos acidúricos e acidogênicos, o que acarreta 
desmineralização da superfície dentária. Fonte: adaptada de 
Marsh, 1994, em Fejerskov e Kidd, 2005. 
 
nichos ecológicos da cavidade bucal? 
Os microrganismos começam a crescer em um habitat e 
formam uma comunidade com varias populações diferentes. Cada 
uma dessas populações ocupa um nicho dentro da comunidade, que 
não e uma posição física, mas a função do microrganismo na 
comunidade. Por tanto, o nicho ocupado pelo Streptococus mutans 
dentro da cavidade oral pode ser livremente definido como aquele 
onde existe fermentação de carboidratos. 
Em condições saudáveis, a microbiota oral relaciona-se 
harmonicamente com o hospedeiro, similarmente ao que ocorre com 
os outros micro-habitats do corpo humano (MOOM; LEE, 2016). A 
microbiota da cavidade bucal começa a ser estabelecida logo após o 
nascimento e sofre alterações na quantidade e diversidade de 
microrganismos ao longo da vida, quando se nota a influência 
epigenética sobre esse ambiente (MORENO et al., 2017). Entre os fatores 
que auxiliam na relação entre ela e o organismo destacam-se a 
temperatura, pH, presença de oxigênio (potencial oxidação-redução), 
nutrientes (endógenos e exógenos) e a defesa do organismo 
(COSTALONGA; HERZBERG, 2014; NASRY et al., 2016). Todos esses fatores são 
importantes no binômio saúde-doença, pois modulam a colonização 
por determinados microrganismos, os quais serão capazes de 
sobreviver e se proliferar no ambiente e, assim, estabelecer a 
microbiota residente (TERAI et al., 2015; KIM et al., 2018). A quebra 
desta harmonia, por alguma alteração no ambiente bucal, favorece a 
proliferação de espécies patogênicas e, assim, o desenvolvimento de 
doenças, uma relação de disbiose, em que, a depender do grau de 
comprometimento, pode afetar outros sistemas além do sistema 
estomatognático (MORAIS et al., 2006). As bactérias e seus produtos 
desempenham um papel fundamental na indução e, principalmente, 
na perpetuação das alterações patológicas que acometem os tecidos 
duros e moles da cavidade bucal, esta em maior extensão, pois tal 
correlação já está corroborada pela literatura (ZANDONÁ; SOUZA, 
2017). Segundo Almeida et al. (2006), as desordens bucais alteram a 
modulação da microbiota oral, especialmente a doença periodontal, 
podendo atuar como foco de disseminação de microrganismos 
patógenos, com efeito metastático sistêmico, especialmente em 
pessoas imunocomprometidas ou com comorbidades. 
 
Fonte: file:///C:/Users/55819/Downloads/8624-
Texto%20do%20artigo_-39819-1-10-20190711%20(1).pdf 
Microbiologia Bucal e Aplicada - 
APOLONIO, Ana Carolina Morais 
file:///C:/Users/55819/Downloads/8624-Texto%20do%20artigo_-39819-1-10-20190711%20(1).pdf
file:///C:/Users/55819/Downloads/8624-Texto%20do%20artigo_-39819-1-10-20190711%20(1).pdf

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