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OFICINA 3 - POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL E ARTICULAÇÃO DA RAPS COM ENFOQUE NA DESINSTITUCIONALIZAÇÃO Aluno (a): Matheus Correia OBJETIVOS DE ESTUDO 1. Entender a reforma psiquiátrica e a luta antimanicomial no Brasil e RASP (organização) O modelo de atenção à saúde mental no Brasil perpassa o aspecto técnico e político o qual deve representar os interesses e necessidades da sociedade, sendo implementado por diretrizes políticas. O modelo assistencial, segundo, merhy, configura-se como uma organização de serviços de saúde a partir de saberes da área, contendo estratégia política para sua implementação. Desse modo, podemos concluir que o modelo de atenção em saúde mental visa nada mais do que romper essa lógica do grande hospital e sim instituir um atendimento assistencialista. Nossa reforma psiquiátrica iniciou em 1970 organizada pelo Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental o qual buscava uma transformação na assistência psiquiátrica, denunciando o modelo aplicado naquela época e criticando o modelo hospitalocêntrico presente. Tal reforma surgiu no bojo da Reforma Sanitária a qual sustentou politicamente esse movimento. Cabe destacar que o desenho desse novo modelo de serviço teve como premissa fundamental a defesa da cidadania do usuário. Devemos ter em mente ainda que o contexto histórico da época era a ditadura na qual os interesses econômicos e político eram sobrepostos em relação aos direitos humanos. A atual reforma da assistência psiquiátrica visa contrapor o modelo hegemônico da assistência ao paciente que sofre de transtorno psiquiátrico no qual era centrado no hospital psiquiátrico a na exclusão do mesmo. Desse modo, tem como objetivo romper paradigmas e criar novas formas de convivência com a loucura, alterando a assistência como foi dito acima, inserindo novos atores na sua história e criticando o modelo dominante de assistência. A superação do aparato manicomial implica em desestruturação dos velhos fazeres e saberes sobre a lucra. Dessa forma, temos uma reformulação do que consiste a loucura e seu manejo. Este modelo novo de assistência visa inserir a comunidade como ator principal para atingir tais mudanças, pois a promoção do esforço individual e da ajuda mútua ao exercício, acarreta mudanças na atenção e nos recursos para saúde mental, bem como mudanças de atitude e redução do estigma que o paciente sofre. A nossa reforma psiquiátria visa integrar o discurso civil na consciência social e nas atuações dos programas comunitário, permitindo novas formas de atendimento. Seu grande papel não é somente desconstruir antigos espaços e criar novos, mas inventar novas formas de lidar, conviver e tratar da diferença na cidade pessoas que sofrem de distúrbios psiquiátricos. Os principais entraves para o processo de desinstucionalização são: (1) recursos financeiros insuficientes para o desenvolvimento de programas; (2) a transição dos hospitais psiquiátricos para novas formas de atendimento psicossocial (CAPS) não ocorreu de forma gradativa, devido à falta de verbas; (3) o programa não planejava atender pacientes crônicos, pois a nova roupagem da assistência era suficiente para vencer tal paradigma; (4) a sociedade não se encontra preparada para receber essas pessoas desinstitucionalizadas, pois os esforçam se voltam apenas para modificação do comportamento das pessoas e não de suas crenças e preconceitos. REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL A construção da RASP apresenta possibilidade e desafios para sua implementação os quais já estão presentes na história da reforma psiquiátrica. Tal organização tem como eixo estratégico o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) com a meta de oferecer e prestar atendimento clínico a pessoa com transtorno mental em crise, atenção diária, evitando internação desnecessárias em hospitais psiquiátricos. Além do CAPS, temos como eixos complementares as UBS, os Centros de Convivência e Grupos de produção e Geração de Renda, as Residências Terapêuticas, o Programa de Volta Para Casa. De acordo com os princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira, consolidados na Lei n° 10.216 de 06/04/2001, a atenção a pessoas com transtornos mentais e com problemas decorrentes do uso/abuso e/ou dependência álcool e outras drogas deve se dar, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental, portanto, busca consolidar um modelo de atenção aberto, garantindo a livre circulação das pessoas com problemas mentais pelos serviços, pela comunidade e pela cidade. Um marco importante quando estamos falando de saúde mental é a lei n° 10.216 de 2001 ela dispõe sobre a proteção e os diretos das pessoas com transtornos mentais, redirecionando a nova forma de atendimento assistencial. Ela define os tipos de internação psiquiátrica, define a comunicação do MP e comunicação da alta desse paciente. Tal lei ratifica o CAPS como eixo central dessa rede. Com o passar do tempo foi entendido que o paciente com transtorno mental não apresenta exclusivamente problemas de saúde, mas traz consigo um paradigma social, educacional, econômico e de segurança importante. Pensando nesta pespectiva, em 2011, a portaria n° 3.088, a qual institucionaliza a RAPS, tentou ampliar a visão que temos sobre saúde mental. Além dos transtornos mentais a RAPS foca suas atenções nos usuários de drogas como crack e álcool. A RAPS tem como objetivos gerais: I. Ampliar o acesso à atenção psicossocial da população em geral; II. II. Promover a vinculação das pessoas com transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas e de suas famílias aos pontos de atenção; e III. III. Garantir a articulação e a integração dos pontos de atenção das redes de saúde no território, qualificando o cuidado por meio do acolhimento, do acompanhamento contínuo e da atenção às urgências. A Rede é composta por serviços e equipamentos variados, tais como: Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); CAPS I e CAPS II: Atendimento diurno (segunda a sexta) de adultos com transtornos mentais; CAPS III: Atendimento diurno e noturno (24 horas) de adultos com transtornos mentais; CAPS Infantil I e II: Atendimento diurno (segunda a sexta) a crianças e adolescentes com transtornos mentais; CAPS Infantil III: Atendimento diurno e noturno a crianças e adolescentes com transtornos mentais; CAPS Álcool e Drogas: Atendimento diário à população com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas, como álcool e outras drogas. Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT); São casas localizadas no espaço urbano, constituídas para responder às necessidades de moradia de pessoas portadoras de transtornos mentais graves, institucionalizadas ou não. O número de usuários pode variar desde 1 indivíduo até um pequeno grupo de no máximo 8 pessoas, que deverão contar sempre com suporte profissional sensível às demandas e necessidades de cada um. Seu objetivo é abrigar as pessoas que não consegue uma moradia. Tal projeto visa buscar uma vida o mais próximo do normal para os pacientes desinstitucionalizados, sempre buscando o empoderamento desses indivíduos. Centros de Convivência e Cultura, as Unidade de Acolhimento (UAs), A estrutura oferece cuidados contínuos de saúde, com funcionamento 24 horas por dia, em ambiente residencial, para pessoas com necessidade decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Atende pessoas que apresentam acentuada vulnerabilidade social ou familiar e que demandam acompanhamento terapêutico e protetivo de caráter transitório. Os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III). Segundo os dados de 2020 do Ministério da Saúde, eram então ofertados 1.622 leitos em 305 hospitais gerais país afora. São serviços destinados ao tratamento adequado e ao manejo de pacientes com quadros clínicos agudos, em ambiente protegido, com suportee atendimento 24 horas por dia. Faz parte dessa política o programa de Volta para Casa, que oferece bolsas para pacientes egressos de longas internações em hospitais psiquiátricos. Programa de Volta para casa: Que dispõe sobre o auxílio-reabilitação psicossocial, atualmente no valor atual de R$ 500,00 (quinhentos reais), destinado às pessoas acometidas de transtornos mentais, com história de longa internação psiquiátrica (02 ou mais anos ininterruptos). 2. Entender os objetivos e as diretrizes da Lei n° 10.216 (contextualizar com a reforma psiquiátrica); Em 2001, a Lei nº 10.216, proposta pelo deputado federal Paulo Delgado, também conhecida como Lei Paulo Delgado, instituiu um novo modelo de tratamento aos portadores de transtornos mentais no Brasil, e redireciona a assistência em saúde mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária, dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, mas não institui mecanismos claros para a progressiva extinção dos manicômios. Ela representa um grande avanço jurídico no que concerne aos direitos dos usuários e de seus familiares em saúde mental. Tem como foco a saúde mental de base comunitária e dispõe, fundamentalmente, sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais. A Lei 10.216/2001 fez-se importante, dentre diversos aspectos, porque garantiu vários direitos aos pacientes com transtornos mentais, como a participação de sua família no tratamento e sua proteção contra qualquer forma de abuso. 3. Elucidar os princípios e as diretrizes da nota técnica n° 11/2019, fazendo uma comparação com a Lei n° 10.216 bem como as críticas sobre seu estabelecimento; No período de dezembro de 2016 a maio de 2019, foram editados cerca de quinze documentos normativos, dentre portarias, resoluções, decretos e editais, que formam o que a nota técnica 11/2019 veio a chamar de “Nova Política Nacional de Saúde Mental”. Todo esse compilado de notas e diretrizes vem na contramão do que a reforma psiquiátrica prega. A história começa em dezembro de 2017, quando a CIT (comissão que reúne o ministério e as secretarias de saúde dos municípios e estados) aprovou uma resolução que claramente ia na contramão da Reforma Psiquiátrica: o texto previa aumentar os repasses públicos para leitos em hospitais psiquiátricos (fomento a instituições que visão o internamento de pessoas sem base científica, tendo como principal ferramenta a religiosidade para terapia da saúde mental) e ampliar sua oferta, além de expandir as comunidades terapêuticas (em geral filantrópicas) para o tratamento de dependentes químicos. Uma portaria do MS consolidou o início da transformação. De lá para cá, já rolou muita coisa. Como as alterações na política de drogas – no ano passado, alinhado com as últimas mudanças, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas decidiu que o melhor método para tratar usuários seria a abstinência (jogando para escanteio a redução de danos) e, de preferência, o confinamento em comunidades terapêuticas. A nova nota técnica foi publicada sem alarde de 2019 ela explica detalhadamente como deve ser a nova formação da Rede de Atenção Psicossocial e ressalta que “o Ministério da Saúde não considera mais Serviços como sendo substitutos de outros, não fomentando mais fechamento de unidades de qualquer natureza”, numa referência aos leitos. A internação de menores de idade também é tema da nota: “Vale ressaltar que não há qualquer impedimento legal para a internação de pacientes menores de idade em Enfermarias Psiquiátricas de Hospitais Gerais ou de Hospitais Psiquiátricos. A melhor prática indica a necessidade de que tais internações ocorram em Enfermarias Especializadas em Infância e Adolescência. No entanto, exceções à regra podem ocorrer, sempre em benefício dos pacientes”. O embasamento para essa afirmação é um parecer do Conselho Regional de Medicina de São Paulo. “Apesar de ser posicionamento de um Conselho profissional local, vale para embasar o tema”, justifica a nota. http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/janeiro/05/Resolu----o-CIT-n---32.pdf https://outraspalavras.net/outrasaude/contrarreforma-chega-saude-mental/ http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt3588_22_12_2017.html https://outraspalavras.net/outrasaude/internar-e-punir/ http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Pareceres&dif=s&ficha=1&id=10208&tipo=PARECER&orgao=Conselho%20Regional%20de%20Me Essa ‘nova política’ se caracteriza pelo incentivo à internação psiquiátrica e por sua separação da política sobre álcool e outras drogas, que passou a ser denominada “política nacional sobre drogas”, tendo esta grande ênfase no financiamento de comunidades terapêuticas e numa abordagem proibicionista e punitivista das questões advindas do uso de álcool e outras drogas O movimento da luta antimanicomial analisa essa nota com preocupação e aponta um conjunto de críticas. Isso porque, ao ler a nota técnica, existe a ideia de possíveis retrocessos nos novos posicionamentos do Ministério da Saúde: “Reativar os hospitais psiquiátricos ou os manicômios (lembrar do papel secundário que os manicômios possuíam desde os primórdios) e a eletroconvulsoterapia, também conhecida por eletrochoque, como estratégias terapêuticas é um atraso e representa cumprir mais a função de restaurar o poder hegemônico da medicina nesse campo do que qualificar a atenção”. Um aspecto da nota que não havia sido estabelecido em normativas anteriores foi a apresentação da eletroconvulsoterapia como se fosse um exemplo de “disponibilização do melhor aparato terapêutico, ignorando os registros históricos de que está fora empregada corriqueiramente enquanto instrumento de tortura e punição nas instituições manicomiais anteriormente à Reforma Psiquiátrica. Ainda que existam indicações técnicas para o uso da eletroconvulsoterapia, estas se aplicam a uma parcela extremamente pequena dos casos de transtorno mental grave e estão longe de ser uma solução em larga escala, conforme a nota proclama. Além dessas mudanças houve também a estimulação da prática de abstinência em pacientes com dependência química. Também chama atenção o modo como é mencionada a atenção a crianças e adolescentes, com ênfase descabida na internação psiquiátrica. A Nota Técnica cita que “não há qualquer impedimento legal para a internação de pacientes menores de idade em Enfermarias Psiquiátricas de Hospitais Gerais ou de Hospitais Psiquiátricos. Além disso, oficializa a separação da, agora, “Política Nacional Sobre Drogas” da Política Nacional de Saúde Mental. “Esta separação entre as duas políticas tem também a clara intenção de impedir que os princípios que regem a atenção psicossocial, especialmente o cuidado realizado em liberdade (...) sejam igualmente aplicados aos usuários de álcool e outras drogas” 4. Estudar a eletroconvulsoterapia, elucidando suas indicações terapêuticas e seus efeitos colaterais. A eletroconvulsoterapia (ECT) usa uma pequena corrente elétrica para produzir uma convulsão cerebral generalizada sob anestesia geral. A ECT é usada principalmente para tratar a depressão grave, mas também é indicada para pacientes com outras condições, incluindo transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo, catatonia e síndrome neuroléptica maligna. O mecanismo de ação da ECT é desconhecido, mas existem muitas alterações bem documentadas no sistema nervoso central: ●Estudos em humanos e animais mostram que a ECT aumenta a liberação de neurotransmissores de monoamina, particularmente dopamina, serotonina e norepinefrina. A ECT também aumenta a transmissão de monoamina por dessensibilizar os autorreceptores adrenérgicos pré-sinápticos. ●A hipótese neuroendócrina sugere que a ECT alivia a depressão, fazendo com que o hipotálamo ou a hipófise libere hormônios, incluindo prolactina, hormônioestimulador da tireoide, hormônio adrenocorticotrópico e endorfinas [ 2 ]. ●A ECT tem propriedades anticonvulsivantes (talvez relacionadas a neuro-hormônios e maior transmissão do ácido gama-aminobutírico), o que levou à sugestão de que essas propriedades são responsáveis pelos efeitos terapêuticos do tratamento. ●A hipótese neurotrófica sugere que a ECT atua aumentando a sinalização neurotrófica e induzindo a neurogênese (plasticidade estrutural do cérebro). Vários estudos descobriram que a ECT aumenta o fator neurotrófico derivado do cérebro e o volume da substância cinzenta no hipocampo, amígdala e lobos temporais. ●Estudos de tomografia por emissão de pósitrons demonstram diminuição da atividade metabólica no córtex frontal e cingulado após ECT. ●A ECT pode alterar a conectividade do cérebro. Um estudo de ressonância magnética funcional antes e depois do tratamento bem-sucedido com ECT revelou uma redução na conectividade global dentro do córtex pré-frontal lateral dorsal esquerdo, enquanto outro estudo de ressonância magnética funcional encontrou aumento da conectividade do hipocampo direito.e um estudo estrutural encontrada conectividade aumentada em circuitos fronto-límbicos dorsais. ●Estudos quantitativos de eletroencefalograma demonstram aumento da atividade das ondas lentas (delta) no córtex pré-frontal após a ECT, que está associada à resposta clínica. EFEITOS ADVERSOS - Os efeitos adversos da ECT podem ser divididos em efeitos médicos gerais e cognitivos. Efeitos médicos gerais adversos - A ECT é um dos procedimentos mais seguros realizados sob anestesia geral. A taxa de mortalidade da ECT é de no máximo 2 a 4 mortes por 100.000 tratamentos, e alguns estudos estimam que a taxa seja inferior a 2 mortes por 100.000 tratamento. Além disso, uma revisão de 10 revisões sistemáticas, 7 metanálises e 3 diretrizes de prática constatou que a mortalidade associada à ECT foi comparável à mortalidade associada a procedimentos menores envolvendo anestesia geral. A mortalidade está principalmente relacionada a eventos cardiopulmonares. Pacientes com doença cardíaca coronária podem estar em risco de eventos isquêmicos https://www.uptodate.com/contents/overview-of-electroconvulsive-therapy-ect-for-adults/abstract/2 cardíacos porque a convulsão aumenta a carga de trabalho cardíaca e a demanda de oxigênio. Os efeitos cardiovasculares da ECT são discutidos separadamente. Efeitos cognitivos adversos - A maioria dos pacientes relata alguns efeitos cognitivos adversos durante e após um curso de ECT. Uma revisão sistemática de quatro estudos observacionais (597 pacientes tratados com ECT) descobriu que a proporção de pacientes que relataram qualquer perda de memória variou de 51 a 79 por cento. A incidência depende da colocação do eletrodo, tipo de estímulo e dose, anestesia e estado cognitivo pré-tratamento do paciente. Tipos de comprometimento - a ECT causa três tipos básicos de comprometimento cognitivo: ●Confusão aguda ●Amnésia anterógrada ●Amnésia retrógrada
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