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1 SÍNDROME NEFRÍTICA: DEFINIÇÃO: É uma inflamação glomerular que se caracteriza por uma perda abrupta (aguda) da superfície de ultrafiltração, que causa uma diminuição da excreção de pequenos solutos, com consequente diminuição da taxa de filtração glomerular e fluxo urinário, se manifestado com proteinúria moderada, por aumento da permeabilidade glomerular a macromoléculas, edema moderado e hipertensão variável. Além disso, a ocorrência da ruptura das alças glomerulares faz com que haja hematúria (presença de hemácias dismórficas ou cilindros hemáticos). CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS GERAIS: A síndrome nefrítica se caracteriza pelo surgimento de três sinais e sintomas, sendo eles: 1. Hematúria 2. Hipertensão 3. Proteinúria moderada (sub-nefrótica), com menos de 3,5 g/dia. Obs: A proteinúria pode causar o edema moderado, sendo um quarto sinal de síndrome nefrítica. ETIOLOGIAS: GLOMERULONEFRITE AGUDA PÓS-ESTREPTOCÓCICA (GNPE): É provocada por cepas nefritogênicas de Streptococcus beta-hemolítico do grupo A ou surgir de forma “primária” e idiopática. As cepas “nefritogênicas” podem estar presentes numa piodermite esteptocócic, como impetigo ou numa faringoamigdalite. Também é conhecida como glomerulonefrite pós-infecciosa ou gromerulonefrite difusa aguda. O período de incubação (infecção-nefrite), quando a via é a orofaringe, costuma ficar entre 7-21 dias (média: 10 dias), enquanto para a via cutânea fica entre 15-28 dias (média: 21 dias). EPIDEMIOLOGIA: É uma doença que afeta em geral crianças na faixa de idade entre os 2 e 14 anos e idosos, especialmente os com condições debilitantes. Sendo uma doença esporádica em países desenvolvidos, mas comum em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, aparecendo em 2 a 6 semanas quando causada por infecção cutânea, e em 1 a 3 semanas quando causada por faringite estreptocócica. Obs: Em relação ao sexo, é mais comum em homens. Obs2: É uma doença que tem incidência em familiares ou em coabitantes de 40%. TUTORIAL 06: FERNANDO 2 PATOGÊNESE: A glomerulonefrite pós-estreptocócica é uma doença aguda causada por imunocomplexos, e caracterizada pela formação de anticorpos contra estreptococos e pela deposição de imunocomplexos com complemento no rim. Existem quatro modos pelos quais os glomérulos podem ser “atacados” por imunocomplexos: 1. Deposição de imunocomplexos circulantes, formados no sangue por anticorpos do paciente + antígenos estreptocócicos; 2. Formação de imunocomplexos in situ, isto é, antígenos estreptocócicos circulantes são “aprisionados” pela membrana basal glomerular, com posterior ligação de anticorpos do paciente. Principal causa; 3. Reação cruzada de anticorpos anti-estreptococo produzidos pelo paciente com constituintes normais do glomérulo (mimetismo molecular); 4. Alterações moleculares em antígenos do glomérulo, tornando-os imunogênicos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: A maioria dos portadores de GNPE é na realidade assintomática. Boa parte dos pacientes desenvolve apenas alterações laboratoriais subclínicas (ex.: micro-hematúria dismórfica), enquanto uma pequena parcela do total evolui com manifestações clínicas significativas. A manifestação clássica ocorre de forma aguda, sendo encontrado sintomas e sinais de hematúria macroscópica, piúria (pus na urina), oligúria, edema, hipertensão arterial, cefaleia, mal-estar, anorexia e dor no flanco que ocorre por endurecimento da cápsula renal. Além disso, algumas manifestações laboratoriais são encontradas, como proteinúria leve, diminuição de CH50 na primeira semana de sintomas, diminuição dos níveis de C3 e C4, presença de imunocomplexos circulantes e presença de Anti-DNAse ou de anticorpos anti-hialuronidase. DIAGNÓSTICO: Diante de um paciente com síndrome nefrítica, a primeira ação diagnóstica deve ser no sentido de tentar encontrar, pela anamnese e exame físico, a presença de manifestações extrarrenais que possam indicar uma etiologia específica (como rash malar e artrite, para o lúpus eritematoso). Caso a síndrome nefrítica seja a única condição do paciente, o médico deve seguir meticulosamente o algoritmo diagnóstico da GNPE. 3 A confirmação diagnóstica de GNPE requer evidências claras de infecção estreptocócica. Como a cultura (de pele ou orofaringe) pode estar negativa no momento em que a GNPE se manifesta (pois a GNPE é uma complicação tardia da infecção), a dosagem quantitativa de anticorpos anti-exoenzimas estreptocócicas acaba se tornando o método mais sensível para cumprir este pré-requisito diagnóstico. Na GNPE pós-faringoamigdalite o anticorpo mais encontrado é o ASLO ou ASO (em 80-90% dos casos), seguido pelo anti-DNAse B (em 75% dos casos). Os níveis de ASLO geralmente se elevam de 2-5 semanas após a infecção estreptocócica, decaindo ao longo de meses. Curiosamente, na GNPE-pós-impetigo o ASLO é, com frequência, negativo, sendo positivo em somente 50% dos casos. A explicação é: existem oxidases no tecido subcutâneo que inativam rapidamente esta exoenzima estreptocócica, não dando tempo para que o sistema imune se “sensibilize” contra tal antígeno... Assim, no impetigo, o melhor anticorpo (o mais sensível) passa ser o anti-DNAse B, detectado em 60-70% dos casos, seguido pelo anti-hialuronidase. A queda do complemento (C3 e CH50) constitui achado laboratorial obrigatório para o diagnóstico, porém é importante reconhecer que se trata de uma alteração inespecífica, já que pode ocorrer também em outras causas de glomerulonefrite difusa aguda, como a glomerulonefrite membranoproliferativa e o lúpus eritematoso sistêmico. A grande utilidade da dosagem de complemento sérico reside em seu acompanhamento evolutivo: a GNPE é uma forma autolimitada de GNDA, sendo esperada a normalização do complemento em, no máximo, oito semanas (na maioria dos casos o complemento normaliza antes de duas semanas) Em raros casos pode ser feita a biópsia renal para realização de microscopia e imunofluorescência, onde é possível identificar: Na microscopia óptica: padrão de glomerulonefrite proliferativa-difusa, isto é, a maioria dos glomérulos (> 50%) apresenta infiltrado inflamatório, com neutrófilos e mononucleares invadindo o mesângio e as alças capilares Na imunofluorescência: Depósito de imunocomplexos de forma difusa nas paredes dos capilares e no mesângio Na microscopia eletrônica: É possível perceber a presença de imunocomplexos entre a membrana basal e os podócitos TRATAMENTO: Consiste basicamente em medidas de suporte urológicos, sendo controlada a hipertensão (vasodilatadores) e o edema (diuréticos de alça), e quando necessário a realização de diálise, não sendo necessário realizar terapia imunossupressora. Além disso, todos os pacientes e seus coabitantes devem ser tratados com antibióticos para a infecção estreptocócica. 4 PROGNÓSTICO: Em geral a glomerulonefrite pós-estreptocócica recorrente é rara. Além disso, a morte em crianças é algo raro, porém pode ocorrer em idosos, mas de modo geral, a doença tem um prognóstico favorável, tendo resolução completa da hematúria e da proteinúria ocorrendo dentro de 3 a 6 semanas após o início da nefrite em crianças. Nos pacientes idosos, o prognóstico é um pouco pior, tendo uma elevada incidência de azotemia, ocorrendo proteinúria em faixa nefrótica e podendo cursar com doença renal em estágio terminal. NEFROPATIA POR IgA (DOENÇA DE BERGER): É a causa mais comum de glomerulonefrite em todo o mundo, sendo caracterizada por hematúria episódica associada ao depósito de IgA no mesângio. EPIDEMIOLOGIA: Ocorrem com predominância em indivíduos do sexo masculino, sendo geralmente durante a segunda e a terceira década de vida, tendo diferenças geográficas na prevalência, ocorrendo em maior quantidade na costa asiática e do pacifico e em menor quantidadena Europa setentrional e na américa do norte. MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS: É uma doença esporádica, que ocorre de maneira infrequente, sendo uma suscetibilidade genética. A nefropatia por IgA é uma glomerulonefrite mediada por imunocomplexos que se depositam no mesângio glomerular de forma difusa, sendo frequentemente associado a hipercelularidade mesangial, podendo ter IgM, IgG, C3 ou cadeias leves de imunoglobulina codistribuidas com a IgA. Além disso, a IgA que se deposita no mesângio é polimérica, sendo da subclasse IgA1, tendo um defeito na glicosilação da IgA, de modo que essa imunoglobulina é filtrada e depositada no mesângio, provocando o processo fisiopatológico de formação de imunocomplexos na circulação ou in situ após a deposição. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: As duas apresentações mais comuns de nefropatia por IgA são os episódios recorrentes de hematúria macroscópica durante ou imediatamente após uma infecção do trato respiratório superior, muitas vezes acompanhados de proteinúria ou hematúria microscópica assintomática persistente. De forma geral, a nefropatia por IgA é uma doença benigna para a maioria dos pacientes, com remissão completa em apenas 5 a 30% dos pacientes, sendo mais comum a persistência da hematúria, porém com função renal normal. DIAGNÓSTICO: O diagnóstico de nefropatia por IgA é estabelecido pela imunofluorescência com o achado de depósitos glomerulares de IgA, sendo esta imunoglobulina dominante ou codominante. Com frequência, são também detectados depósitos de C3 e de IgG. O quadro à microscopia óptica varia desde a manifestação mais comum, ou seja, com proliferação mesangial discreta, até a presença de glomerulonefrite crescêntica. À microscopia eletrônica, são tipicamente observados depósitos densos do tipo imune nas áreas mesangiais e paramesangiais. 5 TRATAMENTO: Como a fisiopatologia da nefropatia por IgA envolve estimulação antigênica anormal da produção de IgA da mucosa e subsequente deposição de imunocomplexos nos glomérulos, o tratamento tem sido direcionado para esses locais. Não existe um tratamento ideal, porém é recomendado o uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) nos pacientes com proteinúria ou declínio da função renal. Nos pacientes que tem proteinúria persistente após a terapia com inibidor de ECA, o tratamento com glicocorticóides (1g de metilprednisolona) ou outros agentes imunossupressores pode ser eficiente, mas nem sempre funciona. Caso a doença se manifeste de forma rapidamente progressiva, os pacientes devem receber esteroides, agentes citotóxicos e realizada a plasmaferese. Obs: Alguns estudos afirmam que óleo de peixe pode diminuir a proteinúria e melhorar a progressão da doença PROGNÓSTICO: Os fatores preditivos de mau prognóstico na nefropatia por IgA incluem idade avançada por ocasião da instalação do processo, ausência de hematúria macroscópica, hipertensão, proteinúria persistente de mais de 1 g/dia, sexo masculino, elevação dos níveis séricos de creatinina e características histológicas de proliferação e esclerose intensas, lesão tubulointersticial e formação de crescentes. A sobrevida renal é estimada em 75 a 85% dentro de 10 anos e em 70 a 75% dentro de 20 anos. PÚRPURA DE HENOCH-SCHÖNLEIN Se caracteriza por uma vasculite de pequenos vasos com artralgias, púrpura cutânea e sintomas abdominais, como glomerulonefrite proliferativa aguda. EPIDEMIOLOGIA: É uma doença que ocorre principalmente na infância, porém pode ser encontrado casos em indivíduos adultos. FISIOPATOLOGIA: Ocorre a deposição de imunocomplexos circulantes contendo IgA, sem alteração dos níveis séricos de complemento. Porém o agente infeccioso ou alérgeno para essa ocorrência de imunocomplexos circulantes não foi encontrado. 6 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: A PHS cursa com achados dermatológicos (púrpura palpável), gastrointestinais e renais de síndrome nefrítica. Tipicamente, o comprometimento cutâneo começa com um exantema macular que coalesce para lesões purpúricas em tornozelos, pernas e, ocasionalmente, em braços e nádegas. Os sintomas gastrointestinais consistem em cólicas, diarreia e vômitos, com melena e diarreia sanguinolenta nos casos mais graves. O acometimento dos diferentes órgãos pode ser concomitante ou não, e não é raro haver episódios recorrentes durante o 1° ano. DIAGNÓSTICO: É feito com base na história clínica e na histologia da biópsia renal, que se assemelha a nefropatia por IgA. TRATAMENTO: Assim como na nefropatia por IgA, a PHS não tem um tratamento comprovado, sendo utilizado corticosteróides em altas doses por períodos curtos para o tratamento de manifestações abdominais graves. PROGNÓSTICO: Em geral os pacientes têm uma recuperação boa da PHS, porém aqueles que apresentam manifestações nefriticas graves e lesão glomerular, ocorre um prognóstico desfavorável a longo prazo. GLOMERULONEFRITE RAPIDAMENTE PROGRESSIVA (GNRP): É a representação de uma variedade de doenças glomerulares que tem uma progressão para insuficiência renal de forma rápida, levando semanas a meses, sendo divididas em três padrões principais, que se apresentam com uma histologia de biopsia renal com extensa proliferação extracapilar de formação crescente. A GNRP pode surgir em consequência a uma série de doenças sistêmicas, ou então aparecer como complicação ou evolução natural de uma glomerulopatia primária. CONCEITO: A GNRP não tratada evolui em muito pouco tempo para esclerose de quase todos os glomérulos, além de fibrose tubulointersticial generalizada, um estado de plena falência irreversível dos rins, tornando necessária a diálise ou o transplante renal para que o paciente sobreviva. 7 CLASSIFICAÇÃO: A Biópsia Renal é o exame padrão-ouro para o diagnóstico e classificação da GNRP, em especial o padrão da Imunofluorescência Indireta (IFI). Três exames sorológicos também auxiliam na classificação da GNRP: 1. Anticorpo anti-MBG elevado: Tipo I (GN anti-MBG, síndrome de Goodpasture). 2. C3, CH50 (complemento sérico) reduzido: Tipo II (GN por imunocomplexos). 3. ANCA positivo: Tipo III (GN pauci-imune ou relacionada a vasculites sistêmicas). ANCA é o anticorpo anticitoplasma de neutrófilo. GLOMERULONEFRITE ANTI-MBG E A SÍNDROME DE GOODPASTURE: O tipo mais raro de GNRP é aquele associado aos anticorpos antimembrana basal glomerular (MBG). Estes autoanticorpos são específicos contra a cadeia alfa-3 do colágeno tipo IV, encontrada apenas na membrana basal dos glomérulos e dos alvéolos pulmonares. O ataque desses anticorpos à membrana basal desencadeia um processo inflamatório grave que pode se manifestar como uma GNRP com ou sem um quadro de pneumonite hemorrágica. De todos os pacientes com a doença do anticorpo anti-MBG, cerca de 50-70% apresenta, além da síndrome glomerular, uma síndrome hemorrágica pulmonar, pelos anticorpos desenvolverem uma reação cruzada contra a membrana basal dos capilares pulmonares. Estes pacientes, por definição, possuem a Síndrome de Goodpasture. Os 30-50% restantes apresentam apenas a síndrome glomerular – dizemos que eles têm uma glomerulonefrite anti-MBG primária. A hemorragia pulmonar geralmente precede a glomerulite por semanas a meses. EPIDEMIOLOGIA: Ocorre geralmente em homens jovens no final da terceira década de vida e em homens e mulheres na sétima e oitava décadas de vida. Sendo que o grupo etário mais jovem costuma ter a doença de forma explosiva, com danos agudos e agressivos. A Síndrome de Goodpasture acomete basicamente homens jovens (especialmente entre 20-30 anos), com uma relação masculino/feminino de 6:1. Está associada ao marcador genético HLADR2 e há nítida relação com história de tabagismo, infecção respiratória recente ou exposição a hidrocarbonetos voláteis (solventes). A GlomerulonefriteAnti-MBG primária apresenta- se numa faixa etária mais tardia (50-70 anos) e, ao contrário da síndrome de Goodpasture, predomina no sexo feminino. O quadro renal é idêntico ao da síndrome de Goodpasture. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Nos casos explosivos agudos, é comum ocorrer hemoptise, queda brusca da hemoglobina, febre, dispneia e hematúria, podendo ocorrer também oligúria, que costuma estar associada a um prognóstico desfavorável, junto dos sintomas clássicos de síndrome nefrótica (hematúria, anúria ou oligúria, edema considerável, etc.). 8 Uma anemia microcítica hipocrômica pode se associar à síndrome, devido à perda de ferro para os alvéolos e o teste de difusão de CO está aumentado. DIAGNÓSTICO: O componente renal da síndrome se manifesta como uma GNRP clássica, na verdade, a de evolução mais fulminante e de pior prognóstico. A pesquisa do anti-MBG no soro é positiva em > 90% dos casos, sendo um importante método diagnóstico. Cerca de 40% dos pacientes também apresentam o ANCA positivo, o que pode indicar a coexistência de uma vasculite sistêmica. O padrão-ouro para o diagnóstico é a biópsia renal, na qual observaremos o padrão linear na IFI e mais de 50% dos glomérulos apresentando crescentes. Na biópsia é possível encontrar a presença de necrose focal ou segmentar que com a destruição agressiva dos capilares por causa da proliferação celular, pode ocorrer a formação de crescentes no espaço de Bowman, que cursa com nefrite intersticial concomitante com fibrose e atrofia tubular. Além disso, com a realização da imunofluorescência da biópsia é possível encontrar anticorpos anti-MBG e complemento. TRATAMENTO: O tratamento específico deve ser iniciado precocemente, caso contrário, 80% dos pacientes evolui com rins em estágio terminal dentro de um ano, necessitando de diálise ou transplante renal. A terapia deve ser feita com Plasmaférese (troca de plasma) diária ou em dias alternados, até a negativação do anti-MBG no soro. Juntamente com a plasmaférese, devemos acrescentar Prednisona e um imunossupressor, que pode ser a Ciclofosfamida ou a Azatioprina, sendo esta última usada principalmente após a remissão, na terapia de manutenção. Os títulos seriados dos anticorpos anti-MBG são monitorados para avaliar a resposta à terapia. Se o tratamento for iniciado antes da creatinina plasmática ultrapassar o valor de 5 mg/dl, o prognóstico passa a ser bom, com uma sobrevida renal de aproximadamente 90% GNRP MEDIADA POR IMUNOCOMPLEXOS: Representa quase a metade dos casos de GNRP e tem como causa uma lesão glomerular mediada por imunocomplexos, que pode ser idiopática (rara), infecciosa/pós-infecciosa (GNPE) ou relacionada a doenças sistêmicas, como o Lúpus Eritematoso Sistêmico (nefrite lúpica proliferativa difusa ou Classe IV), além de causas mais raras. O quadro clínico é o de uma GNRP clássica, porém há caracteristicamente uma queda do complemento sérico (C3 e CH50), com anti-MBG e ANCA negativos. A biópsia mostra um padrão granular na IFI, contendo depósitos de IgG e C3, principalmente. O tratamento deve ser feito (pelo menos no caso da nefrite lúpica) com corticoide em pulsoterapia e imunossupressores. CONCEITOS: Crescentes são formações expansivas que se estabelecem no interior da cápsula de Bowman e rapidamente invadem o espaço das alças glomerulares, desestruturando toda a arquitetura do corpúsculo de Malpighi. Sabe-se hoje que eles são formados pela migração de monócitos (macrófagos) através de alças capilares intensamente lesadas para o interior da cápsula de Bowman. No final, o crescente inflamatório ou celular se converte num crescente fibroso, com perda glomerular irreversível. 9 GNRP PAUCI-IMUNE: ANCA POSITIVO Corresponde a quase metade dos casos de GNRP, competindo em frequência com a GNRP por imunocomplexos. Nos adultos velhos, é a forma mais comum de GNRP. Pode ser primária (idiopática), quando limitada ao rim, ou fazer parte de uma vasculite sistêmica do tipo poliarterite microscópica ou granulomatose de Wegener. Clinicamente, não há diferença em relação às outras causas de GNRP, a não ser a presença eventual dos comemorativos de uma vasculite sistêmica. DIAGNÓSTICO: O dado mais importante do diagnóstico é a pesquisa do ANCA – Anticorpo Anticitoplasma de Neutrófilo, que está presente na maioria destes pacientes, geralmente em altos títulos. O ANCA na verdade não é um único anticorpo, mas representa qualquer anticorpo que se ligue ao citoplasma de neutrófilos humanos. No caso da GN pauci-imune idiopática, o antígeno principal é a mieloperoxidase, que se concentra na região perinuclear do neutrófilo – neste caso, o padrão do exame é o p-ANCA (p = perinuclear). No caso da Granulomatose de Wegener, o antígeno-alvo é a proteinase 3, que se distribui de forma homogênea pelo citoplasma do leucócito – neste caso, o padrão é o c-ANCA (c = citoplasmático). A biópsia renal mostra uma glomerulonefrite proliferativa geralmente focal e segmentar, apresentando áreas de necrose fibrinoide (glomerulite necrosante) e crescentes em mais de 50% dos glomérulos. TRATAMENTO: O tratamento se divide em duas partes, a de indução e a de remissão, sendo os tratamentos diferentes em cada uma. Na terapia de indução, ocorre a combinação de corticosteróides (metilprednisolona de pulso por 3 dias, seguido de prednisolona oral) com ciclofosfamida, podendo ser feita ou não a plasmaferese associada. Na terapia de manutenção da remissão, é administrado azatioprina ou metotrexato durante 1 a 18 meses após atingir a remissão com a terapia de indução. PENICILINA: Descoberta por Fleming em 1928 é constituída de um anel de tiazolidina ligada a um anel β-lactâmico. MECANISMO DE AÇÃO: Elas inibem as transpeptidases e interferem na biossíntese dos peptideoglicanos que formam a parede celular das bactérias – substância que dá estabilidade mecânica para elas. A inibição da transpeptidase causa formação de esferoplastos e rápida ocorrência de lise. RESISTÊNCIA: A bactéria pode ser intrinsecamente resistente, por diferenças na estrutura de ligação à penicilina, ou pode adquirir uma resistência pelo desenvolvimento de ligantes de penicilina de peso molecular com afinidade p ATB. Gram (+) produzem grandes quantidades de β-lactamases, que inativam alguns antibióticos. 10 Gram (-) tem uma estrutura mais complexa, com cápsula o que pode ser quase impenetrável para alguns antibióticos e elas não tem tanta quantidade de β-lactamases – ATB hidrofílicos conseguem entrar. Bombas ativas de efluxo também ajudam na resistência porque ficam mandando o antibiótico para fora antes que possam atuar. ESPECTRO DE AÇÃO: APLICAÇÃO:
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