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Síndromes Nefríticas

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1 
 
 
 
SÍNDROME NEFRÍTICA: 
DEFINIÇÃO: 
 É uma inflamação glomerular que se caracteriza por uma perda abrupta (aguda) da superfície de 
ultrafiltração, que causa uma diminuição da excreção de pequenos solutos, com consequente diminuição da 
taxa de filtração glomerular e fluxo urinário, se manifestado com proteinúria moderada, por aumento da 
permeabilidade glomerular a macromoléculas, edema moderado e hipertensão variável. Além disso, a 
ocorrência da ruptura das alças glomerulares faz com que haja hematúria (presença de hemácias dismórficas 
ou cilindros hemáticos). 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS GERAIS: 
 A síndrome nefrítica se caracteriza pelo surgimento de três sinais e sintomas, sendo eles: 
1. Hematúria 
2. Hipertensão 
3. Proteinúria moderada (sub-nefrótica), com menos de 3,5 g/dia. 
 Obs: A proteinúria pode causar o edema moderado, sendo um quarto sinal de síndrome nefrítica. 
ETIOLOGIAS: 
GLOMERULONEFRITE AGUDA PÓS-ESTREPTOCÓCICA (GNPE): 
 É provocada por cepas nefritogênicas de 
Streptococcus beta-hemolítico do grupo A ou surgir de forma 
“primária” e idiopática. As cepas “nefritogênicas” podem 
estar presentes numa piodermite esteptocócic, como 
impetigo ou numa faringoamigdalite. Também é conhecida 
como glomerulonefrite pós-infecciosa ou gromerulonefrite 
difusa aguda. 
 O período de incubação (infecção-nefrite), quando a via é a orofaringe, costuma ficar entre 7-21 dias 
(média: 10 dias), enquanto para a via cutânea fica entre 15-28 dias (média: 21 dias). 
EPIDEMIOLOGIA: 
 É uma doença que afeta em geral crianças na faixa de idade entre os 2 e 14 anos e idosos, 
especialmente os com condições debilitantes. Sendo uma doença esporádica em países desenvolvidos, mas 
comum em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, aparecendo em 2 a 6 semanas quando causada 
por infecção cutânea, e em 1 a 3 semanas quando causada por faringite estreptocócica. 
 Obs: Em relação ao sexo, é mais comum em homens. 
 Obs2: É uma doença que tem incidência em familiares ou em coabitantes de 40%. 
 
 
 
TUTORIAL 06: FERNANDO 
2 
 
PATOGÊNESE: 
 A glomerulonefrite pós-estreptocócica é uma doença aguda causada por imunocomplexos, e 
caracterizada pela formação de anticorpos contra estreptococos e pela deposição de imunocomplexos com 
complemento no rim. 
 Existem quatro modos pelos quais os glomérulos podem ser “atacados” por imunocomplexos: 
1. Deposição de imunocomplexos circulantes, formados no sangue por anticorpos do paciente + antígenos 
estreptocócicos; 
2. Formação de imunocomplexos in situ, isto é, antígenos estreptocócicos circulantes são “aprisionados” pela 
membrana basal glomerular, com posterior ligação de anticorpos do paciente. Principal causa; 
3. Reação cruzada de anticorpos anti-estreptococo produzidos pelo paciente com constituintes normais do 
glomérulo (mimetismo molecular); 
4. Alterações moleculares em antígenos do glomérulo, tornando-os imunogênicos. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
 A maioria dos portadores de GNPE é na realidade assintomática. Boa parte dos pacientes desenvolve 
apenas alterações laboratoriais subclínicas (ex.: micro-hematúria dismórfica), enquanto uma pequena parcela 
do total evolui com manifestações clínicas significativas. 
 A manifestação clássica ocorre de forma aguda, sendo encontrado sintomas e sinais de hematúria 
macroscópica, piúria (pus na urina), oligúria, edema, hipertensão arterial, cefaleia, mal-estar, anorexia e dor no 
flanco que ocorre por endurecimento da cápsula renal. 
 Além disso, algumas manifestações laboratoriais são encontradas, como proteinúria leve, diminuição 
de CH50 na primeira semana de sintomas, diminuição dos níveis de C3 e C4, presença de imunocomplexos 
circulantes e presença de Anti-DNAse ou de anticorpos anti-hialuronidase. 
DIAGNÓSTICO: 
 Diante de um paciente com síndrome nefrítica, a primeira ação diagnóstica deve ser no sentido de 
tentar encontrar, pela anamnese e exame físico, a presença de manifestações extrarrenais que possam indicar 
uma etiologia específica (como rash malar e artrite, para o lúpus eritematoso). Caso a síndrome nefrítica seja 
a única condição do paciente, o médico deve seguir meticulosamente o algoritmo diagnóstico da GNPE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 A confirmação diagnóstica de GNPE requer evidências claras de infecção estreptocócica. Como a 
cultura (de pele ou orofaringe) pode estar negativa no momento em que a GNPE se manifesta (pois a GNPE é 
uma complicação tardia da infecção), a dosagem quantitativa de anticorpos anti-exoenzimas estreptocócicas 
acaba se tornando o método mais sensível para cumprir este pré-requisito diagnóstico. 
 Na GNPE pós-faringoamigdalite o anticorpo mais encontrado é o ASLO ou ASO (em 80-90% dos casos), 
seguido pelo anti-DNAse B (em 75% dos casos). Os níveis de ASLO geralmente se elevam de 2-5 semanas após 
a infecção estreptocócica, decaindo ao longo de meses. 
 Curiosamente, na GNPE-pós-impetigo o ASLO é, com frequência, negativo, sendo positivo em somente 
50% dos casos. A explicação é: existem oxidases no tecido subcutâneo que inativam rapidamente esta 
exoenzima estreptocócica, não dando tempo para que o sistema imune se “sensibilize” contra tal antígeno... 
Assim, no impetigo, o melhor anticorpo (o mais sensível) passa ser o anti-DNAse B, detectado em 60-70% dos 
casos, seguido pelo anti-hialuronidase. 
 A queda do complemento (C3 e CH50) constitui achado laboratorial obrigatório para o diagnóstico, 
porém é importante reconhecer que se trata de uma alteração inespecífica, já que pode ocorrer também em 
outras causas de glomerulonefrite difusa aguda, como a glomerulonefrite membranoproliferativa e o lúpus 
eritematoso sistêmico. A grande utilidade da dosagem de complemento sérico reside em seu 
acompanhamento evolutivo: a GNPE é uma forma autolimitada de GNDA, sendo esperada a normalização do 
complemento em, no máximo, oito semanas (na maioria dos casos o complemento normaliza antes de duas 
semanas) 
 Em raros casos pode ser feita a biópsia renal para 
realização de microscopia e imunofluorescência, onde é possível 
identificar: 
 Na microscopia óptica: padrão de glomerulonefrite 
proliferativa-difusa, isto é, a maioria dos glomérulos (> 50%) 
apresenta infiltrado inflamatório, com neutrófilos e 
mononucleares invadindo o mesângio e as alças capilares 
 Na imunofluorescência: Depósito de imunocomplexos de 
forma difusa nas paredes dos capilares e no mesângio 
 Na microscopia eletrônica: É possível perceber a presença de 
imunocomplexos entre a membrana basal e os podócitos 
TRATAMENTO: 
 Consiste basicamente em medidas de suporte urológicos, 
sendo controlada a hipertensão (vasodilatadores) e o edema 
(diuréticos de alça), e quando necessário a realização de diálise, 
não sendo necessário realizar terapia imunossupressora. Além 
disso, todos os pacientes e seus coabitantes devem ser tratados 
com antibióticos para a infecção estreptocócica. 
 
 
 
4 
 
PROGNÓSTICO: 
 Em geral a glomerulonefrite pós-estreptocócica recorrente é rara. Além disso, a morte em crianças é 
algo raro, porém pode ocorrer em idosos, mas de modo geral, a doença tem um prognóstico favorável, tendo 
resolução completa da hematúria e da proteinúria ocorrendo dentro de 3 a 6 semanas após o início da nefrite 
em crianças. Nos pacientes idosos, o prognóstico é um pouco pior, tendo uma elevada incidência de azotemia, 
ocorrendo proteinúria em faixa nefrótica e podendo cursar com doença renal em estágio terminal. 
 
NEFROPATIA POR IgA (DOENÇA DE BERGER): 
 É a causa mais comum de glomerulonefrite em todo o mundo, sendo caracterizada por hematúria 
episódica associada ao depósito de IgA no mesângio. 
EPIDEMIOLOGIA: 
 Ocorrem com predominância em indivíduos do sexo masculino, sendo geralmente durante a segunda 
e a terceira década de vida, tendo diferenças geográficas na prevalência, ocorrendo em maior quantidade na 
costa asiática e do pacifico e em menor quantidadena Europa setentrional e na américa do norte. 
MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS: 
 É uma doença esporádica, que ocorre de maneira infrequente, sendo uma suscetibilidade genética. A 
nefropatia por IgA é uma glomerulonefrite mediada por imunocomplexos que se depositam no mesângio 
glomerular de forma difusa, sendo frequentemente associado a hipercelularidade mesangial, podendo ter 
IgM, IgG, C3 ou cadeias leves de imunoglobulina codistribuidas com a IgA. 
 Além disso, a IgA que se deposita no mesângio é polimérica, sendo da subclasse IgA1, tendo um defeito 
na glicosilação da IgA, de modo que essa imunoglobulina é filtrada e depositada no mesângio, provocando o 
processo fisiopatológico de formação de imunocomplexos na circulação ou in situ após a deposição. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
 As duas apresentações mais comuns de nefropatia por IgA são os episódios recorrentes de hematúria 
macroscópica durante ou imediatamente após uma infecção do trato respiratório superior, muitas vezes 
acompanhados de proteinúria ou hematúria microscópica assintomática persistente. 
 De forma geral, a nefropatia por IgA é uma doença benigna para a maioria dos pacientes, com remissão 
completa em apenas 5 a 30% dos pacientes, sendo mais comum a persistência da hematúria, porém com 
função renal normal. 
DIAGNÓSTICO: 
 O diagnóstico de nefropatia por IgA é estabelecido pela imunofluorescência com o achado de depósitos 
glomerulares de IgA, sendo esta imunoglobulina dominante ou codominante. Com frequência, são também 
detectados depósitos de C3 e de IgG. O quadro à microscopia óptica varia desde a manifestação mais comum, 
ou seja, com proliferação mesangial discreta, até a presença de glomerulonefrite crescêntica. À microscopia 
eletrônica, são tipicamente observados depósitos densos do tipo imune nas áreas mesangiais e paramesangiais.
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
TRATAMENTO: 
 Como a fisiopatologia da nefropatia por IgA envolve estimulação antigênica anormal da produção de 
IgA da mucosa e subsequente deposição de imunocomplexos nos glomérulos, o tratamento tem sido 
direcionado para esses locais. 
 Não existe um tratamento ideal, porém é recomendado o uso de inibidores da enzima conversora de 
angiotensina (IECA) nos pacientes com proteinúria ou declínio da função renal. 
 Nos pacientes que tem proteinúria persistente após a terapia com inibidor de ECA, o tratamento com 
glicocorticóides (1g de metilprednisolona) ou outros agentes imunossupressores pode ser eficiente, mas nem 
sempre funciona. Caso a doença se manifeste de forma rapidamente progressiva, os pacientes devem receber 
esteroides, agentes citotóxicos e realizada a plasmaferese. 
 Obs: Alguns estudos afirmam que óleo de peixe pode diminuir a proteinúria e melhorar a progressão da 
doença 
PROGNÓSTICO: 
 Os fatores preditivos de mau prognóstico na nefropatia por IgA incluem idade avançada por ocasião 
da instalação do processo, ausência de hematúria macroscópica, hipertensão, proteinúria persistente de mais 
de 1 g/dia, sexo masculino, elevação dos níveis séricos de creatinina e características histológicas de 
proliferação e esclerose intensas, lesão tubulointersticial e formação de crescentes. A sobrevida renal é 
estimada em 75 a 85% dentro de 10 anos e em 70 a 75% dentro de 20 anos. 
 
PÚRPURA DE HENOCH-SCHÖNLEIN 
 Se caracteriza por uma vasculite de pequenos vasos com artralgias, púrpura cutânea e sintomas 
abdominais, como glomerulonefrite proliferativa aguda. 
EPIDEMIOLOGIA: 
 É uma doença que ocorre principalmente na infância, porém pode ser encontrado casos em indivíduos 
adultos. 
FISIOPATOLOGIA: 
 Ocorre a deposição de imunocomplexos circulantes contendo IgA, sem alteração dos níveis séricos de 
complemento. Porém o agente infeccioso ou alérgeno para essa ocorrência de imunocomplexos circulantes 
não foi encontrado. 
6 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
 A PHS cursa com achados dermatológicos (púrpura palpável), gastrointestinais e renais de síndrome 
nefrítica. 
 Tipicamente, o comprometimento cutâneo começa com um exantema macular que coalesce para 
lesões purpúricas em tornozelos, pernas e, ocasionalmente, em braços e nádegas. Os sintomas 
gastrointestinais consistem em cólicas, diarreia e vômitos, com melena e diarreia sanguinolenta nos casos mais 
graves. O acometimento dos diferentes órgãos pode ser concomitante ou não, e não é raro haver episódios 
recorrentes durante o 1° ano. 
DIAGNÓSTICO: 
 É feito com base na história clínica e na histologia da biópsia renal, que se assemelha a nefropatia por 
IgA. 
TRATAMENTO: 
 Assim como na nefropatia por IgA, a PHS não tem um tratamento comprovado, sendo utilizado 
corticosteróides em altas doses por períodos curtos para o tratamento de manifestações abdominais graves. 
PROGNÓSTICO: 
 Em geral os pacientes têm uma recuperação boa da PHS, porém aqueles que apresentam 
manifestações nefriticas graves e lesão glomerular, ocorre um prognóstico desfavorável a longo prazo. 
 
GLOMERULONEFRITE RAPIDAMENTE PROGRESSIVA (GNRP): 
 É a representação de uma variedade de doenças 
glomerulares que tem uma progressão para insuficiência renal 
de forma rápida, levando semanas a meses, sendo divididas 
em três padrões principais, que se apresentam com uma 
histologia de biopsia renal com extensa proliferação 
extracapilar de formação crescente. 
 A GNRP pode surgir em consequência a uma série de 
doenças sistêmicas, ou então aparecer como complicação ou 
evolução natural de uma glomerulopatia primária. 
 
 
 
 
 
 
 
CONCEITO: 
A GNRP não tratada evolui em muito 
pouco tempo para esclerose de quase 
todos os glomérulos, além de fibrose 
tubulointersticial generalizada, um estado 
de plena falência irreversível dos rins, 
tornando necessária a diálise ou o 
transplante renal para que o paciente 
sobreviva. 
7 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
 A Biópsia Renal é o exame padrão-ouro para o diagnóstico e 
classificação da GNRP, em especial o padrão da Imunofluorescência 
Indireta (IFI). 
 Três exames sorológicos também auxiliam na classificação da 
GNRP: 
1. Anticorpo anti-MBG elevado: Tipo I (GN anti-MBG, síndrome de 
Goodpasture). 
2. C3, CH50 (complemento sérico) reduzido: Tipo II (GN por 
imunocomplexos). 
3. ANCA positivo: Tipo III (GN pauci-imune ou relacionada a vasculites 
sistêmicas). ANCA é o anticorpo anticitoplasma de neutrófilo. 
GLOMERULONEFRITE ANTI-MBG E A SÍNDROME DE GOODPASTURE: 
 O tipo mais raro de GNRP é aquele associado aos anticorpos 
antimembrana basal glomerular (MBG). Estes autoanticorpos são específicos contra a cadeia alfa-3 do 
colágeno tipo IV, encontrada apenas na membrana basal dos glomérulos e dos alvéolos pulmonares. O ataque 
desses anticorpos à membrana basal desencadeia um processo inflamatório grave que pode se manifestar 
como uma GNRP com ou sem um quadro de pneumonite hemorrágica. 
 De todos os pacientes com a doença do anticorpo anti-MBG, cerca de 50-70% apresenta, além da 
síndrome glomerular, uma síndrome hemorrágica pulmonar, pelos anticorpos desenvolverem uma reação 
cruzada contra a membrana basal dos capilares pulmonares. Estes pacientes, por definição, possuem a 
Síndrome de Goodpasture. Os 30-50% restantes apresentam apenas a síndrome glomerular – dizemos que 
eles têm uma glomerulonefrite anti-MBG primária. A hemorragia pulmonar geralmente precede a glomerulite 
por semanas a meses. 
EPIDEMIOLOGIA: 
 Ocorre geralmente em homens jovens no final da terceira década de vida e em homens e mulheres na 
sétima e oitava décadas de vida. Sendo que o grupo etário mais jovem costuma ter a doença de forma 
explosiva, com danos agudos e agressivos. 
 A Síndrome de Goodpasture acomete basicamente homens jovens (especialmente entre 20-30 anos), 
com uma relação masculino/feminino de 6:1. Está associada ao marcador genético HLADR2 e há nítida relação 
com história de tabagismo, infecção respiratória recente ou exposição a hidrocarbonetos voláteis (solventes). 
 A GlomerulonefriteAnti-MBG primária apresenta- se numa faixa etária mais tardia (50-70 anos) e, ao 
contrário da síndrome de Goodpasture, predomina no sexo feminino. O quadro renal é idêntico ao da 
síndrome de Goodpasture. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
 Nos casos explosivos agudos, é comum ocorrer hemoptise, queda brusca da hemoglobina, febre, 
dispneia e hematúria, podendo ocorrer também oligúria, que costuma estar associada a um prognóstico 
desfavorável, junto dos sintomas clássicos de síndrome nefrótica (hematúria, anúria ou oligúria, edema 
considerável, etc.). 
8 
 
 Uma anemia microcítica hipocrômica pode se associar à síndrome, devido à perda de ferro para os 
alvéolos e o teste de difusão de CO está aumentado. 
DIAGNÓSTICO: 
 O componente renal da síndrome se manifesta como uma GNRP clássica, na verdade, a de evolução 
mais fulminante e de pior prognóstico. A pesquisa do anti-MBG no soro é positiva em > 90% dos casos, sendo 
um importante método diagnóstico. Cerca de 40% dos pacientes também apresentam o ANCA positivo, o que 
pode indicar a coexistência de uma vasculite sistêmica. O padrão-ouro para o diagnóstico é a biópsia renal, na 
qual observaremos o padrão linear na IFI e mais de 50% dos glomérulos apresentando crescentes. 
 Na biópsia é possível encontrar a presença de 
necrose focal ou segmentar que com a destruição 
agressiva dos capilares por causa da proliferação 
celular, pode ocorrer a formação de crescentes no 
espaço de Bowman, que cursa com nefrite intersticial 
concomitante com fibrose e atrofia tubular. 
 Além disso, com a realização da 
imunofluorescência da biópsia é possível encontrar 
anticorpos anti-MBG e complemento. 
TRATAMENTO: 
 O tratamento específico deve ser iniciado precocemente, caso contrário, 80% dos pacientes evolui 
com rins em estágio terminal dentro de um ano, necessitando de diálise ou transplante renal. A terapia deve 
ser feita com Plasmaférese (troca de plasma) diária ou em dias alternados, até a negativação do anti-MBG no 
soro. 
 Juntamente com a plasmaférese, devemos acrescentar Prednisona e um imunossupressor, que pode 
ser a Ciclofosfamida ou a Azatioprina, sendo esta última usada principalmente após a remissão, na terapia de 
manutenção. 
 Os títulos seriados dos anticorpos anti-MBG são monitorados para avaliar a resposta à terapia. Se o 
tratamento for iniciado antes da creatinina plasmática ultrapassar o valor de 5 mg/dl, o prognóstico passa a 
ser bom, com uma sobrevida renal de aproximadamente 90% 
GNRP MEDIADA POR IMUNOCOMPLEXOS: 
 Representa quase a metade dos casos de GNRP e tem como causa uma lesão glomerular mediada por 
imunocomplexos, que pode ser idiopática (rara), infecciosa/pós-infecciosa (GNPE) ou relacionada a doenças 
sistêmicas, como o Lúpus Eritematoso Sistêmico (nefrite lúpica proliferativa difusa ou Classe IV), além de 
causas mais raras. 
 O quadro clínico é o de uma GNRP clássica, porém há caracteristicamente uma queda do complemento 
sérico (C3 e CH50), com anti-MBG e ANCA negativos. A biópsia mostra um padrão granular na IFI, contendo 
depósitos de IgG e C3, principalmente. O tratamento deve ser feito (pelo menos no caso da nefrite lúpica) 
com corticoide em pulsoterapia e imunossupressores. 
 
 
CONCEITOS: 
Crescentes são formações expansivas que se 
estabelecem no interior da cápsula de Bowman e 
rapidamente invadem o espaço das alças 
glomerulares, desestruturando toda a arquitetura do 
corpúsculo de Malpighi. Sabe-se hoje que eles são 
formados pela migração de monócitos (macrófagos) 
através de alças capilares intensamente lesadas para 
o interior da cápsula de Bowman. No final, o 
crescente inflamatório ou celular se converte num 
crescente fibroso, com perda glomerular irreversível. 
9 
 
GNRP PAUCI-IMUNE: ANCA POSITIVO 
 Corresponde a quase metade dos casos de GNRP, competindo em frequência com a GNRP por 
imunocomplexos. Nos adultos velhos, é a forma mais comum de GNRP. Pode ser primária (idiopática), quando 
limitada ao rim, ou fazer parte de uma vasculite sistêmica do tipo poliarterite microscópica ou granulomatose 
de Wegener. 
 Clinicamente, não há diferença em relação às outras causas de GNRP, a não ser a presença eventual 
dos comemorativos de uma vasculite sistêmica. 
DIAGNÓSTICO: 
 O dado mais importante do diagnóstico é a pesquisa do ANCA – Anticorpo Anticitoplasma de Neutrófilo, 
que está presente na maioria destes pacientes, geralmente em altos títulos. O ANCA na verdade não é um 
único anticorpo, mas representa qualquer anticorpo que se ligue ao citoplasma de neutrófilos humanos. No 
caso da GN pauci-imune idiopática, o antígeno principal é a mieloperoxidase, que se concentra na região 
perinuclear do neutrófilo – neste caso, o padrão do exame é o p-ANCA (p = perinuclear). No caso da 
Granulomatose de Wegener, o antígeno-alvo é a proteinase 3, que se distribui de forma homogênea pelo 
citoplasma do leucócito – neste caso, o padrão é o c-ANCA (c = citoplasmático). 
 A biópsia renal mostra uma glomerulonefrite proliferativa geralmente focal e segmentar, apresentando 
áreas de necrose fibrinoide (glomerulite necrosante) e crescentes em mais de 50% dos glomérulos. 
TRATAMENTO: 
 O tratamento se divide em duas partes, a de indução e a de remissão, sendo os tratamentos diferentes 
em cada uma. 
 Na terapia de indução, ocorre a combinação de corticosteróides (metilprednisolona de pulso por 3 dias, 
seguido de prednisolona oral) com ciclofosfamida, podendo ser feita ou não a plasmaferese associada. 
 Na terapia de manutenção da remissão, é administrado azatioprina ou metotrexato durante 1 a 18 
meses após atingir a remissão com a terapia de indução. 
 
PENICILINA: 
 Descoberta por Fleming em 1928 é constituída de um anel de tiazolidina ligada a um anel β-lactâmico. 
MECANISMO DE AÇÃO: 
 Elas inibem as transpeptidases e interferem na biossíntese dos peptideoglicanos que formam a parede 
celular das bactérias – substância que dá estabilidade mecânica para elas. A inibição da transpeptidase causa 
formação de esferoplastos e rápida ocorrência de lise. 
RESISTÊNCIA: 
 A bactéria pode ser intrinsecamente resistente, por diferenças na estrutura de ligação à penicilina, ou 
pode adquirir uma resistência pelo desenvolvimento de ligantes de penicilina de peso molecular com 
afinidade p ATB. 
 Gram (+) produzem grandes quantidades de β-lactamases, que inativam alguns antibióticos. 
10 
 
 Gram (-) tem uma estrutura mais complexa, com cápsula o que pode ser quase impenetrável para 
alguns antibióticos e elas não tem tanta quantidade de β-lactamases – ATB hidrofílicos conseguem 
entrar. 
 Bombas ativas de efluxo também ajudam na resistência porque ficam mandando o antibiótico para 
fora antes que possam atuar. 
ESPECTRO DE AÇÃO: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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