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ED IT O R IA L Vivemos hoje num mundo caracterizado pela diversidade dos seus valores e novos desafios, nomeadamente a globalização, as crises ambientais, as crises sociais, as redes informáticas que concorrem para a criação de uma identidade emergente. Numa visão local ou geral, expressam-se muitas formas de construção e de desenvolvimento das sociedades, bem como diferentes visões tendentes a enfrentar os riscos ecológicos as desigualdades sociais e outras injustiças. A revista Ecos do Chiveve, uma edição da Universidade Pedagógica, publica resultados de investigação avançada em todas as áreas do saber, com o intuito de perceberem-se melhor os contornos da nova identidade emergente. A revista contribui para o conhecimento crítico da realidade moçambicana e um aprofundamento de perspectivas comparativas. Privilegia trabalhos com um potencial transdisciplinar que concorrem para a discussão teórica e a reflexão epistemológica num contexto global. O presente número da revista Ecos do Chiveve não é temático. Toda a colaboração solicitada ou não solicitada é submetida a um exigente processo de selecção e revisão por arbitragem científica. As contribuições de cada um dos artigos revelam a riqueza de abordagem dos vários assuntos. Pela profundidade e clareza com que os assuntos contidos na revista foram tratados, os artigos são de grande contributo para a literatura na área do conhecimento em vários âmbitos. Esta 4a edição concede uma atenção especial ao Professor Doutor Arie Rijkeboer falecido no dia 25 de Outubro de 2012. Fundador da Revista Chiveve, e docente do curso de Matemática na Delegação da Beira desde 1995. Dentre os seus feitos destacamos a participação na criação de programas de formação de professores de Matemática, concepção de um livro didáctico, Revista Matemática e Educação, Boletim Informativo “Vitrina”. 1Revista Científica da Universidade Pedagógica-Beira, Area de Pós-Graduação, pesquisa e extensão Nº 4, Fevereiro de 2013 S U M Á R IO 2 1. O Contributo do Supervisor das Práticas Pedagógicas III na Formação do Professor Reflexivo - Mestre Chimica ----------------------------------------------------------------------------------------------4 2. Será a Pedagogia de “Jesus Cristo”, um modelo a adoptar na formação de professores Moçambicanos face aos desafios actuais do país? Dr Zelinho----------------------------------------------8 3. Uma sugestão ao professor de Geografia para a 11ª classe: Demonstração de alguns constituintes físicos do solo em escolas sem laboratórios convencionais. Mestre Uacane-----12 4. Educação Ambiental em Moçambique face aos Desastres Naturais no Mundo - Prof. Dr. Notice--------------------------------------------------------------------------------------------------------14 5. Educação Ambiental em Moçambique face aos Desastres Naturais no Mundo Dr. Arone---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------17 6. Educação Ambiental no Espaço Urbano: Contributos para a sua realização. Dr. Sotaria--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------21 7. SIG colaborativo para a análise do crime e combate à criminalidade na cidade da Beira Prof. Dr. Fenhane e Dr. Camane-----------------------------------------------------------------------------------24 8. O contributo das críticas de Popper à Marx na construção duma sociedade aberta Dr. Mutombo----------------------------------------------------------------------------------------------------------------26 Revista Científica da Universidade Pedagógica-Beira, Area de Pós-Graduação, pesquisa e extensão Nº 4, Fevereiro de 2013 Fi ch a T é cn ic a 3 As contribuições para a Revista Ecos do Chiveve devem ser enviadas por E- mail para: com.imagem.upbeira@gmail ou mossealberto@yahoo.com.br. com as seguintes normas: Os textos devem ser escritos no editor do texto WORD a espaço simples, com formato da letra Arial Norrow, tamanho 12 e não exceder 6 páginas. As ilustrações (mapas, fotografias, gráficos e esquemas) devem aparecer nos formatos: TIFF, PNG ou JPG e as tabelas no formato PDF. Na apresentação dos textos, devem-se incluir os objectivos, metodologia nos primeiros 2 parágrafos e conclusões no final. As seguintes informações também devem constar: » Título do documento em bold (negrito) » Nome(s) do(s) autor(es) » Formação » Título acadêmico » Filiação académica ou profissional Revista Trimestral; Proprietário - ....................................................................................................................................................UP-Beira; Prof. Dr Zacarias Ombe Editor: ..................................................................Carlos A. Mosse e Nils Morin Lambo; Redacção: .....................................................................Carlos A. Mosse e António Jerónimo; Design e grafismo: ........................................................................................................................................Mário Gomes Revisão linguística: ......................................................................................Centro de Língua da UP-Beira Endereço: ..................................................................................Rua Dom Francisco de Almeida, E-mail: ......com.imagem.upbeira@gmail.com, website: www.up.ac.mz ................... ................................... ......................................... .............................. ..... ...... ................................. .......................................... Director: ....................................................................................................... Ficha Técnica Revista Científica da Universidade Pedagógica-Beira, Area de Pós-Graduação, pesquisa e extensão Nº 4, Fevereiro de 2013 Ecos do Chiveve: Revista Científica Proprietário : UP-Beira Director : Prof. Doutor Zacarias Ombe Editor : Carlos A. Mosse Nils Morin Lambo Redacção : Carlos A. Mosse e António Jerónimo Design e Grafismo : Mário Gomes Revisão Linguística: Centro de Línguas da UP-Beira Endereço : Rua Dom Francisco de Almeida, N° 837/851, Beira, Moçambique E-mail: ecosdechiveve@gmail.com Website: http://197.249.65.29/repositorio/spip.php?rubrique46 Número de registo: 13/gabinfo-dec/2013 Periodicidade: Semestral Edição : Março, 2015 FICHA TÉCNICA gestão de um currículo, que saiba diferenciar as aprendizagens e orientar a sua auto-formação; * Proporcionar a aquisição de habilidades e competências que possibilitem a intervenção, a investigação e a prática de projectos pedagógicos; * Contribuir com as suasvariadas actividades para a formação de um professor que saiba ser autónomo, que saiba diferenciar o ensino e a aprendizagem, gerindo de forma adequada as várias situações de ensino e aprendizagem. No final do curso, isto é, depois de ter tido todas as Práticas Pedagógicas dadas na UP o estudante, futuro professor, já estará preparado para enfrentar os desafios da profissão de professor, um professor que procurará aprender sempre mais através da auto-formação, um professor que procurará actualizar-se cada vez mais estando constantemente a par da evolução científica da sua disciplina. Como afirmam VIEIRA et al “... a formação constitui um processo dinâmico, evolutivo e permanente”. Palavras-chave: PPs, supervisor, tutor, formando e reflexivo. BREVE VISÃO DA CADEIRA DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS III E DO MANUAL DE PORTUGUÊS DA 8ª CLASSE A cadeira das Práticas Pedagógicsa III (PPIII) tem a duração de um semestre correspondente a 96 horas distribuídas em actividades de Seminário, trabalho de campo e elaboração do Relatório Final. Fazem parte os objectivos específicos da cadeira que adiante analisaremos com mais pormenores, os materiais didácticos e a avaliação. A cadeira decorre no primeiro semestre do 3° ano para dar ao estudante tempo de produzir o seu relatório de término do bacharelato e entregá-lo para ser aprovado por um júri de modo a que no ano seguinte possa ingressar no 4° ano. É importante lembrar que só apresenta o relatório para a obtenção do grau de bacharelato o estudante que tiver concluido todas as cadeiras do 1° ao 3° anos. O manual de Português que iremos, igualmente, analisar em algumas das suas C hi m ic a Fr an ci sc o 4 O presente artigo tem como título Contributo do Supervisor das Práticas Pedagógicas III na Formação do Professor Reflexivo, consistirá na análise do Plano Temático das Práticas Pedagógicas III (PPIII) realizadas na Universidade Pedagógica (UP) e, em simultâneo, faremos também a análise de um dos manuais usados nessas práticas, referimo-nos especificamente ao manual da 8ª classe, pois esse nível faz parte do 1° ciclo do Ensino Secundário Geral (ESG) composto pelas seguintes classes: 8ª, 9ª e 10ª, nível recomendado para a primeira leccionação dos formandos da UP, os que estão a terminar o bacharelato. As Práticas Pedagógicas na UP estão organizadas em PPI, PPII, PPIII e PPIV. A PPI, e leccionada no 1° ano.É nesta em que os estudantes têm como tarefa fundamental a observação da escola desde o sector Organizacional, Pedagógico até ao sector Administrativo. Nessas práticas os estudantes observam aspectos como, por exemplo, a localização geográfica da escola, os acessos, as condições físicas da própria escola, as suas infra-estruturas e fazem também o estudo dos diversos documentos que a escola contém. As PPII, deocorrem no 2° ano. Os estudantes vão, igualmente, às escolas, mas desta feita para assistirem às aulas dos professores que leccionam naquelas escolas integradas que, normalmente a UP os designa por tutores. Os estudantes aprendem dos professores tutores como é exercida a prática de leccionação na realidade, na sala de aulas, uma vez que, os estudantes já trazem consigo conhecimentos teóricos da UP. Com o culminar de um nível, o bacharelato, nas práticas pedagógicas os estudantes experimentam a leccionação, para pela primeira vez e para outros, os professores que estão a aumentar o seu nível académico, porque já são professores ou primários ou mesmo secundários, com uma formação do nível médio, é para esses uma prática normal e habitual. É nestas práticas do culminar do bacharelato em que estarão viradas as nossas atenções, pois é o princípio da leccionação que nos interessa observar e acompanhar a formação do professor reflexivo e verificar como é que o supervisor apoia o futuro professor na sua formação. Finalmente, no 4° ano, os estudantes realizam a PPIV que também se dá no culminar do curso, desta feita, a licenciatura. Tal como nas PPIII do 3° ano a tónica desta é também a leccionação. Em todas essas práticas e dependendo do ano (se é PPI, PPII, PPIII ou PPIV) o estudante participa dos seminários orientados na Universidade Pedagógica, na planificação das aulas e nas oficinas pedagógicas. De salientar que de acordo com DIAS et al (2008:15) as Práticas Pedagógicas na Universidade Pedagógica visam os seguintes objectivos gerais: * Integrar, progressivamente, o estudante em contextos reais de ensino e aprendizagem de uma certa disciplina; * Contribuir para a formação de um professor que possua saberes teóricos e práticos, um professor que saiba fazer a O CONTRIBUTO DO SUPERVISOR DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS III NA FORMAÇÃO DO Por: Chimica Francisco PROFESSOR REFLEXIVO Docente do curso de Português Revista Científica da Universidade Pedagógica-Beira, Area de Pós-Graduação, pesquisa e extensão Nº 4, Fevereiro de 2013 actividades tem como título Português para todos - 8ª Classe – Livro do Aluno, os seus autores são Álvaro Drumond e Carlos Zimba. A primeira edição saiu no ano de 2009 e, segundo a informação contida na sua ficha técnica, o livro acompanha o programa definitivo para o Ensino Secundário divulgado em 2008. O manual é da Editora Nacional de Moçambique e está composto por doze (12) Unidades respectivamente: Unidade 1 – Textos Normativos; Unidade 2 – Textos Administrativos; Unidade 3 – Textos Jornalísticos; Unidade 4 – Textos Multiusos; Unidade 5 – Textos Literários; Unidade 6 – Textos Normativos; Unidade 7 – Textos Administrativos; Unidade 8 – Textos Jornalísticos; Unidade 9 – Textos Multiusos; Unidade 10 – Textos Literários; Unidade 11 – Textos Multiusos e Unidade 12 – Textos Literários. Duma forma geral verifica-se uma constante na maneira de organizar as unidades, pois temos a unidade seguida dos objectivos que o aluno deve atingir no final desta e o sumário que compreende tudo quanto vai ser tratado naquela unidade incluindo o tema transversal se da unidade fizer parte. Seguem-se os textos exemplificativos, sua compreensão e ficha informativa, percorrem também o manual, ao longo dos textos, propostas de actividades de expressão escrita, de vocabulário, de pesquisa e de funcionamento da língua. A ficha informativa refere-se à teorização da unidade, por exemplo, sobre os Textos Jornalísticos define o que é a notícia, as suas partes e a sua importância.Dificilmente se distingue, nesse manual, o texto nuclear do complementar porque em termos de tamanho nalguns casos o primeiro tem sido menos extenso que o segundo. Destaca-se nesse manual o facto de quase todos os textos e outras informações estarem dentro de um rectangulo, salvo um e outro questioário que se encontram fora dessa delimitação. O manual é multicolor apresenta-se todo ele colorido de forma diversificada. O fundo dos textos é igualmente de cores diferentes, a ponta inferior do manual no seu lado direito apresenta-se como se de separadores coloridos se tratasse, mesmo as linhas que debruam os textos são de cores diferentes. Queremos adiantar a nossa visão no multiuso de cores nesse manual, talvez por se tratar ainda de crianças que estão a sair do Ensino Primário e entram pela primeira vez no Secundário precisem ainda de material que lhes cative a atenção. Poderiamos apontar as cores existentes neste manual, como: branca, amarela, verde, vermelha, roxa, preta, rosa, azul, castanha, creme, vinho, cinzenta, laranja entre outras de tonalidades derivadas destas como é o caso do azul claro, verde-claro e do amarelo claro. No manual é notória a repetição de algumas unidades como Textos Normativos UNs. 1 e 6 ; Textos Administrativos UNs. 2 e 7; Textos Jornalísticos UNs. 3 e 8; Textos Multiusos UNs. 4, 9 e 11 e Textos Literários UNs. 5, 10 e 12. Podemos a partir deste agrupamento concluir que o manual ora em estudo é composto por apenas cinco (5) Unidades a saber : Textos Normativos, Textos Administrativos, Textos Jornalísticos, Textos Multiusose Textos Literários. Podemos entender que as unidades aparecem assim apresentadas para permitir uma aprendizagem cíclica dos conteúdos. O PROFESSOR COMO UM PROFISSIONAL REFLEXIVO 5 O artigo de Marta Lúcia de Mendonça Freitas tem que: ... a construção da identidade de professor como profissional reflexivo é uma dimensão que tem sido defendida por vários pesquisadores dentre estes, Zeichner, que aponta alguns factores que contribuíram para a construção desse conceito de professor reflexivo. Um primeiro ponto que podemos destacar é o professor como agente activo e responsável pelo direccionamento do seu trabalho docente em oposição ao mero executor de tarefas definidas por outros. Um segundo ponto seria considerar os saberes tácitos dos professores e não ter somente os saberes acadêmicos como válidos e, por último, reconhecer a construção da prática do professor como um processo contínuo a ser aprimorado no decorrer de sua vida. A articulista continua dizendo que o conceito de prático reflexivo construído por Zeichner é baseado na obra de Dewey e define a acção reflexiva como sendo “uma acção que implica uma consideração activa, persistente e cuidadosa daquilo em que se acredita ou que se pratica, à luz dos motivos que as justificam e das consequências que a conduz”. Análise do Plano Temático das PPIII e do Manual de Português da 8ª Classe tendo em consideração o professor reflexivo Depois do breve enquadramento do material que iremos usar para a nossa análise vamos em seguida tratar de fazer uma abordagem simultânea do estudo que pretendemos levar a cabo, isto é, trabalharemos todos os materiais ao mesmo tempo conforme cada caso assim o solicitar. Mas será de destaque, nesta nossa análise, o Plano Temático das PPIII. Urge antes trazermos as atribuições dos três (3) intervenientes no processo, respectivamente: do praticante (estudante da UP e futuro professor), do supervisor (docente da UP) e do tutor (professor da escola integrada onde são realizadas as Práticas Pedagógicas). São atribuições do praticante, entre outras e de acordo com o Manual de Práticas Pedagógicas da UP DIAS (2008: 29-30), as seguintes: participar dos seminários práticos e pedagógicos na Universidade e na Escola; conhecer a escola e a comunidade envolvente, ...; analisar e questionar criticamente o PEA e a realidade educativa para nele poder intervir; produzir material didáctico; planificar e leccionar as aulas (pelo menos 10 aulas nas PPIII); participar em todas as actividades escolares, tais como reuniões do grupo de disciplina, reuniões de turma, reuniões com os pais e encarregados de educação; elaborar os Relatórios de Práticas Pedagógicas. Já no trabalho de campo nas PPIII recomenda-se ao praticante a observação de aulas dos outros colegas praticantes juntamente com o supervisor e o professor orientador e a sua posterior avaliação. Este exercício culmina com uma reflexão sobre o desempenho do colega durante a leccionação.Constam também entre os temas das PPIII a análise dos programas escolares e a análise do livro escolar. Essas análises são feitas em seminários e com a ajuda do supervisor. O estudo deste material vai permitir que o professor praticante anteveja e desde já reflicta sobre o seu desempenho na sala de aulas, pois é a partir dos programas e dos livros que planificará as aulas. Os textos que irá usar na sala de aulas constam do manual e a sua boa escolha para cada uma das suas aulas exige do C hi m ic a Fr an ci sc o Revista Científica da Universidade Pedagógica-Beira, Area de Pós-Graduação, pesquisa e extensão Nº 4, Fevereiro de 2013 professor uma reflexão, “O bom professor é prático reflexivo”, dizem-nos Vieira et al. quando se referem sobre a reflexão. O mesmo manual (p. 30) de entre várias, dá as seguintes atribuições ao supervisor: planificar actividades das PP's; contactar as escolas integradas para a planificação das actividades das PP's; acompanhar os praticantes em todas as actividades do Trabalho de Campo e dos Seminários; informar os tutores sobre os objectivos das Práticas Padagógicas e dar a conhecer as tarefas do estudante praticante; assistir as aulas leccionadas pelos praticantes (pelo menos 5 aulas de cada praticante nas PPIII). E, finalmente, apresentamos algumas das atribuições do tutor constantes do mesmo manual (p. 31) que são: apoiar o enquadramento do estudante praticante na vida escolar; coordenar com o supervisor a planificação e a execução das actividades dos estudantes praticantes; disponibilizar todos os meios necessários ao bom desempenho do estudante praticante; observar e analisar aulas e outras actividades desenvolvidas pelos estudantes praticantes; analisar e aprovar os planos de aula elaborados pelo estudante praticante, antes deste leccionar as aulas; fazer a avaliação da aula dada pelo estudante praticante, assim como avaliar outras actividades por este realizadas. Os três intervenientes atrás referenciados entram num processo que é a supervisão, que de acordo com Alarcão e Tavares citados por Alarcão definem-na como “o processo em que um professor, em princípio, mais experiente e mais formado, orienta um outro professor ou candidato a professor no seu desenvolvimento humano e profissional” (p. 92). A autora salienta a ideia de processo e a de desenvolvimento humano e profissional, pois o professor está em constante desenvolvimento (processo), não apenas como profissional, mas também como pessoa. Destaque vai, neste caso, para a criação de professores capazes de se auto - educarem, sem precisar constantemente de um supervisor, assim teriamos a autonomização progressiva de professores que por sua vez estariam preparados para desenvolver nos seus alunos atitudes de autonomia e auto-aprendizagem. Uma vez mais destacamos Vieira at al. que afirmam que “Um professor autónomo forma sujeitos autónomos”. A mesma obra salienta que a supervisão “... no contexto da formação de professores, é uma actuação de monitoração sistemática da prática pedagógica, sobretudo através de procedimentos de reflexão e experimentação” (idem). Com relação à esta definição temos a concordar, pois o supervisor, docente da UP, tem tido o cuidado de acompanhar o praticante das PPIII nas suas diversas actividades desde a planificação das suas aulas, apontando aspectos a serem revistos sempre que necessário, dando observação no final de cada leccionação de modo que na prática seguinte a acção do professor ou futuro professor seja cada vez melhor. O supervisor ajuda o praticante a reflectir na escolha dos textos (constantes do manual) que vai usar nas suas aulas. Tal como confirmam Alarcão e Tavares referenciados por Alarcão (p. 92-93) o supervisor tem como meta facilitar o desenvolvimento do professor e sabemos que também o supervisor se desenvolve porque, tal como o professor, aprende ensinando. O supervisor, como dissemos deve ser alguém que ajude, monitore, crie condições de sucesso, desenvolva aptidões e capacidades no professor, sobretudo capacidades de questionamento, de 6 problematização e de reflexão da sua acção do dia-a-dia na sala de aulas. Queremos crer que é a partir dos problemas do quotidiano do processo de ensino e aprendizagem que o professor ou futuro professor ganha maturidade reflectindo sobre possíveis soluções que serão, ao longo do seu trabalho, constentes desafios. Poderiamos dizer que a terefa de supervisão exige competências, melhor o supervisor tem que ser um indivíduo competente. De acordo com Perrenoud (1999) citado por DIAS et all (2008: 87) competência pode ser definida: como sendo uma capacidade de agir eficazmente em um d e t e r m i n a d o t i p o d e s i t u a ç ã o, a p o i a d a e m conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. Para enfrentar uma situação da melhor maneira possível, deve-se, via de regra, pôr em acção e em sinergia vários recursos cognitivos complementares, entre os quais os conhecimentos. Para BARREIRAe MOREIRA (2004) ainda citados por Dias et al (2008: 88) afirmam que o conceito de competência apresenta três componentes comuns nomeadamente os saberes, as capacidades e as situações-problema. É nessa última componente que achamos que o supervisor deve investir para que o professor, em cada caso saiba traduzir essas situações-problema em desafios e respostas que corporizem a sua actividade diária. Os mesmos autores têm que, “ser competente implica ter conhecimentos (saberes), saber-fazer, saber-estar, saber- tornar-se (capacidades) mas, também, saber resolver problemas em contexto, integrando saberes e capacidades” (idem). O supervisor, segundo a Grelha de Análise do Discurso da Supervisão proposta por VIEIRA (1993), na sua contribuição para a formação do professor reflexivo, colabora com este dando a sua opinião, apresentando alternativas, dando conselhos, procurando consensos e dando instruções. ALARCÃO (pp. 97-98) afirma que não se pode falar de modelo reflexivo na formação sem se referir a SCHÖN (1987) autor da corrente que perspectiva a prática profissional como reflexiva que apresenta as seguintes noções: conhecimento na acção, reflexão na acção, reflexão sobre a acção, reflexão sobre a reflexão na acção. Este autor tem que o conhecimento na acção é o conhecimento que os professores manifestam no momento em que executam a acção. É um conhecimento dinâmico que resulta na reformulação da própria acção. O professor experimenta esse desafio nas PPIII quando ao longo da leccionação se depara com situações que o obrigam a ter que se desembaraçar dos “problemas” de momento que surgem durante as aulas. Igualmente no momento antes da leccionação, na pré- observação, o supervisor das PPIII pode fazer correcções ou anotações na proposta de plano de lição do professor praticante que vai fazer com que este reflicta sobre a sua melhoria e implementação em sala de aulas. Aliás, um dos temas das PPIII é a “discussão do plano de lição com o supervisor”. No que se refere à reflexão na acção esta “ocorre quando o professor reflecte no decorrer da própria acção e a vai reformulando, ajustando-a assim a situações novas que vão surgindo.” Por exemplo, ao longo da leccionação os alunos podem apresentar questões ou dúvidas que obriguem o professor a reformular o que previamente C hi m ic a Fr an ci sc o Revista Científica da Universidade Pedagógica-Beira, Area de Pós-Graduação, pesquisa e extensão Nº 4, Fevereiro de 2013 tinha planificado no seu plano de lição, por isso, o plano de lição deve ser flexível para poder acomodar situações imprevistas. Desta feita, “a reflexão sobre a acção acontece quando o professor reconstrói mentalmente a acção para a analisar retrospectivamente.” Tal como nas PPIII é nesse momento em que o professor faz um olhar sobre o decurso da acção de leccionação, como solucionou os imprevistos que ocorreram, “o professor toma consciência do que aconteceu.” Assim, com a ajuda do professor orientador como recomendam as PPIII num dos seus temas que diz: - “Reflexão sobre as aulas leccionadas com o professor orientador”, reflectem sobre a acção o que lhes permite questionar sobre a selecção dos métodos de ensino adequados em conformidade com a disciplina e a natureza da aula. Finalmente, “a reflexão sobre a reflexão na acção é um processo que fomenta a evolução e o desenvolvimento profissional do professor, levando-o a construir a sua própria forma de conhecer”. Acrescenta-se que “este tipo de reflexão que podemos definir como meta-reflexão leva o professor a desenvolver novos raciocínios, novas formas de pensar, de compreender, de agir e equacionar problemas.” Trata-se, na nossa óptica, de um professor com uma certa autonomia que já sabe o que fazer, como fazer e quando fazer.Tudo quanto apresentamos com relação à reflexão tem seu espaço no mundo da prática real (o da leccionação) que permite fazer experiências onde se comete erros, tomar consciência dos mesmos e tentar novamente de modo diferente. Diz-se ainda que “A prática surge como espaço privilegiado de integração de competências o que é possível se o professor reflectir sistematicamente sobre o que faz e sobre o que vê fazer”. São eleitos a experimentação e reflexão como elementos autoformativos que levam a uma conquista progressiva de autonomia e descoberta de potencialidades.O supervisor, nesse modelo de formação, deverá organizar escolas integradas como deixamos referenciado atrás onde o professor vai deparar-se com situações reais, alunos com comportamentos diversos que terá que gerir de modo a ter um ambiente saudável para a leccionação em situações onde o professor possa praticar e confrontar- se com problemas reais, para cuja resolução necessita de reflexão. Para o caso da UP e em particular as PPIII decorrem. O papel do supervisor será o de facilitar a aprendizagem, de encorajar, de valorizar as tentativas e erros do professor praticante e incentivar a reflexão sobre a acção. Numa entrevista concedida por Isabel Alarcão à NOVA ESCOLA em São Paulo intitulada “Reflectir na Prática”, ela começa por reconhecer os estudos do americano Donald Schön que se referem ao questionamento que os profissionais devem fazer sobre as situações práticas como base da sua formação, “Só assim nos tornaremos capazes de enfrentar situações novas e de tomar decisões apropriadas”, afirma Alarcão. À questão colocada pela NOVA ESCOLA (NE) à Alarcão sobre Quem é o professor reflexivo? Ela responde nos seguintes moldes: É aquele que pensa no que faz, que é comprometido com a profissão e se sente autônomo, capaz de tomar decisões e ter opiniões. Ele é, sobretudo, uma pessoa que atende aos contextos em que trabalha, (...) os contextos educacionais são extremamente complexos e não há um igual ao outro. 7 No que diz respeito ao livro didáctico, por exemplo, o manual, quando questionada sobre como esse profissional reflexivo se relacionava com esse material a resposta de Alarcão foi que o professor devia ter uma base de trabalho que pode ser o livro e que o aluno também precisava de livros, mas que o professor, “embora siga o livro, levanta questões com base no que está lá e não segue nada à risca”. Esse é que é um professor reflexivo. Conclusão Com o título que traçamos para a presente análise Contributo do Supervisor da Prática Pedagógica III na Formação do Professor Reflexivo estamos em crer que conseguimos trazer e demonstrar que essa cadeira de Práticas Pedagógicas III, (PPIII), contém nos seus temas e objectivos condições para desenvolver no praticante, futuro professor, com a orientação do supervisor, o almejado professor reflexivo, o problematizador da sua prática quotidiana.A análise que fizemos pretende trazer ao de cima e desenvolver a componente patente na cadeira de Práticas Pedagógicas III, (PPIII) leccionada na Universidade Pedagógica, da formação do professor reflexivo. A escolha das PPIII justifica-se por tratar se de uma prática leccionada no culminar de um nível, o bacharelato, e ser neste mesmo nível que os praticantes, futuros professores, entram em contacto, pela primeira vez, com o aluno na qualidade de professores. Ao longo da nossa análise privilegiamos mais a discussão dos temas da cadeira de PPIII porque é neles e nos objectivos desta cadeira que constatamos como o supervisor poderia contribuir para a formação do desejado professor reflexivo o que está bem patente e, deixamos, assim, para o segundo plano, a análise do manual da 8ª classe. No manual, que está mais direccionado para o aluno, apesar do professor dele também fazer uso encontramos nas actividades, em especial nas de escrita exigências de reflexão, que na maioria dessas actividades o aluno vai precisar de orientação do professor. O módulo Supervisão em Ensino de Português onde discutimos com certa profundidade a questão da contribuição do supervisor das PPIII na formação do professor reflexivo e também, embora de forma superficiala visão do manual da 8ª classe, conjugando assim com o Seminário: Análise e Produção de Recursos Didácticos, concretamente na sua vertente de análise e não de produção. Não nos esqueçamos, também, que a prática reflexiva do professor pode ser condicionada por diversos factores tais como a falta de tempo, a não existência de um horário que permita aos professores discutirem as suas constatações entre si, o não menos importante problema dos salários baixos que os professores recebem para além das condições deploráveis em que muitos dos professores moçambicanos trabalham. Tal como nos encoraja a articulista Freitas que diz que “mesmo diante das dificuldades subjacentes ao processo de ensino-aprendizagem é imprescindível ao professor que ele ultrapasse do status de simples executante para intelectual crítico”, o professor, no nosso contexto, vai criando meios para a sua reflexão apesar das condições de que já nos referimos na esperança de um dia (talvez) ver todos os seus problemas ultrapassados. C hi m ic a Fr an ci sc o Revista Científica da Universidade Pedagógica-Beira, Area de Pós-Graduação, pesquisa e extensão Nº 4, Fevereiro de 2013 SERÁ A PEDAGOGIA DE “ JESUS CRISTO” UM MODELO A ADOPTAR PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM MOÇAMBIQUE FACE AOS DESAFIOS ACTUAIS DO PAÍS? Por: Zelino Taiado Suandique Resumo: om o presente artigo, pretendemos, em primeiro lugar, compreender o porquê do fracasso dos modelos de formação adoptados para formar o professor em Moçambique. Em segundo, desejávamos reflectir sobre uma figura que poderá inspirar aos concessores das políticas e estratégias de formação na adopção de um modelo mais ou menos estável que possa devolver ao professor o seu valor e respeito na sociedade. Através das leituras que realizamos, constatamos que algumas causas que podem concorrer para o fracasso dos modelos de formação de professores até então adoptados, em Moçambique, é a ausência de definição e sistematização do perfil do professor de todos os níveis e especialidades e de uma estratégia e modelo de formação de professores estável que se servisse de referência à todas as instituições públicas e privadas, vocacionadas ou não na formação de professores. Por isso, lançamos o desafio de se elaborar um modelo de formação inspirado na pedagogia e ética deontológica de Jesus cristo e em documentos normativos nacionais e internacionais relativo aos direitos a Educação. Palavras-chaves: Jesus Cristo, Modelo, professor, ética, deontologia. Introdução: Os documentos oficiais que orientam as estratégias a tomar em conta para o desenvolvimento curricular do ensino em Moçambique definem que a formação do professor deve permitir que o professor seja um educador e um profissional consciente, com profunda preparação científica e pedagógica. Sendo assim, o professor é um dos indicadores de qualidade de ensino no país. A Direcção Nacional de formação de professores e Técnicos de educação, no seu plano Estratégico de 2004- 2015 (MINED:2004), reconhece a necessidade de formação de professor de qualidade. Todavia, não define com clareza o perfil do graduado. Este vazio mostra tacitamente a falta de consenso em relação as características a incutir no cursante do professorado O mesmo documento propõe a implementação de modelos de professores baseados no tempo de duração dos cursos, como por exemplo 10+2, 10+1-formados em instituições de professores primários; 12+1 e de professores com níveis de bacharelato e licenciatura-formados em Universidades (Pedagógica e Universidade Eduardo Mondlane - faculdade Educação). (MINED op.cit.) Uma vez formados, a qualidade dos professores, fruto desses modelos, é muitas vezes colocada em questão, seja por aqueles que os concebem seja por aqueles que experimentam os frutos desses modelos. Isto vem a testemunhar, uma vez mais, que ainda não há consenso C Docente do curso de Francês sobre o desenho do perfil ou personalidade do professor que se pretende formar, com vista a responder positivamente aos desafios do país. Mesmo assim, insiste-se na formação do professor orientado pelo tempo de duração- convida-se a abandonar o modelo de 10+1 para abraçar-se o de 10+2, mas apimentado pelo perfil da nota mínima de doze valores (12) na 10ª classe, como uma condição para o ingresso aos centros de formação. Para um cidadão atento à evolução da história de educação e de formação de professores em Moçambique, há- de sublinhar que este mesmo modelo já produziu professores com “qualidade” e “sem qualidade”. É neste contexto, em que nasce a seguinte questão: Se o governo moçambicano adopta modelos e investe bastante na formação de professores que se adequem as realidades do país, o que está a falhar? MACHILLI (2000) já tinha avançado treze lacunas de formação de professores. Dentre elas passamos a mencionar apenas duas: Ausência da definição e sistematização do perfil do professor de todos os níveis e especialidades; Ausência duma estratégia e modelo de formação de professores estável que se servissem de referência a todas as instituições públicas e privadas, vocacionadas ou não na formação de professores. A nossa apetência a essas duas lacunas, deve-se ao facto de que elas conduzirão a nossa reflexão aos resultados que pretendemos alcançar- refletir sobre um modelo de formação de professor que permitirá preparar um profissional vocacionado, com dignidade e identidade própria. Como acabamos de passar em revista, já foram adoptados vários modelos, mesmo assim a sua eficiência e eficácia é menos acolhida. Portanto, onde buscar um “modelo” que inspire aos desenhadores de políticas de formação professores a encontrar um “paradigma definitivo” que permitirá evitar a sinuosidade do processo de formação do professor, em Moçambique? No mundo de ontem e hodierno, a figura de Jesus Cristo, atrai muitas vezes consenso, no tocante a sua personalidade e doutrina e é por isso que a tomamos como referência para o nosso debate. A Excelência da pedagogia de Jesus cristo: 8 Z e lin o T ai ad o S ua nd iq ue Revista Científica da Universidade Pedagógica-Beira, Area de Pós-Graduação, pesquisa e extensão Nº 4, Fevereiro de 2013 No contexto científico a imagem de Jesus Cristo é sonante por causa da sua pedagogia. As práticas pedagogias de Jesus Cristo inspiraram e inspiram aos concessores das novas abordagens pedagógicas. A pedagogia de Jesus tinha uma peculiaridade, razão pela qual toda a multidão que lhe seguia admirava-O (Mc 1, 21). Essa admiração prende-se ao facto de que ele ensinava com autoridade. Para Jesus, ensinar com autoridade é transmitir um conteúdo que permita ao homem libertar- se da escuridão (ignorância). Como se vê, podemos afirmar que a pedagogia de Jesus Cristo é libertadora, logo Ele é um dos grandes percursores da pedagogia de libertação que o pedagogo Paul Freire viria a sistematizar e socializa-la. Para consubstanciar essa autoridade-fonte de atracção e admiração das multidões que lhe seguiam- Jesus mostrava que ensinar com autoridade é dar autoridade transformadora àquilo que se ensina. Porque Ele acreditava que a autoridade do seu ensinamento provocava mudanças agradáveis que conduziam as pessoas ao desenvolvimento individual e colectivo. Para se ensinar com autoridade e transmitir autoridade aos conteúdos de aprendizagem, é imperioso que o educador crie “valores colectivos indispensáveis para a construção de uma identidade, uma economia sã livre de privações e preconceitos. Para nós, autoridade é um dos valores ou características a ter em conta na formação de um profissional de educação em Moçambique. Os seguidores de Jesus cristo, não só o admiravam como também comparavam-no com os doutores da lei. Mas nesta comparação, colocavam-no sempre acima dos doutores da lei-detentores dos saberes na era de Jesus. (Mc1, 22) Quem conhece a história académica de Jesus, sabe muito bem que ele estudou em Sinagogas-centro educacionais equiparadosa escolas primárias. Mesmo assim, Ele era tido como Maior entre todos os sábios do seu tempo. Todavia, Jesus não reconhecia essa sua grandeza. Recusou-se sempre da fama e nunca se sentou à mesma mesa que os doutores da lei. (Mc1,35). Jesus era um professor humilde que procurava incutir orgulho e poder. A qualidade de humildade de Jesus encontramo-la na boca do filósofo Sócrates, ao proferir a famosa frase ”eu sei que nada sei” e inclusivamente no discurso do professor Moçambicano GOLIAS (1999) quando afirmou que a grandeza de um professor (mestre) era aquilo que os seguidores reconheciam e não aquilo que o mestre julgava ser. Portanto, o que tornava o ensinamento de Jesus frutífero era esse espírito de riqueza interior que ele procurava acordar no seio dos seus discípulos e a simplicidade que ele procurava transmiti-la. Jesus associava a sua humildade à perseverança. Porque graças a estas qualidades, ele conseguia distinguir o seu projecto-libertar o oprimido da escuridão de modo que pudesse repudiar o poder e as ambições individualistas, mesmo em condições difíceis (Mc3,1). Assim, através da humildade e perseverança, o professor contorna pacientemente os constrangimentos da sua profissão. Os apreciadores da história de “Salvação” sabem que o projecto que Jesus tinha a realizar, já tinha sido desenhado antes mesmo d'Ele nascer-libertar o homem da escuridão e conduzi-lo a uma terra de prosperidade, onde as pessoas pudessem viver o amor e a paz. Como vemos, o projecto pedagógico de Jesus não é exógeno. É um projecto que nasce da preocupação do seu povo e ele conhecia-o 9 integralmente. Ele sabia e conhecia o que o povo queria ouvir (aprender). Para desenvolver o seu ensino, Jesus inspira-se no povo,quer nos conteúdos e estratégias quer na linguagem. Ele ensinava aquilo que o povo vivia, usando a linguagem dominada pelo povo (Mc4,1-34). Está claro que não basta que o professor se nutra de competências didáctico - pedagógicas e científicas para que ele tenha sucesso na sua missão, é preciso que ele tenha clareza e simplicidade na linguagem, como uma maneira de tornar acessíveis os conteúdos de ensino e exequível o projecto do processo de ensino e aprendizagem. Os centros gravitacionais da pedagogia de Jesus são o Amor e a justiça. Uma análise um pouco mais profunda leva-nos a concluir que os mesmos centros gravitacionais (amor e justiça) eram os principais conteúdos do seu ensinamento. Quer dizer que Jesus ensinava o amor e a justiça, com amor e justiça, porque Ele respirava amor e justiça. Jesus, chamou atenção aos seus alunos e seguidores à partilha equitativa do reino (das riquezas do país) por serem pertença de todos. Deste modo, Jesus pretendia que as pessoas compreendessem que o seu ens inamento não v isava formar um Homem individualista/egoísta, mas sim um cidadão participativo e que trabalhasse para o bem de todos (Mc10,17-22). Ele ensinava o amor pelo outro e pelo trabalho. Apraz-nos salientar a sua capacidade de entrega e amor incondicional pela sua profissão. Tinha muita paciência, era capaz de realizar trabalhos extras para responder as questões daqueles que não tinham compreendido os seus ensinamentos. Jesus já violou as leis do repouso obrigatório, para ensinar (M3,1-6). Isto vem sublinhar que Ele tinha vocação e amava o que fazia, por isso definiu como lei- a libertação do Homem da ignorância- porque ele sabia que só o Homem liberto encontraria a luz para o desenvolvimento colectivo e individual. A posição tomada por Jesus, veio mais tarde a ser resgatada por Eduardo Mondlane quando visionava o modelo de educação para o Moçambique durante e pós independência. Nessa altura, pretendia-se uma educação que consolidasse a unidade nacional e que libertasse a nação do jugo colonial e que desenvolvesse a nação nova. E para a criação da identidade nacional, exigia-se que se moldasse no aluno uma personalidade moçambicana que lhe permitisse assumir a sua realidade sociocultural e soubesse assimilar criticamente as experiências dos outros (GOMÉZ:1999). Isto mostra claramente que o perfil de um professor, segundo a pedagogia de Jesus, deve transfigurar os projectos do povo e espelha-los nitidamente na pessoa do aluno. Assim, a excelência da pedagogia de Jesus Cristo não é determinada pelo tempo de sua formação, mas sim pelo seu exemplo caracterizado pela sua autoridade, humildade, capacidade de conhecer e interpretar a realidade, simplicidade de linguagem, fidelidade ao projecto do povo e pela sua abertura aos novos saber. Portanto, o professor próximo a Jesus cristo aprende e desenvolve a atitude científica e humana aberta, livre de todos os pesos de superstição e tradição dogmática com o intuito de poder criar no aluno uma consciência da solidariedade colectiva, livre de todo o individualismo e corrupção. O professor formado em modelo da pedagogia de Jesus cristo, toma a sua missão como vocação e as suas acções com entusiasmo- que se traduzirão no gosto e interesse Z e lin o T ai ad o S ua nd iq ue Revista Científica da Universidade Pedagógica-Beira, Area de Pós-Graduação, pesquisa e extensão Nº 4, Fevereiro de 2013 pelo exercício da sua função. E como consequência disso, nascerá uma classe de professores mais esclarecida e digna de respeito e de reconhecimento do seu papel no seio da sociedade onde está inserido. A questão de classe de professores respeitada e reconhecida pela sociedade acaba aparecendo, como uma das razões que justificam a nossa escolha na imagem/figura de Jesus Cristo. Para nós, Ele não é apenas um pedagogo, mas também uma doutrina moral- pedagógica da qual se inspiram variadas éticas aplicadas, como é o caso da ética profissional. Assim, Jesus é livro de ética de onde poderá inspirar se a deontologia profissional da classe de professor em Moçambique. Jesus doutrina ética para a classe de professores em Moçambique: A praxis educacional é um direito consagrado em vários documentos normativos internacionais e nacionais. Assim, o funcionário de educação (o professor) deve saber, a prior, que o acto de ensinar tem consequências não só para si mas também para os outros (os alunos). Outrossim, é preciso que o professor viva a autenticidade exigida pela prática de ensinar-aprender, participando de uma experiência total, directiva, política, gnosiológica, pedagógica, estética e ética (FREIRE 1965:96). Aqui, Freire recorda-nos que um modelo de formação é eficaz quando o centro gravitacional é a ética profissional. E segundo a nossa reflexão, Jesus Cristo é ética onde pode inspirar-se uma ética profissional para a classe de professores em Moçambique. Ao fazermos o convite à Jesus Cristo (ética), não pretendemos levar aos alunos-professores a viverem uma simulação de valores importados, mas sim a usar a ética como meio que lhes vai permitir construir um novo olhar sobre as suas práticas, com o intuito de orientar racionalmente o seu modi vivendi e dos alunos para fins comuns. A falta de um modo de vida assente em ética concorre sempre para a desintegração das sociedades, grupos, comunidades, etc. Exemplo de uma crise ética é o cisma que ocorreu na Igreja Católica que culminou com o nascimento e florescimento do protestantismo na europa. Havia no seio da comunidade católica a falta de consenso acerca de alguns valores éticos. Todavia a ética de Jesus Cristo – amor ao que se faz e ao próximo- foi sempre o elemento de consenso. A partir da personalidade de Jesus, os protestantes definiram os novos valores éticos da sua profissão (WEBER:2001): Antes de tudo, eles decidiram que uma pessoa que quisesse trabalhar com o povo e para o povo devia ser uma pessoa eleita. Para eles, uma pessoa eleita é aquela que tem vocação para aquilo que faz. Para tal, uma profissão que está ao serviço do Homem deve ser conduzida por princípios e normas éticas, porquanto a ética profissional tem a intenção de esclarecer que cada acção boa decide o valore a qualidade das pessoas que a realizam; A seguir, vieram mostrar que um profissional deve ter fé e acreditar em si, sobretudo na possibilidade de vencer e alcançar os objectivos planificados; Mais adiante, destacaram que um profissional devia colocar em primeiro lugar o amor ao próximo que se deve traduzir no preenchimento de tarefas profissionais efectuadas com o interesse da organiza o universo social que lhe rodeia; No fim, reconheceram que a ética profissional podia ser algumas vezes retardada, todavia recomendaram que ela devia ser replanificada e preparada pela ideia de trabalhos que já foram realizados, na área, procurando evidenciar o slogan.” Amor a profissão”. Foi graças a esses pressupostos éticos que os movimentos protestantes tiveram o seu brilho e arrastaram para si vários seguidores pelo mundo fora. Portanto, destacamos que é preciso pensar-se numa ética profissional para a classe de professores em Moçambique. Os modelos adoptados para a formação de professores que avançamos precedentemente (10+1; 10+2; 12+1) fracassam no direcionamento da sua participação à ética. Porque achamos que, muitas vezes, o formando/formado age prejudicando o outro (aluno), uma demonstração clara de quem exerce as funções, ignorando a ética da sua profissão. Pensamos que uma das causas desta persistente situação está na fraca identidade da função do docente porque ainda há hoje quem pense que um professor ou uma professora pode ser comprado num mercado. E a outra causa poderá ser a carência deontológica, porquanto é raro ouvir-se falar de uma tradição deontológica no campo de educação, no mundo, em geral e em Moçambique, em particular. Reconhecemos que os professores em Moçambique conhecem os seus deveres e direitos consagrados na Constituição da República, Estatuto Geral do Funcionário e Agente de Estado, Estatuto do Professor, Regulamentos internos das escolas, por isso não sentem a necessidade de um código ético e deontológico de professores. Mas no nosso entender, é pertinente que se conceba e se formalize um código ético e deontológico do professor inspirado nos documentos que acabamos de indicar; da figura ética de Jesus cristo e de alguns exemplos de autorregulação e normatividade deontológica da função de docente, como: (MONTEIRO:2004) Declaração universal dos direitos humanos;* Convenção sobre a luta contra a descriminação no domínio de ensino (adoptado a 14 de Dezembro de 1960 pela Conferencia da UNESCO); * Convenção sobre os direitos da criança; * Recomendação sobre a condição de pessoal docente: instrumento jurídico internacional sobre os professores do ensino não superior (adoptada por uma Conferencia internacional especial reunida pela UNESCO e OIT a 5 de Outubro de 1966, hoje dia Internacional do professor). Uma vez que a condição do corpo docente moçambicano depende, em larga medida, do comportamento dele próprio, convidamos o professor a esforçar se para agir em conformidade com as normas éticas e deontológicas em todas as suas actividades. Mas o que torna difícil a observância deste dever é o vazio que existe por falta de um código ético e de conduta do professor e de organizações que se responsabilizem pela sua concessão e monitoria. Sabe-se que em Moçambique existe uma organização Nacional de professores (ONP), mas ela está com competências amputadas. Porque uma organização profissional do pessoal docente deve servir e proteger o interesse público e seus membros. Neste contexto, a ONP devia realizar entre outras competências ou tarefas (MONTEIRO op.cit): * Regulamentar a profissão docente e reger a actividade dos seus membros. * E l a b o ra r, e s t a b e l e ce r e m a n te r n o r m a s d e 10 Z e lin o T ai ad o S ua nd iq ue Revista Científica da Universidade Pedagógica-Beira, Area de Pós-Graduação, pesquisa e extensão Nº 4, Fevereiro de 2013 11 admissibilidade na organização; * Acreditar os programas de formação oferecidos aos professores, conduzindo à obtenção de certificados de competência e de adesão a organização; * Passar, renovar, modificar, suspender, anular, revogar e revalidar certificados de competência e de inscrição; * Estabelecer e fazer respeitar as normas profissionais e as normas de deontologia aplicáveis aos seus membros. Portanto, a ONP devia ser um eterno parceiro activo das instituições que se ocupam do desenho e implementação de políticas e estratégias para a formação inicial e contínua de professores. Contudo, exige-se uma ONP mais inspirada e interventiva, cujas acções devam estar orientadas pela e para a ética profissional dos seus membros. É só assim, que poderíamos ter uma classe de docentes aceite e respeitada pelas suas qualidades pessoais, pelo seu vigor moral e ético, sentido de responsabilidade e de solidariedade e pela sua motivação e predisposição ao trabalho. Conclusão: Para que nasça uma classe de professor respeitada e reconhecida em Moçambique, tem que se ter em conta um modelo de formação que se funde nos pressupostos seguintes: * Acreditar-se que ser professor é vocação, logo exerce a profissão de professor aquele que reúne os requisitos espelhados na pessoa de Jesus Pedagogo, como por exemplo autoridade, humildade, perseverança, amor, justiça, simplicidade, conhecimento da realidade; * Definir-se um perfil do professor moçambicano inspirado em Jesus e que determinará a sua personalidade daquele que se candidatar a tarefa de professor deve jurar fidelidade aos princípios que dão corpo a esse perfil e incorpora-los como atitude prática diante dos desafios que se vislumbra na sua profissão; * Criar-se uma instituição social que se preocupe com a vida do professor, criando o código ético e deontológico que garanta a integridade e a credibilidade da sua função na sociedade. Uma classe de professores formados na base de um modelo ético e deontológico, pode oferecer grandes ganhos para o país, como: * A construção de uma sociedade livre, justa, solidária e garante da unidade nacional- condição sem a qual será difícil erradicar-se a pobreza absoluta; * O alavancar da confiança do povo sobre o tipo de qualidade de ensino oferecido à criança moçambicana; * A credibilidade e o reconhecimento do papel do professor na sociedade. Depois da reflexão que acabamos de fazer, ainda persistem algumas questões: * Será a Pedagogia de “Jesus Cristo”, um modelo a adoptar para a formação de professores Moçambicanos face aos desafios actuais do país? * Que valores éticos profissionais ter em conta para a concessão e formalização de um código ético e deontológico do professor moçambicano? * Qual seria o papel da ONP na definição e monitoria dos modelos, programas de formação inicial e contínua dos professores? * Como é que a ética deontológica do professor deve ser integrada nos programas de formação de professores? Bibliografia: A BÍBLIA SAGRADA (edição Pastoral).2ª Edição. São Paulo, Paulistas, 1993. CONSELHO NACIONAL DA FUNÇÃO PÚBLICA. Estatuto do professor. Maputo, Imprensa Nacional de Moçambique, 1992. FREIRE, Paulo. Educação como prática da Liberdade. Rio de Janeiro, Editora Paz da Terra,1966. GOLIAS, Manuel. Educação Básica: Temáticas e Conceitos. Maputo, Diname Editora Escolar, 1999. GOMÉZ BUENDIA, Miguel. Educação Moçambicana: história de um processo 1962-1984. Maputo, Livraria universitária da UEM, 1999. MACHILLI, C. Perspectivas futura: Os desafios de uma educação relevante e abrangente; In Relatório Nacional de Desenvolvimento humano: Moçambique-Educação e Desenvolvimento humano (percurso, lições e desafios para o século XXI). Maputo, UEM, 2000. MINED. Estratégia para a formação de Professores (2004- 2015): Propostas de Políticas. DNFPTE, Maputo, 2004. MONTEIRO REIS, Agostinho dos. Educação e Deontologia. Lisboa, Escolar Editora, 2004. WEBER, Max. A ética protestante e o Espirito do capitalismo. 5ª ed. Lisboa, presença, 2001. Z e lin o T ai ad o S ua nd iq ue Revista Científica da UniversidadePedagógica-Beira, Area de Pós-Graduação, pesquisa e extensão Nº 4, Fevereiro de 2013 e x i g e m p r á t i c a s laboratoriais como é o caso do estudo físico do solo introduzindo assim conceitos essenciais sobre essa matéria. Assim, programas de apoio didáctico e metodológico aos professores das escolas Secundarias podem constituir pontos de partida para a disseminação de algumas práticas científicas. Por essa via, ensino de conteúdos sobre solos, principalmente no tocante ao estudo físico do solo, em escolas sem laboratórios convencionais pode chegar aos possíveis necessitados podendo assim contribuir na melhoria da qualidade do ensino. De recordar que, em Moçambique, a maior parte das escolas não têm laboratório e principalmente no meio rural. E nisso, temos um grosso número de professoras virados à reprodução do que está no livro do aluno. Ora, o facto de professores estarem reproduzindo os conteúdos inadequados, de solos desfasados ou incorrectos existentes nos livros didácticos é, em parte, consequência da própria formação que estes receberam (….). Esses professores não desenvolveram habilidades, bem como não têm tempo ou oportunidade, para buscar outras fontes de informação além dos livros didácticos ou para avaliar a incompatibilidade dos mesmos na área de solos (AMORIM e MOREAU, 2003). Mas, podemos associar este problema ao facto de que nas escolas Moçambicanas a falta de laboratórios “ é um problema generalizado desde as rurais às urbanas, não significando isso, que não se esteja a fazer o mínimo para superar essa dificuldade. Apoiando ao professor As instituições do ensino superior como a UP, podem contribuir na superação de algumas das dificuldades que parte dos professores de geografia [senão outros, até…] na melhoria dos seus trabalhos de leccionação de conteúdos sobre solos mesmo em escolas sem laboratórios convencionais desenhando actividades de extensão para as escolas rurais (projectos, programas, eventos, cursos ou p u b l i c a ç õ e s ) q u e possam auxiliar na m e l h o r i a d a c a p a c i t a ç ã o d o s p r o f e s s o r e s p a r a compreender e ensinar temas sobre solos em várias classes, bem c o m o a j u d a r a d e s e n v o l v e r r e c u r s o s didácticos s o b r e solos 12 Resumo artigo que aqui se apresenta é uma sugestão de apoio aos professores de geografia das escolas sem laboratórios convencionais para ministrar os conteúdos referentes aos solos. O estudo afigura-se como primeira provocação para publicação sistemática de ideias em forma de roteiros de experiencias práticas a realizar nas escolas secundárias desde o estudo físico do solo aos conteúdos afins. Neste número do Chiveve inicia-se com o roteiro sobre a identificação de constituintes físicos do solo como proposta a aplicar na 11ª classe do ensino secundário Geral e mesmo em círculos de interesse em qualquer escola onde isso se faça necessário, alias, saber não ocupa lugar. Segundo Solon, o homem nasce cresce e morre aprendendo; por isso estou aberto à criticas e sugestões Palavras-chave: constituintes do solo; material de fácil acesso, solo. Introdução O presente artigo surge no contexto de abrir uma cadeia de pequenas e modestas sugestões aos colegas professores de geografia que estando em escolas sem laboratórios convencionais vêem-se confrontados com a falta de meios alternativos para ministrar determinados conteúdos da geografia, especificamente na área de solos. Sabe-se que a geografia como tantas outras ciências espaciais necessita de trabalhos práticos de observação do meio. Nessa mesma ordem enquanto algumas praticas se socorrem da realidade próxima do aluno, outras requerem a produção de experiências mesmo por via de simulação mas que sejam observáveis para permitir a aprendizagem de determinados conceitos tidos como básicos para essa matéria. Assim o autor pretende partir para uma cadeia de sugestões de roteiros para o estudo físico do solo que possam ajudar àqueles colegas que disso se interessarem para as suas aulas conforme a sua realidade. Apoio ao professor de Geografia das escolas Secundárias O autor parte do princípio de que as instituições de ensino superior em Moçambique, em especial as vocacionadas na formação de professores, como a Universidade Pedagógica, podem auxiliar os professores de Geografia do Ensino secundário Geral na resolução do crónico problema de leccionação de conteúdos que a partida O UMA SUGESTÃO DE APOIO AO PROFESSOR DE GEOGRAFIA DA 11ª CLASSE: DEMONSTRAÇÃO DE ALGUNS CONSTITUINTES FÍSICOS DE SOLOS EM ESCOLAS SEM LABORATÓRIOS CONVENCIONAIS. Por: Mário Silva Uacane D o ce nt e d o c ur so d e G e o g ra fia M ár io S ilv a U ac an e Revista Científica da Universidade Pedagógica-Beira, Area de Pós-Graduação, pesquisa e extensão Nº 4, Fevereiro de 2013 13 para o Ensino Secundário. A principal contribuição das instituições de Ensino Superior, no sentido de auxiliar os professores do Ensino secundário a melhorar o ensino de solos, é repensar e redefinir o direccionamento do qual estão sendo formados os futuros professores, que irão actuar no ensino de solos na escola Moçambicana. Partindo deste fio de pensamento o autor deste artigo coloca a sugestão de socialização de práticas de carácter mais básico baseada em material de fácil acesso tendo em conta a realidade e especificidade de cada escola e conteúdos a ministrar. Procedimentos para identificar os constituintes do solo O solo é formado a partir da rocha (material duro que também conhecemos como pedra), através da participação dos elementos do clima (chuva, gelo, vento e temperatura), que com o tempo, com a ajuda dos organismos vivos (fungos, líquens e outros) vão transformando as rochas, diminuindo o seu tamanho, até transformá-la em um material mais ou menos solto e macio, também chamado de parte mineral. Da mesma forma e ainda por acção de microrganismos, restos de animais e vegetais vão sofrendo decomposição, formando o húmus, ou seja, a matéria orgânica presente no solo. Portanto, o solo é uma mistura de vários minerais, matéria orgânica e água capaz de manter a vida das plantas na superfície terrestre. É o produto final das acções dos processos físicos, químicos e biológicos que degradam as rochas e em grande parte produzem minerais. A fração sólida do solo possui aproximadamente 5% de matéria orgânica e 95% de matéria inorgânica. Alguns solos podem conter até 95% de material orgânico ou menos de 1% desse material. Os solos típicos mostram camadas características com o aumento da profundidade. Estas camadas são chamadas horizontes; os horizontes formam-se como o resultado de interações complexas que ocorrem devido ao desgaste do solo provocado pelas mudanças ao longo do tempo. “Os solos são formados por quatro componentes principais: os minerais, a matéria orgânica, a água e o ar. Estão presentes ainda microrganismos importantes na preservação e na fertilidade do solo” (LABORATÓRIO ABERTO, 1988:1). Uma das formas para perceber que de um horizonte para outro num mesmo perfil ou em perfis de solo diferentes, que os constituintes vão variando, passa por uma observação comparada utilizando instrumentos adequados para proceder as devidas experiencias. Mas, como as nossas escolas em Moçambique passam por realidades muito heterogéneas, algumas tem laboratórios convencionais mas outras não os têm. É dessas escolas que não tem laboratórios que vão as sugestões apresentadas neste artigo. Para a identificação de constituintes do solo, na falta de laboratórios com material convencional, sugere-se o recurso ao material de fácil acesso, como se procede logo a seguir: Problema Como é constituído o solo do Horizonte A e o do Horizonte B? Investigação Material A amostra do solo colhida no Horizonte A; a amostra colhida no Horizonte B; dois frascos de vidro de boca larga A e B; no lugar de proveta graduadasirva-se de uma régua graduada para marcar num copo transparente como se estivesse a marcar a sua graduação, para marcar o limite de água a usar na experiencia; duas simples varetas em substituição de duas varetas de vidro; duas colheres; etiquetas. Procedimento a) Mede, com o copo graduado por si, iguais quantidades de água e deite-as nos frascos de vidro A e B em iguais quantidades. b) Deite com uma colher no frasco A, cerca de 2 colheres de solo da amostra do Horizonte A, e, no frasco B, com outra colher, cerca de 2 colheres de terra da amostra do Horizonte B. c) Com a vareta, agita o conteúdo de cada frasco e deixa-os, depois, repousar durante dois minutos. Que observas: ü No frasco A? No frasco B? Como interpretas as diferenças observadas? Possíveis cenários a observar nessa experiência: Quando as amostras dos solos são lançadas na água, os seus constituintes separam-se conforme são mais ou menos pesados: * O ar sobe na água e liberta-se sob a forma de bolhas; * Os fragmentos de húmus flutuam à superfície da água porque são mais leves; * As partículas da argila mais finas flutuam, turvando a água; * As areias e outros elementos mais pesados depositam-se no fundo. Desta forma, o professor de geografia pode explicar com base na observação directa os principais constituintes do solo uma vez realizada a experiência. Por esta via o aluno pode entender que alguns constituintes do solo flutuam (principalmente restos de seres vivos secos e não mineralizados) enquanto outros sedimentam de imediato (basicamente os pesados e mineralizados) e outros ainda passam muito em forma de solução líquida no seio da água (as partículas finas do tipo argila) para além de bolhas de ar que se libertam dando lugar à água nos espaços intersticiais do solo inicialmente seco (ar). Por esta via o aluno pode perceber que os constituintes do solo variam de um horizonte para o outro tanto no mesmo perfil como homónimos horizontes mas em diferentes perfis. As instituições de Ensino Superior também podem contribuir, por meio de acções como cursos e eventos de educação continuada, elaboração de publicações, desenvolvimento de M ár io S ilv a U ac an e Revista Científica da Universidade Pedagógica-Beira, Area de Pós-Graduação, pesquisa e extensão Nº 4, Fevereiro de 2013 14 experiências, organização de exposições didácticas, e disponibilizando informações por meio da internet, dentre outras actividades. Disso, vão os exemplos de actividades de pesquisa e extensão universitária, “Programa de Portas Abertas” que a Universidade Pedagógica têm estado a desenvolver anualmente atraindo para isso diversas individualidades entre alunos, professores, gestores da educação, entre outros. Bibliografia UFVSF, ABC na Educação Cientifica Mão na Massa, Relatório Cientifico-convenio 043/2005 Universidade Federal do Vale do São Francisco, 2005, Brasil ABREU, Â. O ensino de solos nos níveis fundamental e médio: o caso da Escola Estadual Cidade dos Meninos. Monografia (Licenciatura Plena em Geografia) - Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Geociências, Departamento de Geografia, Belo Horizonte. 2000. ABREU, M.C.; MASETTO, M.T. O professor universitário em aula: prática e princípios teóricos. 8. ed. São Paulo: MG Editores Associados, 1990. AMORIM, R.R.; MOREAU, A.M.S.S. Avaliação do conteúdo da ciência do solo em livros didácticos de geografia do Ensino Médio. in: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA, FÍSICA APLICADA, 10., Rio de Janeiro, 2003. GEO-UERJ - Revista do Departamento de Geografia, n. especial, p. 74-81, 2003. Disponível em http://geografia.igeo.uerj.br/xsbgfa/cdrom/eixo1/1.1/11 9/119.htm FERREIRA, M. G. V. X. Ensino de solos: uma visão global. In: MONIZ, A. C.; FURLANI, A. M. C.; FURLANI, P. R.; FREITAS, S.S. (eds.). A responsabilidade social da ciência do solo. Campinas: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1988. P . 1 8 7 - 1 9 1 . d i s p o n í v e l e m http://www.augustocoimbra.xpg.com.br/ROTEIROS_GM F.pdf FONTES, L. E. F.; MUGGLER, C. C. Educação não formal em solos e o meio ambiente: desafios na virada do milénio. In: CONGRESO LATINOAMERICANO DE LA CIENCIA DEL SUELO, 14, 1999, Pucón (Chile). Resumenes. Temuco: Universidad de la Frontera, 1999. p. 833. Sumário Educação Ambiental (EA) na escola deve propiciar a construção de uma consciência global das questões relativas ao meio e ao modo como os alunos assumem posições referentes à sua protecção e melhoria. Eles devem conferir significado ao que aprendem no tocante à questão ambiental a partir da compreensão dos problemas que afectam a sua vida e a sua comunidade. Este trabalho constitui parte da minha dissertação do mestrado com o tema: "DISCURSO SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM GEOGRAFIA DA 10ª CLASSE NO ÂMBITO DA DEFESA E CONSERVAÇÃO DA NATUREZA EM MOÇAMBIQUE", cujo objectivo é contribuir para uma compreensão das formas do discurso sobre EA em Moçambique. Trata- se de uma pesquisa qualitativa realizada a partir dos documentos curriculares, aplicação de entrevistas, uso dos questionários aos docentes e alunos. A análise dos dados obtidos mostrou, primeiro, que os professores não possuem o conhecimento da transversalidade, ainda que abordem esporadicamente os temas implícitos como os da EA nas suas aulas. Segundo, nos alunos, por motivo desta abordagem existe um grande deficit de conhecimentos sistematizados sobre EA. No entanto, os professores, apesar de perceberem a importância da EA, a sua implementação torna-se difícil por falta do domínio da abordagem já referida, havendo, por isso, a necessidade por parte do MEC propor procedimentos claros de ensino nos programas para garantir a sua operacionalização satisfatória. Os professores em actividade devem receber formação complementar nas suas áreas de actuação, com o propósito de atender adequadamente o cumprimento das iniciativas para garantir a conservação e preservação do ambiente visando a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. 1. Princípios da Avaliação Educativa Conforme o debate, a minha intenção neste texto não é de, com profundidade, analisar a Avaliação, entendida como provas que ocorrem dentro dos vários Subsistemas de Educação, mas reflectir com humildade, modéstia a parte, a relação entre, aquilo que é, o currículo elaborado pelo nosso Ministério de Educação e Cultura (MEC) e a operacionalização do mesmo com professores nas escolas realçando, com rigor, o tratamento a posterior de assuntos ligados com a Educação Ambiental (EA), numa altura em que o Mundo vive com calamidades naturais constantes. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM MOÇAMBIQUE FACE AOS DESASTRES NATURAIS NO MUNDO Por: Joaquim Notice D o ce nt e d o c ur so d e H is to ri a Jo aq ui m N o ti ce Revista Científica da Universidade Pedagógica-Beira, Area de Pós-Graduação, pesquisa e extensão Nº 4, Fevereiro de 2013 15 A função específica da escola é promover o desenvolvimento dos alunos [...], fornecendo lhes o acesso ao património cultural produzido pela humanidade e permitindo-lhes assim terem os meios para darem continuidade a esse processo colectivo de desenvolvimento, tem-se claro que a Avaliação deve ser pensada como uma mediação no processo de desenvolvimento (CASALI, 2003:3).O autor, como outros que tomarei mais adiante, evidenciam a ideia de que, a Avaliação não é um fim do processo mas o seu meio. Deve ser contínua ao contrário dos sistemas avaliativos convencionais que acomodam os ritmos periódicos, em consequência da racionalidade programática e previsível própria dos sistemas de controlo. Também deve ser abrangente, tendo em conta as qualidades, competências e capacidades de cada um. Estes autores criticam a prática educativa na escola “a pedagogia do exame” ao contrário duma pedagogia do ensino e de aprendizagem. O sistema de ensino está interessado nos percentuais de aprovação ou de reprovação do total dos estudantes; os pais estão desejosos de que seus filhos avancem nas séries d ee s c o l a r i d a d e s ; o s p r o f e s s o r e s u t i l i z a m permanentemente os procedimentos de avaliação como elementos motivadores dos estudantes por meio de ameaça; os estudantes estão sempre na espectativa de virem a ser aprovados ou reprovados e, por isso, servem-se dos mais variados expedientes (LUCKESI, 2003:18) Para explicitar a frase citada, o argumento é de que durante o ano lectivo, as notas vão sendo observadas, vão sendo obtidas. Não importa "como" elas são obtidas "por quaisquer caminhos". Quando um professor sente que o seu trabalho não está surtindo efeitos anuncia aos alunos um teste, ou seja uma prova, como instrumento de ameaça e tortura prévia dos mesmos. A propósito de utilização de provas como medidas de ameaça, segundo a pedagogia comeniana explica que o medo é um excelente factor para manter a atenção dos alunos. O professor pode e deve usar esse ´excelente´ meio para manter os alunos atentos `as actividades escolares. Então, eles aprenderão com muita facilidade, sem fadiga e com economia de tempo (Idem:22). Comênio tem suas razões, mas ao mesmo tempo, chama- se a atenção do uso da ameaça, que o sujeito tem sua psique “ocupada” com a possibilidade de um castigo, equivalendo permanentemente. Uma forma de castigo subtil, pior do que um castigo físico (LUCKESI, 2003:24). Como considerou (Casali, 2003) que a "avaliação não é um fim do processo mas o seu meio". “Avaliação é caracterizada como uma forma de ajuizamento da qualidade do objecto avaliado, factor que implica uma tomada de posição a respeito do mesmo para aceitá-lo ou para transformá-lo” (Luckesi, 2003:33). Na verdade, a avaliação deve ser um momento de fôlego na escalada, para, em seguida, ocorrer a retomada da marcha de forma mais adequada, nunca um ponto definitivo de chegada (Idem:34). As recentes pesquisas apontam para uma avaliação educacional preocupada com a transformação, seja efectivamente um “julgamento” de valor sobre manifestações relevantes da realidade para uma tomada de decisão. De outra maneira, vale expressar o seguinte: (….) que as escolas abandonem o tratamento de programas a um ritmo para o cumprir totalmente, deixando a cada unidade vários alunos pelo caminho. No final, o que importa é que o programa tenha sido ensinado, e não que tenha sido aprendido pela maioria dos alunos. Os que não conseguiram as competências suficientes serão relegados para outras vias de ensino ou forçados à repetição do ano, ou ainda autorizados a prosseguir o curso fingindo que as suas lacunas e dificuldades desaparecerão posteriormente (ESTRELA e NÓVOA, 1999:182). 2. Avaliação Educativa em Moçambique Para melhor compreender o assunto consultei, primeiro, os regulamentos das Escolas do Ensino Básico e Secundário Geral, daí verifiquei que os preceitos referentes a uma avaliação contínua, abrangente e formativa estão incorporados. No entanto, a hipótese [aparente] que se pode adiantar, em minha opinião, é a dosagem demasiada das actividades pré-estabelecidas e dificuldades de levar à prática das mesmas, já na sala de aulas. Discutirei, o assunto, lá, mais para frente. Quero, aqui, acreditar que tudo está bem escrito, noto no Regulamento do Ensino Básico, Capítulo IX, Artigo 46, sobre o Conceito: “A avaliação é uma componente da prática educativa, que permite uma recolha sistemática de informações que, uma vez analisadas retroalimentam o processo de ensino-aprendizagem promovendo assim, a qualidade da educação”. No seu Artigo 48, “A avaliação visa: a) permitir ao professor tirar conclusões dos resultados obtidos para o trabalho subsequente”. Ainda no Artigo 49, acerca de princípios, 1 b) “primazia da avaliação formativa, com valorização dos processos de auto-avaliação regulada, e sua articulação com os momentos de avaliação”. E Ainda, pude verificar o Regulamento de Avaliação do Ensino Secundário Geral, Capítulo I, Artigo I (Definição e finalidades) que nos remeteu à ideia de que a Avaliação é um instrumento do processo de ensino-aprendizagem, dinâmico e sistemático que permite aferir do cumprimento dos objectivos e finalidades da educação, melhorar as estratégias do ensino, valorizar as potencialidades do aluno a nível individual e de grupo, estimular o sucesso do sistema educativo, promover a qualidade do ensino e certificar os conhecimentos adquiridos. (BR,1996:184) 3. Educação Ambiental em Moçambique Uma das definições proposta pela união internacional para a conservação da natureza e adoptada até a conferência de Tiblissi, como a mais adequada, a EA é um “processo de reconhecimento dos valores e de clarificação dos conceitos graças aos quais a população humana adquire as capacidades e os comportamentos que lhe p e r m i t e a b a r c a r e a p r e c i a r a s r e l a ç õ e s d e interdependência entre o Homem, a sua cultura e o seu meio biofísico” (CUNHA, 1987 pág. 112). Ou seja, EA significa aprender a empregar novas tecnologias, aumentar a produtividade, evitar desastres ambientais, minorar os danos existentes, conhecer e utilizar novas oportunidades e tomar decisões acertadas. Para o efeito, compreende-se que avaliar é atribuir valor, como expliquei anteriormente, ou seja, avaliação é um credenciamento, uma autorização para futuros Jo aq ui m N o ti ce Revista Científica da Universidade Pedagógica-Beira, Area de Pós-Graduação, pesquisa e extensão Nº 4, Fevereiro de 2013 9 desempenhos de um sujeito. Por exemplo, a 10ª classe para o currículo moçambicano marca o fim do primeiro ciclo de ESG onde alguns alunos são orientados para o mercado de trabalho e outros para cursos que têm nada com assuntos de EA, pergunta-se que atributos [ambientais] são conferidos a estes cidadãos? Por exemplo, no nosso dia-a-dia, quando se procura saber dos professores, acerca da abordagem deste assunto, eles afirmam interrogando “como é possível, na parte dos objectivos gerais e nas orientações metodológicas dum programa y aparecerem recomendações para a observância da defesa, preservação e utilização racional dos diferentes tipos de recursos se nesse mesmo programa não estão prescritos os seus conteúdos?” Atenção, aqui está o calcanhar de quilles, que identifiquei como a segunda hipótese, ausência do domínio do tratamento de temas transversais, por parte dos professores. Por último, como a terceira hipótese, e muito importante, que pode acompanhar as duas anteriores, se os professores compreenderem a necessidade e dominarem assuntos ligados à EA. Devo explicar, aqui, que temas transversais equivalem processos que estão sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas comunidades, pelas famílias, pelos alunos e professores no seu quotidiano. São debatidos em diferentes espaços sociais, em busca de soluções e de alternativas, confrontando posicionamentos diversos tanto em relação a intervenção no âmbito social mais amplo quanto a actuação pessoal. Portanto, estes não constituem uma disciplina, seus objectivos e conteúdos devem estar inseridos em diferentes momentos de cada disciplina, bastando para isso o domínio deste princípio por parte do professor. À medida que a humanidade aumenta a sua capacidade de intervir na natureza para a satisfação de necessidades e desejos crescentes, surgem tensões e conflitos quanto ao uso do espaço e dos recursos. OMBE (2003) referiu que nas últimas décadas, os processos tanto naturais como sociais vêm-se manifestando de forma extrema, caracterizados pela turbulência e instabilidade. Vive-se permanentemente numa situação de risco e de elevada incerteza. Vivemos num mundo cada vez mais interdependente, no qual as transformações se sucedem numa velocidade cada vez mais acelerada. Actualmente estamos a viver tempos extremos, como referiu um sacerdote que “a chuva, a seca e o frio quando aparecem é para matar". Perante esta situação, o trabalho de EA deve ser desenvolvido a fim de ajudar os alunos a constituírem uma consciência
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