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PATOLOGIA: DISTÚRBIOS HEMODINÂMICOS 1 Infarto Infarto é uma área de necrose isquêmica que vai ser causada por obstrução do suprimento vascular para o tecido afetado. Os infartos podem ocorrem em qualquer tecido, como o miocárdio, cerebral, intestinal e das extremidades distais. A grande maioria dos infartos é ocasionada por uma trombose arterial ou embolia arterial, outras formas de infarto são por vasoespasmo, placa aterosclerótica, compressão extrínseca de um vaso, aneurisma aórtico dissecante, edema dentro de um espaço confinado, por torção (por ex.: torção testicular) ou por ruptura vascular traumática. A trombose venosa geralmente não causa infarto, pois abrem-se desvios venosos para a evasão do sangue congestionado (isso não vai ocorrer em tecidos que tem apenas uma veia eferente, como o testículo ou o ovário). Tipos de infarto Os infartos são divididos em 3 tipos com base na sua cor (que reflete a quantidade de sangue no local) e presença ou ausência de infecção microbiana, sendo divididos em vermelhos (hemorrágicos), branco (anêmicos) e sépticos: • Infartos vermelhos: ocorrem em (1) oclusões venosas (como na testicular ou ovariana), (2) em tecidos frouxos onde o sangue pode se acumular, (3) em tecidos com circulações duplas (como pulmão e intestino delgado, onde é típica a perfusão parcial inadequada do suprimento arterial colateral), (4) em tecidos previamente congestionados e (5) quando o fluxo é restabelecido após ocorrer o infarto. Esse tipo de infarto ocorre em órgãos esponjosos, como o pulmão. As hemácias extravasadas são fagocitadas e o ferro heme é convertido em hemossiderina intracelular, que deixa um resíduo firme e amarronzado. Figura 1 Infarto hemorrágico, infarto pulmonar com forma • Infartos brancos: ocorre nas oclusões arteriais em órgãos sólidos com circulações andarteriais (como coração, baço e rim) e onde a densidade tecidual limita o escoamento do sangue dos leitos vasculares patentes adjacentes. O local de infarto vai ficando com suas bordas bem definidas com o tempo e com uma margem de hiperemia devido à inflamação. Figura 2 Infarto pálido nitidamente demarcado no baço (infarto • Infartos sépticos: ocorrem quando vegetações infectadas da valva cardíaca embolizam-se ou PATOLOGIA: DISTÚRBIOS HEMODINÂMICOS 2 quando micróbios semeiam o tecido necrótico. Nesses casos, o infarto se converte em abscesso, com resposta inflamatória correspondentemente maior OBS! Na maioria dos tecidos, o principal achado histológico associado aos infartos é a necrose coagulativa isquêmica. Uma resposta inflamatória começa a se desenvolver ao longo das margens dos infartos dentro de algumas horas e normalmente está bem definida em 1-2 dias. Eventualmente, da inflamação segue-se o reparo, começando nas margens preservadas. Em alguns tecidos, pode ocorrer regeneração parenquimatosa na periferia do infarto, onde a arquitetura estromal subjacente foi poupada. A maioria dos infartos, porém, finalmente é substituída por cicatriz. O cérebro é uma exceção a essas generalizações: a lesão do tecido isquêmico no sistema nervoso central resulta em necrose liquefativa. Fatores que influenciam o desenvolvimento do infarto Dependendo do infarto, as suas consequências podem variar entre nenhum problema clínico até ao óbito. Essa ampla diferença de possíveis resultados do infarto é devido à 4 fatores principais, a anatomia do suprimento vascular, o tempo de desenvolvimento da oclusão, a vulnerabilidade intrínseca do tecido afetado e o conteúdo de oxigênio do sangue: • Anatomia do suprimento vascular: órgãos e tecidos que apresentam circulações duplas e anastomoses são mais difíceis de sofrerem um infarto, pois a outra circulação pode oxigenar novamente o tecido lesado, alguns desses órgãos são o pulmão (artérias bronquiais e pulmonares), fígado (artéria hepática e veia porta), mão e antebraço (artéria radial e ulnar) e articulações. Já órgãos que apresentam uma circulação única, ao sofrerem uma isquemia vão provavelmente ter um infarto, como no rim e no baço. • Velocidade da oclusão: oclusões que vão se desenvolvendo lentamente permitem que o organismo recorra ao aumento de circulações colaterais para compensar a falta de vascularização; assim, velocidades menores de oclusão tem menores chances de causar infarto. • Vulnerabilidade tecidual à isquemia: os diferentes tecidos têm diferente tempos de resistência à isquemia, por exemplo: neurônios sofrem dano irreversível quando privados de seu suprimento sanguíneo por apenas 3-4 minutos; as células miocárdicas morrem após 20-30 minutos de isquemia; já os fibroblastos no miocárdio permanecem viáveis após muitas horas de isquemia • Hipoxemia: o conteúdo de O2 do sangue anormalmente baixo (independentemente da causa) aumenta a probabilidade e a extensão do infarto.
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