Buscar

Resumo Liberdade e Coerção

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

liberdade e coerção
 O objetivo primordial do analista do
comportamento é descobrir por que uma pessoa,
ou grupo de pessoas, faz o que faz, da maneira
como o faz. Para o profissional, esse “fazer” tem
um amplo alcance: queremos saber por que as
pessoas falam o que falam, pensam o que
pensam, sentem o que sentem.
 Relações comportamentais são, na análise do
comportamento, relações causais – isto é,
relações nas quais buscamos identificar no
ambiente de uma pessoa as causas para aquilo
que ela faz.
 “ Decidir ” talvez seja aqui um verbo
importante. Para a análise do comportamento,
decidir é comportar -se: é fazer algo e, com isso,
produzir certas consequências . O número de
situações em nosso dia a dia nas quais
efetivamente nos engajamos no comportamento
de decidir antes de fazer alguma outra coisa
provavelmente é muito menor do que
gostaríamos de pensar. Talvez nossa vida fosse
impossível se as coisas não fossem assim.
Fazemos muitas coisas “sem pensar”, porque
nossa experiência em situações semelhantes nos
dá alguma segurança de que os resultados do
que faremos são previsíveis . Quando não o são,
porém, podemos preliminarmente “decidir” – isto
é, buscar subsídios que nos permitam tomar um
certo curso de ação e não outros. 
 Se decidir é comportar -se, porém, o fato de
que decidimos também deve ser causalmente
explicado. Ninguém nasce sabendo como decidir,
e presumivelmente algumas pessoas decidem
melhor, ou com mais frequência, do que outras.
Isso quer dizer que o comportamento de decidir
também deve ser aprendido, no sentido de ser
selecionado por suas consequências. 
Analisamos o ato de decidir porque ele costuma
ser apontado como um exemplo de que cada ser
humano governa sua própria vida de forma
autônoma, mesmo que se admita que o ambiente
influencie seu comportamento em alguma
medida
 A controvérsia entre determinismo e livre-
arbítrio tem uma história praticamente tão longa
quando a da própria filosofia. Para a psicologia,
esta é uma discussão inevitáveis: não importando
os conceitos e teorias utilizados por diferentes
psicólogos, é razoável afirmar que todos estão
interessados em saber por que as pessoas fazem
o que fazem.
 Enquanto pesquisador, ao apontar variáveis
ambientais atuais ou passadas como
responsáveis pelo que as pessoas fazem, falam,
pensam ou sentem, um psicólogo está provendo
suporte empírico, à plausibilidade de uma posição
determinista, seja qual for a teoria que
fundamenta seu trabalho. 
 Skinner apresenta uma posição marcadamente
determinista ao longo de sua obra. A análise do
comportamento tem entre seus objetivos prever
e controlar o comportamento. É para isso, afinal,
que ela busca investigar relações causais: para
intervir sobre causas ambientais e produzir
efeitos comportamentais. 
Texto: Clinica Analítico Comportamental. Nicodemos Borges. Cap 08.
 Pressupo
r a determin
ação do
comportam
ento é bené
fico para um
a
ciência do c
omportame
nto que bus
ca
investigar q
uais as vari
áveis que o
determinam
. Um cientis
ta que supõ
e a
existência d
e variáveis q
ue controla
m o
comportam
ento tende a
 procura-las
; um
cientista qu
e supõe que
 elas talvez 
não
existam pos
sivelmente n
ão terá bon
s
motivos par
a aprofund
ar suas
investigaçõe
s. 
 A palavra “liberdade”, como qualquer outra
palavra, pode ser utilizada de diversas formas, em
diferentes situações. Um analista do
comportamento pode, eventualmente, defender
certos tipos de liberdade, mesmo adotando o
determinismo como pressuposto. 
 A classe de relações comportamentais
denominada reforçamento positivo parece
favorecer o relato de certos sentimentos, que
podem receber vários nomes: amor, felicidade,
prazer são apenas alguns deles. O sentimento de
liberdade também pode ser relatado nesse
contexto. Quando nosso comportamento é
positivamente reforçado, sentimos que fazemos o
que queremos, gostamos ou escolhemos. Não há
sentimento de coerção ou obrigatoriedade – há
sentimento de liberdade. 
liberdade como sentimento
liberdade como diminuição da
coerção
 Se o reforçamento positivo pode gerar relatos de
sentimentos de liberdade; relações
comportamentais coercivas (de punição ou
reforçamento negativo) podem gerar, além do
relato de outros sentimentos (ansiedade, raiva,
tristeza, entre muitos outros) uma “luta pela
liberdade” – que, neste caso, nada mais é do que
uma luta contra esse tipo de relação. Socialmente,
a luta contra as relações comportamentais
coercivas pode receber diversos nomes: busca -se
promover a liberdade política, econômica,
religiosa, sexual.
 Em cada um desses campos, quando pessoas
são proibidas de emitir certos comportamentos
ou obrigadas a emitir outros, surge a
possibilidade de que se revoltem contra esse tipo
coercivo de controle
 Um dos problemas apontados por Skinner na
mesma obra é que a s pessoas tendem a identificar
a ausência de coerção com liberdade absoluta,
ignorando o tipo mais poderoso de controle – isto é,
aquele exercido através de reforçamento positivo. Ele
é poderoso, entre outros motivos, porque, via de
regra, não nos revoltamos contra ele – aliás,
sequer costumamos reconhece -ló como um tipo de
controle. O controle por reforçamento positivo, como
qualquer tipo de controle, pode ser utilizado com
objetivos espúrios, em benefício dos controladores,
mas com graves prejuízos de longo prazo para os
controlados. Diante disso, é compreensível a
afirmação de Skinner de que “um sistema de
escravidão tão bem planejado que não gere revolta é
a verdadeira ameaça” 
liberdade como autocontrole
 O clínico analítico -comportamental, via de regra,
deseja que seu cliente “tome as rédeas de sua
vida”, seja autônomo e independente, governe
seu cotidiano – entre outros motivos, para que
não seja dependente do próprio clínico. 
 O clínico então, enquanto parte importante do
ambiente de seus clientes, transforma parte de
seu repertório comportamental. Ele pode ensinar
seus clientes a analisar seu próprio
comportamento e as variáveis que o controlam. 
 Ao fazer isso, ele estará gerando em seus clientes
o que Skinner chamou de autocontrole – isto é,
estará proporcionando a eles a oportunidade de
identificar e controlar algumas das variáveis que
controlam seu próprio comportamento. Como o
autocontrole também é comportamento, ele
também é, por si só, efeito de causas ambientais –
e o comportamento do clínico responde, neste
caso, pela maior parte de tais causas. O uso da
expressão “autocontrole”, portanto, não significa
que o comportamento da pessoa que o exerce
não esteja sujeito à determinação ambiental.

Continue navegando