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UFPA/ICED/FAED CURSO DE PEDAGOGIA METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO CH: 68h DISCENTES/TURMA: 318 JÚLIA GUIMARÃES MEDEIROS CHIZZOTTI, Antonio. História de vida. In:____. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. Petrópolis. RJ: Vozes, 2006. Cap. 3, p. 1-ESTRATÉGIA DE PESQUISA: História de Vida 2- REFERÊNCIAS COMPLETAS 3- CONCEITO “História de vida é um relato retrospectivo da experiência pessoal de um indivíduo, oral ou escrito, relativo a fatos e acontecimentos que foram significativos e constitutivos de sua experiência vivida. História de vida pode significar muitas coisas, dependendo dos objetivos ou dos pressupostos teóricos do pesquisador.” (p. 101). “As histórias de vida são, para o autor, relatos de práticas de relações sociais do tipo “objetivo” ou socioestruturais, quando privilegiam as formas materiais de vida, relações de trabalho e classe etc., do tipo “subjetivo” ou sociossimbólicos quando revelam as atitudes, representações e valores individuais que refletem as relações sociais.” (p. 102). “Os relatos ou “estórias” de vida designam a história de uma vida contada a outrem, tal qual foi experienciada pela pessoa que a viveu, tomando o seu ponto de vista como referência fundamental, tendo como objetivo obter informações sobre eventos passados, vividos ou testemunhados pela pessoa, e ainda não registados.” (p. 102). 3.1-Particularidades “As particularidades expressam-se em diferentes termos correlatos, para discriminar diferentes particularidades teórico-metodológicas, tais como autobiografia, biografia, história de vida, relatos de vida, memória, história oral, abordarem biográfica, método biográfico, etnobiografia etc., todas, com suas especificidades, visando descobrir as possibilidades heurísticas das trajetórias de vida pessoais, inseridas em uma realidade histórica e social.” (p. 101) 4- CARACTERÍSTICAS “Há uma variada gama de termos significados, cada qual com particularidades teóricas metodológicas próprias, recobrindo métodos que recorrem à apresentação de vidas concretas, no contexto e na perspectiva de quem viveu, tomando-as como interpretações autorizadas de fatos e acontecimentos”. 4.1- Biografia “Biografia é a narrativa da vida de uma pessoa, feita por outrem, que, com base em documentos, hipóteses e orientações teóricas, reconstrói a vida do biografado (biografia clássica).” (p. 102). 4.1.1-Caractéristica “Trata-se de um gênero literário em franca expansão que se consolida amparado na pesquisa documental e no rigor analítico, tendendo a expor o biografado no contexto socioeconômico e cultural em que viveu.” (p. 103). 4.2-Autobiografia “A autobiografia é uma história da vida escrita pela própria pessoa sobre si mesma, ou registada por outrem, concomitante com a vida descrita, na qual o narrador esforça-se para exprimir o conteúdo de sua experiência pessoal.” (p. 103). 4.2.1- Característica “Quando editada, a autobiografia é refinada pelo editor que elimina repetições, exige ampliação de descrições ou realce de episódios atraentes para o público leitor.” (p. 104). 4.3- TESTEMUNHO “Dentre os gêneros autobiográficos recentes, um tipo de narrativa testemunhal - o testemunho - assume uma importância e autoridade relevante no esclarecimento de eventos cadentes, em que, em um texto narrativo, o protagonista ou testemunha de um fato conta na primeira pessoa uma experiência significante de vida, tendo em vista denunciar uma situação sociopolítica adversa, com finalidade de mudá-la ou chamar atenção para uma reivindicação, ou eventos-limite, sejam eles sublimes, trágicos ou abjetos.” (p. 104). 4.3.1- Característica “O testemunho tem um imperativo ético de denunciar as condições opressivas e os opressores principalmente as torturas, atrocidades, chacinas e prisões exercidas contra a vítima ou contra o grupo social de que faz parte a testemunha.” (p. 105). 4.4-Etnografia “A etnobiografia apresenta- se como uma pesquisa biografica em profundidade, que pretende, por diversos meios, não só atenuar a subjetividade, seletividade e o viés do narrador e, assim, melhor assegurar a validade objetiva do relato, mas também expor as diversas etapas de consciência que vincula o sujeito à sociedade e aos fatos.” (p. 106) 4.4.1- Característica “Distingue-se da psicobiografia enquanto, nessa, o indivíduo se apresenta no interior de uma trama de acontecimentos, revelando as emoções suportadas e interpretando os sentimentos sofridos no curso dos eventos narrados. Aproxima-se de autobiografias espontâneas, como confissões, diários íntimos, reflexões pessoais etc.” (p. 106). 4.5-História oral “Na história oral, como possibilidade de pesquisa, o investigador reúne informações orais de uma ou mais pessoas sobre eventos, seu contexto, suas causas e efeitos. Como forma de pesquisa, a coleta de testemunhos orais, derivada da “história oral”, supõe um conhecimento dos diferentes usos da história (CARDOSO & BRIGNOLI, 2002) e as possibilidades que o recurso aos testemunhos orais podem oferecer, como suprir deficiências de documentos disponíveis, alcançar informações não registradas ou inacessíveis, compreender o contexto vivido para além das informações unidimensionais oferecidas pelos documentos, extrair uma perspectiva não-oficial, registar a visão de grupos humanos que não têm tradição escrita ou domínio dela. Alguns historiadores preferem designar fontes orais da história.” (p. 107) 4.5.1- Característica “A história oral tendencialmente, tem ampliando a utilização de metodologia da pesquisa, abarcando campos cada vez mais diferenciados do conhecimento, sob o patrocínio dinâmico de grupos de pesquisa”. 4.6- História oral e ciências humanas e sociais 5- PRINCIPAIS TÉCNICAS DE COLETAS DE DADOS E SUAS DESCRIÇÕES “A história de vida narra a história de vida de um indivíduo ou de um grupo, apoiando-se em variadas fontes de informação além do relato do sujeito, como documentos entrevistas ou quaisquer outras fontes que contenham informações sobre os fatos, o contexto e a própria pessoa.” (p. 102). “O autor seleciona e analisa fatos, experiências, pessoas e estágios relevantes de sua vida, interpretando sua história pessoal, o contexto e as contingências do curso da própria vida, criando um texto no qual tem voz privilegiada, imprime uma tônica subjetiva aos fatos e pessoas, transita entre real e ficcional, inscreve-se, de modo claro ou latente, em uma realidade social e se constrói como uma individualidade histórica.” (p. 103). “Quando editada, a autobiografia é refinada pelo editor que elimina repetições, exige ampliação de descrições ou realce de episódios atraentes para o público leitor.” (p. 104). “Na etnobiografia, o discurso autobiográfico - o que o sujeito conta - constitui a primeira versão da realidade, que é completada com tratamentos e análises complementares e com outras informações sobre a realidade social na qual o indivíduo está inserido. Supõe, assim, a produção de um primeiro relato bruto, seguido da releitura e correção com o narrador do relato produzido.” (p. 105). “Em outro momento, o pesquisador confronta o relato com outras informações orais ou escritas, entrevistas e discussões em grupo e, finalmente, complementa com a pesquisa histórica e documental sobre as informações fornecidas para concluir a pesquisa (POIRIER; CLAPIER VALLADON & RAYBAUT, 1983).” (p. 105). “O historiador, em geral, distingue as fontes primárias - testemunhos orais ou registros (escritos, orais, sonoros ou imagéticos) de testemunhas oculares dos acontecimentos investigados que tenham tido relação direta com o evento - e as fontes secundárias, testemunhos orais e escritos de pessoas não imediatamente presentes ao evento, mas que analisem um acontecimento ou discorram sobre o acontecido.”(p. 107). 5.1-Definição das principais técnicas “a) refinar o objeto e o objetivo da pesquisa;” (p. 109); “b) fazer um levantamento exaustivo da documentação e do contexto histórico e social do sujeito da biografia, selecionando as fontes primárias e secundárias.” (p. 109); “c) ter presente a concepção historiográfica que sustenta o processo de coleta e análise das informações;” (p. 109); “d) definir a recolha e registro do relato oral (tipo de entrevista, questionário biográfico etc.) do sujeito principal e de outros informantes;” (p. 109); “e) coletar os materiais biográficos orais, estruturando a narrativa a partir de alguns acontecimentos nucleares, cronológicos, como nascimento, infância, adolescência ou pivotantes, como educação, casamento, emprego;” (p. 109); “f) o pesquisador analisa o significado do relato particular considerando os significados mais amplos do relato quando inserido no contexto, nas estruturas sociais e culturais ou nas interações sociais, a fim de alcançar uma compreensão e análise globalizante da experiência de vida relatada; (p. 109); “g) o texto final é uma interpretação do pesquisador fundamentada em informações orais, em documentos e na análise da realidade social em que se deu a experiência vivida.” (p. 109). 6- TEMPO DE EXECUÇÃO O autor não indica tempo de execução no texto. 8- CRÍTICAS À ESTRATÉGIA “A autobiografia dá ao autor uma grande autoridade na eleição dos fatos relevantes, seja de autocomplacência com erros ou ocultamentos e distorções explícitas de situações indesejadas e, por isso, contestada por alguns autores como fonte fidedigna para a pesquisa e a investigação.” (p. 103).