Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Glaziele Odawara – 6° período – Pneumologia DPOC Se o paciente tem DPOC, mas não é tabagista, deve ser pesquisado outras etiologias: poluição tabágica, poluição ambiental, exposição à biomassa, trabalha em uma mina de carvão ou até mesmo apresenta deficiência de alfa1- antitripsina (rara) ou também pode não ser DPOC DPOC: obstrução ou limitação crônica ao fluxo aéreo com progressão lenta e parcialmente reversível Bronquite crônica: tosse com expectoração presente em pelo menos 3 meses por ano em 2 anos sucessivos, afastando outras causas capazes de produzir expectoração Enfisema: alargamento anormal e permanente dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal, acompanhado de destruição de suas paredes, sem fibrose óbvia = hiperinsuflação pulmonar Asma: doença pulmonar obstrutiva, mas não é crônica Toda asma é uma bronquite, mas nem toda bronquite é uma asma A DPOC é uma bronquite crônica, mas não é igual a bronquite da asma FATORES DE RISCO → Do hospedeiro Genes MMP12 Desenvolvimento pulmonar Hiper-responsividade das vias aéreas Doenças concomitantes Envelhecimento → Exposições Fumaça do tabaco Poeiras e produtos químicos ocupacionais Poluição do ar intra e extradomiciliar Infecção pulmonar na infância Baixo nível socioeconômico FUMO Alteração do mecanismo de defesa mucociliar Hipertrofia glandular Aumento da secreção de muco Alteração das características viscoelásticas do muco Paralisia e destruição dos cílios Acúmulo de secreções Colonização por bactérias PATOGÊNESE → Inflamação: vias aéreas, parênquima e vasculatura pulmonar Metaplasia escamosa Destruição parenquimatosa Aumento do muco Hipertrofia glandular → Desequilíbrio proteinases- antiproteinases: lise irreversível de elastina A inflamação crônica reduz a luz do brônquio – inspiração com facilidade, porém a expiração é passiva e como a luz do brônquio está diminuída, o ar sai parcialmente ficando ar retido – aprisionamento aéreo = vai levar à hiperinsuflação dos alvéolos, que já estão com sua complacência reduzida e parede muito fina, culminando, então, com o seu rompimento – enfisema pulmonar → Estresse oxidativo: desequilíbrio oxidantes-antioxidantes Disfunção ou morte celular Desequilíbrio proteinase-antiproteinases (redução de alfa 1 antitripsina pela liberação de radicais livres) Inflamação e estreitamento irreversível das vias aéreas (dano estrutural) FISIOPATOLOGIA → Principal mecanismo Alteração da ventilação perfusão Cor pulmonale: aumento e espessamento do ventrículo do lado direito do coração que resulta de um distúrbio pulmonar adjacente – IC TIPOS ANATÔMICOS DE ENFISEMA → Centroacinar Destruição limitada a parte central do lóbulo Enfisema dos fumantes Mais acentuado nos lobos superiores – local mais acometido pela fumaça Aumento do espaço aéreo e alargamento dos alvéolos → Panacinar Distensão e destruição do lóbulo interior Tudo dilatado Deficiência de alfa 1 tripsina → Periacinar Distensão dos espaços aéreos na periferia do ácino Sequela da tuberculose – onde ocorre fibrose das estruturas localizadas na periferia dos ácinos, tracionando-os causando um alargamento dos alvéolos circunvizinhos FISIOPATOLOGIA DAS TROCAS GASOSAS → Tipo A Aumento do espaço morto fisiológico Pouco fluxo sanguíneo em unidades com baixa V/P = hipoxemia branda POC2 normal = fases iniciais → Tipo B Grande fluxo sanguíneo em unidade com baixa V/P (aumento do shunt fisiológico) Algum aumento da ventilação em unidades com alta V/P = hipoxemia severa POC2 aumentada = doença grave POC2 aumenta = queda do pH = acidose respiratória → Mecanismo compensatórios Ventilação colateral Vasoconstrição hipóxica = melhora da hipóxia Glaziele Odawara – 6° período – Pneumologia CIRCULAÇÃO Com a progressão da doença = aumento da pressão da artéria pulmonar (destruição de grandes porções do leito capilar) = aumento da RVP Vasoconstrição hipóxica Infecção repetidas = piora hipóxia Policitemia (resposta à hipóxia) – tipo B Aumento da retenção hídrica, aumento das veias do pescoço – tipo B Aumento do coração direito – cor pulmonale Aumento da RVA → aumento do trabalho respiratório → aumento do custo de O2 → menor trabalho respiratório → aumento da PCO2 DIAGNÓSTICO Paciente com DPOC não responde a prova broncodilatadora → RX de tórax Hiperinsuflação Horizontalização das costelas acima da 7° costela no campo anterior e acima da 10° costela no campo posterior Retificação do diafragma Verticalização do coração Aumento do diâmetro AP Aumento do espaço retroesternal Pulmão mais hipertransparente na periferia → Espirometria CVF normal – mas a medida que a doença vai evoluindo o VEF1 pode levar a diminuição do CVF Redução do VEF1 Prova broncodilatadora negativa → História Dispneia aos esforços Tosse produtiva Sibilos Hemoptise Tabagismo Exposição a combustão de biomassa → Exame físico Tórax hiperinsuflado Dispneia, taquipneia Tempo expiratório prolongado Respiração com lábios semicerrados Utilização da musculatura acessória do pescoço Cianose → Ausculta Diminuição universal do MV Sibilos Estertores finos crepitantes → Cor pulmonale Turgência jugular Edema de membros inferiores Hepatomegalia Hiperfonese de P2 → Exacerbação 2/3 dos seguintes – inicia antibioticoterapia Piora da dispneia Tosse produtiva com aumento do volume de secreção Tosse produtiva com mudança da cor da secreção A maioria das exacerbações são por traqueobronquite (viral ou bacteriana) FORMAS FENOTÍPICAS DO DPOC → Pink Puffer DPOC predominantemente enfisematoso Longilíneo, emagrecido Face rosada Lábios semicerrados + musculatura acessória Ao sentar, apoia-se sobre os braços da cadeira Não é comum tosse RX: hiperinsuflação pulmonar → Blue Bloater DPOC predominantemente bronquítico crônico Paciente mais obeso + cinto da calça aberto Certo grau de cianose Sempre um copo e um lenço nas mãos RX: reforço da trama broncovascular – coração parece peludo AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE → Sintomas Escala de dispneia do MRC modificada 0 Dispneia somente ao realizar exercício intenso 1 Dispneia ao subir escadas ou ladeira ou andar apressadamente no plano 2 Dispneia no próprio passo no plano ou dificuldade para acompanhar o passo de outra pessoa da mesma idade 3 Dispneia no plano em menos de 100m ou após alguns minutos 4 Muito dispneico para sair de casa ou dispneia para se vestir ou despir → Histórico de exacerbação Duas ou mais exacerbações no último ano = paciente de alto risco → Alteração espirométrica VF1/CVF < 0,7 GOLD 1 – leve VEF1 > 80% do predito GOLD 2 – moderado 50% < VEF1 < 80% do predito GOLD 3 – grave 30% < VEF1 < 50% do predito GOLD 4 – muito grave VEF1 < 30% do predito ou < 50% com insuficiência ABORDAGEM COMBINADA Na avaliação do risco, escolha o mais alto entre a limitação do fluxo de ar e o histórico de exacerbações Determinará qual o risco do paciente apresentar exacerbações futuras A prova de função pulmonar não ser mais como parâmetro de gravidade. Serve para dizer se o paciente tem realmente DPOC (FEV1/CVF < 0,7) OU quando tem um paciente com prova de função pior, significa que ele tem o pior prognóstico. → 2 parâmetros MRC ou CAT Histórico de exacerbação → Paciente A e C Menos sintomas ** Paciente A: pouco sintomas e até 1 exacerbação no ano e que nãofoi hospitalizado → Paciente B e D Mais sintomas → Paciente C e D Mais exacerbações Glaziele Odawara – 6° período – Pneumologia Diagnóstico Etapa 1: espirometria para diagnosticar DPOC e determinar a gravidade da obstrução Etapa 2: determinar a classificação de GOLD A- D e subsequente tratamento farmacológico mais apropriado Pacientes com DPOC tem mais risco de: 1. Exacerbação da própria doença 2. Doenças associadas 3. Cor pulmonale OBJETIVOS DO TRATAMENTO → Alívio sintomático e melhora da qualidade de vida Broncodilatador Fisioterapia Corticoides Inibidor de PDE 4 Oxigênio Nutrição VMNI ou VMI → Reduzir risco Prevenir progressão da doença – cessação do tabagismo Prevenir e tratar exacerbações – vacina anti- influenza e pneumococo Reduzir mortalidade – tratar doenças associadas CESSAÇÃO DO TABAGISMO Bupropriona e Valericiclina – reduz a vontade Reposição de nicotina Mudança de hábitos – gatilhos BRONCODILATADORES → Anticolinérgicos SAMA – brometo de ipratrópio Atrovent – 6/6h Tosse, ressecamento da orofaringe, glaucoma Se liga aos 3 receptores muscarínicos ao mesmo tempo e se desprende ao mesmo tempo LAMA – brometo de tiotrópio Melhor opção – 1x ao dia Dissociação mais lenta dos receptores M1 e M3 e dissociação mais rápida dos receptores M2 → Beta agonista Relaxamento de grandes e pequenas vias aéreas Taquicardia, tremores, hipocalcemia, arritmias, anginas (quem é taquicardico ou possui arritmias deve evitar esse medicamento) SABA - Beta 2 agonista de curta ação Salbutamol e fenoterol LABA - Beta 2 agonista de longa duração Salmeterol e formoterol Mais eficazes melhorando a dispneia e de forma mais acentuada e duradoura → Xantinas Teofilina, aminofilina, bamifilina Inibição da fosfodiesterase Náuseas, vômitos, cefaleia, agitação, arritmia Tratamento LABA + LAMA = evita a broncoconstrição pela via colinérgica e estimula broncodilatação pela via adrenérgica CORTICOIDES → Oral Prednisona, prednisolona Nas exacerbações Não deve ultrapassar 14 dias – supressão suprarrenal Uso crônico associado a relação custo- benefício desfavorável → Inalatório Fluticasona, budesonida, beclometasona Formas graves Associado com broncodilatador ou quando há associação com asma ou em pacientes com fenótipo mais inflamatório e exacerbador → Venoso Metil prednisolona, hidrocortisona Só nas exacerbações Uso hospitalar **inibidor de PDE4 = indicado nas formas graves OXIGÊNIO Vasodilatador pulmonar Exacerbações: administrado com baixo fluxo e acompanhado de gasometria Terapia domiciliar prolongada: não deve ser usado por menos de 16h a 18h por dia, sempre em doses baixas Nas seguintes situações: → PaO2 < ou = 55mmHg ou SpO2 < OU = 88% → PaO2 = 56 a 59mmHg + cor pulmonale ou policitemia OUTROS → Reabilitação pulmonar → Nutrição → Ventilação mecânica → Tratamentos cirúrgicos (redução de volume pulmonar ou transplante) ESQUEMA TERAPÊUTICO → Grupo A SOS assintomático – SAMA ou LABA Se for sintomático – LAMA Se não melhora com LAMA – LABA Exacerbador – adiciona broncodilatador → Grupo B LAMA ou LABA Sintomas persistem – LAMA + LABA → Grupo C LAMA Continua exacerbando – LAMA + LABA / broncodilatador + CI → Grupo D LAMA + LABA + CI = tudo em uma bombinha só Sintomas persistem = Roflumilast, macrolídeo (2°,4° e 6°, 250mg de azitromicina) EXACERBAÇÃO NA DPOC → Causas Infecções virais de VAS Traqueobronquites virais ou bacterianas H. influenzae, S. pneumoniae, M. Catarrhalis → 2/3 critérios está indicado atb: Aumento do volume ou mudança de cor da expetoração ou aumento da dispneia Glaziele Odawara – 6° período – Pneumologia INDICAÇÕES DE INTERNAÇÃO Insuficiência respiratória franca Hipoxemia refratária Hipercapnia com acidose Complicações como embolia, pneumonia ICC descompensada ou outra condição associada Impossibilidade de realizar corretamente o tratamento ambulatorial EXAMES COMPLEMENTARES → Gasometria arterial em ar ambiente Avaliar a gravidade da doença, detectando a presença de insuficiência respiratória Fazer nas exacerbação, internação e alta → Radiografia de tórax Além de avaliar a DPOC irá detectar a presença de complicações (pneumotórax, pneumonia e TEP) → ECG Avaliar presença de arritmias, IAM, cor pulmonale → por conta do potencial arritmogênico das drogas usadas → Hemograma Policitemia, anemia, infecção e eosinofilia → Gram e cultura de escarro (caso purulento) Avaliar se há colonização por alguma bactéria ou germes hospitalares, sendo realizado somente em casos de doentes graves ou com doença estrutural pulmonar concomitante e com internação há menos de 3m Pacientes que não estão internados, não é necessário (faz somente o tratamento empírico para as 3 bactérias + comuns → Bioquímica sérica Eletrólitos, escorias nitrogenadas, diabetes, desnutrição, doenças hepáticas Uma avaliação geral de outras comorbidades → Espirometria Nunca deve ser feita nas exacerbações (paciente corre o risco de fazer uma parada, por aumentar mais ainda o esforço respiratório) → deve ser realizada somente em pesquisa de pacientes ambulatoriais (com quadro estável)
Compartilhar