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PNEUMO DPOC DEFINIÇÃO • É uma síndrome caracterizada pela obstrução crônica e difusa das vias aéreas superiores, irreversível e com destruição progressiva do parênquima pulmonar. • Incluem aqui pcts com bronquite obstrutiva crônica ou com enfisema pulmonar. EPIDEMIOLOGIA • Sua prevalência vem aumentando, especialmente no sexo fem. • Doença de adultos mais velhos, manifestando-se na 5ª ou 6ª década de vida. • Preponderância no sexo masc se deve ao tabagismo. • Tabagismo e DPOC: tabaco é o principal fator de risco para a DPOC. Estima-se que 15% dos fumantes de um maço/dia e 25% dos fumantes de dois maços/dia terãoDPOC futuramente se mantiverem o hábito tabágico. As substancias do tabaco causam alterações nas vias aéreas: 1. estimulam a produção de muco e hipertrofia das gll. Submucosas; 2. reduzem movimento cilicar das cells epiteliais 3. ativam macrófagos alveolares a secretarem fatores quimiotáticos que recrutam neutrófilos; 4. ativam neutrófilos, que produzem enzimas proteolíticas, como a elastase 5.inibem a ativ da alfa-1-antitripsina, enzima inibidora da elastase. • Asma e DPOC: presença de hiperatividade brônquica é chamada de “bronquite asmática obstrutiva crônica”. Componente asmático é revertido com broncodilatadores e corticoide inalatório. Na asma: enquanto na asma a inflamação é dependente de linfócitos T CD4, eosinófilos, basófilos e mastócitos, havendo pouca ou nenhuma fibrose; na bronquite a inflamação é dependente de linfócitos T CD8 citotóxicos, macrófagos e neutrófilos, estimulando a fibrose das vias aéreas. • Outros fatores de risco: o tabagismo passivo, a poluição atmosférica extra e intradomiciliar, exposição ocupacional a poeiras orgânicas, fumaças e vapores são considerados fatores de risco para DPOC, podendo ser aditivos ao efeito do tabagismo. • Deficiência de Alfa-1-Antitripsina é uma doença genética autossômica recessiva que cursa com enfisema pulmonar A ausência da ação desta enzima deixa livre a elastase neutrofílica que vai degradando paulatinamente o parênquima pulmonar. TTO: infusão venosa semanal de alfa-1- antiprotease. • Câncer de Pulmão e DPOC: o tabagismo é o fator de risco mais importante tanto para a DPOC quanto para o carcinoma broncogênico. FISIOPATOLOGIA 1. Histopatológico • 2 componentes da doença: ▪ Bronquite obstrutiva crônica ▪ Enfisema pulmonar • • Bronquite Obstrutiva crônica: principais alterações são: ▪ 1) hipertrofia e hiperplasia das glândulas submucosas secretoras de muco associadas ao aumento no número de células caliciformes da mucosa, presentes nas vias aéreas proximais; ▪ (2) redução do lúmen das vias aéreas distais devido ao espessamento da parede brônquica por edema e fibrose (bronquiolite obliterante). • Enfisema Pulmonar: um alargamento dos espaços aéreos distais aos bronquíolos, decorrente da destruição progressiva dos septos alveolares. • O tipo patológico mais comum: enfisema centroacinar. Há alargamento e a destruição parenquimatosa dos bronquíolos respiratórios, ou seja, na região central do ácino ou lóbulo pulmonar. Está relacionada ao tabagismo. Predomina nos lobos superiores dos pulmões. O segundo tipo patológico é o enfisema panacinar, típico da deficiência de α-1- antitripsina. Neste caso, o processo mórbido distribui- se uniformemente pelo ácino, na região central e periférica. 2. Obstrução das vias aéreas e hipersinsuflação • Característica marcante do DPOC; • A manutenção das VA aberta na respiração depende da pressão do fluxo de ar vindas das forças ins e expiratórias. • Na INS não há limitação, pois a força do fluxo vem da musculatura respiratória; • Na EX ela depende da elasticidade pulmonar, que está reduzida na DPOC e a resistência das VA distais está aumentada pela redução do lumen, por 2 fatores: 1.redução do tecido elástico na parede dos alvéolos (enfisema); 2. edema e fibrose nos pequenos brônquios (bronquiolite obliterante) Esses fatores somados a pressão + leva a colapso das vias aéreas e impede eliminação do ar armazenado nas porções periféricas do pulmão. Trata-se do fenômeno do aprisionamento de ar (air trapping) = aumento característico do volume residual, da capacidade residual funcional e da capacidade pulmonar total. O pulmão está cronicamente hiperinsuflado, sendo notado na radiografia de tórax – ou até mesmo no exame físico: “tórax em tonel”. PNEUMO DPOC • O aprisionamento de ar e a hiperinsuflação pulmonar tem consequências deletérias p/ a fisiologia: (1) surge auto-PEEP = pressão alveolar positiva no final da expiração que pode aumentar o trabalho da musculatura respiratória na inspiração; (2) altera a mecânica do diafragma, com tendência à retificação, tornando improdutiva a sua contração para puxar o ar inspiratório. O indivíduo passa a utilizar a musculatura acessória (esternocleidomastoideo, intercostais, abdominais), desenvolvendo cronicamente certo grau de “esforço” para respirar. 3. distúrbio da troca gasosa • A troca gasosa está comprometida tanto pela lesão enfisematosa quanto pela lesão bronquítica, ambas levando a obstrução das VA, elas propiciam o surgimento de alvéolos mal ventilados, porém, bem perfundidos. Nesses alvéolos, sg venoso recebe pouco O2 – shunt parcial. Se o nº desses alvéolos forem altos, isso gerara hipoxemia e desaturação da hemoglobina. Este fenômeno chama-se distúrbio V/Q (ventilação/perfusã0). No inicio hipoxemia se dá por esforço físico e quando avançada ocorre em repouso. • A eliminação de CO2 pode estar comprometida. Nas fases avançadas da doença, 3 mecanismos atuam em conjunto para a retenção progressiva do CO2: (1) agravamento do distúrbio V/Q; (2) aumento do espaço morto fisiológico – áreas ventiladas sem perfusão; e (3) hipossensibilidade do centro respiratório bulbar ao CO2. • Com isso, o pct começa a reter CO2 e gera acidose respiratória crônica e estimula o rim a reter mais bicarbonato p/ compensar acidose respiratória crônica. A gasometria do retentor crônico de CO2 apresenta altos níveis de PCO2, com bicarbonato e Base Excess (BE) elevados, e geralmente uma discreta acidemia (ex.: pH ~7,32). • Se descompensação do quadro (por infecção, broncoespasmo, drogas depressoras respiratórias etc.) pode haver fadiga respiratória ou inibição do drive ventilatório, levando a um aumento agudo da PaCO2, o que faz o pH cair subitamente. Por efeito da carbonarcose, o paciente começa a ficar desorientado, agitado e depois sonolento. Neste caso, estamos diante de uma acidose respiratória “crônica agudizada”. A intervenção é mandatória (com intubação traqueal e ventilação mecânica), pois esses pacientes podem evoluir rapidamente para uma parada cardiorrespiratória. 4. Cor pulmonale É uma disfunção do ventrículo direito por distúrbio pulmonar. A maior causa é a DPOC. Por mecanismo de hipóxia crônica. A arteríolas fazem vasoconstrição na hipóxia. É uma resposta fisiológica, pois desvia o fx de sg pulmonar para alvéolos bem ventilados. Se a hipóxia for generalizada, muitos vasos sofrerão vasoconstrição, gerando hipertensão arterial pulmonar. Após, o agravamento do HAP ocorre por hiperplasia endotelial e hipertrofia muscular, levando ao remodelamento da parede de pequenas artérias pulmonares. Quando a Pressão arterial pulmonar sistólica > 50 mmHg (N até 20 mmHg) o VD pode entrar em falência sistólica. Por aumento da pós-carga. • As consequências da insuficiência ventricular direita são: (1) elevação da pressão venosa central; (2) congestão sistêmica; (3) baixo débito cardíaco, contribuindo para o cansaço destes pacientes. QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO História clínica • Queixa marcante: dispneia aos esforços. Evolução insidiosa, progressiva, marcada por pioras agudas. Evolui com dispneia aos mínimos esforços.• Pode haver ortopneia e dispneia paroxística noturna, por 2 fatores: 1. piora da mecânica diafragmática no decúbito dorsal 2. aumento da secreção brônquica pela hiperatividade vagal noturna. • Tosse acompanhada de expectoração e precede quadro dispneico. • A causa na maioria dos casos de bronquite crônica é o tabagismo, devido a hipertrofia das glândulas submucosas que secretam quantidades expressivas de muco. O muco acumula-se nas vias aéreas durante a noite de sono, pois o tabagismo inibe a atividade ciliar do epitélio brônquico. EXAME FÍSICO • No pct com BOC a ausculta pulmonar revela ruídos adventícios, como sibilos, roncos, estertoses crepitantese subcreptantes com múrmurios vesiculares reduzidos. • No pct com enfisema, ausculta revela redução MV, sem ruídos adventícios. • Elasticidade e expansibilidade estão reduzidas; • Na percussão: o timpanismo está aumentado. • Respiração do pct com DPOC: a fase expiratória está prolongada em relação a fase inspiratória. Nos pcts dispneicos o esforço é maior na expiração, com contração da musculatura abdominal. PNEUMO DPOC • Em casos avançados os pct podem estar pletóricos = tom de pele avermelhado, devido a policitemia reativa à hipoxemia crônica, pelo aumento da eritropoetina renal. Dessaturação da hemoglobina associada à eritrocitose leva à cianose. • Tórax em tonel – por hipersinsuflação pulmonar com aumento do diâmetro anteroposterior. • Pct com cor pulmonale , o edema de MMII e turgência da jugular podem chamar atenção. • Baqueateamento digital não é um sinal de DPOC, se deve a outras doenças, sendo neoplasia de pulmão uma das causas. • No EF, 2 tipos de pcts: • Pink Puffers: são os “sopradores róseos”. É o estereótipo do enfisematoso. Na inspeção, notam-se apenas a pletora e o tórax em tonel. Geralmente são magros, às vezes consumidos pela doença, apresentando dispneia do tipo expiratória (“sopradores”), mas sem sinais de cor pulmonale e hipoxemia significativa. A ausculta pulmonar revela apenas a diminuição acentuada do murmúrio vesicular, sem ruídos adventícios. • Blue Bloaters: são os “inchados azuis”. Este é o estereótipo do bronquítico grave. Estes pacientes possuem um distúrbio mais grave da troca gasosa do que o enfisematoso puro, apresentando-se com hipoxemia significativa, manifesta como cianose (“azuis”). A hipoxemia leva ao cor pulmonale e, portanto, ao quadro de insuficiência ventricular direita e congestão sistêmica. Daí o corpo inchado (bloater). Exames complementares inespecíficos Hemograma: Pode ter eritrocitose. O tabagismo está associado a eritrocitose, deve-se afastar hipoxemia como causa. Gasometria Arterial: pode estar alterada na DPOC crônica. Encontra-se hipoxemia, leve, moderada ou grave (PaO2< 55 mmHg ou SaO2 < 88%). 30% dos pcts – tem hipercapnia com acidose respiratória crônica, com aumento do bicarbonato e do BE. pH estão mais baixo. São indicações de solicitação de gasometria arterial: (1) a suspeita de hipoxemia/hipercapnia aguda (ex.: DPOC com descompensação grave); (2) a presença de VEF1 < 40% do previsto (3) sinais de insuficiência do ventrículo direito. Eletrocardiograma: procurar alterações de cor pulmonale, que são os sinais de sobrecarga cardíaca direita. Radiografia de tórax: Está alterado nos casos graves. Sinais clássicos na Radiografia: (1) retificação das hemicúpulas diafragmáticas; (2) hiperinsuflação pulmonar (aumento do número de costelas visíveis na incidência PA – mais de 9-10 arcos costais); (3)hipertransparência; (4) aumento dos espaços intercostais; (5) redução do diâmetro cardíaco (“coração em gota”); (6) aumento do espaço aéreo retroesternal no perfil; (7) espessamento brônquico. Dosagem de alfa-1-antitripsina: deve ser realizada nas seguintes situações: a) Diagnóstico de enfisema pulmonar antes dos 45 anos; b) Quadro de enfisema pulmonar sem a presença de fatores de risco conhecidos para DPOC (paciente não tabagista ou com baixa carga tabágica); c) Enfisema predominante em região basal; d) Doença hepática associada inexplicada; e) História familiar de enfisema ou hepatopatia. Espirometria: é o principal exame a ser feito, pois, classifica a doença, dando informações valiosas como o grau de obstrução das vias aéreas. Os principais parâmetros da espirometria para o diagnóstico de DPOC são: VEF1 e a relação VEF1/CVF. a) VEF1: volume expiratório forçado. Revela o grau de obstrução, por isso, a espirometria deve ser realizada de forma seriada para detectar a velocidade de redução anual de VEF1 (fator prognóstico de mortalidade e risco cirúrgico). b) CVF: capacidade vital forçada. c) VEF1/ CVF: Índice de Tiffeneau. Esse índice é usado como critério diagnóstico: quando menor que 70% após broncodilatação confirma limitação ao fluxo aéreo. PNEUMO DPOC d) FEF 25-75%: fluxo expiratório forçado entre 25-75% da CVF. É o marcador mais sensível de obstrução das vias aéreas por ser o primeiro a alterar nessa situação. e) Os volumes pulmonares estão caracteristicamente aumentados (volume residual, capacidade residual funcional, capacidade pulmonar total). O teste de difusão do monóxido de carbono mostra-se diminuído, especialmente quando há enfisema, pois demonstra a extensão da superfície alveolar disponível para trocas gasosas. PROVA DE FUNÇÃO PULMONAR É o exame indicado na avaliação de pacientes com DPOC. A espirometria informa o grau de obstrução das vias aéreas, tendo como principais medidas a serem a avaliadas o VEF1 e a relação VEF1/CVF (índice de Tiffenau). Critério diagnóstico para DPOC consiste em uma relação VEF1/CVF < 70%, sem alteração importante após prova broncodilatadora (indica presença de obstrução fixa das vias aéreas). EXACERBAÇÃO Pct com DPOC tem baixa reserva pulmonar. Qualquer insulto ao aparelho respiratório piora o QC, levando a exacerbação da dispneia e insuf. Respiratória. O principal fator de descompensação é a infecção respiratória, bacteriana ou viral. Infecções bacterianas das vias aéreas superiores (sinusite, traqueobronquite) ou inferiores (pneumonia) devem ser tratadas de forma precoce e eficaz. Outros fatores desencadeantes importantes são a hiperreatividade brônquica (broncoespasmo), drogas depressoras do centro respiratório, insuficiência cardíaca, TEP e pneumotórax. CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA Atualmente, é utilizado para classificação da DPOC o que foi proposto pelo guideline GOLD. Esse modelo reúne dados de intensidade dos sintomas e o grau de obstrução das vias aéreas, com o risco de exacerbações e a presença de comorbidades e fornece uma visão integrada do impacto da doença na qualidade de vida dos pacientes. Intensidade dos sintomas É avaliados pelos escores mMRC (Modified Medical Research Council Questionnaire) e do CAT (COPD Assessment Test). O mMRC avalia apenas dispneia e o CAT faz uma avaliação sintomática mais ampla sobre o impacto da dispnéia e outras manifestações da doença. Porém, na hora de classificar o GOLD utiliza-se apenas um dos escores, de preferência o CAT por ser mais abrangente. Grau de obstrução das vias aéreas PNEUMO DPOC O grau de limitação do fluxo aéreo é quantificado pela queda do VEF1. A seguinte tabela refere ao antigo estadiamento da GOLD, pois nas primeiras versões do guideline, ela era a única forma de classificar a DPOC, sendo que hoje em dia ela é um complemento da atual classificação integrada. Logo, o grau espirométrico deve ser citado para compreensão da gravidade da doença. Risco em relação a exacerbação/internação hospitalar: Baixo risco: Paciente que apresentam no máximo uma exacerbação ao ano sem hospitalização. Alto risco: Pacientes que apresentem qualquer hospitalização por exacerbação ou dois episódios ou mais de exacerbação por ano.Classificação integrada Reúne todos os itens anteriores. Logo, a DPOC é classificada em 4 grupos: A, B,C ou D. Logo, a interpretação final da classificação é: Grupo A: baixo risco, pouco sintomático • Paciente no Estadio GOLD 1 ou 2 (leve a moderada limitação do fluxo de ar) • E/ou No máximo uma exacerbação por ano E sem hospitalizações por exacerbação • Escala de dispnéia mMRC grau 0 ou 1 Grupo B: baixo risco, muito sintomático • Paciente no Estadio GOLD 1 ou 2 (leve a moderada limitação do fluxo de ar) • E/ou No máximo uma exacerbação por ano E sem hospitalizações por exacerbação • Escala de dispnéia mMRC grau 2 ou mais ou CAT 10 ou mais Grupo C: alto risco, pouco sintomático • Paciente no Estádio GOLD 3 ou 4 (grave ou muito grave limitação do fluxo de ar) • E/ou Mais que duas exacerbações por ano OU hospitalizações por exacerbação • Escala de dispneia mMRC grau 0 ou 1ou CAT menor que 10 Grupo D: Alto risco, muito sintomático • Paciente no Estádio GOLD 3 ou 4 (grave ou muito grave limitação do fluxo de ar) • E/ou Mais que duas exacerbações por ano OU hospitalizações por exacerbação • Escala de dispneia mMRC grau 2 ou mais ou CAT 10 ou mais TRATAMENTO A obstrução das vias aéreas do paciente com DPOC melhora muito com tratamento farmacológico, diferindo da asma brônquica. A base fundamental para a abordagem terapêutica da DPOC está nos seguintes pontos: 1. abstinência ao tabagismo 2. tratamento farmacológico das exacerbações; 3. tratamento farmacológico crônico; 4. programas de reabilitação cardiopulmonar; PNEUMO DPOC 5. oxigenoterapia nos pacientes francamente hipoxêmicos; 6. cirurgia pneumorredutora/ translante de pulmão. TRATAMENTO DAS EXACERBAÇÕES Exacerbação é definida como a piora aguda dos sintomas (além da variação circadiana esperada) que requer mudanças igualmente agudas no esquema terapêutico. Diagnóstico é clínico: piora da dispneia da tosse e/ou da expectoração (escarro de claro a purulento e em maior quantidade). Geralmente desencadeadas por: infecções respiratórias, (bacterianas e/ou virais), exposição a elevados níveis de poluição ambiental. Outros fatores podem mimetiza-las ou mesmo agravá-las: hiper-reatividade brônquica (broncoespasmo), insuficiência cardíaca, pneumotórax espontâneo (devido à formação de bolhas subpleurais que se rompem com facilidade), tromboembolismo pulmonar, drogas potencialmente depressoras do centro respiratório (opiáceos, barbitúricos, benzodiazepínicos), entre outros... • 1/3 das exacerbações da DPOC não têm etiologia clinicamente definida! O tratamento envolve: 1. antibioticoterapia; 2. broncodilatadores; 3. Corticosteroides sistêmicos (em alguns casos); 4. teofilina ou aminofilina (opcional); 5. ventilação não invasiva, quando necessária; 6. ventilação invasiva, quando necessária. Alguns casos de exacerbação podem ser tratados em regime ambulatorial; outros merecem internação hospitalar. • Antibioticoterapia Indicada quando houver ao menos 2 das seguintes condições: 1. ⏫ v do escarro; 2. alteração para aspecto purulento; 3. ⏫ da intensidade da dispneia. *Sempre em exacerbações graves: necessidade de suporte ventilatório invasivo. Maioria das descompensações está diretamente relacionada a uma infecção viral porém, sempre existe a participação de bactérias, elas colonizam excessivamente a VA inferior do paciente aumentando sua densidade populacional frente a qualquer insulto pulmonar -> aumentando o grau de exposição antigênica da mucosa -> agravando desse modo a intensidade do processo inflamatório. Principais bactérias envolvidas: • Haemophilus influenzae, • Streptococcus pneumoniae • Moraxella catarrhalis. • Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia pneumoniae (em 5-10% das exacerbações). • micro-organismos Gram-negativos entéricos, (Pseudomonas aeruginosa). PNEUMO DPOC o Fatores de risco para sua infecção: hospitalizações frequentes, adm prévia de atb (4 cursos no último ano) e o isolamento de P. aeruginosa durante uma exacerbação prévia ou colonização em período estável. Alguns estudos mostraram que a gravidade da DPOC, assim como algumas comorbidades, apresenta relação direta com os micro-organismos causadores do quadro infeccioso. Pode-se então estratificar o paciente DPOC com infecção em três grupos. A partir daí, é feita então a recomendação da antibioticoterapia empírica. A prevenção do quadro infeccioso pode ser feita: • influenza– anual (vírus vivo inativado ou vírus morto) • pneumococo (polivalente): anti-pneumocócica • (vacina 23-valente, uma dose com reforço • após cinco anos). • Antibioticoterapia profilática não mostrou benefício na DPOC, não sendo indicado. • Broncodilatadores Associação de beta-2-agonista de curta duração (salbutamol, fenoterol ou terbutalina) + anticolinérgico brometo de ipratrópio (maior duração), adm por via inalatória (nebulização/ spray de aerossol) de 4/4h ou de 6/6h. O beta-2- agonista • O spray de aerossol ser de administração tecnicamente mais difícil, especialmente nos pacientes idosos e com esforço respiratório (coordenação dose respiração) Corticosteroides sistêmicos Agem na: • redução da duração da internação, • melhora mais rápida do quadro clínico • diminuição da chance de nova exacerbação futura. Indicadas por um período de 7-10 dias (dose de prednisona 40 mg/dia seguidas por 20mg fazendo o desmame). Via venosa é usada nas exacerbações graves por 72h (metilprednisolona/hidrocortisona cada 6h) e depois trocado por prednisona. A nebulização com budesonida é uma alternativa a via oral, nos pacientes ambulatoriais com exacerbações leves. Cuidado: efeitos colaterais como a miopatia esquelética, pode afetar a musculatura respiratória, agravar a falência ventilatória crônica. • Metilxantinas (teofilina e aminofilina):. Apresentam efeito: • analéptico respiratório (aumento da contratilidade diafragmática), • broncodilatador moderado • ativador do movimento ciliar. Segunda linha, reservadas para casos graves, não responsivos à terapia com broncodilatadores inalatórios. Devido ao seu grande potencial de toxicidade, podendo causar convulsões e arritmia, acompanhamento com dosagens sanguíneas seriadas. Oxigenioterapia Praticamente todos os pacientes devem receber suplemento de oxigênio para manter a SaO2 entre 88-92%. PNEUMO DPOC Ventilação Não Invasiva com Pressão Positiva (VNI) Diminuem mortalidade, necessidade de intubação e tempo de internação hospitalar. Os critérios de indicação são pelo menos dois dos seguintes: 1. dispneia moderada a grave, com uso dos músculos acessórios e movimento abdominal paradoxal; 2. acidose moderada a grave (pH entre 7,30-7,35) com hipercapnia entre 45-60 mmHg; 3. Frequência respiratória > 25 irpm. Métodos mais utilizados: • CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas) o - O2 cujo fluxo contínuo mantém uma pressão positiva inspiratória , igual a pressão positiva expiratória é garantida por uma válvula de PEEP. • BiPAP (pressão positiva nas vias aéreas com dois níveis de pressão). o Possui pressão inspiratória maior do que a pressão expiratória (dois níveis de pressão). Contraindicada nos pacientes com instabilidade cardiovascular, nível de consciência rebaixado ou incapacidade de cooperar, secreção respiratória copiosa, queimaduras, obesidade extrema e anormalidades craniofaciais, prejudicando o acoplamento da máscara. Ventilação Invasiva (Intubação Traqueal + Ventilação Mecânica) O principal critério de intubação no paciente com DPOC é a alteração do estado de consciência (desorientação, agitação, sonolência), precipitada pela fadiga da musculatura respiratória, agudizando a acidose respiratória crônica (carbonarcose). O ajuste dos parâmetros ventilatórios deve envolverum tempo expiratório prolongado, evitando-se o auto-PEEP, com base no PH. Eles são retentores crônicos de CO2 e, como resposta adaptativa, retentores crônicos de bases, desse modo, a redução da pCO2 para níveis normais pode levar à alcalose severa refratária. FARMACOTERAPIA DE MANUTENÇÃO Broncodilatadores, utilizados de forma regular, reduzem os sintomas (melhorando a qualidade de vida) e previnem as exacerbações.. Nenhuma droga se mostrou capaz de reduzir a velocidade de progressão da DPOC e mortalidade, • Beta-2-Agonistas Inalatórios: broncodilatadores de longa ação (salmeterol e formoterol) são primeira linha para tratar DPOC! • Anticolinérgicos Inalatórios: associados a broncodilatadores ou não. Destaque: brometo de tiotrópio (Spiriva), a cada 24h, com menor incidência de efeitos colaterais). Mais caros porém estudos afirmam ser melhores que os broncodilatadores. • Corticoides Inalatórios: não evitam remodelamento brônquico como faz na asma, embora seu uso esteja associado a uma redução do número de exacerbações. Indicado: 1. pacientes com DPOC e componente asmático associado, evidenciado pela resposta significativa aos broncodilatadores; 2. pacientes com VEF1, O < 60% do previsto, com exacerbações muito frequentes (2 ou+ em 1ano). • Corticoide sistêmico (Teofilina): com liberação lenta pode beneficiar do ponto de vista sintomático, além de melhorar a queda noturna da função pulmonar e os sintomas matinais. Contudo, pelos seus efeitos adversos, não é droga de primeira linha, podendo ser utilizada apenas como fármaco aditivo nos pacientes que se mantêm sintomáticos a despeito da terapia padrão. • Inibidores da Fosfodiesterase-4 (PDE-4): roflumilast é um novo fármaco, tem ação predominantemente anti- inflamatória, e não broncodilatadora. Por este motivo, é particularmente indicado em portadores de bronquite crônica obstrutiva. Por isso fornece incrementos adicionais no VEF1. Ele também se mostrou útil em reduzir o número de exacerbações em pacientes de alto risco (ex.: duas ou mais exacerbações prévias). Todavia, há uma estratégia terapêutica crônica específica recomendada em função do grupo a que o paciente pertence