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Medida de Segurança na Legislação Penal Brasileira

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Medida de Segurança na
Legislação Penal Brasileira
 
 
 
 
Universidade Federal do Pará
Instituto de Ciências Jurídicas
Faculdade de Direito
Atividade de Extensão I
Cartilha Informativa
Proteção Integral às Pessoas com Transtorno Mental 
PCTM
A questão de tratamento da saúde mental no sistema prisional não era uma preocupação das
políticas públicas. Os manicômios judiciários, surgidos nas primeiras décadas do século XX,
desempenhavam a função de recolher os indivíduos considerados pela justiça como loucos e
infratores, como uma forma de “limpeza”, pois não se enquadravam na sociedade ou
apresentavam “periculosidade”. 
 
Esta cartilha possui como 
 objetivo conscientizar a
população acerca da
importância da Proteção Integral
às Pessoas Com Transtorno
Mental (PCTM) na condição de
paciente de uma Medida de
Segurança imposta pelo Poder
Judiciário.
Proteção Integral às Pessoas com Transtorno Mental
PCTM
O HISTÓRICO SOBRE A SAÚDE MENTAL NO SISTEMA
PRISIONAL NA REALIDADE BRASILEIRA
Indivíduos considerados
"loucos/perigosos"
Segregação Manicômios
- Segregação Social
- Medicalização
(camisa de força e
choques elétricos)
Um exemplo de tudo que não deve ser feito em termos das políticas para o tratamento das
PCTM, foi o caso do manicômio Hospital Colônia de Barbacena, um hospital psiquiátrico
criado em 1903 na cidade de Barbacena, Minas Gerais. Este manicômio se transformou em
um dos maiores hospícios do Brasil, o qual os conceitos médicos malograram e a subjetividade
predominou sobre a ciência. O Hospital não recebia apenas pessoas com transtorno mental,
mas também muitos indivíduos acusados de terem praticado delito e tidos como perigosos ou
loucos, mesmo não sendo. Os abusos cometidos neste Hospital foram responsáveis pela
morte de 60 mil pessoas. Em 1979, o psiquiatra italiano Franco Basaglia solicitou o
fechamento imediato, porém, o fechamento do Hospital Colônia de Barbacena só ocorreu
anos mais tarde.
 
Na luta antimanicomial, as conferências
nacionais sobre saúde mental veem
desempenhando um importante papel na
reforma psiquiátrica, com o objetivo de
extinção dos manicômios e sua substituição
por políticas públicas de atendimento às
pessoas com transtorno mental, no sentido de
proporcionarem a elas um tratamento
adequado e uma efetiva inclusão social e
dignidade humana.
Apesar da publicação da Lei n° 10.216,
de 2001, que dispõe sobre a proteção e
os direitos das pessoas portadoras de
transtornos mentais, a qual redireciona o
modelo assistencial em saúde mental, o
número de manicômios no Brasil ainda é
considerável, inclusive os judiciais.
Importância da Reforma do Código Penal de 1984 
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Hospital Colônia de Barbacena
Antes da Reforma do CP de 1984
Término da
Pena 
Penalizava-se
o agente duas
vezes
Após da Reforma do CP de 1984, o agente passa a cumprir: 
Pena OU
Medida de
Segurança
O agente
continuava detido
até o exame de
"Cessação de
Periculosidade"
 
O QUE SÃO PESSOAS COM TRANSTORNOS MENTAIS ?
A Convenção Internacional sobre o Direito das Pessoas com Deficiência, da ONU, promulgada
no Brasil pelo Decreto n° 6.949, de 25 de agosto de 2009, em seu artigo I conceituou muito
bem a definição das Pessoas com Deficiência, consolidando o entendimento de que:
“Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras,
podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições
com as demais pessoas.”
Estas Convenções proporcionaram subsídios fundamentais para o desenvolvimento da
legislação nacional pertinente ao tema no que diz respeito ao tratamento jurídico, social,
médico e psicológico que deve ser dado às Pessoas Com Transtorno Mental. Assim sendo, as
Pessoas Com Transtorno Mental (PCTM) são um subgrupo vulnerável que fazem parte do
grupo de PcD (Pessoas com Deficiência).
O QUE É MEDIDA DE SEGURANÇA? 
Medida de segurança é a forma de tratamento dada pelo Estado para indivíduos que não
possuem responsabilidade sobre os seus atos e que acabam cometendo infrações análogas aos
crimes previstos no Código Penal.
A medida de segurança se diferencia de uma pena no sentido de que ela não possui caráter
punitivo, pois entende-se que o individuo que praticou o ilícito não possui intenção de causar o
prejuízo. A medida de segurança possui caráter preventivo e de preservação do bem-estar da
coletividade, proporcionando ao individuo o tratamento adequado, seja preventivo ou curativo.
Apesar de existir uma lei federal (Código Penal) que prevê os crimes, a execução dos regimes
estabelecidos na lei fica sob a tutela dos estados, os quais podem desenvolver seus próprios
programas, voltados para atender suas demandas conforme suas peculiaridades.
Ressalte-se que a definição de PCTM e PcD não foram conceitos criados através dos processos
necessariamente próprios do ato normativo, mas sim, de processos históricos que surgiram 
 através das lutas contra a discriminação e nas convenções as quais o Brasil aderiu.
 
No sistema brasileiro, existem duas espécies
de medidas de segurança: internação em
hospital de custódia (detentiva) e
tratamento psiquiátrico e tratamento 
 ambulatorial (restritiva), ambas estão
previstas no artigo 96 do código penal
brasileiro.
Na internação, o paciente é privado de sua
liberdade. Essa espécie de medida de
segurança está destinada obrigatoriamente
aos pacientes inimputáveis ou semi-
imputáveis que cometeram atos que seriam
puníveis de reclusão. A internação poderá
ser aplicada também de forma facultativa
para os indivíduos inimputáveis ou semi
imputáveis que praticarem atos puníveis
com detenção.
Nos tratamentos psiquiátricos e ambulatoriais,
o paciente tem sua liberdade restringida. Ou
seja, estes receberão um controle sobre suas
rotinas, sendo obrigados a comparecerem aos
estabelecimentos designados para receberem
os tratamentos que forem determinados. Essa
modalidade se destina aos inimputáveis ou
semi-imputáveis que tiverem cometido atos de
menor potencial lesivo.
Apesar do determinado no texto do código
penal, o juiz deverá analisar o caso concreto
para a determinação da medida de segurança
que melhor se aplicar, visando não a punição
do paciente, mas sim o seu tratamento e por
consequente a proteção do mesmo e da
sociedade.
Previsto nos artigos 149 a 154 do Código de Processo Penal (CPP), o incidente de sanidade
mental é o recurso utilizado para verificar a capacidade mental do acusado sempre que haja
algum questionamento quanto ao estado mental do indivíduo.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ): "Somente um juiz pode determinar a
realização do exame médico legal. O pedido pode ser feito de ofício pelo próprio magistrado,
por requerimento do Ministério Público, do defensor do acusado, do pai, da mãe, dos irmãos,
do curador ou do cônjuge do investigado."
DEFINIÇÃO DE INIMPUTÁVEL PELA LEGISLAÇÃO PENAL
BRASILEIRA
O código penal configura como ilícitos não apenas ações, mas também omissões. Ou seja, para
os casos de inimputabilidade, poderá ser aplicado também às situações as quais o indivíduo
deixa de agir como deveria em um caso concreto.
O termo inimputável significa que o individuo não possui a capacidade
de entender a ilicitude daquele ato. Podendo essa falta de capacidade
ser parcial, para os semi-imputáveis ou completamente incapazes: os
inimputáveis. Essa definição sobre o estado mental do indivíduo se
encontra fixada no artigo 26 do Código Penal Brasileiro.
ESPÉCIES DE MEDIDAS DE SEGURANÇA
EXAME DE INTEGRIDADE MENTAL 
Se ao fim das verificações o magistrado concluir que não havia prejuízo da capacidade mental
do agente, este poderá ser condenado. Se entendido que a capacidade mental estava
prejudicada, poderá haverredução da pena. Se a doença ou prejuízo mental ocorreu após o
cometimento do ato, o juiz poderá suspender o processo até que a pessoa reestabeleça suas
condições para então ser julgada. E se o caso se tratar de uma pessoa que já esteja cumprindo
pena e passar a demonstrar incapacidade, o juiz poderá, de ofício, converter a pena em medida
de segurança.
O prazo da perícia em regra é de até 45 dias, salvo se os peritos solicitarem
algum tipo de prorrogação. Durante esse período o processo deverá ser
suspenso. É necessário ressaltar, que devido o princípio de livre
convencimento do Juiz, o mesmo poderá desconsiderar laudos frente ao caso
concreto.
PANORAMA PRISIONAL BRASILEIRO QUANTO AO
CUMPRIMENTO DE MEDIDA DE SEGURANÇA 
Os números gerais de pessoas privadas de liberdade em cumprimento de medidas de
segurança, no sistema carcerário do Brasil e do estado do Pará, aparentemente são pequenos,
pois não chegam a 0,5% do total nacional e estadual. Todavia, os números de atendimentos
clínicos da especialidade “atendimento psicológico” nas Unidades Prisionais, no Brasil e Pará,
apontam para uma realidade bem distante dos números oficiais.
PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE EM UNIDADES PRISIONAIS NO
PERÍODO DE JANEIRO A JULHO DE 2020 NO BRASIL
Os dados obtidos via consulta do https://www.gov.br/depen/pt-br/sisdepen indicam uma
população privada de liberdade de 702.069, das quais 2.696 pessoas estão privadas de
liberdade em cumprimento de medida de segurança no Brasil.
Esse é o número de psiquiatras que atuam no sistema prisional para atender o universo de
pessoas privadas de liberdade em todo país, incluídas as pessoas em medida de segurança.
Esse é o número de psicólogos que atuam no sistema prisional para atender o universo de
pessoas privadas de liberdade em todo país, incluídas as pessoas em medida de segurança.
SAÚDE – PSICÓLOGOS NO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO
SAÚDE – PSIQUIATRAS NO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO
O número de pessoas que cumprem medidas de segurança no sistema prisional
corresponde a somente 2.609, ou menos 0,5% do total. Todavia, o número de
procedimentos clínicos da especialidade “consultas psicológicas” correspondeu a 8,04%
(250.659 procedimentos) no masculino e a 14,17% (28.842 procedimentos) no feminino,
de um total de 3.320.401 procedimentos clínicos, os quais evidenciam que as Unidades
Prisionais são um fator de adoecimento mental (estresse, depressão, entre outros). Neste
sentido, o número de pessoas que apresentam transtorno mental e estão privadas de
liberdade é evidentemente um número absolutamente subestimado por conta das
deficiências que o sistema apresenta para uma melhor quantificação qualitativa das
pessoas com transtorno mental no sistema prisional.
SAÚDE – PROCEDIMENTOS DE SAÚDE REALIZADOS NO SISTEMA BRASILEIRO
PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE EM UNIDADES PRISIONAIS NO PARÁ
Os dados obtidos via consulta do https://www.gov.br/depen/pt-br/sisdepen indicam uma
população privada de liberdade de 16.573, das quais 71 pessoas estão privadas de
liberdade (correspondente a 0,43% do total) em cumprimento de medida de segurança no
Pará.
SAÚDE – PSICÓLOGOS NO SISTEMA PRISIONAL DO ESTADO DO PARÁ
57 (cinquenta e sete) é o número de psicólogos que atuam no sistema prisional estadual
para atender todo universo de pessoas privadas de liberdade, incluídas as pessoas em
medida de segurança.
SAÚDE – PSIQUIATRAS NO SISTEMA PRISIONAL DO ESTADO DO PARÁ
No sistema prisional do Pará, durante os meses de janeiro a julho de 2020, não foi
relatada a atuação de psiquiatras. Esse dado nos faz refletir se essa ausência não
repercute na qualidade das avaliações que deveriam ser realizadas nos procedimentos de
avaliações das pessoas em cumprimento de medidas de segurança que deveriam
progredir de regime. 
O número de pessoas que cumprem medidas de segurança no sistema prisional
corresponde a somente 71, ou menos 0,5% do total. Todavia, o número de
procedimentos clínicos da especialidade “consultas psicológicas”, no Pará, correspondeu a
12.73% (11.956 procedimentos) no masculino e a 14,25% (804 procedimentos) no
feminino, de um total geral de 99.573 procedimentos clínicos, o que evidenciam que as
Unidades Prisionais do Pará são um fator de adoecimento mental (estresse, depressão,
transtorno bipolar, entre outros). Neste sentido, o número de pessoas que apresentam
transtorno mental e estão privadas de liberdade é evidentemente um número
absolutamente subestimado por conta das deficiências que o sistema apresenta para uma
melhor quantificação qualitativa das pessoas com transtorno mental no sistema prisional.
PROCEDIMENTOS DE SAÚDE REALIZADOS NO SISTEMA PRISIONAL DO
ESTADO DO PARÁ
A MEDIDA DE SEGURANÇA X LEI DE REFORMA
PSIQUIÁTRICA: DIFICULDADES NA GARANTIA DE
DIREITOS DE DOENTES MENTAIS 
A Lei de Execução Penal – LEP estabelece, em seu artigo 5º, que os hospitais de custódia
e tratamento psiquiátrico são destinados às pessoas que cometeram algum crime, mas
que são inimputáveis ou semi-imputáveis.
No entanto, observa-se que o tratamento dispensado na realidade atual dos hospitais
psiquiátricos é totalmente degradante, reforça a exclusão social, não favorecendo
mudanças positivas em relação ao doente mental em conflito com a lei.
Em suma, pesquisas bibliográficas evidenciam o verdadeiro colapso quanto ao tratamento
dispensado aos custodiados nos Hospitais de Custódia (HCTP).
De acordo com Silva e Lavor (2019, p.2), a situação atual dos Hospitais de Custódia é
resultado das deficiências do Estado em uma fiscalização rigorosa nesses institutos. Além
disso, ressalta Carvalho (2019): “Os hospitais de custódia não atendem ao objetivo de cura
do agente da medida de segurança, muitas vezes a própria família possui um melhor
amparo ao portador do transtorno mental”. Dessa forma, pode-se dizer que em sua
maioria, a medida de segurança, não garante os meios eficazes para a ressocialização do
agente.
Outro ponto bastante discutido se dá quanto à indeterminação de prazo da medida de
segurança. Tal atitude é considerada abusiva por ofender princípios da proporcionalidade e
não perpetuação da pena. O artigo 75 do Código Penal, bem como o Supremo Tribunal
Federal estabelece o limite máximo de 30 (trinta) anos para todas as penas, no entanto não
é razoável que um indivíduo que cumpre medida de segurança por lesão corporal de
natureza leve, cuja pena é de um ano (art. 129, caput, do CP), permaneça cumprindo
medida de segurança, superior a esse período. Dessa forma, ressalta Carvalho (2019), que
fica claro, que o Estado necessita de meios eficazes para o tratamento adequado nos
hospitais de custódia.
Em virtude deste cenário e objetivando a reinserção social do paciente judiciário, a
aprovação da Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001 (Lei Antimanicomial ou Lei da Reforma
Psiquiátrica), vem como forma de promover atenção maior à saúde mental, com um
tratamento mais humanizado. Dessa forma, a lei elenca várias responsabilidades do Estado
com os pacientes em seu art. 2º.
https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/723801783/a-medida-de-seguranca-preventiva
São relatos que descrevem ambientes insalubres, que confinam os pacientes em salas
fechadas, celas escuras, sem ventilação, mal iluminadas, pacientes amontoados, sem o
devido acompanhamento médico, práticas de eletroterapias sem anestesia e tratamento
violento dos funcionários com os pacientes (CARVALHO, 2018). Nesse aspecto, evidencia-
se um verdadeiro desrespeito aos indivíduos que se encontram nos hospitais de custódia, no
qual muitos vivem sob condições sub-humanas. Os direitos humanos dessas pessoas são
constantemente violados.
Art. 4º. A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos
extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. 
§ 1º. O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em
seu meio.
§ 2º. O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência
integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo serviçosmédicos, de
assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros.
§ 3º. É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições
com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2º e
que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no parágrafo único do art. 2º.
Diante de tais considerações, percebe-se que a Lei 10.216/2001 traz diretrizes muito mais
humanitárias para a situação dos agentes com transtorno mental em conflito com a lei,
preocupando-se com o tratamento adequado do agente internado, estabelecendo assistência
em tempo integral a cada paciente, abolindo nesse aspecto, qualquer caráter de encarcerar o
mesmo. Mas para a concreta efetivação desses objetivos, é de suma importância, que o
Estado possa ter uma atuação mais ativa na fiscalização, e uma maior preocupação com a
organização dos Hospitais de Custódia, para que de fato, possa ocorrer a melhora destes
custodiados, reinserindo-os novamente no convívio social, fazendo assim a ressocialização
acontecer da forma como deve ser.
Nessa perspectiva, estabelece a Lei nº 10.216/2001 em seu Art. 4º:
PROGRAMAS DE INCLUSÃO SOCIAL
O objetivo desses programas é o da promoção da inclusão social, por meio da
implementação de ações afirmativas, além de combater a discriminação contra as Pessoas
com Transtornos Mentais que estejam em conflito com a lei.
- Resgatar a humanidade do portador de
sofrimento mental infrator;
- Garantir os direitos fundamentais dos
portadores de transtorno mental, visando um
tratamento mais humanitário e com maior
reintegração social do doente;
- Assessorar o poder judiciário no oferecimento
de justiça às PCTM envolvidas na prática de fato
tipificado em lei penal e que venham, ao longo
do processo, receber a imposição da medida de
segurança;
- Garantir à PCTM a condição de sujeito de
direito, substituindo a presunção de
periculosidade pela presunção de sociabilidade; e
- Reconhecer na questão do louco infrator uma
combinação de problema de saúde com questão
jurídica, não dispensando o sujeito do dever de
responder por seu ato.
PAI-PJ: Programa de Atenção Integral ao Paciente
Judiciário (Origem: Minas Gerais, em 2000.)
OBJETIVOS ESCOPO
- Casos encaminhados pelo Judiciário;
- Outros pacientes que são encaminhados por familiares,
estabelecimentos prisionais e outros parceiros do Programa,
tais como integrantes da rede de atenção psiquiátrica e
psicossocial dos municípios; e
- Acompanhamento de adolescentes em conflito com a lei,
em situação de sofrimento psíquico.
AÇÕES
Atuação de equipe multidisciplinar; Estagiários autorizados
pelo juiz, assistentes sociais judiciais, Psicólogos judiciais:
fazem todo o acompanhamento dos pacientes e seus
casos.
- Índice de reincidência dos pacientes acompanhados pelo
Programa: menos de 3%; Aumento da realocação dos pacientes
nas famílias; 942 pessoas sendo acompanhadas pelo Programa.
- Em 2020: Atuação nas 297 comarcas do TJMG; e 942 pessoas
sendo acompanhadas pelo Programa.
DADOS
PAILI: Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator
(Origem: Goiás, em 2006.)
OBJETIVOS
- Promover a inclusão social dos pacientes com
transtorno mental submetidos a medida de
segurança;
- Estabelecer a interlocução entre: O juiz do
processo e o réu-paciente; O paciente e a rede
de atenção psicossocial, constituída por clínicas e
hospitais, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
e Residências Terapêuticas; e A inserção do ser
humano no seio social, em termos gerais e na
família.
ESCOPO
- Pessoas submetidas a medida de segurança;
- Pessoas que tiveram suas penas convertidas em
medida de segurança em razão de manifestarem
sofrimento mental no transcurso da execução penal.
AÇÕES
Atuação de equipe multidisciplinar:
Psicólogos; Psiquiatras; Assistentes sociais; Advogados; e
Acompanhantes terapêuticos.
Divulgação do Programa junto aos profissionais e entidades atuantes
na esfera da aplicação e execução das medidas de segurança:
- Da área da saúde e da assistência social (médicos, psicólogos,
enfermeiros e assistentes sociais, hospitais e clínicas psiquiátricas,
CAPS);
- Da área jurídica e de segurança pública (juízes de direito,
promotores de justiça, advogados, sistema penitenciário, polícias);
- Demais setores com interesse institucional no assunto (residências
terapêuticas, prefeituras municipais e suas respectivas secretarias de
saúde etc.); e
- Junto à comunidade em geral.
DADOS
- Aumento da realocação nas famílias;
- Em 2020: 752 pessoas passaram pelo
Programa: 302 com medida de segurança
extinta; e 370 outras pessoas são
acompanhadas pelo Programa.
- Índice de reincidência, em 2020: 6%
Programa Brasília (Origem: Brasília, em 2013)
OBJETIVOS ESCOPO
AÇÕES
DADOS
PRAÇAÍ: Programa de Atenção Integral à Pessoa com
Transtorno Mental em Conflito com a Lei (Origem:
Pará, 2013.)
Reintegração social de pessoas
acometidas de transtornos mentais e
egressas de longas internações.
Pacientes do sexo masculino da Ala de
Tratamento Psiquiátrico da Penitenciária
Feminina do Distrito Federal,
diagnosticados com transtorno
esquizofrênico e estavam reclusos há mais
de cinco anos.
- Cessação da periculosidade nos exames criminológicos feitos pela equipe de psiquiatria
forense do Instituto Médico Legal;
- Obtenção de Benefício de Prestação Continuada (BPC);
- Inserção no Programa de Volta para Casa; e
- Pagamento de auxílio-reabilitação psicossocial, para egressos de longa
internação.
OBJETIVOS
- Atendimento de 60 a 70
pacientes, em 2013; e
- Nenhuma reincidência.
- Sensibilização, a capacitação e a mobilização de agentes, órgãos, entidades e da rede de atenção psicossocial, para que
o paciente judiciário receba tratamento de saúde mental junto ao SUS e seja assistido pela Rede de Assistência Social
de acordo com as políticas públicas vigentes relativas à garantia de atenção integral ao
portador de sofrimento mental;
- Restruturação do HGP para atendimento adequado dos internos, com recursos humanos e materiais adequados ao
tratamento dos custodiados; e 
- Posterior desmobilização e extinção do Hospital Geral Penitenciário (HGP).
ESCOPO
 - “Internos” do HGP; e
- Internos de casas penais em
cumprimento de pena ou
submetidos a prisão cautelar que
se enquadrem no referido perfil de
portadores de doença mental em
conflito com a lei.
AÇÕES
- Encaminhamento ao Judiciário de pareceres técnicos por equipes técnicas,
mediante sistema integrado de ações interinstitucionais, formado por:
1. Equipe de Avaliação e Acompanhamento das Medidas Terapêuticas
Aplicáveis à Pessoa com Transtorno Mental em Conflito com a Lei - EAP,
subordinada à Secretaria de Estado de Saúde - SESPA;
2. Núcleo de Analistas Judiciários da Central de Equipe Multidisciplinar da Vara
de Execução Penal da Região Metropolitana de Belém - CEM/VEP/RMB; e
3. Equipe Técnica Multidisciplinar do Hospital Geral Penitenciário -
HGP/SUSIPE.
Execução de ações judiciais e terapêuticas, voltadas às pessoas com transtorno
mental em conflito com a lei.
DADOS
- Em 2020: Redução de 363 para 88 pacientes psiquiátricos no HGP;
Metas: Redução de 50% nos casos de reincidência de atos delituosos cometidos
por pacientes judiciários; Redução de 75% da necessidade de reinternação em
hospital psiquiátrico especializado; Restringir os “internos” do Hospital Geral
Penitenciário (HGP) somente àqueles onde houver justificativa imperiosa e
devidamente fundamentada para tal.
I- A desinstitucionalização dos pacientes internados no manicômio judicial tem como
principal função a ressocialização mais rápida e humanizada da pessoa acometida de
transtorno mental, tendo como principais buscas o respeito a dignidade da pessoa humana, 
a liberdade e a igualdade das pessoas com transtornos mentais. Tal medida propõe em
desenvolver uma rede de atenção apropriada para receber o paciente, seja no setor clínico-
hospitalar, com equipes multidisciplinares voltadas a um tratamento individualizado para
cada paciente, dando voz as mesmas, para assim reintegrarem elas à sociedade.
II- Outramedida de suma importância é a criação/utilização de programa de atenção
integral à pessoa submetida a medida de segurança socialmente inclusiva. Tal medida busca
dar atenção específica a estas pessoas, auxiliando-as em suas dificuldades por meio de
equipes multidisciplinares, com psicólogos, advogados/bacharéis e assistentes sociais, tendo
o ser humano como o centro da atenção no tratamento.
III- Mais uma medida prática é o acompanhamento terapêutico, sendo uma das medidas
mais importantes para a efetiva inclusão social da PCTM submetida à medida de
segurança, pois tal medida visa estabelecer motivações aos pacientes a retornarem para sua
vida cotidiana, acompanhando de perto os seus afazeres diários como ir ao supermercado,
ir a um consultório em que o paciente precise frequentar por razões profissionais,
realizando seus lazeres. 
MEDIDAS PRÁTICAS PARA A INCLUSÃO DE PESSOAS COM
TRANSTORNO MENTAL EM CONFLITOS COM A LEI.
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Diante da realidade brasileira, segundo
Brito (2013), há inúmeras medidas
práticas cabíveis de serem aplicadas e
criadas para a inclusão de pessoas com
transtornos mentais em conflito com a lei,
sendo as mais significativas pontuadas a
seguir: 
IV- Além disso, a medida prática da cidadania no plano institucional é outro passo de
extrema importância à ressocialização do PCTM, pois tal medida é vinculada ao papel do
Estado em prestar assistência a esses indivíduos, tendo em vista o respeito à Constituição
Federal de 1988, assegurando os princípios da dignidade da pessoa humana, da liberdade e
da igualdade, a vida e a saúde. Dessa forma, o Estado deve propor mecanismos de
combate ao preconceito e a discriminação de indivíduos com PCTM, buscando
conscientizar agentes de diferentes meios da sociedade e de diferentes faixas etárias, de
que as pessoas que sofrem de transtorno mental são sujeitos comuns e possuem a mesma
igualdade e direitos que qualquer uma outra. Além disso, o ordenamento jurídico precisa
prever um benefício pecuniário como forma de auxiliar as PCTMs e os seus familiares,
possibilitando um atendimento e orientações continuados a esses indivíduos que estejam
em situação de vulnerabilidade social comprovada.
V- Em última mão, a medida prática do direito ao trabalho às pessoas acometidas por
PCTM é vital. Conforme isso, há a Lei nº 9.867 (Lei das Cooperativas Sociais), que visa a
integração social dos cidadãos, oferecendo emprego a pessoas com incapacidades ou
qualquer desvantagem relativa ao mercado de trabalho, tendo os mesmos direitos que
qualquer um outro empregado no mercado de trabalho.
Portanto, todos os pacientes que padecem de transtornos mentais têm direito a ter acesso
ao melhor tratamento do sistema de saúde, adequado às suas necessidades, bem como ser
tratado com humanidade e respeito, e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde,
visando alcançar sua recuperação e reintegração à família, ao trabalho e na comunidade,
principalmente os condenados a medida de segurança.
Programa de Atenção
Integral
Benefício Pecuniário Inclusão Social Direito ao Trabalho
_______. Constiuição da República Federativa do Brasil de 1988. Constiuição Federal, Brasília, DF,
05 out 1988.:
_______. Decreto-Lei nº 2.848, 07 de dezembro de 1940. Código Penal, Brasília, DF, 07 dez 1940.
_______. Lei nº 10.216, 06 de abril de 2001, Brasília, DF, 06 abr 2001.
_______. Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Lei de Execução Penal, Brasília,DF, 11 jul 1984.
BRASIL. PRESIDENCIA DA REPUBLICA CASA CIVIL SUBCHEFIA PARA ASSUNTOS JURÍDICOS. 
 DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940.: código penal. Código Penal. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 07 fev.
2021.
BRITO, Paulo Juaci de Almeida. Proteção aos direitos humanos e inclusão social do grupo
vulnerável representado por pessoas submetidas à medida de segurança, por imposição da lei
penal brasileira. 2013. 243 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Pará, Instituto de
Ciências Jurídicas, Belém, 2013. Programa de Pós-Graduação em Direito.
CARVALHO, Gustavo M. “Medida de Segurança: A ineficácia dos meios de tratamento”. Jusbrasil.
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CARVALHO, Gustavo Moises. Medida de Segurança: A ineficácia dos meios de tratamento - O
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PRADO, Alessandra Mascarenhas; SCHINDLER, Danilo. A medida de segurança na contramão da
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REFERÊNCIAS
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https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2017/08/01/quais-sao-especies-de-medida-de-
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Disponível em:
https://doity.com.br/media/doity/submissoes/5da489f5-a5d8-496c-ac92-66ad43cda1 d7-in-
eficcia-da-ressocializao-a-realidade-de-um-manicmio-judicirio--resumo-exapandidopdf.pdf.
Acesso em 08 de fevereiro de 2021.
SILVEIRA, Débora. Conceito e aplicação das medidas de segurança no direito brasileiro. 2014.
Disponível em: https://jus.com.br/artigos/33878/conceito-e-aplicacao-das-medidas-de-seguranca-
no-direito-brasileiro. Acesso em: 08 fev. 2021.
TJPA. “Orientações para manejo de casos de pacientes judiciários à luz da lei n. 10.216/2001”.
Arquivo PDF “CARTILHA - VERSÃO FINAL_FORMATADA_PARÁ”.PDF
TJPA. “Programa humaniza atenção a paciente judiciário”.
http://www.tjpa.jus.br/PortalExterno/imprensa/noticias/Informes/1146115-reuniao-apresenta-
programa-de-atencao-ao-paciente-judiciario.xhtml. Acessado em 8/2/2021.
Outras Fontes consultadas: https://www.gov.br/depen/pt-br/sisdepen
Abimael Barroso Brelaz Júnior 201706140197 
Adelson Silva Soares 201606140183 
Antonio Costa Torres 201706140177
José de Andrade Goyana Junior 201706140178 
Larissa Rodrigues dos Santos Cabral 201706140063
Reginaldo José Pereira Paiva 201706140027
Thiago Carvalho Pereira 201706140137
Yasmin Silva Corrêa 201706140156
Cartilha elaborada sob orientação do Prof.º Paulo Juaci de Almeida Brito 
Elaboração e Organização:

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