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Resumo I - Semiologia Abdome

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Rafaela Pamplona 
Propedêutica Médica 
 
Exame Físico do Abdome 
▪ Roteiro 
- Inspeção 
- Ausculta 
- Percussão 
- Palpação 
- Toque retal 
- Manobras especiais 
 
▪ Divisões relacionadas com a posição dos órgãos 
 
 
 
- Hipocôndrio direito: lobo hepático direito, vesícula biliar 
- Epigástrico: extremidade pilórica do estomago, 
duodeno, pâncreas, porção do fígado 
- Hipocôndrio esquerdo: baço, estômago, rim esquerdo, 
cauda do pâncreas 
- Flanco esquerdo (ou região lateral): cólon 
descendente, jejuno, íleo 
- Mesogástrio (ou região umbilical): duodeno, jejuno, 
íleo, aorta abdominal, mesentério, linfonodos 
- Flanco direito (ou região lateral): cólon ascendente, 
rim direito e jejuno 
- Fossa ilíaca direita (ou região inguinal): ceco, 
apêndice, ovário e tuba uterina direita 
- Hipogástrio: bexiga, útero, ureter 
- Fossa ilíaca esquerda (ou região inguinal): cólon 
sigmoide, ovário e tuba esquerda 
 
 
 
▪ Região de hipersensibilidade renal 
- Vista posterior 
- Ângulo costovertebral 
- Borda inferior da 12ª costela 
- Apófises transversas das vertebras lombares superiores 
 
▪ Orientações 
- Iluminação adequada 
- Paciente tranquilo 
- Informações sobre o exame que será realizado 
- Desnudamento da área corporal 
▫ De acima do apêndice xifoide até a sínfise pubiana 
- Musculatura relaxada 
- Conhecimento das Características Normais 
- Bexiga vazia (capacidade em torno de 300 mL) 
- Examinador de pé, à direita do paciente 
- Decúbito dorsal com travesseiro e braços ao longo do 
corpo 
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Rafaela Pamplona 
 A ausculta deve ser o primeiro elemento a ser avaliado 
após a inspeção. A explicação é que a palpação ou percussão 
podem alterar os movimentos peristálticos 
 
Inspeção 
▪ Abordagem e posicionamento (obrigatório) 
▪ Observar se há lesões, estrias, pelos, umbigo, contorno 
abdominal, simetria, volume, massas e vísceras 
▪ Forma 
- Normal ou plano 
- Globoso: apresenta distensão uniforme e regular. 
Encontrado em indivíduos portadores de ascites, grande 
obstrução intestinal e em grandes tumores 
- Escavado ou retraído: muito achatado no diâmetro 
ântero-posterior, com rebordo costal e sínfise púbica 
proeminentes. Ocorre em indivíduos com caquexia, 
desidratados 
- Gravídico: subtipo globoso 
- Batráquio (sapo): dilatação exagerada de flanco, com 
aumento do diâmetro lateral. Ocorre em indivíduos com 
ascite e obesos com diminuição da tonicidade da parede 
abdominal 
- Avental: grande acumulo de tecido adiposo, faz o 
abdômen cair sobre as coxas. Ocorre em grandes 
obesos 
 
 
 
▪ Circulação colateral: pode ser visível em caso de obstrução 
do sistema venoso porta (cabeça de medusa) ou veia cava 
- Direcionamento do fluxo: ascendente/descendente 
 
 
 
 
 
 
 Sinal de cirrose 
- Eritema palmar: as palmas apresentam manchas 
vermelhas. É um sinal de doença hepática, 
particularmente de cirrose e esteatose hepática não 
alcoólica 
- Aranha vascular ou telangiectasia: dilatação dos vasos 
terminais 
- Ginecomastia 
 
▪ Lesões cutâneas, cicatriz cirúrgica, escoriações 
 
 Sinal de Cullen 
- Equimose periumbilical, é um sinal de hemorragia 
retroperitonial, seja por pancreatite aguda 
necrohemorrágica, 
ruptura de gravidez 
ectópica, rompimento de 
um aneurisma de aorta 
ou do baço em caso de 
trauma 
 
 Sinal de Gray-Turner 
- Equimose em região de 
flancos, é um sinal de 
hemorragia retroperitoneal 
encontrado em pancreatite 
aguda necrohemorrágica 
 
 
 
 
 
▪ Pulsação da aorta abdominal 
- Magros: normal, aórtico 
- Hipertrofia do VD: epigástrica 
- Aneurisma: área correspondente 
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Rafaela Pamplona 
▪ Peristaltismo visível na região epigástrica 
- Denominada agitação peristáltica de Ondas de Kussmaul 
- Caracterizada por movimentos rotatórios, 
acompanhados de fortes ruídos intestinais, denominados 
de borborigmos 
 
▪ Abaulamento ou protusão: presença de massas abdominais, 
cicatrizes, diástase ou hérnias 
- Manobra de Valsava: o aumento 
da pressão intra-abdominal, faz o 
conteúdo herniado se insinuar 
através da fraqueza da parede 
abdominal 
 
 
 
Ausculta 
▪ Avaliar a motilidade intestinal e a presença de sopros 
arteriais 
▪ Técnica: utiliza a divisão em 4Q de forma superficial, 
posicionando o estetoscópio em um único ponto por 3min em 
cada área auscultada 
 
 
 
 
 
▪ Principais sons 
- Ruídos hidroaéreos (RHA): consistem em cliques e 
borbulhamentos 
▫ Presente ou ausente (intensidade ++++/IV) 
▫ Normoativo 
▫ Hiperativos: diminuído ou ausente, íleo paralitico ou 
peritonite 
▫ Hipoativos: aumentado, diarreia, hemorragia 
digestiva, obstrução intestinal (borborigmos) 
- Obstrução mecânica: peristaltismo de luta, ↑RHA que 
adquirem som metálico (ondas de Kussmaul) 
- Obstrução fisiológica: 
▫ Íleo paralitico: silencio abdominal, devido a obstrução 
intestinal alta, com presença de vômitos ↓RHA 
▫ Síndrome de Ogilvie: obstrução intestinal baixa, 
associada a trauma, pós-operatório etc 
- Sopros: sugerem aneurismas e compressões arteriais 
 
 
 
Percussão 
▪ Possibilita identificar a presença de ar livre, líquidos e 
massas intra-abdominais, além de pontos dolorosos, 
determinar dimensões hepáticas e baço 
▪ Técnica: digito-digital 
 
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Rafaela Pamplona 
▪ Tipos de sons (percussão geral – 4Q) 
- Som normal 
▫ Timpânico: vísceras ocas 
▫ Maciço: órgão maciço (fígado e baço), fezes ou 
líquidos 
- Timpânico: presença de gases 
- Hipertimpânico: aumento de gases (meteorismo, 
obstrução intestinal, pneumoperitônio etc) 
- Maciço 
- Submaciço: transição entre órgão oco e maciço, 
encontrado na altura das últimas costelas 
 
▪ Hepatimetria: determina as dimensões do fígado 
- Técnica: verificar a borda inferior da macicez hepática na 
linha hemiclavicular, em seguida, percute começando do 
som claro timpânico ao pulmão, no sentido da macicez 
hepática. Medir, em centímetros, a distância entre os dois 
ponto. 
 
 
 Sinal de Torres Homem 
- Percussão de áreas da 
zona de projeção do 
fígado 
- Dor intensa, despertada 
pela é indicativo de 
abscesso hepático, 
amebiano ou bacteriano 
 
▪ Percussão do espaço de Traube: determina as dimensões 
do baço 
- Sinal de percussão esplênica positivo: quando há 
transição de uma percussão timpânica para maciça, 
durante a inspiração 
 
 
 
 Sinal de Giordano – doença renal 
- Pesquisa de pielonefrite ou litíase renal 
- Realizar uma percussão com a mão em forma de punho 
no dorso do paciente no nível da 11° e 12° costela, com 
a outra mão realizando o amortecimento 
- PPL positivo: paciente apresenta dor aguda, em pontada 
 
 
 
 Sinal Piparote ou Onda líquida – ascite grave (↑1,5L) 
- Pesquisa de ascite grave 
- Técnica: solicita que o paciente posicione uma das mãos 
na linha mediada do abdome. O examinador com uma 
das mãos golpeia o abdômen com piparotes, enquanto a 
outra mão espalmada na região contralateral 
- Caso haja ascite, ele sentirá a vibração do líquido ascítico 
no outro lado do abdome capta ondas líquidas 
 
 
 
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Rafaela Pamplona 
 Sinal de Semicírculo de Skoda – ascite de vol méd (1,5 – 
0,5L) 
- Líquido ascítico ocupam as áreas de declive do abdome, 
em hipogástrio e flancos 
- Com o paciente em decúbito dorsal, percute-se a região 
periumbilical do meio para as extremidades 
- Em casos de ascite, observa-se alteração do timpanismo 
 
 
 
 Sinal de macicez móvel – ascite de vol peq (0,5L) 
- Encontra-se macicez nos flancos quando é feito a 
percussão em decúbito dorsal. Ao mudar o paciente para 
decúbito lateral, o local antes maciço torna-se timpânico, 
havendo inversão entre os locais maciço e timpânico 
 
 
 
 Sinal de Jobert – perfuração de víscera oca 
- Desaparecimento da macicez hepática 
- Percussão do hipocôndrio direito com detecção de 
timpanismo, é indicativo de pneumoperitônio- Sinal clássico de abdome agudo 
 
 
 
Θ som maciço 
 som timpânico 
 
 
 
 
 
 
Palpação 
▪ Superficial 
- Realiza palpação em todos os quadrantes 
- Investigar se há palpação dolorosa ou alterações de 
consistência 
▪ Profunda 
- Realiza palpação em todos os quadrantes 
- Investigar se há palpação dolorosa ou alterações de 
consistência 
- Realiza manobras: fígado, baço e rim direito 
▪ Os pacientes com dor abdominal devem ser solicitados a 
localizá-la. Só então inicia-se a palpação da área mais 
distante da região dolorosa, deixando esta por último. Deve 
ser feita com uma mão a 45 graus ou duas mãos superpostas 
 
 
▪ Palpação do Fígado 
- Determinar as características da borda hepática, 
consistência, regularidade da parede e a forma da borda. 
Verifica a presença de pontos dolorosos e a massa 
palpável 
- Paciente deve inspirar durante a palpação 
 
 Manobra de Lemos Torres 
- Examinador realiza palpação com movimentos 
ondulantes, da crista ilíaca até a borda inferior hepática 
direta 
- Fisiológica: paciente apresenta borda hepática inferior 
com superfície lisa, fina, consistência fibroelástica e 
indolor 
- Patológica: paciente apresenta borda hepática inferior 
com superfície irregular, grossa, consistência endurecida 
e dolorosa 
 
 
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Rafaela Pamplona 
 Manobra de Mathiew 
- Examinador realiza palpação com mãos em garra, 
fazendo busca da borda hepática desde a crista ilíaca 
direita em direção ao rebordo costal direito, os dedos 
tentam entrar por baixo do rebordo costal 
- Fisiológica: paciente apresenta borda hepática inferior 
com superfície lisa, fina, consistência fibroelástica e 
indolor 
- Patológica: paciente apresenta borda hepática inferior 
com superfície irregular, grossa, consistência endurecida 
e dolorosa 
 
 
 
▪ Palpação do Baço 
- Identificar esplenomegalia, sendo facilmente palpável 
abaixo do rebordo costal esquerdo 
- Classificação de Boyd 
I. Baço palpável sob o rebordo costal esquerdo 
II. Baço palpável logo abaixo do rebordo costal, entre 
o rebordo costal e a cicatriz umbilical 
III. Baço palpável até o plano horizontal ao nível da 
cicatriz umbilical 
IV. Baço palpável abaixo do plano horizontal ao nível 
da cicatriz umbilical 
 
 
 
 
 
 
 Posição de Schuster – grau I 
- Examinador à esquerda do paciente 
- Inicia-se a palpação, com as mãos em garra, da crista 
ilíaca direita em direção ao 
rebordo costal esquerdo 
em encontro ao baço 
- Fisiologicamente, o baço 
não é palpável 
 
 Palpação bimanual – grau III 
 
 
 
Sinais – Pontos Dolorosos 
 
 
 Sinal de Murphy – vesícula biliar 
- Ponto cístico – hipocôndrio direito 
- Pede-se para o paciente realizar uma inspiração profunda 
- há aumento súbito da dor com uma brusca interrupção do 
esforço inspiratório, indicando colecistite aguda 
 
 
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Rafaela Pamplona 
 Sinal de Courvoisier-Terrier 
- Vesícula Biliar palpável em paciente ictérico sugere 
neoplasia maligna 
 
 Sinal de Blumberg – apendicite 
- Ponto de McBurney – fossa ilíaca direita 
- Descompressão brusca dolorosa no ponto de McBurney 
- A descompressão rápida em qualquer outra parte do 
abdômen é indicativo de peritonite 
- Sensibilidade 50-94% 
- Especificidade 75-86% 
 
 
 
 Sinal de Rovsing – apendicite 
- Examinador comprime o quadrante inferior esquerdo e o 
paciente sente dor no quadrante inferior direito (força o 
movimento antiperistáltico) 
- Ocorre devido o deslocamento de gases, distendendo o 
ceco, o que provoca dor se houver apendicite 
- Sensibilidade 22-68% 
- Especificidade 58-96% 
 
 
 
 
 Sinal do Psoas – apendicite 
- Examinador realiza extensão forçada 
- A intensificação da dor sugere irritação do m. psoas por um 
apêndice inflamado 
- Sugere apendicite retrocecal 
- Sensibilidade 13-42% 
- Especificidade 79-97% 
 
 
 
 Sinal do Obturador – apendicite 
- Examinador realiza extensão forçada 
- Dor na fossa ilíaca direita à flexão do quadril direito com 
rotação interna do joelho 
- Sugestivo de irritação do m. obturador por um apêndice 
inflamado 
- Sensibilidade 8% 
- Especificidade 94% 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Rafaela Pamplona 
Dor Abdominal - Abdome Agudo 
▪ Definição 
- Sensação de caráter desagradável, percebida em um 
determinado ponto ou em uma ou mais de suas regiões 
ou em todo abdome; intensidade variável de leve a 
grave; que conota sofrimento e pode ameaçar a 
integridade do organismo 
 
Tipos de Dor 
▪ Dor visceral 
- Fibras C encontradas no peritônio visceral, mesentério 
e vísceras 
- Dor profunda, difusa 
- Em cólica ou queimação 
- Localização e limites imprecisos 
- Geralmente situada na linha mediana 
- Pode vir associada: sudorese, palidez, náuseas, vômitos 
- Paciente tem atitude de inquietude e posição antálgica 
- Ex.: cólicas menstruais 
▪ Dor parietal 
- Fibras A, encontradas na pele, peritônio parietal e 
musculatura estriada. 
- Resulta da irritação do peritônio parietal. 
- Dor cortante, súbita e bem localizada costuma ser de 
forte intensidade 
- Ex: apendicite aguda, fase tardia, localizada no ponto de 
McBurney 
▪ Dor referida 
- Sensação dolorosa superficial localizada a distância da 
estrutura responsável pela dor 
- Ex: dor diafragmática que pode ser sentida em ombro 
 
Principais Áreas 
▪ A dor visceral é difusa, áreas amplas, sem limites precisos, 
em torno da linha média 
 
 
 
Etiologia 
▪ Dor abdominal aguda 
- Apendicite Úlcera perfurada 
- Colecistite Coledocolitíase 
- Ruptura de baço Aneurisma dissecante de aorta 
- Nefrolitíase Pielonefrite aguda 
- Gastroenterocolite Gestação ectópica rota 
- Pancreatite aguda Obstrução intestinal 
- Diverticulite 
▪ Dor abdominal crônica 
- Obstrução intestinal intermitente Colecistopatia crônica 
- Calculosa DII 
- Pancreatite crônica Porfiria 
- Dispepsia não ulcerosa SII 
- Isquemia mesentérica crônica Úlcera péptica 
 
Diagnóstico – História Clínica 
▪ História clínica 
- Localização e irradiação 
▫ Fornece pista para interpretação da causa 
▫ Pedir ao paciente que aponte e defina, com maior 
precisão possível o local da dor 
▫ Local da dor deve ser sempre mencionado nos 
termos anatômicos de divisão topográfica do 
abdome e de outras regiões. Ex.: HD; QSE 
▫ A irradiação pode representar a progressão da 
irritação. Ex.: apendicite 
 
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Rafaela Pamplona 
 
 
- Início 
▫ Súbito, insidioso? 
▫ Autolimitada ? Progressiva? 
▫ Duração? Horas, dias, semanas... 
▫ Descrever o curso da dor abdominal ao 
▫ longo do tempo desde a instalação 
- Evolução 
- Caráter 
▫ Queimação: em epigástrio >> doença péptica 
▫ Em peso: distensão de víscera oca >> dispepsia 
funcional 
▫ Em cólica: litíase ureteral; colelitíase; obstrução 
intestinal; SII; gastroenterites agudas, DII.. 
▫ Contínua: neoplasia 
▫ “Em pontada ou facada”: processos inflamatórios 
agudos envolvendo o peritônio 
- Intensidade 
▫ A intensidade da dor depende do grau de 
sensibilidade do paciente, do limiar dele; sofre 
influência do psiquismo, cultura, etnia e 
personalidade. Nem sempre guarda relação 
gravidade da doença subjacente 
▫ Escala visual numérica 
 
 
 
▫ Sintomas associados são indicativos da intensidade 
da dor: sudorese, palidez, bradicardia, hipotensão 
arterial, náuseas e vômitos 
- Fatores agravantes e fatores atenuantes 
▫ Úlcera gástrica: dor desencadeada pela ingesta de 
alimentos 
▫ Úlcera duodenal: dor é atenuada com as refeições 
▫ Posições antálgicas: o paciente fica de joelhos e com 
o tronco fletido sobre os membros inferiores (para 
aliviar a dor na pancreatite, apendicite) 
 
 
 
- Sintomas associados 
▫ Anorexia; náuseas; vômitos; diarreia; flatulência; 
obstipação 
▫ Febre; calafrios; sudorese noturna; perda de peso;mialgia; artralgias 
▫ Disúria; icterícia; alterações na menstruação; 
gravidez 
▫ Dispneia; dor precordial 
▫ Tosse; hemoptise 
- História médica pregressa 
▫ Episódio semelhante prévio? (considera doenças que 
provoque recidivas de dor como pancreatite crônica, 
úlcera péptica, nefrolitíase, colelitiase...) 
▫ Cirurgia prévia ou trauma abdominal? (pensar em 
obstrução intestinal) 
▫ Antecedente de etilismo crônico? (considerar 
pancreatite, hepatite ou cirrose) 
▫ Anemia falciforme; lúpus; síndrome nefrótica; 
cálculos biliares ou renais já detectados? 
▫ Faz uso de antibiótico ou corticoide? (podem 
mascarar infecções) 
 
Diagnóstico – Exame Físico 
▪ Exame física geral 
- Capacidade do paciente de conversar; padrão 
respiratório; posição no leito; grau de desconforto; 
expressão facial; hidratação 
- Avaliação nutricional; presença de edema; de anemia; 
emagrecimento 
- Quadros graves: taquicardia; sudorese; lábios secos; 
respiração rápida e superficial 
- Sinais de alarme: hipotensão e baixa perfusão periférica 
▪ Exame físico do abdome 
- Inspeção, ausculta, percussão, palpação 
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Rafaela Pamplona 
 Ausculta deve ser feita antes da palpação para evitar 
aumento involuntário do peristaltismo 
 
▪ Toque retal e exame ginecológico 
- Devem ser feitos quando os dados da anamnese 
sugerirem doença do reto ou sistema genital como 
principal causa da dor abdominal 
- Fecaloma (fezes rígidas); corpo estranho; doença 
perirretal; hemorragia digestiva baixa 
- Doenças ginecológicas devem ser afastadas em todas as 
mulheres com dor abdominal aguda 
 
Diagnóstico – Exames Complementares 
▪ Devem ser individualizados, para cada paciente, baseado 
nas hipóteses diagnósticas construídas a partir da anamnese 
e exame físico 
- Laboratoriais: hemograma, enzimas, BHCG, eletrólitos 
- Endoscopia alta, colonoscopia, raio-X de abdome, USG 
abdome, tc/rm de abdome 
- USG transvaginal 
- ECG, raio-X tórax 
 
Abdome Agudo 
▪ Definição 
- Síndrome dolorosa abdominal aguda, de início súbito, de 
intensidade variável, que requer tratamento imediato, 
clínico ou cirúrgico 
 
Diagnóstico sindrômico baseado nas características da dor 
▪ Inflamatório 
- Dor insidiosa, progressiva. 
- Tempo de evolução longo. 
- Sinais sistêmicos: febre, taquicardia 
- Causas: apendicite aguda, colecistite aguda, diverticulite, 
pancreática 
 
▪ Obstrutivo 
- Dor em cólica, geralmente periumbilical 
- Náuseas, vômitos, distensão abdominal, RHA anormais, 
parada de eliminação de flatos e fezes 
- É comum história de cirurgia anterior 
- Tempo de evolução: variável 
- Causas: bridas ou aderências, hérnia da parede 
abdominal, neoplasias 
 
 
▪ Perfurativo 
- Dor súbita, intensa e torna-se difusa precocemente 
- Defesa abdominal, irritação peritoneal 
- Tempo de evolução: curto 
- Causas: ulcera péptica perfurada, doença inflamatória 
intestinal (DII), corpo estranho, perfuração por neoplasias 
 
▪ Hemorrágico 
- Dor súbita, intensa, difusa 
- Rigidez e dor à descompressão 
- Sinais de hipovolemia/choque (hipotensão, taquicardia, 
palidez e sudorese) 
- Tempo de evolução: curto 
- Causas: gravidez tubária rota, ruptura de cisto de ovários, 
rotura espontânea do baço 
 
▪ Vascular 
- Dor súbita; progressiva, mal definida 
- Desproporção entre a dor e os achados do exame físico 
- Tempo de evolução: curto 
- Causas: isquemia intestinal, trombose mesentérica 
 
Apendicite Aguda 
▪ Causa comum de dor em fossa ilíaca direita (FID) na 
urgência 
▪ Inicialmente: dor periumbilical moderada; náusea, anorexia e 
febre 
▪ Após 6-8h: dor em FID, ponto de McBurney, sinais de 
peritonite 
▪ Leucocitose 
▪ Tc de abdome 
 
Colelitíase 
▪ Migração de pequenos cálculos com obstrução fixa ou 
temporária do ducto cístico 
▪ Dor tipo cólica, em QSE ou epigástrio 
▪ Início insidioso, gradativa, dura cerca de 1h ou poucas horas 
▪ Irradiação para dorso e ombro direito 
▪ Espontânea ou desencadeada por refeição rica em gordura 
▪ Náuseas e vômitos 
▪ USG abdome superior: sensibilidade 95% 
▪ Mulher, obesidade, gravidez, multiparidade 
 
Colelitíase Aguda 
▪ Obstrução do ducto cístico por cálculo, levando a estase e 
infecção da vesícula 
▪ Complicação da colelitíase 
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Rafaela Pamplona 
▪ Dor contínua, >6h, em hipocôndrio direito, espontânea e à 
palpação 
▪ Náuseas e vômitos, febre 
▪ Leucocitose, icterícia raro 
▪ Episódios anteriores de cólica biliar 
▪ Sinal de Murphy positivo 
▪ USG abdome superior 
 
Pancreatite Aguda 
▪ Processo inflamatório do pâncreas. 
▪ Cálculo biliar 70%; álcool 30% 
▪ Dor intensa, contínua, sem flutuações, início súbito, em 
abdome superior. 
▪ Pode irradiar para dorso 
▪ Em faixa 50% 
▪ Paciente inquieto, mudando de posição no leito, em busca 
de alívio 
▪ Posição tronco fletido sobre o corpo 
▪ Náuseas e vômitos 
▪ Sinal de Cullen; sinal de Grey-Turner 
▪ Elevação amilase e lipase (3x o valor normal) 
▪ Tc abdômen superior (casos graves) 
 
Obstrução Intestinal 
▪ Dor tipo cólica, região periumbilical ou epigástrica, de 
instalação rápida, distensão abdominal. 
▪ Início: dor intermitente, com RHA mais intensos 
▪ Evolui com queda do estado geral, dor constante 
▪ Obstrução alta: vômitos precoces, com restos alimentares 
▪ Obstrução baixa: vômitos tardios, fecaloides 
▪ Questionar sobre cirurgias anteriores (bridas e aderências); 
alteração do hábito intestinal (neo de cólon); hérnias 
(encarceramento) 
 
Úlcera Péptica Perfurada 
▪ Dor súbita, em epigástrio, forte intensidade; evoluindo com 
dor em todo abdome e rigidez de parede 
▪ História clínica, questionar sobre úlceras pépticas, uso de 
antiácidos 
▪ Radiografia simples de abdome: pneumoperitônio, 75% 
▪ Tc abdome (casos duvidosos) 
 
Diverticulite 
▪ Dor em FIE moderada, contínua, espontânea e à palpação 
▪ História clínica: divertículos; constipação, idade avançada 
▪ Febre, anorexia, náuseas, constipação 
▪ Leucocitose 
▪ Tc abdome 
Outras Causas 
 
 
Casos Especiais 
▪ Idosos: queixas vagas; manifestações atípicas de condições 
potencialmente graves que dificultam o diagnóstico. 
▪ Imunocomprometidos: manifestações atípicas e variáveis 
que dificultam diagnóstico. Febre, sinais peritoneais e 
leucocitose podem estar ausentes. 
▪ Crianças: sintomas atípicos; anamnese prejudicada; exames 
▪ Complementares podem trazer informações decisivas. 
▪ Nível de consciência: anamnese prejudicada; exames 
complementares podem trazer informações decisivas 
▪ Mulheres: diagnóstico diferencial amplo, inclui trato 
▪ Reprodutivo e doenças associadas à gravidez. 
 
Tratamento farmacológico 
▪ Paciente com dor abdominal deve receber analgesia no 
inicio dos seus cuidados, ainda na investigação diagnóstica

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