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Civilização ocidental em três tempos

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Pensarmos a sociedade em 
suas três fases, é pensar-
mos no passado enquato 
força para uma perspectiva 
da realidade presente.
A maior parte do 
mundo apresenta esta 
família contemporâ-
nea, já que a maior 
parte das pessoas do 
mundo não possui 
condições materiais 
de existência dignas. 
Pensem a respeito. 
E, para compreender-
mos a realidade pre-
sente temos que nos 
reportar à realidade 
do passado. 
A HISTÓRIA DA 
CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL 
EM TRÊS TEMPOS
Nesta parte de nossos estudos, vamos trabalhar com uma breve abordagem dos elementos 
que constituem a socie-
dade antiga, a sociedade 
moderna e a sociedade 
contemporânea. É impor-
tante compreendermos 
como ocorreu o processo 
de formação e evolução 
da nossa sociedade por-
que as bases da sociedade 
Por Prof.(a) Maria Clara Ramos Nery
do presente foram plantadas no passado. A ex-
periência e a história ensinam que somos resul-
tado das influências pre-
gressas, e, assim como 
trouxemos para os dias 
de hoje, carregaremos 
para o futuro as marcas 
do passado e do presen-
te. Para projetarmos o 
futuro, portanto, faz-se 
necessário entender o 
passado e o presente.
Sociedade Antiga
A sociedade antiga é, em todas as suas for-mas, pré-capitalista, Isto é, o modo de produção vigente assumiu formas an-
teriores ao capitalismo, que nasce com as revo-
luções Comercial e Industrial. Sociedades com 
essas características sobreviveram por séculos, 
assentadas sob império da tradição, da família, 
da propriedade, da religião e da produção extra-
tivista da natureza, num primeiro momento, e 
depois da agricultura, da pecuária e do trabalho 
artesanal. 
Se observarmos as diferentes que existiram 
no passado com essas características, nos veri-
ficaremos que os vínculos sociais se davam por 
semelhança. Os indivíduos e grupos viviam em 
comunidade e isto significa dizer que a persona-
lidade individual era fundamentalmente influen-
ciada por interesses da vida prática e da vida so-
cial nos círculos de relacionamento familiar e da 
aldeia. 
A base dessas sociedades era a comunida-
de, que se estruturavam em torno de famílias e 
aldeias. Por isso, a visão de homem e de mun-
do por parte dos indivíduos não estava baseada 
numa concepção individualista, mas sim numa 
visão que podemos denominar de comunitária, 
pois é o vínculo com a comunidade que possui 
valor preponderante. 
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Neste contexto, a vontade individual cede 
lugar à vontade do coletivo, devido aos vínculos 
de dependência dos indivíduos em relação aos 
círculos comunitários, pois a liberdade pesso-
al encontra-se constrangida pelo imperativo da 
defesa e da sobrevivência, mais fácil no seio do 
grupo.
Na sociedade antiga o misticismo religioso 
se sobrepõe à racionalidade, pois a relação com 
os deuses exerce papel de elemento coesionador 
das condutas moral e, ao mesmo tempo, de fator 
justificador da ordem social, e, como conseqü-
ência, sustentáculo do poder. Tratam-se, portan-
to, de sociedades teocêntricas, isto é, nas quais 
a religião apresenta-se como única fonte justi-
ficadora para a existência individual e coletiva. 
É no contexto desta sociedade que, no período 
da chamada Idade Média, que vai da decadência 
do Império Romano até à formação do Estado 
Absolutista, que a Igreja Católica detém o poder 
cultural e formula as justificativas ideológicas 
para a ordem social dessa época. É a Igreja quem 
prescreve todo o arcabouço de valores morais e 
éticos aceitos socialmente. Essa era, também, 
uma sociedade na qual havia baixa estratificação 
social do trabalho, ou seja, um baixo índice de 
especialização, assim como das hierarquias so-
ciais e de poder.
Se observarmos as regras jurídicas vigentes 
na sociedade antiga, constataremos a predomi-
nância do direito penal, de caráter repressivo e 
restitutivo, através do qual o indivíduo castigado 
por determinação jurídica, é penalizado com a 
obrigação de restituir à sociedade os danos que 
a ela causou. 
Durkheim1 classificaria a sociedade anti-
ga como uma sociedade que se caracteriza pela 
solidariedade mecânica, ou seja, os vínculos so-
ciais se faziam como uma engrenagem, na medi-
A aldeia
A base da sociedade, no contexto das sociedades 
regidas pela solidariedade mecânica era justamente a 
comunidade, a aldeia. a vida do homem no mundo sobre 
ela girava.
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 O muro das lamentações para aplacar as 
principais e fundamentais angústias humanas, deno-
tando o próprio misticismo presente nas sociedades 
antigas e contemporâneas.
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Na sociedade antiga a vida do homem seguia 
um curso previsível, era uma sociedade simples onde 
tudo parecia estar em seu lugar, enfim a vida do ho-
mem era uma vida simples dentro das previsibilida-
des da realidade concreta, do mundo real. 
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Nas sociedades an-
tigas a estátua da justi-
ça não se encontrava 
tão curvada assim. 
No contexto das 
sociedades con-
temporâneas a jus-
tiça se curva diante da injus-
tiça da realidade material e concreta 
dos homens, deixando cair a sua espada.
Fonte 4: Arquivo Ulbra Ead
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formações. 
A base do sistema de produção era a agricul-
tura, a percepção da passagem do tempo estava 
associada aos ciclos da natureza, e, como conse-
qüência, os ciclos de mudança também não era 
abruptos. 
Na sociedade antiga a vida do homem seguia 
um curso previsível, era uma sociedade simples 
onde tudo parecia estar em seu lugar, enfim a vida 
do homem era uma vida simples dentro das previ-
sibilidades da realidade concreta, do mundo real.
A vida dependente da agricultura pressupõe 
a fixação dos indivíduos e das comunidades na 
base territorial como condição para a sobrevi-
vência, e ao mesmo tempo, os sólidos vínculos 
familiares multigeracionais como condição para 
a produtividade do trabalho nas unidades de 
produção rural ou artesanal. A estabilidade por 
longos períodos era garantida pelo papel que a 
tradição exercia como fator coesionador do sis-
tema social.
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A agricultura
A agricultura era a força motriz das relações de produ-
ção, era fundamentalmente uma sociedade simples e suas 
relações sociais também podem ser consideradas simples, 
na medida em que a complexidade das relações econômicas 
não estava presente.
da em que as instituições sociais se relacionavam 
de forma interdependente, de maneira que uma 
engrenagem levava ao funcionamento de outra. A 
sociedade antiga, então, era uma sociedade sim-
ples, na qual não havia grandes e rápidas trans-
Sociedade moderna
A sociedade moderna tem início com a re-volução Comercial e o ressurgimento do fenômeno urbano, que havia sido extinto 
no período medieval, que ocupou cerca de mil 
anos da história da humanidade. A partir desse 
momento, e, especialmente a partir da revolução 
Industrial, constata-se caracteriza uma crescente 
complexidade nas relações sociais que vão sur-
gindo como conseqüência do desenvolvimento e 
consolidação do capitalismo.
Nas sociedades capitalistas os vínculos so-
No contexto das sociedades modernas a vida 
humana, a vida do homem no mundo se complexifica 
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ciais se estabelecem pela diferença; a tradição, os 
usos e os costumes cedem lugar a uma concepção 
individualista de homem e de mundo e no qual 
a Igreja não mais detém o controle do conheci-
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mento e da cultura, e, muito menos, da produçãoideológica. Trata-se de uma sociedade na qual 
há uma sofisticada estratificação social e das 
hierarquias de poder, uma elevada divisão so-
cial do trabalho e de especialização. Por esta 
razão, a base dos vínculos sociais tem origem na 
diferença e na semelhança como ocorria nas socie-
dades antigas.
O direito, no contexto desta sociedade, 
evolui de um sistema repressivo e restituti-
vo, para um sistema contratualista e resti-
tutivo, no qual os indivíduos restituem 
a outros indivíduos os danos even-
tualmente causados, pois a função 
do direito restitutivo é de não es-
tabelecer a punição das condutas 
que se desviam do determinado 
socialmente, e sim, é reparató-
ria. Ou seja, busca-se impor a 
reparação dos prejuízos que 
são causados pelo próprio des-
cumprimento das obrigações de 
caráter profissional ou de caráter 
social.2 
Este aspecto é importante, na me-
dida em que a sociedade se caracteriza 
por uma concepção individualista de 
homem e de mundo. Nesta sociedade 
não restituímos mais à mesma socie-
dade, e sim ao outro, os danos cau-
sados. Por essa razão, predominam 
o direito civil e do direito comercial 
sobre a regulação dos conflitos, se 
pensamos bem a presença da pes-
soa física e da pessoa jurí-
dica. 
Na sociedade moderna 
surge o processo de secula-
rização. Portanto, a racio-
nalidade que o acompanha 
não elimina a religião como 
estrutura de explicação e 
justificativa para a ordem 
social, mas remete-a para 
a esfera privada que envolve 
os valores individuais. A adesão a esse 
sistema de crenças e valores morais de natureza re-
ligiosa, então, é agora pertinente aos indivíduos, à família e às 
relações sociais dos círculos próximos, portanto.
No contexto das 
sociedades com-
plexas o direito 
assume novas for-
mas. diante de uma 
sociedade mar-
cada pelo in-
dividualismo 
podemos dizer 
que também o 
direito se indivi-
dualiza.
 
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Falar em modernidade e nos fatores determi-
nantes da constituição da sociedade moderna, é 
falar, em essência, no predomínio da razão sobre 
as crenças e sobre a tradição. É circunscrever-se 
às determinações da razão, da previsibilidade da 
ciência e do progresso em combate às tradições, 
ao misticismo e à irracionalidade. 
A sociedade moderna é o próprio rompi-
mento com a tradição, isto é, com uma visão 
sacra do homem e do mundo, visto tratar-se de 
uma sociedade que assume a afirmação de valo-
res considerados profanos, tais como a ambição, 
o lucro, o dinheiro e a riqueza. É, também, uma 
sociedade antropocêntrica, que se confronta com 
as tradições religiosas elaborando novos signifi-
cados, novas narrativas, novos efeitos de sentido, 
novos discursos, novas representações. 
Instaura-se na era moderna, uma visão po-
sitiva da ciência. A fé leiga na universalidade 
da razão humana e o otimismo no progresso, 
que se constitui numa nova estrutura de explica-
ção e justificativa para a ordem so-
cial. Surge, com a proeminência da 
razão, na sociedade moderna, uma 
diferenciação do saber especializado 
em relação ao saber do senso co-
mum; do saber científico e da 
racionalidade das lógicas cau-
sais; enfim, emergem a razão e 
o saber cientifico, alicerçados 
na ideologia do progresso, 
como molas propulsoras do 
desenvolvimento social. O progresso, dessa for-
ma, constitui-se como um valor em si mesmo, 
e como um moto contínuo no qual o progresso 
gera sempre a cada vez mais, progresso.
A racionalidade e a conseqüente fé no pro-
gresso, elaborados no contexto das sociedades 
modernas, produzem um acentuado crescimento 
econômico, e, da mesma forma, um acentuado 
subdesenvolvimento social, como nos diria We-
ber3. 
As sociedades capitalistas industriais mo-
dernas encontram-se orientadas para o consumo 
de massa.
Segundo Gadea4, trabalhar com as formas 
como as pessoas pensam e definem suas respec-
tivas situações vitais e conseqüentes concepções 
da ordem social, é fundamental para a organiza-
ção do raciocínio analítico e científico sobre o 
social. No contexto das sociedades modernas, 
portanto a forma de como se percebe a passagem 
do tempo parte da sensação de linearidade, ou 
seja, como se a humanidade vivesse uma marcha 
inexorável do passado em direção a um futuro 
melhor e mais desenvolvido, como se houvesse 
um destino pré-estabelecido dirigir a vida da so-
ciedade humana.
A orientação temporal das condutas indivi-
duais e sociais na relação com a idéia de futuro 
melhor, liga-se à idéia de progresso como um 
elemento fundamental da equação capitalista 
e, ao mesmo tempo, assenta-se sobre as raízes 
profundas do imaginário cristão que, define, na 
relação dos indivíduos com o transcendente e 
com o divino, a idéia de um paraíso como desti-
no futuro e ideal, ao que estamos predestinados 
por desígnio de Deus. O predomínio da razão 
que se manifesta como conseqüência da dinâ-
mica histórica e social, encontra um caminho de 
Na sociedade moderna o individualismo encontra-
se presente, sendo força motriz de uma nova concepção 
de homem e de mundo.
A crença no progresso da ciência, tornou-se na modernidade a fonte explica-
tiva de nosso estar no mundo. a ciência estabelecia uma nova estrutura de plau-
sibilidade do mundo, de uma visão teocentrica(deus como fonte explicativa), pas-
samos no contexto das sociedades moderna para uma visão antropocêntrica(o 
homem como fonte explicativa) do homem e do mundo.
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coerência subliminar entre religião e razão, e 
na relação com o caminho para a felicidade. 
Há, nesse sentido, na modernidade, uma con-
cepção ascética, de caráter disciplinador das 
condutas humanas morais e em relação ao tra-
balho. 
No que tange à organização social, surge 
uma nova relação entre o indivíduo e a socieda-
de, que se manifesta na forma como indivíduos 
e grupos representam sua realidade vivenciada 
no âmbito imaginário.
Segundo Gadea5, a ordem social prioriza a 
igualdade, homogeneização e massifica as con-
dutas, o minimiza ou desconhece às diferenças. 
Os chamados vínculos coesionadores do sub-
sistema social, impera a funcionalidade, isto é, 
o papel de cada uma nas organizações e hierar-
quias às quais o indivíduo se liga.
No que diz respeito aos 
princípios de legitimação da 
realidade, encontramos os de-
nominados meta-relatos ex-
plicativos da realidade; e, na 
relação mundo-pessoa temos a 
priorização do sujeito univer-
sal e da universalidade que se 
coaduna com o processo de ho-
mogeneização e padronização, 
típicos do sistema de produção 
de massas das mercadorias in-
dustriais.
Sob a ótica de Durkheim6, a sociedade mo-
derna é uma sociedade que se rege, então, pela 
solidariedade orgânica. Ou seja, é um sistema 
no qual cada as partes são autônomas em suas 
funções como engrenagens do todo, mas, devi-
do à alta especialização das funções na divisão 
do trabalho, cada parte dependente de outra 
parte como condição de sobrevivência e acesso 
aos bens e serviços sofisticados e somente aces-
síveis no mercado.
Como sistema social, trata-se de uma so-
ciedade complexa, complexidade esta que foi 
desencadeada pelo modo capitalista de produ-
ção, ao mesmo tempo em que, com este modo 
de produção agudizaram-se as contradições 
econômicas, refletidas nos contextos, social, 
político e cultural. 
A Sociedade contemporânea
A sociedade contemporânea apresenta características próprias. Podemos di-zer que nela encontram-se envolvidas 
características típicas da sociedade antiga e da 
sociedade moderna, simultâneas às característi-
cas próprias da sociedade contemporânea. Nesse 
sentido ela é, ao mesmo tempo “extensão” e rup-
tura em relação à sociedade moderna. O sistema 
econômicovigente segue sendo o capitalismo, 
mas, trata-se der um capitalismo de novo tipo.
Encontramos, na sociedade contemporânea, 
alguns traços das sociedades antiga e moderna, 
mas com acréscimos ou, até mesmo, com “inver-
sões”. Trata-se de uma sociedade plural, comple-
xa, globalizada e excludente. 
Na sociedade contemporânea não encontra-
mos o papel da razão humana sofre um desloca-
No contexto da sociedade 
conteporânea, da sociedade da in-
formação e diretriz fundamental se 
pauta pelo consumo de massa.
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mento, pois, em muitos casos, as ações humanas 
orientam-se pela “desrazão”. O 11 de setembro, 
nesse sentido demarca esse traço de “irracional” 
e, ao mesmo tempo, é um exemplo evidente da 
convivência contraditória de três tempos histó-
ricos. A estética e retórica dos guerreiros 
medievais da Al Qaeda, atiram-se 
sobre o vácuo de poder deixado 
pelo fim da URSS e seu contra-
ponto, hoje inexistente, com poder 
conquistado pelos EUA após a Segun-
da Guerra Mundial, recorrendo às tecnologias 
e estratégias tecnológicas da sociedade pós-in-
dustrial como armas da guerra terrorista contra 
o “grande satã” norte-americano e seu poderio 
hegemônico sobre a nova arena global. Esses são 
traços característicos de uma sociedade de des-
continuidades, incertezas e conflitos. 
Segundo Martelli, “O pós-moderno, a nos-
so ver, é exatamente isto: a re-interpretação de 
significados e símbolos presentes tanto na tra-
dição como na modernidade e até no arcaico, 
mas de maneira seletiva e mediata, sem ilusões 
sobre a existência de atalhos míticos em direção 
ao ‘paraíso perdido’ e guiada pela inten-
ção de formar a vida cotidiana mais dotada de 
sentido.”7
O que podemos depreender desta 
afirmação de Martelli? 
Que a sociedade contemporânea, em seu 
“jeito de ser”, envolve elementos do passado, 
reinterpreta o presente e não considera o futuro, 
pois o homem contemporâneo encontra-se no 
universo do aqui e do agora, sendo imediatista 
em suas ações, imediatismo este que encontra-
mos presente no campo social, político, econô-
mico e cultural.
As relações sociais se tornaram mais com-
plexas no contexto da contemporaneidade, na 
medida em que também se complexificaram as 
representações sociais, que envolvem complexas 
misturas de elementos do passado, provenientes 
da sociedade antiga e da sociedade moderna, to-
das reinscritas e reconfiguradas sob as múltiplas 
molduras da contemporaneidade.
Vivemos na sociedade dos símbolos. Expe-
rienciamos, como indivíduos contemporâneos, a 
implosão dos sentidos e o surgimento de novas 
representações que são marcadas pela ambiva-
lência. Segundo Bauman8, isso significa que a 
linguagem não traduz mais, adequadamente, a 
No contexto da contemporaneidade estamos vivencian-
do a era da informação, onde o mundo humano rege-se pelas 
determinações de uma sociedade informatizada, globalizada 
e marcadamente excludente. 
A complexidade do mundo 
humano é uma constante. Fo
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No contexto da 
sociedade contempo-
rânea, da sociedade 
da informação tudo 
encontra-se no espaço 
do transitório, gerando 
dificuldades do homem 
contemporâneo esta-
belecer vínculos consis-
tentes com o outro, com 
a natureza e até mesmo 
com a sua realidade.
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instaura na sociedade moderna, e se converte em 
hiper-especialização, com o grau mais sofistica-
do das novas formas da divisão social do traba-
lho. 
As formas pelas quais o sistema de repre-
sentação política respondia aos anseios da socie-
dade estão desacreditadas e incapazes de exercer 
a função de canal de realização dos anseios da 
sociedade. A sociedade cobra modificações radi-
cais no sistema de representatividade, no sentido 
de que ele venha a cumprir o seu papel.
As tecnologias da informação e da comu-
nicação eletrônica permitem a compressão, ou 
supressão, da relação tempo/espaço, e a ruptura 
com concepção moderna de relação linear com 
o tempo. Em termos da informação, estamos 
experimentando profundas alterações em vários 
aspectos de nossas vidas.
Giddens afirma que:
muitos aspectos de nosso cotidiano, por 
exemplo, agora envolvem interações com 
sistemas automatizados e computadores, 
em vez de seres humanos. As mensagens 
eletrônicas escritas e sonoras estão subs-
tituindo as cartas e os telefonemas, o co-
mércio eletrônico ameaça ultrapassar a 
freqüência às lojas, o número de caixas 
bancários eletrônicos está excedendo o 
de pessoas que trabalham como caixas 
em bancos e as refeições pré-embaladas 
oferecem uma opção mais rápida do que 
cozinhar.11
O autor fala ainda de elementos de nossa 
vida contemporânea e do quanto as relações que 
estabelecemos em formato de redes interferem 
na nossa vida cotidiana, mudando nos percep-
ção do mundo nas esferas micro e macro social. 
Vivemos na so-
ciedade dos símbolos, 
onde encontramo-nos 
diante de uma realidade 
multifacetada, que em 
muitos momentos con-
tribui para nossa perda 
de identidade enquanto 
atores sociais.
realidade.
Estamos na era do transitório. Perdemos os 
vínculos sociais consistentes do passado. Vive-
mos num espaço e num tempo nos quais, cada 
vez mais, “tudo o que é sólido se desmancha no 
ar”9, como dizia Marx, ou, conforme Bauman: 
“As pontes coletivamente erigidas entre a tran-
sitoriedade e a eternidade se degradaram e o 
indivíduo foi deixado cara a cara com a própria 
insegurança existencial, pura e intacta. Agora 
espera-se que ele ou ela enfrente sozinho(a) as 
conseqüências”10. 
Agora, e sob essas circunstâncias, ficou a 
cargo do indivíduo a regência de sua realidade, 
inclusive sua realidade social, como se fosse 
possível separar-se a realidade social da realida-
de individual.
E, tudo o que é sólido se desmancha no ar, 
inclusive o homem. 
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E no campo político, das relações de 
poder o que vemos? 
Cada vez mais experimentamos a quebra de 
determinadas “tradições políticas”. 
Hoje a esfera política encontra-se à mercê 
das determinações dos técnicos, dos especialis-
tas, como conseqüência da especialização que se 
Fonte 17: Arquivo Ulbra Ead
E , 
todas as relações 
sociais, no 
contexto da 
contempora-
neidade, as 
relações en-
t r e os indivíduo, 
as relações de poder, 
as relações econômicas, 
encontram-se em plena 
interrogação, como se 
estivéssemos na corda 
bamba. 
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Sociedade e Cotemporaneidade
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A dificuldade que temos de perceber “o outro” 
que, no contexto atual, não tem identidade fixa, 
exige uma complexa compreensão do momento 
e do convívio social com as diferenças. Ao mes-
mo tempo, na dimensão cultural, percebemos 
relações cruzadas entre massificação e fragmen-
tação, tendências opostas e simultâneas que tor-
nam difícil uma equação democrática do respeito 
à diferença. O contexto dos paradoxos parece ser 
uma tradução sempre presente na realidade so-
cial contemporânea.
A globalização é um processo no qual as 
influências internacionais afetam cada vez mais 
a vida social; cultural, econômica e política das 
sociedades locais. A dimensão econômica desse 
processo parece exercer funções centrais a im-
pulsionar as tendências de mudança. 
Segundo Johnson12, na medida em que a 
economia complexifica as relações econômicas, 
expressa um processo de concentração do poder 
econômico, e, da mesma forma, 
interfere no mundo do trabalho, 
alterando as relações sociais que 
estão sobre a égide do capitalismo 
industrial. 
A globalização, principal-
mente na sua dimensãoeconômi-
ca, trás conseqüências humanas 
marcadamente fortes na medida 
em que tem gerado, dentre suas 
conseqüências sociais, o próprio 
aumento dos indicadores de po-
breza e distância entre ricos e po-
bres. 
Compreender o que se passa com a socieda-
1 DURKHEIM, 1984.
2 PLÜMER, 2005.
3 WEBER, 1982
4 GADEA, 2007.
5 Id.
6 DURKHEIM, 1993.
7 MARTELLI, 1995, p. 419-420.
8 BAUMAN, 1999
9 MARX, 1982.
10 BAUMAN, 2000, p. 46.
11 GIDDENS, 2005, p. 301.
12 JOHNSON, 1997.
13 PESSOA, 1931.
de contemporânea requer a reflexão complexa e 
integrada do sobre seus aspectos sociais, políti-
cos, econômicos e culturais. 
O enfoque aqui apresentado orientou-se pela 
preocupação com a abordagem de aspectos im-
portantes, mas não únicos e nem carregados do 
pressuposto do monopólio da “verdade”. 
O mundo contemporâneo é marcado pela 
incerteza, pela complexidade e pela dificuldade 
de agregação social, na medida em que constru-
ímos uma sociedade assentada sobre uma matriz 
organizacional baseada em redes informacionais 
que, de certa forma, transformam profundamente 
as relações sociais tal com existiam até poucas 
décadas atrás. Os vínculos sociais são mediados, 
nesse contexto, também, e talvez de forma pre-
ponderante em certos círculos sociais, pelos sis-
temas tecnológicos de comunicação/relação.
Por esta razão, estamos vivendo num con-
texto no qual temos dificuldade 
de estabelecer vínculos sociais de 
pertencimento a grupos de convi-
vência que, no passado, constituí-
am-se em fatores de estabilização 
psíquica e psicossocial, e de coe-
são social.
Na sociedade-rede, tudo é 
transitório, por vezes, vazio, in-
certo, paradoxal; contraditório. 
O poeta Fernando Pessoa, 
talvez premonitório, pode ter de-
finido o sujeito contemporâneo ao 
escrever: “Eu vejo-me e estou sem 
mim, conheço-me e não sou eu.”13
E que a solidão não seja 
nosso destino!
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