Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ginecologi� ⇒ Abordagem do paciente com queixa de corrimento vaginal e realização de exame especular 1. Conhece as principais causas de corrimento vaginal. 2. Utiliza método de consulta centrada na paciente para realização da anamnese. 3. Realiza anamnese direcionada, diferenciando as principais causas de corrimento vaginal. 4. Realiza exame ginecológico (exame da vulva e especular) 5. Identifica achados no exame físico que auxiliam no diagnóstico diferencial (vulvovaginite, cervicite e DIP) 6. Orienta a paciente adequadamente quanto à principal hipótese diagnóstica e tratamento. Tarefas: 1. Realize a anamnese direcionada (queixas e fatores de risco), diferenciando as principais hipóteses diagnósticas. 2. Realize exame físico direcionado para a realização do diagnóstico diferencial (palpação abdominal, exame da vulva e especular). 3. Solicite exames, se necessário. 4. Comunique a paciente sua principal hipótese diagnóstica e dê orientações. 1) Candidíase vulvovaginal → Infecção da vulva e vagina por um fungo do gênero Candida. → A Candida é capaz de se proliferar em ambiente ácido, apesar da ação dos lactobacilos. Descamação epitelial da vagina → liberação de mais glicogênio → maior produção de ácido pelos lactobacilos. → Fatores de risco: ● Gravidez → aumento na concentração de glicogênio vaginal, com consequente acidificação do meio e proliferação de levedura. ● Uso de contraceptivos orais com altas dosagens de estrogênio → aumento na concentração de glicogênio vaginal, com consequente Ginecologi� acidificação do meio e proliferação de levedura. ● Diabetes mellitus (descompensado) → aumento na concentração de glicogênio vaginal, com consequente acidificação do meio e proliferação de levedura. ● Obesidade → produção periférica de estrogênio. ● Hábitos de higiene e vestuário inadequados→ diminuem a ventilação e aumentam a umidade e o calor local. ● Contato com substâncias irritantes. ● Uso de antibióticos, corticoides ou imunossupressores → o uso desses medicamentos reduz a flora bacteriana vaginal normal. ● Alterações na resposta imunológica (imunodeficiência, estresse), inclusive a infecção pelo HIV. ● Terapia de reposição hormonal somente com estrogênio. → Quadro Clínico ● Prurido vulvovaginal → PRINCIPAL SINTOMA ● Ardor/ queimação vulvovaginal. ● Disúria externa. ● Dispareunia de introito. ● Corrimento em pequena quantidade: branco, grumoso, inodoro e com aspecto caseoso (“queijo cottage”, “leite coalhado”) → é mais um conteúdo vaginal→ aderido ● Hiperemia e edema vulvar. ● Escoriações de coçadura. ● Fissuras e maceração da vulva. ● Vagina e colo recobertos por placas brancas ou brancas acinzentadas, aderidas à mucosa. → Diagnóstico Exame microscópico a fresco: hifas e esporos, com lactobacilos e leucócitos elevados e vagina ácida. Quadro Clínico: Na vigência de candidíase vulvovaginal recorrente, a realização de cultura (meios de ágar-Sabouraud ou Nickerson) pode ser útil para avaliar a presença de espécies não albicans. → Tratamento Primeira opção: Miconazol creme vaginal a 2% por 7 dias. Nistatina 100.000 UI, uma aplicação via vaginal à noite, ao se deitar, por 14 dias. Segunda opção: Fluconazol 150 mg VO dose única. Ginecologi� Itraconazol 100 mg VO, 2 comprimidos, 2x/dia, por 1 dia. Gestação e lactação: o tratamento oral está contraindicado e a droga de escolha é a nistatina. Casos recorrentes: mesmas opções do tratamento da candidíase vaginal, por 14 dias Fluconazol 150 mg, VO, 1x/dia, dias 1, 4 e 7, seguido de terapia de manutenção: fluconazol 150 mg, VO, 1x/semana, por 6 meses. 2) Vaginose → É um conjunto de sinais e sintomas resultante de um desequilíbrio da flora vaginal, que culmina com uma diminuição dos lactobacilos e um crescimento polimicrobiano de bactérias anaeróbias. → bactérias anaeróbicas → enzimas líticas → decomposição do muco cervical ⇒ infecção ascendente → quebra de peptídeos em aminas voláteis ⇒ odor. → Fatores de risco: ● Múltiplos e novos parceiros do sexo feminino e masculino ● Uso de DIU ● Uso de duchas vaginais ● Tabagismo → Quadro clínico ● Odor fétido (“peixe podre”) → PRINCIPAL SINTOMA ● Corrimento vaginal fluido, homogêneo, branco acinzentado, podendo formar microbolhas. ● OBS: a presença de sintomas inflamatórios, como dispareunia, irritação vulvar e disúria, não costumam ocorrer. A parede vaginal das mulheres com VB é de aparência normal e não eritematosa. → Diagnóstico: Critérios clínicos→ Critérios de Amsel >= 3 - Corrimento branco, acinzentado, homogêneo, fino. - pH vaginal > 4,5. - Teste das aminas (whiff test) positivo→ adição de uma ou duas gotas de hidróxido de potássio a 10% na secreção coletada do fundo de saco vaginal depositada em uma lâmina, com aparecimento imediato de odor desagradável, pela liberação de aminas biovoláteis. - Visualização de clue cells no exame a fresco. Ginecologi� → Tratamento Primeira opção: Metronidazol 250 mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 7 dias. Metronidazol gel vaginal 100 mg/g via vaginal, à noite ao se deitar, por 5 dias. Segunda opção: Clindamicina 300 mg, VO, 2x/dia, por 7 dias. Gestantes: Primeiro trimestre→ Clindamicina 300 mg, VO, 2x/dia, por 7 dias. Após o primeiro trimestre: Metronidazol 250 mg, 1 comprimido, VO, 3x/dia, por 7 dias. → Complicações da vaginose bacteriana: ● Infecção em cirurgia ginecológica ● Endometrite ● DIP ● Celulite de cúpula vaginal (pós-histerectomia) ● TPP ● Endometrite pós-parto 3) Tricomoníase → É a infecção causada por um protozoário flagelado denominado Trichomonas vaginalis, anaeróbico facultativo. → Fatores de risco: A tricomoníase somente se relaciona com a prática da atividade sexual desprotegida. A tricomoníase é uma IST. → Quadro clínico Assintomático em até 50% dos casos. São frequentes sinais inflamatórios da vagina, como: ardência, hiperemia e edema. Algumas pacientes referem dispareunia superficial e prurido vulvar ocasional. Intenso corrimento vaginal amarelo-esverdeado, por vezes acinzentado, acompanhado de odor fétido. O Trichomonas vaginalis, de forma bem menos corriqueira, pode ainda acometer a uretra e a bexiga, e desencadear disúria, polaciúria e dor suprapúbica. → Diagnóstico pH entre 5 e 6; teste de whiff positivo, mesmo que fracamente. Ginecologi� conteúdo vaginal bolhoso; um achado altamente específico da tricomoníase é a colpite focal ou difusa caracterizada por um “colo em framboesa” ou “colo em morango” (inflamação intensa, com erosão do epitélio); teste de Schiller: colo de aspecto tigróide. microscopia a fresco do fluido vaginal: revela o protozoário, móvel com seus quatro flagelos anteriores característicos. → Tratamento Deve ser sistêmico, pois o tratamento tópico não atinge níveis terapêuticos nas glândulas vaginais e na uretra. Metronidazol 400 mg, 5 comprimidos, VO, dose única (dose total de tratamento 2g). Metronidazol 250 mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 7 dias. Obs: Os parceiros sexuais devem ser tratados com o mesmo esquema terapêutico. Deve ocorrer abstinência sexual durante o tratamento. 4) Ectopia Cervical → Presença de epitélio colunar, incluindo glândulas e estroma, na ectocérvice. → É assintomática na maioria dos casos, sendo diagnosticada apenas no exame ginecológico de rotina. Entretanto, quando ela é extensa, pode manifestar-se na forma de corrimento de aspecto e consistência mucosa, a mucorréia. → Diagnóstico ● Inspeção À inspeção do colo uterino, observa-se área avermelhada margeando o orifício externo do colo, que é denominada de mácula rubra. ● Exame colposcópico Ginecologi� - Ácido acético: o epitélio inicialmente vermelho se torna esbranquiçado. - Solução de lugol: Não ocorre fixação da solução iodetada, pois o iodo seria fixado pelo glicogênio presente nas células do epitélio estratificado escamoso, substituído pelo epitélio colunar. 5) Cervicite → É a inflamação do colo uterino,acometendo principalmente células do epitélio colunar (glandular/ endocervical). → Os agentes mais comumente causadores da cervicite aguda são GONOCOCO e CLAMÍDIA, sendo, portanto, infecções que predispõem a DIP. Os casos de cervicite crônica costumam ser de causa não infecciosa. Lembrando que: herpes, tricomoníase e HPV afetam epitélio escamoso do colo (ectocérvice). → Manifestações clínicas ● Assintomática ● Corrimento mucopurulento ● Sangramento intermenstrual ● Sinusiorragia ● Pode existir disúria, polaciúria, dispareunia. → Exame físico ● Conteúdo vaginal mucopurulento ● Colo friável ● Colo pode ser doloroso à mobilização ● Não há dor à palpação abdominal Ginecologi� → Diagnóstico O diagnóstico laboratorial da cervicite causada por C. trachomatis e N. gonorrhoeae pode ser feito por pela detecção do material genético dos agentes infecciosos por biologia molecular (PCR). Esse método é o de escolha para todos os casos, sintomáticos e assintomáticos. Para os casos sintomáticos, a cervicite gonocócica também pode ser diagnosticada pela identificação do gonococo após cultura em meio seletivo (Thayer-Martin modificado), a partir de amostras endocervicais. → Tratamento ● Infecção por clamídia Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única ou Doxiciclina 100 mg, VO, 2x/dia, por 7 dias (exceto gestantes). ● Infecção gonocócica não complicada Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única + Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única.
Compartilhar