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PRÁTICA SIMULADA TRABALHISTA AULA 7 – CASO CONCRETO – CONTESTAÇÃO DIA 30/09 A sociedade empresária Tecelagem Fio de Ouro S.A. procura você, como advogado(a), afirmando que Joana da Silva, que foi empregada da Tecelagem de 10/05/2008 a 29/09/2018, ajuizou reclamação trabalhista em face da sociedade empresária, em 15/10/2018, com pedido certo, determinado e com indicação de seu valor. O processo tramita na 80ª Vara do Trabalho de Cuiabá, sob o número 1000/2018. Joana requereu da ex-empregadora o pagamento de indenização por dano moral, alegando ser vítima de doença profissional, já que o mobiliário da empresa, segundo diz, não respeitava as normas de ergonomia. Disse, ainda, que a empresa fornecia plano odontológico gratuitamente, requerendo, então, a sua integração, para todos os fins, como salário utilidade. Afirma que, nos últimos dois anos, a sociedade empresária fornecia, a todos os empregados, uma cesta básica mensal, suprimida a partir de 1º de agosto de 2018, violando direito adquirido, pelo que requer o seu pagamento nos meses de agosto e setembro de 2018. Relata que, no ano de 2018, permanecia, duas vezes na semana, por mais uma hora na sede da sociedade empresária para participar de um culto ecumênico, caracterizando tempo à disposição do empregador, que deve ser remunerado como hora extra, o que requereu. Joana afirma que foi coagida moralmente a pedir demissão, pois, se não o fizesse, a sociedade empresária alegaria dispensa por justa causa, apesar de ela nada ter feito de errado. Assim, requer a anulação do pedido de demissão e o pagamento dos direitos como sendo uma dispensa sem justa causa. Ela reclama que foi contratada como cozinheira, mas que era obrigada, desde o início do contrato, após preparar os alimentos, a colocá-los em uma bandeja e levar a refeição para os 5 empregados do setor. Esse procedimento caracterizaria acúmulo funcional com a atividade de garçom, pelo que ela requer o pagamento de um plus salarial de 30% sobre o valor do seu salário. Por fim, formulou um pedido de adicional de periculosidade, mas não o fundamentou na causa de pedir. Joana juntou, com a petição inicial, os laudos de ressonância magnética da coluna vertebral, com o diagnóstico de doença degenerativa, e a cópia do cartão do plano odontológico, que lhe foi entregue pela empresa na admissão. Juntou, ainda, a cópia da convenção coletiva, que vigorou de julho de 2016 a julho de 2018, na qual consta a obrigação de os empregadores fornecerem uma cesta básica aos seus colaboradores a cada mês, e, como não foi entabulada nova convenção desde então, advoga que a anterior prorrogou-se automaticamente. Por fim, juntou a circular da empresa que informava a todos os empregados que eles poderiam participar de um culto na empresa, que ocorreria todos os dias ao fim do expediente. A ex-empregadora entregou a você o pedido de demissão escrito de próprio punho pela autora e o documento com a quitação dos direitos da ruptura considerando um pedido de demissão. Diante da situação, elabore a peça processual adequada à defesa dos interesses de seu clien AO JUÍZO DA 80 ª VARA DO TRABALHO DE CUIABÁ Processo Nº 1000/2018 TECELAGEM FIO DE OURO S.A, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por seu representante constituído apresentar Contestação Em face da Reclamação Trabalhista movida por JOANA DA SILVA, igualmente qualificada, pelos fatos e fundamentos a seguir dispostos. Preliminar Da inépcia da petição inicial A inicial apresentada pela reclamante está inepta, pelo fato de um de seus pedidos, qual seja: adicional de periculosidade, não ter sido devidamente fundamentado , no que concerne a causa de pedir, conforme art 330,I,§1º, do CPC. Da prejudicial de mérito Prescrição Quinquenal Joana da Silva, ora reclamante, possui direito a receber somente de 2014 a 2018, pelo fato de de os direitos dos demais anos terem sidos fulminados pela prescrição quinquenal, fazendo jus apenas aos 5 (cinco) anos atrás contados do término do contrato de trabalho. Do mérito a) DO NÃO CABIMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL Primordialmente, deve-se observar que não é devido o pedido formulado na inicial. A reclamante diz ter sido vítima de doença profissional, porém não faz jus, tendo em vista que o artigo 199, da CLT, dispõe “ Será obrigatória a colocação de assentos que assegurem postura correta ao trabalhador, capazes de evitar posições incômodas ou forçadas, sempre que a execução da tarefa exija que trabalhe sentado”, isto é, a reclamada não pode ser incumbida da obrigação de indenizá-la por dano moral, em virtude de que a reclamante não realizava trabalho sentada. Aliás, a reclamante trabalhava como cozinheira, que por força de sua função exigia prática de suas atividades em pé, motivo este que não configura o desrespeito da reclamada acerca das normas de ergonomia, posto que a reclamante segundo o próprio laudo juntado aos autos do processo é diagnóstico de doença degenerativa, e conforme Lei nº 8.213/91, art 20,§1º, alínea “a”, que diz “Não são consideras como doença do trabalho: a) a doença degenerativa”, assim constata não ter qualquer relação entre o que afirmara inicialmente sobre ter adquirido doença no local profissional, por não possuir qualquer amparo legal. b) DO NÃO CABIMENTO DO SALÁRIO UTILIDADE A reclamante pediu a integração do plano odontológico gratuito- concedido pela empresa- como salário utilidade, todavia não é devido, em razão de, a CLT, em seu art 458, §2º, IV, dispor “Não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: IV- (...) odontológica.” c) DA NÃO OBRIGATORIEDADE DO FORNECIMENTO DE CESTA BÁSICA COMO DIREITO ADQUIRIDO Consoante explicita o art 614, §3º “Não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade”, isto é, a reclamante não possui direito em receber as cestas básicas que foram suprimidas entre 1º de agosto e o mês de setembro, tendo em vista que já havia findado o prazo de convenção coletiva, cujo regula tal questão. Assim, não há que se falar em direito adquirido. d) DO NÃO CABIMENTO DAS HORAS EXTRAORDINÁRIAS A autora da presente reclamação, ora reclamante, fez o pedido de horas extraordinárias, porque duas vezes na semana ficava na empresa para culto ecumênico, todavia tal pedido não deve ser contemplado, tenho em vista que, não caracterizar tempo à disposição do empregador, de acordo com o art 4º,§2º, I,CLT “Por não se considerar tempo à disposição do empregador (...) : I- práticas religiosas, demonstrando ser facultativa essa atividade religiosa. e) DO NÃO CABIMENTO ANULAÇÃO DO PEDIDO DE DEMISSÃO E DO NÃO PAGAMENTO DE DIREITOS SEM JUSTA CAUSA O art 818,I,CLT expressa “ O ônus da prova incumbe: I- Ao reclamante , quanto ao fato constitutivo de seu direito”, ou seja, a reclamante deverá provar o que alegou na inicial, acerca dos motivos de sua demissão, já que foi ela mesma quem entregou de próprio punho a demissão escrita para a reclamada, e do direito de pagamento sem justa causa, não havendo coação por parte da empresa. f) DA INEXISTÊNCIA DO ADICIONAL POR ACÚMULO DE FUNÇÕES O art 456,P.U, CLT expõe que “ Á falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal”. Nesse sentido, observa-se o princípio da máxima colaboração que o empregado deve ao empregador ao executar determinados serviços que correspondem com suas funções. Vejamos : EMENTA: ACÚMULO DE FUNÇÕES. MOTORISTA E COBRADOR. A jurisprudência deste TribunalSuperior caminha no sentido de que o recebimento de passagens é plenamente compatível com as atividades legalmente contratadas pelo motorista de transporte coletivo, não se justificando a percepção de adicional de acúmulo de funções, por se configurar atribuição compatível com a sua condição pessoal, nos moldes do art. 456, parágrafo único, da CLT. Recurso de revista conhecido e provido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR-100740- 59.2017.5.01.005. Dessa forma, a reclamante não faz jus ao plus salarial de 30% sobre o valor do salário. g) DO NÃO CABIMENTO DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE A reclamada na inicial pediu adicional de periculosidade, porém não o fundamentou na causa de pedir. O CPC, pode ser aplicado subsidiariamente ou supletivamente nas causa em que a CLT for omissa. No presente caso a petição está inepta, pela ausência da causa de pedir, conforme o art 337,IV do CPC c/c com os arts 330,I , §1º, também do CPC. Dos pedidos A reclamada requer : a) Que seja indeferida o pedido de indenização moral b) Que seja indeferido o pedido formulado do salário utilidade c) Que seja indeferido o pedido de cestas básicas como direito adquirido d) Do indeferimento acerca do salário utilidade por plano odontológico e) Do indeferimento das horas extraordinárias f) Do não acolhimento do pedido de anulação da demissão e pagamentos por demissão sem justa causa g) Do indeferimento do pedido do pagamento de adicional acúmulo de funções h) Do não acolhimento do adicional de periculosidade Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitido, sobretudo prova testemunhal e depoimento. Nesses termos, pede deferimento. XXX/XX,XX de ___________de 20XX OAB/XX nºXX.XXX