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Informações Gerais Olá caros alunos. Vamos iniciar a Disciplina Administração Rural do Curso de Agente de Assistência Técnica e Extensão Rural. A disciplina Administração Rural possui uma carga horária de 50 horas e será ministrada entre os dias 20.09.2020 a 24.10.2020. O conteúdo da disciplina será disponibilizado em cinco unidades. A Unidade 1, com o tema Introdução a Administração e Economia Rural, trataremos sobre os seguintes temas: Introdução a Administração: Conceito de administração, sua evolução histórica, as Teorias da Administração, as funções da administração, as habilidades do administrador, os papeis do administrador; Economia rural: Conceito de economia, problemas econômicos fundamentais, necessidades humanas, bens e serviços, recursos produtivos, agentes econômicos, estrutura de mercado, Lei da Oferta e da Demanda, Elasticidade e, a importância da elasticidade na análise economia. As avaliações serão realizadas através de Fóruns, Atividades Avaliativas e participação dos discentes ao longo do curso, com média de aprovação de 6,0 pontos. Lembrem-se, sempre estamos à disposição para ajudar, por isso, usem os canais de comunicação do curso, fóruns, e-mail, meet, grupo de Whatsapp etc., para tirar dúvidas, sugestões ou qualquer outra informação que você julga necessária para o bom desenvolvimento do curso. Será um prazer ajudar no seu desenvolvimento acadêmico e profissional. Bons estudos a todos. Sorte e sucesso sempre. César Cândido de Brito brito.cesar@uol.com.br Resumo Profissional Profissional formado em Administração de Empresas, Pós-graduado em Controladoria e Finanças pela PUC/GO, Pós-graduado em Tutoria em Educação a Distância pela Universidade Cândido Mendes/RJ, MBA em Gestão Empresarial pela FGV/RJ, Mestre em Administração Pública pela UnB/DF e atualmente cursando graduação em Ciências Contábeis pela UNOPAR. Com 15 anos de experiência como professor e tutor em EaD na área de Gestão em cursos técnicos, graduação e pós- graduação em Instituições Pública e Privadas. Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 1 1. Teorias Administrativas A palavra administração tem sua origem no latim ad: (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência), isto é, aquele que realiza uma função sob o comando de outra pessoa, aquele que presta um serviço a outro e significa subordinação e serviço. Dessa origem decorre que a palavra administração significa função que se desenvolve sob o comando de outro, ou um serviço que se presta a outro. A Administração é o processo de conjugar recursos humanos e materiais de forma a atingir fins desejados, através de uma organização. É um processo de tomar decisões sobre objetivos e recursos. 1.1. História da Administração A história da administração inicia-se na Suméria por volta do ano 5.000 a.C., quando começaram a se formar as primeiras cidades. Os antigos sumerianos procuravam melhorar a maneira de resolver seus problemas práticos, exercitando assim a arte de administrar. Depois de se passar mais de 7.000 anos a administração moderna que conhecemos hoje foi influenciada por diversos fatores e instituições. Destacamos aqui a influência da Igreja Católica Romana e das Organizações Militares. Igreja Católica Romana Organizações Militares Considerada a organização formal mais eficiente da civilização ocidental. Através dos séculos, vem mostrando a eficácia de suas técnicas organizacionais e administrativas, espalhando-se por todo o mundo e exercendo influência, inclusive sobre os comportamentos das pessoas, seus fiéis, na busca pelos seus objetivos. Elas evoluíram das displicentes ordens dos cavaleiros medievais e dos exércitos mercenários dos séculos XVII e XVIII até os tempos modernos com uma hierarquia e práticas administrativas que são encontradas, ainda hoje, nas organizações. Contudo, aparecimento da empresa e o desenvolvimento da moderna administração ocorreu apenas na Revolução Industrial. Esse fenômeno se iniciou no final do século XVIII e se estendeu ao longo do século XIX, chegando ao limiar do século XX. A Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 2 Revolução Industrial trouxe rápidas e profundas mudanças econômicas, sociais e políticas. Ao final desse período, o mundo já não era mais o mesmo. A moderna administração surgiu em resposta a duas consequências provocadas pela Revolução Industrial: a. Crescimento acelerado e desorganizado das empresas, que passaram a exigir uma administração científica capaz de substituir o empirismo e a improvisação; b. Necessidade de maior eficiência e produtividade das empresas para fazer face à intensa concorrência e à competição no mercado. 1.2. Evolução das Teorias da Administração A ciência da Administração tem como objeto de estudo das organizações. As organizações funcionam com base em modelos de gestão que utilizam (pelo menos em tese) práticas consagradas, que trouxeram resultados em outras organizações em determinada época e contexto. Os conhecimentos, práticas e técnicas desenvolvidos, testados e implementados formaram a moderna Teoria Administrativa, um corpo de conhecimentos administrativos contendo princípios (diretrizes que orientam a ação dos profissionais), práticas e considerações de ordem metodológica sobre as principais doutrinas administrativas. Teorias de Administração nada mais são do que práticas de gestão empresarial que foram desenvolvidas segundo as necessidades de cada época, com o intuito de solucionar determinados problemas administrativos. Apesar de algumas está em desuso, outras continuam aplicáveis hoje, dependendo das contingências. Porém o fato é de que, em Administração, teoria se confunde com prática, por isso não é perda de tempo. Teoria: Conhecimento não prático, ideal, independente das aplicações. O que se desenvolve por suposição; de teor hipotético; conjuntura (Dício.com.br). As Teorias da Administração podem ser agrupadas segundo suas ênfases (nas tarefas, na estrutura, nas pessoas, no ambiente e na tecnologia). É importante destacar que as teorias não são contrárias umas às outras, mas antes, se complementam. Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 3 Administração Científica (1903) – Também conhecida como Taylorismo, a administração científica foi criada por Frederick W. Taylor e se baseia na aplicação do método científico na administração. Ela faz parte da escola clássica da administração e possui ênfase nas tarefas, buscando a racionalização do trabalho no nível operacional, ou seja, visa garantir o melhor custo/benefício aos sistemas produtivos. Taylor propôs a racionalização do trabalho por meio do estudo dos tempos e movimentos, o qual possuía cinco princípios fundamentais que são: planejamento, preparo, execução, cargos e tarefas e padronização. Teoria da Burocracia (1909) – Seu autor foi Max Weber, um jurista e economista alemão que também é considerado um dos fundadores da sociologia. A teoria da burocracia de Weber possui fundamentos na racionalidade, o qual visa a análise de maneira formal e impessoal. Essa teoria possui grande ênfase na eficiência e eficácia, apresentando relações mais autoritárias e normativas. Dentre suas principais características podemos destacar a autoridade, formalidade, impessoalidade, hierarquia e divisão do trabalho. Teoria Clássica (1916) – Também conhecida por Fayolismo, a teoria clássica da administração surgiu na Europa junto com o advento da Revolução Industrial. Ela foi idealizada por Henri Fayol e se caracterizava pela ênfase na estrutura organizacional, pela busca da máxima eficiência e pela visão do homem econômico. Junto com sua teoria Fayol também elencou 14 princípios que para ele rem fundamentais. Foram eles: divisão Unidade 1 – Introduçãoa Administração e Economia Rural 4 do trabalho, autoridade e responsabilidade, unidade de comando, unidade de direção, disciplina, remuneração, interesses gerais, centralização, hierarquia, ordem, equidade, estabilidade, iniciativa e espírito de equipe. Ênfase na Estrutura. Teoria das Relações Humanas (1932) – Trata-se de um conjunto de teorias administrativas que ganharam força com a Grande Depressão. Teve origem nos Estados Unidos, como resultado da Experiência de Hawthorne, liderada por Elton Mayo. A teoria das relações humanas ganhou força a partir do momento em que o ‘homo economicus” começou a sair de cena, passando a ser visto como “homo social”. Ela possui três características principais, que são: o ser humano não possui comportamento mecânico, o homem é guiado pelo sistema social e possui necessidades (segurança, afeto, aprovação etc.). Ênfase nas pessoas. Teoria Estruturalista (1947) – Surgiu por volta da década de 1950, como desdobramento das análises de autores que tentaram conciliar as teses da teoria burocrática de Weber, com a teoria clássica e também das relações humanas. O principal objetivo dessa teoria é o de inter-relacionar a organização com seu ambiente e com outras organizações. Dessa maneira, surgiu um novo foco, o Homem Organizacional, que possui características modernas, como flexibilidade, tolerância, desejo de realização, entre outros. Importante citar também que o estruturalismo trouxe consigo outros importantes conceitos da administração – a reengenharia. Ênfase na estrutura. Teoria dos Sistemas (1951) – Mais conhecida pela sigla TGS. A teoria dos sistemas é uma abordagem multidisciplinar, que busca entender as propriedades comuns em distintas organizações. Foi desenvolvida em meados da década de 50, através do trabalho do biólogo austríaco Ludwig von Bertalanffy. A TGS não busca solucionar problemas, mas sim produzir teorias que criem condições aplicáveis na realidade empírica. Para ela, o sistema é um conjunto de partes interdependentes que juntos forma um todo unitário, com um mesmo objetivo e função. Ênfase no ambiente. Abordagem Sociotécnica (1953) – Também conhecida como sistema sociotécnico, ou pela sigla STS. É uma abordagem que reconhece a Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 5 interação entre as pessoas e a tecnologia existente nas organizações, como também as estruturas da sociedade e o comportamento humano. O termo foi elaborado durante a Segunda Guerra Mundial, pelos cientistas Eric Trist, Fred Emery e Ken Bamforth. Essa abordagem possui quatro princípios centrais, que são: a autonomia responsável, adaptabilidade, tarefas inteiras e o significado da tarefa. Juntas visam otimizar a produtividade e o bem- estar dentro das organizações. Teoria Neoclássica (1954) – É considerada como um conjunto de teorias que surgiram durante a década de 1950. Curiosamente, essas teorias da administração buscavam retomar alguns conceitos e abordagens clássicas, possuindo como principal referência Peter Drucker, William Newman, Louis Allen, Ernest Dale, entre outros autores. Dentre os principais conceitos da teoria neoclássica, nos temos a reafirmação das teorias clássicas, a ênfase na prática administrativa, na gestão, nos objetivos e também nos resultados. Teoria Comportamental (1957) – Teve início em 1947, com o surgimento do livro “teoria comportamental na administração: o comportamento administrativo”, que se firmou apenas dez anos depois. A teoria comportamental, ou behaviorista trouxe uma nova concepção dentro da teoria administrativa. Ela veio como uma crítica aos princípios da teoria clássica e à teoria das relações humanas. Dentre suas principais características nós temos a ênfase nas pessoas, a preocupação com o comportamento organizacional e os processos de trabalho e o estudo sobre a motivação humana (teoria de Maslow). Desenvolvimento Organizacional (1962) – Essa teoria é um desdobramento prático e operacional da abordagem comportamental, partindo mais para o lado da abordagem sistêmica. O principal autor deste movimento foi Leland Bradford, que indica a teoria como a fusão de duas tendências nas organizações, o estudo da estrutura e o estudo do comportamento. A teoria do desenvolvimento organizacional possui como características: os processos grupais, orientação sistêmica abrangente, orientação contingencial, retroação de dados, solução de problemas e a interação. Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 6 Teoria da Contingência (1972) – Também conhecida como teoria contingencial. Dentre as teorias da administração é o ramo que enfatiza a relatividade, ou seja, não existe nada de absoluto nas organizações ou não própria teoria administrativa. Para ela tudo é relativo, tudo depende. A teoria da contingência nasceu de uma séria de pesquisas realizadas nas décadas de 1960-70. As pesquisas buscavam entender os modelos de estruturas organizacionais e a eficácia em determinados tipos de indústrias. Alfred D. Chandler, T. Burns e G. Stalker são alguns dos autores da teoria contingencial. Novas abordagens (1990) – Como toda ciência, a administração também passou por diversas mudanças e atualizações ao longo de sua existência. E dois fatores contribuíram fortemente para isso, sendo eles: o avanço tecnológico e a concorrência global (globalização). Com a evolução das organizações, estas formam obrigadas a implementarem novos recursos, novos modelos de produção, conceitos de qualidade total, sistemas de programação, novas filosofias e também da própria cultura administrativa. Dentro desse turbulento ambiente, podemos ter certeza de que a teoria administrativa continuará a ter grande mudanças à frente. Resumo das Teorias Administrativas Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 7 Agora que já sabemos as principais teoria da administração, que é um conjunto de normas e princípios que tem por intuito gerar desenvolvimento dentro das organizações, com o objetivo precípuo de máxima eficácia e eficiência, gerando produtividade e lucro, vamos avançar no nosso estudo. 1.3. As Funções Administrativas As funções administrativas foram, primeiramente, instituídas pelo engenheiro francês Jules Henri Fayol, em meados do século XX. Entretanto, embora antigas, existe uma razão para continuarem sendo aplicadas, ainda hoje: elas funcionam. Deve-se destacar, também, que estas funções, com elevada probabilidade, terão importância cada vez mais acentuada. As funções: Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar (PODC), são palavras que colocadas lado a lado podem não surtir efeito, mas, quando realocadas para um cenário empresarial e entendidas como necessárias para a longevidade do negócio, tornam-se peças fundamentais para a estabilidade da organização. Detalharemos cada uma dessas funções itens para evidenciar a importância de seu conhecimento para a gestão das organizações sob a perspectiva de quaisquer das Teorias da Administração. 1.3.1. Planejamento Segundo Chiavenato (2004) o planejamento é a função administrativa que determina antecipadamente o que se deve fazer e quais objetivos devem ser alcançados, e visa dar condições racionais para que se organize e dirija a empresa ou seus departamentos ou divisões a partir de certas hipóteses a respeito da realidade atual e futura. A elaboração do planejamento evita a adoção de ações improvisadas, casuais, contribuindo para reduzir o nível de incerteza e possibilitando maior segurança quanto ao Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 8 desempenho da empresa. O planejamento, segundo Chiavenato (2004) apresenta as seguintes características: a) é um processo permanente e contínuo, pois é realizado de forma sistemática dentro da empresa e não se esgota na simples montagemde um plano de ação; b) é sempre voltado para o futuro e está intimamente ligado com a previsão, embora não se confunda com ela. O conceito de planejamento inclui o aspecto de temporalidade e futuro: o planejamento é uma relação entre coisas a fazer e o tampo disponível para fazê-las; c) se preocupa com a racionalidade da tomada de decisões, pois ao estabelecer esquemas para o futuro funciona como um meio de orientar o processo decisório, dando-lhe maior racionalidade e subtraindo incerteza subjacente a qualquer tomada de decisão; d) visa relacionar, entre várias alternativas disponíveis, um determinado curso de ação, em função de suas consequências futuras e das possibilidades de sua execução e realização. O curso de ação escolhido pode ter uma duração variável - desde curto à longo prazo - e pode ter uma amplitude igualmente variável - abrangendo a empresa como um todo até uma determinada unidade de trabalho; e) é sistêmico, pois deve considerar a empresa ou o órgão ou a unidade como uma totalidade. O planejamento deve considerar tanto o sistema como os subsistemas que o compõem, bem como as relações e compromissos internos e externos; f) é interativo. Como o planejamento se projeta para o futuro, ele deve ser suficiente e prudentemente flexível para aceitar ajustamentos e correções. Pressupõe avanços e recuos, alterações e modificações em função de eventos novos, ou diferentes que ocorram tanto no ambiente interno quanto externo da empresa; g) é uma técnica de alocação de recursos de forma antecipadamente estudada e decidida. Deverá refletir a otimização na alocação e dimensionamento dos recursos com os quais a empresa ou o órgão dela poderá contar no futuro para suas operações; h) é uma técnica cíclica. Na medida que é executado, passa a ser realizado. Conforme vai sendo executado e realizado, permite condições de avaliação e mensuração para novos planejamentos, com informações e perspectivas mais seguras e corretas; Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 9 i) é função administrativa que interage dinamicamente com as demais. Está intimamente relacionado com as demais funções administrativas, como a organização, o controle e a avaliação, influenciando e sendo influenciado por elas, a todo o momento e em todos os níveis da empresa; j) é uma técnica de coordenação. Permite a coordenação de várias atividades no sentido da realização dos objetivos desejados e de maneira eficaz; k) é uma técnica de mudança e inovação. O planejamento é uma das melhores maneiras de se introduzir deliberadamente mudança e inovação dentro de uma empresa, sob uma forma previamente definida e escolhida e devidamente programada. O Planejamento pode ser considerado em função do nível da empresa, conforme ilustra a figura a seguir: Níveis do Planejamento Organizacional O planejamento estratégico, em linhas gerais, é aquele efetuado no nível institucional da empresa, envolvendo a alta administração. É genérico e sintético, direcionado para longo prazo e considera a empresa como uma totalidade. O planejamento tático é efetuado no nível intermediário da empresa, envolvendo a gerência. É menos genérico, e mais detalhado, direcionado para médio prazo e considera cada unidade da empresa. O planejamento operacional é o efetuado no nível operacional da empresa, envolvendo a supervisão. É detalhado e analítico, direcionado para o curto prazo e considera cada tarefa ou operação. O planejamento operacional está voltado para o que fazer, como fazer, e para quem fazer, procurando otimizar e maximizar os resultados. Este tipo de planejamento Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 10 deve ser intrinsecamente relacionado ao planejamento tático, o mesmo ocorrendo com este em relação ao planejamento estratégico. 1.3.2. Organização Chiavenato (2004) define a organização como uma função administrativa através da qual a empresa reúne e integra os seus recursos, define a estrutura de órgãos que deverão administrá-los, estabelece a divisão de trabalho através da diferenciação, proporciona os meios de autoridade e de responsabilidade e, assim por diante. A organização representa, no fundo, todos aqueles meios que a empresa utiliza para pôr em prática o planejamento, o controle e a avaliação para atingir os seus objetivos. Como já foi enfatizado, a função administrativa organizacional depende do planejamento, do controle e da direção. Há uma estreita inter-relação entre todas estas funções. A função administrativa organizacional normalmente é implementada de acordo com as peculiaridades de cada empresa, que pode considerar seus recursos (humanos, materiais e organizacionais) e sua estrutura. Como ocorre com a função planejamento, a função organização também pode ser analisada em função dos diferentes níveis - institucional, intermediário e operacional - da empresa. 1.3.3. Direção Do ponto de vista didático, a função administrativa direção vem após o planejamento e a organização. Assim, enquanto o planejamento estabelece o que fazer e como fazer e para quem, a organização estabelece a estrutura, os meios para a execução, a direção se preocupa com a execução das operações propriamente ditas, tendo em vista o alcance dos objetivos. A Direção é, inegavelmente, uma das complexas funções da administração. Isto se deve à sua abrangência e ao fato de estar intimamente relacionado às pessoas. Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 11 A execução de qualquer ação envolve sempre pessoas e grupos. Toda a implementação do planejamento e da organização é efetuada por um conjunto de pessoas, normalmente, são os recursos mais complexos existentes nas empresas. A Direção é a função que envolve a maior interação humana. Como assegura Chiavenato (2004), “é a função que exige a maior dose de flexibilidade, de amortecimento de impactos e, principalmente, de orientação das pessoas quanto ao rumo certo no alcance dos objetivos pretendidos”. A Direção é extremamente dinâmica, ocorre em todos os níveis da empresa e está relacionada ao planejamento, à organização e ao controle. Como a função Direção diz respeito ao processo de interação entre pessoas, três assuntos inerentes a ela são de capital importância: comunicação, liderança e motivação. Assim sendo, para dirigir pessoas são necessários profundos conhecimentos a respeito do processo de comunicação, das teorias de liderança e da motivação. Como nas funções planejamento e organização, a direção pode ser considerada em função dos níveis da empresa: institucional, intermediário e operacional. 1.3.4. Controle O termo controle tem muitos significados e, não raro, se associa a atitudes coercitivas, principalmente quando envolve pessoas. O controle deve ser entendido como uma função administrativa, como o planejamento, a organização e a direção. O controle é a função administrativa que consiste em medir e corrigir o desempenho de colaboradores para assegurar que os objetivos da empresa e os planos delineados para alcançá-los sejam realizados. É, pois, a função segundo a qual cada administrador, do presidente ao supervisor, certifica-se de que aquilo que é feito está de acordo com o que se tencionava fazer. O controle também está intimamente relacionado com o planejamento, a direção e a organização. Os controles podem ser classificados de acordo com o nível da empresa onde ocorrem. Assim, há o controle estratégico, o controle tático e o operacional. Em termos de controle operacional, Litterer (1990) propõe um modelo básico que compreende três fases: Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 12 a) coleta de dados sobre o desempenho; b) comparação dos dados com um padrão; c) ação corretiva. Certamente, cada uma destas fases pode ser desenvolvida através de diversasformas, que sempre devem considerar as peculiaridades de cada empresa. 1.4. Habilidades do Administrador Dentro do universo de uma organização, o profissional mais importante no processo de gestão empresarial é o administrador. Devemos conhecer as habilidades do administrador que são elementos-chave na construção dos resultados de um negócio e que também podem fazê-lo ter uma carreira ascendente e bem-sucedida. Segundo Katz (1955), existem três tipos de habilidades que o administrador deve possuir para trabalhar com sucesso: habilidade técnica, habilidade humana e habilidade conceitual. Habilidade é o processo de visualizar, compreender e estruturar as partes e o todo dos assuntos administrativos das empresas, consolidando resultados otimizados pela atuação de todos os recursos disponíveis. A seguir é apresentado a definição das três habilidades administrador segundo Katz (1955). - Habilidade técnica: consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos necessários para realização de tarefas específicas por meio da experiência profissional. - Habilidade humana: consiste na capacitação e discernimento para trabalhar com pessoas, comunicar, compreender suas atitudes e motivações e desenvolver uma liderança eficaz. - Habilidade conceitual: consiste na capacidade para lidar com ideias e conceitos abstratos. Essa habilidade permite que a pessoa faça abstrações e desenvolva filosofias e princípios gerais de ação. A adequada combinação dessas habilidades varia à medida que um indivíduo sobe na escala hierárquica, de posições de supervisão a posição de alta direção. A TGA (Teoria Geral da Administração) se propõe a desenvolver a habilidade conceitual, ou seja, a desenvolver a capacidade de pensar, de definir situações organizacionais complexas, de diagnosticar e de propor soluções. Contudo essas três habilidades – técnicas, humanas e conceituais – requerem certas competências pessoais para serem colocadas em ação com êxito. As competências – qualidades de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou problemas. O administrador para ser bem Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 13 sucedido profissionalmente precisa desenvolver três competências duráveis: o conhecimento, a habilidade e a atitude. Níveis Organizacionais e as três Habilidades do Administrador segundo Katz 1.5. Papel do administrador Todos exercem algum papel na sociedade, seja na família, na associação do bairro, como cidadão, entre outros. E dentro das organizações não é diferente, cada um deve desempenhar uma atividade específica. Papel significa um conjunto de expectativas da organização a respeito do comportamento de uma pessoa. Cada papel representa atividades que o administrador conduz para cumprir as funções de planejar, organizar, dirigir e controlar. O professor e autor na área de administração Henry Mintzberg (1973) identifica dez papéis específicos do administrador divididos em três categorias: Interpessoal; Informacional; e Decisória. Papeis do Administrador Segundo Mintzberg Categoria Papel Atividade Interpessoal – Como o administrador interage. Representação Assume deveres cerimoniais e simbólicos, representa a organização, acompanha visitantes, assina documentos legais. Liderança Dirige e motiva pessoas, treina, aconselha, orienta e se comunica com os subordinados. Ligação Mantém redes de comunicação dentro e fora da organização, usa malotes, telefones e reuniões. Informacional – como o administrador Monitoração Manda a recebe informações, lê revistas e relatórios, mantém contato pessoais. Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 14 intercambia e processa a informação. Disseminação Envia informação para os membros de outras organizações, envia memorandos e relatórios, telefonemas e contados. Porta-voz Transmite informações para pessoas de fora, através de conversas, relatórios e memorandos. Decisorial – Como o administrador utiliza as informações nas suas decisões. Empreendimento Inicia projetos, identifica novas ideias, assume risos, delega responsabilidade de ideias para outros. Resolução de conflito Toma ação corretiva em disputas ou crises, resolve conflitos entre subordinados, adapta o grupo a crises e a mudanças. Alocação de Recursos Decide a quem atribuir recursos. Programa, orça e estabelece prioridades. Negociação Representa os interesses da organização em negociações com sindicato, em vendas, compras e financiamento. Agora que você já conhece alguns conceitos importante da disciplina de administração, tais como: o conceito e evolução da administração como ciência, as teorias da administração, as funções administrativas e as habilidades e papeis do administrador, vamos avançar no desenvolvimento da disciplina, estudando agora os conceitos básicos da Economia Rural. 2. Economia Rural Para se compreender a administração de uma propriedade rural, ou de uma empresa do agronegócio, com suas peculiaridades é preciso o conhecimento de diversas ciências; todas elas importantes, porém uma deve receber uma atenção maior; tendo em vista que por meio dela, diversas características serão compreendidas, bem como sua influência no resultado esperado pelo administrador rural. Trata-se da Economia Rural, que junto com o conjunto de conhecimentos necessários para a atividade agrícola vão trazer entendimento e respostas para as perguntas e dúvidas do empresário rural. Contudo, na Unidade 1 da disciplina destacaremos apenas os conceitos básicos e necessários para o nosso curso, e que são também os fundamentos básicos da economia. 2.1. Conceito de Economia Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 15 O termo economia vem do grego oikos (casa) e nomos (costume ou lei), que juntos fica “regras da casa (lar)”. Sendo a ciência social que estuda a produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços necessários à sobrevivência e à qualidade de vida. 2.2. Problemas Economicos Fundamentais O maior problema a ser resolvido, na área econômica, envolve duas questões principais: • Necessidades humanas ilimitadas; • Recursos produtivos necessários para a produção de bens e serviços escassos. Sabe-se que nem todo mundo conseguirá satisfazer plenamente suas necessidades, isso porque tendo em vista a escassez dos recursos, faz-se necessário que cada sociedade determine quais serão suas prioridades, para depois ter condições de escolher quais serão as necessidades primeiramente satisfeitas. Uma vez que a Economia estuda como se combinam recursos escassos para produzir bens e serviços que satisfaçam as necessidades humanas e como estes serão distribuídos, surgem imediatamente três perguntas que qualquer organização social precisa que responder: • O que produzir? Ou seja, quais bens e serviços deverão ser prioridade, dado que a escassez de recursos impossibilita produzir tudo o que a sociedade deseja; • Como produzir? Isto é, quais técnicas serão utilizadas, que proporção de cada fator de produção será adotada na produção de cada bem e serviço; • Para quem produzir? Quer dizer, ao final de tudo, quem irá adquirir e consumir os bens e serviços produzidos – esta questão diz respeito à distribuição de renda na sociedade. 2.3. Necessidades Humanas Podemos dizer que necessidade humana é a sensação de falta de alguma coisa reunida ao desejo de satisfazê-la. Não podemos deixar de dizer que nós possuímos necessidades biológicas e essas se renovam dia a dia, o que exige da sociedade a produção contínua de bens com a finalidade de atendê-las. Com o avanço da tecnologia e a perspectiva de aumento do padrão de vida, “novas” necessidades surgem, o que confirma que as necessidades humanas são ilimitadas, mas nem todas podemser satisfeitas. E é esse fato que explica a existência da economia, que auxilia a sociedade no estudo do modo de satisfazer, sempre que possível, tais necessidades. Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 16 2.4. Bens e Serviços De modo geral, pode-se dizer que bem é tudo aquilo que permite satisfazer uma ou diversas necessidades humanas. Os bens podem ser classificados em: Bens Econômicos: São relativamente escassos e necessitam de esforço humano na sua obtenção. Tais bens apresentam como característica básica o fato de terem um preço. Quanto à natureza, os Bens Econômicos são classificados em dois grupos: Bens Materiais e Bens Imateriais ou Serviços. Quanto ao destino, os Bens Materiais classificam-se em Bens de Consumo e Bens de Capital. Bens de Consumo: São aqueles diretamente utilizados para a satisfação das necessidades humanas. Podem ser de uso não-durável, ou seja, que desaparecem uma vez utilizados (alimentos, cosméticos, gasolina etc.) ou de uso durável, que têm como característica o fato de que podem ser usados por muito tempo (móveis, eletrodomésticos, automóveis, etc.). Bens de Capital (ou Bens de Produção): São aqueles que permitem produzir outros bens. São exemplos de Bens de Capital as máquinas, computadores, equipamentos, instalações, edifícios, etc. Bens Finais: Tanto os Bens de Consumo quanto os Bens de Capital são classificados como Bens Finais, uma vez que, tendo passado por todos os processos de transformação, encontram-se acabados. Bens Intermediários: que são aqueles que ainda precisam ser transformados para atingir sua forma definitiva. Eles são produtos utilizados no processo de produção de outros produtos, sendo também classificados como bens de capital. Como exemplo, podemos citar o fertilizante usado na produção de arroz, ou o aço usado na produção de automóveis. Serviços: Os serviços não têm existência física: um avião é físico (portanto, é um bem), mas o transporte que ele realiza (deslocar as pessoas para diversas localidades) não é algo físico, não pode ser tocado, sentido ou visto. 2.5. Recursos Produtivos Os Recursos Produtivos (também chamados de fatores de produção) são elementos utilizados no processo de fabricação dos mais variados tipos de mercadorias que serão utilizadas para satisfazer necessidades. Os Recursos Produtivos podem ser classificados em quatro grandes grupos: Terra, Trabalho, Capital e Capacidade Empresarial. Terra (ou Recursos Naturais): É o nome dado para mencionar os recursos naturais existentes tais como florestas, recursos minerais, recursos hídricos etc. Compreende não só o solo utilizado para agricultura, como também o solo utilizado na construção de estradas, casas etc. Trabalho: É o nome dado a todo esforço humano, físico ou mental, que se gasta na produção de bens e serviços. Capital (ou Bens de Capital): É definido como o conjunto de bens fabricados pelo homem e que não se destinam à satisfação das necessidades através do consumo, mas que Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 17 são utilizados no processo de produção de outros bens. O capital inclui todos os edifícios, todos os tipos de equipamentos e todos os estoques de materiais dos produtores, incluindo bens que estão em acabamento ou completamente acabados, e que podem ser utilizados na produção de bens. Capacidade Empresarial: Alguns economistas consideram a Capacidade empresarial um fator de produção. Por quê? Isto acontece porque o empresário exerce funções fundamentais para o processo produtivo. 2.6. Agentes Econômicos Agentes econômicos são pessoas de natureza física ou jurídica que, através de suas ações, contribuem para o funcionamento do sistema econômico. São eles: as Famílias (ou unidades familiares); as Empresas (ou unidades produtivas) e Governo. Famílias: Incluem todos os indivíduos e unidades familiares da economia, que, como consumidores, adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços com o objetivo de atender necessidades de consumo. Por outro lado, as famílias, no papel de proprietárias dos recursos produtivos, é que vão fornecer às empresas os diversos fatores de produção: Trabalho, Terra, Capital, e Capacidade Empresarial. Empresas: As Empresas são unidades encarregadas de produzir e/ou comercializar bens e serviços. A produção é realizada através da combinação dos fatores produtivos adquiridos juntos às famílias. Governo: O Governo inclui todas as organizações que, direta ou indiretamente, estão sob o controle do Estado, nas suas esferas federais, estaduais e municipais. Muitas vezes o governo intervém no sistema econômico atuando como empresário e produzindo bens e serviços através de suas empresas estatais (saúde, educação, energia, etc.). 2.7. Mercados Mercado é o local onde produtores e consumidores se encontram para realizar a compra e venda das mercadorias. Composto por indivíduos ou grupo de compradores e vendedores de um determinado bem ou serviço, onde os compradores determinam a demanda e os vendedores determinam a oferta do bem ou serviço. 2.8. Estrutura de Mercados Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 18 Os mercados de bens e serviços estão estruturados de formas diferentes. As várias estruturas são resultado da influência de alguns fatores que, combinados, definem as mesmas. Dentre os fatores que determinam as estruturas de mercado, destacam-se: o número de firmas (ou empresas); o tamanho ou dimensão das firmas; a extensão da interdependência entre as firmas; a homogeneidade (produtos com características semelhantes) ou o grau de heterogeneidade (diferenciação) do produto das diferentes firmas; a natureza e o número dos compradores; a extensão das informações que compradores e vendedores dispõem dos preços das transações de outros produtos; a habilidade das firmas individuais para influenciar a procura do mercado por meio da promoção do produto, melhoria na sua qualidade, facilidades especiais de comercialização etc.; a facilidade com que firmas entram e saem do mercado. 2.9. Principais Estruturas de Mercados As principais estruturas de mercados são: Concorrência perfeita; Monopólio; Oligopólio; Concorrência monopolística. Características das principais estruturas de mercado Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 19 3. Lei da Oferta e da Demanda Oferta e demanda são as duas forças que garantem o funcionamento de um mercado, determinando preços e a quantidade de produtos oferecidos. O termo oferta se refere à quantidade disponível de um produto, ou seja, aquela que as empresas querem ou podem vender. Já a demanda é a quantidade que os consumidores querem ou podem adquirir desse produto, ou seja, sua procura. A quantidade de produtos oferecidos – sua oferta – é determinada pelos vendedores. Ela é influenciada pelo preço desse produto no mercado, o custo dos insumos e a tecnologia, por exemplo. Já quem estabelece a demanda é o consumidor. A procura por um produto depende de fatores como seu preço, o poder aquisitivo da população, os gostos e a moda, a existência de produtos similares ou substitutos no mercado, dentre outros. Curva de demanda: A curva de demanda relaciona a disposição dos consumidores para comprar com o preço de venda do produto. Essa curva tem uma inclinação negativa (decrescente), pois quanto maior for o preço do produto, menos o consumidor estará interessado em adquirir. Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 20 Mudanças no gosto do consumidor, o surgimento de concorrentes e a variação da renda da população podem alterar essa relação. Por exemplo, se a população está com maior poder aquisitivo, os consumidores poderão aumentar a procura por determinados produtos, ainda que o preço não tenha sofrido alteração.Curva de oferta: Graficamente, a oferta é uma curva de inclinação positiva, ou seja, crescente. Ela relaciona a quantidade de produtos colocados no mercado ao preço que o produtor recebe por eles. Quanto maior for o preço, maior será a quantidade de produtos que os vendedores estarão dispostos a ofertar. O posicionamento dessa curva no gráfico pode ser afetado por outros fatores, como pelo custo de produção. Custos menores podem motivar os produtores a ofertar mais produtos, ainda que seu preço no mercado continue o mesmo. Em Economia a relação entre a oferta e a demanda é representada por um gráfico onde existe um único ponto de encontro conhecido como ponto de equilíbrio. Relação da oferta e demanda por um produto no mercado e a formação de seu preço. Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 21 O preço de equilíbrio é às vezes chamado de preço de ajustamento do mercado porque a este preço todo o mercado é atendido: os compradores compram o que desejam comprar e os vendedores vendem o que desejam vender. 3.1. Lei da oferta e demanda A demanda consiste no quanto os consumidores estão propensos a adquirir um produto ou serviço. Já a oferta é o quanto esses produtos e serviços estão disponíveis no mercado. Esses conceitos servem para entender uma lógica bastante recorrente e importante no mercado: a lei da procura e da oferta. Dessa maneira, quanto mais existe a oferta de um produto, menor é o seu valor. Afinal, são várias as empresas comercializando o mesmo artigo e, para conseguir vender mais, a forma de atrair mais consumidores é com o preço baixo. Por outro lado, quando a demanda é maior do que a oferta, os preços tendem a crescer. Esse movimento de subida e descida de preços faria com que o mercado acabasse por alcançar um ponto de equilíbrio, no qual a oferta é igual à demanda. Este modelo, no entanto, funcionaria apenas em um mercado com concorrência perfeita, ou seja, no qual existem muitos vendedores e muitos compradores. Essa situação tornaria esses agentes econômicos incapazes de sozinhos, alterar o equilíbrio de preços. 3.2. Como a demanda e a oferta interferem no seu negócio Quando você acompanha a oferta e a demanda de determinado produto no mercado, analisar o produzido e em produção torna fundamental para o sucesso de uma empresa, Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 22 fábrica, fazenda, etc. As movimentações do estoque fornecem avisos valiosos, como quais são os produtos mais procurados pelos seus clientes. O estoque também diz quais são as mercadorias com pouca saída e que podem só estarem pegando pó no armazém. Os produtos sem saída podem causar apenas prejuízos e a melhor decisão pode ser a de não os produzir mais ou não os comprar para revender. Já os artigos com maior saída não podem faltar no seu estoque. Essas informações todas ajudam você a entender como está o panorama da oferta e procura. Embora não sejam as únicas informações necessárias, são fundamentais para esse entendimento. E ao conhecer as oscilações do mercado é possível fazer previsões e, assim, tomar medidas preventivas. 4. Elasticidade Elasticidade é o percentual que uma variável oscila em decorrência da oscilação de uma outra variável. Uma variável é um valor que pode mudar. Ou seja, a elasticidade é um valor que varia em função de um outro valor. Na economia, este conceito diz respeito à quanto de variação na demanda ocorrerá em face a uma variação no preço de um determinado produto (Elasticidade-preço da demanda). A gestão de qualquer empreendimento (comercial ou agrícola) trabalha, intensamente, para descobrir o melhor patamar de precificação do seu produto. Dessa forma, o patamar mais bem precificado será aquele que trará maior lucratividade à empresa. Portanto, conhecer este conceito é fundamenta, não apenas para a gestão de uma empresa, mas também para o investidor. Como calcular a elasticidade: Como visto, essa equação representa a variação da demanda em função de uma variação no preço. Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 23 ΔQ = quantidade demandada final menos a inicial ΔP = preço final menos o inicial. Q = quantidade inicial. P = preço inicial e = elasticidade A elasticidade também pode ser calculada dividindo as variações pelas médias das quantidades e preços finais. As pessoas consomem mais quando o preço de um bem é menor. Ou seja: as pessoas, normalmente, apresentam uma inclinação na demanda negativa para os bens. Como a elasticidade funciona? Para entender em detalhes do conceito de elasticidade, é possível fazer uso de alguns exemplos que deixarão sua aplicação mais clara. Exemplo: Alguém vai ao shopping para comprar uma camisa, e está disposto a gastar R$ 100,00. Porém, se a camisa custar R$100,00, ela irá comprar apenas uma, se custar R$50,00 comprará duas, se custar R$25,00 comprará quatro, e assim por diante. Outro exemplo: alguém vai a um restaurante e deseja tomar um vinho durante seu jantar, mas antes gostaria de saber o preço. O comportamento normal é que, conforme a taça reduza de preço, o consumidor adquira cada vez mais taças. Portanto, se a taça custar R$90,00, talvez ele opte por consumir apenas uma. Se custar R$ 45,00 por consumir duas, e se custar R$ 30,00, três taças. Sendo assim, uma redução no preço aumenta a quantidade demandada. 4.1. Bens elásticos versos Bens inelásticos Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 24 Nem todos os bens possuem a característica de elasticidade. Por isso, é necessário entender os conceitos de bens elásticos e bens inelásticos. 1. Bens elásticos: Como foi visto anteriormente, o conceito de bens elásticos e inelásticos mensura a variação da demanda para uma determinada variação do preço. Bens elásticos são bens que possuem elasticidade maior que 1. Ou seja, a variação na demanda é maior do que a variação do preço. Portanto, um aumento no preço de 10% para um produto elástico, causará uma diminuição na quantidade demandada maior do que 10% para este mesmo produto. Por exemplo: O kg da picanha custava R$ 10,00 e sua quantidade demandada era de 20kg. Quando o preço se elevou a R$ 12,00 a quantidade demandada reduziu-se a apenas 10kg. Qual seria a elasticidade preço da demanda da picanha? Elasticidade = (10 – 20 / 20) / (12 – 10 / 10) = (-10 / 20) / (2 / 10) = – 2,50. Para o cálculo da elasticidade, considera-se apenas o módulo, pois para todo aumento de preço em bens normais, há uma redução da quantidade demandada. O sinal negativo serve apenas para representar está correlação negativa. Portanto, como 2,50 > 1, a picanha é um bem elástico. Isto fica claro, pois enquanto preço se elevou em apenas 20%, a quantidade demandada se reduziu à metade do que era antes. Ou seja, uma variação no preço causou uma variação maior na quantidade demandada. Da mesma forma que aumentos nos preços de bens elásticos causam uma redução mais forte na quantidade demandada, diminuições no preço causam um maior aumento de quantidade demandada. Ou seja, uma redução no preço em 10% causará um aumento na quantidade demandada maior que 10%. 2. Bens inelásticos: Bens inelásticos são o oposto dos bens elásticos. Ou seja: uma variação no preço causa uma resposta menor na quantidade demandada (tanto para o aumento quanto redução). Por exemplo: uma empresa de seguros de saúde elevou o preço de seus planos em 50%, saindo de R$ 100,00 para R$ 150,00. A quantidade demandada, que anteriormente era de 100 pessoas, passou a ser de 90 pessoas. Qual é a elasticidade dos planos de saúde, e que tipo de bem é ele? Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 25 Elasticidade = (90 – 100 / 100) / (150 – 100 / 100) = (-10 / 100) / (50 / 100) = – 0,2. Ou seja, um aumentode 1% no preço causa uma redução de apenas 0,2% na quantidade demandada. Por sua vez, um aumento de 50% no preço causa uma redução de 10% na quantidade demandada. Portanto, este é um bem inelástico, pois o módulo de sua elasticidade é menor que 1, e variações no preço tem efeito reduzido na quantidade demandada. 4.2. Fatores que afetam a elasticidade Existem alguns fatores principais que afetam a elasticidade dos bens na economia: Existência de bens substitutos Tempo Participação no orçamento Bens substitutos: É bastante intuitivo o porquê de existência ou não de bens substitutos poder definir se o bem é elástico ou inelástico. Por exemplo: alguém vai ao mercado comprar carne, mas o preço do kg da carne está muito caro. Portanto, é possível optar por um dentre os vários substitutos próximos da carne, como outras carnes mais baratas ou até mesmo o frango. Por outro lado, a inexistência de bens substitutos é uma característica de bens inelásticos. Por exemplo: a existência de um remédio que é produzido por apenas um laboratório. Se o preço deste remédio aumentar, não haverá outra opção senão a de continuar a consumir este remédio por um preço mais elevado, pois é uma questão de saúde. Sendo assim, a ausência de substitutos próximos faz com que aumentos de preço não causem fortes reduções na quantidade demandada. Tempo: Conforme o tempo decorrido da alteração do preço aumenta, o consumidor passa a ter mais alternativas para substituir um determinado bem, e a sua elasticidade tende a aumentar. Por exemplo, energia é um produto consideravelmente inelástico, pois não há muitos substitutos próximos. Se a energia, hoje sofrer um grande aumento do preço, é Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 26 possível seguir a vida normalmente nas próximas semanas ou meses, demandando a mesma quantidade de energia. No entanto, ao longo do tempo, é possível que as pessoas comecem a pensar em soluções. Como, por exemplo, instalar painéis de energia solar. Outro exemplo de como o tempo afeta a elasticidade ocorre com combustíveis. Um aumento no preço de combustíveis, no curto prazo não alterar a quantidade demanda, porém, a longo prazo a quantidade demandada pode ser alterada, utilizando, por exemplo: transporte público, aplicativos como o Uber, ou fazer uso de um sistema de caronas. Participação no orçamento: A participação no orçamento é outro fator determinante sobre a elasticidade e inelasticidade um bem. Por exemplo: o preço do quilo de sal dobrou. O preço de qualquer produto dobrar é um aumento bastante considerável. No entanto, como este bem responde a apenas uma pequena parcela no orçamento da maioria das pessoas, é normal que sua quantidade demandada não se altere de forma relevante. Agora, é possível imaginar o caso oposto: um apartamento à venda dobrou de preço. Nesse caso, a quantidade demandada certamente irá mudar. Isso ocorre, pois, a casa própria é um bem com uma participação muito relevante em um orçamento, portanto, a sensibilidade a mudanças de preço será maior para esse bem. 4.3. Outros tipos de elasticidade Até Agora tratamos da elasticidade preço da demanda. No entanto, existem uma série de outros tipos de elasticidade: Elasticidade Renda Elasticidade Preço da oferta Elasticidade Cruzada da demanda Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 27 Renda: A elasticidade renda mede a variação na quantidade demandada conforme a variação da renda de um consumidor. Os bens podem, de acordo com a elasticidade renda, serem classificados em bens normais ou bens inferiores. Bens normais são aqueles os quais a quantidade demanda aumenta conforme a renda aumenta, como, por exemplo, aparelhos eletrônicos. Já bens inferiores são aqueles que conforme a renda aumenta, a quantidade demandada se reduz, como, por exemplo, passagens de ônibus. Preço da oferta: A elasticidade preço da oferta mede a variação na oferta de um produto conforme a variação no preço deste produto. Ou seja, essa medição verifica o quão sensível é a oferta em relação às variações no preço. Normalmente, quanto maior o preço de um produto, maior será a quantidade ofertada do mesmo. A oferta elástica ocorrerá quando o aumento na quantidade ofertada for maior que a variação do preço, e a oferta rígida ocorrerá quando o contrário ocorrer. Cruzada da demanda: A elasticidade cruzada da demanda mede a variação na quantidade demandada de um bem de acordo com a variação do preço de outros bens. Entretanto, os bens podem, de acordo com a elasticidade cruzada, serem considerados complementares ou substitutos. Primeiramente, bens complementares são aqueles que, um aumento no preço de um bem, causa redução na quantidade demandada do outro bem — como, por exemplo, café e açúcar. Em segundo lugar, bens substitutos são aqueles os quais o aumento do preço de um bem, causa aumento na quantidade demandada de outro bem — como, por exemplo, carne e frango. 4.4. A importância da elasticidade na análise econômica O conceito de elasticidade é muito importante para a economia, mais especificamente, para o campo da microeconomia. O entendimento desse conceito pode ser fundamental tanto para o dono de um negócio quanto para um investidor que quer analisar mais profundamente os investimentos no qual quer investir. Unidade 1 – Introdução a Administração e Economia Rural 28 Entender a diferença entre elasticidade e inelasticidade é fundamental na hora de se avaliar um negócio. Haja vista, a produção de bens inelásticos pode ser um indicador de vantagens competitivas para empresas, enquanto bens elásticos podem indicar um ambiente concorrencial forte. Portanto, é crucial que o investidor/produtor tenha boa noção de elasticidade ao considerar os produtos nos quais vai investir. Referências: Barbosa, F. Françoise. Economia Rural. Montes Claros (MG). E-Tec Brasil/CEMF/Unimontes. 2011. Chiavenato, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Elsevier/Campus, 2004. Katz, Robert. Skills of an Effective Administrator, Harvard Review, jan./fev. 1955. Mintzberg, Henry. The Nature of Mangerial Work. Nova York: Harper & Row, 1973. Litterer, Joseph. Introdução à Administração. São Paulo: Livros Científicos, 1990. Maximiano, A. C. Amaru. Introdução à Administração. 5 ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2004. Teorias da Administração: Resumo Completo! Portal da Administração. Disponível em: https://www.portal-administracao.com/2017/08/principais-teorias-da- administracao.html. Acessado em 18.09.2020. Taylor, F. W. Princípios de administração científica. 8. ed. São Paulo. Atlas, 1990. Elasticidade: o que é e como analisar esse aspecto econômico? Site Sunoresearch. Disponível em: https://www.sunoresearch.com.br/artigos/elasticidade/. Acessado em 18.09.2020.
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