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Fraturas dos membros inferiores 2

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LESÕES TRAUMÁTICAS DO JOELHO 
• É a maior articulação do organismo, sendo formado por um planalto (tíbia) e duas 
bolas (côndilos femorais) 
• Sua estabilidade é garantida pelos ligamentos 
o Ligamento cruzado anterior (medial para lateral) 
o Ligamento cruzado posterior 
o Ligamento colateral lateral → preso ao menisco interno 
o Ligamento colateral medial → preso ao menisco medial 
• Entre o fêmur e a tíbia, tem-se menisco 
o Interno → não é bem aderido, tem inserções distantes 
o Externo → bem aderido ao planalto tibial 
• Estabilizadores dinâmicos → quadríceps (anteriormente) e ísquios tibiais 
(posteriormente) 
LESÕES MENISCAIS 
• Menisco é um estabilizador do joelho 
• Mecanismo de ação → trauma rotacional 
 
• É importante que as lesões meniscais sejam reparadas, sob pena de ficarem 
maiores, podendo ter uma artrose 
• Possui duas regiões: 
o Vermelha (vascularizada) → 20 a 30%. Fica próxima à cápsula. Risco de 
derrame sanguinolento se lesionada. 
o Não vascularizada → 80%. 
CLÍNICA 
• História (trauma rotacional) 
• Dor 
Lesões horizontais 
Lesões transversas 
Lesão em alça de balde: há deslocamento 
para dentro da articulação → bloqueando 
os movimentos 
 
 
• Derrame de repetição (principalmente acima da patela → acúmulo do líquido 
sinovial) 
• Falseio (ausência de segurança) 
• Bloqueio (comum em lesão de alça de balde) → “trava” 
• Atrofia do quadríceps 
TESTES 
SINAL DO RECHAÇO PATELAR (SINAL DA TECLA) 
• Com uma mão empurra o líquido que está no fundo de saco e com um dedo 
pressiona encima da patela. Se tiver líquido, a patela vai flutuar 
MANOBRA DE APLEY 
• 1º tempo → Paciente em 
decúbito ventral, examinador 
empurrada a tíbia do 
paciente contra o fêmur, 
pressionando o menisco. 
o Se quiser testar o 
menisco medial → 
rotação externa 
o Se quiser testar o 
menisco lateral → 
rotação interna 
• 2º tempo → examinador faz 
uma distração da tíbia → paciente refere dor no ligamento colateral 
MANOBRA DE MCMURRAY 
• Paciente em decúbito dorsal. Examinador força a flexão do 
joelho e rotaciona: 
o Externamente → menisco medial 
o Internamente → menisco lateral 
• Se quiser sensibilizar ainda mais a manobra, coloca o 
indicador na interlinha externa e rodar. Aumenta mais a dor. 
EXAME DE IMAGEM 
• RNM é o PADRÃO OURO para ver lesão meniscal 
CASO CLÍNICO 
• Masculino, 24 anos, trauma durante futebol há 
6h. Relata que o joelho “travou”. Procurou 
emergência onde foi constatado teste de Apley 
positivo. Solicitada uma RM. 
• Se travou → suspeitar de lesão horizontal em 
alça de balde 
• Tratamento → cirurgia artroscópica 
1º tempo: pressão 2º tempo: distração 
 
 
o Por meio de incisão entra uma “camisa” que tem internamente um trocater 
e acha-se a articulação. Ao encontrar, entra com um artroscópio pela 
camisa. 
o Shaver → usado para limpeza da sinovite 
o Bomba de pressão → faz o controle do fluxo de água e soro 
• Em caso de lesão incompleta (transversa/pequena), apenas resseca a região 
comprometida com uma pinça jacaré. Só regulariza, não precisando retirar o 
menisco todo. 
• Já em caso de lesão mais próxima da cápsula (região vascularizada) e paciente 
mais jovem, não retira tudo (risco de artrose), então SUTURA o menisco com uma 
âncora bioabsorvível. 
LESÕES DOS LIGAMENTOS 
LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL 
• Mecanismo da lesão → trauma em 
região lateral (de fora para dentro), 
causando excesso de valgismo → 
força o colateral medial 
o Pode ser só uma distensão ou 
lesão só da parte do folheto 
do ligamento colateral 
medial ou ainda uma lesão total 
• Se o trauma for ainda mais violento, o ligamento cruzado anterior poderia ser lesado. 
EXAME CLÍNICO 
• Estresse em valgo → flexão 30º 
o Sente o fêmur se afastar da tíbia 
TRÍADE INFELIZ 
• Ligamento colateral, menisco e ligamento 
cruzado anterior → joelho em extensão abre mais 
de 1,5 cm 
 
LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR 
• Mecanismo → pode ser o da tríade infeliz 
OU trauma direto no joelho que empurra 
o fêmur para trás (lesão isolada do LCA) 
• Tipos de lesão 
o Rotura (80%) 
o Estiramento 
o Desinserção do fêmur 
o Desinserção da tíbia 
EXAME CLÍNICO 
• Derrame articular 
• Dor 
 
 
o Realiza-se artrocentese para esvaziar a articulação 
▪ Se sair apenas líquido sinovial → suspeita de lesão meniscal 
▪ Se sair sangue → suspeita de lesão do ligamento cruzado 
▪ Se sair sangue com gotículas de gordura → suspeita de fratura oculta 
EXAME FÍSICO 
• Teste de Lachman 
o Com a perna fletida em 30º, puxa com uma 
mão a tíbia e com a outra o fêmur, em sentidos 
opostos. Se o ligamento está íntegro, a tíbia não 
avança. Se roto, consegue avançar com a tíbia. 
• Sinal da Gaveta Anterior 
o Se o paciente chega alguns dias depois do 
trauma, já se consegue fletir o joelho em 90º. Apoia 
o pé do paciente com o glúteo do examinador 
para que não seja deslocado. Polegar do 
examinador fica na tuberosidade e os demais 
dedos na panturrilha. Então examinador puxa 
para frente, se tiver lesão do ligamento cruzado, a 
tuberosidade ficará bem proeminente. 
o Não consegue ser feito na emergência 
EXAME DE IMAGEM 
• RNM 
 
TRATAMENTO 
• Reconstrução 
o Osso-tendão- osso → tendão patelar (MAIS 
USADO) 
▪ Parafuso de interferência → inserido 
para SUSTENTAR o tendão 
o Outra técnica é com retirada dos ísquios 
tibiais (retira o semitendíneo) 
• Meniscos medial e lateral 
estão normais 
• Ligamento cruzado 
posterior normal 
• Ligamento cruzado 
anterior lesionado 
 
 
FRATURAS 
 
CASO 1 
• Paciente, 67 anos, queda de escada há 2 dias. Sinal da tecla positivo. Não 
conseguia andar, com muita dor. Tratada com tala de gesso 
• Artrocentese → hemartrose + gotículas de gordura 
 
• Tratamento → osteossíntese com parafusos canulados (técnica minimamente 
invasiva) 
CASO 2 
 
 
Fratura unicondiliana medial → 
totalmente desviada 
Tratamento cirúrgico → com 
placa bloqueada e parafuso 
(osteossíntese). As vezes é 
necessário colocar também 
enxerto 
 
 
CASO 3 
 
• Fratura do planalto tibial que vai até a tíbia → imobilização provisória 
• Fratura do côndilo externo com desvio, além de fratura na diáfise da tíbia 
• Técnica utilizada → osteossíntese com placa ponte 
CASO 4 
 
CASO 5 
 
 
 
 
 
Fratura bicondiliana → mais 
graves, possui cominução (vários 
fragmentos) 
Tratamento cirúrgico → 
osteossíntese com placas, 
parafusos e enxertos 
Se abrir, há alto risco de infecção. Então precisa usar técnicas minimamente 
invasivas para realizar a redução → osteossíntese com parafusos e fixadores 
externos. 
Posteriormente retira-se o fixador externo 
 
 
FRATURAS DO APARELHO EXTENSOR DO JOELHO 
• É mais comum quando se tem uma fratura da patela 
(2), mas pode ser também do quadríceps (1) ou do 
tendão patelar (3) 
• Menos comum é o do quadríceps 
 
• Fratura de patela 
o Caso → PKDC, feminina, 41 anos, queda de moto há 6h. Ao exame 
apresentava dor, equimose, “gap”, impossibilidade de extensão do joelho 
o Tratamento cirúrgico → passa 2 fios de Kirschner e um arame enrolando tudo 
→ é uma técnica de cerclagem 
▪ Exceção → conservador nos casos em que a patela não tem desvio 
ou o desvio é de 2mm. São RARAS. 
 
FRATURA DOS OSSOS DA PERNA 
• A tíbia é um osso subcutâneo, então a sua 
vasculatura vem da musculatura da 
panturrilha. Porém é uma vascularização 
deficitária. 
o Fratura da tíbia sangra muito e este 
sangue pode se acumular nos 
compartimentos anterior, lateral ou 
posterior → provocando 
compressão na artéria e na vênula 
e o músculo entrará em necrose → Doença Compartimental 
o A tíbia NÃO tolera deformidades NEM angulação → risco de artrose futura 
• Tratamento 
o Conservador → se não tiver angulação nem desvio → gesso ignopédico. 
Mais comum em crianças → rápida consolidação. 
Lesão do quadríceps total 
Tratamento cirúrgico → sutura 
 
 
o Cirúrgico → placas em ponte, fixadores externos(em caso de fratura 
exposta) e hastes intramedulares bloqueadas (tratamento de escolha em 
adultos) 
 
 
 
 
CASO 1 
• Paciente feminina, 75 anos, fratura exposta da tíbia há 6 meses. Ao exame queixava-
se de dor, mobilidade no 1/3 médio da perna 
Pode-se usar fixador 
externo provisório para 
retificar a fratura 
Haste intramedular 
bloqueada + parafusos 
proximais e distais (para 
bloquear a rotação) 
Placa em ponte → é uma 
outra opção quando em 
hospital sem 
intensificador de 
imagem, por exemplo. 
Desvantagem → 
paciente não pode pisar 
Fixador externo linear 
para os casos de 
fratura exposta 
 
 
 
FRATURAS E LUXAÇÕES DO TORNOZELO 
• Mecanismo 
o INVERSÃO causando: 
▪ Lesão dos ligamentos 
laterais → entorse 
▪ Ligamentos íntegros e 
arranque osso → 
fratura do maléolo 
externo 
▪ Fratura do maléolo 
medial com ruptura do ligamento 
colateral lateral 
▪ Fratura dos maléolos medial e lateral 
→ bimaleolar 
o EVERSÃO causando: 
▪ Fratura do maléolo lateral com 
ruptura do ligamento deltoide → 
fratura em espiral 
▪ Fratura dos dois maléolos → 
bimaleolar 
• Classificação de Weber 
o Para identificar se a fratura pode ter tratamento conservador ou cirúrgico 
o Focar na fratura da fíbula (maléolo externo) 
o Tipo A → Infrasindesmal (abaixo da sindesmose) 
▪ I → entorse: tratamento 
conservador 
▪ II e III→ Infrasindesmal (abaixo 
da sindesmose) sem desvio: 
tratamento conservador 
▪ IV → Infrasindesmal com desvio: 
tratamento cirúrgico 
Fratura 
exposta que 
não 
consolidou 
Fixador externo linear 
para os casos de 
fratura exposta 
Haste bloqueada que quando a 
paciente pisa permite a 
consolidação, resolvendo o 
problema da pseudoartrose 
 
 
o Tipo B → Transindesmal (ao nível da 
sindesmose ou ligamento tíbiofibular 
anterior) 
▪ Geralmente fraturas em espiral 
▪ Tratamento cirúrgico → 
osteossíntese com placas e 
parafusos 
 
o Tipo C → Suprasindesmal (acima da 
sindesmose) 
▪ Lesão da sindesmose + lesão do 
deltoide + fratura na fíbula 
▪ Lesão gravíssima 
▪ Tratamento cirúrgico → 
reconstrução da membrana 
interóssea 
FRATURAS DO PLANATO TIBIAL 
• Comum em pacientes que caem de escada, de 
grande altura. 
• Causa fratura intra-articular da tíbia e fratura da 
fíbula 
• Tratamento cirúrgico → osteossíntese com 
placas e parafusos 
FRATURAS DO TARSO 
FRATURA DO TÁLUS 
• Possui vascularização retrógrada o que gera risco de necrose isquêmica (avascular), 
além de prejudicar a consolidação, aumentando o risco de pseudoartrose → tem 
indicação cirúrgica, principalmente nos casos em que há separação 
o Cirurgia feita com pequenas incisões 
→ fios de Kirschner e por dentro dele 
passam parafusos canulados 
 
 
 
 
 
FRATURA DO CALCÂNEO 
• Comum em pacientes que sofrem quedas de grande 
altura 
• Possui 3 facetas que se articulam com o tálus 
o Anterior 
o Média 
o Posterior 
EXAME CLÍNICO 
• Paciente apresenta equimose na planta do pé, dor, 
impossibilidade de andar 
RAIO X 
• É importante avaliar no raio X se o ângulo crítico está normal ou afundado. Assim 
como o ângulo de Bohler, podem estar alterados quando o tálus esmaga o 
calcâneo. 
• Ângulos totalmente desfeitos, pois o tálus entrou dentro do calcâneo provocando 
uma fratura cominutiva 
 
LESÃO ASSOCIADA → FRATURA COLUNA LOMBAR 
• Paciente com fratura de calcâneo → NÃO ESQUECER DE EXAMINAR A COLUNA 
TIPOS 
• Extra articular 
o Com desvio → tratamento cirúrgico 
(osteossíntese com parafusos) → Raio X 
ao lado mostra que parte óssea do 
calcâneo foi puxada pelo tendão de 
Aquiles. A articulação está mantida 
o Simples 
▪ Não pega na articulação → não 
precisa de cirurgia, basta tratamento 
conservador (tala → gesso) 
 
 
 
 
• Intra articular 
o Necessária realização de TC 
o Classificação de Sanders (TC) vai 
apresentar os desvios 
o Tratamento cirúrgico → osteossíntese 
com placas e parafusos 
• Cominutiva 
o Aparência de “saco de osso” 
o Não é possível realizar redução anatômica 
o Usa o método Essex-Lopresti → usa fios de 
Kirschner ou fio rosqueado (melhor ainda) 
tentando melhorar a fratura para que não 
fique nenhuma deformidade 
 
FRATURAS DOS METATARSIANOS 
FRATURA DO 5º METATARSIANO 
• Mesmo mecanismo do entorse 
o Tendão fibular curto pode fazer 
fratura do 5º metatarso e a dor não 
será ao nível do ligamento 
fibulotalar, MAS ao nível da base do 
5º metatarso 
• Tratamento → conversador (bota) 
o MAS em caso de paciente mais 
velho em que não consegue consolidar OU paciente que é jogador de 
futebol e precisa se recuperar rápido → CIRÚRGICO (minimamente invasiva) 
→ osteossíntese com parafuso 
FRATURA MÚLTIPLA DOS METATARSIANOS 
• Pode, a depender da disponibilidade financeira do 
paciente: 
o Realizar osteossíntese com placas e 
parafusos; OU 
o Passar fios de Kirschner intramedular 
 
FRATURA DAS FALANGES 
• basta alinhar (colocando algodão entre os dedos) 
e imobilizar com esparadrapo 
• Com duas semanas a fratura estará consolidada

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