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ÚLCERAS GENITAIS SÍFILIS · Causada pelo Treponema pallidum (uma espiroqueta) · É uma IST caracterizada por períodos sintomáticos e períodos de latência CLASSIFICAÇÃO · Sífilis recente: até 1 ano após a infecção · Engloba a sífilis primária, secundária e latente (latente recente) · Sífilis tardia: após 1 ano da infecção · Engloba a sífilis latente (latente tardia) e sífilis terciária APRESENTAÇÃO CLÍNICA Sífilis recente · Sífilis primária: · Também conhecida como cancro duro · Presença de úlcera INDOLOR, com fundo limpo (geralmente com fundo rosa), com bordas bem definidas, geralmente única e medindo cerca de 2 cm · Cerca de 1 semana depois pode haver o aparecimento de linfadenopatia local (uni ou bilateral) indolor · Mesmo sem tratamento, a lesão regride sozinha em cerca de 4 semanas · Sífilis secundária: · Pode ocorrer cerca de 4-8 semanas após a lesão da sífilis primária regredir. · Caracterizada por lesões não ulceradas · Presença de pápulas e manchas, chamadas de sifílides papulosas (pápulas castanhas/eritematosas), roséolas sifilíticas (manchas eritematosas), condiloma plano (pápulas hipertróficas). · Pode haver também alopecia e madarose · Outros sinais e sintomas que podem estar presentes: adinamia, cefaleia e linfadenopatia generalizada · Mesmo sem tratamento, as lesões regridem espontaneamente em até 6 semanas Presente em tronco e raíz dos membros Presente em região plantar e palmar Diagnóstico diferencial com HPV · Sífilis latente recente: · Período em que o paciente está assintomático, sendo o diagnóstico feito através dos testes laboratoriais · Enquadrado em recente se tiver menos de 1 ano. · Após 1 ano, latente tardia · Se não tratada, a pessoa pode ficar na fase de sífilis latente por toda a vida, sem complicações, ou pode desenvolver a sífilis terciária em até 25% dos casos Sífilis tardia · Sífilis latente tardia: · Conforme explicado anteriormente · Sífilis terciária · Cada vez mais rara de ser encontrada · Caracterizada por importantes complicações, como: · Gomas sifilíticas (tubérculos), · Artropatia de Charcot, · Tabes dorsalis ou; · Aneurisma de aorta. DIAGNÓSTICO · MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS + EXAMES LABORATORIAIS · Pesquisa direta do Treponema nas lesões (pesquisa de treponema em campo escuro ou através da imunofluorescência direta), ou, como é mais comum, a realização de testes sorológicos. · Exame em campo escuro é o padrão-ouro na sífilis primária · 2 tipos de testes sorológicos: · Treponêmicos · São bastante específicos e são os primeiros a ficar positivos (a partir de 1 semana após a infecção) · Detectam anticorpos contra o treponema, ou seja, em caso de contato com o treponema, o teste ficará positivo para o resto da vida em 85% dos casos · São utilizados para confirmar o diagnóstico de sífilis por serem muito específico e ficar sempre positivo · Teste mais utilizados: FTA-Abs, TPHA, teste rápido, ELISA · Não-treponêmicos (VDRL) · Consiste na detecção de anticorpos contra cardiolipina do Treponema pallidum · Pode estar presente também em doenças reumáticas · Apresenta mais falso positivos que o teste treponêmico, demoram mais para aparecer (a partir de 2 semanas após a infecção). · Geralmente regride depois de alguns meses após o tratamento (porém, podem permanecer títulos baixos indicativos de cicatriz imunológica por toda a vida · O VDRL é avaliado quantitativamente através das diluições do soro (1:2, 1:4, 1:8, 1:16, etc.) · De acordo com o MS, é preciso um teste treponêmico e um teste não treponêmico para confirmar o diagnóstico de sífilis (independente da ordem) VDRL FTS-Abs Interpretação - - Não é sífilis* - + Cicatriz sorológica + - Falso positivo + + É sífilis** *Lembrar que o teste treponêmico leva pelo menos 1 semana para positivar e o não-treponêmico pelo menos 2 semanas, portanto, a paciente pode estar dentro do período de janela imunológica e ainda não ter soroconvertido. Se apresentou situação de risco para sífilis nos últimos 3 meses, repetir o teste em 30 dias **Se a paciente foi tratada recentemente para sífilis, os títulos sorológicos podem ainda não ter caído TRATAMENTO · Feito com Penicilina G Benzatina (Benzetacil), conforme o esquema: · Sífilis recente (primária, secundária, latente recente): · 2.4 milhões UI, IM, em dose única (1.2 milhão UI em cada nádega) · Sífilis tardia (latente tardia, terciária ou duração incerta): · 2.4 milhões UI, IM, 3 doses (com intervalo de 1 semana entre cada dose). Total: 7,2 milhões UI · Se alergia à penicilina, deve ser tentada a dessensibilização à droga · Caso não seja possível, utilizar a doxiciclina, tetraciclina ou ceftriaxone · Seguimento: · Sorologia a cada 3 meses no primeiro ano, até os títulos de VDRL negativarem · VDRL: 3, 6, 9, 12 meses · Se após 1 ano o VDRL ainda for positivo, devem ser realizadas sorologia a cada 6 meses no segundo ano. · Se o título se mantiver em dose baixa (1:4, 1:2) consideramos como cicatriz sorológica · Se os títulos aumentarem em pelo menos 2 titulações (ex.: 1:4 para 1:16), é indicativo de reinfecção e a paciente deverá ser novamente tratada · Não há imunidade adquirida contra sífilis A pessoa pode se infetar incontáveis vezes durante a vida · Por ser uma IST, o (s) parceiro (s) também devem ser convocados e tratados · Resposta adequada ao tratamento: · Queda na titulação em duas diluições (Ex.: de 1:64 para 1:16) · Recente: até 6 meses · Tardia: até 12 meses · Cicatriza sorológica: · Persistência de resultado reagente após queda esperada · Retratamento: · Ausência de redução da titulação em duas diluições · Aumento da titulação em duas diluições ou mais · Persistência ou recorrência de sinais e sintomas clínicos SÍFILIS NA GESTAÇÃO · Há as mesmas formas de apresentação da doença, porém, há um elevado risco de transmissão de sífilis neonatal · Portanto, é preconizado pelo MS o exame de rastreio para sífilis através da realização do teste rápido (teste treponêmico) no 1º e no 3º trimestre da gravidez · Caso o teste rápido venha positivo, vamos realizar o teste não-treponêmico (VDRL), mas, diferentemente das pacientes não-gestantes, não devemos aguardar o resultado do segundo exame para confirmação diagnóstica e, sim, começar o tratamento! Nas gestantes, após qualquer exame para sífilis positivo, colhe-se um outro exame (p.ex., no caso de teste treponêmico positivo, colhe-se um teste não-treponêmico), porém, o tratamento é iniciado imediatamente · Gestante com teste rápido/treponêmico positivo para sífilis: · Fazer a primeira dose da penicilina, colher o VDRL e agendar retorno em 7 dias para o resultado do VDRL. · Se o VDRL vier reagente, vamos completar o esquema terapêutico · Caso venha não reagente, não temos o diagnóstico de sífilis confirmado (pode ter sido um falso positivo, muito comum na gestação) e, então, vamos coletar uma nova amostra para testagem e reavaliar o resultado · O tratamento é feito da mesma forma que nas pacientes não gestantes · Sífilis recente: 1 dose de benzetacil de 2.4 milhões UI · Sífilis tardia: 3 doses de benzetacil de 2,4 milhões UI · Gestantes com alergia à penicilina: fazer dessensibilização gestantes que não foram tratadas com penicilina serão consideradas como inadequadamente tratadas na hora do parto · Seguimento: · Feito com avaliação de novos títulos de maneira mensal · Requisitos para considerar a gestante corretamente tratada segundo o MS: · Administração de penicilina benzatina · Início do tratamento até 30 dias antes do parto · Esquema terapêutico de acordo com o estágio clínico · Respeito ao intervalo recomendado de doses · Avaliação quanto ao risco de reinfecção · Documentação de queda do título do teste não treponêmico em pelo menos duas diluições em 3 meses, ou de 4 diluições em 6 meses após a conclusão do tratamento · O fato de o parceiro adequadamente tratado não é mais item obrigatório para a gestante ser considerada corretamente tratada. CANCRO MOLE · É uma IST causada pelo Haemophilus ducreyi · Ao contrário da sífilis, causa úlceras dolorosas e geralmente múltiplas · É chamado de cancro“mole” devido ao seu fundo sujo/purulento/amolecido/irregular, com odor fétido. · Possui bordas irregulares · Pode haver linfadenopatia dolorosa, geralmente unilateral · A adenopatia fistuliza para 1 orifício DIAGNÓSTICO · Pesquisa bacterioscópica com Gram ou Giemsa, porém, na prática, esse exame não é de fácil acesso · A clínica irá guiar o diagnóstico, principalmente quando houver úlcera dolorosa + linfadenopatia dolorosa · Úlcera com supuração é considerado patognomônico TRATAMENTO · Azitromicina 1g, VO, em dose única OU Ceftriaxone 500mg, IM, em dose única HERPES · É a úlcera genital mais comum, a · Dois tipos de Herpes-Simplex Virus (HSV) levam à lesão do herpes: · Tipo 1: que causa herpes oral, na maioria das vezes · Tipo 2: que causa herpes genital, na maioria das vezes · Esse vírus fica latente no tecido neural por toda a vida, podendo ser reativado a qualquer momento, principalmente em situações de baixa imunidade. · Porém, a reativação tende a diminuir ao longo dos anos · Antes do surgimento das lesões, pode haver um período de pródromos: · Sensação de queimação local · Prurido · Aumento da sensibilidade ou mesmo formigamento · As lesões surgem no formato de pequenas pápulas eritematosas e dolorosas, que evoluem para vesículas e, ao se romperem, formam pequenas úlceras (que podem coalescer e formar úlceras maiores) · As úlceras são rasas, com bordas lisas e vão evoluir para a formação de crostas e cicatrização · Úlceras múltiplas, rasas e dolorosas · Pápula Vesícula Úlcera Crosta · Pode haver linfadenopatia dolorosa bilateralmente que não fistuliza · Primoinfecção: Pode haver sintomas sistêmicos, como: astenia, mialgia e até mesmo febre. TRATAMENTO · Segundo o MS: · Aciclovir VO (400 mg de 8/8h ou 200 mg 5x/d) por 7-10 dias na primo-infecção ou 5 dias nas infecções recorrentes · Segundo o CDC 2015: · Também podem ser utilizados o fanciclovir ou valaciclovir · O tratamento tópico não possui benefício comprovado. · Na gestação o tratamento é feito da mesma forma · Se lesão ativa no momento do parto, deverá ser realizada cesariana pelo risco de transmissão neonatal. LINFOGRANULOMA VENÉREO · É uma IST causada pela Chlamydia tracomatis (sorotipos L1, L2 e L3) e apresenta três fases clínicas: · Pápulas Adenopatia inguinal dolorosa Sequelas · As pápulas são indolores, muitas vezes passam despercebidas. · A adenopatia inguinal dolorosa (bubão) ocorre em até 6 semanas após as pápulas, é unilateral e pode apresentar fistulização em múltiplos orifícios (fistulização em “bico de regador”) · Nessa fase, pode ocorrer febre, astenia, mialgia ou outros sintomas sistêmicos · A fase de sequelas engloba várias complicações, como formação de fístulas e obstrução linfática crônica TRATAMENTO · É longo e utiliza-se doxiciclina 100 mg, 12/12h por 21 dias · Na gestação: Azitromicina 1g, 1x/semana, por 3 semanas. · Não há consenso se a adenopatia deve ser drenada ou não DONOVANOSE · Causada pela Klebsiella granulomatis · É uma doença arrastada e, por sua cronicidade, é um diagnóstico diferencial de câncer de vulva QUADRO CLÍNICO · Formação de Pseudo-bubão (uma nodulação subcutânea) indolor e geralmente unilateral · Pode evoluir para a formação de uma lesão ulcerada, com bordas hipertróficas bem delimitadas, e uma base de aspecto vermelho vivo de fácil sangramento · Pode formar lesões vegetantes extensas, mas sempre indolor DIAGNÓSTICO · BIÓPSIA · Serão observados corpúsculos de Donovan TRATAMENTO · Doxiciclina 100mg, 12/12h, por 21 dias ou até o desaparecimento das lesões OU; · Azitromicina 1g VO 1x/sem por 3 semanas ou até o desaparecimento das lesões Úlcera indolor, de borda hipertrófica, delimitada, fundo granuloso e friável Possui evolução lenta e progressiva.
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