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Prévia do material em texto

A educação ambiental é um instrumento 
poderoso para a melhoria da qualidade de 
vida de todos que habitam o planeta. Por 
meio da educação, efetiva-se a formação de 
cidadãos críticos, capazes de reconhecer e 
atuar sobre os problemas ambientais que 
assolam a sociedade. O atual estágio de 
degradação ambiental requer sensibiliza-
ção e conhecimento de que as mudanças 
são necessárias e a sobrevivência dos seres 
vivos depende delas.
Os saberes da educação ambiental consti-
tuem um campo teórico em construção, o 
que requer diálogo entre as áreas do co-
nhecimento e os saberes ditos tradicionais, 
além dos que são frutos do cotidiano e das 
experiências. Ao equilibrar os conhecimen-
tos populares, bem como aqueles oriundos 
das pesquisas científicas, constroem-se 
novos caminhos que podem levar a trans-
formações benéficas para o meio ambiente.
Esta obra não tem a pretensão de esgotar 
o assunto, o que seria impossível devido à 
amplitude do debate ambiental, mas sim 
de trazer as informações básicas para a 
compreensão geral da educação ambiental, 
com o intuito de aguçar a curiosidade para 
novas leituras que instiguem a sensibiliza-
ção para os problemas ambientais.
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6643-8
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 4 3 8
Código Logístico
59437
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Educação Ambiental 
Alessandra Aparecida Pereira Chaves
IESDE BRASIL
2020
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2020 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: ponsulak/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C438e
Chaves, Alessandra Aparecida Pereira
Educação ambiental / Alessandra Aparecida Pereira Chaves. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 
124 p. : il.
Inclui bibliografia
IISBN 978-85-387-6643-8
1. Educação ambiental. 2. Educação ambiental - História. 3. Desenvol-
vimento econômico - Aspectos ambientais. 4. Política ambiental. I. Título.
20-64085 CDD: 363.7 
CDU: 502.1
Alessandra Aparecida 
Pereira Chaves
Doutora em Tecnologia e Sociedade pela Universidade 
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Mestre 
em Tecnologia pela mesma instituição. Bacharel e 
licenciada em Filosofia pela Universidade Federal do 
Paraná (UFPR). Licenciada em Pedagogia pelo Centro 
Universitário Campos de Andrade (Uniandrade). Atua 
no ensino fundamental há 18 anos. É autora de artigos 
científicos na área de meio ambiente, tecnologia e 
educação. Atualmente, é pedagoga da Secretaria 
Municipal da Educação de Curitiba, onde atua com 
formação continuada de professores e pedagogos do 
ensino fundamental.
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Natureza e sociedade 9
1.1 Relação entre ser humano e natureza 9
1.2 Transformações nos processos produtivos 15
1.3 A Era Industrial e os impactos ambientais 20
2 Consumo, consumismo e meio ambiente 26
2.1 Consumo e consumismo 26
2.2 Resíduos sólidos urbanos e impactos ambientais 34
2.3 Preservação e conservação ambientais 39
3 História da educação ambiental 47
3.1 Movimentos ambientalistas mundiais: 
 entre as décadas de 1960 e 1970 47
3.2 Movimentos ambientalistas mundiais: a partir de 1980 50
3.3 Movimentos ambientalistas no Brasil: primeiros passos 55
3.4 Movimentos ambientalistas no Brasil: a partir de 1960 58
3.5 Início da educação ambiental 63
4 Políticas de educação ambiental 71
4.1 Marcos legais ambientais internacionais 71
4.2 Legislação ambiental brasileira 77
4.3 Objetivos da educação ambiental 83
4.4 Correntes epistemológicas de educação ambiental 87
5 Educação ambiental e sustentabilidade 96
5.1 Educação ambiental para a sustentabilidade 97
5.2 Práticas de educação ambiental nas residências 103
5.3 Práticas de educação ambiental nas instituições de ensino 106
5.4 Práticas de educação ambiental nas empresas 5 110
 Gabarito 115
A educação ambiental é um instrumento poderoso para a melhoria da 
qualidade de vida de todos que habitam o planeta. Por meio da educação, 
efetiva-se a formação de cidadãos críticos, capazes de reconhecer e atuar 
sobre os problemas ambientais que assolam a sociedade. O atual estágio 
de degradação ambiental requer sensibilização e conhecimento de que as 
mudanças são necessárias e a sobrevivência dos seres vivos depende delas.
Os saberes da educação ambiental constituem um campo teórico em 
construção, o que requer diálogo entre as áreas do conhecimento e os saberes 
ditos tradicionais, além dos que são frutos do cotidiano e das experiências. 
Ao equilibrar os conhecimentos populares, bem como aqueles oriundos 
das pesquisas científicas, constroem-se novos caminhos que podem levar a 
transformações benéficas para o meio ambiente.
Cada capítulo foi pensado e organizado de modo a permitir, ao leitor, fazer 
análises de seu contexto, de sua própria trajetória de vida, de sua relação com 
o meio ambiente e das mudanças que são passíveis de serem inseridas no 
cotidiano de cada um. Iniciamos com a história da humanidade voltada para 
os aspectos do consumo, passando pela Revolução Industrial e a produção 
em larga escala. Em seguida, abordamos as consequências do consumismo, 
que desencadeou uma série de eventos, debates, acordos e legislações sobre 
o meio ambiente. Finalizamos apresentando a educação ambiental como uma 
possibilidade para promover mudanças no cotidiano da sociedade.
Neste livro, optamos por usar uma linguagem acessível, sem deixar de 
ser científica, com o objetivo de levar a uma reflexão que possa promover 
mudanças. Além disso, ao final dos capítulos, há atividades desafiadoras 
para que os assuntos abordados possam ser retomados e, mais uma vez, 
provoquem indagações sobre os desafios que se colocam na atualidade.
Em suma, esta obra não tem a pretensão de esgotar o assunto, o que 
seria impossível devido à amplitude do debate ambiental, mas sim de trazer 
as informações básicas para a compreensão geral da educação ambiental, 
com o intuito de aguçar a curiosidade para novas leituras que instiguem a 
sensibilização para os problemas ambientais.
Bons estudos!
APRESENTAÇÃO
Natureza e sociedade 9
1
Natureza e sociedade
Neste capítulo, faremos um giro histórico pelos primórdios da 
humanidade, apresentando um panorama da formação das pri-
meiras sociedades e as mudanças na relação do ser humano com 
a natureza. O estado de evolução em que se encontra a humani-
dade é fruto de experiências, descobertas, observações, deduções, 
tentativas, acertos e erros de muitas gerações. Graças à curiosida-
de, à necessidade e à criatividade dos nossos antepassados, foram 
desenvolvidos utensílios, ferramentas, armas, remédios, meios de 
comunicação e de transporte que permitiram à humanidade ultra-
passar as fronteiras do tempo e do espaço.
Cada tempo histórico, em cada região do mundo, tem sua 
importância e cooperou para que os saberes humanos fossem 
aprofundados. O progresso levou ao comércio do excedente e à 
industrialização, culminando na exploração exacerbada dos recur-
sos naturais, cujas consequências são sentidas pelos seres huma-
nos e pelos demais seres. Assim, neste capítulo, não se pretende 
esgotar esses assuntos, mas promover uma breve contextualiza-
ção de modo a possibilitar uma melhor compreensão da narrativahistórica dos temas que serão abordados.
1.1 Relação entre ser humano e natureza 
Vídeo Nos primórdios do desenvolvimento humano, com base nos regis-
tros históricos, houve uma época em que as populações eram compos-
tas de caçadores-coletores e escolhiam ocupar áreas onde a natureza 
lhes permitisse sobreviver. No período chamado de Paleolítico, entre 
2,7 milhões de anos até 10.000 a.C., também conhecido como Idade da 
Pedra Lascada, ocorreu a domesticação do fogo, que era utilizado para 
iluminação, aquecimento e cozimento dos alimentos. Nesse período, 
os seres humanos eram nômades e habitavam as cavernas. Para caçar, 
utilizavam ferramentas de ossos e pedras.
10 Educação Ambiental
Com o passar do tempo, as pessoas foram se organizando em pe-
quenos grupos e passaram de sociedade nômade para sedentária, além 
de cultivar algumas espécies de plantas e domesticar determinados 
animais. Ainda era comum buscar outro lugar para viver, quando os ali-
mentos ficavam escassos em uma determinada área, o que impedia o 
acúmulo de muitos pertences e de constituir uma comunidade fixa.
Em tempos de perigo, as crianças muito pequenas eram bastante 
afetadas. Por serem dependentes, quando era preciso fugir ou aban-
donar determinada região que sofria algum tipo de ameaça, natural ou 
de outro grupo, as crianças podiam ser abandonadas à própria sorte. 
Aqui, é importante observar que as relações humanas de afeto e apego 
também foram mudando ao longo do tempo.
É no período chamado de Mesolítico, entre 10 mil e 5 mil a.C., que as 
pessoas começam a abandonar as cavernas e passam a construir abri-
gos. Com o desenvolvimento de ferramentas mais sofisticadas, a caça 
de animais se torna mais precisa, o que garante um consumo maior de 
proteínas, além da utilização da pele dos animais para aquecimento 
em temperaturas mais frias. A simples coleta de plantas dava lugar ao 
cultivo de alimentos que sustentassem mais e que agradassem ao pala-
dar. Os seres humanos foram experimentando as plantas a que tinham 
acesso e descobrindo o que era venenoso, o que ficava mais agradável 
com o cozimento e o que era digerido com mais facilidade.
Povos de distintas regiões do mundo deram início à produção de 
alimentos em variados tempos da Pré-História. Diamond (2009) relata 
que a seleção de plantas silvestres para a domesticação se dava pelo 
tamanho e pelo gosto. “Entre as primeiras árvores frutíferas domesti-
cadas no Mediterrâneo estavam as oliveiras” (DIAMOND, 2009, p. 118). 
Com o passar do tempo, as pessoas foram desenvolvendo formas de 
estocar alimentos para períodos de escassez e começaram a se fixar 
em pequenas comunidades, com o objetivo de se proteger e dividir 
tarefas. Em consequência dessa nova organização e com mais alimento 
disponível, aumentavam a reprodução e a sobrevivência humana.
Ao selecionar e cultivar as poucas espécies de plantas e animais 
que podemos comer [...], obtemos um volume muito maior de 
calorias por hectare. Em consequência disso, um hectare pode 
alimentar muito mais criadores e agricultores [...], do que o mé-
todo dos caçadores-coletores.
Nas sociedades humanas que possuíam animais domésticos, 
eles alimentavam mais gente de quatro maneiras distintas: ao 
fornecer carne, leite e fertilizantes, e ajudando a arar a terra 
(DIAMOND, 2009, p. 86).
É importante destacar que, nos seis continentes da Terra, havia coi-
sas acontecendo de diferentes formas. Nem todos os povos deixaram 
de ser nômades ao mesmo tempo, tampouco a domesticação do fogo 
ocorreu em todos os lugares na mesma época. Havia diferentes rit-
mos de desenvolvimento humano. Em distintas regiões, comunidades 
continuavam caçadoras-coletoras de alimentos, utilizando artefatos 
rudimentares feitos de pedras, e, em outras regiões, já desenvolviam 
técnicas e tecnologias mais avançadas que permitiam driblar e domi-
nar a natureza e levar uma vida mais sedentária.
Na história da evolução da espécie humana, as sociedades que utiliza-
vam os utensílios de metal conquistaram ou exterminaram outras socie-
dades que não se encontravam no mesmo estágio de desenvolvimento.
Os povos antigos buscavam resolver as tarefas diárias de maneira 
criativa, sem se preocupar com a degradação ambiental. Com o passar 
do tempo e o crescimento da população, os atos, antes inofensivos, 
passaram a causar impactos ambientais devido à necessidade de mais 
recursos. As pessoas foram desenvolvendo formas de ter acesso a ali-
mentos, água, vestimentas e abrigo. Assim, aquilo que faltasse para seu 
conforto poderia ser produzido e comercializado por outros indivíduos. 
Inicialmente, o comércio se baseava em trocas. Com o aumento da pro-
dução, havia maior extração de recursos naturais, abate de animais e 
consumo de água.
À medida que a população aumentava, as tarefas diárias se torna-
vam mais complexas. O que antes era feito somente para si, passa a 
ser feito para vender ou como prestação de serviço. As 
técnicas da indústria e da agricultura foram se apri-
morando, refletindo na melhoria da qualidade 
alimentar, no aumento da produção agrícola e 
no controle das pestes, pragas e doenças.
O livro Armas, germes e 
aço: os destinos das socie-
dades humanas apresenta 
uma viagem histórica de 
13.000 anos da huma-
nidade. O livro mostra 
as diferentes fases de 
desenvolvimento em que 
se encontravam os povos 
dos seis continentes da 
Terra. Para o autor, são 
os fatores ambientais 
os reais responsáveis 
pelos acontecimentos. 
Sugerimos a leitura do 
capítulo 13, “A mãe da 
necessidade”, no qual o 
autor apresenta como as 
sociedades aceitam os 
novos inventos e os in-
tegram ao seu cotidiano, 
criando, muitas vezes, 
uma necessidade que 
antes não existia.
DIAMOND, J. Rio de Janeiro: Record, 
2009.
Livro
Utensílios de metal antigos
Stanislav Khokholkov/Shutterstock
Natureza e sociedade 11
12 Educação Ambiental
Algumas sociedades tentavam conservar suas es-
truturas agrícolas, mas o processo de industrializa-
ção foi inevitável. Esse processo colocou no mercado 
diferentes produtos, o que fez com que as pessoas 
passassem a ter necessidade de obter os utensílios 
que poderiam facilitar o dia a dia, usando menos for-
ça e ganhando mais tempo.
Com pessoas circulando por diferentes partes do 
mundo, levando suas próprias moedas, “a economia 
de subsistência e de trocas naturais tendia a ser su-
plantada pela economia monetária, a influência das 
cidades passou a prevalecer sobre os campos, e a di-
nâmica do comércio a forçar a mudança e a ruptura 
das corporações” (GOMES, 2020).
Apesar do avanço da poluição e da devastação 
ambiental, a produção e o abastecimento das cidades não podiam 
ser interrompidos. Em Portugal, por exemplo, no século XIV, ocorreu 
a exploração das riquezas naturais de forma desordenada. “O dese-
quilíbrio entre a procura de madeira e a oferta com origem nacional 
acentuou-se o que dificultou a regeneração da floresta portuguesa” 
(REBOREDO; PAIS, 2012, p. 34). Ainda segundo os autores, para cons-
truir navios que eram de madeira, era necessário ter áreas florestais 
próximas aos estaleiros. Alguns tipos de pinheiros, como o pinho nór-
dico, ficaram escassos porque seus troncos mais altos eram utilizados 
para construir os mastros dos navios e por causa do grande número 
de navegações tornaram-se imprescindíveis. Além disso, a madeira era 
matéria-prima fundamental na construção civil.
A madeira era utilizada para a elaboração de diferentes elemen-
tos construtivos, como soalhos, pisos e elementos decorativos, 
mas também na execução e reparação de portas e janelas, es-
cadas, paredes divisórias interiores e estruturas do telhado. [...] 
podia servir para revestir de forma genérica o interior de alguns 
compartimentos (madeirar). [...] era ainda utilizada para o fabrico 
e reparação de utensílios de construção [...], mas também para a 
construção de andaimes (MELO; RIBEIRO, 2013, p. 234-235).
A demanda pela madeira era grande e, por isso, muitas florestas da 
Europa foram devastadas, fazendo com que fossenecessário explorar 
novas áreas no além-mar. Entre os séculos XV e XVI, o enriquecimento 
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Evolução da tecnologia agrícola.
Natureza e sociedade 13
de alguns países europeus foi ampliado devido à exploração das 
colônias na América. As grandes navegações impulsionaram o 
comércio internacional, dando início à globalização de pro-
dutos. No Brasil, que começou a ser colonizado no início 
do século XVI, os colonizadores exploravam suas rique-
zas naturais, em especial pau-brasil, ouro e diamantes. 
“A exploração do  Pau-Brasil  foi a primeira atividade 
econômica do país, logo após o descobrimento pelos 
portugueses, em 1500. A madeira foi a primeira rique-
za que saltou aos olhos dos portugueses que aqui 
chegaram” (SILVA, 2020).
No século XVIII, a Inglaterra passou a se afirmar 
como potência mundial, época em que Portugal se 
firmava como intermediário comercial entre várias co-
lônias e nações. Já, no século XIX, surgiram os grandes 
centros de produção artesanal, os entrepostos comer-
ciais, as exposições internacionais de comércio e os primei-
ros bancos. As denominadas Exposições Universais, ou Feiras 
Mundiais, duravam cerca de 15 dias e promoviam a mostra de 
várias mercadorias de diferentes partes do mundo, com o objetivo 
de fortalecer um comércio mais estável e permanente entre as nações.
As Exposições Universais, ou Feiras Mundiais, foram auto repre-
sentações populares da elite industrial, ricas em ideias e plenas 
em criatividade, uma demonstração da transformação nas rela-
ções comerciais do mercado mundial, do progresso visível e do 
início de um processo de auge econômico dos países industria-
lizados tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. O objetivo 
dessas exposições era mostrar a força e a consolidação do siste-
ma fabril ao grande público e às outras nações (GOMES, 2020).
O evento ocorria em grandes pavilhões, com espaço suficiente para 
a exposição de máquinas, matérias-primas, plantas e inventos, como 
o telefone. “Para expor, eram convidados países e pessoas do setor 
industrial, principalmente donos de fábricas, os quais enviavam as 
amostras do que desenvolviam, a fim de fechar algum negócio ou sim-
plesmente divulgar seus produtos” (GUIMARÃES; LEMOS, 2016, p. 640). 
A presença dos líderes dos países era bastante comum. Foi em uma 
dessas exposições que Dom Pedro II conheceu o telefone e o trouxe 
para o Brasil.
Árvore de pau-brasil.
Afren/Wikimedia Commons
14 Educação Ambiental
No ano de 1862, o Brasil foi convidado a participar da Exposição 
Universal de Londres e apresentou-se como um promissor fornecedor 
de matéria-prima. Em 1889, na exposição de Paris, o país demonstrou 
seu potencial na produção de café e açúcar, que eram seus principais 
produtos de exportação. A famosa Torre Eiffel foi construída apenas 
para ser uma estrutura temporária, uma espécie de porta de entrada 
da exposição de 1889. Contudo, passado o evento, ela foi reconhecida 
como um potencial ponto para a instalação de uma antena de rádio e 
acabou não sendo demolida. Paris sediou mais uma vez a exposição, 
no ano de 1900. A imagem a seguir mostra uma visão panorâmica da 
área do evento.
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Vista panorâmica da Exposição Universal de Paris.
O Brasil foi sede da exposição em 1922. As Exposições Universais 
acontecem até os dias atuais. A exposição de 2020 foi programada para 
acontecer em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com duração previs-
ta para seis meses.
As exposições se consolidaram como eventos mundiais de comércio 
de produtos dos países e promovem o intercâmbio cultural e comercial 
entre as nações. Além disso, há também a possibilidade de apresentar 
suas comidas típicas, o que deu origem às praças de alimentação com 
restaurantes especializados, tais como conhecemos. Com o passar do 
tempo, as exposições ganharam importância e se tornaram mais tec-
Natureza e sociedade 15
nológicas. O evento é sempre muito aguardado e estima-se que a par-
ticipação, na atualidade, aproxima-se de 40 milhões de pessoas.
Os países mais periféricos têm grande possibilidade de fazer negó-
cios durante o evento, tendo em vista que dependem, em muito, da 
tecnologia e do capital estrangeiro para comprar maquinários, moder-
nizar-se e competir no mercado internacional. Assim, muitas nações se 
consolidam como exportadoras de matéria-prima e importadoras de 
produtos de alta tecnologia agregada.
Vimos até aqui como a relação do ser humano com o meio ambien-
te foi evoluindo até chegar à visão de que a natureza é fornecedora 
de recursos naturais, tidos como infindáveis e comercializáveis. Nessa 
lógica, há pouca preocupação com os ciclos naturais e com as demais 
espécies de seres vivos. A produção e o comércio se tornam a base das 
relações humanas.
Dando continuidade a essa discussão dos processos produtivos e 
das relações de consumo com o meio ambiente, na próxima seção, ve-
remos as transformações sociais a partir da Revolução Industrial, que 
mudou, por completo, as relações de trabalho, aumentou a disposição 
de mercadorias e elevou o consumo. Como consequência, o meio am-
biente sofreu com a poluição e a degradação.
1.2 Transformações nos processos produtivos 
Vídeo No período que vai do século XVII até o final do século XIX, os no-
vos inventos possibilitaram a produção em larga escala, aumentando a 
oferta de bens de consumo. Com o aumento da população mundial, a 
produção de mercadorias teve de ser ampliada para atender às novas 
demandas. Não era mais possível comercializar somente o excedente, 
era preciso produzir mais e criar um mercado consumidor. As ativida-
des econômicas passaram a transformar os recursos naturais em pro-
dutos manufaturados, em grande escala. A utilização de maquinário 
fabril exigia mão de obra especializada, além de matéria-prima e ener-
gia para movimentar as máquinas. O comércio se tornou mais intenso 
e muitos bairros operários surgiram nos arredores das fábricas.
As condições de vida dos chamados proletariados eram rudimenta-
res. Muitos chegavam à exaustão por trabalhar por horas, sem descan-
so (até 16 horas por dia). Eles moravam em cortiços, sem água potável e 
sistema de esgoto, e sua alimentação era pobre em nutrientes. O traba-
16 Educação Ambiental
lho, muitas vezes, era trocado por mantimentos, abrigo e ferramentas. 
Também era comum as crianças pequenas trabalharem, complemen-
tando a renda de seus pais. As mulheres mais pobres abandonaram os 
serviços domésticos e passaram a trabalhar nas fábricas também.
As primeiras máquinas e as ferramentais mais sofisticadas permitiram 
ultrapassar a produção artesanal para as manufaturas, que eram gran-
des oficinas onde os artesãos se juntavam para produzir, porém eles não 
eram empresários, eram subordinados aos proprietários da manufatura.
A produção de mercadorias ou, em termos mais explícitos, de 
objetos necessários ao consumo, não fornecidos diretamente 
pela natureza, é o objeto de toda indústria. Portanto, por grande 
indústria é preciso entender, antes de mais nada, uma certa or-
ganização, um certo regime de produção. Mas seus efeitos se es-
tendem a toda ordem econômica e, por consequência, à ordem 
social (MANTOUX, 1989, p. 1).
A Revolução Industrial, que ocorreu, inicialmente, na Inglaterra, es-
palhando-se para França, Itália, Alemanha, Rússia e outros países da 
Europa, levou as linhas de montagem para as fábricas, com implicações 
globais, como a fragmentação e especialização do trabalho. Esse novo 
modelo aumentou a produtividade e, consequentemente, o consumo 
de mercadorias industrializadas pelas classes que detinham recursos 
financeiros para sua aquisição. A imagem a seguir mostra uma linha de 
montagem de uma fábrica têxtil, onde cada trabalhador é responsável 
pela produção de uma parte do produto.
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Sobre as condições 
precárias dos trabalhado-
res industriais, sugeri-
mos assistir ao filme A 
classe operária vai para oparaíso, que descreve as 
condições dos operá-
rios de uma fábrica de 
motores. Os empregados 
eram levados à exaustão, 
trabalhando em pé por 
horas, tendo em vista que 
tinham metas a serem 
atingidas. O filme mostra 
o adoecimento físico e 
psíquico dos funcioná-
rios e as lutas de classe 
decorrentes dos conflitos 
das relações de trabalho.
Direção: Elio Petri. Itália: Euro 
Internacional Films, 1971. 
Filme
Mulheres trabalhando em 
máquinas têxteis, na American 
Woolen Company, Boston, EUA.
Natureza e sociedade 17
A indústria algodoeira se destacou pelas máquinas 
de fiar e tear que aumentaram a produção e o co-
mércio têxtil, grande propulsor da Revolução 
Industrial. O algodão, matéria-prima dessas 
indústrias, era produzido nas colônias britâ-
nicas, com isso, os campos eram forçados 
a aumentar a produção, o que demandava 
mais terras para seu plantio, bem como o 
uso de água e de mão de obra.
O cultivo de plantas utilizava-se de técni-
cas rudimentares, como a monocultura e as 
queimadas para a limpeza do terreno, além de os 
detritos serem lançados diretamente nos rios ou em 
locais ambientalmente incorretos. Não havia preocupação 
com os rejeitos das fábricas, tampouco com seu destino. O importante 
era livrar-se deles.
O sucesso do algodão se deve ao seu aproveitamento para a con-
fecção de produtos e subprodutos. A matéria-prima da indústria algo-
doeira vinha dos campos, mas as fábricas estavam concentradas nos 
grandes centros urbanos da época. Até o século XVIII, era comum os 
centros urbanos mesclarem comércio, indústria, criação de animais e 
moradia. As relações comerciais, sociais e culturais foram se desen-
volvendo, sem planejamento urbano. Essa combinação de atividades 
colaborava para a propagação de doenças e a poluição ambiental, con-
tudo as famílias mais ricas podiam escolher construir suas casas nos 
arredores das cidades, em busca de ar puro, limpeza e espaço. É impor-
tante destacar que nessa época não havia coleta de lixo e tratamento 
do esgoto doméstico e industrial como conhecemos hoje.
O aumento da densidade demográfica trouxe preocupações com 
a saúde, a higiene e o saneamento para os administradores urbanos. 
Naquela época, o ferro e o vidro passaram a ser empregados nas cons-
truções de casas, palácios e consultórios médicos, dando a sensação de 
limpeza, claridade e estética. Entre os anos de 1860 e 1900, teve início 
a utilização do aço como matéria-prima, o que mudou, radicalmente, 
a construção civil, a indústria naval, os meios de transporte e as linhas 
de produção.
Modelo da máquina de fiar 
mecânica do Museu do Início da 
Industrialização, em Wuppertal, 
Alemanha.
Markus Schweiß/Wikimedia Commons >
18 Educação Ambiental
Embora o grande comércio se concentrasse nas 
cidades, os povoados mais afastados recebiam mer-
cadorias por meio dos vendedores ambulantes que 
levavam artigos variados e novidades. No Brasil, esses 
vendedores ficaram conhecidos como mascates. Es-
sas mercadorias alteravam a vida simples das pessoas 
que moravam em lugares mais remotos, despertando 
o desejo de morar na cidade e acessar as novidades.
A Revolução Industrial acelerou os processos pro-
dutivos e a especialização de ofícios até então ma-
nuais ou parcialmente mecanizados. As fábricas 
passaram a produzir em excesso, a custos mais bai-
xos, gerando a necessidade da criação de um merca-
do consumidor. Com a introdução de novas 
tecnologias e novos métodos de produção, a indús-
tria foi pressionada para se mecanizar, baixar os cus-
tos e reduzir a mão de obra. Essas medidas fizeram 
aumentar a produção e as exportações, bem como o 
desemprego das pessoas menos qualificadas.
Para o aprofundamento da abordagem sobre 
a Revolução Industrial, sugerimos assistir ao 
filme Tempos modernos, com Charlie Chaplin, 
que mostra a relação do personagem com as 
máquinas, na vida moderna dos anos 1930. Em 
determinado momento do filme, o personagem 
se integra às máquinas passando a ser mais 
um componente da linha de montagem. Além 
disso, ele realiza tantos trabalhos repetitivos que 
os repete em sua vida pessoal. O filme é uma 
provocação a pensar de forma crítica sobre o ca-
pitalismo e o modo de produção fragmentado.
Direção: Charlie Chaplin. EUA: Charlie Chaplin Corporation, 1936. 
Filme
Fábricas químicas em Ludwigshafen, Alemanha, 1881.
Rob
ert F
ried
rich 
Stiele
r/Wikim
edia Commons
A Segunda Revolução Industrial é caracterizada pela chega-
da da energia elétrica e utilização do petróleo como combustível e 
matéria-prima. Os segmentos fabris que mais se desenvolveram foram 
a siderurgia, a metalurgia, a petroquímica e os meios de transporte. 
Outro avanço foi a invenção dos motores de combustão que, embora 
tenham facilitado a produção e o transporte, aumen-
taram a poluição do ar.
A extração do petróleo de depósitos na-
turais, seu transporte, refino e consumo 
trouxeram como consequência a pro-
dução de gases que poluem a atmos-
fera. Ainda hoje o mundo é bastante 
dependente dos derivados e das ati-
vidades da indústria petrolífera, ainda 
que pesquisadores busquem outras ma-
Natureza e sociedade 19
trizes energéticas menos poluentes e mais eficazes. Do processamento 
industrial dos produtos do petróleo, obtém-se produtos sintéticos como: 
tecidos, inseticidas, medicamentos, tintas, plástico e explosivos, que fa-
zem parte, irremediavelmente, do cotidiano das pessoas.
O desenvolvimento de produtos derivados do petróleo mudou radi-
calmente as relações de consumo. As ferrovias foram expandidas em 
muitas regiões no mundo, permitindo escoar as mercadorias com maior 
rapidez, além de as pessoas poderem se deslocar mais facilmente. As 
produções agrícolas também foram modificadas pela introdução de má-
quinas que substituíram vários trabalhadores, os quais acabaram indo 
para as cidades em busca de empregos. Essas pessoas chegavam aos 
centros urbanos sem formação para o trabalho nas indústrias, o que 
contribuiu para o aumento da pobreza, da violência e da exploração dos 
trabalhadores, devido à disponibilidade abundante de mão de obra.
No século XIX, o capitalismo se fortaleceu e os países periféricos e 
as colônias continuaram a fornecer matérias-primas e alimentos, rece-
bendo produtos industrializados. Os objetivos da época eram racionali-
zar os processos de produção, comercializar e obter lucros. No Brasil, a 
população não estava tão concentrada nas grandes cidades e era, pre-
dominantemente, rural, o que dificultava a expansão e o fortalecimen-
to de um mercado consumidor interno. A partir de 1880, as indústrias 
brasileiras começaram a passar de manufatureiras para mecanizadas, 
principalmente nas capitais da região Sudeste.
A economia brasileira estava concentrada, preponderantemente, 
na indústria cafeeira, cana-de-açúcar e extração de minérios. Ainda 
hoje, é possível encontrar áreas que foram degradadas pela extração 
predatória dos minérios, atividade que perdura até os dias atuais.
O Brasil seguiu as tendências mundiais e, a partir do final do século 
XIX e início do século XX, as multinacionais inseriram uma cultura em-
presarial estrangeira no país. Entre as empresas, havia algumas “vol-
tadas para a produção e a distribuição de energia elétrica, quer para 
a iluminação de vias e transporte público, quer para a iluminação par-
ticular de residências e sua utilização em indústrias e serviços essen-
ciais” (OLIVEIRA, 2012, p. 1). Instalaram-se no país, também, indústrias 
para a fabricação de automóveis, até então, importados.
Para muitos industriais era dispendioso mecanizar por completo as 
fábricas, pois o maquinário utilizado no Brasil vinha de fora e, muitas 
20 Educação Ambiental
vezes, era de segunda mão. Isso tornava a indústria brasileira atrasada 
e seus produtos, caros.
A industrialização e a urbanização brasileiras se aceleraram a partir 
da década de 1930, e, após a Segunda Guerra Mundial, houve a am-
pliação das estradas de ferro no Brasil. Para isso, houve o aumento do 
desmatamento de extensas áreas paraa instalação das linhas férreas. 
Além disso, ocorreu a ampliação das estradas de rodagem, que interli-
garam várias regiões do país, possibilitando o escoamento mais rápido 
das produções agrícolas e de mercadorias.
Com o aumento da população e do deslocamento para o trabalho, 
o comércio e o lazer, foi necessário organizar o trânsito e a logística de 
distribuição de alimentos, serviços de saúde, educação e segurança. O 
acesso a bens e serviços exigiu mudanças na estrutura das cidades e 
alterou o modo como as pessoas interagiam com o ambiente natural, 
que passou a simbolizar atraso. Nesse processo, foi, e é, comum a de-
vastação das áreas naturais sem medir as consequências. Desse modo, 
o meio natural acabou se tornando a antítese do desenvolvimento. O 
pensamento de que o meio ambiente natural representa atraso social, 
cultural e econômico perdura até os dias atuais.
Vimos até aqui como as transformações nos processos produtivos 
alteraram a relação do ser humano com a natureza. Nessa nova rela-
ção não é mais possível esperar a natureza seguir seu curso, tampouco 
retirar dela somente o necessário para a sobrevivência. Os recursos 
naturais passaram a ser explorados com vistas à obtenção de lucros. 
Na próxima seção, serão apresentados alguns impactos ambientais 
causados pelo processo de industrialização e suas consequências, que 
podem ser devastadoras para o meio ambiente e para a vida humana.
1.3 A Era Industrial e os impactos ambientais
Vídeo O processo de industrialização e urbanização cooperou para a consti-
tuição de uma sociedade de consumo. O crescimento da população nos 
grandes centros urbanos gerou agravamento da pobreza e das desigual-
dades sociais, disputa por espaços e, consequentemente, aumentou o 
consumo e a geração de problemas ambientais em escala global.
Com a expansão das multinacionais, no mundo globalizado, as na-
ções passaram a disponibilizar produtos iguais, colocados no mercado 
Natureza e sociedade 21
a preços, razoavelmente, acessíveis. As grandes corporações disputa-
ram os consumidores, lançando pequenas modificações nos apare-
lhos. Com isso, cria-se uma falsa necessidade de trocá-los.
A geração de resíduos eletrônicos vem aumen-
tando na mesma velocidade que as inovações. As 
pessoas são estimuladas a consumir produtos ele-
trônicos com prazo de validade, a chamada obsoles-
cência programada. Isto é, os produtos que poderiam 
durar mais, estragam ou ficam ultrapassados. Assim, 
as pessoas descartam os antigos aparelhos, sem ne-
nhum critério, para adquirir os novos.
Devido ao avanço da circulação de pessoas que seguem para o 
trabalho, constroem suas moradias e fazem compras, o consumo preva-
lece e o desperdício acaba se naturalizando. Além disso, o aumento do 
número de indústrias coincide com a poluição do ar e dos rios.
Os rios urbanos de todo o mundo sofrem com o descarte de lixos 
industriais e domésticos, bem como o esgoto não tratado. Muitas in-
dústrias despejam seus rejeitos diretamente nos rios, solos e mares. 
Substâncias como mercúrio, chumbo e outros metais pesados são 
facilmente derramados nas águas, condenando os animais e plantas 
aquáticas e as comunidades que dependem do rio para sua sobrevi-
vência. É comum ver nos noticiários a redução de peixes em algumas 
áreas em que antes ocorria a pesca em abundância. A captação de 
água para consumo e irrigação também é afetada. O lançamento de 
esgoto não tratado aumenta a contaminação das pessoas por doenças, 
como hepatite e cólera. Os solos também são afetados pelo depósito 
de materiais tóxicos industriais, além dos lixões em regiões em que não 
há aterro sanitário.
Embora muitas pessoas tenham conhecimento de que essas atitudes 
são erradas e acarretam problemas ambientais, muitas vezes irreversí-
veis, como a extinção de espécies animais e vegetais, ainda perdura o 
pensamento de que na natureza tudo se regenera rápido e facilmente. 
Os meios de comunicação, hoje, muito mais abrangentes que outrora, 
divulgam informações sobre poluição, erosão do solo, chuvas ácidas, 
seca, desmatamento, desertificação, entre tantos outros impactos am-
bientais, mas essas notícias parecem não atingir a maioria das pessoas. 
Nem sempre as informações corretas são as que mais repercutem.
 Cristian Dina/Shutterstock
22 Educação Ambiental
Os sites, as rádios, os canais de televisão, os jornais e as redes so-
ciais mudaram substancialmente as formas de consumo de todo o 
mundo, possibilitando às pessoas conhecer produtos nunca imagina-
dos. Incialmente, a TV, por exemplo, não tinha o objetivo de alertar 
para os problemas ambientais. Isso só ocorreu a partir da década de 
1970, em que o mundo começou a presenciar movimentos que denun-
ciavam problemas ambientais.
Os meios de comunicação tiveram e têm grande importância na 
divulgação de informações, mas concentram-se nas propagandas de 
produtos e serviços. As pessoas são seduzidas por marcas, facilidades, 
prestígio, status e novidades, sem a preocupação sobre toda a cadeia 
produtiva que está por trás daquilo que é anunciado. Ainda não existe 
uma consciência coletiva sobre os impactos ambientais causados pelas 
escolhas de consumo. É como se o problema e a solução estivessem 
sempre nas mãos de outra pessoa.
A indústria e o comércio se beneficiam da falta de informações e 
de conscientização por parte dos consumidores. As pessoas continuam 
consumindo os produtos de uma determinada fábrica, mesmo saben-
do que ela mantém seus funcionários em condições análogas à escra-
vidão, emprega crianças, explora os recursos naturais até exauri-los e 
polui as águas, o ar e o solo. Mas não é só a indústria de produtos 
de consumo que causa impactos ambientais, a atividade agropecuária 
também desencadeia danos ao meio ambiente.
A agricultura é reconhecida como a base da economia de países 
fornecedores de alimentos e de insumos, como o Brasil. Contudo, sa-
be-se que a atividade agrícola, apesar de imprescindível, utiliza-se de 
produtos químicos como fertilizantes, adubos, defensivos agrícolas e 
maquinário pesado que degradam grandes áreas naturais. Além disso, 
práticas como queimadas, monoculturas, desmatamento e compacta-
ção do solo ainda são comuns.
A atividade agropecuária acaba por desequilibrar os ciclos naturais 
de espécies de seres vivos, como insetos, pássaros e anfíbios. Outra 
situação preocupante é o desmatamento, que pode provocar a dizima-
ção de várias espécies animais, muitas em risco de extinção. Os rejeitos 
de produtos químicos lançados nos rios e lagos prejudicam os animais 
e plantas aquáticas, assim como as comunidades que deles dependem 
para seu sustento.
Natureza e sociedade 23
A agropecuária moderna se caracteriza pelo grande uso de máqui-
nas e insumos que aumentam a produtividade e sustentam o mundo. 
Nas grandes metrópoles, é grande o consumo de alimentos e de todos 
os produtos que estejam disponíveis. Aqueles que não produzem, ou 
seja, que apenas consomem, pouco sabem do processo produtivo e 
dos impactos ambientais causados para que os produtos cheguem às 
prateleiras de lojas e supermercados. A produção de um celular, hoje 
tão comum nas mãos das pessoas, exige a extração de diversos recur-
sos, como lítio, tântalo, estanho, cobalto, platina, assim como uso de 
água, cola, plástico e vidro (QUAIS..., 2020).
Outro ponto impactante ao meio ambiente são os elementos 
de terras raras que são utilizados para a fabricação de imãs, ba-
terias, luzes de LED, alto-falantes, placas de circuito impresso e 
telas de vidro polido. O mercado mundial desses elementos é do-
minado pela China que, ao extrai-los, causa fortes impactos ao 
meio ambiente. Os resíduos de sua extração incluem o arsênio, 
bário, cádmio, chumbo, fluoretos e sulfatos - a partir de uma to-
nelada de minério, 75 mil litros de efluentes ácidos são gerados, 
além de uma enorme quantidade de efluente gasoso e pouco 
menos de uma tonelada de resíduos radioativos (QUAIS..., 2020).
Devido à alta produtividade e às transformações nos processos defabricação, o século XX foi campeão de lançamento de poluentes na 
atmosfera, em especial, o gás carbônico, gerado pela queima de com-
bustíveis fósseis, como carvão, gasolina e óleo diesel, ocasionando, en-
tre outros problemas, o efeito estufa. Como consequência, podem ser 
citados a elevação da temperatura, o derretimento das geleiras e calotas 
polares, a extinção de espécies e as alterações nas dinâmicas naturais.
Os países mais desenvolvidos são campeões de produção e consu-
mo e, assim sendo, lideram a exploração e a degradação dos recursos 
naturais e a poluição do ar, da água e do solo. Os problemas ambien-
tais desencadeados pela expansão do capitalismo culminam na exaus-
tão dos recursos naturais e da poluição do ambiente urbano e rural. 
Para atender à demanda de consumo e de produção, aumentam-se 
as lavouras, pastagens, mineração e extração vegetal. Os elementos 
naturais são vistos como recursos econômicos, em um pensamento de 
que a natureza é infindável.
Portanto, o consumo causa impacto direto e indireto ao meio natu-
ral. As escolhas que fazemos na hora de consumir trazem consequên-
cias ao meio ambiente, em escala local e global, e isso deve nos fazer 
repensar nossas escolhas e ações.
https://www.ecycle.com.br/1912-terras-raras.html
https://www.ecycle.com.br/1912-terras-raras.html
https://www.ecycle.com.br/component/content/article/35/428-mercurio-cadmio-e-chumbo-os-inimigos-intimos-presentes-nos-eletronicos.html
24 Educação Ambiental
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos nesse capítulo que as atividades humanas e o consumo causam 
impactos ao meio natural. As consequências podem ser sentidas por to-
dos, em menor ou maior grau, por meio da poluição ambiental presente 
nos grandes centros urbanos. Do mesmo modo, percebe-se nas áreas 
rurais a escassez de água, o processo de desertificação em determina-
das regiões, a diminuição de peixes em áreas pesqueiras, o avanço de 
espécies animais nas áreas urbanas e a elevação da temperatura, medida 
pelos cientistas.
A crise ambiental que se instala pelos processos de industrialização e 
de consumo pode servir como disparador para repensarmos as atitudes 
diante do nosso planeta, a fim de garantir a sobrevivência humana e das 
demais espécies de maneira equilibrada. Passos iniciais de reflexão pre-
cisam ser dados, de modo a não naturalizar as relações de consumo e de 
exploração dos recursos naturais.
ATIVIDADES
1. Neste capítulo, mostramos que a relação inicial do ser humano 
com a natureza era a de exploração dos recursos naturais para a 
sobrevivência. Sabemos que ainda há povos que se relacionam dessa 
forma com a natureza, como os indígenas, por exemplo. Discorra 
sobre como é possível, nos tempos atuais, existirem grupos humanos 
que vivem isolados, sobrevivendo apenas do meio natural.
2. A indústria algodoeira se destacou no início da Revolução Industrial. 
Seu cultivo se dava por meio de técnicas rudimentares que degradavam 
o meio ambiente. Na atualidade, a agricultura utiliza técnicas e 
maquinários modernos e mais eficientes. O que mudou quanto ao 
cuidado com o meio ambiente?
3. Na atualidade, as pessoas podem ter acesso a informações sobre o 
que acontece no mundo, em tempo real. Para isso, basta, por exemplo, 
ligar a TV, acessar a internet, ouvir notícias pelo rádio, enfim, as opções 
são diversas. De que modo os meios de comunicação podem colaborar 
para a disseminação de informações que possam ajudar na reflexão 
dos impactos ambientais causados pela humanidade?
Natureza e sociedade 25
REFERÊNCIAS
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Record, 2009.
GOMES, A. C. Exposições Universais ou Feiras Mundiais. Algosobre, 2020. Disponível em: 
https://www.algosobre.com.br/historia/exposicoes-universais-ou-feiras-mundiais.html. 
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da informação. Revista ACB, [S.I], Florianópolis, v. 21, n. 3, p. 639-650, dez. 2016. Disponível 
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MANTOUX, P. A Revolução Industrial. São Paulo: Hucitec, 1989.
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Braga: Candeias Artes Gráficas, 2013.
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de Energia Elétrica e a atuação do Grupo Guinle & Cia na produção do urbano e suas redes 
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DE REDES TÉCNICAS URBANAS EN AMERICA Y EUROPA. Anais [...] Barcelona, Universidad 
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QUAIS os impactos ambientais de um smartphone? eCYCLE, 2020. Disponível em: https://www.
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REBOREDO, F.; PAIS, J. A construção naval e a destruição do coberto florestal em Portugal: 
do século XII ao século XX. Revista Ecologi@, n. 4, p. 31-42, 2012. Disponível em: https://
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SILVA, B. I. da. Exploração do Pau-Brasil. Infoescola, 2020. Disponível em: https://www.
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http://www.ub.edu/geocrit/Simposio/cMOliveira_Aindustria.pdf
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https://www.speco.pt/images/Artigos_Revista_Ecologia/revistaecologia_4_art_3_2.pdf
https://www.speco.pt/images/Artigos_Revista_Ecologia/revistaecologia_4_art_3_2.pdf
26 Educação Ambiental
2
Consumo, consumismo 
e meio ambiente
Neste capítulo, abordaremos o estímulo ao consumo e ao 
consumismo, e as consequências da produção de resíduos sóli-
dos urbanos para o meio ambiente. Estudaremos que os hábitos 
de consumo se naturalizaram e muitas relações humanas foram 
substituídas pelo prazer por compras, o qual caminha com indivi-
dualismo, egoísmo, culto ao novo, ao sucesso, à satisfação e busca 
constante pela felicidade. Além disso, os hábitos de consumo e a 
geração de resíduos têm impacto direto na conservação e na pre-
servação ambientais, o que denota a importância de ações urgen-
tes para minimizar os impactos ambientais no planeta.
2.1 Consumo e consumismo 
Vídeo O século XXI está se consolidando como altamente tecnológico, o que 
interfere nas relações de consumo e direciona as interações humanas e 
a construção de suas identidades, delimitando espaços e pertencimento 
a grupos sociais. A tecnologia caminha com o consumo, o qual se confi-
gura como atividade central das sociedades capitalistas. Na compreen-
são de Bauman (2008, p. 37), o consumo se constitui em uma “condição, 
e um aspecto permanente e irremovível, sem limites temporais ou histó-
ricos; um elemento inseparável da sobrevivência biológica que nós hu-
manos compartilhamos com todos os outros organismos vivos”.
A rápida produção de bens e a oferta de serviços tornam a vida 
humana mais fácil e provocam inquietações na busca constante pelo 
novo e moderno. Tudo que é produzido tem por objetivo ser consumi-
do e, para isso, são necessários consumidores ativos e aptos a comprar 
o que o mercado almeja, passando ao consumismo. Assim, explora-se 
Consumo, consumismo e meio ambiente 27
a valorização do novo e moderno, em detrimento do antigo, usado, ve-
lho. Isso vale, também, para as relações sociais que mudaram a ponto 
de não serem estáveis e duráveis. O consumo, nesse sentido, expressa 
o individualismo, o egocentrismo e a indiferença.
O limite entre o consumo e o consumismo é tênue, pois o que para 
muitos pode representar consumismo, devido às suas condições finan-
ceiras, para outros não passa de um consumo básico. Por consumismo 
pode-se entender o ato de adquirir produtos sem um critério mínimo, 
sem refletir sobre a real necessidade e utilidade do produto, muitas 
vezes, supérfluo.Para Bauman (2014, p. 96), atualmente, consumismo 
“não diz respeito à satisfação de necessidades – nem mesmo as mais 
sublimes, distantes. [...] o desejo tem a si mesmo como objeto constan-
te, e por essa razão está fadado a permanecer insaciável”.
Há teóricos que cunham o termo sociedade de consumo para os tem-
pos em que vivemos, em que ter é mais importante do que ser. Para 
as autoras Aguiar e Nascimento (2018, p. 2), a sociedade de consumo 
tem como características “o culto ao novo; o descarte e o desprezo ao 
velho ou ultrapassado; a obsolescência e efemeridade dos produtos, 
com a crescente brevidade de seu tempo de vida útil ou valor social e a 
mercantilização da vida”.
O artigo Consumismo, obsolescência programada e a qualidade de vida da 
sociedade moderna, de Edevaldo da Silva, Habyhabanne Maia de Oliveira e 
Patrícia Maria da Silva, faz uma provocação que nos leva a pensar sobre 
o consumo ser mais importante que o ser e o existir. Os autores também 
abordam a obsolescência programada dos produtos, que instiga as pessoas 
a consumir e ocasiona a geração de mais resíduos.
Acesso em: 6 maio 2020. 
http://www.revistaea.org/pf.php?idartigo=2108
Artigo
A imagem de consumo está atrelada à felicidade pela qual a bus-
ca ocorre continuamente por meio do consumo de novidades que se 
tornam obsoletas, ultrapassadas e descartáveis em um curto espaço 
de tempo. Essa busca pela felicidade é típica da sociedade hedonista, 
que se agarra aos prazeres imediatos e tem no consumo um meio para 
satisfazer seus desejos. Nesse processo, são atribuídos às mercado-
rias valores sociais como felicidade, jovialidade, sensualidade e beleza. 
O consumo passa a carregar a função de entregar aos consumidores 
sociedade hedonista: segun-
do Lipovetsky (2015) é centrada 
no divertimento, na distração, no 
espetáculo, no lazer, na emoção, 
nos afetos e nas sensações. Essa 
sociedade busca o prazer em 
suas atividades, não deixando 
espaço para a frustração, a 
insatisfação e a infelicidade.
Glossário
28 Educação Ambiental
esses valores, independentemente de suas condições físicas, sociais, 
econômicas e culturais. São representações construídas pelo imaginá-
rio social.
A possibilidade de consumo gera uma falsa sensação de poder, de 
superioridade, além de dependência. Contudo, o poder que o consumi-
dor verdadeiramente tem é transferido por ele para a publicidade, que 
decide o que ele vai comprar por meio da oferta de produtos.
O mercado de consumo existe porque a produção em larga escala o 
sustenta, produzindo mais do que as pessoas precisam, desencadean-
do a desvalorização dos bens de consumo e dos consumidores. Os 
produtores controlam os comportamentos do mercado consumidor, 
inserindo necessidades, por vezes, dispensáveis e superficiais.
ki
ko
vic
/S
hu
tte
rs
to
ck
O que está à venda não são somente produtos, mas experiências, 
sensações, prazeres e conquistas. Além disso, as pessoas despendem 
tempo e dinheiro com lazer, diversão e serviços. Não só os produtos 
físicos são objetos de desejo, mas também a beleza, a juventude, o 
prazer e o conforto. Aqueles que não conseguem acessar esses bens 
e serviços sentem-se excluídos dos grupos sociais (e muitas vezes de 
fato são).
Silva (2014) chama a atenção para as compras que são feitas por 
impulso, que têm como objetivo a satisfação imediata de uma vonta-
de. Segundo a autora, o comércio depende das compras feitas por im-
pulso, sem planejamento. Há compradores que passam das compras 
Consumo, consumismo e meio ambiente 29
impulsivas para as compras compulsivas, que podem se tornar uma 
patologia. Para ela “a compulsão por compras deve ser reconhecida 
como uma doença crônica que, sem tratamento, tende a evoluir de ma-
neira crescente e devastadora. Ela funciona como qualquer outro tipo 
de dependência (ou vício)” (SILVA, 2014, p. 47).
O valor simbólico dos produtos os associa a determinado padrão 
de vida almejado por grupos que desejam ascender social e econo-
micamente. Valores humanos como respeito, honestidade, empatia, 
senso de justiça, solidariedade e ética são desconsiderados na aqui-
sição de produtos. Novos valores são criados como o culto ao novo e 
ao moderno, a rapidez e a atualização. A procedência do que se está 
comprando, em geral, não é questionada, o importante é comprar o 
produto desejado.
O apelo publicitário para o consumo busca incutir a sensação de se 
estar fora de moda, pela comparação entre as pessoas. A satisfação 
com as compras é diferente de uma pessoa para outra. Para algumas 
pessoas, a satisfação se dá pelo atendimento às necessidades básicas, 
como se vestir, morar, comer, e outras se satisfazem com isso e com 
viagens, carros de luxo, joias e mansões.
Leivas (2006) trata das condições que o ser humano precisa para 
desenvolver, de modo livre, seu projeto de vida, atendendo às necessi-
dades essenciais que tornam a vida mais agradável. Para ele, é preciso 
um mínimo existencial para desenvolver as condições econômicas, so-
ciais e culturais.
O mínimo existencial é a parte do consumo corrente de cada ser 
humano, seja criança ou adulto, que é necessário para a con-
servação de uma vida humana digna, o que compreende a ne-
cessidade de vida física, como a alimentação, vestuário, moradia, 
assistência de saúde etc. (mínimo existencial físico) e a necessi-
dade espiritual-cultural, como educação, sociabilidade etc. (LEI-
VAS, 2006, p. 135)
O consumo humano vem ultrapassando esses itens básicos, que 
trariam conforto e bem-estar, para enaltecer aquilo que dá pra-
zer e que pode ser apresentado. Roldão (2018, p. 5) destaca a teo-
ria da necessidade, conhecida como Pirâmide de Maslow, segundo a 
qual “pessoas trabalham para garantir a sua sobrevivência e neces-
sidade de segurança”. A figura a seguir representa a hierarquia das 
necessidades.
30 Educação Ambiental
Figura 1
 Pirâmide de Maslow
Necessidade de autorrealização
Necessidades de estima
Necessidades fisiológicas
Necessidades sociais
Necessidades de segurança
Moralidade, criatividade, autodesenvolvimento e prestígio.
Autoconfiança, reconhecimento, conquistas, respeito dos 
outros, confiança.
Alimentação, sono, abrigo, água.
Amizades, socialização.
Proteção contra a violência, proteção para a saúde e recursos 
financeiros.
Fonte: Elaborada pela autora com base em Roldão, 2018, p. 5.
A democratização do consumo e o desejo de consumir provocam 
reconfigurações sociais, nas quais as pessoas são induzidas a comprar 
por impulso, sem necessidade, atraídas pelas imagens que os produtos 
e suas marcas carregam. A marca está cheia de símbolos, de repre-
sentações que foram atribuídas a ela pelo seu idealizador ou por seus 
compradores. Esses símbolos e representações são reconfigurados 
pela publicidade, que reforça a imagem de qualidade, conforto, inclu-
são social, status e durabilidade do produto.
A aquisição de um produto ou serviço pode ocorrer por indução 
do sistema capitalista. Esse sistema, por meio da publicidade, cria 
pseudonecessidades momentâneas, fazendo com que a produção e 
o consumo se retroalimentem. Quando alguém desenvolve um pro-
duto, cria, também, um modo de consumo e, consequentemente, 
um modo de viver.
Para movimentar a engrenagem do consumo, os produtos postos à 
venda não são desenvolvidos para durar muito. Eles são pensados para 
serem trocados assim que uma novidade for agregada ao modelo an-
terior. A vida útil de um produto deve ser o tempo suficiente para que 
a pessoa o use, enjoe dele e o descarte, o que não significa que o pro-
Consumo, consumismo e meio ambiente 31
duto esteja velho ou avariado. A publicidade cumpre a sua função de 
mostrar o novo e criar as necessidades, depreciando, subjetivamente, 
o antigo, fazendo-o parecer símbolo do atraso, do feio e do inútil. O 
novo promete felicidade, status e inserção social.
Aqueles cidadãos que não podem consumir 
com muita frequência acabam por se sentir 
excluídos dos círculos sociais. O que cada 
um consome, reflete aquilo que o sujeitoé ou aquilo que quer representar. Por 
meio daquilo que veste, come, bebe, lê, 
escuta e posta em suas redes sociais, a 
pessoa constrói a identidade pela qual 
quer ser reconhecida. 
A possibilidade de escolher algo para 
comprar traz a sensação de independên-
cia, de estar exercendo a cidadania por 
meio da liberdade de escolha. Mas, na ver-
dade, a pessoa está seguindo os passos que lhe 
foram determinados, para fazer a máquina da economia girar e garan-
tir o lucro dos que detêm o capital.
Por um lado, temos o consumo popular da classe trabalhadora que, 
além de alimentos e remédios, se esforça para comprar roupas, carros, 
casa e eletroeletrônicos parcelados em muitas vezes. Por outro lado, 
existem os mais ricos que, embora não sejam em grande número, acu-
mulam a maior parte das riquezas do mundo. Para eles, existem arti-
gos de luxo que os diferenciam das demais pessoas. “O quintil mais 
rico da população mundial responde por 86% do total de despesas com 
consumo privado. Em contraste, o quintil mais pobre responde a 1,3%” 
(CONTEXTO..., 2020, p. 1). Também é importante abordar que existem 
pessoas miseráveis que não têm condições financeiras para consumir 
e, ainda, dependem da caridade alheia para acessar alimentos, remé-
dios e abrigos.
Os profissionais de venda conhecem bem as artimanhas para atrair 
cada nicho de mercado e, muitas vezes, fazem a classe trabalhadora 
se iludir, achando que faz parte de um nível hierárquico superior de 
consumo, ao promover a venda de produtos que as classes mais abas-
Monkey Business Images/Shutterstock
32 Educação Ambiental
tadas já não apresentam interesse. Há grifes de roupas que preferem 
queimar as peças que não foram vendidas a vender por preços mais 
acessíveis. Isso vem provocando reações de ativistas, ambientalistas e 
acionistas das empresas, que exigem mudanças.
Os produtores usam essa estratégia para proteger a imagem das 
marcas, mas não levam em consideração a poluição ambiental gera-
da pela queima, além do desperdício de toda a matéria-prima que foi 
utilizada na produção das peças. O que está em jogo é o lucro que se 
obtém com o mercado de luxo, cujo público não quer que os produ-
tos exclusivos possam ser usados por pessoas menos endinheiradas. É 
uma espécie de segregação social e econômica.
Pode-se dizer que o consumo é induzido e naturalizado pelas cam-
panhas publicitárias. Os anúncios perpassam todas as áreas da vida 
social, não distinguindo gênero, idade, situação socioeconômica e cul-
tural. Cada grupo social atribui diferentes significados e sentidos ao 
que é publicado, de acordo com sua realidade, sua vivência e suas ex-
pectativas. Os meios de comunicação divulgam a ideia de que a felicida-
de está atrelada ao consumo, vendendo a imagem de que pessoas que 
consomem são bonitas, bem-sucedidas e felizes.
Há pessoas que, por vezes, em busca de prazer e felicidade, para 
continuar consumindo, acabam se endividando, isso pode gerar sen-
sações e sentimentos contrários, como insatisfação, dependência e an-
siedade; sem contar os impactos ambientais causados pelo consumo 
desenfreado, como a demanda por mais recursos naturais e a geração 
de resíduos. Sabe-se que o consumo é indispensável para sustentar os 
sistemas capitalistas em movimento. O consumismo, por sua vez, vai 
além: mantém as pessoas poderosas cada vez mais ricas, concentran-
do nas mãos de poucos a maior parte das riquezas do mundo.
O consumismo é constantemente realimentado de maneira que os 
consumidores se sintam sempre insatisfeitos com o que já possuem. 
Isso ocorre, principalmente, por meio das ações de marketing que bus-
cam se antecipar às necessidades, oferecendo o produto certo para o 
cliente apto a comprá-lo, concretizando os negócios. Essas ações são 
definidas por profissionais que estudam o comportamento dos con-
sumidores, as tendências de mercado e as políticas econômicas. Para 
Algumas marcas estão as-
sumindo o compromisso 
de repensar estratégias 
mais sustentáveis em 
suas linhas de produção. 
Paula De Boni De Lucchi 
fez um estudo sobre a 
marca de moda Burberry 
com o objetivo de com-
preender as estratégias 
diferenciadas do merca-
do de luxo. Esse estudo 
mostra que, embora 
a marca realize ações 
para ser considerada 
socialmente responsável, 
ainda tem dificuldade de 
renunciar a hábitos que 
podem prejudicar a sua 
reputação.
Disponível em: https://www.
lume.ufrgs.br/bitstream/hand-
le/10183/192966/001087569.
pdf?sequence=1&isAllowed=y. 
Acesso em: 7 maio 2020.
Conforme mostra a re-
portagem Burberry quei-
ma R$ 143,79 milhões em 
produtos para proteger 
sua marca, essa prática 
ainda é bastante comum. 
A justificativa, por parte 
da marca, para a des-
truição de estoque seria 
uma medida visando 
preservar a propriedade 
intelectual e impedir a 
falsificação dos produtos. 
De acordo com Orsola de 
Castro, especialista em 
moda sustentável e ética, 
o ato da Burberry não é 
ecologicamente correto e 
não existe uma maneira 
de se desfazer dessa 
quantidade de roupas 
sem ser ambientalmente 
invasiva.
Disponível em: https://
oglobo.globo.com/ela/moda/
burberry-queima-14379-mi-
lhoes-em-produtos-para-proteger-
-sua-marca-22901776. Acesso em: 
7 maio 2020. 
Saiba mais
https://oglobo.globo.com/ela/moda/burberry-queima-14379-milhoes-em-produtos-para-proteger-sua-marca-22901776
https://oglobo.globo.com/ela/moda/burberry-queima-14379-milhoes-em-produtos-para-proteger-sua-marca-22901776
https://oglobo.globo.com/ela/moda/burberry-queima-14379-milhoes-em-produtos-para-proteger-sua-marca-22901776
https://oglobo.globo.com/ela/moda/burberry-queima-14379-milhoes-em-produtos-para-proteger-sua-marca-22901776
https://oglobo.globo.com/ela/moda/burberry-queima-14379-milhoes-em-produtos-para-proteger-sua-marca-22901776
Consumo, consumismo e meio ambiente 33
viabilizar os negócios são traçadas estratégias que vão do design do 
produto, propagandas que serão veiculadas nos meios de comunica-
ção até como o produto será exposto nas vitrines das lojas.
O comércio organiza suas vitrines de modo que os consumidores se-
jam seduzidos pelos produtos, preços e condições de pagamento. Nas 
lojas de departamentos, há ainda a possibilidade de tocar os produtos, 
experimentá-los e decidir o que comprar de maneira autônoma, sem a 
interferência de um vendedor. Além disso, o comércio conta com profis-
sionais especializados em organizar vitrines, chamados vitrinistas, que 
preparam os produtos mesclando-os com outros materiais. Esses pro-
fissionais precisam ter noções de comunicação visual, marketing e arte.
Os objetos e a composição dessas vitrines estão impregnados de 
ideias e elementos conceituais que pretendem fortalecer a iden-
tificação da marca ou despertar emoções e sensações relacio-
nadas a ela, nos consumidores. O objetivo final dessas vitrines, 
então, é criar associações e critérios de identificação e valoração 
de produtos e marcas (DRIESSEN, 2015, p. 12).
Com o advento da internet, as vitrines que eram vistas somente nos 
comércios físicos, passaram a ter suas versões virtuais. Os produtos 
que antes ficavam nas lojas, hoje, estão à disposição nos computadores 
e celulares. Nos sites de compras, os consumidores podem pesquisar 
sobre as características dos produtos, opiniões de quem já os comprou 
e comparar preços, tudo isso sem precisar sair de casa.
Como notamos, a sociedade está imersa na cultura do consumo 
e é preciso pensar em possibilidades para mudar a concepção de 
consumo de maneira responsável. Esse modo de pensar passa pelas 
questões ambientais. Ao consumir, as pessoas acabam desconside-
rando a realidade e os princípios que estruturam as fontes de recur-
sos naturais.
O consumo para a sobrevivência abre espaço para o consumis-
mo e coloca em risco a preservação e a conservação ambientais. 
Os conhecimentos científicos e saberes históricos podem colaborar 
para as tomadas de decisões com possibilidades de transformar a 
realidade atual. Daí a importância de promover debatessobre o con-
sumo responsável que vise à sustentabilidade ambiental, de modo 
a provocar a sensibilidade de que todos os seres têm direito a um 
ambiente saudável.
34 Educação Ambiental
2.2 Resíduos sólidos urbanos e 
impactos ambientais Vídeo
O consumo e o consumismo da sociedade atual configuram-se em 
uma inquietação para aqueles que se preocupam com as condições do 
meio ambiente. A capacidade de resiliência de muitos ecossistemas é 
constantemente pesquisada devido aos impactos ambientais causados 
pelas ações humanas no planeta, que apresenta suas limitações. O dis-
curso econômico instiga o consumo de bens materiais, ideias, estilos 
e prestação de serviços. O dilema de continuar a produzir e consumir 
se confronta com a necessidade de repensar os hábitos humanos que 
estão comprometendo os recursos naturais.
As novas formas de produção utilizam grande quantidade de mate-
rial sintético, alterando a decomposição do que está sendo descartado. 
O que antes era feito pelas pessoas em suas casas, na atualidade, é 
comprado pronto, embalado ou é encomendado de um prestador de 
serviço. Com isso, aumenta-se a demanda por matéria-prima e por re-
cursos naturais e tecnológicos.
O desperdício de recursos materiais e financeiros ocorre nas ca-
deias produtivas. Costabile (2017, p. 41) chama a atenção para o fato 
de que, no Brasil, por exemplo, estima-se que a perda anual seja de 
“R$ 2,7 bilhões a cada safra com o derrame de grãos devido às más 
condições das estradas, a inadequação do transporte utilizado, insufi-
ciência na rede de armazenagem e mão de obra desqualificada”. Isso 
ocorre no plantio, na colheita, no transporte e no armazenamento. 
Depois disso, há desperdício por parte dos consumidores, que com-
pram mais do que necessitam e não dão destino correto aos resíduos 
sólidos urbanos.
A Lei n. 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Só-
lidos, define os resíduos sólidos urbanos como aqueles originários das 
atividades domésticas e de varrição, limpeza de ruas e outras limpezas 
da cidade (BRASIL, 2010). Esse tipo de resíduo é composto de papel, 
vidro, metais, papelão, matéria orgânica, plástico, garrafas PET, isopor 
e óleos. Deve-se acrescentar, ainda, os resíduos dos estabelecimentos 
comerciais, industriais, de serviços de saúde, da mineração, da constru-
ção civil e os resíduos tóxicos.
O vídeo Antes & Depois da 
Lei #26 – Política Nacional 
de Resíduos Sólidos, publi-
cado pelo canal Superior 
Tribunal de Justiça (STJ), 
exibe um panorama da 
produção de resíduos e 
suas consequências para 
o meio ambiente. Além 
disso, apresenta as legis-
lações que tratam dos 
resíduos sólidos e como 
a Justiça vem trabalhando 
para implementá-las. São 
abordados, também, as-
pectos da separação dos 
resíduos e da responsa-
bilização dos produtores 
de mercadorias, por meio 
da logística reversa. É um 
convite a repensarmos 
nossas atitudes frente 
à geração de resíduos 
e o que cada um pode 
fazer para mudar essa 
realidade.
Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=yh2itUQ4K0A. 
Acesso em: 6 maio 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=yh2itUQ4K0A
https://www.youtube.com/watch?v=yh2itUQ4K0A
Consumo, consumismo e meio ambiente 35
A referida lei regulamentou a destinação final dos resíduos sóli-
dos, buscando proteger o ambiente natural e a saúde das pessoas. 
Essa legislação estabeleceu novos instrumentos de gestão ambien-
tal, responsabilizando desde o produtor até o consumidor final. 
Além de incentivar a reciclagem e a compostagem como formas de 
diminuir o volume de resíduos que segue para os aterros, proibiu 
seu descarte em locais abertos, sem tratamento adequa-
do, os chamados lixões.
Os lixões nada mais são do que espaços sem 
nenhum preparo, nos quais são depositados 
os resíduos. Eles se tornaram um grande 
problema ambiental, pois o chorume re-
sultante da decomposição do lixo pode 
atingir lençóis freáticos. Outro problema é 
que adultos e crianças invadem esses lugares 
em busca de materiais recicláveis e alimentos. 
Essas pessoas ficam expostas à contaminação por 
doenças como leishmaniose, leptospirose, hepatite B e 
pelo contato com objetos cortantes, seringas e preservativos.
É importante destacar que, no Brasil, há vários lixões abandona-
dos, sem nenhum tratamento. Esses espaços podem até não estar 
mais recebendo lixo, mas continuam poluindo a natureza por anos. 
Estima-se que alguns materiais possam levar décadas ou séculos para 
se decomporem, como o metal (mais de 100 anos) e o plástico (de 
30 a 40 anos), enquanto outros materiais, como a borracha, levam 
um tempo indeterminado. Há registros, também, de bairros popula-
res que são construídos sobre o que antes era um lixão. Esses bair-
ros apresentam grande potencial para sofrer com a decomposição 
do lixo que pode se compactar e tem a possível liberação de gases 
tóxicos. Nesses locais, evidentemente, habitam as camadas pobres 
da população.
Os aterros controlados, por sua vez, são mais eficientes que 
os lixões, pois ocorre, ao menos, maior controle. O lixo é coberto 
com terra, o que impede que as pessoas o revirem e é possível con-
trolar vetores de doenças, como ratos, moscas e outros agentes 
transmissores.
kanvag/Shutterstock>
36 Educação Ambiental
Embora a melhor opção seja a menor geração possível de resí-
duos, o que se tem de mais eficaz para a disposição do lixo são os 
aterros sanitários. Esses espaços são preparados previamente para 
a recepção dos resíduos. O solo recebe várias camadas protetoras 
para que o chorume e outros materiais não entrem em 
contato diretamente com o solo, há a instalação de 
dutos para os gases resultantes da decomposi-
ção dos materiais, e a camada superficial de 
resíduos recebe, constantemente, uma co-
bertura de terra.
Os locais em que são instalados os ater-
ros sanitários são pensados para ficarem 
longe da área urbana, dos rios e mananciais 
e são cercados e vigiados para que somen-
te os caminhões e funcionários autorizados os 
adentrem. Por enquanto, esse é o meio mais eficiente 
para o depósito dos resíduos, uma vez que controla a polui-
ção do ar, do solo e das águas.
Como se vê, a disposição dos resíduos é uma grande preocupação 
para os municípios. Além disso, toda a logística de coleta, transpor-
te até os aterros e tratamento dos resíduos é dispendiosa e cria um 
passivo ambiental 1 que pode durar anos. A separação dos resíduos 
pela população é uma opção para minimizar os impactos causados 
pelo grande volume de lixo que é gerado diariamente. Contudo, não 
basta a população separar se não houver estrutura municipal para o 
destino correto.
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, estima-se que 
apenas 18% dos brasileiros contam com sistema de coleta seletiva. 
“Com a separação é possível: a reutilização; a reciclagem; o melhor 
valor agregado ao material a ser reciclado; as melhores condições de 
trabalho dos catadores ou classificadores dos materiais recicláveis” 
(RIBEIRO, 2012).
O incentivo e o fomento à reciclagem são importantes aliados para 
a redução da extração de recursos naturais, redução do consumo de 
água e energia, além de diminuir os índices de poluição da água, do ar 
e do solo. Há pessoas que podem se beneficiar de maneira digna da 
reciclagem, com a geração de trabalho e renda.
Dan
iel J
edzur
a/Shutterstock
Dano causado ao meio ambiente 
devido à exploração comercial 
ou industrial de determinada 
área natural. As empresas 
passam a ter obrigações que 
vão desde recuperar áreas 
degradadas até o pagamento de 
multas. Além disso, assumem 
preservar, recuperar e proteger o 
meio ambiente.
1
Consumo, consumismo e meio ambiente 37
Quando se fala em resíduos sólidos urbanos, não se trata apenas 
de problemas ambientais, mas também de problemas sociais e econô-
micos. É comum, nas grandes cidades, vermos catadores de materiais 
recicláveis caminhando com seus carrinhos pelas ruas. Esses trabalha-
dores prestam um serviço de grande importância para as pessoas e 
para a natureza,pois recolhem, diariamente, toneladas de materiais 
recicláveis e os encaminham para empresas recicladoras.
Outro problema que deve ser considerado é o aumento da popu-
lação urbana que, no Brasil, constitui-se de aproximadamente 84,72% 
(IBGE, 2020). Embora a geração de resíduos ocorra tanto no campo 
como na cidade, nos centros urbanos é maior, devido à concentração 
de pessoas e aos hábitos de consumo. Nas cidades é comum o con-
sumo de alimentos industrializados, mantimentos que utilizam grande 
quantidade de embalagem descartável, assim como transportes mo-
vidos a combustíveis fósseis, grandes causadores de poluição do ar. 
Ocorre, também, o descarte de lixo em locais inapropriados, como nas 
ruas, nos rios e em áreas inabitadas. Isso pode acarretar infestação de 
animais vetores de doenças e entupimento de bueiros e galerias plu-
viais, o que pode resultar em enchentes em épocas de chuvas.
A geração de resíduos é um problema mundial. Há casos em que 
os países mais ricos exportam seu lixo para os países periféricos, acen-
tuando ainda mais as desigualdades socioeconômicas. Embora se evi-
dencie os seres humanos como os maiores causadores da degradação 
ambiental, o que se nota são ações para manter o atual nível de consu-
mo, buscando novas fontes de recursos naturais. Surgiram ideias como 
as sacolas oxibiodegradáveis que, no primeiro momento, pareceram 
eficazes, mas se tornaram um engano, pois elas se desmancham em 
partículas que podem contaminar o solo e as águas (partes de plástico 
já foram encontradas por cientistas constituindo animais aquáticos). 
Jones (2019), ao pesquisar os problemas ambientais ocasionados 
pelas partículas de plástico, destaca que componentes de embalagens 
que podem alterar o funcionamento do sistema hormonal estão sendo 
encontrados nas águas.
Além de fragmentos microscópicos, há aqueles cuja dimensão está 
na escala de nanômetros (menores que 1 milésimo de milímetro), 
capazes, em tese, de entrar na corrente sanguínea e atingir órgãos 
como fígado, rins e cérebro. [...] Além dos efeitos físicos, como a 
possível obstrução do trato digestivo de organismos menores, 
preocupam os cientistas os efeitos químicos das micropartículas 
38 Educação Ambiental
ingeridas ou inaladas por humanos e animais, uma vez que elas 
podem ser vetores de microrganismos e contaminantes, como 
poluentes orgânicos persistentes [...], compostos sintéticos resis-
tentes à degradação no ambiente (JONES, 2019, n.p.).
Mesmo com amplo acesso a informações, muitas pessoas ainda não 
se sensibilizaram para a urgência na mudança de hábitos nocivos 
ao meio ambiente. No entanto, embora a população tenha res-
ponsabilidade sobre a geração e o descarte dos resíduos, é 
o poder público que deve fomentar ações com vistas a ga-
rantir o destino correto, por meio de ações, legislações e 
campanhas, pois o impacto ambiental causado pela ge-
ração e descarte incorreto dos resíduos domésticos e 
industriais é desastroso para a natureza. O ritmo de 
vida das pessoas, na atualidade, deixa pouco tempo 
para práticas como contemplar a natureza, refletir sobre 
os problemas sistêmicos e pensar em soluções criativas.
 As mudanças passam pelo consumo consciente que 
ocorre quando há a compreensão sobre os impactos das ações 
humanas. Já o consumo responsável, além da compreensão dos im-
pactos, tem a intenção de minimizá-los, buscando fontes materiais al-
ternativas, como reciclagem, reutilização, compras de objetos usados, 
encaminhamento correto dos resíduos, busca por produtos orgânicos 
e que utilizem menos embalagens descartáveis. No consumo respon-
sável, há maior comprometimento por parte do consumidor, o qual se 
preocupa com a procedência do produto, desde sua fabricação até o 
descarte das embalagens ou do próprio produto. Os dois tipos de con-
sumo se complementam, pois não basta estar cons-
ciente dos problemas ambientais, é preciso 
responsabilidade nas ações, visando à sus-
tentabilidade ambiental.
O termo sustentabilidade tem sido usa-
do para se referir ao meio ambiente em 
que todos possam usufruir das mesmas 
condições ambientais. Contudo, esse ter-
mo pode ser mais abrangente, conside-
rando todo o equilíbrio necessário dos ciclos 
vitais para que, na atualidade e no futuro, as 
pessoas possam usufruir de um ambiente saudável, 
my
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dmitriylo/
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Consumo, consumismo e meio ambiente 39
além das ações que promovam a equidade social. Envolve, ainda, ques-
tões econômicas, políticas, culturais e sociais.
As condições para vivenciarmos a sustentabilidade ambiental passam 
por redução do consumo, mudanças de hábitos, sacrifícios dos desejos 
pessoais, políticas públicas, pesquisas, novos parâmetros para o cresci-
mento econômico, novos meios e formas de produção e pela educação.
Os problemas ambientais estão presentes no cotidiano das pessoas 
e seus efeitos degradantes atingem toda a população, em menor ou 
maior grau. Indagações que ampliem a reflexão e o debate são urgen-
tes para que haja compreensão de que todos os seres vivos compõem 
a natureza, e o desequilíbrio dos ciclos naturais pode ser devastador 
para muitas espécies vivas. Nesse sentido, as ações devem preconizar 
a preservação e a conservação dos recursos naturais, a fim de garantir 
qualidade ambiental para as atuais e as futuras gerações e para todas 
as manifestações de vida do planeta.
2.3 Preservação e conservação ambientais 
Vídeo A sociedade contemporânea tem sido a que mais interfere nas 
condições ambientais, ocasionando problemas como a poluição do 
ar, da água e do solo. Atualmente, a Terra sustenta cerca de 7,7 bi-
lhões de pessoas que precisam comer, vestir-se, morar, trabalhar 
e locomover-se. Para sustentar tanta gente, os recursos naturais 
são extraídos diariamente em todo o mundo. Nem todas as pessoas 
consomem de modo igual. Muitas passam dias sem acesso à água 
potável e a alimentos, enquanto outras consomem em excesso, pra-
ticando a cultura do desperdício, da descartabilidade, do individua-
lismo e do consumismo.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu 
artigo 225 estabelece que “todos têm direito ao meio ambiente eco-
logicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletivi-
dade o dever de defendê-lo e preservá-lo” (BRASIL, 1988). Embora a 
lei já tenha mais de 30 anos, sua efetivação ainda não foi completa 
e não há consenso de que todos podem usufruir dos recursos na-
turais de maneira sustentável, convivendo em harmonia com as de-
mais espécies vivas.
40 Educação Ambiental
À medida que a população aumenta, as intervenções nos meios na-
turais se agravam fazendo surgir tensões e conflitos. Devido ao limi-
te dos recursos naturais e à capacidade de regeneração da natureza, 
os problemas ambientais avançam exponencialmente. Esse modo de 
viver está exaurindo os recursos naturais, e para modificar essa reali-
dade é necessário que a humanidade repense seus valores e suas con-
dutas. Uma das formas para que isso ocorra se dá pela conservação e 
preservação ambientais.
O preservacionismo e conservacionismo são correntes ambientais 
que surgiram no final do século XIX, nos Estados Unidos da América 
(JUNQUEIRA, 2016). Inicialmente, estavam pautados em posicionamen-
tos contrários às atividades ambientais predatórias com vistas à prote-
ção da natureza.
No preservacionismo, o ser humano é o causador dos desequilí-
brios ambientais e a natureza deve ser preservada de qualquer tipo 
de exploração. Os adeptos dessa corrente propõem a demarcação de 
áreas que não devem sofrer interferências humanas, nem mesmo de 
pesquisa, turismo ecológico e contemplação. Essas ações podem resul-
tar em benefícios para o meio ambiente, pois possibilitam o equilíbrio 
dos ecossistemas.
 Desse movimento, surgiram os grandes parques nacionais de 
todo o mundo. No Brasil, pode-se citar os Parques Nacionais do Igua-
çu, da Chapada dos Veadeiros, da Tijuca, da Chapada

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