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HABILIDADES MÉDICAS I HENRIQUE TOFOLI - MEDICINA FACERES T19 “A causa mais frequente de erro diagnóstico é uma história clínica mal colhida” - Porto Introdução------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Anamnese significa trazer de volta à mente todos os fatos relacionados com a doença e o paciente, sendo a parte mais importante da medicina pelos seguintes motivos: É o núcleo da relação médico-paciente. O progresso tecnológico só é bem utilizado quando o lado humano da medicina é preservado. Pirâmide entre anamnese (no topo), exame laboratorial e exames complementares. Uma anamnese bem-feita culmina em decisões diagnósticas e terapêuticas corretas e se malfeita desencadeia consequências negativas que não podem ser compensadas com exames complementares, por mais tecnológicos que sejam. Relação médico-paciente----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A boa relação médico paciente é uma atitude preventiva, pois evita mal-entendidos que possam evoluir para situações desagradáveis, processos ou erros médicos. Na hipótese de morte, a família confia em você quando a relação é bem construída. É importante compreender que princípios bioéticos e virtudes são partes que não se separam do exame clínico, e são as principais partes de uma relação médico-paciente. Dentre os fatores para necessidade da aplicação de princípios bioéticos na medicina estão: Rápido crescimento dos conhecimentos científicos e os avanços tecnológicos. Novas modalidades de prestação de serviços médicos. Judicialização da medicina. PRINCÍPIOS BIOÉTICOS Beneficência: buscar sempre o bem para o paciente. Não maleficência: não fazer nada de mal ao paciente. Justiça: Fazer sempre o que é justo ao paciente. Autonomia: Possibilitar que o paciente decida sobre os tratamentos, tendo direito de aceitá-lo ou não, após o esclarecimento. ANAMNESE I HABILIDADES MÉDICAS I HENRIQUE TOFOLI - MEDICINA FACERES T19 EQUIDADE A equidade é a base do atendimento médico, aproximando-se ao conceito de igualdade. No entanto há um fator que as distingue, pois diferente da igualdade, na equidade os pacientes não são todos iguais e não podem ser tratados de formas iguais. Mesmo numa situação de igualdade pessoa pode ainda não ter acesso as mesmas possibilidades que outros. Por isso a equidade deve ser vista como: TRATAR DE FORMA DESIGUAL OS DESIGUAIS, NA TENTATIVA DE OFERECER OPORTUNIDADES SEMELHANTES A TODA SOCIEDADE, independente do tipo de acesso ao sistema de saúde (público ou privado). RESPEITO À ALTERIDADE A alteridade é um valor bioético fundamental, pois estudantes e médicos precisam respeitar o outro em sua diversidade, sem excluir ou discriminar qualquer indivíduo pela sua diferença, e sem igualar a todos, ignorando a diversidade humana. Ações afirmativas têm chamado atenção da sociedade para preservar a alteridade: Política Nacional de Saúde Integral de LGBT’s. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional. SIGILO O sigilo significa respeitar o segredo sobre as informações dos pacientes, devendo ser desenvolvido e obedecido desde o início do curso de medicina, sendo que os estudantes não devem conversar sobre os pacientes com nenhum familiar ou amigos, dentro ou fora da faculdade. Não exposição do paciente em redes sociais, ainda que a alegria de ter conduzido bem um caso aflore vontades de mostrar a todos seus feitos. Em casos discutidos em sessões clínicas o sigilo também deve ser preservado, usando apenas iniciais no lugar do nome ou evitar dados que permitam identificar o paciente. Lembrar que em qualquer discussão clínica, todos os profissionais da saúde envolvidos estão submetidos ao sigilo. Tipos de médicos---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- PADRÃO INSEGURO: Não tem segurança sobre as decisões, se deixa levar pelo paciente, abrindo mão de certos procedimentos quando contradito. PADRÃO AUTORITÁRIO: Manda no paciente, não aceita ser contradito, é a autoridade máxima durante a consulta. “Dono da verdade”. PADRÃO PATERNALISTA: Tomam decisões sem consultar os pacientes, presumindo o que é o melhor para eles. Impõe um limite à autonomia do indivíduo. HABILIDADES MÉDICAS I HENRIQUE TOFOLI - MEDICINA FACERES T19 PADRÃO AGRESSIVO: Grosseiro, não olha no rosto do paciente. Sintomas de cansaço. PADRÃO FRUSTRADO: Quase sempre pessimista, podendo se tornar agressivo com os pacientes. Sua principal características é a frieza na relação com o paciente. Trabalha com má vontade. PADRÃO PESSIMISTA: Vê maior gravidade nas doenças que a real, expressando desânimo e desesperança mesmo antes de conhecer o diagnóstico. PADRÃO “ESPECIALISTA”: Se preocupa apenas com sua área de especialidade, não analisando o paciente como um todo, deixando passar algo simples, pois não deu atenção mínima ao paciente. Em alguns casos se esquece deste, focando apenas no motivo da queixa. PADRÃO “ROTULADOR”: Tem sempre pronto um diagnóstico pronto. PADRÃO OTIMISTA: Não vê dificuldades em nada, tudo lhe parece simples e sem gravidade, não sabendo reconhecer os casos de prognóstico ruim. MÉDICO SEM VOCAÇÃO: Hostilizam e inibem o paciente, impedindo um relacionamento adequado. Modalidades de Culpa--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Negligência (deixou de fazer algo, não tratou do modo ideal, displicente), imprudência (perfeito conhecimento do risco, mas assume-o) e imperícia (não tem preparo para fazer aquilo). Padrões de Comportamento dos Pacientes----------------------------------------------------------------------------------- PACIENTE ANSIOSO: Apresenta incerteza, mudando a história ou acrescentando novos dados. A pessoa não consegue relaxar, pois apresenta tensões ou medos exagerados. Mãos frias, boca seca. Atitudes médicas: O melhor as vezes é saber escutar. O médico deve demonstrar segurança e tranquilidade, sem indagar fatos que possam avivar sentimentos. Este paciente pode induzir o profissional a tomar atitudes rápidas e inconsequentes. PACIENTE DEPRIMIDO: Apresenta baixa autoestima, desânimo, irritação, desinteresse por si. Dificuldade do médico em colher a história do paciente. O médico deve conquistar sua confiança, sendo sincero, com atitude acolhedora e atenciosa, e deixar claro que não há nada demais no paciente chorar, sem indagar e consolar com palavras vazias. Atitudes médicas: Pequenos gestos como leve toque na mão, palavras de compreensão ou apenas silencio respeitoso se faz necessário, oferecer lenços. Sempre se deve avaliar o risco de depressão e possibilidade de suicido. HABILIDADES MÉDICAS I HENRIQUE TOFOLI - MEDICINA FACERES T19 PACIENTE HOSTIL: Pode ser percebido à primeira vista com as primeiras palavras em respostas reticentes e insinuações disfarçadas. Agressividade disfarçando insegurança contra ansiedade, por exemplo, ou luta interna com poder médico. Geralmente levado à consulta contra sua vontade, doenças incuráveis, operações malsucedidas, etc. Médicos que trabalham em instituições providenciais e serviço publico estão mais suscetíveis a estes pacientes. Os estudantes também estão suscetíveis, em hospitais de ensino, principalmente por nem sempre poderem examinar estes pacientes quando os mesmos exigem. Atitudes médicas: Reconhecer a hostilidade, não revidando,ser sereno e demonstrar autoconfiança PACIENTE SUGESTIONÁVEL: Medo de adoecer. Costuma ter excessivo medo de adoecer e vive procurando médicos e pesquisando em sites, realizando exames, mas ao mesmo tempo temendo pelo resultado dos exames. Geralmente quando se deparam com alguma campanha de alguma doença passa a sentir os sintomas. Atitudes médicas: Conversar de forma cuidadosa, para não passar ideia de doença grave ou incurável, aproveitando a sugestionabilidade para despertar sentimentos positivos e favoráveis que eliminam a ansiedade. PACIENTE HIPOCONDRÍACO: tende a procurar o médico com sintomas sem importância para realização de exames, os quais não acredita no resultado. Geralmente é denomina como “paciente que não tem nada”. Muda de médico de frequência, sempre tendo algum diagnóstico a oferecer. Atitudes médicas: O estudante deve estar prevenido quanto ao diagnóstico pronto do paciente, pois na maioria das vezes não tem o que diz ter. O médico não deve contradizer este paciente e ridicularizá-lo; tem de ouvir com paciência e expressar opiniões claras e seguras. Neste caso não se deve pedir mais exames, mas sim reconhecer possíveis transtornos psicológicos e dificuldades em aspectos da vida cotidiana. PACIENTE EUFÓRICO: Apresenta exaltação de humor, falando e movimentando o tempo todo. Sente-se muito forte e sadio, fazendo referências as suas qualidades. Muda de assunto e pensa rápido, sendo difícil compreendê-lo. Este paciente pode ter comportamento inadequado, e até mesmo assediar sexualmente o profissional. Atitudes médicas: Ter paciência ao examiná-lo, e observar se seu temperamento hipomaníaco se relaciona com outras doenças como hiperatividade ou hipertireoidismo ou até mesmo patologias do humor. A euforia pode ser causa de transtorno bipolar. PACIENTE INIBIDO: Apresenta atitude tímida, não encarando o médico, falando baixo e sentando-se à beira da cadeira, não demonstrando estar à vontade naquele momento. HABILIDADES MÉDICAS I HENRIQUE TOFOLI - MEDICINA FACERES T19 Pacientes pobres e os de zona rural as vezes entram em ambientes os quais não estão acostumados e ficam inibidos, sendo as maiores vítimas de médicos autoritários. Atitudes médicas: Ajudar a vencer as barreiras da inibição, demonstrando interesse pelos seus problemas e usar palavras amistosas. PACIENTE PSICÓTICO: Vive em um mundo fora da realidade, contendo delírios, pensamentos desorganizados, que os colocam em posição de difícil acesso. A esquizofrenia é a maior causa, mas também pode ocorrer por lesões ou uso de drogas. PACIENTE SURDO: A comunicação entre o médico e o paciente surdo depende do interesse do primeiro e inteligência do segundo. Quase sempre alguém da família faz papel de intérprete, no entanto o ensino de libras nas faculdades de medicina tem sido preconizado. Atitudes médicas: Falar pausadamente, olhando nos olhos do paciente, pronunciando cuidadosamente as palavras, evitando gritar e realizar leitura labial. PACIENTES ESPECIAIS: com inteligência reduzida devido as péssimas condições socioeconômicas ou retardo mental, devendo ser reconhecidas. Muitas vezes pessoas com baixas habilidades intelectivas ficam tímidas e se calam. Atitudes médicas: Realizar perguntas simples e diretas, usando palavras corriqueiras, ordens precisas e curtas e muita paciência são os ingredientes para conseguir um bom relacionamento. PACIENTE EM ESTADO GRAVE: Cria problemas especiais ao médico no ponto de vista psicológico, não desejando ser perturbado por ninguém, e os exames representam incômodo, além de acompanhar grande ansiedade. Ainda com possibilidades terapêuticas. Atitudes médicas: Realizar exame clínico objetivo, caso for estritamente necessário, adaptando-se as condições do paciente. Entrevistar com palavras simples, diretas e objetivas. Por outro lado, convém ressaltar que doenças graves acompanham de ansiedade, por isso o médico deve estar ao lado do paciente, manifestando sentimento pelo olhar ou segurando suas mãos quando ele se aproxima do leito. PACIENTE FORA DAS POSSIBILIDADES TERAPÊUTICAS: É o Paciente terminal, que sofre de doença incurável em fase avançada, como AIDS, neoplasias malignas, cardiopatias graves, nefropatias, etc. Este paciente passa por negação, raiva, barganha, depressão e aceitação, não necessariamente nesta ordem. CRIANÇAS E ADOLESCENTES: a criança é um ser único com etapas de desenvolvimento distintas, devendo o médico ter conhecimento básico de crescimento e desenvolvimento não só orgânico, mas também emocional. Essa relação implica também em se relacionar com a família. HABILIDADES MÉDICAS I HENRIQUE TOFOLI - MEDICINA FACERES T19 Atitudes médicas: Bondade, atenção, manuseio delicado e respeito de inseguranças. Dicas de segurança: Pegar documento do acompanhante, conhecer antecedentes da criança, analisar as atitudes da criança (demonstra medo, choro ou aparência assustada com o acompanhante). IDOSOS: O comportamento dos idosos varia muito em função de seu temperamento, sendo talvez, em boa parte, um reflexo do que a vida lhe propiciou. Presença de certa amargura e pessimismo. Atitudes médicas: reconhecer como o paciente se relaciona com as doenças, respeitando-os. Tentar enxergar que o paciente não é ruim, mas sim a doença que lhe deixa por vezes hostil. Fases da Morte---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Os cinco estágios do luto descritos por ELIZABETH KUBER-ROSS: PRIMEIRO ESTÁGIO: NEGAÇÃO E ISOLAMENTO. É o primeiro sentimento diante da notícia de doença terminal para um paciente ou de morte para um enlutado, independentemente de como tomou conhecimento do fato que funciona como um para-choque, para que o paciente ou o enlutado se acostume com tal situação. Funciona como um para-choque para que o sujeito possa se acostumar com a situação e é preciso aguardar o momento oportuno para se aproximar dele, observando os sinais demonstrados. A aceitação parcial é a fase logo após a negação, quando não se utilizam da negação por muito tempo. É um estado temporário do qual ele se recupera, gradativamente, à medida que vai se acostumando com a realidade, até começar a reagir. SEGUNDO ESTÁGIO: RAIVA. Surge quando não é mais possível negar o fato e há o sentimento de revolta, de inveja e de ressentimento. O paciente ou o enlutado se pergunta “por que eu e não outra pessoa?”. A raiva é expressa por emoções projetadas no ambiente externo e pelo sentimento de inconformismo. Para a família e os amigos, é uma fase difícil de lidar, pois suas atitudes não têm justificativa plausível. A raiva só se torna patológica quando se torna crônica. TERCEIRO ESTÁGIO: BARGANHA. O paciente começa a ter esperança de uma cura divina ou de um prolongamento da vida, em troca de méritos que acredita ter ou ações que promete empreender. QUARTO ESTÁGIO: DEPRESSÃO. É o estágio de sentimentos de debilitação e tristeza acompanhados de solidão e saudade. Funciona para o paciente, bem como os envolvidos com ele, como uma preparação para suas perdas. Essa fase requer muita conversa e intervenções ativas por parte dos que estão a sua volta, de modo a evitar uma depressão silenciosa. Isso porque só os que conseguem HABILIDADES MÉDICAS I HENRIQUE TOFOLI - MEDICINA FACERES T19 superar as angústias e as ansiedades são capazes de alcançar o próximo estágio, que é a aceitação. QUINTO ESTÁGIO: ACEITAÇÃO. Após externar sentimentos e angústias, inveja pelos vivos e sadios, raiva pelos que não são obrigados a enfrentar a morte, lamento pela perda iminente de pessoas e de lugares queridos, a tendência é que o paciente terminal aceite sua condição e contemple seu fim próximo com mais tranquilidade e menos expectativa.O enlutado que já conseguiu vencer os estágios anteriores chega, agora, ao momento em que a saudade se torna mais sossegada, se sente mais em paz e começa a ter condições de se organizar na vida. Família-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Atualmente a família é posta frente ao estudante como um novo “paciente”, por isso cabe a este munir-se de conhecimento na área da família, como psicologia, antropologia, sociologia, além da promoção de saúde para conseguir um bom relacionamento. Quando o médico visita um lar para consulta, mobiliza dentro de si todas as emoções que ele próprio tem em seu seio familiar, sendo que o médico da família age no atendimento centrado na pessoa, nos seguintes conceitos: EXPLORAR A DOENÇA E A EXPERIÊNCIA DA DOENÇA: anamnese, exame físico e complementares, compreendendo os sentimentos e ideais a respeito do sofrimento e dor do paciente. ENTENDER A PESSOA COMO UM TODO: Entender o paciente como membro da comunidade, ecossistema, cultura, e dentro de uma família, em cenário de trabalho com ou sem rede de apoio. ELABORAR UM PLANO CONJUNTO DE MANEJO DE PROBLEMAS: Junto ao paciente levantar os problemas e fazer lista de prioridades aos objetivos do tratamento e/ou manejo da doença. INCORPORAR A PREVENÇÃO DE DOENÇAS E A PROMOÇÅO DE SAÚDE: Atitude preventiva, buscando não só a cura, mas sim a melhora da saúde, redução de riscos, buscando a identificação precoce de doenças. INTENSIFICAR O RELACIONAMENTO ENTRE A PESSOA ATENDIDA E O MÉDICO: O médico deve exercer a compaixão, buscar a cura quando possível, e desenvolver consciência na pessoa atendida. SER REALISTA: Traz a responsabilidade ao médico pela gestão de tempo, buscando otimizar o atendimento de forma humana, mas respeitando o timing da consulta. Além de gerir a equipa e recursos financeiros da medicina da família, comunidade e equipamentos. HABILIDADES MÉDICAS I HENRIQUE TOFOLI - MEDICINA FACERES T19 O médico da família tem uma característica que o diferencia dos outros médicos, no que diz respeito a relação com seu paciente, a chamada de longitudinalidade, que é construída por anos e, por isso, médico pode por meio de conversas de telefone e mensagens tirar algumas dúvidas e esclarecimentos, porém nem todo caso consegue ser feito por telefone, devendo o médico avaliar a situação. Trabalho do Estudante de Medicina com o Paciente----------------------------------------------------------- A Norma reguladora NR32 estabelece as diretrizes básicas para a implementar segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde que exercem atividades de promoção e assistência à saúde, sendo vedado: A utilização de pias de trabalho para fins diversos dos previstos. O ato de fumar, o uso de adornos e o manuseio de lentes de contato nos postos de trabalho. O consumo de alimentos e bebidas nos postos de trabalho. A guarda de alimentos em locais não destinados para este fim. O uso de calçados abertos. Discussão de Casos Clínicos a Beira do Leito-------------------------------------------------------------------------- Em alguns hospitais universitários ainda é costume discutir casos clínicos à beira do leito do paciente ou nas salas dos ambulatórios, contudo frente a mudanças no ensino médico, alguns hospitais já dispõem de salas para discussão de casos. Algumas situações podem ser fonte de ansiedade e sofrimento psíquico ao paciente, por isso o estudante deve: Lembrar da formação ética e humanista. Ficar atento a comentários inadequados, expressões que traduzem dúvidas diagnósticas malignas ou incuráveis e não os realizar. HABILIDADES MÉDICAS I HENRIQUE TOFOLI - MEDICINA FACERES T19 Prognósticos pessimistas. Deve-se então criar o hábito de discutir diagnóstico diferencial e hipóteses diagnósticas longe dos pacientes, fazendo um resumo depois ao mesmo, sem uso se jargão médico. Ensino-aprendizagem de relação médico-paciente---------------------------------------------------------------------- É necessário conhecer bases teóricas e os princípios que norteiam o aprendizado, mas o contato direto e supervisionado na realização de exames clínicos é sem dúvida o mais importante. Treinamento prévio em laboratórios de habilidade. Sessão de simulação com atores. Problematização de cenas de filme. Prática dos grupos Balint (análise das experiências vividas pelo estudante antes, depois e no decorrer do exame clínico, para entender possíveis problemas e dificuldades emocionais vividas pelo estudante). Método Clínico------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- O método clínico é o único que permite uma visão humana dos problemas dos pacientes, contendo flexibilidade e grande abrangência, o que geralmente limita os demais métodos. Correlacionar os dados clínicos aos exames complementares é o segredo do sucesso de bons médicos, sendo atualmente o novo “olho clínico”. Diferencias: formulação de hipóteses diagnósticas, estabelecer boa relação médico-paciente e tomar decisões. ENTREVISTA: processo social de interação entre o médico, o paciente e/ou seu acompanhante, em ambiente adequado e silencioso, além de equipamentos adequados. EXAME FÍSICO: Inspeção, palpação, percussão, ausculta e uso de alguns instrumentos e aparelhos simples são designados conjuntamente como exame físico. Existe o aspecto psicológico no exame físico, pois alguns pacientes só acreditam no método quando realmente estão sendo inspecionados. SEGUIMENTO DO PACIENTE (follow up): é a observação sistemática do doente durante a evolução da enfermidade, ou seja, a monitorização do paciente (pa, saturação, fc). geralmente o médico observa os sinais vitais clássicos (temperatura, pulso, pressão arterial, frequência respiratória, nível de consciência). FICHA CLÍNICA OU PRONTUÁRIO MÉDICO: Todo atendimento deve ser registrado na ficha clínica ou prontuário médico para guardar informações que resguardem eticamente e legalmente o médico. Contém todo histórico de saúde, sinais vitais, resultados de exames laboratoriais. HABILIDADES MÉDICAS I HENRIQUE TOFOLI - MEDICINA FACERES T19 Identificação do paciente, história clínica, exame físico, diagnóstico, prescrições terapêuticas e seguimento do paciente. PRONTUÁRIO ELETRÔNICO – VANTAGENS: Acesso rápido ao histórico, disponibilidade remota, uso por diversos serviços e profissionais da saúde, informações organizadas, inexistência de extravios. PRONTUÁRIO ELETRÔNICO – DESVANTAGENS: Resistência ao uso por equipe médica, grande investimento, sistema pode ficar inoperante, treinamento de usuários. Facilitadores da Entrevista Médica------------------------------------------------------------------------------------------------ Local adequado, confortável, calmo – quando possível – e linguagem verbal (linguagem apropriada, evitar jargões e termos técnicos, ritmo e entonação da voz, volume) e não verbal (contato visual postura interessada, balançando a cabeça, gestos da mão). Apoio, facilitação, reflexão, esclarecimento, confrontação, interpretação, respostas empáticas, silêncio. Tipos de Perguntas-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ABERTAS: Devem ser feitas de tal maneira que o paciente se sinta livre para expressar-se, sem que haja nenhum tipo de restrição. Ex: “O que traz o sr. aqui?” FOCADAS (SEMI-ABERTAS): são tipos de perguntas abertas, porém sobre um assunto específico, ou seja, o paciente deve sentir-se à vontade para falar, porém agora sob um determinado tema ou sintoma apenas. Ex: “Como é sua dor no peito?” FECHADAS:servem para que o entrevistador complemente o que o paciente ainda não falou, com questões diretas de interesse específico. Ex: “A perna dói quando o sr. anda ou quando o sr. está parado?” EVITAR! DIRIGIDAS: O entrevistador induz o paciente a uma resposta e está implícito a influência ou um valor mantido pelo entrevistador. Ex: “Você está sentindo-se melhor, não está?” ou “você tem tomado a medicação que prescrevi, não tem?” COMPOSTAS: Duas ou mais perguntas feitas sem dar tempo ao paciente para que responda às primeiras delas. Uma série de perguntas separadas ou uma pergunta que exija resposta com múltiplos componentes. Ex: “Conte-me sobre você”, “qual a sua idade, onde você nasceu e o que você faz para viver?” Entrevista Médica com Sucesso-------------------------------------------------------------------------------------------------------- Encorajar o desenvolvimento da narrativa. HABILIDADES MÉDICAS I HENRIQUE TOFOLI - MEDICINA FACERES T19 Balanço equilibrado entre perguntas abertas e fechadas. Acesso adequado à cronologia dos fatos (Sumarização, para adquirir novas informações, para precisão). Balanço transitório. Tipos de questões relacionadas à área do conteúdo (ISDA – Interrogatório Sobre Diversos Aparelhos: fechadas e HPMA: abertas). Fechamento efetivo da entrevista (Questões, outras considerações, adições ou correções). “FICOU ALGUMA DÚVIDA?” Explicar o próximo passo ou finalizar a interação. Roteiro da Anamnese do Adulto---------------------------------------------------------------------------------------------------------- ORIENTAÇÃO 1: você irá discutir com seu professor cada item apresentado neste roteiro, que não tem a pretensão de ser completo e único, mas apenas para servir como instrumento-guia. ORIENTAÇÃO 2: ao final da discussão você fará uma entrevista com seu colega sobre alguma doença que o mesmo tenha apresentado em algum momento da sua vida. 1. DATA E HORÁRIO DO HISTÓRICO 2. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO (ID) a) Nome: descrever as iniciais do nome completo. b) Idade: c) Sexo: d) Cor: e) Naturalidade: f) Procedência (remota ou atual): g) Nacionalidade: h) Estado civil: solteiro, casado, viúvo, etc. i) Religião: j) Grau de escolaridade: k) Ocupação, profissão: l) Filiação: m) Fonte das informações e telefone de contato: n) Fonte de encaminhamento: 3. QUEIXA PRINCIPAL E DURAÇÃO (QP): a) Quando possível, com as próprias palavras do paciente. (EXATAMENTE COMO O PACIENTE FALAR). b) Sintomas referidos pelo paciente. Sempre as palavras do paciente. Não requer SIC, nem aspas. Ex: dor nas juntas há 2 semanas. 4. HISTÓRIA PREGRESSA DA MOLÉSTIA ATUAL (HPMA): Uso termos médicos. Nega irradiação, nega dor em flancos, etc. Desenvolver a queixa principal. É uma narrativa clara com problemas pelos quais o paciente está necessitando de atendimento. Deve ser feita preferencialmente HABILIDADES MÉDICAS I HENRIQUE TOFOLI - MEDICINA FACERES T19 empregando termos técnicos e deve ser organizada cronologicamente. Relatar o início do problema, a maneira como vem se desenvolvendo, suas manifestações, investigações e tratamentos já realizados. Os principais sintomas devem ser descritos quanto: a localização, a qualidade (tipo), a intensidade, o tempo (início), duração e frequência, a evolução, aos fatores que agravam ou atenuam as manifestações associadas ao problema. Relatar também, a negativa de certos sintomas que poderiam auxiliar no diagnóstico diferencial. Como começou a doença? Há quanto tempo está doente? Sintomas súbitos/gradativos, fatores ou situações que o desencadearam ou o acompanharam em seu início. Localização, intensidade, periodicidade. Relação com as funções orgânicas. Como evoluiu (estável, piora, melhora)? Sintomas atuais? Tratamentos anteriores? DECÁLOGO DA DOR (é importante esmiuçar o decálogo da dor): localização, irradiação, qualidade/caráter, intensidade, duração, evolução, relação com funções orgânicas, fatores de agravo, fatores de alívio e fatores associados. Localização: Onde inicia a dor? Irradia para alguma outra região ou é localizada? Irradiação: Para onde a dor vai, irradia, se espalha? (Usar o termo que fique melhor para o entendimento do paciente). Qualidade/caráter: queimação, pontada, pulsátil, cólica, constritiva, contínua, cíclica, profunda, superficial. Intensidade: é a dor mais forte que o Senhor já sentiu? Em uma escala de 0-10 quanto seria essa dor? Duração: Após o início quanto tempo dura a dor? É constante? É intermitente? Evolução: A primeira vez que o Senhor sentiu a dor já foi com a mesma força que é atualmente? Ou começou mais leve e foi piorando (progressiva)? Relação com funções orgânicas: Ex. dor retroesternal associada a vômitos. Fatores de agravo: Existe algo que piora a dor? (posição, alimentação, movimentação, decúbito). Fatores de alívio: Existe algo que alivia/melhora, a dor? Posição, horário do dia, movimentação, medicação (qual?). Sinais e sintomas associados: demais queixas relacionadas à dor.
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