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A RELIQUIA


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Questões “A RELÍQUIA” 
 
1. Em “A Relíquia” de Eça de Queirós, à certa altura, Teodorico, numa conversa com Dr. 
Margaride, confessa estar temeroso sobre seu futuro., na esperança de que aquele 
soubesse de algo sobre o testamento. Margaride declara que Teodorico teria um rival 
forte: Nosso Senhor Jesus Cristo. Raposo então tem uma conversa imaginária, pessoal e 
forte com Cristo 
“Porque agora, eu estava bem decidido a não deixar ir para Jesus, filho de Maria, a 
aprazível fortuna do Comendador G. Godinho. Pois quê! Não bastavam ao Senhor os 
seus tesouros incontáveis; as sombrias catedrais de mármore, que atulham a terra 
e a entristecem; as inscrições, os papéis de crédito que a piedade humana 
constantemente averba em seu nome; as pás de ouro que os Estados, reverentes, 
lhe depositam aos pés trespassados de pregos; as alfaias, os cálices, e os botões de 
punho de diamantes que ele usa na camisa, na sua Igreja da Graça? E ainda voltava, 
do alto do madeiro, os olhos vorazes para um bule de prata, e uns insípidos prédios 
da Baixa! 
Pois bem! disputaremos esses mesquinhos, fugitivos haveres, tu, ó filho do 
carpinteiro, mostrando à Titi a chaga que por ela recebeste, uma tarde, numa cidade 
bárbara da Ásia, e eu adorando essa chaga, com tanto ruído e tanto fausto, que a 
Titi não possa saber onde está o mérito, se em ti que morreste por nos amar de mais, 
se em mim que quero morrer por não te saber amar bastante!..” 
Teodorico sempre reitera que é um liberal republicano. Qual trecho do excerto 
acima revela uma crítica condizente com sua visão política, ou seja, que elogia a 
laicidade dos governos: 
a) “suas catedrais de mármore, que atulham a terra e a entristecem” 
b) “as alfaias, os cálices, e o botões de punho de diamantes que ele usa na sua 
camisa, na sua Igreja da Graça” 
c) “as pás de ouro que os Estados, reverentes, depositam aos pés trespassados de 
prego.” 
d) “a chaga que por ela recebeste, uma tarde, numa cidade bárbara da Ásia” 
e) “as inscrições, os papéis de crédito que a piedade humana constantemente 
averba em seu nome” 
 
2. Em A Relíquia de Eça de Queirós, Teodorico Raposo se converte numa espécie de 
Evangelista às avessas ou, se preferirmos, num “desevangelista”, na medida em que 
deturpará completamente os fatos narrados no texto bíblico. Ele irá inclusive 
desconstruir e dessacralizar um dos momentos mais importantes da história de Cristo 
narrada nos Evangelhos: aa ressurreição de Cristo. Podemos afirmar que S. Teodorico é 
um “desevangelista” por 
 
a) Ratificar as informações propostas pelos outros evangelistas, a saber, Lucas, 
Mateus, João e Marcos. 
b) Emitir opiniões nada convencionais sobre o contexto, as personagens e 
acontecimentos que antecedem a morte e crucificação de Cristo. 
c) Confirmar as interpretações ortodoxas da narrativa bíblica até então existentes. 
d) Haver uma paródia do texto bíblico, paródia esta que vai de encontro à 
personalidade e às atitudes de Raposo em relação ao catolicismo. 
e) Refutar questionamentos de verdades e ideologias que para os seguidores do 
cristianismo são incontestáveis. 
 
3. Em “A Relíquia” de Eça de Queirós temos uma ácida crítica contra a hipocrisia religiosa 
e a beatice portuguesa. A qual personagem se refere a descrição a seguir? 
É um clérigo adulador e disfarçado.Frequentava a casa de Dona Patrocínio e foi quem mais 
acusou Teodorico aquando do episódio da "relíquia". Graças à expulsão de Teodorico da 
casada tia herdou a Quinta do Mosteiro, perto de Viana de Castelo, as inscrições do Crédito 
Público, a mobília da casa de Santana e o cristo de ouro. Para além de tomar a Teodorico a 
fortuna da "titi", toma-lhe também a antiga amante que o traíra, Adélia. Teodorico acaba 
por lhe comprar a Quinta do Mosteiro. 
a) Padre Pinheiro 
b) Topsius 
c) Padre Casimiro 
d) Padre Negrão 
e) D. Margaride 
 
4. Sobre a nudez forte da verdade – o manto diáfano da fantasia, epigrafe do 
romance A Relíquia, de Eça de Queiros, explicita uma crítica: 
a) 
b) À hipocrisia religiosa e ao falseamento dos princípios do Cristianismo, percebidos 
por Teodorico Raposo na peregrinação que empreende até a Terra Santa. 
c) À hipocrisia religiosa, com a menção da venda de relíquias, sobretudo a coroa de 
espinho de Cristo, que Teodorico Raposo encontra na Terra Santa e com que 
presenteia sua tia beata. 
d) Aos preconceitos religiosos, através dos pressupostos do Naturalismo, expostos 
pelo sábio Topsius à personagem principal, Teodorico Raposo. 
e) Aos princípios estéticos do Romantismo que, ao valorizarem a ideia de fuga da 
realidade, levavam o homem à alienação. 
f) À hipocrisia religiosa, presente na sociedade oitocentista portuguesa, por meio 
da incursão pelo mundo dos sonhos, que simbolicamente acontece durante a 
peregrinação do Teodorico Raposo pela Terra Santa. 
 
5. Leia o seguinte trecho de “A RELÍQUIA” de Eça de Queirós, obra do Realismo português: 
“À noite, depois do chá, refugiava-me no oratório, como numa fortaleza de santidade, 
embebia os meus olhos no corpo de ouro de Jesus, pregado na sua linda cruz de pau preto. 
Mas então o brilho fulvo do metal precioso ia, pouco a pouco, embaciando, tomava uma alva 
cor de carne, quente e tenra; a magreza de Messias triste, mostrando os ossos, arredondava-
se em formas divinamente cheias e belas; por entre a coroa de espinhos, desenrolavam-se 
lascivos anéis de cabelos crespos e negros; no peito, sobre as duas chagas, levantavam-se, 
rijos, direitos, dois esplêndidos seios de mulher, com um botãozinho de rosa na ponta; e era 
ela, a minha Adélia, que assim estava no alto da cruz, nua, soberba, risonha, vitoriosa, 
profanando o altar, com os braços abertos para mim!” 
Nes 
te trecho, a característica realista mais marcante é: 
a) o anticlericalismo que permite ao autor fazer uma mistura entre sagrado e profano de 
maneira irônica e iconoclasta. 
b) estabelecer um nexo de causa e efeito entre alguns fatores sociológicos e biológicos e a 
conduta das personagens. 
c) analisar as perversões sexuais, condenando-as em nome da moral religiosa 
d) o individualismo, a linguagem erudita e a visão fantasiosa da sociedade. 
e) Sentimentos, sobretudo o amor, subordinados aos interesses sociais; 
 
6. No livro “A Relíquia”, Eça de Queirós apresenta ao leitor um personagem devasso e 
esperto que fará de tudo para enganar sua tia que era extremamente beata e de quem 
esperava receber sua herança como único premiado. Entretanto, Raposo é um homem 
que desde cedo manifesta não ser dado às coisas da religião católica. Aos sete anos, 
numa hospedaria, esbarrou, distraidamente, na amante inglesa de um barão. À noite, fez 
a seguinte reflexão: 
“No meu leito de ferro, desperto pelo barulho das seges, eu pensava nela, rezando ave-marias. 
Nunca roçara corpo tão belo, dum perfume tão penetrante: ela era cheia de graça, o Senhor 
estava com ela, e passava, bendita entre as mulheres, com um rumor de sedas claras. ” 
(sege: carruagem) 
Por meio do excerto indicado, podemos deduzir: 
a) há uma intertextualidade dessacralizante que remete a uma tradicional oração católica; 
b) é um claro exemplo de metalinguagem; 
c) este trecho retifica a visão negativa que se tem de Raposo, por mostrar que eventualmente 
usa das orações em seu íntimo; 
d) há uma referência intertextual apresentada em tom solene e respeitoso; 
e) os termos utilizados comprovam que são de uma obra realista pelo tom objetivo que 
apresentam. 
 
7. Leia o seguinte trecho da obra “A Relíquia” de Eça de Queirós. O narrador /protagonista 
é Teodorico Raposo, o Raposão. A seguir, assinale a alternativa incorreta: 
“Nunca foi me dado percorrer os Lugares Santos da Índia em que Buda viveu – arvoredos de 
Migadaia, outeiros de Veluvana, ou esse doce vale de Rajagria, por onde se alongavam s olhos 
adoráveis do Mestre perfeito (...) Também não visitei a caverna de Hira, nem os devotos areais 
entre Meca e Medina, que tantasvezes trilhou Maomé, o Profeta Excelente, lento e pensativo 
sobre o seu dromedário. Mas desde as figueiras de Betânia até as águas caladas da Galiléia, 
conheço bem os sítios onde habitou esse outro intermediário divino, cheio de enternecimento e 
de sonhos, a quem chamamos Jesus-Nosso-Senhor: - e só neles achei bruteza, secura, sordidez, 
soledade e entulho.” 
 
a) O tipo de narrador escolhido por Eça de Queirós torna a narrativa mais impregnada de 
subjetividade. O leitor é induzido a compartilhar dos sentimentos de satisfação ou 
insatisfação vividos pela personagem, o que dificulta ainda mais a visão geral da história, 
visto que temos uma visão viciada e unilateral da trama. 
b) Um bom leitor pode, por meio de um narrativa em primeira pessoa, deduzir traços 
marcantes do caráter do narrador-protagonista. 
c) No trecho, percebe-se uma dessacralização do espaço bíblico, apresentado por meio de 
traços negativos. 
d) Na descrição feita por Raposão de três importantes mestres espirituais, Jesus Cristo 
(“esse outro intermediário divino”) ficaria numa posição inferior se comparado a Buda e 
a Maomé , levando em conta os termos utilizados para defini-los. 
e) O combate ao anticlericalismo romântico é uma marca realista , logo traço temático 
presente na obra “A Relíquia”. 
Considere os seguintes trechos do romance A Relíquia para responder as questões 8 e 9 
I. E agora, para que cada um esteja prevenido e possa fazer as orações que mais lhe calharem, 
devo dizer o que é a relíquia... (...) Esmagada, com um rouco gemido, a Titi aluiu* sobre o 
caixote, enlaçando-o nos braços trêmulos... Mas o Margaride coçava pensativamente o 
queixo austero, Justino sumira-se na profundidade dos seus colarinhos, e o ladino** Negrão 
escancarava para mim uma bocaça negra, de onde saía assombro e indignação! 
*desabou; ** espertalhão. 
II. (...) a Titi tomou o embrulho, fez mesura aos santos, colocou-o sobre o altar, devotamente 
desatou o nó do nastro* vermelho; depois, com o cuidado de quem teme magoar um corpo 
divino, foi desfazendo uma a uma as dobras do papel pardo... Uma brancura de linho 
apareceu... 
*fita 
III.As relíquias eram valores! Tinham a qualidade onipotente de valores! 
Eça de Queirós, A Relíquia. 
9) As passagens acima são revelações de diferentes objetos, todos eles contemplados no 
romance como relíquias. Explicite a que objetos cada um dos trechos se refere. 
10) No último parágrafo do romance, Teodorico reflete: “... houve um momento em que me 
faltou esse descarado heroísmo de afirmar, que, batendo na terra com pé forte, ou 
palidamente elevando os olhos ao céu – cria, através da universal ilusão, ciências e religiões”. 
Qual dos três excertos melhor se aplica à reflexão de Teodorico? Justifique. 
 
10. Atente para as seguintes afirmações relativas ao desfecho do romance A Relíquia, de 
Eça de Queirós: 
I. O autor revela, por meio de Teodorico, sua descrença num Jesus divinizado, imagem que 
é substituída pela ideia de Consciência. 
II. Ao ser sincero com Crispim, Teodorico conquista a vida de burguês que sempre almejou. 
III. Teodorico dá ouvidos à mensagem de Cristo, arrepende‐se de sua hipocrisia beata e 
abraça a fé católica. 
Está correto o que se afirma apenas em 
a) I. 
b) II. 
c) I e II. 
d) II e III. 
e) I e III. 
11. (UNICAMP) Em A Relíquia de Eça de Queirós, várias são as mulheres com quem Teodorico 
Raposo, o herói e narrador, se vê envolvido. Dentre elas, podemos citar Mary, Adélia, Titi, 
Jesuína, Cíbele. Uma dessas personagens é importantíssima para a trama do romance, já que 
acompanha o narrador desde a infância, e deve-se a ela a origem de todos os seus infortúnios 
posteriores. Quem é e o que fez ela para que o plano de Raposo não desse certo? 
12. Em A Relíquia de Eça de Queirós, várias são as mulheres com quem Teodorico Raposo, o 
herói e narrador, se vê envolvido. Dentre elas, podemos citar Mary, Adélia, Titi, Jesuína, 
Cíbele. A qual delas Raposo se refere como “Tinha trinta e dois anos e era zarolha”? Que 
relações tem essa personagem com Crispim, a quem o narrador denomina como “a firma”? 
13. De acordo com Beatriz Berrini (1982, p. 136), 
A concepção da mulher, em A Relíquia, portanto, é extremamente desfavorável, como 
também no Mandarim. São objetos de prazer que se compram com dinheiro, sem qualquer 
outro atrativo. Por serem apreciadas pelo Raposão, valorizadas pelos seus olhos de narrador, 
desvalorizam-se perante o leitor. 
A partir disso, indique duas personagens femininas que comprovam tal crítica. 
 
14. Segundo a crítica sobre o romance de Eça de Queirós, 
O narrador “ingênuo” revela ao leitor características que o tornam desprezível a seus olhos, 
mas que desvelam, pela força caricatural e simbólica do texto, a realidade. No caso da 
Relíquia, através do Raposo, tem-se a crítica da burguesia urbana, beata e interesseira, ávida 
de dinheiro e dos prazeres que com ele se compram (BERRINI, 1982, p. 136). 
Explique como se dá a crítica à burguesia e à religiosidade no romance A Relíquia. 
 
15. Para Campos Matos (1988), a figura da beata 
é produto burguês típico de um ambiente clerical retrógrado, alimentado por sacerdotes cujo 
comportamento é a cabal antítese do entendimento da religião como pura prática de 
espiritualidade e consciência moral. Consubstancia este tipo de beata, n’ Relíquia, um retrato 
a duas dimensões fortemente carregado de tons de humor e farsa, desenhado com a 
fundamental intenção crítica de demolir as deformas e ignaras praticantes de grosseiros 
rituais, nos antípodas da verdadeira religião. 
A partir dessas informações, identifique a beata e os sacerdotes do romance A Relíquia, 
explicando como se dá no livro a farsa de intenção crítica do autor Eça de Queirós. 
 
16. Em A RELÍQUIA, de Eça de Queirós, encontramos a seguinte resposta de Lino, comprador 
habitual das relíquias de Raposo: “Está o mercado abarrotado, já não há maneira de vender 
nem um cueirinho do Menino Jesus, uma relíquia que se vendia tão bem! O seu negócio com 
as ferraduras é perfeitamente indecente… Perfeitamente indecente! É o que me dizia noutro 
dia um capelão, primo meu: ‘São ferraduras demais para um país tão pequeno!…’ Catorze 
ferraduras, senhor! É abusar! Sabe vossa Senhoria quantos pregos, dos que pregaram Cristo 
na Cruz, Vossa Senhoria tem impingido, todos com documentos? Setenta e cinco, Senhor!… 
Não lhe digo mais nada… Setenta e cinco!” 
 
a) Relate o episódio que faz com que Lino dê essa resposta a Raposo. 
b) Sabendo que o autor usa da ironia para suas críticas, dê os sentidos, literal e irônico, que 
pode tomar dentro da narrativa a frase: “São ferraduras demais para um país tão 
pequeno!…” 
 
17. O trecho que segue relata um diálogo entre o narrador-personagem de A RELÍQUIA e o 
DOUTOR MARGARIDE, e contém referências básicas para o desenvolvimento do romance: 
“Eu arrisquei outra palavra tímida. 
– A titi, é verdade, tem-me amizade… 
– A titi tem-lhe amizade – atalhou com a boca cheia o magistrado – a você é o seu único 
parente.. Mas a questão é outra, Teodorico. É que você tem um rival – Rebento-o! – gritei eu, 
irresistivelmente, com os olhos em chamas, esmurrando o mármore da mesa. O moço triste, 
lá ao fundo, ergueu a face de cima do seu capilé. E o Dr. Margaride reprovou com severidade 
a minha violência. 
– Essa expressão é imprópria de um cavalheiro, e de um moço comedido. Em geral não se 
rebenta ninguém… E além disso o seu rival não é outro, Teodorico, senão Jesus Cristo! 
Nosso Senhor Jesus Cristo? E só compreendi quando o esclarecido jurisconsulto, já mais 
calmo, me revelou que a titi, ainda no último ano da minha formatura, tencionava deixar a 
sua fortuna, terras e prédios, a irmandades da sua simpatia e a padres da sua devoção.” 
 
a) Localize no trecho ao menos uma dessas referências e explique qual a sua relevância para 
a trama central. 
b) O trecho fala da importância da figura de JesusCristo para a personagem denominada 
“titi”. Descreva essa personagem, segundo o prisma do próprio narrador, Teodorico Raposo, 
e tente demonstrar como o mesmo trata sarcasticamente o seu “rival” de herança. 
GABARITO 
 
1.C 
2. B 
3. D 
4. E 
5.A 
6.A 
7. e 
8. Os objetos referidos nos textos são, respectivamente: (I) a coroa de espinhos, (II) a 
camisola de Mary e (III) os objetos, supostamente sacros, comercializados por Teodorico 
quando seu primeiro plano de enriquecimento fracassa. 
9. A reflexão de Teodorico relaciona-se ao excerto II, uma vez que, após o episódio da 
camisola, o narrador-protagonista assume uma postura de aparente honestidade. 
Teodorico fala em um “descarado heroísmo de afirmar” ao reavaliar aquele episódio de 
sua vida (quando a tia abre o presente de Jerusalém). Conclui que, naquele momento, a 
astúcia e a perspicácia teriam sido mais úteis para que ele conquistasse seus objetivos (a 
herança da tia). 
10. C 
11. Trata-se de Titi, sua tia, a cuja herança ele teria direito, caso se comportasse como um 
perfeito católico (na acepção de sua tia) . Como tal não aconteceu e, tendo sido 
descoberto o engodo que Raposo lhe preparava, Titi deserdou-o 
12. Jesuína. Trata-se da irmã de Crispim, o próspero amigo, herdeiro da firma Crispim & Cia. 
Não sem ironia, Teodorico o chama de “a firma” para sugerir que a identidade do amigo 
se sustentava mais no valor financeiro do que no afetivo 
13. Miss Mary e Adélia, duas personagens femininas de A Relíquia, são dependentes do 
dinheiro proveniente de envolvimentos sexuais e ambas amantes de Teodorico Raposo, 
narrador do romance. 
14. A obra explora o comportamento burguês e o religioso associado ao interesse econômico 
ao recriar, na ficção, a elite lisboeta apegada aos valores materiais, mesmo que para isso 
seja necessário apresentar um comportamento social fraudulento. É o caso de 
Teodorico, que se propagandeia como um cristão casto e seguidor das normas sagradas 
da Igreja Católica, bem como dos padres do romance, como se exemplifica nas maneiras 
como os religiosos se envolvem com Dona Patrocínio, bajulando-a e enaltecendo-a, a fim 
de conseguirem regalias estomacais, ao frequentarem a casa dela, e desejosos de que 
Titi os beneficiasse em testamento, deixando para eles sua fortuna. 
15. D. Patrocínio das Neves é a beata, amarga e infeliz, que busca no fanático exercício 
católico seu lugar no céu e na sociedade de Lisboa, mas é enganada por quase todos que 
a rodeiam, uma vez que ela só interessa enquanto fonte de renda, patrocinando as 
necessidades de seus amigos e a viagem de seu sobrinho à Terra Santa, onde ele, ao invés 
de fartar o espírito com orações, sacia a sede de sexo que tinha. 
16. a) Após ter sido expulso pela “Titi”, dona Patrocínio das Neves, Teodorico Raposo para 
sobreviver passa a vender as falsas relíquias sagradas a Lino. Entretanto, ele próprio 
desacreditou as suas relíquias. Por isso, Lino responde: “Está o mercado abarrotado.” b) 
No sentido literal significa que as “ferraduras” são demasiadas para um país pequeno 
como Portugal. No sentido irônico essas “ferraduras” referem-se aos “burros” que fazem 
parte da população de Portugal. 
17. a) Teodorico, em sua peregrinação, desejava chegar ao Egito, à Palestina e á Terra Santa. 
Com essa viagem visava a se reabilitar junto à Titi, Dona Maria do Patrocínio. b) Titi criara 
Teodorico desde pequeno. É uma velha alta, solteira a virgem. O narrador espera por sua 
morte para tornar-se o herdeiro.