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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA Centro de Educação Departamento de História Curso de História Disciplina: História do Brasil IV Resumo Indicativo da obra RAMALHO, José Ricardo. Reestruturação produtiva, neoliberalismo e o mundo do trabalho no Brasil: anos 1990 e 2000. IN: FERREIRA, Jorge/Delgado, Lucilia de Almeida Neves. O BRASIL REPUBLICANO. V. 5. O TEMPO DA NOVA REPÚBLICA – DA TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA À CRISE DE 2016. QUINTA REPÚBLICA (1985-2016). 1ͣ ed. - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018, p.193-217. A perspectiva que pairava no contexto econômico no cenário político era de mudanças, principalmente no que se refere aos anos de 1990, estava acontecendo uma reestruturação econômica que de alta abrangência, essa reestruturação se caracterizava em menos interferência do estado na economia, maior produção das industrias produtivas e maior abertura comercial de capital. Isso na pratica significaria que haveria mudanças profundas na dinâmica econômica, que se refletiria em vários âmbitos e camadas da população, principalmente no que tange as questões de trabalho e trabalhador para com o contratante. Então novas formas de relações de trabalho foram emergindo em comparativo aos moldes de 1950-60, novas mudanças de parâmetros econômicos que davam base para essa reestruturação econômica onde o estado não mais iria interver na econômica do país, ele se regularia por si próprio, o estado a partir dessa reestruturação não mais teria um teor intervencionista e centralizado. Então a partir da reestruturação econômica em 1990 as relações de trabalho se tornariam muito mais inseguras e vulneráveis, não haveria uma estabilidade trabalhista, e o trabalhador estaria refém dessas relações frágeis que o mercado traria. Os empregos a partir dos anos de 1990 com a reestruturação econômica estariam muito mais fragilizados, passariam por uma drástica redução e uma alta instabilidade, o que consequentemente causou uma onda de pobreza, desemprego e o fortalecimento da miséria. Nesse sentido a marca da reestruturação era a flexibilização do trabalho e das relações trabalhistas, a flexibilidade na organização dos trabalhos e dos trabalhadores, as empresas se flexibilizam no sentido da contratação de empregos e da sua sustentação, as empresas buscam sempre enxugar recursos na dinâmica empresarial no sentido da mão de obra que se tornaria a partir de 1990 e nos anos subsequentes da década de 90 um subproduto, maleável das empresas. Haveriam jornadas de trabalho mais longas, o próprio trabalhador estaria sem um amparo seguro, instabilidade, vulnerabilidade, e sem segurança nenhuma, os mercados estavam em mudança constante e os trabalhadores ficam sujeitos as negociações individuais – empresa e trabalhador – novas dinâmicas surgem e a partir da análise desses processo é perceptível que o processo de reestruturação estabelece uma dinâmica de exploração e dominação do capital empresarial para com os trabalhadores, aprofundando as desigualdades já profundas. Acontece uma regressão e precarização social no decorrer do processo de reestruturação, precarização principalmente entre os trabalhadores fabris, que sofrem desde contratos temporários, baixa remuneração até maior subordinação dos serviços desempenhados, a reestruturação faz crescer o trabalho atípico, exercendo uma pressão trabalhista no sentido dos salários e horários, e inclusive surgem a partir dessa reestruturação empregos sem garantias nenhuma, sem nenhuma proteção da lei, e a condição de trabalho e do trabalhador fica cada vez mais pior e incerta, frente aos contratantes, reforçando os caminhos para trabalhos forçados ou até mesmo escravo, sem direito nenhum e longas jornadas de trabalho estabelecidas. No território brasileiro essa reestruturação foi sentida, houve uma grande flexibilização das relações de trabalho e o trabalhador a cada vez mais a margem das leis passam a ser uma subcontratação na mão do capital financeiro e do mercado, o trabalhador a partir de 1990 passa a ser esse subproduto nas mãos do mercado, muitas vezes trabalhando por conta. Entre os jovens o que mais cresceu foi o desemprego, reflexo da reestruturação, porém, mesmo assim muitos conseguem ingressar no mercado de trabalho, os jovens ficam reféns da fragilidade do mercado e da oferta de trabalho, passando por situações temporárias e flexibilizadas, a informalidade cresceu muito nesse período da década de 1990 e nos anos posteriores, informalidade no sentido de que o trabalhador não era protegido, sem carteira assinada, e vivia por conta própria. A reestruturação previa uma maior eficiência econômica, mas o impacto no viés trabalhista foi muito forte e sentido, e a geração de empregos foi drasticamente reduzida. E esse cenário de instabilidade das relações trabalhistas e de disponibilidade de empregos só vem ser alterado a partir dos anos 2000, onde há um crescimento maior do PIB – Produto Interno Bruto, o trabalho formal cresce a partir de 2003 tudo em virtude da aplicação da política do salário mínimo, os anos 2000 se constitui com um plano político favorável no sentido dos contratos trabalhistas formais e as relações de trabalho. A constituição de 1988 abre espaço para que os trabalhadores entrem na disputa por direitos, e os sindicatos que fazem resistência ao autoritarismo e as desigualdades no trabalho se constituem como fundamentais para a incorporação dos direitos à constituição. Os movimentos sindicais organizados são reconhecidamente necessários para a inserção ou mudança dos panoramas trabalhistas no sentido constitucional, a constituição tratou de questões pertinentes não só em relação aos sindicatos, mas também à justiça do trabalho, a constituição vai ampliar a atuação do estado nos conflitos trabalhistas. A inserção da política trabalhista no texto constitucional ampliou as possibilidades de participação e decisão dos sindicatos e trabalhadores nas questões dos direitos de trabalho, implicando em políticas mais democráticas decentralizadas e públicas. Em 1990 no Brasil acontece uma grande disseminação da subcontratação de trabalhadores em todos os serviços e em diversas empresas, uma verdadeira precarização do trabalho, que se chamará terceirização, a reestruturação leva a algumas formas de contratação extremamente precárias, no sentido de nem se configurarem como empregos, e as empresas que fazem esse tipo de subcontratação buscam na verdade burlar as leis e cortar seus gastos, são contratos atípicos, e boa parte das industrias brasileiras se utilizou desses prática de subcontrato em 2009. E em 2014 isso tende a aumentar. A terceirização se configurou como a precarização das condições de trabalho, e é identificado que ela descumpre as leis trabalhistas e as dinâmicas de contrato. A partir dos anos 2000 começa a se ter a percepção das mudanças na dinâmica econômica e trabalhista no sentido da melhora, a flexibilização da década de 1990 foi forte e de grande instabilidade, os governos a partir dos anos 2000 se relaxam nas questões trabalhistas estabelecidas e presentes na constituição, Lula da Silva e Dilma a flexibilização foi baixa, não houve reversão, nem uma completa imersão das pautas das relações de trabalho também, as gestões desses partidos reformistas trouxeram uma melhora expressiva na dinâmica do mercado e das relações de trabalho e da economia, houve um aumento real do salário mínimo e consequentemente um saldo positivo das carteiras de trabalho assinadas que foram cerca de 20 milhões, porém mesmo com essa boa perspectiva trabalhista e econômica houve ainda taxas de desigualdade nas condições de trabalho, mas o perspectiva econômica era favorável. Após o golpe de 1964 houve várias perseguições aos líderes sindicais naquele contexto de ditadura, houve uma intensa resistência por parte dos sindicatos que apesar de perseguidosse fortalecem no decorrer dos anos e desafiam a ditadura pelos caminhos das greves gerais, os sindicatos se fortalecem e nos anos subsequentes ao golpe de 1964 ganham força e reconhecimento do estado e empresariado nacional, a estratégia sindical de confronto e greves é abandonada e segue uma postura de maior retórica, no sentido das conversas para um alinhamento com o governo e empresariado. Então o repertório sindical se amplia quanto as negociações, as demandas e movimentos sindicais se refletem na constituição de 1988, após a constituição estabelecer direitos trabalhistas as reclamações que vão surgir eventualmente serão dos patrões e contratantes empregadores, os sindicatos buscam sempre práticas de negociação e resolução das demandas trabalhistas. No governo Lula da silva houve um emprenho para reconhecer os sindicatos nacionalmente por lei, o que é obtido com sucesso, e passam a ter lei específica, nesse sentido os sindicatos ganham voz e vez ao que se referir as pautas trabalhistas, Lula tinha muitas propostas para o fortalecimento dos mecanismos sindicais, e o estabelecimento da constituição de 1988 tem sido fator agregador de políticas de direitos trabalhistas, que se aperfeiçoam e democratiza o trabalho. Porém, mesmo com esse amparo constitucional ainda há muitas desigualdades, mas mesmo assim, a mudança de parâmetros no sentido dos direitos foi bastante produtiva, por um lado houve pontos negativos e de outro pontos positivos, negativos no sentido de que existem ainda problemas estruturais que precisam se sanados, e positivos no sentido das reivindicações trabalhistas e o fortalecimento dos sindicatos e dos trabalhadores.
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