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Relações trabalhistas_ sindicatos

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DESCRIÇÃO
A formação do sindicalismo, bem como a atuação sindical e a luta por direitos trabalhistas. O mercado informal e a precarização da vida do
trabalhador.
PROPÓSITO
Refletir sobre a função do movimento sindical em relação ao mercado de trabalho e ao trabalhador, bem como sobre os processos de
precarização do trabalho, para atitudes mais assertivas em sua vida profissional.
PREPARAÇÃO
Levando em conta a riqueza e as múltiplas possibilidades de análise do tema, é importante ter à mão um bom dicionário de teoria política –
indicamos o Dicionário de política, de Norberto Bobbio – ou mesmo de Filosofia, como o de Abbagnano. Ambos estão disponíveis em versão
digital.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Distinguir as etapas de formação do movimento sindical com as diferentes demandas dos trabalhadores
MÓDULO 2
Descrever a estrutura sindical no Brasil
MÓDULO 3
Identificar os processos de precarização do trabalho e sua relação com a informalidade
INTRODUÇÃO
Estamos prestes a aprender sobre a origem e função dos sindicatos e sua atuação em defesa dos direitos dos trabalhadores. Faremos um
percurso histórico para conhecer as demandas dos trabalhadores em diferentes épocas, e as inspirações ideológicas que moveram a
organização dos trabalhadores até chegarem nos modelos de sindicatos que conhecemos.
Analisaremos como os patrões e o Estado lidaram, ao longo do tempo, com o movimento sindical, identificando as causas dos conflitos e
das aproximações entre esses segmentos. Estudaremos como alguns direitos dos trabalhadores foram conquistados pela atuação direta dos
sindicatos, e como a política neoliberal tem criado instrumentos que precarizam a vida do trabalhador, especialmente com o aumento da
informalidade. Nesse mesmo contexto, conheceremos como o movimento sindical enxerga os trabalhadores informais e o que tem feito
nesse sentido.
Mas você poderia perguntar: o sindicalismo afeta a minha vida cotidiana? Se você olhar para sua realidade, como profissional (ou futuro
profissional), com atenção, perceberá os seguintes pontos: o aumento salarial resultante da negociação do sindicato de sua categoria com
os patrões; tentar chegar a um lugar e não conseguir por causa de uma greve ou uma manifestação pública; se, no seu trabalho, as folgas,
férias, o descanso e os cuidados com a insalubridade são garantidos, enfim, são diversos os exemplos.
Agora, vamos conhecer mais sobre a origem dos sindicatos e sua função.
MÓDULO 1
Distinguir as etapas de formação do movimento sindical com as diferentes demandas dos trabalhadores
TRABALHADORES SE ORGANIZAM E LUTAM
Poderíamos iniciar uma breve memória sobre a organização e luta dos trabalhadores desde a Baixa Idade Média na Europa (séc. XI ao séc.
XV), com o renascimento das cidades provocando o aumento da oferta de mão de obra. Essa realidade estimulou o crescimento de antigas
profissões e a criação de novas atividades profissionais.
Com o aumento dos trabalhadores, houve a necessidade de se organizarem em torno de suas necessidades e demandas. Nascem, assim,
as corporações de ofício, cada uma com seus regulamentos, suas atribuições e seus símbolos distintivos.
O TERMO OFÍCIO DESIGNAVA O EXERCÍCIO POR OBRIGAÇÃO DE ALGUM TIPO
ESPECIALIZADO DE TRABALHO; O REALIZADO MANUALMENTE E/OU COM O
AUXÍLIO DE INSTRUMENTOS ERA CONHECIDO COMO UM “OFÍCIO MECÂNICO”.
O “OFICIAL MECÂNICO” TAMBÉM ERA CHAMADO DE “ARTISTA MECÂNICO” OU
ARTESÃO, DERIVANDO-SE DESTA DESIGNAÇÃO AS DENOMINAÇÕES DE
ARTISTA E ARTÍFICE, VERBETES QUE TÊM, ENTRE DICIONARISTAS DOS
SÉCULOS XVIII E XIX, ACEPÇÕES SOBREPOSTAS.
(REIS, 2006, p. 12)
Foto: COLOMBO NICOLA/Shutterstock.com.
Palácio mercantil em Bologna.
Era comum que as corporações também funcionassem como escolas de aprendizagem profissional, estimulando a entrada de aprendizes
que ficavam sob a tutela de seus mestres de ofício para aprender a profissão.
Vamos conhecer as sociedades de artistas fundadas no Brasil?
Fonte: Secretaria de Cultura da Bahia
No Brasil, colonizado a partir do séc. XVI, somente em 1832 (especificamente na Bahia), se constituiu uma das primeiras associações de
auxílio mútuo e de organização da classe operária do país com a fundação da Irmandade de Nossa Senhora da Soledade Amparo dos
Desvalidos, cujos estatutos previam que deveria ser composta, exclusivamente, por negros nascidos no Brasil, tornando-se um importante
espaço de afirmação racial.
Medalha comemorativa da Imperial Sociedade Auxiliadora das Artes. | Fonte: Museu Imperial de Petrópolis
Em março de 1835, foi fundada a Sociedade Auxiliadora das Artes e Beneficente, na Corte, a fim de tratar do melhoramento das artes e
de beneficiar os associados e suas famílias.
Fonte: Prefeitura Municipal de Salvador
Em 1853, foi fundada, em Salvador, a Sociedade Montepio dos Artífices da Bahia. Assim como a Irmandade de Nossa Senhora da Soledade
Amparo dos Desvalidos, tinha como objetivo principal prestar auxílio aos seus sócios ou familiares a partir de um caixa formado pela
contribuição mensal de seus associados.
Fonte: PSTU
A Liga Operária, também fundada no Rio de Janeiro, tinha objetivos mais pragmáticos que se assemelham às funções dos sindicatos
atuais, como reivindicar o aumento dos salários e a diminuição das horas de trabalho.
IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DA SOLEDADE AMPARO DOS
DESVALIDOS
Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD) foi a primeira organização civil negra no Brasil, fundada em 1832, por Manoel Victor Serra,
um africano livre, cuja finalidade era a compra de alforria e o pagamento de curso de formação profissional a ex-escravizados.
Atualmente, a SPD realiza ações para o desenvolvimento e a valorização da cultura afro-brasileira com objetivo de empoderamento da
população negra e menos favorecida, atuando na promoção de igualdade e combate ao racismo, buscando políticas públicas e
melhorias dos direitos das crianças, mulheres e dos homens negros.
Fonte: SPD
SOCIEDADE AUXILIADORA DAS ARTES E BENEFICENTE
Vale conferir a Legislação Imperial (Decreto 6.869 de 23 de março de 1878), que aprova seus estatutos.
LIGA OPERÁRIA
“A Liga era de certo modo uma sociedade de socorros mútuos sui generis, pois, além do auxílio material aos sócios no caso de
necessidade, visava procurar por todos os meios ao seu alcance melhorar a sorte das classes operárias, introduzindo melhoramentos
em todos os ramos de trabalho artístico e industrial, bem como propagar a instrução, como o meio mais eficaz de esclarecer quer o
operário, quer o artista [...]. Outra particularidade da Liga foi a intenção de ser dirigida por uma representação que contemplasse os
vários ofícios nela presentes, o que a tornaria, na prática, uma precursora das federações operárias da Primeira República”.
(BATALHA, 1998, p. 56)
Essas sociedades de artistas, além de atuarem na valorização do trabalho manual e na garantia de alguns direitos mínimos aos
trabalhadores filiados, também visavam proporcionar espaços de sociabilidade e entretenimento para seus sócios, estimulando a realização
de festas dançantes, jogos e brincadeiras em suas sedes.
Somente a partir do contexto da Revolução Industrial, na Inglaterra, no final do século XVIII e começo do século XIX, forçando a substituição
da produção manufatureira e artesanal pela produção em massa de mercadorias, é que se pode falar de organização sindical dos
trabalhadores. Ali nascia o capitalismo contemporâneo e, também, o sindicalismo. Oriundo do contexto da industrialização, o sindicalismo
logo se expandiu para outras frentes de atuação que demandavam organização e defesa dos trabalhadores, como as atividades
campesinas.
SAIBA MAIS
Artista foi um termo largamente empregado para denominar os trabalhadores manuais especializados: sapateiros, pedreiros, marceneiros
etc., que contavam com sociedades próprias ou em conjunto.
Foto: Anton Watman/Shutterstock.com.
AMPLIAÇÃO DAS REIVINDICAÇÕES E AS PRIMEIRAS
ORGANIZAÇÕES SINDICAIS
Esta é a função primeira dos sindicatos: impedir que o operáriose veja obrigado a aceitar um salário inferior ao mínimo indispensável para o
seu sustento e o da sua família. E, para isso, era necessária tal união.
OS SINDICATOS REPRESENTARAM, NOS PRIMEIROS TEMPOS DO
DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO, UM PROGRESSO GIGANTESCO DA
CLASSE OPERÁRIA, POIS PROPICIARAM A PASSAGEM DA DISPERSÃO E DA
IMPOTÊNCIA DOS OPERÁRIOS AOS RUDIMENTOS DA UNIÃO DE CLASSE.
(ANTUNES, 1982, p. 14)
As primeiras formas de união entre trabalhadores aparecem no movimento ludista, na Inglaterra, por volta de 1811, caracterizado pela
quebra de máquinas fabris por parte de operários e pequenos artesãos do ramo têxtil. Em resposta às condições cruéis de trabalho, o
ludismo propunha provocar a quebra de máquinas das grandes indústrias para pressionar os empregadores nas negociações, obter
aumentos ou impedir a redução dos seus salários. Já os pequenos artesãos aderiram ao movimento porque se viram diante de uma
concorrência desleal, uma vez que as grandes fábricas faziam tecidos mais baratos e em maior quantidade do que eles, levando muitos
artesãos a ficarem sem fonte de renda.
Em 1824, o Parlamento inglês permitiu, pela primeira vez, que os operários se unissem em associações sindicais chamadas de Trade unions,
cuja função era negociar os direitos dos trabalhadores com os patrões, evitando que o operário atuasse isoladamente, o que poderia ser
desvantajoso para o trabalhador. O salário também passou a ser fixado a partir do lucro das empresas, de modo que o trabalhador teria
aumentos que acompanhavam a produtividade industrial. Em 1830, surgiu a Associação Nacional para a Proteção do Trabalho, unindo todos
os sindicatos.
LUDISTA
O nome do movimento é derivado de Ned Ludd ou John Ludd. Ludd não era uma pessoa real, mas um nome para indicar um líder
imaginário, uma estratégia para preservar o anonimato dos participantes. O ludismo, nome dado à revolta dos trabalhadores ingleses,
iniciou-se de maneira desorganizada, sem liderança. Os participantes agiam à noite e cobriam os rostos para evitar o reconhecimento.
As informações eram espalhadas de boca a boca. As autoridades não sabiam quem estavam tentando prender, e sequer conseguiam
identificar os participantes.
POR UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA
O movimento sindical, em seus primórdios, foi impactado por diferentes correntes de pensamento:
REFORMISTAS
Com origem direta do tradeunionismo, eram contrários às ideias de revolução dos trabalhadores e atuavam apenas na defesa dos interesses
imediatos, sem uma atuação politicamente engajada.
Influenciado pelas teorias anarquistas e revolucionárias, em 1838 surgiu o movimento cartista, que escreveu um documento chamado de
Carta do Povo, no qual reivindicava, entre outras coisas:
O direito do sufrágio universal secreto, permitindo que os operários e trabalhadores proletários pudessem votar;
O direito dos trabalhadores em participar do Parlamento;
A limitação dos mandatos políticos e a diminuição da jornada de trabalho. Um dos líderes do movimento, Bronterre O’Brien
(1804-1864), afirmava que toda propriedade era um roubo, pois havia sido construída por meio da exploração do rico em prejuízo do
pobre.
SINDICALISMO CRISTÃO
Foi a tentativa de a Igreja Católica afastar os trabalhadores da influência socialista e, ao mesmo tempo, conciliar os interesses do capitalismo
com o tratamento justo aos trabalhadores, mas sem reformar as estruturas mais profundas da sociedade e que geravam as desigualdades
sociais. Foi inspirado pela encíclica Rerum Novarum, do papa Leão XIII, de 1891.
ANARQUISMO OU SINDICALISMO REVOLUCIONÁRIO
Enfatizava a importância e a exclusividade dos sindicatos na emancipação da classe trabalhadora, além de ser contrário a todas as formas
de atuação do poder do Estado. Bakunin (1814-1876), Proudhon (1809-1865), Kropotkin (1842-1921) e Malatesta (1853-1932) foram os
principais teóricos dessa corrente.
RERUM NOVARUM
“A sede de inovações, que há muito tempo se apoderou das sociedades e as tem em uma agitação febril, devia, tarde ou cedo, passar
das regiões da política para a esfera vizinha da economia social. Efetivamente, os progressos incessantes da indústria, os novos
caminhos em que entraram as artes, a alteração das relações entre os operários e os patrões, a influência da riqueza nas mãos de um
pequeno número ao lado da indigência da multidão, a opinião enfim mais avantajada que os operários formam de si mesmos e a sua
união mais compacta, tudo isto, sem falar da corrupção dos costumes, deu em resultado final um temível conflito”.
(LEÃO XIII, 1891, 1)
Mas foi o movimento socialista, contudo, que mais influenciou na organização dos trabalhadores. Ele teve diferentes vertentes:
SOCIALISMO UTÓPICO
Recebeu esse nome dos seus contestadores, entre eles Friedrich Engels (1820-1895), por imaginarem uma sociedade ideal onde as
transformações pudessem ocorrer por convencimento e aceitação ampla da sociedade, sem as lutas de classe e as revoluções. As ideias
que embasam o socialismo utópico nasceram em meio aos conflitos, na Europa do século XIX, com forte impacto do movimento
revolucionário francês de 1848 chamado de “Primavera dos Povos”. Conde de Saint-Simon, François-Charles Fourier e Robert Owen
foram os principais representantes.
SOCIALISMO CIENTÍFICO
Termo criado, em 1840, por Pierre-Joseph Proudhon para se referir a uma sociedade na qual o governo toma decisões baseado na razão, ao
invés da pura vontade e dos impulsos. Seus principais representantes foram: Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels. Marx e Engels
achavam que o socialismo seria apenas uma etapa intermediária, porém necessária, para se alcançar a sociedade comunista. Para isso, o
primeiro passo seria a organização da classe trabalhadora, e os sindicatos teriam um papel relevante.
CONDE DE SAINT-SIMON
Conde de Saint-Simon (1760-1825) era membro da nobreza francesa “esclarecida” e idealizava o fim da exploração e da pobreza dos
trabalhadores. Defendia o lucro dos patrões desde que eles assumissem compromissos sociais e se responsabilizassem por melhores
condições de vida para os trabalhadores.
FRANÇOIS-CHARLES FOURIER
Charles Fourier (1772-1837) era comerciante, nasceu na França e defendia a criação de associações para os operários e a organização
deles em cooperativas. Criticava a sociedade burguesa, que separava o trabalho do prazer, e por isso idealizou os “falanstérios”, que
seriam prédios onde as pessoas trabalhariam apenas no que gostassem. Defendeu a libertação da mulher e a libertação sexual.
ROBERT OWEN
Robert Owen (1771-1858) era membro da burguesia inglesa, dono de uma indústria têxtil onde começou a aplicar algumas mudanças
nas relações de trabalho: reduziu a jornada de trabalho, implantou escolas para os filhos dos trabalhadores, construiu vilas operárias e
concedia aumento de salários regularmente.
Como veremos a seguir, os primeiros movimentos operários e sindicais, no Brasil, tiveram influência direta dessas correntes ideológicas em
vigor na Europa, especialmente o socialismo “científico” e o movimento anarquista.
ORGANIZAÇÃO SINDICAL NO BRASIL
Embora o Brasil já tivesse várias experiências de sociedades e corporações de auxílio mútuo e que também reivindicavam direitos aos seus
membros, o surgimento dos sindicatos, no contexto das mudanças capitalistas de relações de trabalho, só ocorreu no final do século XIX –
momento de grande transformação política (fim da monarquia e início da república) e social (fim da escravidão) – com grande participação
de imigrantes europeus, especialmente espanhóis e italianos, que aqui chegavam trazendo suas experiências de trabalhadores assalariados
– ante um país com forte ranço escravocrata – e engajados politicamente. Jornais operários, panfletos e outros meios de divulgação das
ideias operárias também tiveram grande importância na difusão das ideias de cunho socialista e na organização sindical do país.
Foto: Wikimedia.org.
Rua de São Paulo tomada por trabalhadores com bandeiras vermelhas na grevegeral de 1917.
O marco desse processo é a primeira greve geral que ocorreu no Brasil, em 1917, cujas reivindicações incluíam: jornada de oito horas diárias
de trabalho; direito a férias; proibição do trabalho infantil; proibição do trabalho noturno para as mulheres e aposentadoria. Também tinha
uma pauta mais abrangente: fim da exploração capitalista e a implantação de uma sociedade mais igualitária. A greve durou trinta dias, e foi
organizada pelos trabalhadores da indústria e do comércio com a participação de organizações operárias anarquistas.
RESUMINDO
Como resultado da greve de 1917, os patrões aceitaram aumentar o salário, mas a principal vitória dos trabalhadores foi o reconhecimento
do movimento operário como instância legítima, obrigando os patrões a negociarem com os representantes dos trabalhadores – os
sindicatos. O trabalhador passa a entender-se como classe quando identifica-se com o “ambiente físico no qual vivia, por um estilo de vida e
de lazer, por certa consciência de classe cada vez mais expressa em uma tendência secular a afiliar-se a sindicatos e a identificar-se com
um partido de classe” (HOBSBAWM, 1987, p. 273).
A relativa liberdade e autonomia que os sindicatos conquistaram, nos anos iniciais da república, sofreu um duro golpe na década de 1930,
no governo de Getúlio Vargas (1882-1954), quando ele passou a submeter os sindicatos ao controle do Estado.
Com o decreto nº 19.770, de 1931, Vargas passou o controle financeiro dos sindicatos ao Ministério do Trabalho. Além disso, baixou uma
série de proibições:
Realização de atividades políticas por parte dos sindicatos
Sindicalização dos funcionários públicos
Participação dos operários estrangeiros nos sindicatos
Getúlio Vargas ainda atuou para cooptar as principais lideranças sindicais a fim de evitar greves e manifestações contrárias ao seu governo.
Quando isso não era possível, perseguia e prendia os líderes trabalhistas e, em seu lugar, colocava lideranças que o apoiassem. Resultado:
um sindicalismo de fachada, também chamado de pelego, atendendo aos interesses do Estado.
Fonte: wikimedia.org.
Na década de 1960, as manifestações grevistas se intensificaram e o principal destaque foi a realização do III Congresso Sindical
Nacional, no qual foi criada a primeira central de sindicatos: o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT). O período que antecedeu o golpe
militar de 1964 foi marcado por inúmeras greves e grande mobilização dos trabalhadores urbanos em busca de melhores salários e
condições de trabalho.
Algumas características do movimento sindical entre o fim do governo Vargas e a ditadura militar:
O número de greves aumentou de 31, em 1958, para 172, em 1963
As paralisações alcançaram também o setor público, antes proibido de se sindicalizar
As mobilizações grevistas saíram da região do moda ABC (Cidades de Santo André, São Bernardo e São Caetano.) Paulista e se
estenderam para outras regiões do país
No campo, as coisas não eram tão diferentes. A atuação de grandes fazendeiros que invadiam e expulsavam os pequenos proprietários, ou
submetia-os a desmandos, deu origem às ligas camponesas, cujo objetivo era organizar os trabalhadores rurais e pequenos proprietários
para lutarem por seus direitos. As ligas camponesas, posteriormente, deram origem aos sindicatos rurais.
Toda essa mobilização só foi interrompida pelo golpe militar de 1964, quando o governo passou a interferir, inclusive com violência, nas
entidades sindicais. Cerca de 10 mil sindicalistas foram presos no Brasil, durante a ditadura, por participarem ou organizarem greves e
manifestações, ou mesmo por serem considerados “subversivos”. Desse grupo, mais de duzentas pessoas foram torturadas, muitas foram
mortas ou ainda se encontram desaparecidas. O preso político mais famoso foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi preso duas
vezes, uma em 1980 e outra em 1981. A sua segunda prisão, que o encarcerou por 31 dias, reacendeu a greve de metalúrgicos em São
Bernardo do Campo, que já durava 17 dias e estava em vias de finalizar.
COMO VEREMOS A SEGUIR, EM REAÇÃO À DITADURA MILITAR E EM RESPOSTA À NOVA
ORDEM CAPITALISTA, SURGE, NOS ANOS 1980, UM NOVO SINDICALISMO, MAIS PLURAL E
COM NOVAS DEMANDAS.
NEOLIBERALISMO E REORDENAMENTO SINDICAL
O novo sindicalismo surge em torno da atuação dos operários da indústria metalúrgica do ABC Paulista ainda no contexto da ditadura, nos
anos 1980. É chamado de “novo” porque possui três marcos que o distingue do “antigo” sindicalismo que existia até o fim dos anos 1970:
Forte oposição à legislação sindical (resquício da Era Vargas) e as políticas salariais baseadas no arrocho.
Uma política sindical antipatronal e de oposição ao regime militar.
Ter por base o coletivo dos trabalhadores das fábricas ao invés de centrar apenas nas lideranças sindicais.
Com essa linha, o movimento sindical se torna “novo” porque rompe, radicalmente, com a estrutura sindical que ainda era atrelada ao
Estado, imposta por Vargas, e que, mesmo questionada, até então nunca tinha sido combatida.
Foto: wikimedia.org.
COMENTÁRIO
A fundação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) foi o ponto alto de reorganização sindical, pois era “composta nesse período pelas
correntes sindicais mais ativas, teve grande expressividade no movimento operário dos anos 1980, organizando as greves gerais em
oposição às políticas adotadas pelo governo brasileiro” (ANTUNES, 1982, p. 90).
As classes médias migraram para o apoio ao sindicalismo quando se viram desiludidas com os resultados do “milagre econômico” da
ditadura, e se chocaram com as denúncias de violência e arbitrariedade do regime militar. Isso ampliou não só numericamente, mas também
atraiu um grupo de trabalhadores que até então não era representado, inserindo-o no contexto político.
O novo sindicalismo reorganizou a pauta reivindicatória e, ao mesmo tempo, o perfil do movimento. Os principais pontos giraram em torno:
Do fim do imposto sindical e da burocracia sindical à época.
Das estratégias para garantir o livre exercício da liberdade e autonomia sindical.
De assegurar formas de participação das bases nas decisões do sindicato.
De pautar-se contrário ao Estado capitalista e ao regime militar.
De denunciar as políticas econômicas de arrocho e a exploração dos trabalhadores.
ESSAS REIVINDICAÇÕES DETERMINARAM OS GRUPOS QUE SE IDENTIFICAVAM COM O
NOVO SINDICALISMO E AQUELES QUE QUERIAM PERMANECER NAS VELHAS
ESTRUTURAS.
As transformações políticas e econômicas dos anos 1980 impuseram diversas lutas ao movimento sindical, que se viu impelido a atuar em
novos campos de ação e a dialogar com novos atores políticos e sociais. Tanto nos governos de José Sarney (1985-1990), quanto nos
governos Collor (1990-1992) e Itamar (1992-1995), mas, especialmente, com o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), o
movimento sindical se ampliou com a retomada do movimento estudantil e a entrada em cena dos movimentos sociais denominados de
minorias: mulheres, negros, homossexuais e sem-teto.
Outros sindicatos, englobando os grupos médios da sociedade, também levaram reivindicações às ruas, envolvendo amplos segmentos
sociais. Entraram em campo algumas pautas que extrapolavam os direitos trabalhistas e que ainda são vigentes, como a defesa da saúde
pública (período de constituição do Sistema Único de Saúde (SUS)) e da educação pública de qualidade (debates pelo fim do analfabetismo
e ampliação de vagas escolares e creches).
Dentre todos os movimentos que se organizaram com base no novo sindicalismo, talvez o de maior expressão seja o Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra (MST), resultado da perversa concentração da propriedade da terra no país, uma herança do Brasil colonial. O
MST tornou os trabalhadores do campo protagonistas das próprias lutas, e incluiu outras demandas da população rural, além da reforma
agrária. A saúde, a educação, o saneamento e a eletrificação rural foram alguns temas incorporados pelo MST.
EXPANSÃO CAPITALISTAE O CAMINHO DA PRECARIZAÇÃO
Nos anos 1970, o capitalismo mundial entrou em uma profunda crise, e a década seguinte, 1980, foi marcada pelas transformações que
visavam reestruturar a ordem. Esse período é conhecido pela expansão do toyotismo na produção industrial mundial.
O toyotismo surgiu nas indústrias automobilísticas japonesas, mas logo os seus princípios foram adotados pelo Ocidente e, mais do que
isso, radicalizados, no processo de reestruturação produtiva. Os princípios do toyotismo são:
Racionalização do processo produtivo
Aumento da produtividade
Produção sob demanda
Intensificação do ritmo de trabalho
Eliminação dos tempos “ociosos” do trabalhador
As terceirizações dos contratos
NO BRASIL, O TOYOTISMO FOI IMPLANTADO NA DÉCADA DE 1990, DEVIDO ÀS
MOVIMENTAÇÕES OPERÁRIAS E ÀS GRANDES GREVES NA DÉCADA DE 1980.
Com a ampliação das demissões ou terceirizações, os trabalhadores que permaneceram foram responsabilizados por múltiplas tarefas a
partir do discurso da “polivalência” e “multifuncionalidade” que mascara um maior acúmulo de tarefas, em um processo de
desespecialização do trabalho (ALVES, 2000).
Ao mesmo tempo, os trabalhadores eram convocados a defenderem as empresas a partir da ideia de uma “gestão participativa”, na qual,
supostamente, os empregados tinham poder de decisão. Na mesma linha, foram implementados programas de participação nos resultados
como estratégia de cooptação dos trabalhadores, vinculando o recebimento de uma remuneração adicional anual ao cumprimento de metas
de produção da empresa, o que aumentava o ritmo de produção e, consequentemente, de trabalho.
Devido à necessidade de sobrevivência e permanência no emprego, muitos trabalhadores se enquadravam e, em alguma medida,
assimilavam o processo de transformações colocadas pelo capital, sem, porém, que isso tenha anulado a consciência da exploração e
repressão vivida por eles, mesmo quando a resistência a essas práticas de dominação não se expressava de forma articulada e coerente
(LUCAS, 2009).
Fonte: Shutterstock.com.
O modelo capitalista usou a ideia de existência de “interesses comuns” entre trabalhadores e patrões para atrelar o trabalhador à função
produtiva e, por conseguinte, limitar a atuação dos sindicatos na perspectiva do enfrentamento e do combate de massa, característica do
“novo sindicalismo”.
Esses fatores seriam ainda mais agravados no transcorrer dos anos 2000, com o aprofundamento de políticas neoliberais a partir da ação do
Estado, levando à instauração de modelos cada vez mais precarizados de relações de trabalho. Veremos, no próximo módulo, que esses
princípios produziram não só um esvaziamento no movimento sindical, mas também uma limitação do poder de ação.
O especialista Alzimar Andrade explica a história do sindicato ao qual é filiado, exemplificando com seu grau de participação:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (UNIUBE MG/2013 – ADAPTADA) NO SÉCULO XIX, NA EUROPA, ENQUANTO SE INTENSIFICAVA O
PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO, OS TRABALHADORES VIAM AGRAVAR SUAS PRECÁRIAS CONDIÇÕES
DE VIDA. DESENVOLVEU-SE O PENSAMENTO SOCIALISTA NO AFÃ DE BUSCAR SOLUÇÕES PARA ESSA
REALIDADE. O PENSAMENTO SOCIALISTA FICOU DIVIDIDO EM DUAS CORRENTES: SOCIALISMO UTÓPICO
E SOCIALISMO CIENTÍFICO. AS IDEIAS COMUM E DIVERGENTE ENTRE ELES SÃO, RESPECTIVAMENTE:
A) A tomada do poder político pelo proletariado; a distribuição das riquezas de acordo com as necessidades dos indivíduos.
B) A base da justiça social está na centralização estatal; a bondade dos homens levará à igualdade social.
C) O reconhecimento da luta de classes como base das desigualdades sociais; o trabalho como mecanismo produtor de riquezas e bem-
estar.
D) A transformação social pela revolução; a criação de uma sociedade alternativa de base humanista e cristã.
E) A concepção de uma sociedade mais justa; a ausência de análise da realidade concreta para viabilização das transformações sociais.
2. (UFU 1º DIA 2009/2 – ADAPTADA) A CRISE VIVIDA NO MUNDO DO TRABALHO TAMBÉM TEM PROVOCADO
FORTES REFLEXOS NO MOVIMENTO SINDICAL. ASSOMBRADAS PELO DESEMPREGO, PELA DIMINUIÇÃO E
PRECARIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO, AS RELAÇÕES ENTRE TRABALHADORES E PATRÕES
FORAM RADICALMENTE MODIFICADAS.
ACERCA DO CHAMADO “NOVO SINDICALISMO” NO BRASIL, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
A) A recessão econômica e as diversas mudanças ocorridas no mundo do trabalho a partir da década de 1990 levaram o novo sindicalismo a
adotar novas estratégias de resistência, as quais primavam pela ampliação das greves e maior participação dos trabalhadores nos processos
decisórios das empresas.
B) Uma das fases do movimento sindical brasileiro teve início em 1978, na região industrial do ABC Paulista, com o chamado “novo
sindicalismo”, o qual teve como característica seu reconhecimento como instrumento de negociação sob a tutela do Estado.
C) As conquistas alcançadas pelo novo sindicalismo brasileiro, em especial aquelas relativas ao espaço da negociação coletiva e à defesa do
poder aquisitivo dos salários, implicaram o crescimento e o fortalecimento desse movimento como instrumento de negociação entre patrões e
empregados na década de 1990.
D) O novo sindicalismo representou um forte questionamento às limitações impostas pela estrutura sindical tradicional, alterando o quadro
geral das relações dos trabalhadores com os patrões e atuando como importante agente político no processo de redemocratização da
sociedade brasileira na década de 1980.
E) Deu continuidade ao processo de organização dos sindicatos instituído por Getúlio Vargas, que se caracterizava pela maior presença do
Estado nas relações sindicais, favorecendo a maior participação dos trabalhadores nas estruturas do sindicato e nas negociações com seus
patrões.
GABARITO
1. (UNIUBE MG/2013 – adaptada) No século XIX, na Europa, enquanto se intensificava o processo de industrialização, os
trabalhadores viam agravar suas precárias condições de vida. Desenvolveu-se o pensamento socialista no afã de buscar soluções
para essa realidade. O pensamento socialista ficou dividido em duas correntes: socialismo utópico e socialismo científico. As
ideias comum e divergente entre eles são, respectivamente:
A alternativa "E " está correta.
Embora tivessem perspectivas de atuação diferenciadas, as propostas dos socialismos utópico e científico defendiam o fim das injustiças
sociais, como a exploração do trabalhador. Contudo, diferiam no modo de entender a sociedade: enquanto os utópicos (por isso o nome)
tratavam de mudanças que só poderiam ser aplicadas em pequena escala, sendo inviáveis de serem feitas em toda a sociedade sem uma
mudança profunda em suas estruturas, o socialismo de Marx e Engels analisa as condições reais de existência do trabalhador e prega a
mudança social a partir da conscientização dos empregados e da luta de classes.
2. (UFU 1º Dia 2009/2 – adaptada) A crise vivida no mundo do trabalho também tem provocado fortes reflexos no movimento
sindical. Assombradas pelo desemprego, pela diminuição e precarização das condições de trabalho, as relações entre
trabalhadores e patrões foram radicalmente modificadas.
Acerca do chamado “novo sindicalismo” no Brasil, assinale a alternativa correta.
A alternativa "D " está correta.
O sindicalismo que se organizou a partir dos anos 1980 é chamado de “novo” por assumir uma postura diferente do sindicalismo da Era
Vargas, que ainda era centralizado nos líderes. Além disso, o “novo” sindicalismo se mostrou mais atuante politicamente, contrapondo-se à
ditadura e rechaçando alianças com patrões.
MÓDULO 2
Descrever a estrutura sindical no Brasil
SINDICATOS, FEDERAÇÕES, CONFEDERAÇÕES E CENTRAIS
SINDICAIS NO BRASIL
Foto: Agência Brasil / Wikimedia Commons, CC BY 3.0 BR
Uma manifestação de vários sindicatos em Brasília.
SINDICATOS
No Brasil, os sindicatos só apareceram após o surgimento da Lei Áurea, em 1888, quando a migração europeia chegava ao país em busca
de uma nova economia. Apesar da abolição da escravatura,o Brasil não tinha estabelecido os mesmos direitos para os trabalhadores tal
como na Europa, cujos sindicatos já tinham certa força.
Portanto, a entrada de europeus no mercado de trabalho brasileiro fez com que ocorresse uma revisão nessa área. No período getulista, em
1930, os sindicatos foram submetidos ao controle do Estado.
Esse período também foi responsável pela criação de:
Ministério do Trabalho.
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Previdência Social.
Imposto sindical obrigatório (abolido na Reforma Trabalhista de 2017).
O sindicato é uma associação de primeiro grau de trabalhadores que pertencem à mesma categoria. Seu objetivo é representá-los e
defendê-los, resguardando seus direitos laborais e econômicos. Já sua atividade está relacionada à defesa de certa coletividade e ao zelo
pela justiça.
SINDICATO
O termo grego syndicos se refere àquele que tem a justiça como foco principal de sua defesa. Já sindicus, em latim, significa o sujeito
(ou procurador) escolhido para defender os direitos de determinado grupo. A palavra “sindicato” surge daí.
De acordo com as Leis do Trabalho, qualquer indivíduo pode associar-se a um sindicato para que seus interesses profissionais sejam
devidamente defendidos e, consequentemente, assistidos. O Estado não pode interferir nele:
É LIVRE A ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL OU SINDICAL, OBSERVANDO O
SEGUINTE:
I - A LEI NÃO PODERÁ EXIGIR A AUTORIZAÇÃO DO ESTADO PARA A
FUNDAÇÃO DE SINDICATO, RESSALVADO O REGISTRO NO ÓRGÃO
COMPETENTE, VEDADAS AO PODER PÚBLICO A INTERFERÊNCIA E A
INTERVENÇÃO NA ORGANIZAÇÃO SINDICAL.
(BRASIL, 1988, art. 8º, inciso I)
Além da proibição de interferência, está estabelecido que ele sequer pode subsidiá-los. Por conta disso, os sindicatos possuem
independência financeira, o que revela ainda mais sua liberdade. Ela, aliás, ainda indica outro aspecto: o da contribuição (o que antes era
imposto sindical).
Conforme o artigo 149 da Constituição Federal de 1988 frisa, a chamada contribuição sindical “compete exclusivamente à União instituir
contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais e econômicas, como instrumento de
sua atuação nas respectivas áreas”.
ATENÇÃO
Estados, Distrito Federal e municípios poderão, segundo o parágrafo único do artigo em questão, instituir uma contribuição para o custeio da
previdência e da assistência social.
Até outubro de 2017, a contribuição sindical (de acordo com artigo 583 da CLT) era devida a todos os trabalhadores que fizessem parte de
uma categoria (ou até mesmo de uma profissão liberal). Todavia, a Lei n. 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), ao lado da MP 873/2019,
estabeleceu outras condições, alterando os artigos 578, 579 e 582 da CLT.
A partir daí:
Imagem: Shutterstock.com.
O empregado deverá requerer o pagamento da contribuição sindical, autorizando-a de forma prévia (por escrito), voluntária, individual e
expressa (conforme dispõe o artigo 579 da CLT);
Imagem: Shutterstock.com.
Essa autorização deverá ser feita de forma individual (preferencialmente contendo nome, cargo, setor, CPF, CTPS e PIS do trabalhador) e
diretamente para o sindicato.
SE A CONTRIBUIÇÃO SINDICAL NÃO É MAIS OBRIGATÓRIA, COMO ELA FICOU APÓS A
REFORMA TRABALHISTA?
Até 2017, existiam cerca de 16.720 sindicatos, sendo que 5.242 eram patronais (grupos econômicos/empresas), enquanto os outros 11.478
eram de funcionários (grupos trabalhistas) separados em diversas categorias nos diferentes estados do país.
16.720 SINDICATOS
No site da Secretaria do Trabalho, do Ministério da Economia, é possível consultar as entidades cadastradas como sindicatos em
nosso país.
O objetivo dos dois sindicatos, segundo Morais (2020), é orientar seus associados, ministrar palestrar, organizar reuniões etc. No caso
específico dos sindicatos dos trabalhadores, sua função inclui a organização de greves (o que será destacado na próxima seção) e
convenções coletivas.
SAIBA MAIS
Só em 2017, informa Ferrari (2020), os sindicatos arrecadaram R$3,6 bilhões.
MAS PARA QUE SERVE ESSE DINHEIRO?
Os sindicatos o utilizam para:
Negociação de acordos coletivos.
Participação na legislação trabalhista.
Intervenção em ações judiciais.
Zelo pelas condições de trabalho de cada associado.
Denúncia por abusos.
Foto: Shutterstock.com.
No entanto, a falta de representatividade sindical propiciou discussões sobre a contribuição. Em 2018, houve uma queda de 86% na
arrecadação (de R$3,6 bilhões para R$500 milhões).
EXEMPLO
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) havia arrecadado, em 2017, R$62,2 milhões, mas, no ano seguinte, esse valor caiu para R$3,5
milhões. A Força Sindical, segundo Ferrari (2020), arrecadou R$51,3 milhões em 2017; já em 2018, R$5,3 milhões.
O DECRÉSCIMO NA CONTRIBUIÇÃO PODE INDICAR POUCA REPRESENTATIVIDADE NO
SETOR SINDICAL?
Parece que sim! Além da carência de recursos financeiros, a falta de representatividade, apontam Rocha e Linhares (2018), constitui um
fator preponderante em parte desse setor – e isso ocasionou a queda de sua arrecadação sindical.
Druke (2006) ainda aponta que o papel político-partidário dos sindicatos cooperou para o afastamento de associados. A cooptação de alguns
deles e de movimentos sociais por partidos políticos é outro estudo que tem sido discutido, repercutindo na não contribuição sindical.
Com um olhar mais panorâmico, podemos perceber que essa situação se enquadra em um contexto muito mais amplo:
OS TRABALHADORES NA SOCIEDADE OCIDENTAL FORAM FORÇADOS A
DESENVOLVER RECURSOS INDEPENDENTES QUANDO PERDERAM A
PROPRIEDADE DE SEUS MEIOS DE TRABALHO. OS SINDICATOS E A
CONSCIÊNCIA DE CLASSE SÃO PARTE DESSES RECURSOS, MAS A
SOLIDARIEDADE GERADA PELA CONVIVÊNCIA COMUM NAS FÁBRICAS
E PELA VIVÊNCIA DO CONFLITO DE CLASSES NÃO OCORREU PORQUE
O CAPITALISMO TERIA PRODUZIDO E DESENVOLVIDO DIVISÕES ENTRE
OS TRABALHADORES E CRIADO MECANISMOS INSTITUCIONAIS PARA
INTEGRÁ-LOS EM SISTEMAS DEMOCRÁTICOS CAPITALISTAS.
(GOHN, 1997, p. 102)
MAS ISSO SIGNIFICA QUE OS SINDICATOS NÃO SÃO ÚTEIS?
Como já apontamos neste módulo, eles são importantes para assistir os direitos dos trabalhadores em uma democracia. O que não se
mostra razoável é a contribuição para determinado sindicato que não representa devidamente o trabalhador.
FEDERAÇÃO, CONFEDERAÇÃO E CENTRAIS SINDICAIS
Conceituaremos agora cada uma delas:
FEDERAÇÃO
Entidade sindical responsável pelo agrupamento dos sindicatos da categoria representados por meio de reivindicações e de lutas comuns. O
sindicato que não estiver associado a alguma federação estará isolado, tendo dificuldades em alcançar seus objetivos.
PARA UMA ENTIDADE SE TORNAR UMA FEDERAÇÃO, SÃO NECESSÁRIOS CINCO
SINDICATOS.
CONFEDERAÇÃO
Agrupamento de pelo menos três federações, uma confederação representa suas categorias a nível nacional, enquanto suas sedes, por lei,
precisam estar sediadas no Distrito Federal.
CENTRAIS SINDICAIS
Entidades representativas dos trabalhadores em geral – e não de categorias específicas. No entanto, elas não se caracterizam como
modelos corporativos.
Uma central sindical possui abrangência nacional e assume para si o papel de coordenar os trabalhadores em seus interesses gerais.
SAIBA MAIS
Há um projeto de lei (PL 5552/2019) – ou seja, ainda em tramitação pelo Congresso Nacional – que busca regulamentar o artigo 8º da
Constituição Federal que dispõe sobre a organização sindical. Vamos conhecê-lo um pouco mais.
PL 5552/2019
Você pode conferir o inteiro teor dessa proposta no site oficial da Câmara dos Deputados.
Foto: Shutterstock.com.
Ao tratar da gestão sindical, esse PL facilita nosso entendimento acerca das características e do papel de federações e confederações:
§ 2º. A DIRETORIA DOS SINDICATOS SERÁ COMPOSTA, NO MÍNIMO,
POR TRÊS E, NO MÁXIMO, TREZE MEMBROS, COM IGUAL NÚMERO DE
SUPLENTES, COM ATRIBUIÇÕES DEFINIDAS NO ESTATUTO.
§ 3º. ALÉM DO NÚMERO DE DIRETORES DEFINIDO NO PARÁGRAFO
ANTERIOR, OS SINDICATOS PODERÃO TER AINDA UM DIRETORA MAIS
E SEU RESPECTIVO SUPLENTE A CADA TREZENTOS REPRESENTADOS.
§ 4º. A DIRETORIA DA FEDERAÇÃO SERÁ COMPOSTA POR UM MÍNIMO
DE SETE DIRIGENTES ELEITOS, COM IGUAL NÚMERO DE SUPLENTES,
SENDO POSSÍVEL, O ACRÉSCIMO DE MAIS 1 (UM) DIRIGENTE A CADA 5
(CINCO) SINDICATOS FILIADOS.
§ 5º. A DIRETORIA DA CONFEDERAÇÃO COMPÕE-SE DE UM MÍNIMO DE
NOVE DIRIGENTES, COM O MESMO NÚMERO DE SUPLENTES, SENDO
POSSÍVEL, NOS TERMOS DO EDITAL, O ACRÉSCIMO DE MAIS 1 (UM)
DIRIGENTE A CADA 3 FEDERAÇÕES FILIADAS.
(BRASIL, 2019, art. 16)
A mesma legislação, ao falar de organização sindical, afirma em seu artigo 6°: “Às centrais sindicais compete a coordenação da
representação da classe trabalhadora por intermédio e apenas das entidades sindicais a elas filiadas”.
O TRABALHADOR SINDICALIZADO E AS NOVAS CONDIÇÕES DE
TRABALHO
Como frisamos acima, a década de 1930 inaugurou um novo cenário político no país. Pelo registro histórico, pontua Antunes (1998), isso não
ocorreu apenas nas diferentes clivagens da esfera política, já que os processos de industrialização e urbanização também foram
fundamentais nesse processo.
Foto: Acervo Arquivo Nacional/ Wikimedia Commons, Domínio Público.
Celebração, em outubro de 1930.
A expansão das cidades ajudou a criar uma plataforma complexa nas relações entre trabalho e capital. Desse modo, o acento no
antagonismo entre operários e burgueses tornou-se maior.
Nesse aspecto, os trabalhadores passaram a se associar a instituições sindicais e a exigir melhores condições de trabalho e de vida em um
período de modernização intelectual e política. Essa modernização representava o fortalecimento do regime democrático por meio da
participação efetiva do povo.
Sem dúvida, as eleições livres e diretas configuravam a principal participação democrática da população. Com o acesso a meios de
comunicação (jornais, rádio e televisão), a classe trabalhadora ganhava outras ferramentas para participar das decisões políticas. No
entanto, deixaremos os fatores históricos reservados para outro momento.
Foto: rodrigo gavini/ Shutterstock.com.
Levando em consideração a atual situação dos sindicatos de trabalhadores, que, a despeito da já anunciada queda em sua arrecadação,
ainda são muitos (mais de 11 mil), podemos estimar a existência de um número expressivo de indivíduos que dependem da receita financeira
sindical para sua remuneração, como é o caso de advogados, médicos, dentistas, motoristas, secretários, dentre outros.
A diminuição expressiva da contribuição afeta os compromissos com esses outros funcionários. Sobrevém, portanto, uma crítica à Reforma
Trabalhista: a mudança abrupta engendrada por ela desconsidera parte desse conjunto.
O sindicato, afinal, não precisa mais autorizar a homologação de rescisão de contrato que possibilita o acesso ao FGTS, bem como aos
benefícios do seguro-desemprego. Além disso, ele taxa a empresa (empregador) pela homologação realizada pelo sindicato quando o
funcionário não é associado.
EXEMPLO
De acordo com a Reforma Trabalhista, quando pede demissão e opta por sair da empresa em comum acordo com o empregador, ele tem
direito a receber uma multa de 20% sobre o saldo/FGTS e retirar até 80%; contudo, ele não terá mais direito ao seguro-desemprego.
A não obrigatoriedade do sindicato para a rescisão do contrato de trabalho faz com que o trabalhador perca sua assistência, cujo objetivo
era verificar se os detalhes econômicos da rescisão (verbas pagas) estavam devidamente em acordo com a lei e o contrato. A não
intervenção sindical contribuiu para a dispensa coletiva com o mesmo molde individual.
O QUE ISSO REPRESENTA?
Agora não é mais necessária uma negociação entre a empresa e o sindicato – situação que, antes da reforma de 2017, deveria ocorrer.
ORGANIZAÇÃO DE GREVES
Quanto às greves (ou aos protestos, de modo geral), é fundamental entendê-las como formas de participação nas democracias
contemporâneas, percebendo, nesse contexto, seu caráter de coerção social:
QUANDO JÁ EXISTE UM MOVIMENTO SOCIAL COM POTENCIAL DE
MOBILIZAÇÃO, CAPAZ DE DIVULGAR O INCIDENTE PELA MÍDIA E
ORGANIZAR MANIFESTAÇÕES, É MAIS PROVÁVEL QUE O CHOQUE
MORAL LEVE À AÇÃO. O MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS
SEM TERRA (MST), NO BRASIL, ERA EXATAMENTE ESSE TIPO DE ATOR
EM MEADOS DA DÉCADA DE 1990, CAPAZ DE TIRAR VANTAGENS DA
ATENÇÃO DA MÍDIA E DOS SENTIMENTOS DE INDIGNAÇÃO APÓS OS
DOIS MASSACRES (AINDA QUE OS OCUPANTES DE CORUMBIARA
PERTENCESSEM A UMA ORGANIZAÇÃO QUE HAVIA ROMPIDO COM O
MST). O GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, SENTINDO A
PRESSÃO TANTO DA COBERTURA MIDIÁTICA QUANTO DAS NOVAS
MANIFESTAÇÕES DO MST (ESPECIALMENTE EM JULHO DE 1997), FEZ
VÁRIAS CONCESSÕES.
(JASPER, 2016, p. 223)
Mas podemos ir mais longe em nossa história recente para compreender esse processo. O ano de 1953 é histórico no que se refere às
greves no Brasil. Havia nessa época uma grande frustração entre os trabalhadores associados em sindicatos.
Após a eleição de Vargas três anos antes, já era esperada a mobilização desses trabalhadores, pois houve promessas de melhorias para
eles e de expansão do movimento sindical, o qual, diga-se de passagem, foi reprimido no governo de Gaspar Dutra (1946-1951).
ATENÇÃO
Os sindicatos nessa época foram extremamente úteis nesse contexto, já que, de 1943 até 1953, só houve um aumento no salário-mínimo
diante de uma inflação e um custo de vida acima dele.
As condições financeiras do trabalhador eram contrabalançadas com a liberdade sindical. Ou seja, se por um lado havia uma grande
desvalorização da mão de obra, por outro, o movimento sindical era acentuado. As greves foram então o resultado dessa equação.
Foto: Shutterstock.com.
Só entre os anos de 1952 e 1953, foram computadas 264 reinvindicações para o aumento ou o pagamento de salários atrasados.
Sustentada por sindicato, a categoria que mais atuou foi a dos operários têxteis. Isso se deve ao perfil da indústria nos anos 1950.
O ano de 1953, no segundo governo de Vargas, foi demarcado por duas greves importantes:
GREVE DOS 300 MIL (26 DE MARÇO)
Em São Paulo, ela deu origem a um comando intersindical: Pacto de Unidade Intersindical. Trabalhadores de indústrias têxteis e
metalúrgicas pararam no epicentro da capital paulista.
Foto: Pixabay.
Indústria têxil desativada.
GREVE DOS MARÍTIMOS (JUNHO)
Gerou um movimento que deu início a uma negociação entre governo e sindicatos.
Foto: Shutterstock.com.
Porto antigo do Brasil.
É possível associar, ponderam Tatagiba e Galvão (2019), o contexto de uma crise do capitalismo neoliberal inaugurado em 2008 às
especificidades do arranjo político engendrado no Brasil pelo Partido dos Trabalhadores (PT), baseado na conciliação de classes e sem
enfrentamento com o grande capital.
Foto: Desconhecido / Wikimedia Commons, Domínio Público.*
Lula discursando para metalúrgicos em 1979.
Quanto às motivações dos movimentos e às suas possíveis raízes, pode-se avaliar que os protestos e as greves evidenciam, para Tatagiba e
Galvão (2019, p. 72), queixas de “um conjunto muito diverso de atores sociais e uma conflitividade social crescente que extrapola a
capacidade de incorporação política” da coalização social capitaneada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Isso pode ser mais bem observado no quadro seguinte:
Ano Número de protestos
2011 108
2012 260
2013 445
Ano Número de protestos
2014 147
Tabela: Número de protestos.
Adaptada de: TATAGIBA; GALVÃO, 2019, p. 70.
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Seguindo os dados desse estudo, pode-se afirmar que os grupos sociais tradicionalmente mobilizados foram os que mais se fizeram
presentes (31%). As forças de segurança aparecem entre os trabalhadores mais mobilizados (depois dos setores da educação, indústria,
comércio e serviço, todos representados por seus sindicatos).
Os trabalhadores que reivindicavam melhorias salariais correspondem a 48,5% do contingente da amostra. De todas as razões elencadas
para as manifestações,as duas primeiras foram: a crítica ao governo e ao sistema político, com 25,2%, seguida por salário e condições
de trabalho, com 17,6%.
Para Jasper (2016, p. 105), as “redes sociais, com as quais nos comunicamos com outras pessoas, são os tijolos na construção da interação
humana, e nada acontece sem elas – inclusive o protesto”.
GRUPOS SOCIAIS TRADICIONALMENTE MOBILIZADOS
Deve-se levar em conta que a mobilização social se apresenta de muitas formas. Seria equivocado negligenciar o papel do ambiente
virtual contemporâneo.
Agora entenderemos um pouco mais acerca da importância da greve no âmbito da representatividade trabalhista.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SEGUNDO A REFORMA TRABALHISTA (LEI N. 13.467/2017), A RELAÇÃO ENTRE TRABALHADORES E
SINDICATOS FOI REVISADA E ALTERADA. DIANTE DESSE NOVO CENÁRIO, MARQUE A ALTERNATIVA
CORRETA:
A) A contribuição sindical continua sendo obrigatória, uma vez que outros funcionários dependem desse fundo para continuar exercendo
suas atividades.
B) O sindicato passa a ser o responsável pela homologação da rescisão do contrato de trabalho.
C) Todo trabalhador que não for associado a um sindicato regular não poderá receber o seguro-desemprego.
D) A Reforma Trabalhista faz com que a empresa negocie sobre quaisquer assuntos com o sindicato responsável pela representação do
funcionário.
E) A contribuição sindical passa a ser facultativa.
2. DAS INFORMAÇÕES ACERCA DE SINDICATO, FEDERAÇÃO E CONFEDERAÇÃO, MARQUE A ALTERNATIVA
QUE NÃO CORRESPONDE AO CONCEITO OU À ATIVIDADE/FUNÇÃO DE CADA UM:
A) A federação é uma entidade sindical que agrupa os sindicatos da categoria que representa por meio de reivindicações e de lutas comuns.
B) Para uma entidade se tornar uma federação, são necessários cinco sindicatos.
C) O sindicato que não estiver associado a alguma federação estará isolado, tendo dificuldades em realizar seus objetivos.
D) A confederação é o agrupamento de pelo menos cinco federações.
E) A confederação é o agrupamento de pelo menos três federações.
GABARITO
1. Segundo a Reforma Trabalhista (Lei n. 13.467/2017), a relação entre trabalhadores e sindicatos foi revisada e alterada. Diante
desse novo cenário, marque a alternativa correta:
A alternativa "E " está correta.
A contribuição sindical, apesar de constituir um tema ainda polêmico (mesmo entre os sindicatos), passou a não ser mais obrigatória a partir
da Reforma Trabalhista de 2017.
2. Das informações acerca de sindicato, federação e confederação, marque a alternativa que não corresponde ao conceito ou à
atividade/função de cada um:
A alternativa "D " está correta.
Embora ainda careça de regulamentação, a PL 5552/2019, legislação acerca das características definitivas dos sindicatos no país, mantém a
definição de confederação conforme entendimento atual: o agrupamento de pelo menos três federações.
MÓDULO 3
Identificar os processos de precarização do trabalho e sua relação com a informalidade
TRABALHO INFORMAL E TRABALHO PRECARIZADO
Trabalho informal é aquele sem vínculos registrados na carteira de trabalho ou sem documentação formalizando a relação do cidadão com
uma empresa, ainda que seja ele o patrão de si mesmo.
A informalidade carrega um grande problema, pois torna o trabalhador desprovido de benefícios como remuneração fixa, férias pagas,
FGTS, seguro desemprego e, até mesmo, aposentadoria. O trabalho informal precariza a vida do cidadão por, também, restringir o acesso a
direitos e benefícios, além da alta instabilidade. Na maioria das vezes, é composto por pessoas que abrem pequenos negócios, ambulantes,
prestadores de serviço, motoristas ou entregadores por aplicativo.
Agora, observe o gráfico abaixo:
Fonte: IBGE.
O gráfico mostra dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD) sobre a taxa de informalidade – que é a soma dos
trabalhadores sem carteira, dos trabalhadores domésticos sem carteira, do empregador e do autônomo sem CNPJ e do trabalhador familiar
auxiliar. Os números mostram que, em 2019, o Brasil atingiu o maior nível de informalidade desde 2016. Em 19 estados e no Distrito Federal
esses números superaram toda a série histórica, o que mostra um aprofundamento da precarização da vida do trabalhador nos últimos
anos.
Segundo os dados levantados em pesquisa pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), 50% da população economicamente ativa da
América Latina está no mercado informal, totalizando cerca de 230 milhões de pessoas.
Já a taxa de desemprego no Brasil, medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) , alcançou 13,3% no trimestre
encerrado em junho de 2020, atingindo 12,8 milhões de pessoas, com um fechamento de 8,9 milhões de postos de trabalho em apenas 3
meses de pandemia do novo coronavírus. Há outro elemento preocupante que são as pessoas que nem entram nas estatísticas por estarem
em uma situação na qual desistiram de buscar empregos, podendo tornar esses números ainda maiores.
Foto: Alf Ribeiro/Shutterstock.com
Ambulante em Marília – SP.
Ainda que o cidadão recorra ao trabalho informal temporariamente, enquanto está à procura de emprego formal, ele não está nos cálculos
de desempregados, o que torna os números sobre o desemprego no Brasil subnotificados. A volatilidade desse mercado informal é enorme
e, nem sempre, o trabalhador consegue obter renda, portanto, vive nos limites da incerteza. Para o governo, ele encontra-se empregado. O
problema desse cálculo é que as políticas públicas que poderiam ser adotadas pelo Estado, no sentido de garantir benefícios sociais ou
emprego e renda, não consideram essa volumosa massa de gente que está na informalidade, mas que, a qualquer hora, pode ficar sem
renda.
Vários fatores concorrem para o aumento do trabalho informal, entre eles: o desemprego; a baixa escolaridade ou formação inadequada
para as necessidades do mercado; as crises econômicas que levam empresas a demitirem ou decretarem falência; o crescimento urbano;
entre outros.
O TRABALHO NA ECONOMIA INFORMAL É, VIA DE REGRA, PRECÁRIO, PORQUE
GERALMENTE OS TRABALHADORES NÃO RECEBEM OS MESMOS NÍVEIS DE
PROTEÇÃO SOCIAL QUE RECEBEM OS TRABALHADORES DO SETOR FORMAL.
NO ENTANTO, EXISTEM VARIAÇÕES EM RELAÇÃO À INSEGURANÇA NO SETOR
INFORMAL, POIS ALGUNS PADRÕES DE TRABALHO INFORMAL SÃO
RELATIVAMENTE ESTÁVEIS E EXECUTADOS POR REDES BEM DESENVOLVIDAS E
RELAÇÕES SOCIAIS DE CONFIANÇA.
(KALLEBERG, 2009, p. 24)
INFORMALIDADE E PRECARIEDADE: A “UBERIZAÇÃO” DA
ECONOMIA
O ano de 2020 foi marcado pela maior e mais longa crise sanitária mundial, depois da “gripe espanhola”, do início do século XX, com a
síndrome respiratória provocada pelo novo coronavírus. Desde o começo da crise, as autoridades sanitárias do mundo inteiro passaram a
recomendar, além de práticas de higiene, o isolamento social ou, pelo menos, o distanciamento como única forma conhecida e eficaz de
proteção.
Empresas, escolas, lojas e serviços foram parando a cada semana enquanto as pessoas eram estimuladas a permanecer em casa. O
cenário levou, aos poucos, a uma reorganização dos trabalhos: para alguns, o trabalho remoto, ou home office, foi possível. Muitos
segmentos, porém, foram afetados pelos bloqueios e, sem produzir ou vender suas mercadorias ou seus serviços, acabaram fechando,
temporariamente, demitindo pessoal ou falindo.
No mesmo período, o mundo inteiro, mas, principalmente, os países menos industrializados e com a economia mais frágil, como o Brasil,
passaram a ter um número cada vez maior de pessoas procurando trabalho em atividades informais como possibilidade de manter o
sustento. Por isso, entendemos que:
NUNCA O TRABALHO FOI MAIS CENTRAL NO PROCESSO DE CRIAÇÃO DE
VALOR. MAS NUNCA OS TRABALHADORES FORAM MAIS VULNERÁVEIS, JÁ QUE
SE CONVERTERAM EM INDIVÍDUOS ISOLADOS SUBCONTRATADOS NUMA REDE
FLEXÍVEL, CUJO HORIZONTE É DESCONHECIDO INCLUSIVE PARA A MESMA
REDE.
(KOVÁCS, 1999, p. 18)
O serviço de entrega por aplicativo, que já vinha em um crescimento constante nos últimos anos,rapidamente se viu no “olho do furacão”:
maior demanda por entregas por conta do isolamento e, simultaneamente, maior oferta de mão de obra pelo crescimento de
desempregados. Não tardou para os primeiros problemas aparecerem.
Foto: Shutterstock.com
SAIBA MAIS
A empresa de inteligência Corebiz, especialista em atender ao segmento do varejo, fez um estudo mostrando que, nos primeiros quinze dias
de quarentena, em março de 2020, a receita das compras por delivery, no segmento alimentício, cresceu 77%, em relação ao mesmo
período de fevereiro.
Já os dados da PNAD COVID apontam que, em maio, 42 mil brasileiros com ensino superior (graduação e pós-graduação) se declararam
como "entregador de mercadorias (de restaurante, de farmácia, de loja, aplicativo etc.)", representando 0,15% dos 27 milhões de brasileiros
com ensino superior. De acordo com os dados da mesma pesquisa, 3,7 mil (8,8% do total de entregadores com ensino superior) foram
afastados do trabalho por conta da quarentena, entrando em isolamento, distanciamento social ou férias coletivas.
Assim, enquanto (BAUMAN, 2007, 2008) a modernidade pesada – ou sólida – foi a época do compromisso entre capital/trabalho, em que
existia um exército de reserva da mão de obra, que correspondia a trabalhadores úteis ao funcionamento do sistema capitalista; na
modernidade líquida, esses trabalhadores deixam de ser necessários, tornando-se supérfluos ou inúteis no mundo.
O Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp, em parceria com outras instituições, realizou uma pesquisa
mostrando que esses trabalhadores continuaram a enfrentar longas jornadas de trabalho, mas em condições que se tornaram piores com a
pandemia:
Passaram a enfrentar um alto risco de contágio durante a rotina de trabalho
Adotaram medidas de precaução, na maioria, custeadas por eles mesmos
Além de registrarem queda na remuneração pelos serviços e maior tempo de trabalho
O chamado “breque dos apps” foi a primeira greve nacional dos entregadores por aplicativos, no Brasil, e aconteceu em julho de 2020, bem
no meio da pandemia. A paralisação foi motivada pelas péssimas condições de trabalho, por medidas de proteção contra os riscos de
infecção pelo novo coronavírus e mais transparência na dinâmica de funcionamento dos serviços e das formas de remuneração.
Fonte: Myriam B/Shutterstock.com.
O movimento foi organizado a partir dos aplicativos de conversa, mas também teve a participação de algumas entidades sindicais e
associações. Não se sabe os números exatos de quantas pessoas trabalham nesse serviço, mas, de acordo com o IBGE, em 2019, cerca de
4 milhões de indivíduos tinham a entrega por apps como principal fonte de renda.
As empresas de aplicativos não divulgaram o prejuízo sofrido com a greve, mas os consumidores reagiram, em grande maioria, apoiando o
movimento grevista, mas também se queixando do quanto aquela greve prejudicava a quem estava em casa. Os mais prejudicados,
contudo, foram os entregadores, que ficaram um dia sem obter nenhuma renda.
COMENTÁRIO
Mesmo conseguindo chamar atenção para esse grupo de trabalhadores invisíveis, a greve não teve resultados práticos, uma vez que, sem
uma liderança ou um sindicato próprio, as demandas não foram sequer negociadas.
SINDICALISMO E TRABALHO INFORMAL
A precarização do trabalho tem sido denominada de “uberização”, representando um novo estágio da exploração do trabalho, trazendo
mudanças para o trabalhador, para as empresas e para as formas de controle do trabalho.
A “uberização” é um modelo que retira do trabalhador as garantias mínimas e, ao mesmo tempo, o mantém subordinado à empresa por
dependência ou limitação, aproveitando-se das instabilidades do mercado de trabalho, como o crescimento do desemprego. Embora possa
parecer novidade, a precariedade é parte do capitalismo.
Fonte: StunningArt/Shutterstock.com.
No âmbito jurídico, o trabalhador é supostamente livre para negociar, em pé de igualdade, com seu empregador, contudo, a igualdade na lei
não se traduz em igualdade na vida real, pois os poderes entre as partes são desiguais.
Nos últimos tempos, sobretudo depois da reforma trabalhista de 2017, o Brasil tem vivido um agravamento da informalidade, em maior ou
menor grau, em grande parte das categorias. Sindicatos como o dos trabalhadores na construção civil, mobiliário e vigilantes mencionam
uma elevada incidência de informalidade em suas respectivas bases.
Os mesmos sindicatos demonstram uma falta de atuação junto aos trabalhadores informais, ainda que esses trabalhadores informais sejam
de segmentos sindicalizados. Embora as relações de trabalho tenham passado por diversas mutações, os sindicatos ainda estão restritos à
sua base formal, presos ao modelo verticalizado de sindicalismo dos anos 1980, formado por assalariados com empregos estáveis e
protegidos por lei.
A nova ordem que estimula a informalidade e leva à precarização não pode ser revertida pelos sindicatos com velhas estratégias de lançar
mão de artefatos jurídicos — a exemplo da tentativa de formalizar as relações de trabalho dos precarizados, como se isso, por si só,
revertesse a precarização inerente aos regimes produtivos flexíveis —, afinal, a regularização jurídica da situação de um empregado não é
garantia de que ele escapará a uma modalidade de trabalho precarizada. Como resultado, os sindicatos aprofundam o seu próprio
enfraquecimento como instâncias representativas, pois se distanciam dos trabalhadores que não aceitam ou não podem voltar à formalidade
jurídica de assalariado.
O primeiro passo para os sindicatos se comunicarem com esse novo proletariado precarizado e atuarem na garantia de direitos perante o
Estado seria “horizontalizar-se”, indo até o trabalhador informal e recuperando culturalmente o valor do trabalho como práxis social, e não
como mercadoria.
Foto: Nicole Glass Photography/Shutterstock.com
SIMULTANEAMENTE, É NECESSÁRIO QUE O MOVIMENTO SINDICAL SE RENOVE COM A
ENTRADA DE MULHERES, LGBTQI+, NEGROS E JOVENS, INCLUSIVE EM ESPAÇOS DE
PODER.
Não se pode esquecer de que as demandas do mundo do trabalho não são uníssonas e não se resumem à classe, mas se revestem de
especificidades que se adequam às próprias condições de gênero e raça.
Há em voga uma tentativa do neoliberalismo de “suavizar” a precarização do trabalhador usando o conceito de “empreendedor”, induzindo à
ideia de que trata-se de uma opção, de realizar uma atividade, um investimento; enquanto o que se vê é o desespero econômico
empurrando os trabalhadores para o mercado informal, que é bem diferente de empreendedorismo.
O mito do empreendedorismo é conveniente para os governos que retiram direitos trabalhistas, não criam empregos e, ainda, dificultam a
atuação dos sindicatos perante esse grupo, uma vez que o “empreendedor” se vê mais como empresário-patrão do que como trabalhador e,
por isso, repudia os sindicatos.
As novas configurações sociais e de relações de trabalho, surgidas a partir dos anos 1990 e aprofundadas no contexto posterior aos anos
2010, impõem aos sindicatos novos desafios, especialmente no enfrentamento dos argumentos de que a economia não cresce pelos
gastos excessivos do Estado e pelo custo supostamente alto da contratação da força de trabalho. Tal afirmação, bastante comum
entre os setores neoliberais conservadores, acaba sendo aceita como verdade até entre trabalhadores que se veem sem aumento ou em
ameaça concreta de desemprego.
Se, como vimos, a formação política com uma perspectiva ideológica definida, a participação em grupos, associações e reuniões festivas
marcaram a organização da classe trabalhadora no Brasil, novas relações passaram a ser estabelecidas com o avanço do neoliberalismo na
economia e, consequentemente, sobre todo o tecido social, fragilizando a ação sindical.
Dentre as causas estão a flexibilização e a precarização das relações trabalhistas, que sufocaram a atuação dos sindicatos ao longo dos
últimos anos. A precarização dotrabalho é não só a causa, mas também o efeito da fragilização dos sindicatos. O trabalhador se vê sem
tempo, cansado de sua rotina exaustiva e, não raro, entende que aquilo é culpa do sindicato que não faz nada por ele.
Com os limites cada vez mais amplos de atuação no mercado, especialmente no contexto de maior informalidade, os sindicatos se veem
limitados nas possibilidades antigas de formas de articulação e mobilização social, provocando impactos ainda mais negativos na condição
de precariedade do trabalhador.
Os principais impactos da precarização do trabalho no movimento sindical foram:
Acentuada queda nos níveis de sindicalização.
As negociações coletivas (de toda uma categoria profissional feitas pelos sindicatos) deram lugar às negociações parciais (feitas
diretamente pelas empresas e seus empregados), requerendo que esses trabalhadores se organizem para conquistar suas
necessidades.
A greve perde força como instrumento de luta.
A base tradicional dos sindicatos (trabalhadores assalariados e no mercado formal) se modifica com o aumento de desempregados e
daqueles sem carteira assinada e em tarefas precárias no setor informal.
REFORMAS TRABALHISTAS E AVANÇO DO NEOLIBERALISMO:
DESAFIOS AO MOVIMENTO SINDICAL
Com o argumento de combater o desemprego e a crise econômica, foi aprovada uma reforma nas leis trabalhistas do Brasil. A reforma
trabalhista de 2017 foi uma das mais agressivas dos últimos anos e provocou mudanças profundas na Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), dentre elas criou o trabalho intermitente.
TRABALHO INTERMITENTE
No trabalho intermitente, os empregadores poderão contratar funcionários, convocá-los e pagá-los apenas quando tiverem
necessidade, por períodos curtos ou horas.
SAIBA MAIS
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é uma lei brasileira referente ao Direito do trabalho e ao Direito processual do trabalho. Criada
por meio do Decreto-Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943, e sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas, unifica toda a legislação
trabalhista existente no Brasil.
Dentre os pontos mais controversos da reforma, destaca-se o que determina que o empregado intermitente deverá pagar a diferença entre a
contribuição sobre o salário recebido e o mínimo exigido pela Previdência Social. Caso não haja o pagamento, poderá perder o acesso à
aposentadoria e a outros benefícios fornecidos pela Previdência Social. Essa medida é considerada extremamente prejudicial para todos os
trabalhadores, mas afeta principalmente quem ganha menos, ao ter que tirar parte do próprio sustento para pagar a Previdência Social,
livrando o empregador dessa responsabilidade.
Foto: Brenda Rocha/Shutterstock.com
Outra mudança que afetou a relação empregador-empregado foi a obrigatoriedade de que o trabalhador pague as custas do processo, as
perícias e os honorários dos advogados do empregador em caso de derrota perante alguma ação que mova na Justiça do Trabalho.
A reforma também atingiu diretamente os sindicatos quando, ao procurar um caminho para sufocar a atuação das entidades de
trabalhadores — vistas como desnecessárias e um empecilho tanto por membros do governo quanto por parte do empresariado —,
extinguiu a contribuição sindical, também chamada de imposto sindical.
Além disso, a reforma limitou a atuação dos sindicatos em negociações com empregadores. Com a mudança, os trabalhadores,
independentemente do sindicato, podem fazer ajustes e negociações com seus patrões. Inclusive o processo de rescisão de contrato não
precisa mais da supervisão dos sindicatos, caso o empregado concorde. Essas mudanças expõem o trabalhador às pressões do
empregador, fazendo com que aceite acordos, muitas vezes desvantajosos, por medo de perder o emprego ou receber algum tipo de
punição.
IMPOSTO SINDICAL
Trata-se de um valor pago, por todos os trabalhadores, ao sindicato de sua categoria, independentemente de serem ou não associados
a um sindicato.
Foto: zendograph/Shutterstock.com
A reforma foi criticada por diversos sindicatos, partidos de esquerda, pelo Ministério Público do Trabalho e pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT) sob o argumento de que ela aprofundaria as desigualdades, deixaria o trabalhador desamparado e não resolveria os
problemas que o governo usava como justificativa. Porém, recebeu o apoio de partidos de direita, alguns economistas e a maioria dos
empresários.
Desde que a reforma foi aprovada, verificou-se que a queda do desemprego não aconteceu, ao mesmo tempo em que houve um aumento
significativo do trabalho informal. Todas essas mudanças da reforma trabalhista tiveram o papel de precarizar, ainda mais, a vida do
trabalhador, empurrando-o para a informalidade.
As mudanças na legislação podem afetar o cotidiano do trabalhador (sindicalizado ou não)? E a reforma trabalhista de 2017 afetou,
especificamente, o sindicato no qual está filiado? Vamos responder a essas questões no vídeo a seguir:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (UEMA 2020 – ADAPTADA) A REDUÇÃO DO MERCADO FORMAL DE TRABALHO, ISTO É, AQUELE
REGULAMENTADO PELAS LEIS TRABALHISTAS E INTEGRADO AOS MECANISMOS INSTITUCIONAIS QUE
GARANTEM PROTEÇÃO AO TRABALHADOR, TAIS COMO PREVIDÊNCIA SOCIAL E FUNDO DE GARANTIA
POR TEMPO DE SERVIÇO (FGTS), PODE SER OBSERVADA PELO CRESCIMENTO DOS TRABALHADORES EM
CARTEIRA ASSINADA E POR CONTA PRÓPRIA.
A CARTEIRA DE TRABALHO É O DOCUMENTO NO QUAL É REGISTRADO O CONTRATO DE TRABALHO NO
BRASIL.
ANALISE A CHARGE A SEGUIR SOBRE AS NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO.
A PARTIR DO QUE FOI ESTUDADO NESTE MÓDULO, PODEMOS CONSIDERAR QUE:
A) A terceirização do trabalho garante autonomia aos trabalhadores contratados.
B) A reestruturação produtiva transfere para os sindicatos os custos com os trabalhadores.
C) A informalidade do emprego aumenta a insegurança do trabalhador frente ao capital.
D) A informalidade está diminuindo, no Brasil, devido às novas políticas de emprego.
E) Os trabalhadores preferem a terceirização porque o emprego de carteira assinada já não tem mais benefícios.
2. (IF-PR – ADAPTADA) AUTOR DO LIVRO A CORROSÃO DO CARÁTER: CONSEQUÊNCIAS PESSOAIS DO
TRABALHO NO NOVO CAPITALISMO, RICHARD SENNETT CONSTRÓI UMA SÉRIE DE REFLEXÕES ACERCA
DAS NOVAS CONDIÇÕES DE TRABALHO QUE SE IMPÕEM, VINCULADAS AO ATUAL MODELO CAPITALISTA E
À LÓGICA NEOLIBERAL, AFIRMANDO QUE A NOVA REALIDADE ECONÔMICO-SOCIAL, QUE TRAZ TERMOS
EXCITANTES COMO AGILIDADE, FLEXIBILIDADE E MUDANÇA, NÃO PROPICIA A REALIZAÇÃO AMBICIONADA
POR ESTES TRABALHADORES. SOBRE O TRABALHO NO CAPITALISMO FLEXÍVEL, PODE-SE AFIRMAR QUE:
A) Diferentemente dos anos 1980, o ambiente no mundo do trabalho, no tempo presente, é mais humano e valoriza virtudes estáveis como
confiança, lealdade e comprometimento dos trabalhadores em relação aos empregadores.
B) O mercado informal é caracterizado, em maior parte, por empreendedores que possuem uma renda muito superior à do mercado formal,
embora sem direitos trabalhistas, levando-os ao afastamento do movimento sindical.
C) Não há qualquer relação entre as novas práticas trabalhistas (terceirização e informalidade) com a ansiedade, a instabilidade dos
trabalhadores em relação ao presente e de perspectivas futuras.
D) A reforma trabalhista do governo Temer, em 2017, trouxe vantagens para os empresários, trabalhadores e sindicatos, o que é refletido em
baixas taxas de desemprego no país e aumento do imposto sindical.
E) A nova economia que enaltece a flexibilidade e o empreendedorismo, em vez de libertar os trabalhadores, produz novas formas de
opressão e controle, entre elas o convencimento de que os sindicatos são desnecessários.
GABARITO
1. (UEMA 2020 – adaptada) A redução do mercado formal de trabalho, isto é, aquele regulamentado pelas leis trabalhistas e
integrado aos mecanismos institucionais que garantem proteção ao trabalhador, tais como Previdência Social e Fundo de Garantia
por Tempo de Serviço (FGTS), pode ser observada pelo crescimento dos trabalhadores em carteira assinada e por conta própria.A carteira de trabalho é o documento no qual é registrado o contrato de trabalho no Brasil.
Analise a charge a seguir sobre as novas relações de trabalho.
A partir do que foi estudado neste módulo, podemos considerar que:
A alternativa "C " está correta.
Na informalidade, embora haja mais liberdade para o trabalhador escolher seu tempo e ritmo de trabalho, ele fica alijado dos direitos
definidos pela legislação trabalhista. Mesmo a aposentadoria passa a depender, exclusivamente, da contribuição feita ao governo
diretamente pelo trabalhador, o que a torna inviável para muitos que trabalham na informalidade devido aos ganhos baixos e instáveis.
2. (IF-PR – adaptada) Autor do livro A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo, Richard
Sennett constrói uma série de reflexões acerca das novas condições de trabalho que se impõem, vinculadas ao atual modelo
capitalista e à lógica neoliberal, afirmando que a nova realidade econômico-social, que traz termos excitantes como agilidade,
flexibilidade e mudança, não propicia a realização ambicionada por estes trabalhadores. Sobre o trabalho no capitalismo flexível,
pode-se afirmar que:
A alternativa "E " está correta.
Os discursos que são produzidos por políticos e empresários sobre o trabalho informal tendem a criar mitos para encobrir a precarização das
condições de trabalho e as desvantagens do sistema para o trabalhador. O encantamento da ideia de empreender forma uma legião de
desempregados ou subempregados que não reconhecem mais o papel dos sindicatos em suas vidas.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos a importância de os trabalhadores sempre procurarem se organizar, independentemente do tipo de trabalho exercido, a fim reivindicar
direitos ou eliminar mecanismos de opressão e exploração. Também apresentamos como isso aconteceu, na breve memória que fizemos, por
meio de diferentes instrumentos, desde a quebra de máquinas até os que ainda são usados, como as greves.
Entendemos que essas formas de organização foram variadas até chegar ao que, atualmente, nós conhecemos como sindicalismo ou
movimento sindical, pois dependiam das circunstâncias econômicas e sociais de cada sociedade e do grau de politização e organização de
cada setor de trabalhadores.
O movimento sindical teve diferentes momentos: algumas vezes, eram usados pelos governos para controlar os trabalhadores (Era Vargas)
e, em outros momentos, os sindicatos foram responsáveis por ações políticas e sociais que ultrapassavam as questões trabalhistas (luta
contra a ditadura).
Finalmente, aprendemos que as primeiras décadas do século XXI foram marcadas por mudanças drásticas na legislação trabalhista e nas
relações de trabalho entre patrão e empregado, além de uma nova perspectiva do capitalismo como um todo. Isso vem produzindo um
número cada vez maior de desempregados ou de pessoas que migraram para o mercado informal. Esses fatores pioraram as condições de
trabalho e, consequentemente, de vida das pessoas.
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Leia os seguintes artigos:
ADORNEY, J. Agradeçamos ao capitalismo pelo fim de semana, pelos feriados e pela redução da jornada de trabalho. In: Mises
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COSTA, A. A. Sindicalismo e reestruturação produtiva. Consultado em meio eletrônico em: 16 mar. 2021.
NORTH, G. “Não podemos competir com o trabalho escravo dos chineses!”. Eis aí uma frase que agride a lógica. In: Mises Brasil.
Publicado em: 15 nov. 2019.
Ph.D. em História, Gary North nos ajuda a refletir acerca de nossa conceituação de trabalho e de seu valor para as sociedades
contemporânea.
Para ampliar seu conhecimento sobre como os primeiros sindicatos se organizaram e quais eram as suas pautas, assista ao filme Germinal,
que conta a história da greve contra a redução dos salários organizada pelos mineiros na França. Trata-se de uma adaptação do livro
clássico do escritor francês Émile Zola. Que tal ler também o livro?
Se você quer compreender melhor os movimentos sindicais no Brasil, viste o site Memorial da Democracia. Ali você encontra imagens,
entrevistas e textos complementares sobre o sindicalismo no Brasil, em especial no período da ditadura militar.
É possível conhecer um importante relato sobre a organização sindical no Brasil, nas palavras Edgard Leuenroth (1881-1968)

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