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Inquérito policial; ação penal e acordo de não persecução penal @ROTINADEUMAOABEIRA_ - Por: Amanda Ladeira Matéria: Processo Penal MÓDULO 1 Aula 01: Processo Penal e Inquérito Policial Conceito de processo penal: É o direito de punir (jus puniendi). é o conjunto de normas e princípios que serve para que o estado venha compor lides penais aplicando o direito penal ao caso concreto, mas também trazendo ferramentas para que nós (cidadãos) possamos nos defender dela. Antigamente era a lei do talião (olho por olho e dente por dia) Atenção: Processo (relação entre os sujeitos processuais - Juiz, acusação e defesa) é diferente de procedimento (é o conjunto ordenado de atos que vai também materializar como a relação entre os sujeitos processuais vai acontecer. Exemplo: Inquérito Policial/ Procedimento licitatório) O sistema utilizado no processo penal é o sistema acusatório - Aqui as garantias constitucionais são asseguradas Existem dois sistemas: Sistema inquisitivo (o mesmo sujeito que acusa é o mesmo que julga) e no sistema acusatório (diferentes sujeitos, onde um acusa e o outro julga) Lei Lei processual x lei penal - Lei penal em regra não retroage (salvo para beneficiar o réu) e a lei processual não retroage nunca - O tempo rege o ato (mesmo que prejudique o réu) A lei processual admite interpretação extensiva e analógica. As fontes da lei podem ser materiais (dizer que tem competência para criar normas processuais - Exemplo: A união tem competência para legislar sobre questões processuais) e formais (meio pelo qual a norma é apresentada para nós) ATENÇÃO: Imunidades - Artigo 53 da CF Inquérito Policial Conceito: Procedimento administrativo, preparatório, inquisitivo, sigiloso, presidido pela autoridade policial que tem por objetivo trazer elementos de autoria e de materialidade para que seja proposta uma ação penal. Natureza jurídica do IP (O QUE É ISSO PARA O DIREITO?): procedimento administrativo ATENÇÃO: Nulidade ou vício que ocorrer no IP não anula a ação penal (porque a ação penal acontece no processo) É preparatório pois tem como objetivo a colheita de elementos para a ação penal É inquisitivo pois não há contraditório O sigilo é relativo (não se aplica ao juiz, MP e nem ao advogado - Súmula vinculante 14 e artigo 7º, XIU do EAOAB) - Se a autoridade policial negar acesso ao advogado, caberá mandado de segurança, pois há violação de direito liquido e certo. Se o fundamento for na súmula vinculante 14 caberá reclamação ao STF com base no artigo 102 do CF. Outras formas de investigação: O artigo 4º, §ú do CPP diz não precisa necessariamente que o delegado de polícia investigue. É permitido outras formas de investigação. Exemplo: Comissão parlamentar de inquérito, PIC (Procedimento investigatório Criminal - é realizado pelo ministério público. - É constitucional? Sim (posição do STF). Artigo 129 do CPP - Teoria dos poderes implícitos, visto que quem pode o mais pode o menos PIC (Procedimento investigatório Criminal - é realizado pelo ministério público. - É constitucional? Sim (posição do STF). Artigo 129 do CPP - Teoria dos poderes implícitos que diz que quem pode o mais pode o menos. Para o PIC o MP precisa observar alguns requisitos. São eles: 1- Deve respeitar os direitos fundamentais 2- Deve observar as cláusulas de reserva de jurisdição - Situações que só o juiz pode determinar - Prisão, busca e apreensão, interceptação telefônica, 3- respeitar as prerrogativas dos advogados 4- A investigação precisa ser feita pelos membros 5- Ter controle do arquivamento Destinatários do IP Destinatários imediatos Regra geral: MP e ofendido (ou representante legal) Destinatários mediatos Juiz - Pois quando em sede de investigação criminal for necessário a prisão, busca e apreensão e interceptação telefônica, a autoridade policial deverá solicitar para o juiz. Instauração do IP Se for ação penal pública incondicionada - Existem 5 formas de instauração do IP 1- De ofício: O delegado fica sabendo do fato e instaura o IP 2- Requisição do MP ou de um juiz: A requisição é sinônimo de ordem 3- Requerimento da vítima - Se for indeferido 4- Notitia criminis - Qualquer pessoa denuncia uma conduta. - No caso de denúncia anônima (Apócrifa), o delegado de polícia precisa investigar antes de instaurar um inquérito 5- Cognição coercitiva - Ocorre por meio da prisão em flagrante Se for uma ação penal pública condicionada à representação, ele só pode instaurar com a autorização do ofendido. Exemplo: Lesão corporal leve/Lesão corporal culposa Se for ação penal privada precisa do requerimento da vítima (ou seu representante legal) Características do IP 1- Instrumental 2- Obrigatório 3- Discricionário: A autoridade policial conduz o IP da maneira que achar mais conveniente. Não existe uma ordem certa 4- Dispensável: O MP não precisa do IP para oferecer a denuncia 5- Escrito: Todas as diligências realizadas pelo delegado de policia e seus agentes, devem ser documentadas 6- Informativo: Colhe informações 7- Sigiloso: Em regra é sigiloso 8- Inquisitivo: Não tem contraditório – será exercido na ação penal 9- Indisponível: Artigo 17 do CPP. O delegado de policia NUNCA arquiva do IP. 10- Temporário: Tem prazo para ser encerrado Réu preso Réu solto Prazo no CPP 10 dias (improrrogá vel) 30 dias (improrrogá vel) Justiç a Feder al 15 dias (prorrogávei s por igual período) 30 dias (prorrogávei s por igual período) Lei de Droga s 30 dias (prorrogávei s por igual período) 90 dias (prorrogávei s por igual período) Sabe-se que o inquérito policial não colhe provas e sim elementos de informação, tendo em vista que não é submetida ao contraditório. OBS: Existem 3 tipos de provas que são produzidas no inquérito Policial. São elas: Provas antecipadas, irrepetíveis (não pode repetir) e cautelares • Artigo 155 do CPP Aula 02: Inquérito Policial e Ação penal Indiciamento • é um ato privativo a autoridade policial mediante sua análise jurídica daquele fato • Lei 12.830/13 • O juiz não pode determinar a autoridade policial indiciar alguém • Quando a autoridade policial termina um inquérito policial, ela faz um relatório - falta do relatório é mera irregularidade (não prejudica em nada o inquérito policial) Os autos serão encaminhados ao juiz que irá analisar se: • O crime for de ação penal privada - Os autos ficam no cartório judicial pelo prazo de 6 meses aguardando manifestação da vítima ou seu representante legal • O crime for de ação penal pública - Os autos são encaminhados para o Ministério Público que fica diante de 4 opções: 1- Denúncia - O juiz pode receber e determinar a citação nos termos do artigo 396 do CPP - Que tem como objetivo uma resposta à acusação por parte do réu no prazo de 10 dias. O juiz pode não receber e caberá RESE - Art 581 do CPP 2- Diligências - O IP volta para a delegacia para que a autoridade policial realize as diligências e devolva os autos para o MP 3- Arquivamento interno 4- Determinar o arquivamento - O artigo 28 do CPP atual diz que o MP que arquiva Atualmente só quem pode arquivar é o juiz. O MP manda os autos para o juiz e este irá concordar ou discordar com a posição do ministério público quanto ao arquivamento. Se o juiz discordar, ele encaminha os autos ao PGJ que terá 3 opções: 1- Concordar com o juiz e ele mesmo oferecer a denúncia 2- Discordar do juiz e concordar com o arquivamento (nesse caso o juiz fica obrigado a arquivar) 3- Designar outro representante do MP para oferecer a denúncia (não pode ser o mesmo membro do MP que pediu o arquivamento) Desarquivamento do IP • Artigo 18 do CPP Motivo do arquivamento Pode ser desarquivado? Insuficiência de provasPode ser desarquivado – Súmula 524 do STF Ausência de pressuposto processual ou de condição da ação penal Pode ser desarquivado Falta de justa causa para ação penal (não há indícios de Pode ser desarquivado autoria e nem prova da materialidade) Atipicidade Não pode ser desarquivado Existência manifesta de causa excludente de ilicitude O STJ diz que não pode ser desarquivada e o STF diz que pode ser desarquivada Existência manifesta de causa excludente de culpabilidade Não pode ser desarquivada – posição doutrinária Existência manifesta de causa extintiva da punibilidade Não pode ser desarquivada (em regra). Exceção: Certidão de óbito falsa Ação penal • Ação penal é o direito subjetivo de pedir ao estado a aplicação do direito penal no que tange a punição Condições da ação penal 1- Possibilidade jurídica do pedido: O juiz tem que ver se o pedido está previsto no código penal como crime 2- Legitimidade: é do MP na ação penal publica e do ofendido na ação penal privada 3- Interesse: 4- Justa causa: A ação penal pode ser: a) Publica: O titular é o MP e a peça que inaugura a ação penal é a denúncia – Regra, do artigo 100 do CPP Pode ser ainda: 1- Incondicionada: 95% dos crimes é de ação penal publica incondicionada • São crimes que quando praticados independem da vontade da vítima. Ou seja, o MP pode oferecer uma denúncia mesmo que a vítima não queira nenhum tipo de providencia. Exemplo de crimes de ação penal pública incondicionada: Estupro, lesão corporal 2- Condicionada: A ação condicionada pode ser feita por representação ou requisição • Nos crimes de ação penal publica condicionada a representação é possível a retratação desde que seja feita até o oferecimento da denúncia. • É possível ainda a retratação da retratação. Ou seja, a vítima procura a autoridade policial e diz que não quer providências contra o agente que praticou o crime. Passado um tempo, muda de ideia e procura a autoridade policial novamente pedindo providencias. Será possível, desde que seja feita no prazo de 6 meses São princípios da ação penal publica: • Obrigatoriedade • Indisponibilidade • Oficialidade • Divisibilidade b) Privada: O titular é o ofendido e a peça inaugural da ação penal é a queixa crime. Pode ser de 3 tipos 1- Personalíssima: Artigo 236 do CP – É o único crime que é de ação penal privada personalíssima – Somente o cônjuge enganado pode entrar com ação penal. ATENÇÃO: Ninguém pode substituir. Ou seja, mesmo que seja considerada incapaz ou tenha falecido, não poderá ser representada por mais ninguém – NÃO TEM A SUCESSÃO PROCESSUAL 2- Exclusiva: Existe a sucessão processual – Pode ser feita pelo CADI (Cônjuge/companheiro, ascendente, descendente e irmão) podem substituir – Respeitando o prazo de 60 dias 3- Subsidiária da pública: é um direito fundamental. Prevista no artigo 29 do CPP. Acontece com a INÉRCIA do MP. Quando ele não se manifesta, o ofendido pode tomar a frente. São princípios da ação penal privada: • Conveniência e oportunidade • Disponibilidade • Indivisibilidade Itens importantes acerca da ação penal privada (exceto na ação penal privada subsidiária da pública) • É possível renunciar quanto o direito de processar uma pessoa em sede de IP • A renuncia e o perdão são causas de extinção da punibilidade • É possível perdão do ofendido no curso da ação penal – Esse ato é bilateral. Ou seja, deve ser aceito – Se a outra parte não aceitar o perdão, o processo segue • A renuncia e o perdão atinge todos os agentes • No perdão, se um dos agentes não aceita, o processo continua só pra ele. Para os que aceitaram o perdão, o processo não continua mais Aula 03: Acordo de não persecução penal • Surgiu com a lei 13.964/19 que entrou em vigor dia 23/01/2020 • Previsto no artigo 28-A do CPP • Traz a ideia de justiça negociada que foi inaugurado no artigo 98, I da CF • Antes do pacote anticrime prever o acordo de não persecução penal, esse acordo já foi previsto em uma resolução do conselho nacional do MP. • A natureza jurídica do acordo de não persecução penal é um NEGÓCIO JURIDICO feito entre o MP e o réu • O juiz não participa das negociações sob pena de NULIDADE • O juiz irá só homologar ou não o acordo de não persecução penal (ANPP) – Ele ouve o réu para saber se ele realmente quer • O juiz também não pode realizar ajustes no acordo feito entre MP e réu. • Quem decide se o acordo será ou não realizado é o promotor de justiça – Ele tem que analisar se a conduta vai prevenir cometimento de outros crimes Requisitos do ANPP 1- Não pode ser caso de arquivamento 2- Que haja uma confissão do suspeito (vai ser formal e circunstanciadamente) 3- O crime não pode ultrapassar a pena mínima de 4 anos 4- Analisar causas de aumento e de diminuição de pena 5- O crime não pode ter sido praticado com violência ou grave ameaça contra a pessoa 6- O crime cometido não pode versar sobre violência doméstica 7- O acusado não pode conduta habitual criminosa 8- Não pode ter sido beneficiado da justiça negociada (suspensão condicional do processo, transação penal ou ANPP) nos últimos 5 anos • Se o acusado preencher todos os requisitos e mesmo assim o promotor de justiça não quiser fazer o ANPP, caberá ao acusado pedir ao chefe do promotor de justiça (para que analise) • O acusado tem que reparar o dano ou restituir a coisa (se não tiver como, não tem problema), bem como renunciar bens e direitos e prestar serviços a comunidade. • Quando o juiz homologar o ANPP, envia novamente para o MP que encaminhará para a VARA DE EXECUÇÃO CRIMINAL (Não é o mesmo juiz que homologa que irá executar) • Se o juiz não quiser homologar, caberá RESE – Artigo 581, XXV do CPP • A vítima deve ser informada (tanto da homologação quanto do descumprimento) • Se o ANPP for descumprido, o acordo não valerá mais e o MP poderá processar. • Quando há o descumprimento do ANPP o MP fica desobrigado a oferecer suspensão condicional do processo. • Se o agente cumprir, será extinta a punibilidade dele – MAS ELE NÃO PODERÁ TER O BENEFICIO DO ANPP PELOS PROXIMOS 5 ANOS • Não corre a prescrição enquanto se cumpre a ANPP – Artigo 116, IV do CPP • O ANPP poderá ser aplicado: Em crimes cometidos antes da vigência da lei que prevê o ANPP se a denuncia ainda não tiver sido recebida (se já for processo não caberá. Só caberá se ainda estiver em fase de investigação)
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