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REVISADO E INSERIDO – STELA – 26.01.2010 Capítulo 3 - Sistemas de Equações Lineares: definições, métodos de resolubilidade e aplicações. Introdução Neste capítulo, continuaremos nossa abordagem relacionada à Álgebra Matricial e, consequentemente, aos conceitos base da Álgebra Linear. Em particular, trataremos dos Sistemas de Equações Lineares e alguns métodos de resolubilidade dos mesmos. Dentre os métodos, serão abordados os de Escalonamento e a Regra de Cramer. Métodos estes muito aplicados nos estudos referentes ao tema e tratados aqui por meio de objetos de seu conhecimento tais como as matrizes e suas operações, bem como os determinantes. OBJETIVOS Entender o conceito de equações lineares e de sistemas de equações lineares. Verificar quando uma determinada equação é linear ou não. Determinar quando um conjunto de números é uma solução de sistema de equações lineares. Relacionar a abordagem de sistemas de equações lineares com conceitos vistos nas unidades anteriores como é o caso de matrizes e de determinantes. Aplicar os métodos de escalonamento e a Regra de Cramer, para determinar soluções de sistemas lineares. Conceituar e determinar soluções, referentes aos sistemas de equações lineares homogêneos. Analisar e resolver situações-problema diversas, envolvendo sistemas de equações lineares. ESQUEMA Equações Lineares; Sistemas de Equações Lineares; Regra de Cramer; Sistemas Equivalentes; Operações Elementares; Sistemas Escalonados; Um Pouco de Aplicações Relacionadas a Sistemas Lineares; Sistemas Lineares Homogêneos; Resumo; Sugestões de Leituras; Referências. 3. 1 Equações Lineares Primeiramente, você sabe o que é uma equação linear? Pois bem, de um modo geral temos a seguinte definição: EDITORAÇÃO, INSERIR DEFINIÇÃO EM UMA CAIXA: Definição: Equação linear é toda equação da forma bxaxaxaxa nn ...332211 em que 1 2 3, , ,..., na a a a são números reais, que recebem o nome de coeficientes das incógnitas 1 2 3, , ,..., nx x x x , e b é um número real chamado de termo independente. Veja, a seguir, alguns exemplos de equações lineares: Exemplo 1) 3 5 4 10x z y Exemplo 2) 5 6 5 5 2t g h z Você deve perceber que o Exemplo 1 se trata de uma equação linear, pois os coeficientes 3,5 e 4 , são números e referem-se respectivamente às incógnitas ,x z e y , cujo termo independente é o número real 10 . Já o Exemplo 2, antes de identificarmos seus coeficientes, suas incógnitas e seu termo independente, necessitará de uma transformação algébrica, veja: 5 6 5 5 2 5 6 5 2 5t g h z t g h z E assim, seus coeficientes serão 5,6, 5 e 2 , com respectivas incógnitas , ,t g h e z , e termo independente 5 . Observe, agora, algumas equações que não são lineares. Exemplo 1) 3 3 5sx z x Exemplo 2) 2 5 6 6 j r t Exemplo 3) 3 4 8h d f Nestes casos, o Exemplo 1 não será uma equação linear, pois o coeficiente da incógnita x (ou incógnita s ) é igual a s (ou x ), ou seja, não é necessariamente um número real. Já o Exemplo 2, não é uma equação linear, pois a incógnita j está elevada à potência 2 e, pela definição dada anteriormente, todas as potências das incógnitas devem ser iguais a 1 e no Exemplo 3, podemos pensar na potência da incógnita h sendo 1 2 , ou seja 1 2h h e pelo mesmo motivo do Exemplo 2, esta também é não-linear. EDITORAÇÃO, INSERIR MARCADOR DE REFLEXÃO PARE E PENSE NO PARÁGRAFO A SEGUIR Pense! Será que você conseguiria exemplificar uma equação linear e uma não linear neste momento? Certamente que sim, não é mesmo? Procure então neste [w1] Comentário: Equação não- linear é uma equação que não satisfaz a condição de ser linear. momento estabelecer algumas equações lineares e não lineares diferenciando- as e justificando a linearidade e a não linearidade de cada uma destas. Atividade 1 – Determine duas soluções para a equação linear 2 3 1x y z . Agora vejamos o que é um Sistema de Equações Lineares (ou simplesmente Sistema Linear), objeto principal de estudo desta unidade. 3. 2 Sistemas de Equações Lineares Sistemas de equações lineares ou simplesmente sistemas lineares são um conjunto de equações lineares, ou seja, é a reunião de duas ou mais equações lineares. Logo, sua representação geral pode ser dada da seguinte forma: 11 1 12 2 13 3 1 1 21 1 22 2 23 3 2 2 1 1 2 2 3 3 ... ... ... n n n n m m m mn n m a x a x a x a x b a x a x a x a x b a x a x a x a x b Neste caso, temos um Sistema de Equações lineares de m equações e n incógnitas, já que, para cada um dos m termos independentes, 1 2, ,..., mb b b temos, uma equação e para cada equação temos n incógnitas 1 2, ,..., nx x x . A solução de um sistema linear é a n-dupla ordenada de números reais 1 2 3, , ,..., nr r r r que é, simultaneamente, solução de todas as equações do sistema. Podemos relacionar um sistema de equações lineares, por meio de uma equação matricial da seguinte forma: Considere as matrizes 11 12 1 21 22 2 31 32 3 1 2 ... ... ... ... ... n n n m m mn a a a a a a A a a a a a a , 1 2 3 n x x X x x e a matriz 1 2 3 m b b B b b , Nestas condições, resolver o sistema de equações lineares acima se reduziria na resolução da equação matricial AX B , fato este que poderá ser verificado ao efetuar a multiplicação da matriz A pela matriz X e igualando o resultado à matriz B . De fato, observe: 11 12 1 1 11 1 12 2 1 21 22 2 2 21 1 22 2 2 31 32 3 3 31 1 32 2 3 1 2 1 1 2 2 ... ... ... ... ... Como n n n n n n n n n m m mn n m m mn n a a a x a x a x a x a a a x a x a x a x A X a a a x a x a x a x a a a x a x a x a x A 11 1 12 2 1 1 21 1 22 2 2 2 31 1 32 2 3 3 1 1 2 2 , temos que . n n n n n n m m mn n m a x a x a x b a x a x a x b X B a x a x a x b a x a x a x b E usando a igualdade de matrizes, obtemos equivalentemente o sistema inicial: 11 1 12 2 13 3 1 1 21 1 22 2 23 3 2 2 1 1 2 2 3 3 ... ... ... n n n n m m m mn n m a x a x a x a x b a x a x a x a x b a x a x a x a x b Vejamos alguns exemplos de sistemas lineares e de soluções de sistemas lineares. EDITORAÇÃO, INSERIR MARCADOR DE EXEMPLO: Exemplo 1 Considere o sistema de equação linear 7 2 5 32 x y x y . Pode-se perceber que o par ordenado 1,6 é solução para o sistema, já que: 1 6 7 2 1 5 6 2 30 32 Poderíamos pensar nesta situação por outro aspecto, que é o seguinte: Se procuramos os valores que satisfazem simultaneamente às equações de reta 7x y e 2 6 32x y , o que queríamos seria a determinação do ponto de interseção de ambas retas, e assim poderíamos utilizar qualquer meio algébrico para determinarmos tal ponto. Observe graficamente este fato: Exemplo 2 Considere o sistema de equações lineares 3 2 3 5 0 2 2 2 40 x y z x y z x y z A terna ordenada 1,1,1 não é solução do sistema, já que os valores de 1, 1, 1x y z não satisfazem a todas as três equações. De fato, vejamos: 1 1 1 3 2 1 3 1 5 1 0 2 1 2 1 2 1 6 40 12 10 8 6 4 2 2 4 6 8 10 12 10 8 6 4 2 2 4 6 8 10 12 x y (1,6) 1 x+y=7 2x+5y=32 Logo, o ponto dado não será uma soluçãopara o sistema. Mas será que o mesmo possui solução? Pensando a priori, geometricamente, no problema, podemos chegar a uma conclusão sobre este fato: Vejamos: Temos dois planos paralelos não coincidentes, o que nos leva a concluir que o sistema é impossível, isto é, mais do que concluir que o ponto 1,1,1 não é solução do sistema, poderíamos concluir, pela representação gráfica anterior, que o mesmo não possui solução. Fato este que poderia ser justificado também algebricamente, verificando apenas a inexistência de , ,x y z que verifique simultaneamente as equações 3x y z e 2 2 2 40x y z . Atividade 2 – Considere o sistema de equações lineares: 2 3 0 2 5 2 x y z x y z x y z Nestas condições, faça o que se pede: a) verifique se a terna ordenada 2, 1,1 é uma solução do sistema; b) verifique se a terna ordenada 0,0,0 é uma solução do sistema. Dentre os vários tipos de sistemas de equações lineares, podemos destacar os sistemas cujo número de equações é igual ao número de incógnitas e cuja matriz A , formada pelos seus coeficientes, tenha determinante diferente de zero. Chamaremos aqui este tipo de sistema de Sistema Normal. Assim, temos a seguinte definição: Sistema Normal – É todo sistema que: Veja, a seguir, por meio de um exemplo, como determinar se um sistema linear é normal: Para determinar se um sistema é normal, devemos confirmar duas verdades que são: 1ª) m n m = 3, n = 3 m = n, confirmamos a primeira verdade. 2ª) det A 0. Como 1 1 0 2 3 1 3 0 1 A , temos: tem o mesmo número de equações m e de incógnitas n ; o determinante da matriz dos coeficientes associada ao sistema linear é diferente de zero. Isto é, se m n edet 0A . 0 2 3 2 3 4 x y x y z x z det A = 1 2 3 0 3 1 0 1 1 = -4 que é diferente de 0. Portanto, o sistema é normal. Veja, a seguir, um exemplo de um sistema que não é normal: 5 5 3 wt zy yx Pare e pense! Será que você já sabe por que este sistema não é normal? Provavelmente, você percebeu que o número de equações é 3 , isto é, m=3 e que o número de incógnitas é igual a 5 , ou seja, n=5, sendo assim, m n. Logo, o sistema não é normal. Falaremos agora da Regra de Cramer que é um dispositivo para o cálculo de um sistema normal. 3.3 Regra de Cramer Basicamente, esta regra se resume em determinar os valores solução do sistema normal utilizando a seguinte fórmula, envolvendo determinantes: 1,2,3, ,ixi D x i n D Onde n é o número de equações e, conseqüentemente, de incógnitas do sistema; det D A é o determinante da matriz incompleta associada ao Gabriel Cramer (1704- 1752) Matemático suíço. Foi professor de Matemática e de Filosofia da Universidade de Genebra. Dedicou especial atenção à teoria das curvas. Ocupou-se, também, da origem, a forma dos planetas e dos seus movimentos. É famosa a regra que permite a resolução dos sistemas de equações lineares que tem o seu nome, a Regra de Cramer. sistema, e ix D é o determinante obtido pela substituição na matriz incompleta, da coluna i pela coluna formada pelos termos independentes. Entenda aqui, matriz incompleta do sistema, à matriz quadrada formada pelos respectivos coeficientes das incógnitas. A regra de Cramer é um instrumento importante e simples para a resolução de sistemas normais. Veja a seguir a resolução de dois exemplos. Exemplo 1 - Resolva o sistema de equações lineares: 332 72 yx yx Neste caso temos, 2 1 2 3 A , x X y e 7 3 B . Devemos primeiramente analisar se o sistema é normal. Já que 2m n , basta calcular o determinante da matriz A : det A 2 2 1 3 8 . Como det 0A , temos que o sistema é normal. Agora, apliquemos a regra de Cramer. Substituindo, na matriz dos coeficientes A 2 2 1 3 , a coluna C 1 (coluna 1) pela coluna formada pelos termos independentes B , encontramos: D x = 7 3 1 3 D x = +(7. -3) – (1. 3) -21 – 3 = -24 3)1(3)3(2 71)3(2 33 77 Substituindo, agora, C 2 (coluna 2) pela coluna dos termos independentes B , encontramos: D y = 2 2 7 3 D y = +(2. 3) – (7. 2) 6 – 14 = -8 Assim: e Logo, ( , ) (3,1)x y é a solução do sistema dado. Podemos tirar a prova real dos valores encontrados substituindo-os no sistema. Veja a seguir: 332 72 yx yx 336 716 D D x x 3 8 24 x D D y y 1 8 8 y As duas sentenças matemáticas são válidas. Portanto, os valores encontrados formam uma solução para o sistema. Exemplo 2 - Resolva o sistema de equações lineares abaixo: 623 02 3 zyx zyx zyx Neste caso temos 1 1 1 2 1 1 3 1 2 A , x X y z e 3 0 6 B . Como no exemplo anterior, antes de aplicarmos a regra de Cramer, precisamos verificar se se trata de um sistema normal. Como neste exemplo m = n = 3, basta verificarmos se det 0A . Assim temos: 1 1 1 det 2 1 1 1 1 2 1 1 3 2 1 1 1 1 3 1 1 3 1 2 1 1 2 2 3 0 A D Logo o sistema é normal. Agora apliquemos a regra de Cramer: Para determinar xD , devemos substituir a primeira coluna pelos termos independentes: D x = + ((0. 1. -1) + (-1. –1. 6) + (1. 3. -1)) – ((-1. 3. 2) + (0. -1. -1) + (1. 1. 6)) 3 1 1 0 1 1 3 1 2 0 1 1 1 1 6 6 1 1 0 1 2 1 1 3 3 6 1 2 xD Para determinar yD , devemos substituir a segunda coluna pelos termos independentes. D y = 1 2 3 6 0 3 1 1 2 1.0.2 2.6.1 3. 1 .3 1.0.3 1. 1 .6 2.3.2 3 Para determinar zD , devemos substituir a terceira coluna pelos termos independentes. D z = 1 2 3 1 1 1 3 0 6 1.1.6 2. 1 .3 3. 1 .0 3.1.3 1.0.1 6.2. 1 3 Assim, teremos: 3 1 3 xDx x D 3 1 3 yD y y D 3 1 3 zDz z D Logo, ( , , ) (1, 1,1) x y z é a solução desse sistema. Tirando a prova real, temos: 623 02 3 zyx zyx zyx 6)1(2)1()1(3 01)1()1(2 31)1(1 6213 0112 3111 66 00 33 Vejamos agora, outros conceitos e propriedades, envolvendo os sistemas de equações lineares. Atividade 3 – Resolva o sistema de equações lineares abaixo utilizando a Regra de Cramer: 2 0 3 4 5 10 1 x y z x y z x y z 3. 4 Sistemas Equivalentes Dando sequência ao nosso estudo de sistemas de equações lineares, gostaríamos de convidá-lo(a) a investigar os sistemas I e II: (I) 6 2 3 9 2 5 x y z x y z x y z (II) 5 12 2 2 9 2 5 x y z x y z x y z As três sentenças matemáticas são válidas. Portanto, os valores encontrados são a solução. Encontrando suas soluções, utilizando, por exemplo, a Regra de Cramer apresentada anteriormente, temos os valores 1 ; 2 ; 3x y z , como solução do sistema I. E como solução do sistema II, os valores 1 ; 2 ; 3x y z . Observe como isso nos mostra uma grandeferramenta na resolução de sistemas lineares, pois, dado um sistema linear qualquer, se conseguíssemos um sistema equivalente a esse, mais simples de ser resolvido, facilitaria muito os nossos cálculos. Mas, você deve estar curioso para saber como podemos gerar sistemas equivalentes de um sistema de equações lineares qualquer, não é mesmo? Essa pergunta será respondida, após definirmos alguns objetos que nos ajudarão na construção destes tipos de sistemas. Espere um pouco! Vimos anteriormente que, dado um sistema de equações lineares qualquer, podemos relacioná-lo a uma matriz formada pelos coeficientes de suas incógnitas e seus termos independentes. Por exemplo, considere o sistema de equações lineares I o qual exemplificamos anteriormente. Isso mesmo! Ambos os sistemas têm o mesmo conjunto solução. Portanto, esta classe especial de sistemas, ou seja, que possui esta propriedade é chamada de Sistemas Equivalentes. Sendo assim, os sistemas I e II são Equivalentes. 6 2 3 9 2 5 x y z x y z x y z A matriz que será relacionada a esse sistema, da forma exposta acima, será: 1 1 1 6 2 1 3 9 1 1 2 5 Você deve ter percebido que acrescentamos na matriz um segmento vertical pontilhado. Tal segmento serve para nos orientar sobre quais serão os coeficientes de incógnitas e quais serão os termos independentes, visto que, em algumas classes especiais de sistemas, poderemos desprezar seus termos independentes, nessa relação com suas matrizes ampliadas. Abordaremos tais sistemas, mais adiante. 3.5 Operações Elementares Agora, definiremos as Operações Elementares aplicadas sobre uma matriz ou sobre um sistema de equações lineares. Estas operações são as ferramentas que necessitaremos na geração de Sistemas Equivalentes, pois elas, quando aplicadas nas linhas (ou colunas) do sistema ou sobre sua matriz ampliada, não alteram suas soluções. Estas operações são: 1ª) Troca de linhas (ou de colunas); 2ª) Multiplicação de uma linha (ou coluna), por uma constante diferente de zero; 3ª) Substituição de uma linha (ou coluna) por ela mesma previamente multiplicada por uma constante diferente de zero e somada a uma outra linha (ou coluna) previamente multiplicada por uma constante diferente de zero. Essa matriz recebe o nome de Matriz Ampliada do Sistema. Vejamos alguns exemplos de aplicações de operações elementares, analisando o sistema e sua matriz ampliada. Usaremos ainda o sistema anterior: 6 2 3 9 2 5 x y z x y z x y z 1 1 1 6 2 1 3 9 1 1 2 5 Trocando a 1ª linha pela a 3ª linha. 2 5 2 3 9 6 x y z x y z x y z 1 1 2 5 2 1 3 9 1 1 1 6 Multiplicando a 2ª linha por -1. 2 5 2 3 9 6 x y z x y z x y z 1 1 2 5 2 1 3 9 1 1 1 6 Substituindo a 2ª linha por ela mesma somada à 1ª linha multiplicada por 2. 2 5 0 1 6 x y z x y z x y z 1 1 2 5 0 1 1 1 1 1 1 6 Sendo assim, todos os quatro sistemas obtidos são equivalentes, isto é, possuem como solução 1 ; 2 ; 3x y z . Você poderá confirmar isso, verificando que os valores 1x , 2y e 3z , solução do sistema inicial, satisfazem identicamente todas as equações obtidas nos sistemas acima. PARE E PENSE! Como poderemos encontrar um sistema equivalente mais fácil? Analise os quatro sistemas do exemplo anterior. Qual é o mais fácil de ser solucionado? Certamente você concluiu que seria o último não é mesmo? Visto que eliminamos, de certa forma, uma das incógnitas na segunda equação do sistema. E a idéia, que será abordada agora, é essa mesma: dado um sistema de equações lineares, procurar, por meio de operações elementares, fazer aparecer o maior número de zeros em sua matriz ampliada, mas, para fazer isto, teremos, basicamente, duas linhas de raciocínio. A primeira seria procurar zerar os termos abaixo da diagonal principal (entenda- se como termos da diagonal principal os elementos da matriz que ocupam a posição i=j , ou seja, linha do termo igual à coluna do termo) e a segunda linha de cálculo seria além de zerar os termos abaixo da diagonal principal, por meio de operações elementares, zerar também os termos acima, transformando os termos da diagonal principal todos iguais a 1. Tais processos recebem o nome de Redução à Forma Escada e Método de Gauss-Jordan, respectivamente. Sendo assim, estudaremos tais métodos, aplicados a alguns exemplos. 3.6 Sistemas Escalonados Um sistema de equações lineares é ou está escalonado se aplicamos um dos métodos citados anteriormente. Vejamos alguns exemplos: Exemplo 1 Aplicação da Redução à Forma Escada Considere ainda o sistema de equações lineares inicial: 6 2 3 9 2 5 x y z x y z x y z 1 1 1 6 2 1 3 9 1 1 2 5 Trabalharemos apenas sobre sua matriz ampliada: 2 2 2. 1 1 1 1 6 1 1 1 6 2 1 3 9 0 3 1 3 1 1 2 5 1 1 2 5 Linha Linha Linha 3 1 3 1 1 1 6 1 1 1 6 0 3 1 3 0 3 1 3 1 1 2 5 0 2 1 1 Linha Linha Linha 3 2. 2 3. 3 1 1 1 6 1 1 1 6 0 3 1 3 0 3 1 3 0 2 1 1 0 0 1 3 Linha Linha Linha Relacionando a última matriz obtida ao sistema cuja matriz ampliada é esta, temos o sistema equivalente ao inicial: 6 3 3 3 3 x y z y z z Assim, resolvendo a terceira equação e substituindo os valores encontrados nas demais, temos que 3z , 2y e 1x , que era exatamente a solução esperada, por se tratar de sistemas equivalentes. Vejamos agora o segundo método. Exemplo 2 Aplicação do Método de Gauss-Jordan Consideraremos ainda o mesmo sistema. 6 2 3 9 2 5 x y z x y z x y z 1 1 1 6 2 1 3 9 1 1 2 5 Como este método é uma continuação de interações sobre as matrizes que estão sendo geradas, para aplicarmos, teremos que passar por todos os passos anteriores. Sendo assim, vejamos como este é aplicado: 2 2 2. 1 1 1 1 6 1 1 1 6 2 1 3 9 0 3 1 3 1 1 2 5 1 1 2 5 Linha Linha Linha 3 1 3 1 1 1 6 1 1 1 6 0 3 1 3 0 3 1 3 1 1 2 5 0 2 1 1 Linha Linha Linha 3 2. 2 3. 3 1 1 1 6 1 1 1 6 0 3 1 3 0 3 1 3 0 2 1 1 0 0 1 3 Linha Linha Linha 1 3. 1 2 1 1 1 6 3 0 4 15 0 3 1 3 0 3 1 3 0 0 1 3 0 0 1 3 Linha Linha Linha 1 1 4. 3 3 0 4 15 3 0 0 3 0 3 1 3 0 3 1 3 0 0 1 3 0 0 1 3 Linha Linha Linha 2 2 3 3 0 0 3 3 0 0 3 0 3 1 3 0 3 0 6 0 0 1 3 0 0 1 3 Linha Linha Linha 1 1 1 3 3 0 0 3 1 0 0 1 0 3 0 6 0 3 0 6 0 0 1 3 0 0 1 3 Linha Linha 1 2 2 3 1 0 0 1 1 0 0 1 0 3 0 6 0 1 0 2 0 0 1 3 0 0 1 3 Linha Linha 3 1. 3 1 0 0 1 1 0 0 1 0 1 0 2 0 1 0 2 0 0 1 3 0 0 1 3 Linha Linha Relacionando esta última matriz a um sistema,temos o seguinte sistema equivalente: 1 2 3 x y z Tal método é muito interessante e muito aplicado em resoluções de sistemas, pois ele nos mostra diretamente qual é a solução do mesmo. Falando ainda sobre esses métodos, vejamos outros exemplos de sistemas de equações lineares, que podemos solucioná-los por tais métodos. Você já aprendeu que dado um sistema de equações lineares, este pode ou não ter solução. Como ficaria este estudo utilizando os métodos acima? Vejamos: Considere o sistema de equações lineares abaixo: 1 2 3 4 0 x y z x y z Encontrando e trabalhando sobre sua matriz ampliada, temos: 2 2. 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 2 3 4 0 0 5 6 2 Linha Linha Linha 1 5. 1 2 1 1 1 1 5 0 1 3 0 5 6 2 0 5 6 2 Linha Linha Linha 1 1 . 1 5 1 0 1 3 5 0 1 3 5 5 0 5 6 2 0 5 6 2 Linha Linha 1 2 . 2 5 1 0 1 3 1 0 1 3 5 5 5 5 0 1 6 2 0 5 6 2 5 5 Linha Linha Relacionando a última matriz ao seu sistema, temos: 3 5 5 6 2 5 5 z x y z Assim, o sistema terá como soluções: 3 5 5 z x , 6 2 5 5 y z e z z . Como o valor de z poderá ser qualquer número real, tal sistema admite infinitas soluções. Sistemas que possuem esta propriedade são chamados de sistemas possíveis e indeterminados, ou seja, se o sistema possuir infinitas soluções este é denominado quanto à sua classificação como sendo possível e indeterminado. No caso do sistema possuir apenas uma única solução, classificamo-lo como sendo possível e determinado. Vejamos ainda, outro tipo de situação que pode ocorrer numa resolução de um sistema de equações lineares: 1 2 2 2 0 3 5 7 x y z x y z x y z Encontrando e trabalhando sobre sua matriz ampliada, temos: 2 2. 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 0 0 0 0 2 3 1 5 7 3 1 5 7 Linha Linha Linha 3 3. 1 1. 3 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 2 0 0 0 2 3 1 5 7 0 4 8 4 Linha Linha Linha 1 3 . 3 4 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 2 0 0 0 2 0 4 8 4 0 1 2 1 Linha Linha 1 3 . 3 4 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 2 0 0 0 2 0 4 8 4 0 1 2 1 Linha Linha 3 2 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 2 0 1 2 1 0 1 2 1 0 0 0 2 Linha Linha Relacionando a última matriz a seu sistema, temos que: 1 0 2 1 0 0 0 2 x y z x y z x y z Observando a terceira equação obtida, concluímos que não existirá nenhum valor de x , y e z , que será solução da mesma, já que 0 0 0 2x y z implica 0 2 , o que sabemos não ser verdade. Sendo assim, tal sistema não admite nenhuma solução. Tais sistemas são classificados como sistemas impossíveis. Resumidamente, temos que: quanto às soluções do sistema, o mesmo pode ser: Sistema Possível (Possui solução) Sistema Impossível (Não possui solução) Determinado Possui uma única solução. Indeterminado Possui infinitas soluções. Atividade 4 – Resolva o sistema de equações lineares abaixo, utilizando um dos métodos de escalonamento: 2 3 9 2 0 3 4 5 x y z x y z x y z Esperamos que você tenha entendido os métodos e exemplos abordados. Passaremos agora às aplicações. Caso tenha ficado alguma dúvida retome as páginas anteriores e refaça os exemplos. Se preciso for, utilize qualquer bibliografia que agrega em seu corpo tais conceitos, pode ser até mesmo, algum livro do Ensino Médio. Veja agora, como exemplo, onde podemos encontrar os sistemas de equações lineares, e usar os métodos que estudamos anteriormente para obter solução para uma determinada situação-problema. 3.7 Aplicações relacionadas aos sistemas lineares Na maioria das bibliografias dedicadas a este assunto, existem várias situações-problema em que podemos utilizar, como ferramenta para solução, os sistemas lineares. Vejamos algumas destas aplicações: No campo da matemática aplicada, um dos principais desafios é a passagem da coleta de dados para a descrição matemática dos mesmos por meio de funções, com a maior precisão possível, para posterior generalização. Por exemplo, suponhamos que quiséssemos determinar um polinômio do 2º grau que passe pelos pontos, 1,3 , 2,4 e 3,7 . Este processo é chamado de interpolação polinomial. Neste caso, vejamos como é feita tal busca: Nosso polinômio procurado é da forma 2y ax bx c . Assim temos: 1 3x y ; Logo, temos que: 23 1 1 3a b c a b c ; 2 4x y ; Logo, temos que: 24 2 2 4 2 4a b c a b c ; 3 7x y ; Logo, temos que: 27 3 3 9 3 7a b c a b c . Como tal função polinomial estará determinada, quando encontrarmos os coeficientes , e a b c , temos que resolver o seguinte sistema: 3 4 2 4 9 3 7 a b c a b c a b c Utilizando por exemplo a regra de Cramer, temos que: 1 1 1 4 2 1 det 2 9 3 1 A A A ; Como det 0A e o número de incógnitas do sistema 3n é igual ao número de equações do sistema 3m , portanto o sistema é normal, e assim podemos usar este método de resolução. Continuando o processo, temos: 3 1 1 2 4 2 1 2 1 2 7 3 1 a a D D a A ; 1 3 1 4 4 4 1 4 2 2 9 7 1 b b D D b A ; 1 1 3 8 4 2 4 8 4 2 9 3 7 c c D D c A . Logo, o polinômio procurado é: 2 2 4y x x . Interessante não é mesmo? É importante observar que o melhor sistema obtido por este processo será aquele que é possível e determinado, isto é, possui uma única solução. A ideia para obtermos tal sistema é a seguinte: quando temos três pontos – interpolação por um polinômio de grau 2; quando temos quatro pontos – interpolação por um polinômio de grau 3; quando temos cinco pontos – interpolação por um polinômio de grau 4; e, de um modo geral, se tivermos n pontos - interpolação por um polinômio de grau 1n , e neste caso geral, é possível mostrar que o sistema relacionado com a interpolação possuirá uma única solução, isto é, há um único polinômio interpolado. Atividade 5 – Utilizando o método de interpolação polinomial, determine um polinômio de grau 2, que passe pelos pontos 1,6 , 2,3 e 2,11 . Atividade 6 – Um biólogo colocou três espécies de bactérias (denotadas por I, II e III) em um tubo de ensaio, onde elas serão alimentadas por três fontes diferentes de alimentos (A, B e C). A cada dia serão colocadas 2500 unidades de alimento A, 4500 unidades do alimento B e 2000 unidades do alimento C. O consumo diário de alimento pelas bactérias (em unidades por dia), está mostrado na tabela abaixo. Nestas condições, determine quantas bactérias de cada espécie podem coexistir no tubo de ensaio e consumir todo o alimento. Bactéria Espécie I Bactéria Espécie II Bactéria Espécie III Alimento A 1 2 1 Alimento B 2 1 3 Alimento C 1 1 1 Atividade 7 - Suponha que o Sr. Joaquim tenha juntado em seu cofre algumas moedas de 5 centavos, de 10 centavos e de 25 centavos. No total, há 400 moedas e a quantidade de moedas de 10 centavos é o dobro do total de moedas de 5 centavos. Além disso, sabe-se que o valor total de moedas é de 50,00 reais. Nestas condições responda, qual é o número de moedas de cada tipo? Vejamos agora outra aplicação. Uma das várias aplicações cabíveis ao tópico de sistemas lineares e, portanto aqui, é o de estudo de circuitos elétricos simples. DenominamosCircuitos Elétricos Simples (CES) aos circuitos planos que possuem em sua estrutura apenas fontes (baterias) e resistores. Veja um exemplo típico de um circuito simples: Onde E representa a força elétrica, R a resistência (ou resistor) e i representa a corrente elétrica. Considerando as Leis de Kirchhoff bem como a Lei de Ohm, podemos analisar o circuito elétrico por meio de sistemas. Recordemos brevemente tais leis: Lei de Ohm: A Força elétrica (E) necessária para fazer com que a corrente (I) passe pelo resistor (R) é igual ao produto de I por R, ou seja, E RI . Leis de Kirchhoff: - A diferença de potencial total medida em qualquer ciclo é nula. - Em qualquer nó, a corrente total que chega neste é igual à corrente total que sai do nó. Entenda aqui, ciclo como sendo qualquer caminho fechado de um circuito elétrico simples e nó como sendo a junção de três ou mais caminhos do circuito. Por exemplo, considere o circuito elétrico simples abaixo: Temos neste circuito três ciclos e dois nós a saber: Ciclos: (1) a b c f a (2) c d e f c (3) a b c d e f a ; Nós: f : junção dos caminhos f a , f c e f e ; c : junção dos caminhos c b , c f e c d . De posse destes conceitos, considerando o circuito anterior, podemos analisar uma situação-problema aplicada em CES. Vejamos: Considere o circuito elétrico simples dado anteriormente: Supondo 1 40E V , 2 40E V , 3 80E V , 1 10R , 2 5R , 3 20R , 4 5R e 5 5R , determinemos juntos os valores das correntes 1 2,i i e 3i . Utilizando a Lei de Ohm juntamente com a 1ª Lei de Kirchhoff apresentada anteriormente temos as seguintes equações lineares: Ciclo a b c f a 1 1 1 2 2 3 1 2 1 2 1 1 20 40 10 40 20 5 0 15 20 0E i R E i R i R i i i i i Simplificando um pouco mais, temos: 1 2 1 215 20 0 3 4 0i i i i . Ciclo c d e f c 2 3 2 3 4 3 3 5 2 3 3 2 3 0 20 40 5 80 5 0 20 120 10 0 i R E i R E i R i i i i i Simplificando um pouco mais, temos: 2 3 2 32 12 0 2 12i i i i Ciclo a b c d e f a 1 1 1 3 4 3 3 5 1 2 1 3 3 1 1 3 0 40 10 5 80 5 5 0 15 10 120 E i R i R E i R i R i i i i i i Simplificando um pouco mais, temos: 1 3 1 315 10 120 3 2 24i i i i Observe que esta última equação é uma combinação linear das duas primeiras equações. Verifique isto! Portanto não é necessário incluí-la em nossa resolução do sistema, ou seja, podemos desconsiderá-la. Agora, aplicando a 2ª lei de Kirchhoff temos que: Nó c : 1 2 3i i i Nó f : 3 1 2i i i (Que é uma equação equivalente à obtida no nó c). Assim, em resumo, temos o seguinte sistema de equações lineares: 1 2 2 3 1 2 3 3 4 0 2 12 0 i i i i i i i 1 2 3 Trocando a 3ª linha com a 1ª linha 2 3 1 2 0 2 12 3 4 0 i i i i i i i Utilizando o escalonamento, temos que: 3 3. 1 3 2 3 3. 2 3 7 1 1 1 0 1 1 1 0 0 2 1 12 0 2 1 12 3 4 0 0 0 7 3 0 1 1 1 0 1 1 1 0 0 2 1 12 0 1 6 36 0 7 3 0 0 7 3 0 1 1 1 0 0 1 6 36 0 7 3 0 Linha Linha Linha Linha Linha Linha Linha 2 3 1 3 3 39 1 1 1 0 0 1 6 36 0 0 39 252 1 1 1 0 1 1 1 0 0 1 6 36 0 1 6 36 0 0 39 252 0 0 1 84 13 Linha Linha Linha Linha Assim, o sistema associado à matriz escalonada e consequentemente equivalente ao sistema inicial é: 1 2 3 2 3 1 2 3 0 48 36 6 36 , 13 13 84 13 i i i i i i i i e 3 84 13 i . Ou seja, 1 23,69 , 2,77i A i A e 3 6,46i A . Como o sistema envolvido nessa situação-problema é normal (Verifique!), poderíamos ter usado outro método para resolver este problema, como a Regra de Cramer por exemplo, sendo assim, confirme o resultado obtido, usando tal método. Atividade 8 - Determine as correntes para cada um dos circuitos elétricos abaixo: a) b) Atividade 9 – Determine o valor das correntes apresentadas no circuito abaixo: Vejamos agora outra classe de Sistemas de Equações Lineares. A saber, os sistemas lineares homogêneos. 3. 8 Sistemas Lineares Homogêneos Um sistema de equações lineares é dito ser homogêneo, se todos seus termos independentes forem nulos, isto é, iguais a zero. Por exemplo, os sistemas abaixo são homogêneos: 0 2 2 2 0 3 5 0 x y z x y z x y z 0 2 3 0 2 0 x y z x y z x y z 0 2 3 4 0 x y z x y z O estudo desse tipo de sistema é interessante, pois se trata de sistemas que sempre serão resolúveis, isto é, dado um sistema linear homogêneo, existe no mínimo, uma solução para o mesmo, a saber, a solução nula. No caso dos três sistemas acima, claramente você pode observar que estes têm como solução comum os valores 0, 0x y e 0z . Mas, agora que sabemos o que é um sistema de equações lineares homogêneo e sabemos também uma de suas principais particularidades (sempre é resolúvel), como poderemos encontrar suas soluções? Para esta classe de sistemas, também analisamos suas soluções pelo Método de Redução à Forma Escada ou pelo Método de Gauss-Jordan. Vejamos alguns exemplos das possíveis situações que poderão ocorrer com relação a essa classe de sistemas: Exemplo 1 Analisemos as soluções do sistema linear homogêneo abaixo: 0 2 2 2 0 3 5 0 x y z x y z x y z Como os termos independentes, após aplicarmos qualquer operação elementar nas linhas da matriz ampliada deste sistema não alterarão, sempre será igual a zero, não é necessário apresentar, na matriz ampliada deste, a coluna dos termos independentes. Sendo assim, encontrando e trabalhando sobre sua matriz ampliada, temos: 2 2. 1 2 1 1 1 1 1 1 2 2 2 0 0 0 3 1 5 3 1 5 Linha Linha Linha 3 3. 1 3 1 3 3 4 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 3 1 5 0 4 8 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 4 8 0 1 2 Linha Linha Linha Linha Linha 3 3. 1 3 1 3 3 4 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 3 1 5 0 4 8 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 4 8 0 1 2 Linha Linha Linha Linha Linha 2 3 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 1 2 0 1 2 0 0 0 Linha Linha Relacionando a última matriz a seu sistema equivalente, temos que: 0 0 2 0 0 0 0 0 x y z x y z x y z Implicando que 2y z e substituindo este resultado na primeira equação, temos que 2 0x z z , o que nos dá 3x z . Sendo assim, o sistema possui infinitas soluções a saber, 3x z , 2y z e z z . Exemplo 2 Analisemos as soluções do sistema linear homogêneo abaixo: 0 2 3 0 2 0 x y z x y z x y z Encontrando e trabalhando sobre sua matriz ampliada, temos: 2 2. 1 2 1 1 1 1 1 1 2 1 3 0 3 1 1 1 2 1 1 2 Linha Linha Linha 3 1 3 3 2. 2 3. 3 1 1 1 1 1 1 0 3 1 0 3 1 1 1 2 0 2 1 1 1 1 1 1 1 0 3 1 0 3 1 0 2 1 0 0 1 Linha Linha Linha Linha Linha Linha 3 1 3 3 2. 2 3. 3 1 1 1 1 1 1 0 3 1 0 3 1 1 1 2 0 2 1 1 1 1 1 1 1 0 3 1 0 3 1 0 2 1 0 0 1 Linha Linha Linha Linha Linha Linha Relacionando a última matriz a seu sistema, temos que: 0 0 3 0 0 0 0 x y z x y z x y z Implicando que 0z e substituindo este resultado na segunda equação, temos que 3 0 0y , o que nos dá 0y , e fazendo a substituição de 0z e 0y na primeira equação, temos 0 0 0x , o que implica 0x . Sendo assim, o sistema possui uma única solução à saber, 0x , 0y e 0z . Atividade 10 – Para cada um dos sistemas lineares homogêneos dados abaixo, determine todas as soluções dos mesmos: a) 3 0 2 5 0 x y x y b) 3 2 0 5 0 2 0 x y z x y z x y c) 0 2 3 5 0 0 x y z x y z x y z Outro campo de aplicação de sistemas de equações lineares, mais precisamente, aplicações de sistemas lineares homogêneos é no balanceamento de equações químicas. Mas o que seria uma equação química balanceada? Sabemos que, num processo químico, as moléculas dos reagentes se combinam formando novas moléculas denominadas produto. Nestas condições, quando a equação algébrica que relaciona o número de reagentes e produtos na reação fornece o mesmo número de átomos à esquerda e á direita da equação, dizemos que a mesma está balanceada. O exemplo mais simples e standard que normalmente é utilizado para exemplificar isto é o da água. Sabemos que uma molécula de água é composta por 2 moléculas de hidrogênio e 1 de oxigênio. Considerando os gases hidrogênio ( 2H ) e oxigênio ( 2O ) temos as seguintes equações balanceadas, todas produzindo moléculas de água ( 2H O ): 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 4 2 4 6 3 6 H O H O H O H O H O H O Mas como poderíamos obter tais valores por meio de sistemas? Poderíamos pensar da seguinte forma: seja x a quantidade de moléculas de hidrogênio ( 2H ), y a quantidade de moléculas de oxigênio ( 2O ) e z a quantidade de moléculas de água ( 2H O ). Nestas condições, teremos: 2 2 2xH yO zH O Ou seja, 2 2 2xH yO zH zO . Logo, teríamos o seguinte sistema de equações lineares: 2 2 0 e 2 0 2 x z z x z y y z . Como , ,x y z , os menores valores que balanceiam a equação química acima são: 2z , 1y e 2x que corresponde à 1ª equação apresentada. Interessante, não é mesmo? Vejamos outro exemplo: Façamos juntos, o balanceamento da seguinte equação química: 2 2 2 3 2FeS O Fe O SO . Considerando a incógnita x como o número de moléculas de 2FeS , y como o número de moléculas de oxigênio ( 2O ), z o de 2 3Fe O e w o número de moléculas de 2SO temos a seguinte equação química, relacionando o número de moléculas de cada componente da reação: 2 2 2 3 2xFeS yO zFe O wSO Assim, de forma análoga ao caso anterior, podemos interpretá-la do seguinte modo: 2 2 2 3 2 2 2 2 3 2 2 2 2 3 2 2 2 2 3 2 xFeS yO zFe O wSO x Fe S y O z Fe O w S O xFe xS yO zFe zO wS wO xFe xS yO zFe z w O wS E assim, considerando que a equação esteja balanceada, temos: 2 2 0 2 2 0 2 3 2 2 3 2 0 x z x z x w x w y z w y z w O que nos leva à resolução do sistema linear homogêneo 2 0 2 0 2 3 2 0 x z x w y z w . Resolvendo-o por escalonamento, por exemplo, obtemos o seguinte conjunto solução 11 , , , ; 2 8 4 w w w S w w . De fato, veja o processo de escalonamento: 1 0 2 0 0 1 0 2 0 0 2 0 0 1 0 Linha 2 = 2 Linha 1 - Linha 2 0 0 4 1 0 0 2 3 2 0 0 2 3 2 0 1 0 2 0 1 0 2 0 0 1 0 0 4 1 0 Linha 2 = Linha 2 4 0 2 3 2 0 0 1 0 0 1 0 4 0 2 3 2 0 1 0 2 0 0 1 0 2 0 0 1 1 1 0 0 1 0 Linha 3 = Linha 3 0 0 1 0 4 2 4 0 2 3 2 0 3 0 1 1 0 2 1 0 2 0 0 1 0 0 1 0 Linha 2 = Linha 3 4 3 0 1 1 0 2 1 0 2 0 0 3 0 1 1 0 2 1 0 0 1 0 4 Considerando o sistema 2 0 3 0 2 1 0 4 x z y z w z w obtemos: 1 2 2 2 0 4 2 3 3 1 11 0 0 2 2 4 8 1 1 0 4 4 w x z x w x z y z w y w w y w z w z w . Obtendo, assim, o conjunto solução 11 , , , ; 2 8 4 w w w S w w esperado. Como procuramos, na prática, a equação balanceada mais simples, ou seja, os menores valores naturais de , ,x y z e w que balanceiam a equação dada, temos: 2 2 2 3 24 11 2 8FeS O Fe O SO Observe que, para chegarmos a esta equação balanceada, escolhemos 8w . Faça agora as próximas atividades envolvendo balanceamento de reações químicas. Atividade 11 – Faça o balanceamento das equações químicas abaixo: a) 2 5 2 2N O NO O b) 2 2 6 12 6 2CO H O C H O O c) 4 3 3 2 22NH CO NH H O CO d) 4 10 2 2 2C H O CO H O Para aprimorar um pouco mais seus conhecimentos sobre os assuntos tratados neste capítulo, você pode procurar buscar outras fontes e/ou formas de aprendizagem, como o estudo com outros estudantes, fóruns virtuais de discussões matemáticas, outras bibliografias, afinal de contas o ato de aprender deve estar sempre presente na vida de nós estudantes. Lembro-lhe de que, para entendermos um conceito matemático ou uma parte desta belíssima ciência, é preciso estudá-la e depois exercitá-la muito. Portanto, segue mais alguns exercícios de fixação de aprendizagens. Exercícios de Fixação de Aprendizagem Atividade 12 – Resolva os sistemas de equações lineares abaixo usando a Regra de Cramer: a) 7 2 17 3 5 1 x y x y b) 2 2 2 3 9 3 3 2 3 x y z x y z x y z c) 10 3 2 10 x y x y d) 2 2 6 2 2 2 3 7 x y z x y z x y z e) 4 3 18 3 5 1 x y x y f) 2 2 2 3 9 3 3 2 3 x y z x y z x y z Atividade 13 – Escalone, resolva e classifique os sistemas de equações lineares abaixo: a) 3 0 4 0 2 3 7 0 x y z x y z x y z b) 3 1 3 4 2 7 10 3 6 x y z x y z x y z c) 2 2 2 3 4 3 x y z x y z x y z d) 2 1 2 2 3 2 1 x y z x y z x y z e) 3 0 2 1 2 2 2 x y z x y z x y z f) 2 3 0 4 8 6 2 6 0 x y z x y z x y z g) 3 0 2 2 6 0 2 3 7 0 x y z x y z x y z h) 3 1 2 2 1 7 10 3 6 x y z x y z x y z i) 2 2 2 2 2 0 4 3 x y z x y z x y z Atividade 14 – Resolva os sistemas abaixo, utilizando um dos métodos estudados e verifique a solução obtida substituindo a mesma nas equações: a) 1 2 3 5 x y x y b) 2 9 3 2 4 3 2 1 x y z x y z x y z c) 2 2 2 3 5 3 x y x y d) 7 16 3 5 2 26 5 3 14 x y z x y z x y z e) 3 4 6 2 3 5 x y x y b) 29 2 3 1 4 3 2 1 x y z x y z x y z Atividade 15 – Resolva os sistemas abaixo, usando a Regra de Cramer: a) 2 3 0 4 8 6 2 6 0 x y z x y z x y z b) 2 2 6 2 2 2 3 7 x y z x y z x y z c) 2 3 0 2 9 5 2 6 0 x y z x y z x y z Atividade 16 – Considere o sistema 2 3 0 3 2 7 3 10 x y z y z y z . A solução do mesmo é: a) 2,1, 3 b) 1,1,1 c) 0,6,0 d) 0,0,0 e) 1,1, 1 Atividade 17 – Utilizando o método de interpolação polinomial, determine um polinômio de grau 2, que passe pelos pontos: a) 1,2 , 2,17 e 2,9 ; b) 1,3 , 2,3 e 2,7 ; c) 1, 3 , 2, 3 e 2, 7 . Atividade 18 – Solucione as diversas situações-problema apresentadas abaixo: a) Para a festa de Natal, uma creche necessitava de 120 brinquedos. Recebeu uma doação de 370 reais. Esperava-se comprar carrinhos a 2 reais cada, bonecas a 3 reais cada e bolas a 3,50 reais cada. Se o número de bolas deveria ser igual ao número de bonecas e carrinhos juntos, quantos carrinhos, bonecas e bolas deveriam ser comprados? b) Três amigos, em uma conversa sobre seus salários, descobriram que: o dobro do salário do 1º, mais o salário do 2º, mais o triplo do salário do 3º, dá para comprar um carro de R$ 7.000,00; o salário do 1º mais duas vezes o salário do 3º é igual o salário do 2º; metade do salário do 1º, mais metade do salário do 3º, é o valor de uma TV de R$ 1.000,00. Nestas condições, determine o salário de cada um dos amigos. c) Suponha que o Sr. Joaquim tenha juntado em seu cofre algumas moedas de 5 centavos, de 10 centavos e de 25 centavos. No total, há 200 moedas e a quantidade de moedas de 10 centavos é o dobro do total de moedas de 5 centavos. Além disso, sabe-se que o valor total de moedas é de 30,00 reais. Nestas condições, responda: qual é o número de moedas de cada tipo? Resumo Neste capítulo foi abordado os sistemas de equações lineares. Dentre alguns dos conceitos apresentados, vimos que: Equação linear é uma expressão do tipo bxaxaxaxa nn ...332211 onde 1 2 3, , ,..., na a a a são números reais, que recebem o nome de coeficientes das incógnitas 1 2 3, , ,..., nx x x x , e b é um número real chamado de termo independente. E a solução da equação linear é toda n-dupla de números do tipo 1 2 3, , ,..., nx x x x que satisfaça identicamente a equação. Exemplo: 2 3 5 0x y z , que possui como solução a terna ordenada 1,1,1 . Sistema de equações lineares é um conjunto de equações lineares. E, por solução deste, todo elemento que satisfaz identicamente todas as equações ao mesmo tempo. Exemplo: 623 02 3 zyx zyx zyx É um sistema de equações lineares composto por três equações lineares. Sua única solução é a terna ordenada 1, 1,1 . Ainda sobre a(s) solução(ões) de sistemas propriamente dito os sistemas são classificados como: - possível e determinado: quando possui uma única solução; - possível e indeterminado: quando possui infinitas soluções; - impossível: quando não admite solução. Veja exemplos no corpo deste capítulo. Também vimos os seguintes Métodos de Resolubilidade de Sistemas de Equações Lineares, como o Processo de Escalonamento, também conhecido como Método de Gauss e/ou de Gauss-Jordan e a Regra de Cramer. Veja exemplos destes métodos no corpo do capítulo. Também foi abordado neste capítulo, algumas importantíssimas aplicações deste tema, como são os casos da Interpolação Polinomial, dos Balanceamentos Químicos e Análise de Circuitos Elétricos Simples, dentre outras situações-problema. Veja exemplos destas aplicações no corpo do Capítulo. SUGESTÕES DE LEITURAS Você pode, ainda, visitar alguns sites para aumentar seus conhecimentos sobre os conceitos de sistemas lineares. Vale a pena ressaltar que o primeiro link necessita de um prévio cadastro para acesso ao material disponível. Sugiro que faça o cadastro no mesmo, pois este pode ser também um grande auxiliar em seus estudos posteriores de matemática: http://www.somatematica.com.br/emedio/sistemas/sistemas.php. Acesso em 05 de janeiro de 2010 às 15:55 hs. http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/medio/matrizes/sistemas.htm#sist0 1 Acesso em 05 de janeiro de 2010 às 16:00 hs. POOLE, David. Sistemas de Equações Lineares. In:_____. Álgebra Linear, São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. cap. 2. p. 55- 124. Este livro, bem como o capítulo 3 mencionado, trata de forma clara, aprofundada e objetiva, os sistemas de equações lineares, sempre utilizando http://www.somatematica.com.br/emedio/sistemas/sistemas.php http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/medio/matrizes/sistemas.htm#sist01 http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/medio/matrizes/sistemas.htm#sist01 vários exercícios e exemplos. O autor do mesmo destina uma boa parte do referente capítulo às aplicações, mais precisamente ao final do mesmo, em que você terá oportunidade de visualizar o quanto abrangente é o campo de aplicação de sistemas lineares. IEZZI, Gelson; DOLCE, Osvaldo; DEGENSZAJN, David; PÉRIGO, Roberto. Sistemas Lineares. In: ______. Matemática: volume único. São Paulo: Atual, 2002. cap. 21. p. 337-355. Este livro, bem como o capítulo mencionado, tratam de forma clara, rápida e introdutória os conceitos da teoria dos sistemas de equações lineares com alguns métodos de resolubilidade, bem como alguns exercícios de aplicação. IEZZI, Gelson; HAZZAN, Samuel. Sistemas Lineares In: ______. Fundamentos de matemática elementar: sequências, matrizes, determinantes, sistemas. 6. ed. São Paulo: Atual, 1995. cap. 6, v. 4.p.127-176. Neste capítulo, os autores, tratam o conceito de sistemas lineares de forma direta e objetiva. Você terá oportunidade de estudar neste capítulo, outros tópicos relacionados ao tema desta unidade. Além disso, há exemplos resolvidos e mais exercícios para você aprofundar os seus conhecimentos. REFERÊNCIAS KOLMAN, Bernard; HILL, David R. Equações lineares e sistemas. In:_____. Introdução á álgebra linear com aplicações, 8ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2006.cap. 1. POOLE, David. Sistemas de Equações Lineares. In:____. Álgebra linear, São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. cap. 2. IEZZI, Gelson; HAZZAN, Samuel. Sistemas lineares. In:_____. Fundamentos de matemática elementar: sequências, matrizes, determinantes, sistemas. 6. ed. São Paulo: Atual, 1995. cap. 6, v. 4.