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Gestor de Eventos Estudo de caso com dois Gestores de Sucesso em Portugal Dissertação apresentada com vista à obtenção de grau de Mestre em Ciências do Desporto, especialização na área de Gestão Desportiva ao abrigo do Decreto- lei nº 216/92 de 13 de Outubro Orientador: Professor Doutor Amândio Braga dos Santos Graça Autor: Rita Tavares Veloso Porto, Agosto de 2007 II Ficha de Catalogação Veloso, Rita Tavares (2007). Gestor de Eventos. Estudo de caso com dois Gestores de Sucesso em Portugal. Porto: R. Veloso. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Palavras Chave: EVENTOS, GESTOR, GESTÃO, DESPORTO, SUCESSO. III Dedicatória Esta tese é dedicada à memória da minha Mãe, que serviu de modelo vida, amor e inteligência. A ti Mãe, por me teres ensinado a arregaçar as mangas e a lutar sem medo por tudo em que acredito! IV V Agradecimentos A concretização desta tese não teria sido possível sem o suporte de um número de pessoas. Primeiro, gostava de expressar a minha profunda gratidão ao meu Orientador, Professor Doutor Amândio Graça pelo compromisso, pelos incansáveis conselhos e valioso tempo que se dispôs para me auxiliar a concluir o meu estudo. Professor, ser-lhe-ei eternamente grata pela vontade que demonstrou desde a primeira hora em “apadrinhar” a minha tese, colocando todos os meios possíveis à minha disposição. Agradeço ao professor Sarmento pela confiança. Ao Professor Dimas pelos seus conselhos profissionais. Ao Professor Cunha pelos preciosos contactos para o meu estudo. Não poderia deixar de relevar a amabilidade e dedicação do Dr. João Gonçalves demonstrada neste percurso. Ao professor Fonseca e ao professor Bento pelo carinho. Seguidamente gostaria de agradecer a colaboração dos autores estrangeiros Dr. José Cláudio Terra e Dr.ª Eliana Pessoa no esclarecimento de dúvidas levantadas por mim. E aos funcionários da Biblioteca da Faculdade de Desporto sobretudo pela paciência e amabilidade que tiveram para comigo durante as longas horas de estudo. A minha gratidão é também expressada à Faculdade de Desporto e à Faculdade Católica pela licença que me foi concedida para implementação deste estudo. Aos Srs. João Lagos e Manuel Vaz por muitas páginas possíveis e pela inteira disponibilidade, amabilidade e conhecimentos transmitidos enquanto alvos do meu estudo, o meu muito obrigada! Embora não me seja possível nomear todos os meus Amigos, gostaria de agradecer em especial à minha Alice e ao Luís, à minha afilhada Catarina e à minha amiga Lena pelas noitadas de traduções; muito em especial à Carla Pinho que me acompanhou neste estudo; às minhas manitas Teresa, Lígia, Vera & Reina pelo carinho. A ti João por todo o amor e respeito. E pelos projectos de vida que estou certa iremos concretizar. À minha Querida Avó que venero e por quem tenho todo o respeito, carinho, estima, dedicação, afecto, lealdade e amor. Ao meu Irmão que por tantas teimas me faz repensar. Ao meu exemplo de vida, Pai. OBRIGADA A TODOS! VI VII 0 │ Í N D I C E Índice de Figuras…………….……………………………………………….…. Índice de Quadros…………….………………………….………………….…. Resumo…………….……………………………………………………………. Abstract…………….……………………………………………..……...........… Résumé…………….……………………………………………….........……… Abstrakt…………….……………………………………………………..……… XI XII XV XVII XIX XXI 1. INTRODUÇÃO.………………………………………………..................... 1.1. Estrutura do Estudo……………………………….............................. 2. REVISÃO DA LITERATURA…………………………………………....... 2.1. Eventos Desportivos ………………………………………............. 2.2. Impactos dos Eventos …………………………………….............. 2.2.1. Sociais e Culturais…………………………………………….… 2.2.2. Físicos e Ambientais………………………………………….… 2.2.3. Políticos………………………………………………………...… 2.2.4. Turísticos e Económicos……………………………………….. 2.2.4.1. Estudos Económicos……………………………………. 2.3. Riscos dos Eventos Desportivos………………………………..… 2.4. Ambiente do Negócio………………………………………………... 2.4.1. Parceiros de um Evento Desportivo………………………...… 2.4.2. Patrocínio de um Evento……………………………………..… 3 5 9 9 12 15 17 19 20 23 25 29 30 31 VIII 2.4.3. Marketing dos Eventos Desportivos…………………………... 2.4.4. Clientes…………………………………………………………… 2.4.5. Colaboradores e Recursos Humanos………………………… 2.5. Candidatura a um Evento…………………………………………… 2.6. Gestão de um Evento Desportivo……………………………….… 2.6.1. Fases da Criação de um Evento…………………………….… 2.6.2. Coordenação de Eventos………………………………………. 2.7. Organizações de Sucesso……………………………………….… 2.8. Gestor de Eventos…………………………………………………... 2.8.1. Estudos sobre Gestores de Eventos em Portugal…………... 2.8.2. Perfil de um Gestor de Eventos de Sucesso………………… 2.8.2.1. Conhecimento Específico……………………………... 2.8.2.2. Características do Líder……………………………….. 2.9. Condições de Sucesso de Caso de Eventos …………………… 3. OBJECTIVOS....................………………………………………………… 3.1. Objectivos Gerais do Estudo……………………...………………..… 3.2. Objectivos Específicos do Estudo…………..……………………...… 3.3. Pertinência e Importância do Estudo…………..…………………..… 4. METODOLOGIA………………………………………………………......... 4.1. Descrição e Caracterização da Amostra…………………………..… 4.2. Elaboração/Desenvolvimento das Entrevistas……………………… 4.3. Procedimento de Recolha de Dados…………………………..…..... 4.4. Procedimento de Análise de Dados………………………………..... 4.5. Limitações do Estudo………………………………………………..… 5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS…………...… 5.1. Fontes de Conhecimento……………………………………….…… 5.1.1. Carreira de Gestor de Eventos………………………………… 35 37 38 40 41 42 44 46 50 51 52 53 55 57 63 63 64 66 69 69 73 74 75 77 81 82 82 IX 5.1.2. Experiências Previas…………………………………….……… 5.1.3. Experiências como Desportista…………………………...…… 5.1.4. Marcos Decisivos na Aquisição de Conhecimento………..… 5.2. Caracterização da Empresa………………………………………… 5.2.1. Criação da Empresa………………………………………….… 5.2.2. Estratégias para o Desenvolvimento da Empresa…………... 5.2.3. Experiências Positivas e Negativas…………………………… 5.2.4. Redefinição da Empresa……………………………………..… 5.2.5. Captação de Clientes…………………………………………… 5.2.6. Perfil dos Colaboradores……………………………………..… 5.2.7. Criação de Empresas do mesmo Ramo……………………… 5.3. Ambiente do Negócio……………………………………………...… 5.3.1. Sucesso do Negócio - Feeling…………………………….…… 5.3.2. Avaliação do Graus de Sucesso do Evento………………..… 5.3.3. Áreas Prioritárias de Negócio……………………………..…… 5.3.4. Situação do Mercado…………………………………………… 5.3.5. Concorrência………………………………………………......… 5.3.6. Risco da Organização de Eventos Desportivos…………...… 5.3.7. Marketing e Patrocínio dos Eventos Desportivos………….… 5.4. Caracterização do Gestor de Eventos……………………………. 5.4.1. Caracterização de Empresas de Eventos de Sucesso……... 5.4.1.1. Empresa LAGOSPORTS…………………………….… 5.4.1.2. Empresa REALIZAR……………………………………. 5.5. Convicções & Perfil do Gestor de Sucesso……………………… 5.5.1. Rigor & Exigência……………………………………………….. 5.5.2. Inovação & Criatividade………………………………………… 5.5.3. Paixão…………………………………………………………….. 5.5.4. Aliança com os Melhores………………………………………. 5.5.5. Persistência & Competitividade……………………………….. 5.5.6. Ambição & Audácia……………………………………………... 5.5.7. Conhecimento Específico………………………………….…… 5.5.8. Proactividade & Determinação………………………………… 83 83 84 86 86 88 91 94 95 97 98 100 100 102 103 107 108 109 110 114 114 115 116 116 117 118 119 120 121 122 124 125 X 5.5.9. Empreendedorismo & Dinamismo……………………….….. 5.5.10. Visão para o Negócio – Feeling……………………………… 6. CONCLUSÕES……………………………………………………………… 6.1. Fontes de Conhecimento………………………………………………6.2. Caracterização da Empresa………………………………...………… 6.3. Ambiente de Negócio………………………………………..………… 6.4. Perfil dos Gestores de Eventos…………………………….………… 6.5. Sugestões para Futuras Investigações……………………………… 7. BIBLIOGRAFIA…………………………………………………………...… 126 127 131 131 132 134 135 137 141 XI ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 – As Relações entre Parceiros dos Eventos……………………… Figura 2 – Relacionamento de troca no patrocínio de Eventos…………… Figura 3 – O patrocínio associa duas personalidades…………...………… Figura 4 – As quatro fases do Evento Desportivo…………………..……… Figura 5 – Avaliação e o processo de gestão de Eventos………………… Figura 6 – Linhas de comunicação entre o gestor de logística e os outros gestores………………………………………………………………………… 31 33 34 42 44 46 XII XIII ÍNDICE DE QUADROS Quadro nº 1 – Classificação dos riscos associados à Organização dos Eventos…………………………………………………………………………... Quadro nº 2 – Razões do Sucesso de grandes Eventos Desportivos…… Quadro nº 3 – Categorias e sub-categorias de análise dos dados…..…… 27 60 76 XIV XV Resumo Este trabalho tem o seu foco na área da Gestão de Eventos e pretende contribuir para um melhor conhecimento do Gestor neste tema específico. O objectivo prende-se com o estudo das diversas Fontes de Conhecimento de dois Gestores de Eventos de renome nacional, João Lagos e Manuel Vaz. Ambos são considerados gestores de sucesso não só por possuírem uma larga experiência de sucesso na área dos Eventos, como também por serem reconhecidos no meio onde operam pela sua competência e profissionalismo. Foi nossa intenção conseguir conhecer, preponderantemente, as fontes de conhecimento e tipos de experiências marcantes na conquista dos seus sucessos. Também nos preocupou analisar a opinião individualizada de cada Gestor sobre o ambiente de negócio, bem como a proliferação de empresas do mesmo ramo de actividade. Os dados foram recolhidos através de um protocolo de entrevistas semi-estruturadas de resposta aberta, complementado por recolha de informação publicada sobre os gestores. A informação recolhida foi tratada de acordo com procedimentos de análise qualitativa de dados com base em categorias pré-estabelecidas e categorias derivadas indutivamente a partir dos dados através de procedimentos analíticos de comparação constante. A síntese do material codificado permitiu explorar diferenças e semelhanças na experiência e concepções dos dois gestores bem como extrair resultados e conclusões. Segmentos particularmente relevantes e ilustrativos foram seleccionados para fundamentar as interpretações dos resultados. Pudemos assim aferir que os Gestores de Sucesso 1) iniciaram as suas carreiras nos Eventos através de experiências passadas no desporto, sendo essencial para a construção da persistência e competitividade que os caracteriza; 2) defendem a importância da auto-aprendizagem constante e gradual; um gestor permaneceu no estrangeiro a especializar-se na área da gestão; 3) são líderes que estudam devidamente as estratégias de negócio e os momentos mais oportunos para investir. O desporto desenvolveu em ambos os Gestores um background estratégico e de intuição táctica (feeling). 4) para eles a inovação deve imperar na estratégia do negócio dos Eventos. 5) são gestores proactivos na procura de cliente/negócio; 6) são ambiciosos e persistentes em edificar as suas convicções; 7) acreditam que o Desporto é um mercado extremamente apelativo onde o marketing é ferramenta fundamental; 8) acreditam na potencialidade da concorrência/ competição para os obrigar a melhorar; 9) associam-se aos melhores a fim de conseguirem a mediatização necessária à conquista de parceiros e patrocínios; 10) Investem em recursos humanos de confiança com alta qualificação e que saibam entender as tendências do mercado a investir; 11) gostam de arriscar em novos mercados quando sabem que o risco é mínimo ou desprezível; 12) são seres dinâmicos e inconformados por natureza e possuem elevada capacidade de trabalho; 13) acreditam na multiplicação de empresas semelhantes em terreno nacional e regional, a nível das autarquias e clubes. PALAVRAS-CHAVE: EVENTOS, GESTOR, GESTÃO, DESPORTO, SUCESSO. XVI XVII Abstract The theoretical perspective guiding this study lies in the Event Management field and it aims at improving knowledge about the Manager. It examines the knowledge sources of two famous Portuguese managers, João Lagos and Manuel Vaz. They have earned reputations as successful managers due to their vast experience in managing events and also due to their competence and professionalism in their field of operation. I have set out to determine the main knowledge sources and the most relevant types of experience which have led these managers to be successful. I also analysed each manager’s opinion of business ambiance and the proliferation of enterprises in this activity area. Data were collected from semi-structured interviews consisting of free-answer questions and from research for information about these managers. These data were processed according to qualitative analysis methods based on pre- established categories as well as categories inductively derived from comparative analysis. The synthesis of coded data enabled me to explore differences and similarities between the managers’ experiences and points of view, to extract results and to draw conclusions. My results are interpreted and illustrated by a selection of particularly relevant or representative examples. Therefore, I can state that successful managers: 1) start their career from previous experience in the field of sport which is essential to build their persistence and competitive nature; 2) stress the importance of constant and gradual self-training; 3) are leaders who, drawing on their skills in strategic competences and tactical insight developed in their own sporting careers, are able to study business strategies carefully and search for the best time to invest; 4) think that innovation must lead the events business strategy; 5) are proactive when searching for clients/business; 6) are ambitious and persistent in building their own points of view; 7) believe that sport is a very attractive market where marketing is a fundamental tool; 8) recognize the importance of concurrence/competitiveness to stimulate their self-improvement; 9) work with the best in order to ensure the necessary media exposure to attract and secure partners and sponsors; 10) invest in reliable and highly qualified human resources who are able to identify the market trends to invest in; 11) like taking risks in new markets if they know that the risk is minimal; 12) are dynamic, persevering and hard working; 13) expect the mushrooming of such enterprises at all levels, from basic club and municipality scale through to regional and national standard. KEY-WORDS:.EVENTS, MANAGER, MANAGEMENT, SPORT, SUCCESS XVIII XIX Résumé Ce travail se situe dans le domaine de la gestion d’événements et vise à améliorer la connaissance du gestionnaire. Cette étude porte sur les modes d’acquisition de connaissance de deux gestionnaires reconnus au Portugal, João Lagos et Manuel Vaz. Ils sont considérés comme de bons gestionnaires, non seulement en raison de leur grande expérience de succès dans l’organisation et la gestion d’événements, mais aussi en raison de la renommée dont ils jouissent dans le milieu où ils opèrent grâce à leur compétence et à leur professionnalisme. Nous avons surtout tenté ici de découvrirles principaux modes d’acquisition de connaissance et les types d’expériences marquantes dans la conquête de leurs succès. Nous avons aussi analysé l’opinion de chacun sur l’ambiance du marché et la prolifération d’entreprises dans ce domaine d’activité. Les données ont été recueillies à partir d’entrevues semi-structurées à questions ouvertes et de recherches d’informations publiées au sujet de ces gestionnaires. Ces données ont été traitées selon un processus d’analyse qualitative se basant sur des catégories pré-établies et des catégories définies de manière inductive grâce à l’analyse comparative. Le matériel encodé a permis d’identifier les différences et les ressemblances entre l’expérience et les conceptions des deux gestionnaires, d’extraire des résultats et de tirer des conclusions. L’interprétation des résultats est illustrée par une sélection d’exemples particulièrement importants ou représentatifs. Nous avons ainsi pu constater que les gestionnaires de succès 1) entament leur carrière à partir d’expériences antérieures dans le domaine du sport, aspect déterminant pour l’acquisition de deux caractéristiques fondamentales, la persévérance et la compétitivité; 2) soulignent l’importance de l’auto-apprentissage constant et graduel ; 3) sont des leaders qui étudient soigneusement les stratégies d’affaires et les moments propices aux investissements, car le sport a développé chez eux des compétences stratégiques et une intuition tactique ; 4) considèrent que l’innovation doit dominer dans la stratégie de marché des événements ; 5) sont pro-actifs dans la recherche de clients/affaires ; 6) sont ambitieux et persévérants dans l’élaboration de leurs convictions ; 7) sont convaincus que le sport est un marché extrêmement attrayant où le marketing constitue un outil indispensable; 8) reconnaissent l’importance de la concurrence/compétition pour les obliger à s’améliorer ; 9) s’associent aux meilleurs afin d’assurer la médiatisation nécessaire à la conquête de partenaires et de parrainages ; 10) investissent en ressources humaines fiables et hautement qualifiées, aptes à détecter les tendances du marché ; 11) n’hésitent pas à s’aventurer sur de nouveaux marchés s’ils savent que le risque est minime ou négligeable ; 12) sont dynamiques et lutteurs, par nature, et disposent d’une capacité de travail considérable ; 13) prévoient la prolifération d’entreprises de ce genre à l’échelle nationale et régionale, au niveau des municipalités et des clubs. MOTS-CLÉS : ÉVÉNEMENTS, GESTIONNAIRE, GESTION, SPORT, SUCCÈS XX XXI Resümee Die vorliegende Arbeit hat ihren Fokus im Bereich des Eventmanagements und soll zur Verbesserung der Erkenntnisse über Manager in ihm beitragen. Sie untersucht die Wissensgrundlagen von zwei bekannten portugiesischen Managern, João Lagos und Manuel Vaz. Beide sind, vor allem hinsichtlich ihrer umfangreichen Erfahrung im Eventmanagement als auch ihrer Kompetenz und Berufserfahrung in diesem Gebiet, als erfolgreiche Manager anerkannt. Es war beabsichtigt, die Grundlagen ihrer Entwicklung sowie die massgeblichen Arten von Erfahrungen, die zum Erfolg dieser Manager führten, zu evaluieren. Weiterhin wurden die individuellen Meinungen der Manager zum Geschäftsumfeld als auch zum enormen Ansteigen des Wettbewerbes in diesem Geschäftsbereich analysiert. Die Daten wurden aus Protokollen offener Interviews erfasst und durch das Studium veröffentlichter Informationen über die benannten Manager komplettiert. Die gewonnenen Informationen wurden in einer qualitativen Analyse, sowohl nach vorbestimmten Kategorien als auch nach Kategorien, die durch vergleichende Analysen gebildet wurden, gefiltert. Die Synthese der abstrahierten Daten erlaubte Unterschiede und Gemeinsamkeiten in den Erfahrungen und Ansichten der Manager aufzuzeigen, diese zusammenzufassen und Schlussfolgerungen zu ziehen. Die Ergebnisse werden an Hand von einigen besonders relevanten und repräsentativen Beispielen dargelegt. Es konnte festgestellt werden, dass erfolgreiche Manager: 1) ihre Karrieren auf den im Sport gewonnenen Erfahrungen aufgebaut haben, was hinsichtlich ihrer Ausdauer und ihrer Konkurrenzfähigkeit von Bedeutung ist; 2) die Bedeutung der kontinuierlichen und fortschreitenden Weiterbildung hervorheben; 3) Führungspersönlichkeiten sind, die Geschäftsstrategien und die besten Zeitpunkte für Investitionen sorgfältig analysieren, ihre im Sport gewonnenen strategischen Kompetenzen und taktischen Intuitionen nutzend; 4) überzeugt sind, dass Innovationen die Marktstrategien im Eventbereich bestimmen; 5) proaktiv in der Kundengewinnung und Geschäftssuche sind; 6) ehrgeizig und hartnäckig ihre eigenen Überzeugungen entwickeln; 7) glauben, dass der Sport eine hochgradig attraktiver Markt ist, in dem Marketing von entscheidender Bedeutung ist; 8) die Bedeutung des Wettbewerbes zur Stimulierung ihrer Entwicklung anerkennen; 9) mit den Besten zusammenarbeiten, um die zur Partner- und Sponsorengewinnung und –aktivierung notwendige Medienpäsenz zu erreichen; 10) in zuverlässiges und hochqualifiziertes Personal investieren, das in der Lage ist, investigive Marktrends zu erkennen; 11) in neue Märkte investieren bei minimiertem und überschaubarem Risiko; 12) dynamisch und unangepasst sind und eine hohe Arbeitskapazität besitzen; 13) ein rasantes Wachstum von Unternehmen dieses Sektors auf allen Niveaus erwarten, vom einfachen Klub und Unternehmen in den Städten bis zur regionalen und nationalen Ebene. Schlüsselwörter: EVENTS, MANAGER, MANAGEMENT, SPORT, ERFOLG. XXII �������� �� I n t r o d u ç ã o │ 1 3 1 │ I N T R O D U Ç Ã O Nas últimas décadas tem-se assistido a um aumento da importância dos Eventos Desportivos, assim como a uma maior frequência de eventos de dimensão internacional, campeonatos do mundo, campeonatos continentais, em várias modalidades. Ou seja, verifica-se que são cada vez mais numerosos os Eventos Desportivos e cada vez maior o seu impacto. Bruno Almeida (2001) crê que os grandes Eventos Desportivos internacionais são dos projectos mais complexos a ter em consideração para o próximo século, sobretudo devido à sua dimensão e pelo facto de envolverem elevados recursos humanos. Talvez porque o desporto tem muito de paradoxal na sua génese e na sua essência, os desafios que se colocam à organização e à gestão dos Eventos Desportivos exigem, além da competência das acções da gestão, competências na compreensão do fenómeno e de todas as suas implicações. Com problemáticas comuns aos restantes eventos de massas, os Eventos Desportivos encerram no seu código genético uma natureza associada à luta, à guerra, ao prazer e às emoções que lhes conferem características especiais e que devem ser tomadas em conta (Nunes, 2006). │ Rita Veloso 4 Concentrações, competições e espectáculos multiplicam-se e reúnem sempre mais participantes e espectadores. São momentos únicos na vida de participantes, organizadores e público, nele se cruzam técnica, eficácia, sorte, beleza, esforço e toda uma paleta de emoções, que vão do desânimo mais profundo à mais completa euforia (Esteves, 2005). Normalmente, na Gestão de Eventos, o mais importante para o sucesso não é o desempenho de uma equipa de experts, mas sim a sua capacidade de organizar, liderar e motivar outros para desempenharem as suas tarefas específicas de forma a toda a equipa alcançar o sucesso desejado (Morais, 1995). O desporto é também, e cada vez mais, um fenómeno de Eventos. Não podemos esquecer que os Eventos Desportivos são muitas das vezes verdadeiros fenómenos de massas (Esteves e Correia, 2005). Porque o desporto não é um fenómeno globalmente estabilizado, assiste-se ao seu crescimento. Aumentam os praticantes, os eventos e osseus impactos. Simultaneamente, as exigências organizacionais são cada vez maiores. A falta de profissionalismo na gestão e de qualidade na organização dos Eventos não é de todo aceitável actualmente. Um evento será sempre o oposto a um acontecimento vulgar, normal, porque se inscreve na ordem do especial, do extraordinário e da transcendência. Assim, a exigência de Eventos organizados com qualidade e com profissionalismo é cada vez maior. As competições são cada vez mais rigorosas, as expectativas dos participantes sobem de evento para evento, os patrocinadores e a comunicação social requerem mais qualidade e maior visibilidade, os investimentos atingem valores astronómicos, consequentemente a globalização do fenómeno impõem novos desafios. Sendo assim, “o Evento Desportivo torna-se num tema apelativo para o estudo das Ciências do Desporto. I n t r o d u ç ã o │ 1 5 O tema desta dissertação foi escolhido tendo em conta precisamente a oportunidade invulgar de estudar e analisar dois notáveis Gestores de Eventos de excelência do nosso país. Assim, o estudo visa conhecer quais as acções especificas que os Gestores na Organização e Gestão do Evento realizam para responder ao sucesso das suas actividades. Então, procuramos traçar o perfil do Gestor de Eventos de Sucesso. 1.1 │ Estrutura do Estudo Este estudo está organizado em cinco capítulos. No Capitulo I – Revisão da literatura foi nosso intuito de apresentar o estado da investigação neste domínio, cujo conteúdo poderá ser relevante para o tema do nosso trabalho. Assim, abordamos, inicialmente, os principais conceitos aplicados ao estudo dos Eventos e seus impactos, bem como as investigações sobre gestores e organização nesta área. No Capítulo II – Objectivos que expõe de uma forma mais concreta as finalidades do nosso trabalho. No Capítulo III – Material e Métodos procuramos proceder a caracterização da amostra, metodologia adoptada e procedimentos utilizados. No Capítulo IV – Apresentação e Discussão dos Resultados, foram expostas as discussões e resultados de forma concisa e tratada para que se possa ter consciência da potencialidade dos mesmos. Potencialidade esta especificamente referente aos objectivos do estudo. Procuramos depois dar a conhecer as filosofias empresariais e de negócios dos gestores de Eventos de sucesso e as suas filosofias de êxito no âmbito da área em questão. │ Rita Veloso 6 No Capítulo V – Conclusões, apresentámos as principais conclusões obtidas. Na Bibliografia, foram indexadas todas as referências bibliográficas utilizadas nesta dissertação. ��� ������������ ��� �� R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 9 2 │ R E V I S à O D A L I T E R A T U R A 2 . 1 │ E V E N T O S D E S P O R T I V O S Desde os anos 80, cada vez mais regiões têm vindo a demonstrar interesse em atrair Eventos Desportivos importantes, por serem vistos como vectores do desenvolvimento turístico e económico. Acolher Eventos Desportivos é considerado por muitas regiões um meio de assegurar o seu desenvolvimento sustentável, uma vez que a organização de Eventos traz potenciais benefícios ecológicos, sociais e económicos. (Brighenti, Clivaz, Délétroz & Favre, 2005) “Cada vez mais o Evento Desportivo é um espectáculo”. (Serra, 2001, p. 118) Das inúmeras definições de Eventos encontradas, a mais simplificada foi a de Duarte Morais (1995) que afirma que os Eventos, sejam eles desportivos ou de outra natureza, saem, do dia a dia da organização responsável pela sua operacionalização. │ Rita Veloso 10 Parafraseando Barreau (2001), o Evento Desportivo é um espectáculo organizado numa unidade de acção, de tempo e de espaço, tal como Moliére definiu no contexto teatral. É preciso ter presente que, do ponto de vista da comunidade, o Evento Desportivo é encarado acima de tudo como uma festa, onde se cruzam as emoções, a excitação, o excesso, a vitória e o abandono. Do ponto de vista das pessoas, quer sejam os praticantes, os espectadores, os colaboradores ou os organizadores, segundo Abel Correia (2001), um Evento Desportivo só pode ser gerido como algo individualmente excitante, momentos únicos, onde a excitabilidade do Evento é de extrema importância na participação dos voluntários, na angariação de patrocinadores e na venda de bilhetes. “Os Eventos são essencialmente experiências subjectivas, de difícil mensuração, onde os praticantes e espectadores são parte integrante do acontecimento” (Correia, 2001, p.10). Tanto Correia (2001) como Ferrand (2001) classificam o Evento Desportivo na categoria de espectáculos, tratando-se portanto de um serviço, ou seja de uma actividade intangível. Pode-se também definir um Evento Desportivo partindo da análise das implicações organizacionais, económicas, sociais, políticas, concorrenciais e pessoais que caracterizam este tipo de serviço particular das organizações de desporto. Para Peters e Pikkemaat (2002), o termo Eventos cobre muitas actividades e é usado para descrever Eventos temáticos que acontecem uma vez ou fora do programa normal. Os Eventos são classificados segundo o seu porte e escala (Allen, O’Toole, McDonnell & Harris, 2002). As categorias comummente utilizadas são Mega-Eventos e Eventos de marca, embora para estes autores as classificações não sejam exactas nem precisas. O termo Evento de Marca refere-se àqueles Eventos que se tornaram tão identificados com o espírito ou mentalidade de um local, cidade, ou região que se tornam sinónimos do nome do local e obtêm amplo reconhecimento e visibilidade. Estes Eventos são de grandes dimensões, de carácter extraordinário ou R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 11 periódico e de duração limitada, desenvolvidos primordialmente para ampliar a consciencialização, o apelo e a lucratividade de um destino turístico a curto e /ou longo prazos. Para o seu sucesso, estes Eventos contam com a singularidade, o status ou o senso comum como oportunidade para gerar interesse e atrair atenção. Exemplos clássicos de Eventos de Marca são Chelsea Flower Show em Inglaterra, o Carnaval do Rio de Janeiro, o Rock in’Rio em Lisboa, a Oktoberfest na Alemanha e o Edinburgh Festival na Escócia. Tais Eventos são identificados com a própria alma desses locais e cidadãos, atraem grandes lucros económicos, provocando uma forte sensação de orgulho local e reconhecimento internacional. Por exemplo, Prentice e Andersen (2003) concluíram que o Festival de Edimburgo marca a posição da cidade graças à criatividade, conseguindo deste modo, atrair as pessoas para as artes do espectáculo. Em contraste, o evento aparece com o grau limitado no que diz respeito a alterar a imagem geral da Escócia entre os turistas. Um Evento Desportivo implica a gestão de processos economicamente significativos. Tal situação exige um conjunto alargado de compromissos nacionais e internacionais, de alianças internas e externas, de parcerias com organismos públicos, patrocinadores e media. Em termos de comunidade um Evento tem de ser encarado, explorado e desenvolvido pensando-se nos benefícios que podem trazer ao nível da promoção turística, valorização política, receitas fiscais, rentabilização de estruturas locais, dinamização da economia e desenvolvimento do desporto (Correia, 2001). É de consenso geral que os Eventos, sejam eles qual forem, têm um impacto significativo nos locais onde são realizados. Todavia, quando vistos de forma holística, fazem parte do que é descrito como a “cidade”. Possuem assim, aspectos de cariz social, cultural, político, ambiental, físico, económico, psicológico, que abordaremos de seguida. │ Rita Veloso 12 2 . 2 │ I M P A C T O S D O S E V E N T O S Achamos relevante iniciar-se a revisão deste tópico a partir de um resumo da vasta literatura existente neste domínio: Hall(1992); Getz (1997); Hiller (1998); Terra (1999); Lee (2001); Correia (2001); Andranovich, Burbank e Heying (2001); Vicente (2001); Allen, Harris, Jago e Veal (2000); Allen, O’Toole, McDonnell & Harris (2002); Mike & Pikkemaat (2002); Sebastiani (2003); Stokes (2003); Fredline, Jago, Deery (2003); Deery e Jago (2005) e Brighenti, Clivaz, Délétroz & Favre (2005). Qualquer modelo usado nos estudos dos impactos dos eventos tem como base dois parâmetros fundamentais: as receitas totais, (expressas na circulação de dinheiro corrente no determinado país), e o número de empregos criados ao longo de um certo número de anos. (Brighenti, Clivaz, Délétroz & Favre, 2005) O Evento Desportivo, como qualquer Evento, é suposto trazer benefícios para a região onde é realizado (Parent, 2005). Geralmente há uma grande receptividade das autarquias, dos governos nacionais e regionais para a realização de Eventos Desportivos. Esses benefícios podem ser directos ou indirectos, e enquadram-se de uma forma social com os benefícios económicos. Os impactos financeiros dos Eventos tendem a ser amplamente enfatizados. Para Vicente (2001), a realização de grandes Eventos tem assumido uma importância crescente nas políticas seguidas, devido ao seu potencial, tanto na dinamização física/urbanística, social, económica e institucional, como ainda na projecção de uma determinada imagem e numa maior visibilidade da cidade, da região ou do país. Como em quase tudo, existem prós e contras na realização de um Evento. Os Eventos têm associados a eles impactos positivos e negativos. É dever do Gestor do Evento identificar, avaliar e prever esses impactos para, então, geri- los de forma a atingir o melhor resultado possível para todas as partes, e que, no final o impacto do Evento seja positivo. Assim, todos os impactos positivos R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 13 previsíveis devem ser encorajados e maximizados, e os negativos compensados. Frequentemente, os impactos negativos podem ser tratados através da consciencialização e intervenção – o bom planeamento é sempre essencial. O sucesso de um Evento depende do facto de o gestor do Evento atingir esse equilíbrio positivo e comunicá-lo a uma série de parceiros. Assim, segundo Allen, O’Toole, McDonnell & Harris (2002) os Eventos têm uma série de impactos – positivos e negativos, nas diferentes esferas: • SOCIAL E CULTURAL o Impactos positivos ? Vivências compartilhadas; ? Revitalização de tradições; ? Fortalecimento do orgulho da comunidade; ? Legitimação de grupos comunitários; ? Aumento da participação da comunidade; ? Apresentação de ideias novas e desafiadoras; ? Expansão de perspectivas culturais; o Impactos Negativos ? Alienação e Manipulação da comunidade; ? Imagem negativa da comunidade; ? Comportamento destrutivo; ? Abuso de drogas e álcool; ? Deslocamento social; ? Perda de conforto; • FÍSICA E AMBIENTAL o Impactos positivos ? Exposição do meio ambiente; ? Fornecimento de exemplos para melhores hábitos; ? Aumento da consciência ambiental; │ Rita Veloso 14 ? Legado de infra-estruturas; ? Melhoria dos transportes e comunicações; ? Transformação e renovação urbana; o Impactos Negativos ? Danos do meio ambiente; ? Destruição de património; ? Perturbação acústica; ? Engarrafamentos; • POLÍTICA o Impactos positivos ? Prestigio internacional; ? Melhoria do perfil; ? Promoção de investimentos; ? Coesão social; ? Desenvolvimento de capacidades administrativas o Impactos Negativos ? Risco de insucesso; ? Desvio de fundos; ? Falta de responsabilidade; ? Propaganda enganosa; ? Perda de controlo comunitário; ? Legitimação de ideologias; • TURÍSTICA E ECONÓMICA o Impactos positivos • Promoção do destino e incremento do turismo; • Aumento do tempo de permanência; • Maior lucratividade; R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 15 • Aumento da renda de impostos geração de empregos; o Impactos Negativos ? Resistência da comunidade ao turismo; ? Perda de autenticidade; ? Danos à reputação; ? Exploração; ? Preços inflacionados; ? Custos de oportunidade; 2.2.1 │ Impactos Sociais e Culturais Actualmente os Eventos são mais essenciais à nossa cultura do que jamais foram. Os governos de hoje apoiam e promovem Eventos como parte das suas estratégias de desenvolvimento. Estes impactos são importantes para o desenvolvimento sustentável do país. O sucesso de um Evento Desportivo pode ser medido pelo seu impacto social. Um Evento Desportivo tem de se construir como um acontecimento social, despertando a atenção das pessoas, dos media e das entidades públicas e privadas. Mencionando Alain Ferrand (2001), o “Evento Desportivo deve ser encarado como um facto social. O espectáculo que proporciona é não só um suporte de diferenciação como também um veículo de valores, de representações sociais”. Todos os Eventos têm um impacto sociocultural directo nos participantes e, algumas vezes, na própria comunidade local, conforme foi descrito por Hall (1989) e Getz (1997). O fenómeno desportivo, enquanto fenómeno cultural, reveste-se de uma camada de visibilidade que não é necessariamente reflexo do seu conteúdo. (Vilas Boas, 2005) │ Rita Veloso 16 Muitos Eventos podem ter consequências sociais não intencionadas, nem desejadas como o abuso do álcool e drogas, problemas de comportamento destrutivo pela multidão e um aumento da taxa de criminalidade (Getz, 1997). Se não contornadas devidamente, tais consequências podem causar um estrago na programação e na percepção pública do Evento. Acredita-se que o comportamento de multidões pode ser modificado com o planeamento cuidadoso (Allen, O’Toole, McDonnell & Harris, 2002). Eventos mal geridos podem acarretar efeitos dilatados na vida social e na estrutura das comunidades (Getz, 1997; Emery, 2002), como por exemplo, desconforto devido ao ruído ou às aglomerações, o ressentimento devido à distribuição não equitativa de custos e benefícios, e a inflação dos custos de bens e serviços. (Getz, 1997) Como consequência, a consideração da opinião da sociedade é decisiva no planeamento e gestão de Eventos. No entanto, vários autores (Hall, 1989; Westerbeek; Turner & Ingerson, 2001) concluíram que o papel das comunidades é quase sempre marginalizado. Em quase todos os estudos de caso de Eventos de marca, a decisão mais importante da origem da sede do Evento é tomada fora da esfera pública, em escritórios privados ou em Autarquias à porta fechada. Na verdade, o governo muitas vezes pode não ter a primeira palavra quanto a sediar ou não um Evento. A participação do público no processo de planeamento torna-se reactiva em vez de proactiva. Em vez de uma análise das vantagens e desvantagens de sediar um Evento, a participação do público passa a ser instrumento para aumentar a legitimidade das decisões do governo e dos promotores do Evento em relação ao método pelo qual os Eventos deveriam acontecer. Hall (1992) afirma ainda que a análise política é uma ferramenta muito importante para recuperar o controle social dos Eventos e assegurar que os objectivos desses Eventos sejam orientados para a maximização do retorno para a comunidade. Fredline, Jago, Deery (2003) são de opinião que os Eventos são mecanismos importantes para aumentar o desenvolvimento do turismo em algumas regiões. Acreditam que os Eventos geram um impacto positivo na economia de uma região, no entanto estes autores não olham apenas para os impactos R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 17 económicos, como também acham que os impactos sociais são fundamentais, porém, ao contrário dos impactos económicos, estes são difíceis de mensurar e não são quantificáveis. De referir ainda que os efeitos psicológicos e comunitários estão relacionados com o impacto de aspectos como a competência, a auto-eficácia e osentimento de orgulho da comunidade, atletas, oficiais e turistas. A euforia aumenta através dos media e de actividades promocionais associadas ao acolhimento de grandes eventos, na medida em que tendem a dotar a comunidade de sentimentos de realização e de acréscimos de poder. (Westerbeek, Turner & Ingerson, 2001) Ainda Goldblatt (2000) afirma que as pessoas, actualmente, procuram Eventos com maior calor humano, para contrabalançar as influências da alta tecnologia na vida quotidiana. Assim, os Eventos continuam a ser a forma mais eficaz de promover uma vivência de alto calor humano. Os gestores do Evento precisam estar cientes dessas tendências e aprender a operar nesse novo ambiente global. 2.2.2 │ Impactos Físicos e Ambientais Jocelin Sebastiani (2003) afirma que a fim de obterem a responsabilidade de organizar os Jogos Olímpicos, as cidades/países se confrontam periodicamente com projectos que ultrapassam largamente o próprio âmbito/quadro desportivo: projectos arquitectónicos de equipamento, projectos de ordenamento e reconversão de lugares, projectos de desenvolvimento urbano. Os vários complexos construídos para os Jogos Olímpicos agem como motores importantes de desenvolvimento urbano local, modificando o território e os hábitos da população no seu uso e na sua representação do espaço em que vivem. │ Rita Veloso 18 “O valor dos Eventos ultrapassa os meros benefícios económicos tangíveis. Sendo o homem é um animal social, as celebrações exercem um papel-chave no bem-estar da comunidade. Os Eventos podem criar, assim, coesão, confiança e auto-estima social.” (Allen et al. 2002, p. 17) Um Evento é uma excelente maneira de divulgar as características singulares do ambiente local. Hall (1989) afirma que a venda de um Evento de marca inclui o marketing das qualidades intrínsecas do destino, e cita o uso da imagem. Um Mega-Evento poderá requerer um relatório do impacto ambiental antes de receber a autorização para prosseguir. Mesmo que um estudo formal não se faça necessário, o gestor do Evento deve considerar cuidadosamente os possíveis impactos do Evento sobre o meio ambiente. Para Allen, O’Toole, McDonnell & Harris (2002), esse impacto será razoavelmente minimizado caso o Evento aconteça em local previamente construído para esse fim, por exemplo, estádio, uma arena desportiva, um local para concertos ou entretenimento. O impacto poderá ser maior caso o Evento ocorra num espaço público que não seja normalmente destinado para Eventos, como um parque, praça ou rua. Há que dedicar bastante atenção a aspectos como a circulação e controle de multidões, níveis de ruído e o acesso a locais de estacionamento. Podemos incluir itens importantes como o uso e abuso do ambiente natural e físico, protecção do património público e perturbação do sossego da comunidade local. Ao produzir grandes Eventos, a provisão das infra-estruturas geralmente representa uma componente cara no orçamento, mas esse gasto geralmente, reverte em melhoria do ambiente e das instalações para a comunidade, além de fornecer um forte incentivo para que a comunidade possa exercer o papel de sede do Evento. R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 19 2.2.3 │ Impactos Políticos Hoje em dia as políticas e os políticos são uma elevada parcela da equação da gestão de Eventos. Desde que os Imperadores Romanos descobriram o poder dos Circos para desviar as críticas e reforçar a popularidade, políticos perspicazes têm abraçado a realização de Eventos, assegurando a satisfação do público e o seu lugar no poder. Vários autores afirmaram a potencialidade política dos eventos. Assim, para Abel Correia (2001), o Evento Desportivo, pela sua natureza mediática, é um acontecimento politicamente apelativo. Sendo a exploração dessa característica fundamental para a obtenção de sinergias imprescindíveis ao bom desenrolar do projecto. O Evento Desportivo é, pela sua natureza, um acontecimento politicamente apelativo. (Correia, 2001) Os Eventos não deixam qualquer dúvida no papel do processo político. Os governos continuam a usar os Eventos para destacar os seus finais de período no poder, para aumentar o nacionalismo, o entusiasmo e, finalmente, os votos. Allen, O’Toole, McDonnell e Harris (2002) afirmam que os Eventos são mais baratos do que as guerras ou as preparações para elas. Deste modo, os Eventos, não escondem realidades políticas, mas são de facto a realidade política. Os mesmos autores concordam que todos os governos mundiais percebem a capacidade dos Eventos no enriquecimento político e local (cidades e/ou países). Eventos atraem visitantes, portanto geram benefícios económicos e empregos. Essa potente mistura tem mobilizado os governos a tornarem-se participantes mais importantes na proposta, recepção e produção de Eventos de grande porte. “Este crescente envolvimento dos governos em Eventos tem ‘politizado’ a área dos Eventos”, conforme reconhecido por Hall (1989, p.17). Os Eventos alteram a estrutura temporal na qual o planeamento ocorre e se transforma em oportunidades para fazer algo inovador e melhor do que anteriormente. Assim, os Eventos podem alterar prioridades políticas num │ Rita Veloso 20 curto prazo e ideologias políticas e realidades socioculturais no longo prazo. Após um Mega-Evento, alguns lugares jamais serão os mesmos novamente, quer física, económica, social e, talvez mais importante ainda, politicamente. Porém, acreditamos que para o Evento ter sucesso, será fundamental manter uma boa relação e comunicação com as autoridades locais. 2.2.4 │ Impactos Turísticos e Económicos Cada vez mais os governos encaram o turismo como uma indústria em crescimento, capaz de causar benefícios económicos e a criação de empregos. Os Eventos, por sua vez, são vistos como catalizadores para a atracção de visitantes, o aumento de gastos médios por turista, bem como do seu período de permanência. Para Allen et al. (2002), os Eventos são vistos como formadores de imagens, criando um perfil de destino e sendo vistos como uma vantagem competitiva de marketing. Todavia destinos que produzem Eventos desprovidos de significado para a própria sociedade e com o único propósito de atracção turística correm o risco de obter resultados artificiais e superficiais podendo causar uma reputação negativa do destino do Evento (Allen et al. 2002). Hoje em dia, os Eventos desempenham um papel fundamental dentro do turismo urbano. Para Mike e Pikkemaat (2002) a meta estratégica dos eventos é atrair os turistas, fortalecendo a imagem da cidade anfitriã internacionalmente. Tal como estes autores, outros também acreditam que os Eventos são elementos de posicionamento estratégico de cidade de baixa tradição de cultura. Vários autores (Standeven & Knop, 1999; Graham Brown, 2000; Lee, 2001; Stokes, 2003) afirmam que a criação de um Mega-Evento Desportivo representa, para o país anfitrião, uma oportunidade de promoção do turismo nessa região. Hall (2004) acrescenta ainda que apesar da função primária de um Evento ser proporcionar, para a comunidade anfitriã, uma R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 21 oportunidade para afiançar alta proeminência no sector do turismo, essa proeminência regional ou internacional pode ser ganha com custos ambientais irreversíveis. O desporto representa uma força económica e turística. Conhecem-se os efeitos que determinados acontecimentos desportivos, e não só, tiveram e continuam a ter no nosso país, como por exemplo a fase final do VI Campeonato Mundial de Basquetebol Júniores, a Expo’98, a Gimnastrada’2003 ou o Euro’2004, o Rock in Rio e os Laureus. Alguns destes Eventos são considerados como Mega-Eventos. Uma nova e potencial estratégia de alto-risco para a estimulação do crescimento económico local emergiu. Esta estratégia, chamada por Andranovich, Burbanke Heying (2001) como estratégia dos Mega-Eventos. Esta engloba a necessidade de Eventos de alto impacto para servir como estimulante e justificação para o desenvolvimento local. Em virtude da grandiosidade em termos de público, mercado-alvo, nível de envolvimentos financeiro, do seu grande número de participantes, expansão televisiva, construção de instalações e impacto económico e social da comunidade anfitriã, se deve o prefixo Mega. Segundo Hall (1992) e Getz (1997), pesquisadores no campo de Eventos e turismo, os Mega-Eventos (Feiras Mundiais, Campeonatos Mundiais e Jogos Olímpicos) são direccionados para o mercado de turismo internacional. Os governos e a indústria privada acreditam que o turismo é um meio de desenvolvimento económico e as cidades anfitriãs emergiram como um “objecto de turismo e de marketing”. (Westerbeek; Turner & Ingerson, 2001, p. 305) Getz (1997) define turismo de Eventos como sendo o segmento de mercado que consiste na deslocação de pessoas a participarem em Eventos longe de casa e em que o planeamento, o desenvolvimento e o marketing sistemático desses Eventos são consideradas atracções turísticas. │ Rita Veloso 22 Como já vimos, ser anfitrião de um Evento Desportivo revelou vários benefícios. Desses benefícios, existem algumas razões inerentes ao acolhimento dos eventos como: a visibilidade de uma comunidade crescente, benefícios psíquicos positivos e um incremento da imagem da comunidade. Porém, Lee (2001) duvida que Eventos Desportivos que utilizam subsídios públicos tragam sempre benefícios económicos positivos para as cidades. Para ele existem as seguintes razões para aplicar estudos de impacto económico em Eventos Desportivos. Primeiro, porque muitos Eventos Desportivos são suportados por impostos públicos. Segundo, existe a dúvida que os Eventos Desportivos possam realmente ajudar ao desenvolvimento da cidade relativamente à sua economia. Por isso, deveriam ser fornecidas estimativas precisas e os resultados deveriam ser comunicados aos membros da comunidade. Em terceiro lugar, como o desporto não é só entretenimento, mas também negócio, os resultados do impacto económico podem ser uma base para desenvolver muitos negócios relacionados com o próprio Evento. Finalmente, resultados económicos positivos ou negativos de Eventos Desportivos podem ser um método importante para determinar o orçamento do local do Eventos para o ano seguinte. Contudo, “o organizador do Evento não se pode esquecer que o seu projecto se inscreve num quadro económico. Cabe-lhe a si adequar e pôr em prática os meios materiais, humanos e financeiros previstos com antecedência para atingir um objectivo fixado. O desrespeito dos objectivos e o desrespeito das previsões de meios levam ao fracasso económico. Este fracasso pode pôr em perigo o património do organizador ou fazer emergir conflitos ou contenciosos”. (Barreau, 2001 p. 53) Até recentemente a decisão para a realização de Eventos Desportivos foi maioritariamente baseada em critérios mais emotivos do que lógicos de análises detalhadas das vantagens. Este tipo de análise deve ser baseada na procura de desenvolvimento sustentável e envolve os benefícios sociais e impactos ecológicos, bem como os benefícios económicos e promocionais da R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 23 condição de ser anfitrião do Evento Desportivo. Os Eventos desenvolvem-se frequentemente num caminho altamente improvável em vez de começarem baseados em modelos de gestão testados e experimentados. Com a crescente complexidade dos Eventos e a crescente competição e exigências impostas pelos “donos” dos Eventos tornou-se essencial realizar uma abordagem profissional aos procedimentos da construção do Evento. (Brighenti, Clivaz, Délétroz & Favre, 2005) Torna-se portanto necessário realizar antecipadamente estudos de mercado e impacto económico para assegurar a viabilidade do acontecimento. 2.2.4.1 │ Estudos Económicos O Gestor do Evento deve assegurar a capacidade da promoção do evento. Desta forma, Allen et al. (2002) elevaram as inúmeras considerações de estudo de viabilidade, como orçamento provável; necessidade técnica de gestão; recursos do local; impactos para a comunidade local; disponibilidade de voluntários; patrocinadores e serviços se suporte financeiro do sector público e privado; nível de apoio político para o evento e margem de lucro. Obviamente que grau de complexidade destes estudos varia segundo a sua dimensão. Assim, os Jogos Olímpicos requerem um processo mais demorado e meticuloso que um campeonato nacional. Torna-se, por isso, importante realizar um estudo de impacto económico porque se torna uma ferramenta útil para avaliar o desenvolvimento económico e social de uma região. Nesse caso, os profissionais que têm a responsabilidade de realizar um estudo de impacto económico deveriam considerar as seguintes sugestões (Lee, 2001): │ Rita Veloso 24 1. Em primeiro lugar, limitar e definir o propósito do estudo. Assim, pode poupar tempo de estudo e obter resultados mais úteis e específicos para as pessoas que os queiram aplicar. 2. Em segundo lugar, preparar alternativas para serem analisadas. O número de alternativas que deverão ser consideradas depende do número de opções realistas disponíveis e outros constrangimentos, como tempo, informação, fundos e realidades políticas. Para quem está a liderar, este tipo de actividade é muito útil para reduzir o número de alternativas. 3. Em terceiro lugar, preparar informação suficiente para conduzir um estudo de impacto económico significativo. No sentido de produzir resultados exactos e informações apropriadas sobre o perfil demográfico dos potenciais visitantes pode recorrer-se ao estudo por inquéritos do nível de desenvolvimento económico, impacto de imposto e outras directrizes sociais para a potencial comunidade anfitriã. 4. Quarto, conduzir um estudo baseado não em suposição, mas em evidências e informação. Um dos assuntos discutíveis em estudos de impacto económicos é que os dinamizadores do Evento confiem nas suas suposições. Estas suposições podem não ter fundamento e conduzirem a resultados indesejados e convencem a comunidade a decidir ser anfitriã de um Evento Desportivo. 5. Quinto, considerar todos os possíveis impactos para a comunidade não só os económicos. Estes estudos deveriam conter impactos económicos bem como impactos sociais. Frequentemente, os impactos negativos na vida da comunidade, como vandalismo, crescente congestionamento de tráfico e a degradação ambiental não são considerados, nem informados. Às vezes, porém, estes impactos sociais podem ser mais importantes para uma comunidade que o impacto económico. 6. Sexto, não exagerar nos resultados de estudo. Dado que os resultados de um estudo de impacto económico podem sustentar uma decisão para usar apoios de impostos públicos, o patrocinador político pode tender a exagerar ou interpretar mal os resultados do estudo. R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 25 7. Sétimo, paralelamente, a subestimação é melhor do que a sobrestimação quando se refere à estimação de benefícios económicos. O promotor de um Evento Desportivo frequentemente sobrestima os seus projectos para atrair aprovação pública e apoio político. Isto tem implicações étnicas. Até mesmo se ninguém puder produzir uma estimação exacta em Eventos Desportivos, os investigadores deveriam manter o estudo baseado nos dados de resultado. Actualmente há cada vez mais eventos de turismo desportivo no mundo inteiro. O crescimento contemporâneo de infra-estruturas de turismo desportivo e as investigações neste campo sugerem que turismo desportivo tenha alcançado “massa crítica”. (Gibson, 1998; Allen et al. 2002) Porém, Lee, (2001) é de opinião que muitos destes de impacto se baseiam na percepçãopessoal dos investigadores e metodologias discutíveis. 2 . 3 │ O R I S C O D O S E V E N T O S D E S P O R T I V O S O risco é inerente à vida, está presente em cada instante da nossa actividade pessoal. Existem empresas especializadas em estudar os riscos dos Eventos através de peritagens feitas por profissionais que analisam métodos e desenvolvem instrumentos específicos para determinar os meios de minimizar esses mesmos riscos. Logicamente, acreditamos que um bom estudo e domínio dos riscos permite aos gestores dos Eventos reduzir os custos do seu tratamento. Claro está que as informações recolhidas neste tipo de estudo só terão uma real utilidade se forem alvo de exploração em benefício das organizações do Evento. Mas, segundo Barreau (2001), este apelo a peritos aparece na maior parte das vezes reservado às organizações de Eventos Desportivos mais importantes. │ Rita Veloso 26 O risco está também presente e em permanência, na vida colectiva e social, para as nossas instituições e organizações, mas estas últimas devem à própria dinâmica social. Para Gérad Barreau (2001, página 47), “gerir é prever!” O organizador de Eventos Desportivos rege-se pela realidade desta fórmula. Ainda que seja adepto da gloriosa incerteza do desporto, deve deixar o sonho e a incerteza aos actores do espectáculo que são os desportistas. O seu papel é bem diferente, e se o seu projecto for útil, o seu rigor deverá ultrapassar a sua paixão. Ainda, segundo o mesmo autor, a tarefa e a responsabilidade do gestor consistem em tudo fazer para que a proeza desportiva esteja no centro das atenções. Um sistema extremamente organizado deverá fazer-se esquecer para não só deixar de captar ou desviar a emoção, como também para a pôr em destaque. O Evento Desportivo tem por si só a tendência de reunir uma forte densidade de população, sendo também esse o objecto dos organizadores. Para Gérard Barreau (2001), o efeito de massa ou de multidão é por si só portador de riscos e também um factor agravante de riscos mais correntes. As implicações mediáticas do Evento são desejadas pelos organizadores, mas também têm os seus efeitos perversos. Eles são criadores de riscos específicos, visto atraírem o interesse de causas diversas e parasitárias ao Evento. Além disso, “são uma caixa de ressonância para todos os problemas e dificuldades encontradas pelos organizadores e são capazes de transformar um pormenor num risco importante” (p. 49). O organizador do Evento Desportivo é o realizador de um espectáculo, onde não é a vedeta mas acarreta com a responsabilidade. Quaisquer que eles sejam, os Eventos Desportivos requerem meios que podem ser extremamente importantes. Do melhor uso deste meios depende também o êxito do Evento. Se estes meios forem insuficientes, se acabarem por faltar ou se forem utilizados sem pertinência é todo o equilíbrio do projecto espectáculo, assim como do projecto económico, que pode falhar. R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 27 Compreendemos que o ideal do gestor em afastar o imprevisto é um alvo difícil de atingir. Pelo contrário, é preciso admitir que o aleatório é da própria essência do projecto visto que este se inscreve no futuro. É de imprevisto aleatório que nasce o risco para o organizador do Evento Desportivo como para o promotor de qualquer projecto. Chamaremos risco à possibilidade do Evento não ocorrer como o previsto nas hipóteses do organizador, devido a acontecimentos susceptíveis de impedir o cumprimento dos objectivos ou de reduzir a sua dimensão. A ocorrência do risco provocará então um prejuízo mais ou menos importante para o organizador, dai a necessidade de o limitar caso não seja possível suprimi-lo completamente. De uma forma muito geral apresentamos no Quadro nº 1 a classificação dos riscos associados à Organização dos Eventos. Segundo Barreau (2001) eles dividem-se em quatro alvos diferentes, os quais se subdividem em função da origem do risco referenciado. Quadro nº 1 – Classificação dos riscos associados à Organização dos Eventos. (Adapt. de Barreau, 2001). 1. Riscos do projecto a. Anulação b. Disfunção interna c. Riscos financeiros d. Riscos de conflito contencioso e. Atentado à imagem do Evento ou dos organizadores 2. Riscos de ameaça às pessoas a. Riscos de agressividade b. Riscos tecnológicos c. Riscos naturais d. Riscos corporais 3. Riscos de ameaça aos bens a. Riscos de agressividade b. Riscos tecnológicos c. Riscos naturais d. Riscos de disfunção ou de perdas de bens 4. Riscos de ameaça ao ambiente a. Ameaça à vizinhança b. Ameaça ao património c. Riscos de poluição │ Rita Veloso 28 Estas rubricas, no entanto, não são exaustivas, e cada organizador/gestor poderá desenvolver de modo mais preciso e particular o pormenor da sua classificação dos riscos. Cada risco identificado deve seguidamente ser objecto de uma avaliação qualitativa e eventualmente para alguns de uma avaliação quantitativa. A avaliação qualitativa deve basear-se, segundo Barreau (2001), em quatro critérios susceptíveis de informar sobre o risco: 1. Probabilidade de ocorrência: frequência potencial a que um risco se pode realizar. Assim, a probabilidade de chover no mês de Agosto é maior do que a de nevar. 2. Impacto do risco ou gravidade: mede a gravidade potencial da ameaça, ou do dano que a realização do risco possa provocar. Por exemplo, a gravidade de chuva é menor do que um tempestade de granizo. 3. Sensibilidade: capacidade de evolução do nível de risco em função dos elementos do seu ambiente. Assim, o risco de desmoronamento de uma aldeia de tendas pode ter um nível de risco fraco, mas será particularmente sensível ao risco da tempestade de granizo. 4. Detectabilidade: mede o aparecimento de um risco ou pelo menos da sua evolução. Um risco pode ser agravado em virtude da sua fraca detectabilidade. Estas medidas necessitam de meios técnicos importantes. Claro que o organizador de uma pequena manifestação desportiva não poderá pôr em prática meios técnicos importantes de análise e tratamento dos riscos. Não poderá fazer apelo aos serviços de peritos. O conhecimento e a compreensão de um método global de gestão dos riscos permitirão ao gestor do Evento levar o seu projecto com um fio condutor metodológico que só poderá tornar a sua acção mais efectiva e o seu sucesso mais marcante. R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 29 2 . 4 │ A M B I E N T E D O N E G Ó C I O Todos os Eventos são caracterizados pela associação de pessoas e organizações com diferentes expectativas. O Evento está acima da política. Representa uma colecção de interesses e parceiros (Federações Desportivas, autoridades locais, parceiros económicos, media etc.) que devem estar focados no único objectivo do sucesso. O Evento deve ser construído para preencher os seus objectivos primários ao mesmo tempo que satisfaz as diferentes expectativas e cativa os stakeholders para que cada um beneficie do Evento. Escolher quais os parceiros a satisfazer pode afectar profundamente a natureza e o sucesso do Evento. Por isso, o organizador do evento deve escolher os seus parceiros cuidadosamente e ir de encontro às expectativas legitimas. (Parent, 2005) Para Allen et al. (2002), o Gestor do Evento de Sucesso precisa de ser capaz de identificar e gerir uma série variada de expectativas dos parceiros. Os parceiros principais são a organização anfitriã, que promove o Evento específico, e a comunidade local, incluindo as mais variadas autoridades publicas, cujo suporte será necessário. Tanto os patrocinadores quanto os media constituem parte importante que pode trazer relevantes contribuições para o Evento em termos de apoio e recursos, além do patrocínio formal e da cobertura nos meios de comunicação.Em conformidade com o aumento dos processos de concorrência, a concretização dos objectivos das organizações de Desporto passa pela capacidade de efectivação dos intercâmbios com os principais interessados no desenvolvimento dos serviços. Para Abel Correia (2001), a verificação desta contingência tem levado ao desenvolvimento do marketing do desporto como campo de conhecimento e de aplicação. Neste âmbito, assume-se como pressuposto para toda e qualquer decisão numa perspectiva de longo prazo │ Rita Veloso 30 que é impossível desligar os objectivos organizacionais da satisfação dos interessados nos serviços, vulgarmente designados por clientes. 2.4.1 │ Parceiros de um Evento “Hoje em dia estamos num mundo em que as coisas do desporto ou são tratadas de forma seria e profissional ou então não vale a pena tentarmos competir com uma Europa e com um Mundo, em que tudo isso é encarado dessa forma profissional e dessa forma mais eficaz.” (Madaíl, 2001, p.88) Desta forma, ao crescerem como área de negócio, os Eventos tornaram-se profissionalizados. Segundo Allen et al. (2002), uma consequência desse crescimento é a necessidade de resposta a inúmeras solicitações. Não basta, portanto, que o Evento atenda simplesmente às necessidades do público. Ele tem também de responder a outros requisitos, como os objectivos e a regulamentação governamental, as exigências dos media, requisitos dos patrocinadores expectativas da sociedade. Para Allen et al. (2002), o gestor de um Evento bem sucedido tem de ser capaz de identificar e gerir estas necessidades individuais, que por vezes poderão ser coincidentes ou concorrentes/conflituantes (Fig. 1). Tal como os impactos, o Evento será julgado pelo seu sucesso em equilibrar as necessidades, expectativas e interesses conflituantes de uma diversidade de parceiros. Assim, quando se pergunta “o que faz com que o Evento tenha êxito?”, existem inúmeros parceiros no papel de componentes decisivos dos Eventos actuais de grande porte que percebem a diferença de uma série de critérios de sucesso. O que poderia ter sido uma simples medida para o organizador de Eventos do passado, envolvendo os resultados financeiros, a falta de mercado e a produção bem-sucedida de um Evento, agora, representa tão-somente o R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 31 rol de critérios básicos, já que as medidas de outros investidores estão mais sintonizadas com o aumento do turismo, da actividade económica e da cobrança dos impostos, com o sucesso promocional, com o crescimento económico sustentável, com a capacidade televisiva, com os perfis de audiência, com a base de consumidores, com a imagem da marca, com a hospitalidade e com as novas oportunidades de negócios e investimentos, como podemos analisar na figura abaixo (Fig. 1). Fig. 1 – As Relações entre Parceiros dos Eventos. (Adapt. de Allen et al., 2002, p. 24) 2.4.2 │ Patrocínio de um Evento Nos últimos tempos, as iniciativas dos patrocinadores têm tido significativos aumentos. Esta constatação deve-se à percepção que os patrocinadores têm │ Rita Veloso 32 da importância da promoção das suas marcas através dos Eventos. Estes servem de impulsionadores da venda, fornecendo também importante oportunidade para a intensificação do relacionamento entre anfitriões e clientes. Para Allen et al. (2002), o patrocínio deixou de ser considerado basicamente como uma ferramenta de relações públicas capaz de gerar boa vontade na comunidade para ser considerado como um importante componente do “mix marketing”1. Eventos de grande porte bem-sucedidos são actualmente percebidos como prioridades desejáveis, capazes de incrementar a percepção da marca e impulsionar as vendas. Assim, o patrocínio trata-se de uma transacção/investimento comercial e não de uma doação e poderá vir a afectar positivamente a lucratividade de um determinado negócio. A fim de atraírem patrocinadores, os gestores dos Evento têm que oferecer benefícios tangíveis aos patrocinadores, bem como programas e ferramentas tangíveis para atingi- los. É importante que os gestores dos Eventos identifiquem exactamente o que os patrocinadores esperam de um Evento, e o que o Evento pode fazer por eles. As necessidades do patrocinador podem não coincidir com as da organização. O gestor do Evento deve, portanto, criar mecanismos de acção para que o patrocinador possa ir além do acordo formal e se torne sócio do Evento, identificando agendas comuns, aquilo que é favorável à parceria e se traduz em benefícios adicionais para o Evento. Segundo Pires (2002), estas sinergias entre actividades de negócios, marcas ou empresas diferentes podem conduzir ao reforço das vantagens competitivas, de tal modo que a redução de custos e aumento da diferenciação oferecem maior valor aos clientes do que ofereciam se estivessem isolados. 1 O Mix Marketing é formado por um conjunto de variáveis controláveis que influenciam a maneira com que os consumidores respondem ao mercado. R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 33 O Evento procura: • Investimento financeiro • Exposição aos medias • Serviços gratuitos O Negócio procura: • Consciencialização crescente • Melhoria da imagem • Testagem do produto • Oportunidades de vendas Deve-se frisar que o patrocínio envolve o desenvolvimento de um relacionamento entre a organização que promove o Evento e o organismo que o recebe. Essa reciprocidade está ilustrada na Fig. 2. Fig. 2 - Relacionamento de troca no patrocínio de eventos. (Adapt. de Crompton, cit. por Allen et al., 2002). Os benefícios que advêm da criação do Evento são em grande parte responsáveis pela popularidade e apoio dos referidos Eventos. Para Ferrand (2001), o patrocínio baseia-se na noção de associação ou de união, interligando directamente uma marca ou uma empresa com um Evento atractivo para um determinado público. Esta estrutura consiste em ligar uma estrutura ou um objecto à procura de uma identidade com um facto social susceptível de lhe proporcionar a sua própria identidade. Para este autor, quando esta ligação é forte e duradoura, poder ser considerada “uma união”. Esta baseia-se numa convergência entre o interesse do patrocinado e do patrocinador, e permite ao Evento, quando é bem conseguido, evocar o patrocinador e ao patrocinador evocar o Evento (Sá & Theodorakis, 2005). (Fig. 3) │ Rita Veloso 34 Para Tripodi e Sutherland (2000), o desporto tornou-se num elemento central de uma cultura global emergente. Responsáveis pelo marketing nesta área reconheceram o patrocínio do desporto como uma ferramenta de comércio de comunicação internacional com capacidade de fornecer um veículo às empresas para obterem uma vantagem competitiva sustentável. Fig. 3 – O patrocínio associa duas personalidades. (Adapt. de Ferrand, 2001 p. 26) O gestor do Evento deve aproveitar a oportunidade para ir além do acordo de patrocínio formal. Para Allen et al. (2002) o gestor deve tratar o patrocinador como sócio do Evento. Estes autores acreditam que as melhores ideias do evento surgem desta parceira. A natureza da actividade de patrocínio é claramente admitida por todos como uma acção com características bem distintas e diferenciadas que, se usadas com determinados objectivos e cruzada com uma política global de comunicação, pode resultar em valor para a marca pelo grau de notoriedade que pode alcançar (Sá & Sá, 2002). Hoje em dia, a venda dos direitos derivados da marca de determinados Eventos é uma prática crescente no domínio desportivo. Por exemplo, no caso do Roland Garros (torneio de ténis do Gran Slam) trata-se de utilizar a marca desse Evento Desportivo que possui um forte capital para lançar novos bens numa outra categoriade produtos, sendo o objectivo aumentar a rentabilidade EMPRESA UM PRODUTO UMA MARCA COLECTIVIDADE TERRITORIAL EVENTO DESPORTISTA DESPORTO Atractivo para um certo público R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 35 comercial do Evento, e beneficiar a menor custo da notoriedade, da imagem e da qualidade do Evento Desportivo em questão. Trata-se assim, de um elemento estratégico chave. Para Ferrand (2001), esta extensão deverá ser feita com concorrência para obter resultados sem alterar o capital da marca do Evento. 2.4.3 │ Marketing dos Eventos Desportivos Sem descurar a importância deste sub-capítulo, não é nosso interesse aprofundar esta temática, contudo deixamos algumas referências neste âmbito, associadas à Gestão de Eventos Desportivos. Fazemos isto não com o objectivo de trivializar a questão, mas sim com o intuito de mostrar que se trata de uma área específica e fundamental no ramo dos Eventos Desportivos que se poderá colocar como desafio noutras teses de investigação, mas para nós servirá apenas para enriquecimento das interpretações e contextualização do nosso estudo. Não há dúvida que os Eventos são um factor se sucesso para o marketing de turismo e para o seu desenvolvimento. (Getz, 1997) Para Graham Brown (2000), investigador australiano da Universidade de Southern Cross, os apoios financeiros com fins publicitários têm vindo a ter um papel central no marketing desportivo e a ser uma questão crítica para a administração/organização de Eventos. Hoje em dia, fazem parte integrante dos Eventos mais importantes, incluindo parceiros Olímpicos, que precisam de arranjar meios novos para rentabilizar os seus investimentos. Promoções complementares com organizações turísticas do país acolhedor constituem uma tal oportunidade. Eventos Desportivos estão a ser cada vez mais usados para criar a fama dos lugares onde acontecem. Os eventos podem desempenhar vários papéis │ Rita Veloso 36 quanto à fama do destino: podem actuar como parceiros de promoção do lugar, como suplemento à fama do lugar ou como traços do mesmo. O papel mais conveniente depende da natureza da fama do Evento. Uma vez que cada papel apresenta requisitos, riscos e oportunidades diferentes, os Eventos têm que ser estrategicamente incorporados no plano de marketing do lugar de destino. A incorporação estratégica de Eventos Desportivos na promoção do lugar de destino supõe a organização articulada com outros Eventos na agenda do lugar de destino, assim como com outras atracções desportivas. (Chalip & Costa, 2005) “O ideal é um marketing de Eventos que seja acima de tudo um marketing estratégico, onde a troca tem de ser obrigatoriamente contextualizada antes de ser operacionalizada”. (Correia, 2001 p. 13) Na prática, a potencialização da troca entre organização e clientes está dependente da capacidades da organização de, a vários níveis, conjugar a visão global do que se quer com a visão analítica das acções a serem empreendidas. No caso concreto, tal desígnio passa pela análise estratégica que permite situar a produção do Evento nas condições internas e externas; assim como pela competência da organização de, em função da análise, empreender as acções mais adequadas. “Para tal, a organização do desporto deverá ser competente para, de uma forma coerente, fazer a análise da situação, definir objectivos, opções estratégicas e programas e controlar o processo de gestão do Evento Desportivo.” (Correia, 2001, p. 9) Portanto, o ideal é um marketing de Eventos que seja acima de tudo um marketing estratégico, onde a troca tem de ser obrigatoriamente contextualizada antes de ser operacionalizada. Para efectivação do marketing estratégico do Evento Desportivo importa referir a importância das diversas fases do planeamento, o que permite a retroacção constante do processo. Há a necessidade de manter actualizados dados que permitam a análise da situação. R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 37 2.4.4 │ Clientes Para Brighenti et al. (2005), existem três tipos de proprietários dos Eventos Desportivos: 1) Federações nacionais; 2) Federações internacionais e 3) companhias privadas. Deste modo, os organizadores dos Eventos devem ter em consideração os objectivos do proprietário do Evento. Para satisfazer este requisito, a questão mais importante para o candidato organizador é “qual a mais valia que posso dar aos proprietários do Evento”, neste caso aos clientes. Muitas das vezes os participantes/espectadores são considerados os clientes dos Eventos, são para quem será dirigido o Evento. O gestor do Evento terá de estar ciente das necessidades da plateia, bem como terá de tornar os Eventos “significativos, mágicos e memoráveis”. (Allen et al. 2002). Segundo Ferrand (2001), a fidelidade deve ser considerada como uma ligação, consciente ou não, do consumidor a um Evento, um desporto, uma equipa, que pode ser medida através da taxa de retorno após ter assistido pela primeira vez a um Evento. Numerosos organizadores procuram aumentar a audiência do Evento seduzindo novos espectadores, mas preocupando-se pouco em fidelizar as pessoas que já assistiram anteriormente. Para este autor, torna-se essencial tornar a audiência fiel antes de tentar aumentá-la. A fidelidade está ligada à satisfação das expectativas. O consumidor faz um juízo acerca da performance de um espectáculo desportivo com base nas suas expectativas iniciais. Se a performance ultrapassar ou igualar as expectativas diremos que se produz uma confirmação positiva e que é negativa no caso contrário. Neste caso, será necessário analisar as razões a fim de efectuar as alterações necessárias. │ Rita Veloso 38 2.4.6 │ Colaboradores e Recursos Humanos A actuação do gestor não pode esquecer os processos e relações sociais que originam as construções e adaptações mútuas de significados que acontecem entre os indivíduos da organização. O foco principal das organizações que desejam crescer e perpetuar-se deve permear a gestão de pessoas e o seu desenvolvimento. (Pessoa, 2005) Devido à crescente consciencialização da importância de uma correcta gestão de recursos humanos na operacionalização de qualquer Evento de envergadura considerável, a atenção dispensada a esta área pelos gestores de Eventos tem também vindo a crescer de uma forma quase paralela. Serra (2001) diz que hoje em dia a técnica mais utilizada na organização e gestão de um qualquer Evento, desportivo ou não, é o outsourcing. No caso do VI Campeonato Mundial de Basquetebol de Júniores, a Federação optou por entregar a uma organização profissional, com colaboradores em full time e não em part time. Serra admite não ser recomendável para as Federações criarem novos postos de trabalho para a organização de Eventos. No entanto, Serra acredita na necessidade da existência de uma simbiose entre os gestores do Evento e os técnicos da modalidade. Sendo nesta “simbiose que se constrói uma organização”. Ainda relativamente à gestão dos Recursos Humanos, outros autores fundamentam a necessidade da coordenação entre os vários colaboradores e parceiros do Evento. Deery e Jago (2005) discutiram a necessidade da colaboração e do planeamento estratégico a nível nacional, no contexto australiano. O estudo discute dificuldades que surgem como consequência de uma falta de coordenação entre os departamentos de desporto e de turismo, a nível nacional, num dado Evento. R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a │ 2 │ Gestão de Eventos 39 Este aspecto implica que as organizações em causa não se encontrem normalmente estruturadas para suportar estes Eventos recorrendo unicamente a recrutamentos internos e, quando tal acontece, vêem-se obrigadas a recrutar indivíduos de departamentos alheios a estas iniciativas pontuais, não exista sintonia e harmonia de