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163 TÓPICO 2 NADO BORBOLETA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO O nado borboleta é o mais jovem dentre todos os existentes, tendo surgido, oficialmente, em 1956, por ocasião da Olimpíada de Melbourne, na Austrália. Sua principal característica é a simultaneidade das ações motoras, na qual as pernas e os braços atuam em paralelo, diferenciando-se dos demais nados (MANSOLDO, 2009). Segundo o autor, analisando-se essas ações motoras, não é difícil relacionar os movimentos dos membros inferiores e dos membros superiores do nado borboleta com a movimentação do nado crawl. Porém, seria um crawl duplo, onde os membros inferiores e os membros superiores atuariam conjuntamente, cada um no seu ciclo de trabalho. Melhor dizendo, em vez de os membros inferiores irem para baixo e para cima alternadamente, o fariam de maneira conjunta, o mesmo acontecendo com os membros superiores, que realizariam toda a movimentação ambos ao mesmo tempo, respeitando a fase aérea e subaquática do nado. Outro fato importante a ser comentado é o desgaste físico para a realização do nado. Tal desgaste ocorre em função da característica dos movimentos simultâneos de pernas e braços, que fazem com que o nadador tenha que tirar ao mesmo tempo os dois membros superiores da água, conduzindo-os à frente sem que toquem a superfície. Quando o nadador realiza tal movimentação, a musculatura dorsal e dos ombros rapidamente fica fadigada, gerando o cansaço. Destaca-se que quanto maior for a mobilidade articular da escápula, maior será a facilidade e a economia de energia que o praticante promoverá. Para isto, exercícios de flexibilidade e alongamento são parte integrante na execução correta e eficiente deste nado (MANSOLDO, 2009). 2 POSICIONAMENTO DO CORPO NO NADO BORBOLETA No nado borboleta o corpo permanece na horizontal em decúbito ventral e o nado caracteriza-se por ações simultâneas de braços e pernas. Durante o desenvolvimento do nado borboleta, o corpo apresenta oscilações verticais (movimento de enguia), que não devem ser excessivas para não aumentar o arrasto (MASSAUD, 2004). De acordo com o autor, há três posições que o corpo assume durante os ciclos de braçadas, as quais são imprescindíveis para a redução do arrasto. Ainda conforme Massaud (2004), no nado borboleta: 164 UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO • O corpo deverá estar o mais nivelado possível à superfície, durante as varreduras para dentro e para cima, que são as fases propulsivas do nado. O nadador conseguirá esse nivelamento procurando, durante a varredura para dentro, elevar as pernas, e ao realizar a segunda pernada, não a executar muito profundamente. • O quadril deve deslocar-se para cima e para frente acima da superfície, durante a primeira pernada, ou seja, a realizada no apoio ou varredura para fora, para proporcionar a propulsão e o ajuste hidrodinâmico do corpo. • A força da segunda pernada não deve ser tão grande a ponto de empurrar o quadril sobre a superfície, porque isso iria interferir na recuperação dos braços, mas deverá ser forte o suficiente para deixá-lo nivelado a esta. • Em termos do posicionamento da cabeça, o rosto fica em contato com a água, mantendo-se o nível da água na parte posterior da cabeça, ou seja, haverá uma maior aproximação do queixo em direção ao pescoço (comparando-se ao crawl) e um consequente abaixamento da cabeça. FIGURA 78 – POSICIONAMENTO DO CORPO NO NADO BORBOLETA FIGURA 79 – POSICIONAMENTO DA CABEÇA NO NADO BORBOLETA FONTE: Massaud (2004) FONTE: Massaud (2004) TÓPICO 2 | NADO BORBOLETA 165 FIGURA 80 – PERNADA NO NADO BORBOLETA FONTE: Massaud (2004) 3 PERNADA NO NADO BORBOLETA A técnica da pernada utilizada no nado borboleta denomina-se “pernada de golfinho”, pois devido à simultaneidade dos movimentos das pernas, formando uma unidade, lembra a cauda de um golfinho (MASSAUD, 2004; MAGLISCHO, 2010). Segundo os autores, os movimentos de pernas do nado borboleta são realizados simultaneamente, com trajetórias descendente e ascendente. A trajetória descendente da pernada inicia-se com o calcanhar dos pés alinhado com a superfície da água, momento este em que ocorrerá uma ligeira flexão da coxa sobre o tronco e da perna sobre a coxa, fazendo com que haja um pequeno abaixamento dos joelhos para uma posterior extensão vigorosa da perna. Os pés deverão estar com flexão plantar e em inversão, procurando aproveitar bem a pressão realizada pelo dorso dos pés e pelas pernas. Este movimento deverá fazer com que os pés pressionem a água, até a uma profundidade de, aproximadamente, 40 a 50 cm abaixo da superfície. No movimento ascendente, por sua vez, as pernas se mantêm estendidas, com os pés em flexão plantar realizando a pressão sobre a água, com a planta dos mesmos (MASSAUD, 2004). De acordo com o autor, existem duas correntes que falam sobre a ação deste movimento, quais sejam: • Corrente 1: durante esta fase da pernada, haverá uma recuperação do movimento, com o relaxamento na articulação do tornozelo e da musculatura da perna; • Corrente 2: durante esta fase adquire-se propulsão, com a pressão das pernas e da planta dos pés. O autor supracitado considera que estas ações dependem da distância a que se pretende nadar, pois se a distância for curta, 50 e 100 metros, é necessária uma ação mais intensa de perna (propulsora), e com isso, a corrente 2 talvez seja mais recomendada para a utilização nos primeiros 100 metros de uma prova de 200 metros borboleta, procurando reduzir o gasto energético. 166 UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO FIGURA 81 – FASE DE ENTRADA DA BRAÇADA NO NADO BORBOLETA FIGURA 82 – FASE DE APOIO OU VARREDURA PARA FORA NA BRAÇADA DO NADO BORBOLETA FONTE: Massaud (2004) FONTE: Massaud (2004) 4 BRAÇADA NO NADO BORBOLETA 4.1 ENTRADA A entrada do nado borboleta deve ser feita à frente da cabeça, com as mãos na direção da linha dos ombros. O braço deve estar ligeiramente flexionado (com rotação medial), com os cotovelos um pouco acima das mãos, de modo que as pontas dos dedos sejam a primeira parte do braço a entrar na água. As mãos devem deslizar para dentro da água, à frente, de lado, com as palmas das mãos voltadas para fora (MASSAUD, 2004; MAGLISCHO, 2010). 4.2 FASE APOIO OU VARREDURA PARA FORA O apoio ou varredura para fora no nado borboleta consiste em uma puxada para o lado, com os braços estendidos, não deixando haver uma abertura muito exagerada, até chegar ao agarre, onde o braço estará ligeiramente flexionado. Após terem entrado na água, as mãos devem deslocar-se para dentro e para a frente, durante um breve tempo, antes de fazerem o movimento curvilíneo para fora e para a frente. Elas devem continuar esse movimento até que os braços estejam “fora” dos ombros e fiquem voltados para trás contra a água. Este é o momento do chamado “agarre” (MASSAUD, 2004). Conforme o autor, esta fase deve caracterizar-se por um suave alongamento dos braços para fora e à frente, com a finalidade de colocar as mãos e os braços em posição adequada para iniciar-se a aplicação de força a partir do agarre, já que esse um terço inicial da braçada não é propulsivo. quadríceps bíceps braquial peitoral maiorreto abdominal TÓPICO 2 | NADO BORBOLETA 167 FIGURA 83 – FASE DE TRAÇÃO OU VARREDURA PARA DENTRO NA BRAÇADA DO NADO BORBOLETA FONTE: Massaud (2004) 4.3 FASE DE TRAÇÃO OU VARREDURA PARA DENTRO Após o apoio ou varredura para fora, começa-se a flexionar os antebraços em relação aos braços (mantendo-se os cotovelos altos), com uma trajetória das mãos em direção à linha mediana do corpo e para o fundo. A varredura para dentro tem uma trajetória semicircular dos braços, partindo do agarre até praticamente se unirem sob o corpo, na direção dos ombros. Durante este movimento, de flexão gradual dos braços, chega-se a obter um ângulo entre 90 e 100 graus, nos cotovelos. As mãos vão realizando uma rotação interna durante esta fase, até estarem voltadas para dentro e ligeiramente para cima (MASSAUD, 2004).De acordo com o autor, as mãos aceleram gradativamente durante o movimento, desde 2 m/s no agarre até velocidades de 3 a 4 m/s, ao final da varredura para dentro. Esta é a primeira fase propulsiva da braçada do nado borboleta, na qual, em algumas braçadas, há o início da elevação da cabeça para respirar (MASSAUD, 2004; MAGLISCHO, 2010). glúteo maior redondo maior dorsal largo jarrete peitoral maior reto abdominal 168 UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO 4.4 FASE DE FINALIZAÇÃO OU VARREDURA PARA CIMA De acordo com Massaud (2004), a fase de finalização ou varredura para cima é um momento quando começará a existir uma maior eficiência da braçada, onde poderemos observar uma flexão do antebraço em relação ao braço, fase em que as mãos, cotovelos e ombros deverão estar alinhados, sob o corpo (final da varredura para dentro, e início desta). A partir daí haverá uma aproximação do braço e do cotovelo ao tronco, seguida de vigorosa extensão do antebraço, retirando-se, logo a seguir, as mãos da água, próximas ao quadril. As mãos do nadador, que na fase anterior dirigiam-se para dentro, agora mudam de direção e passam a se movimentar de forma semicircular para fora, para trás e para cima, na direção da superfície da água. As palmas das mãos deverão permanecer com uma inclinação voltada para fora e para trás durante essa fase, tendo, assim, o dedo mínimo funcionando como bordo de ataque e o polegar como bordo de fuga das mãos em formato de fólio. Não só as mãos auxiliam no processo de deslocamento da água para trás, como também os antebraços, que deverão estender-se um pouco durante a varredura para cima, mas manter-se flexionados em cerca de 45 graus ao ser reduzida a pressão sobre a água. Não se deve fazer uma extensão completa até que esteja em curso a fase de recuperação. Essa é a segunda fase propulsiva da braçada (MASSAUD, 2004). FIGURA 84 – FASE 1 DA FINALIZAÇÃO OU VARREDURA PARA CIMA NA BRAÇADA DO NADO BORBOLETA FONTE: Massaud (2004) gastrocnêmio e sóleo glúteo maior redondo maiordorsal largo jarrete peitoral maior reto abdominal TÓPICO 2 | NADO BORBOLETA 169 FIGURA 85 – FASE 2 DA FINALIZAÇÃO OU VARREDURA PARA CIMA NA BRAÇADA DO NADO BORBOLETA FONTE: Massaud (2004) 4.5 FASE DE RECUPERAÇÃO A fase de recuperação deverá ser realizada por meio da elevação dos cotovelos, flexionando os antebraços em relação aos braços e projetando as mãos à frente, com os braços passando lateralmente ao corpo, paralelos à superfície da água. Durante a trajetória desse movimento de recuperação, desde a saída da água até a entrada, o dedo mínimo deve permanecer acima e o polegar, abaixo (MASSAUD, 2004). Conforme o autor, as palmas das mãos do nadador deverão permanecer voltadas para dentro, durante a primeira metade da recuperação, e realizar uma rotação para fora, durante a metade final. Os braços, por sua vez, deverão estar o mais relaxado possível durante esta fase, até a entrada, para então iniciar-se um novo ciclo. Segundo Massaud (2004), alguns nadadores têm obtido êxito com o uso de uma recuperação com os braços retos, no caso em que estes deixam a água completamente estendidos e assim permanecem, até após ter sido efetuada a entrada. Outros foram alçados à classe mundial usando uma técnica de flexão dos cotovelos durante a segunda metade da recuperação. Outros ainda têm mantido seus braços flexionados durante toda a recuperação. Qualquer dos dois últimos métodos é recomendável, porque a entrada pode ser realizada com os cotovelos flexionados, para ajudar a superar sua inércia durante a mudança de direção dos braços, de dentro para fora, ao começar a varredura para fora (MASSAUD, 2004; MAGLISCHO, 2010). 170 UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO FIGURA 86 – FASE DE RECUPERAÇÃO NA BRAÇADA DO NADO BORBOLETA FONTE: Massaud (2004) tríceps braquial deltóide reto abdominal reto anterior 5 RESPIRAÇÃO NO NADO BORBOLETA Durante o momento em que o rosto permanece dentro da água, o nadador realizará a expiração, através da boca, nariz ou boca/nariz. A inspiração deve ser realizada logo após a expiração, através de uma ligeira elevação da cabeça, mantendo-se o queixo apoiado na água (respiração frontal) (MASSAUD, 2004). Conforme o autor, alguns nadadores têm preferido a respiração lateral. O nadador fará a inspiração, durante a varredura para cima, e, para isso, ao realizar a varredura para dentro, começar a projetar sua cabeça para cima e para frente. Após ter inspirado, ele, ao recuperar os braços, deverá devolver o rosto e a cabeça à água, durante a primeira metade da recuperação, facilitando o posicionamento do corpo e a recuperação dos braços (MASSAUD, 2004). Para o autor supracitado, a respiração pode ser classificada de acordo com o número de braçadas realizadas para cada inspiração, isto é: • Respiração na primeira braçada – 1x1 (um por um). Esta não é indicada para alunos iniciantes. • Respiração na segunda braçada – 2x1 (dois por um). • Respiração na terceira braçada – 3x1 (três por um), e assim sucessivamente. 6 COORDENAÇÃO NO NADO BORBOLETA 6.1 COORDENAÇÃO BRAÇOS/PERNAS NO NADO BORBOLETA A coordenação braços/pernas no nado borboleta deve ser realizada de forma que para cada ciclo de braçada (um movimento completo de ambos os braços, em suas fases aquáticas e de recuperação) se realizem dois movimentos TÓPICO 2 | NADO BORBOLETA 171 FIGURA 87 – FASE DE COORDENAÇÃO NO NADO BORBOLETA FONTE: Massaud (2004) de pernas e que os pontos máximos descendentes destas pernadas coincidam, conforme descreve Massaud (2004): • A primeira pernada na entrada ou com o início do apoio ou varredura para fora. • A segunda na finalização da braçada ou varredura para cima. 7 SAÍDA NO NADO BORBOLETA As saídas nas provas de nado borboleta são realizadas seguindo os mesmos procedimentos das provas de crawl (MASSAUD, 2004). De acordo com Palmer (1990), o regulamento do estilo borboleta diz que o corpo deve ser mantido perfeitamente sobre o peito e ambos alinhados à superfície da água. O toque na virada, ou no final da prova, deve ser feito com ambas as mãos, simultaneamente, no mesmo nível e com os ombros na posição horizontal (PALMER, 1990). Conforme o autor, depois da saída e das viradas é permitido ao nadador dar uma ou mais pernadas e uma ou mais braçadas embaixo da água que devem levá-lo à superfície da água. 172 UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO 7.1 APROXIMAÇÃO A aproximação ao ponto de virada deve acontecer em velocidade total. O nadador deve esforçar-se em avaliar o ritmo do nado de forma que o movimento final, antes da virada, resulte nos braços totalmente estendidos à frente (PALMER, 1990). 7.2 TOQUE/ROTAÇÃO/IMPULSO E DESLIZAMENTO Todos estes movimentos são idênticos aos realizados no nado peito. A extensão do deslizamento deve ser menor, contudo, devido à velocidade, geralmente maior, do estilo borboleta (PALMER, 1990). 7.3 MOVIMENTOS INICIAIS DO NADO O regulamento do nado borboleta estabelece que o nadador pode dar uma ou mais pernadas, mas apenas uma única braçada, sendo a subsequente recuperação por sobre a superfície (PALMER, 1990). De acordo com o autor, a puxada do braço é similar àquela usada na virada do estilo peito, mas é um movimento inicial das mãos direcionado para baixo, que leva o nadador de volta à superfície. Deve ser usado o mesmo tipo de técnica de respiração do estilo peito. 8 VIRADA NO NADO BORBOLETA Nas viradas do nado borboleta, os ombros não precisam estar paralelos à superfície da água. Seguem os passos indicados por Massaud (2004, p. 190) para a virada do nado borboleta: • O nadador, ao se aproximar da borda para realizar sua virada, deverá ajustar o ritmo de braçadas, de forma que toque na mesma com as duas mãos, simultaneamente, e com os braços estendidos. A mão do braço que irá sair da borda primeiro deverá realizar o toque um pouco mais abaixo, em relação à outra. FIGURA 88 – FASE 1 DA VIRADA NO NADO BORBOLETA FONTE: Massaud (2004)TÓPICO 2 | NADO BORBOLETA 173 • Após o toque na borda, ele deverá retirar rapidamente um dos braços, numa ação semelhante a uma cotovelada, por dentro da água e junto ao corpo, direcionando este braço à borda oposta à virada. Durante o movimento citado acima, paralelamente as pernas estarão flexionando e se dirigindo à borda do lado, juntamente com o quadril. • O outro braço, que não havia saído da borda, deverá realizar uma ligeira ação de pressão à borda, auxiliando a sua recuperação, flexionando sobre a cabeça. Um pouco antes de o braço passar por sobre a cabeça, o nadador fará a respiração para, logo a seguir, em decúbito lateral submerso, unir as mãos para realizar o impulso na borda. É bom lembrar que no momento em que as mãos se juntam à frente do corpo, os pés estarão tocando na borda, mesma profundidade do quadril, com as pernas em um ângulo de aproximadamente 90 graus. FIGURA 89 – FASE 2 DA VIRADA NO NADO BORBOLETA FONTE: Massaud (2004) 174 UNIDADE 3 | METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO • Após o impulso, o nadador deverá iniciar o trabalho de pernadas semelhante ao da saída, até no máximo à distância de 15 metros, tendo-se como referência a cabeça. FIGURA 90 – FASE 3 DA VIRADA NO NADO BORBOLETA FIGURA 91 – FASE 4 DA VIRADA NO NADO BORBOLETA FONTE: Massaud (2004) FONTE: Massaud (2004)
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