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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA DISCIPLINA: QUÍMICA FARMACÊUTICA I APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS DE QUÍMICA FARMACÊUTICA I Natal – RN Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 1 Elaborada por: Profa. Maria Joselice e Silva (PARTE 1) Prof. Euzebio Guimarães Barbosa (PARTE 2) Colaboração: Monitor Gilberto Silva Nunes Bezerra Monitor Lucas Azevedo do Nascimento Subturma: ___________________ Semestre: ________ Ano: ________________ Profs.: ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ Monitores: ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 2 SUMÁRIO PARTE 1 03 1. Introdução - Normas de segurança e material utilizado no Laboratório de Química Farmacêutica 03 2. Síntese de fármaco tipo éster: Ácido Acetilsalicílico 12 3. Teste de Solubilidade e Purificação por Recristalização 15 4. Determinação do Ponto de Fusão 18 Complementar 1: Modelo para o artigo 20 Complementar 2: Revisão de cálculos de rendimentos 22 5. Identificação do Ácido Acetilsalicílico 25 6. Separação de fármacos baseada em suas características de acidez e basicidade 27 7. Verificação da influência do pH e do pKa na ionização de fármacos 30 8. Determinação do coeficiente de partição (P) e lipofilia relativa log P 33 PARTE 2 35 9. Modelagem Molecular I – MARVIN SKETCH 35 10. Modelagem Molecular II – UCSF CHIMERA 41 Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 3 1ª AULA: INTRODUÇÃO - NORMAS DE SEGURANÇA E MATERIAL UTILIZADO NO LABORATÓRIO DE QUÍMICA FARMACÊUTICA 1. INSTRUÇÕES GERAIS PARA O TRABALHO DE LABORATÓRIO Algumas instruções devem ser observadas para a segurança do trabalho de laboratório, pois cerca de 90% dos acidentes são devidos à deficiência de informação sobre as fontes de perigo ou a negligência no trato dessas normas de segurança. 1.1. Usar sempre o jaleco (que não deverá ser de material sintético facilmente inflamável) e se necessário usar EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) como luvas, óculos de segurança e máscaras de gás ou carvão. Não usar lentes de contato. 1.2. Retirar anéis, pulseiras, relógio, cordões e brincos, principalmente se for longos. 1.3. Se tiver cabelos compridos, prender para trabalhar no laboratório. 1.4. NUNCA trabalhar sozinho no laboratório, pois em caso de acidente não poderá obter socorro rápido. 1.5. Ler o roteiro do experimento com bastante atenção. 1.6. Sempre que ocorrer um acidente, avisar imediatamente o professor. 1.7. Quando for necessário cheirar alguma substância proceder com cuidado. Manter o rosto afastado da substância e com movimentos de mão dirigir os vapores na direção do nariz. Substâncias voláteis tóxicas devem ser manuseadas na câmara de exaustão. 1.8. Nunca provar uma substância ou solução, a não ser com a permissão do professor. 1.9. Não levar a mão suja de reagentes aos olhos, nariz ou boca. 1.10. Lavar sempre as mãos com água e sabão após manusear compostos químicos. 1.11. Se alguma substância cair na pele, lavar imediatamente com bastante água e avisar ao professor. 1.12. Quando trabalhar com equipamento de vidro proceder com cuidado para evitar quebras e cortes perigosos. 1.13. Antes de efetuar qualquer alteração no uso dos reagentes empregados numa experiência, falar com o professor, técnico ou monitores. 1.14. Nunca usar uma quantidade maior de reagente que a descrita no roteiro. 1.15. Não realizar experiências não autorizadas, pois acidentes desagradáveis podem acontecer. 1.16. Não deixar vidro quente em lugar onde possa ser tocado. O vidro esfria devagar e pode causar sérias queimaduras. 1.17. Utilizar substâncias inofensivas com o mesmo cuidado que se tem para com as substâncias perigosas. 1.18. Não pipetar com a boca líquidos perigosos ou corrosivos, especialmente se forem voláteis. Utilizar a pera de borracha. 1.19. Não deixar torneiras de gás abertas, após o seu uso, fechá-las imediatamente. 1.20. Não descartar produtos químicos diretamente na pia. Utilizar os depósitos de descarte de rejeitos apropriados: solventes orgânicos, solventes halogenados, ácidos, bases, etc. 1.21. Antes de ligar qualquer equipamento verificar a voltagem deste e consultar seu manual de instruções ou POP (Procedimento Operacional Padrão). 1.22. Em caso de dúvida consultar o professor, técnico ou monitores. 1.23. Fazer todo o possível para entregar, ao final da aula, o local de trabalho e o material utilizado limpos. 1.24. Não fumar no laboratório. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 4 2. ACIDENTES E PRIMEIROS SOCORROS 2.1. Fogo em reagentes inflamáveis Se o líquido de um béquer pegar fogo, remover a fonte de calor e apagar a chama colocando um vidro de relógio ou um pano úmido sobre o recipiente. NUNCA USAR ÁGUA. Se o fogo tiver maiores proporções utilizar o extintor de gás carbônico. ATENÇÃO: Jamais utilizar o extintor de CO2 para apagar fogo em metais, pois eles degradam o CO2, neste caso deve-se utilizar areia. 2.2. Fogo em aparelhos elétricos Caso algum equipamento pegue fogo, desligar a rede elétrica, e usar o extintor de incêndio adequado. NÃO USAR ÁGUA, pois esta é condutora de eletricidade. 2.3. Cuidados de prevenção de incêndios -Usar a chama do bico de Bunsen apenas quando necessário, apagando-o imediatamente após o seu uso. -Nunca acender o bico de Bunsen perto de reagentes e solventes inflamáveis. -Não aquecer líquidos inflamáveis em chama direta. -Conhecer os equipamentos de prevenção de incêndio disponíveis. 2.4. Procedimento em caso de incêndio: -Manter-se calmo. -Socorrer as pessoas antes de proceder à extinção do fogo. -Nunca se por em perigo para extinguir o fogo. -Fechar os bicos de gás, afastar os produtos inflamáveis e desligar os aparelhos elétricos. -Combater o fogo com o meio adequado dependendo da extensão e da classe de incêndio (Chamar os bombeiros). 2.4.1. Classes de Incêndio -Classe A – Materiais que deixam brasas ou cinzas como tecido, madeira e papel. Requerem um agente que molhe e resfrie como o extintor de água. -Classe B – Líquidos inflamáveis como óleos, solventes, etc. Requerem ação rápida de abafamento e resfriamento. Pode ser usado extintores de CO2, pó químico seco ou espuma. O extintor de água, apenas em forma de borrifo saturando o ar de umidade. -Classe C – Equipamentos elétricos. Requerem uso de agente não condutor de eletricidade. Pode ser usado extintores de CO2 ou pó químico seco e areia. 2.5. Roupas em Chamas Se a roupa pegar fogo dirigir-se ao chuveiro do laboratório acionando-o com o pé. Na falta de chuveiro, tirar a roupa evitando correr, pois isto aumenta a chama, e apagar o fogo abafando a chama. 2.6. Explosão Pode ocorrer por causa de vazamento de gás, combustão de produtos finamente divididos, combustão de vapores de substâncias inflamáveis ou por aquecimento de substâncias oxidantes em temperaturas acima do necessário. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 5 2.7. Queimaduras Por Produtos Inorgânicos: Lavar o local imediatamentecom bastante água e aplicar uma solução diluída de outra substância que neutralize o produto. Para substâncias alcalinas lavar com solução de ácido acético a 1% e no caso de substâncias ácidas, lavar com solução de bicarbonato a 1%. Por Produtos Orgânicos: Lavar imediatamente com bastante água e remover qualquer resíduo insolúvel com álcool. Lavar em seguida com bastante água e sabão. Por Fogo: Para queimaduras leves em que a pele não se rompe, aplicar uma pomada para queimadura e se necessário, colocar uma atadura. NUNCA USE ALGODÃO. Para queimaduras graves, cubra a área afetada com uma atadura ou pano limpo e procurar um pronto socorro/emergência hospitalar. 2.8. Produtos Químicos nos Olhos Lavar imediatamente com bastante água e soro fisiológico e aplicar uma solução diluída de outra substância que neutralize o produto. Procurar um pronto socorro/emergência hospitalar. 2.9. Cortes Se o corte for pequeno deixar sangrar por alguns segundos, lavar com água e depois aplicar uma bandagem ou uma ligeira pressão sobre o corte. Se o corte for grave, aplicar uma bandagem e procurar um pronto socorro/emergência hospitalar. 3. USO DE EPI’s (EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL) E EPC’s (EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA) 3.1. EPI’s - Equipamentos de Proteção Individual O uso destes equipamentos visa a proteção pessoal dentro do laboratório no momento da execução do trabalho. -Usar sapatos fechados. -Usar jaleco de brim até a altura do joelho. Poliéster e similares não são recomendados por serem de tecidos sintéticos inflamáveis. -Usar óculos de segurança de material resistente como policarbonato. O emprego de cordame acoplado aos óculos é recomendado para que este esteja sempre próximo e pronto para ser usado. -Usar luvas de látex na manipulação de substâncias químicas e de amianto no manuseio de material aquecido. -Usar máscara de carvão ativado quando estiver manipulando solventes ou reagentes químicos ou simplesmente máscara para pós quando trabalhar com sílica-gel e reagentes sólidos. 3.2. EPC’s - Equipamentos de Proteção Coletiva O laboratório deve conter câmara de exaustão, extintores de incêndio, máscaras de gases (para vapores ácidos e solventes e reagentes voláteis tóxicos), chuveiro de segurança, lava-olhos, balde de areia, caixa de primeiros socorros (que deve conter atadura, gaze, esparadrapo, uma pomada específica para queimadura, água boricada, álcool a 70º para desinfecção e soro fisiológico, pinça e tesoura), soluções recém-preparadas de ácido acético e bicarbonato de sódio a 1%. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 6 4. MANIPULAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS Um grande número de substâncias empregadas no laboratório é tóxico em maior ou menor escala, sendo especialmente tóxicos: os cianetos, arsênio, gás sulfídrico, fósforo branco, compostos de mercúrio, ácido sulfúrico concentrado, benzeno, etc. Alguns cuidados devem ser observados na manipulação destas substâncias: -Proteger bem os olhos, evitando passar a mão suja com reagentes sobre eles. -Não levar à boca nenhuma substância desconhecida. -Não aspirar profundamente nenhuma substância desconhecida. Para sentir o odor de uma substância dirigir os vapores até o nariz com movimentos de mão. -Produtos voláteis, tóxicos ou corrosivos devem ser abertos e usados na câmara de exaustão. -Antes de usar qualquer reagente, ler cuidadosamente o rótulo do frasco. -Abrir os frascos o mais longe possível do rosto e evitar respirar no momento da abertura. -Não retornar ao frasco original sobra de reagentes, pois eles podem estar contaminados. -Imediatamente após o uso, fechar os frascos de reagentes, tomando cuidado para não trocar as tampas. -Limpar os resíduos que tenham ficado na parte externa do frasco antes de guardá-los. -Soluções alcalinas devem ser guardadas em frasco de plástico e não de vidro. -Não utilizar espátula de metal em cloreto de alumínio ou de zinco. -Quando aquecer uma substância num tubo de ensaio, não apontar a extremidade aberta para os colegas ou na própria direção. -Quando diluir ácidos com água sempre adicionar o ácido à água, com cuidado. NUNCA adicionar água a ácidos concentrados. -Quando qualquer substância cair no chão ou na bancada, limpar imediatamente o local. Se a substância for líquida usar folhas de papel para retirar o excesso e depois limpar com água e sabão. Se a substância for sólida, retirar o excesso com folhas de papel úmidas e depois limpar com água e sabão. -Atenção para a reatividade das substâncias com água. Hidretos, sódio metálico são muito reativos com água e podem causar explosões. -Se uma vidraria contendo substância química cair e quebrar, recolher os pedaços de vidro com auxílio de uma pinça, nunca com a mão. -Substâncias voláteis e/ou inflamáveis devem ser aquecidas em banho-maria ou na chapa aquecedora. NUNCA usar chama direta para aquecê-las. -Não aquecer reagentes em sistema fechado, pois existe o risco de explosão. -Consultar sempre as propriedades e os perigos em potencial das sustâncias antes de usá-las. 5. ELIMINAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS Não eliminar produtos químicos na pia. Realizar o descarte sempre com a orientação do professor, técnico ou monitor, após o tratamento adequado do resíduo. Não misturar os resíduos e usar os recipientes de descarte que são designados para: ácidos, bases, solventes orgânicos halogenados, solventes orgânicos aromáticos, outros solventes orgânicos, resíduos sólidos, sílica gel, recipientes para vidro quebrado, etc. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 7 6. SÍMBOLOS DE SEGURANÇA Nos laboratórios são utilizadas algumas placas de segurança que têm como finalidade informar e alertar para a existência de perigo. 7. MATERIAIS DE LABORATÓRIO (1) Balão de fundo chato - Utilizado para aquecer líquidos e realizar reações. (2) Balão de fundo redondo - Utilizado para realizar reações e rotaevaporar solventes. (3) Balões de duas ou três bocas esmerilhadas – Utilizados para realizar reações, onde se requer adição de reagentes durante o experimento ou acoplar mais de uma vidraria como condensador, funil de adição, etc. (4) Condensadores com camisa de água - Utilizado para destilação e aquecimento com refluxo: A: Condensador de tubo reto; B: Condensador de tubo em espiral; C: Condensador de tubo de bolas. (5) Funil de adição – Utilizado para adicionar reagentes líquidos ou em soluções a reação. (1) (2) (3) (4) (5) (6) Becher ou Béquer - Utilizado para preparar soluções, aquecer líquidos e fazer reações. (7) Erlenmeyer - Utilizado na titulação, dissolução de substâncias e armazenagem de líquidos. (8) Proveta - Utilizada para medir e transferir líquidos, sem grande precisão. Não pode ser aquecida. (9) Funil de vidro- Utilizado em filtrações e transferência de líquidos. (10) Tubo de ensaio - Utilizado para reações em pequena escala. (6) (7) (8) (9) (10) Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 8 (11) Bastão de vidro ou baqueta - Haste maciça de vidro utilizada para agitar soluções e auxiliar na transferência de líquidos. (12) Pipeta de Pasteur – Utilizada para transferir pequenas quantidades de solução ou solventes. (13) Pipeta graduada - Utilizada para medir com precisão e transferir pequenas quantidades de um líquido. (14) Pipeta volumétrica - Utilizada para medir com precisão e transferir uma única quantidade de um líquido. (15) Bureta - Utilizada para medir volumes precisos possuindo um escoamento controlável através da torneira. É utilizado em titulações. (16) Termômetro - Utilizado para medir a temperatura das reações e soluções. (11) (12) (13) (14) (15) (16) (17) Vidro de relógio- Utilizado para cobrir recipientes e colocar pequenas quantidades de reagentes sólidos. (18) Funil de decantação ou Funil de separação - Utilizado para separar líquidos imiscíveis. (19) Funil de Büchner - Utilizado para filtração a baixa pressão ou filtração a vácuo. (20) Funil de sinterizado para filtração a vácuo - Utilizado também para filtração a vácuo. (21) Kitassato - Utilizado em filtração a baixa pressão ou filtração a vácuo. (22) Pisseta ou Frasco Lavador - Utilizado para lavagem e remoção de precipitados. (17) (18) (19) (20) (21) (22) Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 9 (23) Cadinho de porcelana - Utilizado para calcinação (aquecimento forte e a seco) de substâncias, podendo ser aquecido diretamente ao fogo. (24) Almofariz e Pistilo - Utilizados para pulverizar sólidos. (25) Bico de Bunsen - Utilizado como fonte de aquecimento no laboratório. (26) Trompa d'água - Utilizada para filtração a baixa pressão, reduzindo a pressão interna do kitassato. (23) (24) (25) (26) (27) Suporte universal - Utilizado para sustentação de peças. (28) Garra argola ou Anel - Utilizada para sustentar funis. (29) Garra metálica - Utilizada para sustentar vidrarias. (30) Pinça de madeira - Utilizada para segurar tubos de ensaio durante um aquecimento. (31) Pinça metálica - Utilizada para segurar objetos quentes, especialmente cadinhos. (27) (28) (29) (30) (31) (32) Tripé de ferro - Utilizado para apoiar a tela de amianto (usada com restrições) ou o triângulo de porcelana. (33) Tela de amianto - Utilizada para distribuir igualmente o calor por toda a superfície de amianto permitindo um aquecimento uniforme da mistura. (34) Triângulo de porcelana - Utilizado para sustentar o cadinho no aquecimento direto com o bico de Bunsen. (35) Dessecador – Utilizado para proteger as substâncias da umidade do ar. (32) (33) (34) (35) Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 10 (36) Conexão alonga - Utilizada para recolher o líquido destilado conduzindo-o ao frasco recolhedor. (37) Conexão alonga para destilação a vácuo - Utilizada para recolher o líquido destilado conduzindo-o ao frasco recolhedor. (38) Conexão cabeça de destilação - Utilizada para fazer a conexão entre o balão contendo a mistura a ser destilada e o condensador, possuindo na parte superior uma abertura para a colocação do termômetro. (36) (37) (38) (39) Chapa aquecedora – Utilizada para aquecer as reações. Há chapas apenas com aquecimento e há com aquecimento e agitação magnética. Há também as chapas apenas com agitação magnética para as reações que não necessitam de aquecimento. (39) (40) (40) Manta aquecedora – Utilizada para aquecer balões de diversos volumes, sendo apropriada para trabalhos em temperaturas elevadas quando o aquecimento tende a ser indireto, evitando problemas com tensão superficial e refluxos prematuros. (41) Evaporador rotatório ou Rotaevaporador - Utilizado para a remoção de solventes que são utilizados durante a síntese de uma substância orgânica. Seu funcionamento se baseia no princípio da destilação à pressão reduzida. O balão contendo a solução a ser concentrada é aquecido em banho-maria e sofre rotação durante todo o processo de evaporação, o que assegura uma boa homogeneização e evita a ebulição com bolhas. O motor permite que este balão gire em uma velocidade controlada. O solvente destila, sendo condensado em um condensador com tubo em espiral e recolhido no balão coletor. A torneira permite a entrada de ar para poder quebrar o vácuo formado e retirar o balão com o material sem solvente com segurança. (41) Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 11 OBS: Nunca forçar para abrir o dessecador ou retirar o balão do rotaevaporador sob vácuo. 8. CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS Verificar sempre a voltagem dos equipamentos antes de usá-los. 8.1. Evaporador Rotatório e Bomba de Vácuo - Usar sistema de resfriamento para evitar que o solvente vá para a bomba. - Usar uma armadilha para captar traços de solvente entre a bomba e o rotaevaporador. - Retirar o vácuo antes de retirar os balões, abrindo a torneira. - Limpar com etanol após o uso e recolher o solvente do balão coletor. 8.2. Câmara de Exaustão -Usar a Câmara de Exaustão para experiências em que haja produção de gases tóxicos ou corrosivos ou para a abertura de frascos de substâncias voláteis perigosas. -Abaixar as janelas da parte em uso até o máximo possível para o trabalho. -Desligar o exaustor tão logo termine o trabalho e os gases tenham sido eliminados. -Retirar o material e limpar o local. 8.3. Balança -Conservar perfeitamente limpa a balança e seus pratos. -Nunca pesar uma substância diretamente no prato da balança, utilizar papel de filtro, papel alumínio ou vidro de relógio. -Zerar e limpar a balança após seu uso. 8.4. Manta Elétrica -Deve ser usada exclusivamente para aquecer balões de fundo redondo. -A adição de material ao balão deve ser feita estando este fora da manta. -Limpar e secar a parte externa do balão antes de colocá-lo na manta. 8.5. Estufa -Antes de colocar algum material na estufa, verifique se a substância não se decompõe e o seu ponto de fusão. 8.6. Termômetro -Sempre que estiver fora de uso deve permanecer na caixa. -Não deve ser utilizado para agitar, para isto existe o bastão de vidro. -Não deve ser colocado em ambiente já muito quente ou resfriado rapidamente. 8.7. Banho-Maria -Para líquidos inflamáveis usar banho-maria com resistência de imersão. -Só ligar a resistência elétrica após encher com água até o nível desejado. CONSULTAR -Instruções básicas de combate a incêndio. In: http://www.administer.com.br/po.htm. -NR - 23. Proteção contra Incêndios. In: http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas- regulamentadoras-1.htm. -Livros de Química Orgânica Experimental http://www.administer.com.br/po.htm http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 12 2ª AULA PRÁTICA: SÍNTESE DE FÁRMACO TIPO ÉSTER - ÁCIDO ACETILSALICÍLICO 1. OBJETIVO DA AULA -Sintetizar o fármaco ácido acetilsalicílico a partir da acetilação do ácido salicílico. 2. INTRODUÇÃO A Aspirina ou Ácido Acetilsalicílico (AAS) é um fármaco do grupo dos antiinflamatórios não-esteróidais (AINEs) utilizado como antiinflamatório, antipirético, analgésico e antiplaquetário. Aspirina em alguns países é ainda nome comercial registrado, propriedade da farmacêutica Bayer para o composto ácido acetilsalicílico. No entanto é igualmente reconhecido como nome genérico do princípio ativo, e é por esse nome que é habitualmente referido na literatura farmacológica. É o medicamento mais conhecido e consumido em todo o mundo. Em 1999, a Aspirina completou 100 anos. Ácido Salicílico (AS) Ácido Acetilsalicílico (AAS) DESCOBERTA – Foi descoberto no século V antes de Cristo pelo grego Hipócrates, que escreveu que o pó ácido da casca do Salgueiro ou Chorão aliviava dores e diminuia a febre. O Salgueiro contem salicilatos, e é potencialmente muito tóxico. O reverendo Edmund Stone, de Chipping Norton no condado de Oxford, Reino Unido, redescobriu em 1763 as propriedades antipiréticas da casca do Salgueiro e as descreveu de forma científica. O princípio ativo da casca, o ácido salicílico (do nome latino do Salgueiro Salix alba) foi isolado na sua forma cristalina em 1828 pelo FARMACÊUTICO francês Henri Leroux e pelo químico italiano Raffaele Piria. Em 1897, o laboratório farmacêutico alemão Bayerconjugou quimicamente o ácido salicílico com acetato, criando o ácido acetilsalicílico (Aspirina ), que descobriram ser menos tóxico. A aspirina foi o primeiro fármaco a ser sintetizado na história da Farmácia e não obtido na sua forma final da natureza. Foi a primeira criação da indústria farmacêutica. Foi também o primeiro fármaco vendido em tabletes. A Bayer perdeu a marca registada Aspirina em muitos países após a primeira guerra mundial, como reparação de guerra aos países aliados. 3. ESQUEMA DA REAÇÃO http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A1rmaco http://pt.wikipedia.org/wiki/Antiinflamat%C3%B3rios_n%C3%A3o-ester%C3%B3ides http://pt.wikipedia.org/wiki/Antiinflamat%C3%B3rios_n%C3%A3o-ester%C3%B3ides http://pt.wikipedia.org/wiki/Antiinflamat%C3%B3rio http://pt.wikipedia.org/wiki/Antipir%C3%A9tico http://pt.wikipedia.org/wiki/Analg%C3%A9sico http://pt.wikipedia.org/wiki/Bayer http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_acetilsalic%C3%ADlico http://pt.wikipedia.org/wiki/1999 http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3crates http://pt.wikipedia.org/wiki/Salgueiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Edmund_Stone http://pt.wikipedia.org/wiki/Chipping_Norton http://pt.wikipedia.org/wiki/Oxford http://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_Unido http://pt.wikipedia.org/wiki/1763 http://pt.wikipedia.org/wiki/Salgueiro http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_salic%C3%ADlico http://pt.wikipedia.org/wiki/Salix_alba http://pt.wikipedia.org/wiki/1828 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Henri_Leroux&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Raffaele_Piria&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/1897 http://pt.wikipedia.org/wiki/Bayer http://pt.wikipedia.org/wiki/Acetato http://pt.wikipedia.org/wiki/Farm%C3%A1cia http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_guerra_mundial Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 13 4. CÁLCULOS AS Anidrido Acético AAS Ácido Acético FM = FM = FM = FM = _________________ _________________ _______________ ______________ PM = ___________ PM = ___________ PM = _________ PM = ________ d = ___________ n = ___________ n = ___________ n = _________ n = ________ 5. MATERIAL E MÉTODOS 5.1. MATERIAIS PARA SÍNTESE REAGENTES: Ácido Salicílico, Anidrido Acético, Ácido Sulfúrico Concentrado e Água destilada. VIDRARIAS: Espátula (01); Erlenmeyer 125mL (01); Pipeta 5mL (01); Pipeta de Pasteur (01); Pera (01); Proveta 50mL (01); Pisseta (01); Kitassato 250mL (01); Funil de Büchner (01); Papel de filtro (01); Bastão de vidro (01); Vidro de relógio (01); Pinça de madeira (01). EQUIPAMENTOS: Balança Semi-analítica, Capela de Exaustão, Banho Maria e Bomba de Vácuo. 5.2. MÉTODO DE SÍNTESE Pesar 1,00g de ácido salicílico seco e transferir para um erlenmeyer de 125mL e adicionar 2,0mL de anidrido acético e 2 gotas de ácido sulfúrico concentrado. Agitar o erlenmeyer, homogeneizando a mistura. Aquecer em banho-maria (50-60°C) durante 15 minutos. Deixar a mistura reacional esfriar, adicionar 15,0mL de água, esperar o produto precipitar e filtrar a vácuo. Pesar o sólido bruto. 6. CARACTERÍSTICAS Pouco solúvel em água, muito solúvel em etanol, solúvel em éter etílico. Faixa de Fusão = 128 a 135°C (Quando ocorre deacetilação do produto durante a fusão). Farm. Bras. 5ed: Funde em torno de 143°C. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 14 7. RESULTADOS 7.1. Rendimento Teórico: 7.2. Rendimento Bruto: 7.3. Rendimento da Reação após Purificação: REFERÊNCIAS -ANDREI, C. C. et al. Da Química Medicinal à Química Combinatória e Modelagem Molecular. 1.ed. Barueri, SP: Manole, 2003. p. 61. -Brasil. Farmacopéia Brasileira. 5.ed. Brasília: ANVISA, 2010. QUESTÃO 1: Mostre o mecanismo de reação para obtenção do ácido acetilsalicílico SEM e COM o catalisador ácido sulfúrico. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 15 3ª AULA PRÁTICA: TESTE DE SOLUBILIDADE E PURIFICAÇÃO POR RECRISTALIZAÇÃO 1. OBJETIVO DA AULA Determinar experimentalmente a solubilidade do fármaco para efeito de recristalização e purificá-lo por meio da recristalização. 2. INTRODUÇÃO A recristalização é um método de purificação de compostos orgânicos que são sólidos a temperatura ambiente. O princípio deste método consiste em dissolver o sólido em um solvente quente e logo esfriar lentamente para se obter os cristais. Na recristalização a solução é preparada pela dissolução do soluto numa temperatura próxima ou igual à temperatura de ebulição do solvente. Nesta temperatura a solubilidade do soluto no solvente aumenta bastante. Desta forma, a quantidade de solvente quente utilizada pode ser muito menor do que a quantidade de solvente à temperatura ambiente. Na baixa temperatura, o material dissolvido tem menor solubilidade, ocorrendo o crescimento de cristais. Se o processo for lento, ocorre a formação de cristais e chamamos de cristalização, se for rápido chamamos de precipitação. O crescimento lento dos cristais, camada por camada, produz um produto puro, pois desta forma as impurezas ficam na solução. Quando o esfriamento é rápido as impurezas são arrastadas junto com o precipitado, produzindo um produto impuro. O fator crítico na recristalização é a ESCOLHA DO SOLVENTE. O solvente ideal é aquele que dissolve pouco a frio e muito a quente. Pode ser usado um único solvente ou uma combinação de solventes. SOLVENTE ÚNICO: Um solvente com potencialidades para ser usado na recristalização, será um onde a substância não seja solúvel a frio, seja solúvel a quente e onde se observe a formação de cristais por esfriamento. COMBINAÇÃO DE SOLVENTES: A escolha de um par de solventes é mais complicada e deverá ser testada na prática com uma pequena quantidade de substância antes de se iniciar a recristalização propriamente dita. Um par de solventes com potencialidades para ser usado em recristalização, será constituído por um solvente (solvente rico) onde a substância seja solúvel e outro solvente (solvente pobre) miscível com o primeiro onde a substância seja insolúvel ou pouco solúvel. O funcionamento deste par poderá ser testado em tubo de ensaio, pesando 10 mg de substância e dissolvendo (por aquecimento) no solvente rico (mínima quantidade) e adicionando gota a gota o solvente pobre até se observar turvação, aquecendo até desaparecer a turvação e deixando esfriar em seguida para verificar o aparecimento de cristais. 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. MATERIAL SOLVENTES: Água destilada, Álcool etílico, Éter Etílico, Acetato de Etila (AcOEt), Clorofórmio (CHCl3), Hexano VIDRARIAS: Tubos de Ensaio (06), Estante para Tubos de Ensaio (01), Erlenmeyer 125mL (02), Proveta 50mL (01), Kitassato 250mL (01), Funil de Büchner (01), Funil de Vidro (01), Papel de Filtro (02), Bastão de Vidro (02), Espátula (01), Béquer (01); Pisseta (01); Vidro de relógio (01). EQUIPAMENTOS: Balança, Chapa Aquecedora, Bomba de Vácuo, Banho Maria Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 16 3.2. MÉTODOS EXPERIMENTO 1 - DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DE SOLUBILIDADES PARA EFEITOS DE RECRISTALIZAÇÃO -Coloque cerca de ~10 mg do soluto (composto sintetizado na aula anterior) em teste num tubo de ensaio devidamente identificado. -Adicione cerca de 1,0 mL do solvente em teste e agite. Anote os resultados observados usando as seguintes definições: Solúvel (S) - O composto dissolveu-se completamente Pouco solúvel (PS) - O composto dissolveu-se parcialmente Insolúvel (I) - O composto não se dissolveu -Se o composto for pouco solúvel ou insolúvelaqueça o tubo à ebulição (em Banho Maria adequado) e anote os resultados obtidos a quente usando as definições anteriores. -Se alguma das substâncias for solúvel a quente, deixe a solução esfriar lentamente até à temperatura ambiente e verifique se há formação de cristais. -Apresente os seus resultados em forma de tabela. SOLVENTE Água Etanol Éter AcOEt CHCl3 Hexano Solubilidade à t.a. Solubilidade à quente Formação de cristais após esfriamento EXPERIMENTO 2 - ETAPAS DA RECRISTALIZAÇÃO -Dissolver o sólido adicionando pequena quantidade de solvente quente; -Filtrar a quente para remover alguma impureza insolúvel (toda a vidraria deve estar pré- aquecida - Figura A); -Esfriar lentamente para formar os cristais puros; -Coletar os cristais, filtrando em funil de Büchner (Figura B); -Secar em estufa ou a vácuo para posterior pesagem. A B Figura 1 – A: Filtração simples; B: Filtração a vácuo. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 17 OBS: Algumas soluções de compostos podem tornar-se coloridas devido a alguma contaminação por compostos que tenham cor. Uma estratégia é usar carvão ativado durante o processo de recristalização pois este adsorverá as substância coloridas deixando a solução da amostra límpida. O processo ocorre conforme mostrado na figura 2. Figura 2 - Recristalização usando carvão ativado. -MÉTODO DE RECRISTALIZAÇÃO DO AAS Transferir o sólido bruto para um erlenmeyer, após pesagem, e dissolver em pequena quantidade de álcool etílico e água destilada (1:4) aquecida para solubilizar totalmente (preparar cerca de 50,0mL e adicionar quantidade suficiente para dissolver a quente). Filtrar a quente e deixar esfriar. Os cristais se separarão em forma de agulhas. Filtrar a vácuo, secar e pesar os cristais. 4. RESULTADOS Cálculo: Pesar o composto antes e após a recristalização e calcular o rendimento bruto e final da reação. REFERÊNCIAS -ANDREI, C. C. et al. Da Química Medicinal à Química Combinatória e Modelagem Molecular. Barueri: Ed. Manole, 2003, p. 19-20. -DIAS, A. G.; COSTA, M. A.; GUIMARÃES, P. I. C. Guia Prático de Química Orgânica. v.1. Técnicas e Procedimentos: Aprendendo a fazer. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. -PAVIA, D. L.; LAMPMAN, G. M.; KRIZ, G. S.; ENGEL, R. G. Química Orgânica Experimental. Técnicas de Escala Pequena. 2.ed. São Paulo: Bookman, 2009. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 18 4ª AULA PRÁTICA: DETERMINAÇÃO DO PONTO DE FUSÃO 1. OBJETIVO DA AULA Obter o ponto de fusão do fármaco sintetizado e purificado por recristalização com a finalidade de verificar sua pureza e identificá-lo por meio desta propriedade físico-química. 2. INTRODUÇÃO O ponto de fusão é uma propriedade físico-química de uma substância que a uma determinada pressão, é um valor constante, característico desta substância pura e, por este fato, a sua determinação constitui um método para determinar o seu grau de pureza e identificação de substâncias conhecidas. Só se determina ponto de fusão de substâncias em estado sólido e cristalino. Existem duas técnicas para se determinar o ponto de fusão (PF): uma tradicional e outra usando um aparelho automático. Técnica tradicional - é uma das mais antigas e simples usadas na determinação do ponto de fusão de uma determinada substância e consiste na utilização de material simples de laboratório como tubo capilar, termômetro, copo com fluído termostático e uma fonte de aquecimento. Técnica usando aparelho automático - apresenta diversas vantagens em relação à anterior como rapidez, precisão, exatidão e o uso de pequenas quantidades de amostra. O princípio de funcionamento do aparelho é simples e basta colocar em tubos capilares a amostra da qual se pretende medir o ponto de fusão e por meio de um conjunto de operações manuais no aparelho chega-se ao valor exato do ponto de fusão. O ponto de fusão depende das forças existentes entre as moléculas (ou entre íons, no caso de cristais iônicos) da substância sólida. Se estiverem fortemente ligadas umas às outras, a temperatura necessária para separá-las deve ser elevada, para dispô-las em sua nova forma, o estado líquido. Neste estado, as partículas não podem se afastar muito umas das outras e nem se avizinhar demais. Por isso, suas características físicas são intermediárias entre sólidos e gases. Substâncias diferentes possuem pontos de fusão diferentes, que as caracterizam. A pureza de uma substância também influi grandemente no valor de seu ponto de fusão, podendo reduzi-lo ou aumentá-lo. Portanto, através do ponto de fusão pode-se também avaliar o grau de pureza de um sólido. Para algumas substâncias não existe ponto de fusão, pois elas se decompõem antes de se fundirem. A madeira, por exemplo, quando é aquecida não se funde, carboniza. A lignina e a celulose, constituintes da madeira, decompõem-se e transformam-se em substâncias voláteis. O iodo sublima. Muitas substâncias orgânicas e inorgânicas manifestam comportamento análogo. 3. MATERIAL E MÉTODO 3.1. MATERIAL VIDRARIAS: Cápsula de Porcelana com Pistilo pequenos (01), Espátula (01), Tubo Capilar (01), Bico de Bunsen, Tubo Longo (~50cm) EQUIPAMENTOS: Aparelho para PF Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 19 3.2. MÉTODO -Triturar a substância seca que foi sintetizada e purificada na aula anterior; -Fechar uma extremidade do capilar, utilizando a chama mais quente no bico de Bunsen (coloração azul). -Introduzir o sólido (triturado e seco) no tubo capilar que deve ser aberto numa das extremidades e fechado na outra. O sólido deve atingir cerca de no máximo 1 cm de altura dentro do tubo capilar. -Para colocar a substância no capilar faz-se um pequeno monte da substância e imerge-se o capilar nesse monte para que o pó penetre em seu interior. Depois ele é virado e batido delicadamente sobre uma superfície, para que o sólido se acomode no fundo. Pode ser utilizado um tubo longo para que o sólido seja compactuado no fundo do capilar. -Para a técnica usando aparelho automático, proceder conforme instruções descritas no manual ou POP (Procedimento Operacional Padrão) do aparelho. -Quando o sólido passar à fase líquida anota-se o valor da temperatura lida no termômetro. -Devem realizar-se pelo menos três ensaios para a determinação do ponto de fusão. -Considera-se como pura a substância que apresenta uma faixa de fusão com intervalo de até 2°C. EX: PF = 125ºC (Ponto de fusão, substância pura) PF = 125-127ºC, 123-125ºC, 124-126ºC (Faixa de fusão variando em até 2ºC, substância pura) PF = 125-128ºC, 123-127ºC (Faixa de fusão variando acima de 2ºC, substância impura) 4. RESULTADO Substância = _______________________ PF Literatura = ___________ PF Analisado = _______ _______ _______ Marca do aparelho usado: ____________________________________________ REFERÊNCIAS -ANDREI, C. C. et al. Da Química Medicinal à Química Combinatória e Modelagem Molecular. Barueri: Ed. Manole, 2003, p. 19-20. -DIAS, A. G.; COSTA, M. A.; GUIMARÃES, P. I. C. Guia Prático de Química Orgânica. v.1. Técnicas e Procedimentos: Aprendendo a fazer. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. -PAVIA, D. L.; LAMPMAN, G. M.; KRIZ, G. S.; ENGEL, R. G. Química Orgânica Experimental. Técnicas de Escala Pequena. 2.ed. São Paulo: Bookman, 2009. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 20 COMPLEMENTAR 1: MODELO PARA O ARTIGO Devem entrar neste trabalho os resultados das 2ª, 3ª e 4ª aulas práticas e o experimento A da 5ª aula prática.Formataçãon Geral: O trabalho em forma de artigo deve ser feito usando fonte Times New Roman ou Arial, tamanho 12, espaço 1,5 linhas, 3,0 cm para margens superior e esquerda e 2,0 cm para margens inferior e direita, coluna ÚNICA e justificado com exceção do título, autores e instituição que devem ser centralizados e deve conter conforme modelo abaixo: TÍTULO MAIÚSCULO E NEGRITO AUTORES (MAIÚSCULO) Instituição (minúsculo e itálico) *Email do grupo Resumo: Mínimo de 08 linhas e Máximo de 12 linhas de texto Palavras-chave: três ou quatro Introdução: 20 a 25 linhas de texto (Não pode exceder 25 linhas) e figuras Resultados e Discussão: 25 a 30 linhas de texto (Não pode exceder 30 linhas) e figuras Conclusão: 5 a 10 linhas de texto Seção Experimental: Descrever materiais e métodos usados -Materias: Citar aqui reagentes, vidrarias e equipamentos usados em todos os experimentos. -Métodos: Descrever todos os métodos usados separadamente. Referências Normas ABNT – Organizadas por ordem alfabética. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 21 Como organizar as referências: Livro: -AUTOR, A. A. Título do livro. 1.ed. Nome da Cidade: Nome da editora, 2014. 000p. Artigo: -AUTOR, A. A.; AUTOR, A. A. Título do artigo. Nome da revista, v. 00, n. 0, p. 000-000, 2014. OBS 1: Todas as referências indicadas na lista final do trabalho devem ser citadas no texto. OBS 2: Não será aceito site da internet como referência. OBS 3: Consultar artigos publicados para ver exemplos de publicações de trabalhos envolvendo síntese de fármacos. OBS 4: Fazer os desenhos das estruturas químicas usando programas computacionais ou desenhar a mão. Numerar as figuras e os compostos. Fazer indicação no texto. EX: O ácido salicílico (1) mostrado na figura 1.... Figura 1: Estrutura do ácido salicílico. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 22 COMPLEMENTAR 2: REVISÃO DE CÁLCULOS DE RENDIMENTOS Considerando os esquemas reacionais abaixo, faça os cálculos necessários para responder as questões relacionadas aos cálculos de rendimentos de cada um. Não esquecer de mostrar a fórmula molecular e o cálculo da massa molecular. Considerar dois algarismos significativos após a vírgula nos cálculos de massa e um algarismo significativo nos cálculos de percentagem. -SÍNTESE DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (Reação de esterificação ou O-acilação) 1. Calcule o rendimento teórico para obtenção do produto principal da reação 3, partindo-se de 2,00g do composto 1. 2. Calcule o rendimento final da reação quando obteve-se 2,30g do produto principal 3. -SÍNTESE DO PARACETAMOL (Reação de amidificação ou N-acilação) 3. Calcule o rendimento teórico para obtenção do produto principal da reação 3, partindo-se de 2,50g do composto 1. 4. Calcule o rendimento final da reação quando obteve-se 3,10g do produto principal 3. -SÍNTESE DO SUCCINILSULFATIAZOL (Reação de amidificação ou N-acilação) 5. Calcule o rendimento teórico para obtenção do produto principal da reação 3, partindo-se de 1,50g do composto 1. 6. Calcule o rendimento final da reação quando obteve-se 1,80g do produto principal 3. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 23 -HIDRÓLISE DA PROCAÍNA (Hidrólise de éster) 7. Calcule o rendimento teórico para obtenção do produto principal da reação 3, partindo-se de 2,00g do composto 1. 8. Calcule o rendimento final da reação quando obteve-se 0,90g do produto principal 3. -HIDRÓLISE DA PROCAINAMIDA (Hidrólise de amida) 9. Calcule o rendimento teórico para obtenção do produto principal da reação 3, partindo-se de 2,00g do composto 1. 10. Calcule o rendimento final da reação quando obteve-se 0,30g do produto principal 3. GABARITO – CÁLCULO DE RENDIMENTO SÍNTESE DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO Fórmula: C7H6O3 Teórico: Final: PM = (7x12) + (6x1) + (3x16) 138 ------ 180 2,61g ------ 100% PM: 138 2,00g ------ x 2,30g ------ x x = 360 / 138 x = 230 / 2,61 Fórmula: C9H8O4 x = 2,6086g 2,61g (100,0%) x = 88,1226% 88,1% PM = (9x12) + (8x1) + (4x16) PM: 180 OBS: As demais seguem o mesmo raciocínio -SÍNTESE DO PARACETAMOL Fórmula: C6H7NO Fórmula: C8H9NO2 x = 3,4633g 3,46g (100,0%) PM: 109 PM: 151 x = 89,5953% 89,6% -SÍNTESE DO SUCCINILSULFATIAZOL Fórmula: C9H9N3O2S2 Fórmula: C13H13N3O5S2 x = 2,0882g 2,09g (100,0%) PM: 255 PM: 355 x = 86,1244% 86,1% -HIDRÓLISE DA PROCAÍNA Fórmula: C13H20N2O2 Fórmula: C7H7NO2 x = 1,1610g 1,16g (100,0%) PM: 236 PM: 137 x = 77,5862% 77,6% -HIDRÓLISE DA PROCAINAMIDA Fórmula: C13H21N3O Fórmula: C7H7NO2 x = 1,1659g 1,17g (100,0%) PM: 235 PM: 137 x = 25,6410% 25,6% Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 24 5ª AULA PRÁTICA: IDENTIFICAÇÃO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO 1. OBJETIVO DA AULA Identificar por meio de reações químicas o ácido acetilsalicílico e se há resíduo de ácido salicílico na amostra sintetizada e purificada. 2. INTRODUÇÃO A identificação de compostos orgânicos (fármacos) requer o uso de métodos como determinação de ponto de fusão (apenas para o composto purificado e cristalino) e métodos espectroscópicos como infravermelho e ressonância magnética nuclear de 1 H e 13 C. O ácido acetilsalicílico (AAS) é obtido sinteticamente a partir da O-acilação da hidroxila fenólica do ácido salicílico (AS) em meio ácido. A reação inversa, ou seja, a hidrólise de AAS é feita em meio básico utilizando o hidróxido de sódio (NaOH), que é uma base forte. O NaOH encontra-se totalmente dissociado no meio reacional. A base deve estar em concentração maior que o AAS, pois além de neutralizar a carboxila, promove a hidrólise. Após a hidrólise se obtém o sal sódico do ácido salicílico e do ácido acético. Posteriormente o meio deve ser acidificado com H2SO4, que favorece a neutralização, liberando o ácido salicílico e o ácido acético. Para determinar se há resíduo de ácido salicílico em uma amostra de AAS, pode-se usar o método, onde o ácido salicílico é detectado pelo aparecimento de uma coloração violeta quando a amostra é tratada com solução de cloreto férrico - FeCl3 SR (solução amarela). O ácido salicílico, como a maioria dos fenóis, forma um complexo altamente colorido com FeCl3 (coloração vermelho a violeta). Este é um método mais barato e rápido de identificação disponível nos laboratórios, onde se pode detectar a presença de compostos com hidroxila fenólica em uma amostra. Assim, este método pode ser usado para verificar: -Se em uma reação de obtenção de AAS, o composto de partida ácido salicílico foi totalmente consumido (Reação negativa); -Se em uma reação de hidrólise, o ácido salicílico está sendo formado (Reação positiva); -Se após a purificação do AAS ainda há resíduo de ácido salicílico na amostra (Reação positiva); -Como também pode ser utilizado para detectar se está ocorrendo decomposição por hidrólise da matéria prima AAS armazenada (Reação positiva se ocorreu hidrólise). 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 MATERIAL Espátula (04), tubos de ensaio (06), estante (01), pipeta graduada 5 mL (04), pipeta de Pasteur (01), proveta 25mL (01) , pisseta com água destilada (01), funil de vidro(01), papel de filtro (01), erlenmeyer (03). -AMOSTRAS: ___________________________________________________ -SOLVENTES E OUTROS: Água destilada, Etanol, Metanol, Solução de cloreto férrico 1%, Solução de NaOH 2M, Solução de H2SO4 1M, Ácido sulfúrico concentrado. Apostila de Aulas Práticas de Química FarmacêuticaI DFAR-UFRN 25 EQUIPAMENTOS: Balança Analítica, Banho-Maria, Chapa Aquecedora, Estufa. 3.2 MÉTODOS Experimento A: Identificação de resíduo de AS em amostra de AAS Fazer o procedimento conforme apresentado na tabela abaixo. A formação de um complexo ferro-fenol com Fe(III) fornece uma coloração indo de vermelho a violeta, dependendo da quantidade de composto com hidroxila fenólica presente. Controle Positivo Branco Controle Negativo Amostra Tubo de ensaio 1 Amostra Ácido Salicílico padrão + Etanol 2mL Tubo de ensaio 2 Etanol 2mL Tubo de ensaio 3 Amostra de AAS padrão + Etanol 2mL Tubo de ensaio 4 Amostra de AAS em análise + Etanol 2mL FeCl3 1% 2 gotas 2 gotas 2 gotas 2 gotas Experimento B: Identificação através da reação de hidrólise B1: Pesar aproximadamente 10 mg da amostra de AAS (ou um pouco na ponta da espátula). Colocar a amostra em um tubo de ensaio e adicionar 2 mL de água destilada. Aquecer por alguns minutos em banho Maria. Resfriar. Adicionar 1 ou 2 gotas da solução de FeCl3 e observar o desenvolvimento da coloração vermelho-violeta. B2: Pesar 0,2 g do AAS e colocar em um tubo de ensaio. Adicionar 4 mL de hidróxido de sódio 2M e ferver por 3 min. Resfriar. Adicionar 5 mL de H2SO4 1M. Produz-se um precipitado cristalino. Filtrar (recolher o filtrado em um erlenmeyer e separar). Lavar o precipitado com água (usar outro erlenmeyer para recolher a água de lavagem). Secar em estufa ou a vácuo. B3: Dissolver o precipitado obtido no experimento B2 em 5mL de metanol em um erlenmeyer e adicionar 1 gota de ácido sulfúrico concentrado. Aquecer. Forma-se salicilato de metila de odor característico. B4: Aquecer o filtrado obtido no experimento B2 em um erlenmeyer com 2mL de etanol e 2mL de H2SO4 1M. Forma-se acetato de etila de odor característico. 4. RESULTADOS Experimento A: Controle Positivo Branco Controle Negativo Amostra Tubo de ensaio 1 Amostra Ácido Salicílico padrão Tubo de ensaio 2 Etanol 2mL Tubo de ensaio 3 Amostra de AAS padrão Tubo de ensaio 4 Amostra de AAS em análise COR Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 26 Experimento B1: Cor: ( ___ ) Positivo; ( ___ ) Negativo Qual? _________________________ Experimento B2: Precipitado: ( ___ ) Positivo; ( ___ ) Negativo Cor: ( ___ ) Positivo; ( ___ ) Negativo Qual? _________________________ PF = ____________ºC Literatura 1 : AAS = 143ºC; 128-135ºC AS = 156-161ºC Experimento B3: Odor de salicilato de metila: ( ___ ) Positivo; ( ___ ) Negativo Experimento B4: Odor de acetato de etila: ( ___ ) Positivo; ( ___ ) Negativo REFERÊNCIA 1. Brasil. Farmacopéia Brasileira. 5.ed. Brasília: ANVISA, 2010. Pag. 569. EXERCÍCIOS a) Faça o mecanismo reacional da hidrólise básica com NaOH para a obtenção do ácido salicílico (Experimento B2). b) Faça o esquema mostrando a reação entre os produtos formado na hidrólise e o ácido sulfúrico (Experimento B2). c) Demonstre o esquema de interação do ferro (III) com o ácido salicílico. d) Faça o esquema geral de reação e o esquema do mecanismo da formação do salicilato de metila a partir do ácido salicílico, metanol e ácido sulfúrico (Experimento B3). d) Faça o esquema geral de reação e o esquema do mecanismo da formação do acetato de etila a partir do ácido acético, etanol e ácido sulfúrico (Experimento B4). Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 27 6ª AULA PRÁTICA: SEPARAÇÃO DE FÁRMACOS BASEADA EM SUAS CARACTERÍSTICAS DE ACIDEZ E BASICIDADE 1. OBJETIVO DA AULA Separação dos fármacos cafeína, paracetamol e ácido acetilsalicílico utilizando suas características de acidez e basicidade. 2. INTRODUÇÃO Alguns medicamentos formulados para ação anti-inflamatória e analgésica têm em sua composição: ácido acetilsalicílico (AAS), que é um fármaco de caráter ácido; paracetamol, que é um fármaco de caráter ácido muito fraco (considerado neutro em meio fisiológico); e cafeína, que tem caráter básico. As estruturas e os coeficientes de dissociação ácida (pKa) estão representados na figura 1. Figura 1 O coeficiente de dissociação ácida (pKa) é uma importante propriedade físico-química do fármaco, pois a partir do conhecimento de tal propriedade, pode-se saber em que pH o fármaco se encontrará na sua forma não-ionizada (molecular neutra) ou na sua forma ionizada. Conhecer o pH em que o fármaco encontra-se na sua forma não-ionizada é de extrema importância para a sua absorção, pois o mesmo só tem a capacidade de atravessar as membranas biológicas, por meio de transporte passivo na sua forma não-ionizada. E, através das reações ácido base dos fármacos se pode desenvolver métodos para separar misturas contendo estes fármacos conhecendo-se os seus pKa. 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. MATERIAL -AMOSTRA: Amostra contendo (AAS + Paracetamol + Cafeína, 4:3:1) -VIDRARIAS E OUTROS MATERIAIS: Béquer (04), Erlemeyer (03), Espátula (03), Funil de Büchner (01), Kitassato (01), Funil de separação (01), Funil de vidro (02), Papel de filtro (03), Proveta (03), Bastão de vidro (03), Vidro de relógio (03). Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 28 -SOLVENTES E OUTROS: Bicarbonato de sódio PA (NaHCO3); Água destilada; Clorofórmio; Solução de ácido clorídrico 2M; solução de bicarbonado de sódio 0,5M; Sulfato de magnésio (MgSO3) OU Sulfato de sódio (NaSO3) anidros. EQUIPAMENTOS: Balança; bomba a vácuo; capela de exaustão. 3.2. MÉTODOS 1. Pesar 0,2 g da amostra (usar papel), transferir para um béquer e adicionar 10 mL de clorofórmio e homogeneizar. 2. Transferir a solução para um funil de separação e adicionar 10 mL da solução de HCl 2M e agitar. 3. Recolher a fase orgânica em um béquer, cobrir com vidro de relógio e reservar. 4. Na fase aquosa (ainda no funil) pesar no vidro de relógio 1,75 g de NaHCO3 e adicionar em pequenas quantidades. Atenção! Muito cuidado com a pressão no funil, pois a neutralização libera CO2. 5. Fazer duas extrações com 10 mL de clorofórmio cada. Recolher as fases orgânicas em um Erlemeyer. 6. Adicionar uma pitada de MgSO4 OU de NaSO4 (agente secante) ao Erlemeyer e agitar para absorver a água residual. 7. Com um funil de vidro e um papel de filtro, filtrar essa solução para um béquer de massa previamente conhecida. 8. Rotular este recipiente como FÁRMACO A e deixar na capela para a evaporação do solvente. 9. Pegar a solução que foi reservada no béquer no início da prática e transferi-la mais uma vez para o funil de separação. 10. Adicionar 10 mL da solução de NaHCO3 0,5M. Fechar e agitar para favorecer o contato entre as fases. Atenção! Muito cuidado com a pressão. Devido ao desprendimento de gás o funil pode explodir. 11. Recolher a fase orgânica em um Erlemeyer e adicionar MgSO4 OU Na2SO4 para secar a solução. 12. Filtrar a solução usando funil de vidro e papel de filtro para um béquer e transferir para uma cápsula de massa conhecida, rotular como FÁRMACO B e colocar para secar em banho maria. Pesar, resuspender o fármaco com 2 mL de etanol e adicionar 2 gotas de cloreto férrico 13. Transferir a fase aquosa dessa última extração para um erlemmeyer e adicionar 5 mL da solução de HCl 2M até formar um precipitado branco. Se necessário, utilizar um banho de gelo para acelerar o processo. 14. Filtrar a mistura com pressão reduzida, para separar o precipitado branco em um papel de filtro de massa conhecida. Rotular como FÁRMACO C e deixar secando junto aos demais recipientes até a próxima aula prática. Apostilade Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 29 4. RESULTADOS FÁRMACO A: _________________________ ______ mg Peso do béquer: _______________________ Peso do béquer + A: ____________ FÁRMACO B: _________________________ ______ mg Peso do béquer: _______________________ Peso do béquer + B: ____________ FÁRMACO C: _________________________ ______ mg Peso do papel: _______________________ Peso do papel + C: ____________ REFERÊNCIA: -ANDREI, C. C. et al. Da Química Medicinal à Química Combinatória e Modelagem Molecular. 1.ed. Barueri, SP: Manole, 2003. p. 13-17. EXERCÍCIOS A) Analisando a estrutura química dos fármacos AAS, CAFEÍNA e PARACETAMOL, indique os grupos que são ionizáveis e conferem propriedade de acidez ou basicidade a estes fármacos. B) Com base na estrutura dos fármacos (ácido ou básico) represente as reações que ocorreram nos itens 2, 4, 10 e 13 do procedimento desta prática, e, dessa forma, defina os fármacos A, B e C. C) Em que região do trato gastrointestinal os fármacos A, B e C são mais absorvidos? Explique. D) Explique porque o paracetamol que tem pKa = 9,4 é considerado fármaco neutro em pH fisiológico. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 30 7ª AULA PRÁTICA: VERIFICAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO pH E DO pKa NA IONIZAÇÃO DE FÁRMACOS 1. OBJETIVO DA AULA Verificar qualitativamente a influência do pH do meio e do pKa na ionização de fármacos de caráter ácido, básico e neutro. 2. INTRODUÇÃO Os fármacos são, em sua maioria, ácidos ou bases fracas e no meio biológico eles estarão mais ou menos ionizados, dependendo da constante de acidez (Ka) e do pH do meio em que se encontram. É possível prever qualitativamente, apenas com base na reação do fármaco com a água, em que pH a relação das concentrações de formas não-ionizadas e ionizadas será maior. Assim, para um fármaco de caráter ácido (HA): HA + H2O A - + H3O + Quanto: Menor pH, maior [H3O + ], equilíbrio da reação desloca-se para esquerda, [não-ionizada] Maior pH, menor [H3O + ], equilíbrio da reação desloca-se para direita, [ionizada] Já para um fármaco de caráter básico (B:): B: + H2O BH + + OH - BH + + H2O B: + H3O + Quanto: Menor pH, [ionizada] Maior pH, [não-ionizada] Se os valores de Ka (ou pKa) e do pH do meio são conhecidos, é possível calcular a relação das concentrações de formas ionizadas e não-ionizadas de um fármaco por meio da equação de Henderson-Hasselbalch: HA + H2O A - + H3O + Então: K = ([H3O + ] [A - ]) / ([HA] [H2O]) K [H2O] = ([H3O + ] [A - ]) / [HA] Ka = ([H3O + ] [A - ]) / [HA] Ka / [H3O + ] = [A - ] / [HA] -log (Ka / [H3O + ]) = -log ([A - ] / [HA]) -log Ka – (-log [H3O + ]) = -log ([A - ] / [HA]) pKa – pH = -log ([A - ] / [HA]) [A - ] / [HA] = 10 –(pKa – pH) [A - ] / [HA] = 10 pH- pKa Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 31 De maneira idêntica, considerando-se a equação da reação do ácido conjugado BH + com a água: BH + + H2O B: + H3O + Pode-se deduzir que a relação das concentrações de formas ionizadas e não-ionizadas para fármacos de caráter básico é: [B:] / [BH + ] = 10 pH- pKa 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. MATERIAL -VIDRARIAS E OUTROS MATERIAIS: Tubo de Ensaio (06), Espátula (03), Pipeta 5mL (03), Tubo capilar para CCD, Placa de CCD (01), Cuba para Iodo (01) -AMOSTRAS: Fármaco ácido, básico e neutro -SOLVENTES E OUTROS: Acetato de Etila, Solução de HCl 1M, Solução Tampão de Fosfato pH 8, Iodo -EQUIPAMENTOS: Câmara Escura com Lâmpada UV 3.2. MÉTODO Observar a influência do pH na relação das concentrações de formas ionizadas e não- ionizadas de três substâncias: uma de caráter ácido A, uma de caráter básico B e outra de caráter neutro C. Pegar seis tubos de ensaio e adicionar as amostras das substâncias A, B e C (pequena quantidade na ponta da espátula e mais ou menos iguais), as soluções de pH 1 e 8 e o solvente conforme mostrado na tabela abaixo. Agitar vigorosamente, deixar em repouso até ocorrer separação das fases orgânicas e aquosas e aplicar com o auxílio de um capilar, volumes iguais da fase orgânica em placa de sílica gel e revelar estas placas sob UV ou vapores de iodo. Comparar as fluorescências das manchas relativas à mesma substância especificando como forte (F) ou fraca (f). Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 32 4. RESULTADOS Tubo Substância (mg) pKa Vol. (mL) Sol. HCl pH 1 Vol. (mL) Sol. Tampão pH 8* Vol. (mL) Solvente ___________ F ou f* 1 A 3 mL _ 3 mL 2 A _ 3 mL 3 mL 3 B 3 mL _ 3 mL 4 B _ 3 mL 3 mL 5 C 3 mL _ 3 mL 6 C _ 3 mL 3 mL *Solução tampão pH 8: Misturar 1mL de NaH2PO4 0,2M e 19mL Na2HPO4 0,2M. **Resultado: F = forte; f = fraco. Cálculos: 1. Calcular as relações das concentrações de formas ionizadas e não-ionizadas das três substâncias em pH 1 e 8 e verificar se o resultado do experimento está de acordo com o que pode ser previsto pelos cálculos. 5. CONCLUSÃO Questões: 1. Definir pH, Ka e pKa. 2. Calcular o percentual de ionização () das três substâncias em pH 1 e 8 usando as fórmulas: / (100 - ) = 10 pH- pKa ou (100 - ) / = 10 pH- pKa REFERÊNCIA -ANDREI, C. C. et al. Da Química Medicinal à Química Combinatória e Modelagem Molecular. Barueri: Ed. Manole, 2003, p. 35-37. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 33 8ª AULA PRÁTICA: DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE PARTIÇÃO (P) E LIPOFILIA RELATIVA log P 1. OBJETIVO DA AULA Determinar o coeficiente de partição (P) do composto 1 em estudo e o log P. 2. INTRODUÇÃO O coeficiente de partição óleo-água (P) é definido como a relação das concentrações de uma substância neutra em óleo e em água. Calcula-se P, utilizando-se a seguinte expressão: P = [Co] / [Ca] Onde: Co = Concentração da substância na fase orgânica Ca = Concentração da substância na fase aquosa 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. MATERIAL -VIDRARIAS E OUTROS MATERIAIS: Béquer (03), Espátula (01), Balão volumétrico de 50mL (01), Pisseta com água destilada (01), Pipeta Volumétrica 10mL (02), Proveta 25mL (01), Bureta (01), Erlenmeyer 125 mL (02), Funil de Separação (01), Garra argola (01), Garra para bureta (01), Suporte universal (01). -AMOSTRA: Composto 1 ( ____________________________________ ) -SOLVENTES E OUTROS: Solvente Orgânico imiscível com água ( _________________ ), Solução de NaOH 0,1M e Fenolftaleína -EQUIPAMENTOS: Balança Analítica 3.2. MÉTODOS: Experimento 1: Pesar 500mg do composto 1 e preparar a solução em água usando balão volumétrico de 50 mL. Transferir, usando pipeta volumétrica, 10 mL de solução do composto contendo função ácido 1 (concentração da solução aproximadamente 1g/100 mL) para um erlenmeyer, adicionar 10 mL, usando proveta, de água destilada para diluir, duas gotas de fenolftaleína e titular com solução de NaOH 0,1M até viragem. 1 mL de solução de NaOH 0,1M corresponde a 0,004g ou 4 mg de NaOH. Fórmula do Composto 1: ____________________ Peso molecular do Composto 1 = ____________________ 1 mL de Solução de NaOH 0,1M corresponde a ____________ do Composto 1 Volume de solução de NaOH 0,1M utilizado = ______________ Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica IDFAR-UFRN 34 Experimento 2: Transferir 10 mL de solução do composto 1 para um funil de separação, adicionar 10 mL, usando pipeta volumétrica, de solvente orgânico (______________________), e agitar vigorosamente com cuidado. Deixar em repouso até ocorrer a separação das camadas e recolher a fase aquosa em um erlenmeyer, adicionar 10 mL de água destilada, duas gotas de fenolftaleína e titular com solução de NaOH 0,1M até viragem. Volume de solução de NaOH 0,1M utilizado = ______________ 4. RESULTADOS Cálculos: -Calcular a concentração em g/100 mL do composto 1 na solução original. -Calcular a concentração em g/100 mL do composto 1 na solução aquosa após a extração. -Calcular a concentração do composto 1 em g/100 mL na fase orgânica. -Calcular o coeficiente de partição (P) e a lipofilia relativa (log P) do composto 1. 5. CONCLUSÃO REFERÊNCIA -ANDREI, C. C. et al. Da Química Medicinal à Química Combinatória e Modelagem Molecular. Barueri: Ed. Manole, 2003, p. 34-35. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 35 9ª AULA PRÁTICA: MODELAGEM MOLECULAR I – MARVIN SKETCH 1. OBJETIVO DA AULA Mostrar, de forma simplificada, os principais comandos do programa Marvin Sketch e em que situações eles podem ser empregados. 2. INTRODUÇÃO O que é modelagem molecular? Pra que serve? Quais são as aplicações? A modelagem molecular compreende uma área da Química Farmacêutica, atualmente de grande importância no processo de descobrimento de fármacos e na otimização de protótipos. São métodos teóricos e técnicas computacionais para modelar ou imitar o comportamento de moléculas e sistemas atômicos. Segundo a IUPAC, a MM é a investigação das estruturas e das propriedades moleculares pelo uso de química computacional e técnicas de visualização gráfica, visando fornecer uma representação tridimensional, sob um dado conjunto de circunstâncias. Dentre os objetivos da modelagem, se destacam: 1. A construção, desenho, manipulação e visualização gráfica de estruturas moleculares; 2. Determinação e análise de propriedades moleculares; 3. Estudo da interação fármaco/ligante com o receptor/sítio de ação. 4. Proposição de novos candidatos a fármacos: Planejamento de fármacos auxiliado por computadores (Computer Assisted Drug Design). 3. MARVIN SKETCH O Marvin Sketch é um dos programas utilizados na modelagem molecular de uso livre. Sua interface simples e direta possibilita o usuário desenhar e visualizar estruturas químicas em 2D e 3D de pequenas moléculas (como os fármacos). Permite também a previsão de propriedades físico- químicas de moléculas como, por exemplo, o log P teórico, o pKa, mapas de potencial eletrostático, hidrofobicidade, entre outros. Figura 1 - Tela inicial do Marvin Sketch Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 36 a. ESTRUTURA 2D Há diversas maneiras de inserir uma estrutura 2D no Marvin. Dentre algumas dessas, é possível desenhar a estrutura átomo por átomo com as ferramentas mostradas nas barras laterais (como mostradas na figura acima). Também é possível importar a estrutura da molécula pela internet utilizando a opção File>Import name>OK. Após acessar esta opção, irá aparecer uma caixa onde deve-se digitar o nome da estrutura que deseja-se inserir no programa, porém é necessário escrever o nome da molécula em inglês, pois o programa não reconhece português (Figura 2). Figura 2 - Adicionando uma estrutura pelo nome (em inglês) Outra maneira de inserir uma estrutura 2D no Marvin é através do código SMILE (Simplifield Molecular Input Line Entry Especification) da estrutura, que pode ser encontrado no site http://www.drugbank.ca/. No site, copie o código SMILE e cole diretamente na tela inicial do Marvin. Figura 3 - Exemplo de código SMILE (diclofenaco) b. ESTRUTURA 3D Para a visualização de estruturas 3D no Marvin, vá em Calculations> Conformations>Conformers>OK. Será possível visualizar as possíveis conformações que sua molécula pode assumir. Dando um duplo clique com o botão esquerdo do mouse, é possível selecionar e expandir somente a conformação selecionada e, arrastando com o mouse, é possível alterar a posição daquela conformação no espaço, sendo possível visualiza-la de diversos ângulos. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 37 Figura 4 - Inserindo uma estrutura 3D c. CARACTERÍSTICAS BÁSICAS Umas das funções do marvin é fornecer algumas características básicas sobre a molécula em análise. Para isso, vá em Calculations>Elemental Analysis>OK. Na janela que irá abrir, é possível visualizar algumas propriedades como fórmula molecular, peso molecular, número de átomos que compõem a molécula, entre outras. Figura 5 - Características básicas d. pKa Com o Marvin Sketch, é possível determinar os pKa’s dos grupos ionizáveis da molécula em estudo. Para isso, vá em Calculations>Protonation>pKa>OK. Porém, antes de selecionar OK, vá na aba Display Options e diminua o intervalo dos pHs que serão utilizados para calcular as porcentagens de ionização de 0,2 para 0,1. Agora será possível visualizar a porcentagem de ionização da molécula nos pH’s fisiológicos. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 38 Figura 6 - Calculando o pKa Na janela que irá abrir, será possível visualizar quatro campos: no canto superior esquerdo, há a molécula em estudo com os pKa’s de seus possíveis grupos ionizáveis; no centro, encontram-se numerados os estados ionizáveis que a molécula apresenta; no canto esquerdo inferior, observa-se as faixas de pHs (coluna da esquerda) e o percentual de cada estado ionizável (na sequência em que estão numerados) em determinado pH; na direita, está o gráfico porcentagem de estado ionizável x pH, onde cada curva representa um dos estados ionizáveis, representados ao centro. Figura 7 - Janela com informações sobre os pKa’s da molécula (Enalapril) e. ESTADO IONIZÁVEL MARJORITÁRIO Caso a molécula em estudo apresente muitos estados ionizáveis, é possível determinar qual é o de maior prevalência, ou seja, o que está em maior percentual em determinado pH. Para isso, vá em Calculations>Protonation>Major Microspecies, digite o valor do pH em que deseja e aperte OK. Na janela que abrirá, estará mostrada somente a estrutura do estado ionizável mais presente no pH desejado, não sendo mostrado o percentual que esta estrutura representa. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 39 Figura 8 - Calculando o estado ionizável majoritário f. ESTEREOQUÍMICA Umas das opções oferecidas pelo Marvin Sketch é a visualização da configuração de estereocentros. Para isso, os centros assimétricos da molécula já devem estar desenhados na configuração de cunha cheia/cunha rachada (caso não esteja, é possível desenha-la no próprio Marvin). Para descobrir se o centro quiral é S ou R, vá em View>Stereo>R/S Labels e marque a opção All. Logo após, serão exibidas a configuração dos centros. Figura 9 - Visualizando estereocentros g. LOG P É possível utilizar o Marvin Sketch como uma ferramenta para calcular o log P teórico da molécula em estudo indo em Calculations>Partitioning>log P>OK. A janela que será exibida mostrará duas imagens da molécula: na da esquerda será possível visualizar sua estrutura acompanhada dos valores das constantes de hidrofobicidade (π) de cada grupo presente na molécula; já na direita, observa-se as regiões polares (em vermelho) e apolares (em azul) da molécula.Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 40 h. LOG D Também é possível utilizar o Marvin Sketch para determinar o log D de uma molécula. Para isso, vá em Calculations>Partitioning>log D. Na janela que se abrirá, vá na aba Display Options e, na opção References pH values, altere os 4 valores de pH’s mostrados para os valores fisiológicos (1,5; 5,5; 7,4; 8,0 – estômago, duodeno, sangue e íleo intestinal respectivamente). Em seguida pressione OK. Será exibida a curva de log D, com os valores de referência mostrados separadamente. REFERÊNCIA -ANDRADE, C. H. et al. Modelagem molecular no ensino de Química Farmacêutica. Revista Eletrônica de Farmácia, v. 7, n. 1, p1-23, 2010. -CHEMAXON. MarvinSketch and MarvinView: Scientific and technical presentation. 2008. Disponível em < http://www.slideshare.net/ChemAxon/marvinsketch-and-marvinview-tips- andtricks-presentation> -A versão do software MarvinSketch utilizada para desenvolvimento deste roteiro foi a 15.5.4. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 41 10ª AULA PRÁTICA: MODELAGEM MOLECULAR II – UCSF CHIMERA 1. OBJETIVO DA AULA Introduzir o software UCSF Chimera no estudo de química farmacêutica como ferramenta para o entendimento da interação fármaco-receptor. 2. INTRODUÇÃO UCSF Chimera, mais conhecido simplesmente como Chimera, é um programa desenvolvido para o uso interativo de visualização de estruturas moleculares. É altamente extensível, ou seja, permite que seus usuários possam desenvolver novas ferramentas que estendam sua capacidade. É um programa de visualização, análise molecular e dados relacionados, incluindo mapas de densidade, montagens supramoleculares, alinhamento de sequências, trajetórias e montagens conformacionais, etc. O Chimera é um programa de licença livre e de fácil utilização que tornou-se essencial nas pesquisas em ciências farmacêuticas, principalmente envolvendo fármacos e seus respectivos sítios de ação, uma vez que, pode-se visualizar a conformação que a molécula do fármaco assume ao se ligar ao sítio ativo, podendo-se montar estratégias que possam viabilizar o ensaio desse fármaco e principalmente evitar o desperdício de dinheiro e tempo para as indústrias farmacêuticas. Com acesso ao ID da proteína, a partir do PDB pode-se montar a melhor estratégia molecular alterando a estrutura química do fármaco, mas sem modificar o grupo farmacofórico, afim de, aumentar o número de sítios de ligações feitas entre o fármaco e seu receptor melhorando assim sua eficácia. 3. RCSB PROTEIN DATA BANK – RCSB PDB O RCSB Potein Data Bank, ou simplesmente PDB, é um banco de dados virtual e gratuito que contém informações sobre estruturas 3D de macrobiomoléculas, incluindo proteínas e ácidos nucleicos, encontradas em diversos seres vivos, como bactérias, plantas, diversos animais e seres humanos. Compreendendo a estrutura de uma molécula, é possível deduzir o papel desta estrutura no funcionamento do nosso organismo, e, também, em patologias, auxiliando no desenvolvimento de medicamentos. Usaremos o PDB como fonte de dados de receptores para o estudo da interação fármaco-receptor. Figura 10 - Página inicial do RCSB PDB Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 42 3.1. BUSCANDO UM RECEPTOR Pode-se buscar a estrutura de um receptor no PDB de diversas maneiras, como, por exemplo, buscando diretamente pelo código PDB do receptor. Um exemplo é o domínio alfa do receptor humano de estrogênio ligado ao 4-hidroxitamoxifeno (Human Estrogen Receptor Alpha Ligand-Binding Domain In Complex With 4-Hydroxytamoxifen), que possui como código PDB 3ERT. Figura 11 - Página do receptor 3ERT Se buscarmos diretamente por este código, encontraremos a página deste receptor. Figura 12 - Buscando um receptor pelo código PDB Também é possível buscar um receptor pelo fármaco que está ligado a ele. Para isso, digite, na barra de pesquisa, o nome do fármaco em inglês e aperte enter. Figura 13 - Resultado para busca textual Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 43 Na página em que aparecerão os resultados de sua busca, é possível filtrar os resultados, deixando visíveis apenas àqueles que são encontrados no ser humanos. Para isso, procure a aba Query Refinements e, na opção Organism, clique em Homo sapiens. Agora, estão disponíveis somente os receptores humanos, facilitando nossa busca. Figura 14 - Filtrando busca apenas para receptores humanos 3.2. EXPORTANDO UM ARQUIVO PDB Após encontrado o receptor, é necessário exportar arquivo para abri-lo no Chimera. Tem-se várias opções para isso. É possível salvar o arquivo do receptor no formato PDB. Para isso, na página do receptor, vá em Download Files>PDB File (Text) e faça download do arquivo .pdb que será gerado. Figura 15 - Exportando arquivo .pdb 3.3. LIGANTE Na página do receptor, também é possível encontrar o código do ligante contido nele. Mais embaixo há uma barra como título Ligand Chemical Component, e nela é possível encontrar o código que equivale a estrutura do ligante no arquivo pdb do receptor. Também é possível visualizar as interações entre o receptor e o ligante, através da opção View Interactions, que as mostra de forma esquemática. Figura 16 - Identificando o ligante no PDB Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 44 Figura 17 - Visualizando esquema de interações fármaco-receptor no PDB 4. UCSF CHIMERA Como já foi dito anteriormente, o Chimera é um software utilizado que apresenta diversas funções. Aqui, ele será utilizado para isolamento e visualização da interação fármaco-receptor. Figura 18 - Tela inicial do Chimera 4.1. IMPORTANDO UM ARQUIVO É possível importar um arquivo para o Chimera de algumas maneiras, como abrindo um arquivo pdb (File>Open...). Há uma maneira mais prática para executar esta atividade, porém, ela exige que o computador esteja conectado à internet. É possível importar um arquivo apenas com o código PDB. Para isso, vá em File>Fetch by ID. Na janela que abrirá, digite o código do receptor e em seguida pressione Fetch. A estrutura do receptor com seu(s) ligante(s) será mostrada. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 45 Figura 19 - Importando um arquivo para o Chimera pelo código PDB 4.2. ISOLANDO O SÍTIO ALVO Com o arquivo devidamente aberto no Chimera, agora isolaremos o fármaco no seu sítio de interação. Continuaremos utilizando o receptor de código 3ERT, que possui como fármaco o 4- hidroxitamoxifeno. Primeiramente, é necessário remover as fitas do seu complexo ligante-receptor. Para isso, vá em Actions>Ribbon>Hide. Figura 20 - Removendo as fitas Em seguida, mostre todos os átomos ocultos. Vá em Actions>Atoms/Bonds>Show. Agora é possível ver todos os átomos que compõem seu receptor. Apostila de Aulas Práticas de Química Farmacêutica I DFAR-UFRN 46 Figura 21 - Mostrando todos os átomos Agora selecione a molécula do fármaco/ligante presente na estrutura. Para esta etapa, é necessário saber o código do ligante presente na estrutura. Vá em Select>Residue e escolha o código do ligante. No nosso exemplo, o código do 4-hidroxitamoxifeno é OHT. Figura 22 - Selecionando ligante Com o ligante selecionado, selecione a área em torno dele que corresponde ao sítio ativo. Vá em Select>Zone. Na janela que abrirá, marque as opções como mostrado na figura a seguir
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