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Apostila Marinha Nutrigenetica e nutrigenomica

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CONCEITOS 
 
- genômica  estuda os processos de trasncrição das 
informações contidas nos genes e as interrelações com 
o meio ambiente. 
 
- nutrigenômica  os efeitos de componentes bioativos 
da dieta sobre o genoma, o proteoma (somatório de 
todas as proteínas) e o metaboloma (a soma de todos 
os metabólicos). 
 
- nutrigenética  estudo do mecanismo pelo qual 
componentes dietéticos bioativos interagem com o 
material genético e de como a variação genética afeta a 
interação entre esses componentes dietéticos bioativos, 
bem como sua implicação na saúde e na doença do 
indivíduo. 
 
- genômica nutricional  avalia a influencia da dieta e 
estilo de vida, no funcionamento de órgãos e células. É 
um termo amplo, que abrange a nutrigenômica, 
nutrigenética e a epigenômica nutricional. 
 
- trancriptômica  estuda e possibilita a compreensão 
do conjunto dos produtos desses genes pelas 
ferramentas de biologia molecular capazes de isolar e 
caracterizar o RNA dos organismos. O transcriptoma é o 
conjunto completo de genes expressos sob condições 
particulares, definido como o conjunto de moléculas de 
RNA que esteja presente e que poderáser aplicado a um 
determinado tipo celular. 
 
- proteômica  ciência que tem como objetivo isolar e 
caracterizar as proteínas, bem como suas relações com 
fatores ambientais. Portanto, proteoma significa o 
conjunto completo de proteínas codificadas pelo 
genoma. 
 
- metabolômica  conjunto de ferramentas que 
apresenta com o objetivo de isolar e caracterizar os 
metabólitos relacionados com a expressão gênica e 
tradução das diversas proteínas. 
 
- testes de nutrigenética  testes preditivos que têm 
como base o conhecimento das variações genéticas 
relacionadas ao potencial risco ou proteção que o 
indivíduo apresenta em relação ao desenvolvimento de 
doenças e à instituição de intervenções nutricionais e 
de estilo de vida. 
 
- ética em genômica nutricional: testes de nutrigenética 
não podem ser utilizados para estabelecer qualquer 
diagnóstico. Devem ser aplicados apenas como 
preditores de risco ou de proteção em relação ao 
desenvolvimento de doenças. Esses testes não 
substituem, em qualquer hipótese, dados como a 
história familiar, os exames bioquímicos e parâmetros 
clínicos, assim como a presença de fatores de risco 
bem estabelecidos para determinada doença. 
 
A genômica nutricional visa estabelecer um conceito de 
“nutrição personalizada” ou mesmo “nutrição dirigida a um 
alvo”, que busca no futuro o desenvolvimento de terapias 
nutricionais individualizadas através do conhecimento 
molecular da interação gene-nutriente, por exemplo, o que é 
apropriado para um indivíduo pode ser inadequado ou 
possivelmente evitar conflitos entre os termos, escolhe-se 
como nomenclatura geral o termo nutrigenômica. 
 
 
 
EFEITO DA DIETA SOBRE A EXPRESSÃO DE GENES 
 
A dieta é um dos principais fatores ambientais a que os 
nossos genes são expostos por toda a vida. A 
nutrigenômica estuda como componentes da dieta alteram a 
expressão molecular da informação genética do indivíduo. O 
promotor genético principal é representado pelo SNP (single 
nucleotide polymorphism). 
 
Os SNP são o tipo mais comum de variação encontrada 
no genoma (cerca de 90% de todas as variações) e referem-
se à troca de apenas um nucleotídeo em determinada 
posição no DNA, a qual pode ou não ser uma região 
codificadora. 
 
Quando a troca do nucleotídeo ocorre na região 
codificadora, ou seja, em um éxon, a proteína traduzida 
pode ou não apresentar alteração em sua estrutura e/ou 
função, em razão da degeneração do código genético. 
 
Quando a troca do nucleotídeo não altera o aminoácido, 
o SNP é conhecido como sinônimo ou silencioso, pois não 
modifica a proteína traduzida (por exemplo, GUC  GUA; 
ambos codificam uma valina). 
 
Caso a variação dê origem a um códon que resultará na 
tradução de um aminoácido diferente, o SNP é conhecido 
como não sinônimo ou missense (por exemplo, UUA  
UCA, onde o primeiro codifica leucina e o segundo serina). 
 
Se a troca de nucleotídeo resultar em um códon de 
terminação da tradução, ou stop códon prematuro, dará 
origem a um SNP nonsense (por exemplo, UAU  UAG, em 
que o primeiro codifica uma tirosina e o segundo é um 
códon de terminação). 
 
Diferenças no SNP acarretam variações no 
aparecimento de doenças. Através da análise da expressão 
dos genes, SNP e resultados bioquímicos e fisiológicos, é 
possível estudar as respostas de indivíduos e grupos à 
dieta. Variações no SNP podem ocasionar alterações na 
expressão dos genes e modificar a estrutura e função de 
uma proteína. Os genes podem apresentar um ou mais SNP 
associados a padrões fenotípicos de doenças associadas à 
nutrição, como hiperhomocisteinemia, hipo ou 
hipercolesterolemia, intolerância à lactose etc. 
 
EXPRESSÃO DE GENES 
 
A expressão gênica é influenciada pela quantidade e tipo 
de nutriente ingerido. Assim, o conhecimento da interação 
nutriente versus gene é fundamental, pois a ativação ou 
NUTRIGENÉTICA E NUTRIGENÔMICA Prof. José Aroldo Filho 
goncalvesfilho@nutmed.com.br 
 
silenciamento de genes em resposta a fatores da dieta pode 
afetar o equilíbrio entre saúde e doença. As doenças 
crônicas geralmente são de natureza multifatorial e nem 
todos os fatores etiológicos envolvidos são bem conhecidos. 
 
Alterações genéticas (SNP, haplótipos), fatores 
ambientais, comportamentais e nível sócio econômico são 
alguns fatores que influenciam a fisiologia do corpo humano 
ao longo do tempo, ocasionando doença de gravidade 
variável. 
 
Dois de cada três SNP envolvem a substituição de 
CITOSINA (C) por TIMINA (T). Os SNP ocorrem na região 
codificadora (genes) do genoma e na região não 
codificadora. A transcrição completa do DNA para RNA 
mensageiro é conhecida como transcriptoma e o resultado 
pode ser percebido através da síntese de proteínas 
(proteoma). Alterações na sequencia de aminoácidos das 
proteínas modificam a estrutura celular e influenciam 
processos biológicos que determinam o fenótipo. O 
polimorfismo de genes foi identificado como instrumento de 
avaliação para determinação do risco de doenças. 
 
NUTRIGENÔMICA, COMPOSTOS FARMACÊUTICOS E 
NUTRACÊUTICOS 
 
Compostos farmacêuticos e nutracêuticos são 
metabolizados in vivo pela ação de enzimas. A atividade das 
enzimas do Citocromo P450 (CYP) é alterada pela dieta e 
pelo genótipo, e isto é relevante para o risco de doenças, 
resposta ao tratamento, bem como para determinar dose de 
drogas no contexto clínico, por exemplo, dietas ricas em 
CHO ou em lipídios podem aumentar a atividade da CYP 
2E1 e da CYP 4A, bem como o suco de framboesa pode 
inativa irreversivelmente o CYP 3A4 intestinal. 
 
O SNP determina os níveis satisfatórios de nutrientes ou 
compostos fitoquímicos para regular a síntese de proteínas. 
A nutrigenômica é uma alternativa às abordagens 
farmacêuticas que modulam a expressão de genes que 
estão relacionados com desenvolvimento de doenças e com 
o envelhecimento. 
 
INTERAÇÃO ENTRE NUTRIENTES E COMPOSTOS 
BIOATIVOS COM OS FATORES DE TRANSCRIÇÃO E 
IMPLICAÇÕES NO FENÓTIPO 
 
As associações entre genótipo, dieta e fenótipo não são 
homogêneas e são influenciadas por variáveis como sexo, 
etnia, uso de drogas e estilo de vida. Compreender essas 
interações possibilita determinar requerimentos dietéticos 
individualizados e identificar a resposta do organismo em 
relação ao consumo de nutrientes. A interação entre gene e 
nutriente permite a modulação dos efeitos dos componentes 
dietéticos em um fenótipo específico, associado a um 
polimorfismo genético. Sob estas circunstâncias, e em 
alguns indivíduos, os aspectos da dieta, relacionados à 
genômica nutricional, exercem papel notável na prevenção, 
na incidência, na progressão e na gravidade de doenças 
crônicas. 
 
Nutrientes ou compostos bioativos dos alimentos podem 
alterar a expressão gênica, principalmente ao se ligar aos 
receptores dos fatores de transcrição (FT), alterando a 
concentraçãode substratos ou intermediários em vias 
metabólicas primárias ou secundárias, ou ainda 
modificando, positiva ou negativamente, as vias de 
sinalização dentro da célula. 
 
Os FT atuam como sensores nutricionais e se ligam a 
sequências específicas de nucleotídeos na região promotira 
de genes, podendo ter sua afinidade aterada de modo a 
facilitar ou bloquear a sua atividade. A sequência de 
nucleotídeos é específca para o receptor nuclear e cada 
nutriente induzirá a característica de um conjunto de genes. 
 
Os nutrientes podem atuar nos fatores de transcrição 
diretamente ou indiretamente, através da interação com 
recetores de membranas ou quinases, que são enzimas que 
fosforilam os FT e atuam tanto no citoplasma das células 
como nas membranas plasmáticas. 
 
INFLAMAÇÃO CRÔNICA 
 
Os processos inflamatórios promovem a liberação de 
citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias, fatores de 
crescimento e angiogênicos, formação de radicais livres de 
oxigênio (ROS) e de nitrogênio (RNS), que constituem parte 
importante da resposta do sistema imune. A inflamação 
crônica é definida como “resposta inflamatória prolongada, 
devido à persistência do estímulo causador da inflamação 
nos tecidos”. 
 
Geralmente, as inflamações crônicas são atribuídas a 
agentes infecciosos que são resistentes ao sistema imune 
do hospedeiro. ROS e RNS podem causar danos no DNA, 
lípides ou proteínas e intensificar o processo inflamatório, 
através da ativação das quinases. O fator nuclear kappa-
beta (NFkB) e AP-1 são fatores de transcrição, que regulam 
a expressão de genes e codificam proteínas essenciais para 
a resposta ao estresse, comunicação intercelular, controle 
do ciclo celular e apoptose. A inflamação crônica, como as 
variantes no gene na interleucina 1 (IL-1) e fator de necrose 
tumoral alfa (TNF-α) pode ser um mecanismo subjacente 
comum a várias doenças crônicas não transmissíveis, como 
a doença de Alzheimer, doenças cardiovasculares, diabetes, 
artrite reumatoide e câncer. 
 
O excesso de radicais livres pode danificar o material 
genético e provocar mutações primárias que contribuem 
para o desenvolvimento de neoplasias. Além disso, a 
liberação de citocinas pró-inflamatórias por macrófagos e 
fatores de crescimento podem estimular o crescimento de 
celular e promover avanços da carcinogênese. O NFkB age 
no microambiente tumoral, estimula a sobrevivência de 
células epiteliais malignas e promove o crescimento e 
vascularização do tumor. Polimorfismos associados à 
resposta imune tem efeito sobre a susceptibilidade a 
doenças, porém os genes envolvidos na sinalização celular, 
apoptose e a atividade antioxidante não têm efeitos 
definidos. 
 
Polimorfismos em CARD15 aumentam a susceptibilidade 
à doença de Crohn e estão relacionados ao 
desenvolvimento de câncer colorretal. Os genes do antígeno 
leucocitário humano (HLA) regulam a resposta imune e 
estão associados às doenças inflamatórias. Quanto ao 
metabolismo de lipídios e coronariopatias, o gene Apo-A1 
desempenha papel importante, onde a transição da 
GUANINA (A) para ADENINA (A) associa-se a níveis 
elevados de colesterol HDL-C, porém em outros estudos, 
este aumento não foi observado. 
 
A participação de ROS na inflamação crônica e na 
destruição tecidual sugere que genes e/ou nutrientes 
envolvidos na regulação da resposta antioxidante tem 
participação na evolução da inflamação. A homeostase 
redox é obtida pelo equilíbrio entre geração e remoção 
redox através de mecanismos que inclui antioxidante celular 
e defesa antioxidante intracelular. A resposta antioxidante é 
regulada por uma classe de genes citoprotetores, que são 
responsáveis pela atividade das enzimas glutationa-S-
transferase e γ-glutamilcisteína sintase, que são enzimas 
destoxificantes de fase II. 
 
 
Outro exemplo de modulação é através da ativação do 
fator nuclear eritroide relacionaod ao fator 2 (Nrf2) por 
compostos alimentares e estresse oxidativo. O Nfr2 é 
essencial para a indução coordanda de genes que codificam 
enzimas de resposta ao estresse oxidativo ou citoprotetoras 
e proteínas relacionadas , como a superóxido dismutase, a 
glutationa-S-transferase, a glutationa peroxidase, a heme-
oxigenase 1, catalase, tioredoxina e glutamato-cisteína-
ligase. 
 
Quando as células estão em repouso, o Nrf2 localiza-se 
no citoplasma, formando um complexo inativo com a 
proteína Keap-1 repressora. Após a ingestão de alimentos 
contendo sulforano (brócolis, couve flor, couve de Bruxelas, 
rúcula), curcumina, alicina (alho e cebola), resveratrol, 
licopeno ou em condições de estresse oxidativo ou 
eletrofílico, o FT do Nrf2 é fosforilado e transloca para o 
núcleo celular. Após a entrada do Nfr2 no núcleo celular 
tem-se o estímulo a codificação de enzimas antioxidantes. 
 
O aumento da expressão de Nrf2 pode modular a 
expressão do NF-kB, um vez que estes FT competem entre 
si para a ligação do Nrf2 ao seu coativador transcricional, a 
proteína ligante do elemento de resposta ao AMPc (a 
proteína CREB). 
 
Trabalhos em nutrigenômica têm observado que uma 
baixa ingestão de ácidos graxos W3/W6 na dieta está 
relacionada com o desenvolvimento da esteatose hepática. 
Por outro lado, a suplementação com ácidos graxos W3 
inibiu o acúmulo de gordura sintetizada a partir de 
compostos não lipídicos no tecido hepático, além de 
promover a maior oxidação de gordura no parênquima 
hepático, via ativação do PPAR-α e SREBP-1c. Outro 
composto que regula a expressão gênica relacionada à 
lipogênese e à secreção de lipoproteínas no fígado são as 
proantocianidinas, presentes em sementes de uva, mirtilo e 
outros frutos roxos. 
 
OUTROS GENES COM IMPACTO SOBRE AS 
NECESSIDADES DE NUTRIENTES 
 
Polimorfismos em genes que controlam a absorção de 
nutrientes atuam no desenvolvimento do processo 
inflamatório. Indivíduos portadores de SNP no códon 593 da 
enzima antioxidante glutationa-peroxidase-1 humana 
(hGPX1) possuem atividade diminuída da glutationa 
peroxidase (GPx), aumentando a susceptibilidade a câncer 
de mama, pulmão e próstata, entretanto, a atividade basal 
desta enzima não é influenciada pelo aumento do 
selênio da dieta. Logo, a suplementação de selênio não 
melhora essa condição e não há melhora comprovada 
com suplementação de selênio nos casos de risco de 
câncer de próstata. 
 
MODULAÇÃO DIETÉTICA NA INFLAMAÇÃO CRÔNICA 
 
Nutrientes podem modular processos que levam à 
inflamação crônica e ao aumento da suscetibilidade a 
doenças, por exemplo: 
 
1.Aminoácidos: arginina e glutamina podem ser 
depletados durante resposta e imune e tornarem-se 
“condicionalmente essenciais”. Aminoácidos sulfurados 
atuam como substratos para proteínas de fase aguda e 
síntese de Ig, logo, níveis baixos podem ter exercer 
influência pró-inflamatória. 
 
2.Antioxidantes: danos ao DNA e aos tecidos estão 
associados à inflamação crônica devido à formação de ROS 
e/ou RNS, bem como pelo malonaldeído a partir da 
peroxidação lipídica. Indivíduos com Doença de Crohn 
apresentam altos níveis de danos oxidativos em 
comparação à população normal. A suplementação de 
antioxidantes dietéticos é uma estratégia terapêutica 
importante em doenças pulmonares inflamatórias crônicas 
como asma e DPOC. 
 
3.Micronutrientes: diversas vitaminas e alguns sais 
minerais são antioxidantes naturais derivados de alimentos 
vegetais, como por exemplo, vitamina C, vitamina E e 
carotenóides. Durante a resposta imune os antioxidantes 
são consumidos no transporte e na proliferação celular. 
Bons níveis de selênio são fundamentais para a produção 
eficiente de anticorpos por células B, bem como para 
quimioprofilaxia e atividade de neutrófilos. A suplementação 
com selênio melhora a resposta das células T pela 
suprarrenal do receptor IL-2 e aumento da síntese de 
anticorpos. O zinco participa da transdução de sinais para 
ativação de células T e à interação com células B. Embora o 
cobre seja essencial para a função imune ótima, pouco se 
sabe sobre o mecanismo subjacente.A deficiência de cobre 
provoca diminuição da proliferação de células T, 
possivelmente pela supressão de IL-2 e redução do número 
de neutrófilos circulantes. Deficiência de ferro causa 
redução da função de neutrófilos, depressão do número de 
células T com atrofia do timo, resposta proliferativa de 
células T defeituosa e alteração da produção de IL-2 pelos 
linfócitos. Evidências demonstram que micronutrientes são 
importantes na síntese e no reparo do DNA, na prevenção 
de danos oxidativos ao DNA e na metilação de DNA, que 
variam em diferentes tecidos, indivíduos e condições 
mórbidas. Os micronutrientes estão envolvidos na 
manutenção geral da estabilidade do genoma. 
 
Micronutriente Papel na estabilidade genética Consequências da deficiência 
Vitamina C e E Prevenção da oxidação do DNA e de lipídios ↑ DNA SB, CA, lípides peróxidos aduzidos ao 
DNA 
Folato, vitamina 
B2, B6 e B12 
Manutenção da metilação do DNA; síntese de TMP a partir 
de deficiência de UMP reciclagem do folato 
Incorporação incorreta de uracil ao DNA, ↑CA e 
hipometilação de DNA 
Niacina Necessária como substrato para a poli (ADP-ribose) 
polimerase que está envolvida na clivagem e na 
remontagem do DNA e na manutenção do comprimento do 
telômero 
↑ entalhes não reparados do DNA, CA e 
mutações 
Zinco Necessário como cofator para Cu/Zn SOD, endonuclease 
IV, função da p53 em proteínas Zn como PARP 
↑ oxidação de DNA, rupturas do DNA 
Ferro Necessário como componente da ribonucleotídeo redutase 
e dos citocromos mitocondriais 
↓ reparo do DNA, ↑ danos oxidativos ao DNA 
mitocondrial 
Magnésio Necessário como componente da SOD mitocondrial Susceptibilidade aumentada a danos do DNA 
Manganês Necessário como componente da MnSOD mitocondrial Susceptibilidade aumentada a danos do DNA 
Selênio Componente da GPx e outras selenoproteínas que 
protegem em relação ao estresse oxidativo 
Susceptibilidade aumentada a danos do DNA 
 
FITOQUÍMICOS 
 
Um grande número de fitoquímicos, especialmente 
polifenóis como as catequinas e antocianinas demonstraram 
agir in vitro como antioxidantes potentes, porém, em seres 
humanos, não está claro seu potencial antioxidante. Os 
antioxidantes, além de remover radicais livres, apresentam 
influência na transdução de sinais. 
 
NUTRIGENÔMICA E CÂNCER 
 
Epigenética é o estudo das alterações passíveis de 
transmissão hereditária na expressão de genes que ocorrem 
sem alterações na sequência do DNA. Fatores epigenéticos 
são componentes importantes para o desenvolvimento e 
proliferação celular normais. Anormalidades nesses 
mecanismos são fatores promotores de doenças. Os fatores 
dietéticos são importantes para a provisão e regulação do 
suprimento e regulação de grupos metil para a formação da 
S-adenolimetionina (SAM ou SAMe). Compostos bioativos 
da dieta podem modificar a utilização do grupo metil, 
alterando a atividade da DNA metiltransferase. A 
desmetilação do DNA, pode alterar a regulação dos genes 
que influenciam absorção, metabolismo ou o local de ação 
de componentes bioativos. 
 
Compostos fitoquímicos com potencial anti-inflamatórios 
podem ter papel importante na quimioprevenção. Muitas 
pesquisas têm focalizado vários polifenois vegetais, 
incluindo epigalocatequina 3 galato (EGCG), curcumina, 6-
gingerol e resveratrol. Esses compostos demonstraram inibir 
as vias de transdução de sinais na cascata de quinases, 
incluindo as vias da proteína quinase C (PKC), I-kB quinase 
(IKK), quinase de proteínas ativas de mitógenos (MAPK) e 
fosfoinositol-3-quinase (PI3K), provocando ativação 
diminuída de fatores de transcrição pró-inflamatórios como 
NFkB, AP-1 e β-catequina. A inibição dessas vias reduz a 
formação de enzimas pró-inflamatórias, incluindo 
ciclooxigenase-2 (COX-2) e óxido sintase induzível (iNOS) e 
de mediadores pró-inflamatórios como TNF-α, IL-8, PGE2 e 
óxido nítrico. Efeitos semelhantes sobre a sinalização 
celular e a inflamação foram observados nas antocianinas, e 
em uma variedade de polifenóis vegetais comuns em 
alimentos de cores vivas, como batata doce. 
 
NUTRIGENÔMICA: OBESIDADE E INFLAMAÇÃO 
 
Dentre os mecanismos moleculares envolvidos no 
desencadeamento da resposta inflamatória induzida pela 
obesidade, destaca-se a via de sinalização do fator de 
transcrição NF-kB, a qual aumenta a expressão de diversos 
genes que codificam proteínas envolvidas na resposta 
inflamatória e, consequentemente, está ligada à patogênese 
de diferentes doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). 
 
A estimulação da via de sinalização do NF-kB pode 
ocorrer pela ligação de um ligante em um receptor de 
superfície celular, como o receptor do TNF-α e o receptor do 
TLR-4, sendo que este último pode ser ativado tanto por 
lipopolissacarídeos (LPS) quanto por ácidos graxos 
saturados. O aumento do consumo de ácidos graxos 
saturados na dieta favorece a ativação da resposta 
inflamatória e, consequentemente, o aumento do risco para 
DCNT. 
A ativação da via de sinalização do NF-kB pelo TNF-α 
envolve a participação da família das proteínas quinases 
ativadas por mitígenos (MAPK), que atuam em reguladores 
upstream da via de sinalização do NF-kB. O aumento da 
atividade da MAPK e seu envolvimento na regulação da 
síntese de mediadores inflamatórios, tanto em nível de 
transcrição quanto de tradução, tornam essas enzimas alvos 
moleculares relevantes no contexto da nutrigenômica, da 
inflamação e da síndrome metabólica. 
 
NUTRIGENÔMICA: ÁCIDOS GRAXOS E INFLAMAÇÃO 
 
No tocante ao efeito metabólico dos ácidos graxos 
saturados no tecido adiposo branco, verifica-se que o 
excesso de palmitato aumenta a inflamação e a apoptose, 
por meio do estresse oxidativo, do estresse do retículo 
endoplasmático, da síntese de ceramidas e da ativação da 
via de sinalização da proteína quinase C (PKC). 
 
Em adipócitos, o palmitato aumenta a fosforilação da 
JNK, ao mesmo tempo em que ativa a PKC, o NF-kB e a via 
de sinalização da MAPK, o que induz a síntese de citocinas 
pró-inflamatórias em adipócitos. 
 
Ácidos graxos saturados podem causar diretamente 
inflamação e resistência insulínica no tecido muscular, por 
exemplo, o acúmulo de lipídios no tecido muscular causa 
resistência periférica à insulina mediada pelo palmitato, 
através da via de sinalização da PKC. Adicionalmente o 
palmitato aumenta a expressão e a secreção de citocinas 
pró-inflamatórias (IL-6 e TNF-α) e prejudica a via de 
sinalização da insulina a partir da ativação da via do NF-kB. 
Além disso, ácidos graxos saturados induzem a resistência 
insulínica por sua ação antagônica sobre o coativador do 
receptor ativado por proliferadores de peroxissomos gama 
(PPAR-γ) o qual promove a expressão de genes 
mitocondriais envolvidos com a fosforilação oxidativa e com 
a captação de glicose mediada pela insulina. 
 
Fique atento: 
 
PPAR-α: sua ativação está relacionada à redução da 
concentração plasmática de triglcierídeos; 
 
PPAR-γ: sua ativação está relacionada ao metabolismo da 
glicose e, nesse sentido, à melhora da sensibilidade à 
insulina. 
 
NUTRIGENÔMICA: RESVERATROL E INFLAMAÇÃO 
O resveratrol reduz in vitro a expressão de citocinas pró-
inflamatórias em células pulmonares estimuladas com LPS 
e diminui a ativação dos fatores de transcrição NF-kB e AP-
1, além disso, reduz a expressão dos genes que codificam 
as enzimas COX-2 e iNOS e das moléculas de adesão de 
superfície celular, como a ICAM-1, a molécula-1 de adesão 
de leucócitos endotelial (ELAM-1) e a VCAM-1. 
Uma vez que os genes que codificam essas proteínas 
são regulados pelo fator de transcrição NF-kB, é possível 
que esse efeito anti-inflamatório do resveratrol seja 
decorrente de sua supracitada ação sobre a via de 
sinalização desse fator de transcrição. 
FUNDAMENTOS DE EPIGENÔMICA NUTRICIONAL 
Os padrões de alimentação, por exemplo, uma dieta com 
alto teor de lipídios, podem influenciar o estado de metilação 
do DNA. Foi observado, em modelo animal, que ratos 
tratados com ração normocalórica e hiperlipídica(60% do 
VCT) apresentaram metilação da região promotora do gene 
POMC, especificamente no hipotálamo. A proteína 
codifcada por esse gene é essencial para o funcionamento 
adequado da via de sinalização antiobesidade hipotalâmica 
dependente da leptina. 
Nutrientes específicos são necessários para impulsionar 
as vias metabólicas que resultam em metilação. Por 
 
exemplo, o estado nutricional do indivíduo em relação ao 
ácido fólico, à vitamina B12, à metionina, à colina e à 
betaína pode influenciar o padrão de metilação do DNA. 
Isso ocorre especialmente porque esses nutrientes têm 
papel crítico na disponibilidade de grupamentos CH3 e 
regulam coletivamente o metabolismo de carbono (vias de 
transferência de grupamentos CH3 entre moléculas 
biológicas). 
Além dos nutrientes, os Compostos Bioativos de 
Alimentos (CBA) também são capazes de modular o padrão 
de metilação do DNA. Em culturas de células de câncer, a 
apigenina (presente no aipo e na salsa) e a luteolina 
(encontrada na couve-flor, cebola e nos brócolis) reduziram 
a atividade de enzimas DNA metil transferases (DNMT), 
com consequente aumento da apoptose e redução da 
proliferação celular. Já a quercetina parece exercer 
ativdiades anticarcinogênicas em culturas celulares de 
câncer de próstata. 
 
EFEITOS MODULADORES DE CONDIMENTOS 
 
Cúrcuma  os efeitos antimutagênicos foram 
demonstrados em relação aos carcinógenos em modelo 
animal. A cúrcuma ativa enzimas xenobióticas teciduais que 
são protetoras em relação ao metabolismo de carcinógenos. 
A administração de 1,5g/dia em humanos fumantes por um 
mês inibiu a formação de agentes mutagênicos endógenos 
derivados do tabaco, seu metabolismo e excreção pela 
urina, mas a resposta mutagênica variou entre indivíduos. 
 
Alliums  legumes da família Allium tem efeitos benéficos 
para a saúde pela indução da expressão de genes 
responsáveis pela síntese de enzimas desintoxicantes como 
glutationa-S-transferase (GST), que protege contra danos 
oxidativos ao DNA em consequência da exposição a 
compostos xenobióticos endógenos e exógenos. A cebola e 
o alho são os legumes mais comumente consumidos que 
contém compostos sulfurados como dialilsufeto, 
dialidisulfeto, alicina e ajoena. 
 
Gengibre  na Medicina Tradicional o gengibre, na forma 
de pó seco, cru e em suco, tem sido prescrito para melhorar 
condições como transtornos reumáticos, inflamações e 
desconfortos gastrointestinais. Danos citogenéticos aos 
tecidos são usados como biomarcadores para a 
intervenção. Linfócitos sanguíneos humanos de homens 
fumantes, homens não fumantes e mulheres não fumantes 
foram expostos ao óxido transtilbene na presença e na 
ausência de gengibre. Os danos citogenéticos de 
micronúcleos foram reduzidos devido à presença de 
gengibre. Observou-se que o gengibre combate danos ao 
DNA em linfócitos periféricos humanos. Ratos expostos a 
benzo (a) pireno alimentados com gengibre tiveram 
excreção diminuída de mutagênicos urinários. O consumo 
de gengibre estimulou a produção de enzimas 
desintoxicantes e antioxidantes, sugerindo papel modulador 
na sua expressão. 
 
 
 
 
 
 
 
POSSIBILIDADES A CERCA DO CONHECIMENTO DO 
PERFIL NUTRIGENÉTICO 
 
Obter orientações mais próximas das necessidades 
individuais do que as recomendações aplicáveis à 
população em geral. 
 
Reduzir o risco de desenvolver algumas doenças como 
obesidade, hipertensão, dislipidemias, câncer de cólon e 
diabetes, a partir de intervenção precoce no estilo de vida. 
 
Prediz e prevenir carências nutricionais. 
 
Potencializar os resultados desejados para ganho de peso, 
emagrecimento ou desempenho esportivo, a partir da 
identificação de variantes metabólicas sobre gasto calórico, 
regulação do apetite, comportamento alimentar e utilização 
dos estoques de energia. 
 
Identificar risco de ganho de peso excessivo na gestação e 
retenção de peso pós-parto, além de auxiliar na definição de 
dose para suplementação de ácido fólico no período pré-
concepcional e no primeiro trimestre gestacional. 
 
Identificar capacidade antioxidante e de desintoxicação, 
assim como resposta ao consumo de sódio e cafeína. 
 
Identificar vulnerabilidade e intolerâncias alimentares, a 
exemplo do glúten e da lactose. 
 
Obter informações acerca da eficácia e segurança na 
suplementação e medicação. 
 
Conhecer as tendências genéticas que possam motivar 
mudanças positivas no cotidiano, com o intuito de promover 
melhorias na qualidade de vida do indivíduo. 
 
Parece que o aconselhamento genético baseado no 
DNA resulta em maiores mudanças na ingestão de alguns 
componentes da dieta, especialmente o sódio, quando 
comparado ao aconselhamento direcionado à população 
geral no longo prazo. 
 
Dentre os testes disponíveis citam-se: 
 
1.Perfil detox  analisa a expressão de genes associados à 
reposta inflamatória exacerbada e ao desequilíbrio oxidativo 
que se relacionam com envelhecimento e dano celular. 
Possibilita avaliar alterações genéticas implicadas no 
processo de destoxificação. 
 
2.Perfil de composição corporal  destina-se a aperfeiçoar 
o controle ou redução de peso por meio da determinação 
das variantes genéticas que predispõem à obesidade e sua 
relação com fatores nutricionais e gasto energético. 
 
3.Perfil nutrigenético  é o teste mais completo em 
mercado brasileiro, consiste no mapeamento de 109 genes 
associados à alimentação e ao risco de DCNT: obesidade, 
DM2, HAS, metabolismo lipídico, intolerâncias alimentares 
(glúten e lactose), metabolismo de cafeína e vitaminas (A, 
C, D, E, B9 e B12), modulação de resposta inflamatória, 
estresse oxidativo e desintoxicação.

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